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MCLUHAN, M. O meio é a mensagem.

“Os outros”

O choque do reconhecimento! Em um ambiente de informação eletrônica, as minorias não
podem mais ser contidas – nem ignoradas. Pessoas demais sabem coisas demais umas sobre
as outras. Nosso novo ambiente nos compele ao engajamento e à participação. Tornamo-nos
inapelavelmente envolvidos, e responsáveis, uns pelos outros.

- Não há inevitabilidade absoluta desde que haja disposição para contemplar o que está
acontecendo.

- Os meios todos nos processam completamente. São tão penetrantes em suas conseqüências
pessoais, políticas, econômicas, estéticas, psicológicas, morais, éticas e sociais que não deixam
em nós nenhuma parte intocada, não afetada, inalterada. O meio é a mensagem. Nenhuma
compreensão da mudança social e cultural é possível sem um conhecimento de como os meios
operam como ambientes.

Todos os meios são extensão de alguma faculdade humana – psíquica ou física.

A roda é uma extensão do pé, o livro é uma extensão do olho, a roupa é uma extensão da
pele,a circuitação eletrônica é uma extensão do sistema nervoso central.

Os meios, ao alterar o ambiente, evocam em nós relações de percepção sensorial únicas. A
extensão de qualquer um desses sentidos altera o modo como pensamos e agimos – o modo
como percebemos o mundo.

Quando essas relações mudam o homem muda.

Nosso tempo é um mundo novo em folha do tudoaomesmotempoagora. O “tempo” cessou, o
“espaço” desapareceu. Vivemos agora em uma aldeia global...um reconhecimento simultâneo.
Retornamos ao espaço acústico. Recomeçamos a estruturar o sentimento primordial, as
emoções tribais das quais alguns poucos séculos de alfabetização nos divorciaram.

Tivemos que desviar o foco das nossas atenções da ação para a reação. Temos agora que saber
antecipadamenteas conseqüências de cada diretriz ou ação, já que os resultados são sentidos
imediatamente. Por conta da velocidade eletrônica, não podemos mais esperar para ver...

...Nas altas velocidades da comunicação eletrônica, modos puramente visuais de percepção do
mundo já não são possíveis; são lentos demais para serem relevantes ou eficientes.

Infelizmente, confrontamos essa nova situação com um enorme peso morto de antiquadas
respostas mentais e psicológicas. Nos deixaram d-e-p-e-n-d-u-r-a-d-o-s. Nossos mais
impressionantes pensamentos e palavras nos traem – referem-se somente ao passado, não ao
presente.

A circuitação eletrônica envolve profundamente as pessoas umas às outras. As informações
são despejadas sobre nós, instantaneamente e continuamente. Assim que a informação é
adquirida, é muito rapidamente substituída por outra, ainda mais nova. Nosso mundo
eletronicamente configurado nos forçou a passar do hábito de classificar os dados ao mundo
de reconhecimento de padrões. Não podemos mais construir em série, bloco a bloco, passo a
passo, porque a comunicação instantânea assegura que todos os fatores do ambiente e da
experiência coexistam em um estado de interação ativa.

Nossa cultura oficial luta para forçar os novos meios a fazer o trabalho dos antigos

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Mc luhan

  • 1. MCLUHAN, M. O meio é a mensagem. “Os outros” O choque do reconhecimento! Em um ambiente de informação eletrônica, as minorias não podem mais ser contidas – nem ignoradas. Pessoas demais sabem coisas demais umas sobre as outras. Nosso novo ambiente nos compele ao engajamento e à participação. Tornamo-nos inapelavelmente envolvidos, e responsáveis, uns pelos outros. - Não há inevitabilidade absoluta desde que haja disposição para contemplar o que está acontecendo. - Os meios todos nos processam completamente. São tão penetrantes em suas conseqüências pessoais, políticas, econômicas, estéticas, psicológicas, morais, éticas e sociais que não deixam em nós nenhuma parte intocada, não afetada, inalterada. O meio é a mensagem. Nenhuma compreensão da mudança social e cultural é possível sem um conhecimento de como os meios operam como ambientes. Todos os meios são extensão de alguma faculdade humana – psíquica ou física. A roda é uma extensão do pé, o livro é uma extensão do olho, a roupa é uma extensão da pele,a circuitação eletrônica é uma extensão do sistema nervoso central. Os meios, ao alterar o ambiente, evocam em nós relações de percepção sensorial únicas. A extensão de qualquer um desses sentidos altera o modo como pensamos e agimos – o modo como percebemos o mundo. Quando essas relações mudam o homem muda. Nosso tempo é um mundo novo em folha do tudoaomesmotempoagora. O “tempo” cessou, o “espaço” desapareceu. Vivemos agora em uma aldeia global...um reconhecimento simultâneo. Retornamos ao espaço acústico. Recomeçamos a estruturar o sentimento primordial, as emoções tribais das quais alguns poucos séculos de alfabetização nos divorciaram. Tivemos que desviar o foco das nossas atenções da ação para a reação. Temos agora que saber antecipadamenteas conseqüências de cada diretriz ou ação, já que os resultados são sentidos imediatamente. Por conta da velocidade eletrônica, não podemos mais esperar para ver... ...Nas altas velocidades da comunicação eletrônica, modos puramente visuais de percepção do mundo já não são possíveis; são lentos demais para serem relevantes ou eficientes. Infelizmente, confrontamos essa nova situação com um enorme peso morto de antiquadas respostas mentais e psicológicas. Nos deixaram d-e-p-e-n-d-u-r-a-d-o-s. Nossos mais impressionantes pensamentos e palavras nos traem – referem-se somente ao passado, não ao presente. A circuitação eletrônica envolve profundamente as pessoas umas às outras. As informações são despejadas sobre nós, instantaneamente e continuamente. Assim que a informação é adquirida, é muito rapidamente substituída por outra, ainda mais nova. Nosso mundo eletronicamente configurado nos forçou a passar do hábito de classificar os dados ao mundo
  • 2. de reconhecimento de padrões. Não podemos mais construir em série, bloco a bloco, passo a passo, porque a comunicação instantânea assegura que todos os fatores do ambiente e da experiência coexistam em um estado de interação ativa. Nossa cultura oficial luta para forçar os novos meios a fazer o trabalho dos antigos