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A AUDITORIA AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DA GESTÃO
AMBIENTAL
Luis Alberto Aramayo Cruz
RESUMO
A auditoria ambiental que por definição: é “Ferramenta de orientação gerencial, que
permite aos dirigentes de uma área ou de toda a organização, identificar os pontos fortes e
fracos de uma determinada atividade, quando sistematicamente comparada a um padrão
consagrado como referencial”, obedece às normas ISO 14000 que estabelecem diretrizes para a
implementação de um sistema de gestão ambiental.
A auditoria ambiental se constitui em ferramenta importante da gestão ambiental, a
partir do momento em que a relação da empresa com o meio em que atua mudou, passando o
meio-ambiente a ser compreendido, não mais como algo externo à empresa e seus objetivos,
mais sim como algo integrante da própria empresa, um “bem escasso”. Administrá-lo
eficientemente constitui-se portanto em vantagem competitiva e garantia de permanência no
mercado.
PALAVRAS CHAVE: Auditoria Ambiental, Gestão Ambiental
1. INTRODUÇÃO
Vive-se hoje num mundo globalizado onde a cada dia, clientes e consumidores se
tornam mais exigentes. Este fato trouxe a necessidade de maior transparência no mercado.
Mudanças no sistema de gestão são necessárias para poder atender a esta nova realidade. Os
agentes responsáveis por estas mudanças (diretores, gerentes, líderes, etc.) sabem que decisões
inadequadas significam perder dinheiro e conseqüentemente competitividade. Verifica-se, aqui,
a necessidade de ferramentas de gestão confiáveis que possam inclusive ser utilizadas para
resolver problemas atuais vinculados a soluções para o futuro e assegurar a sobrevivência da
empresa.
Segundo Porter, apud de Jesus (2000; p. 18) “A Gestão Ambiental vem se tornando um
“plus” na competitividade” e Porter “desfaz a crença no conflito entre ecologia e economia
pela qual a sociedade se beneficia com melhor qualidade do meio ambiente, mas a conta é paga
pelas indústrias com a elevação de seus custos e redução da competitividade”. Entretanto, o
mesmo autor afirma que, com o advento de inovações tecnológicas, as empresas poderão
compensar os investimentos feitos para preservar o meio ambiente. A auditoria ambiental
representa assim uma ferramenta orientativa no sentido de poder comprovar a eficiência do
SGA.
2. AMPLIAÇÃO DA RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS
Com o passar dos anos, a relação de empresas e organizações com a sociedade ganhou
complexidade. Segundo Donaire (1999; p.15), as empresas que, inicialmente, somente
preocupavam-se com aspectos econômicos como: o que produzir, quanto e para quem; agora
precisam preocupar-se também com novos papeis que surgiram como resultado das alterações
no ambiente em que operam. Estas preocupações, tais como proteção ao consumidor, controle
da poluição, etc., são decorrência de pressões que a sociedade, através de entidades de classe,
organizações não governamentais, clientes, consumidores e população em geral vem
exercendo, provocando o surgimento de novas leis e regulamentações que por sua vez mudam
o ambiente em que a empresa atua. O papel da empresa, portanto deixa de ser apenas
econômico e passa a ser também sócio-político.
2.1 – Definição De Gestão Ambiental
O homem percebeu que o meio-ambiente e a ecologia estão intimamente ligados com a
economia. O avanço tecnológico trouxe progresso, mais também a necessidade de minimizar
suas conseqüências e efeitos muitas vezes irreversíveis, que podem se constituir num grande
passivo ambiental para as empresas. Para Inzunza (1999; p. 11) “A cultura ambiental, não
somente está determinada pelas formas da organização interna da empresa, mas hoje implica
principalmente num reconhecimento do meio ambiente como um bem escasso”. Com este
pensamento surgiu o conceito de: “desenvolvimento sustentável”, que satisfaz às necessidades
da exploração dos recursos naturais pela presente geração sem comprometer a sua base para as
gerações futuras.
Para Campos (2002; p. 03), os vários acidentes ocorridos, as diversas conferências e
encontros, a globalização e outros; contribuíram para o surgimento da gestão ambiental. Ainda
Campos (2002; p. 07), define a gestão ambiental como: “A administração do uso dos recursos
ambientais, por meio de ações ou medidas econômicas, investimentos e providências
institucionais e jurídicas, com a finalidade de manter ou recuperar a qualidade dos recursos e o
desenvolvimento social”.
Os estudos de impacto ambiental, as análises de riscos, as consultorias ambientais e as
normas da série ISO 14000, são essenciais para a Gestão Ambiental. Qualquer empresa que
deseje manter-se competitiva no mercado, deve implementar a Gestão Ambiental, que segundo
Tibor e Feldman (1996; p. 78), deve fornecer requisitos como: definição da política ambiental
e o comprometimento da empresa, a compatibilização com a legislação, o treinamento e
qualificação de seus funcionários, as instruções de trabalho e registro de documentos, o plano
de emergência em áreas de risco onde poderia ocorrer um possível acidente, a monitoria e
auditoria deste sistema, para se evitar um impacto ambiental, que no futuro poderá também
gerar um passivo ambiental.
Para Donaire (1999; p. 109), a Gestão Ambiental, não é um processo que pode ser
implantado de imediato dentro de uma organização, é um processo complexo que precisa de
um planejamento estratégico e deve ser implementado em etapas. A maneira mais adequada
para um programa de Gestão Ambiental é obedecer às normas da ISO 14000.
2.2 – As Normas Da Série Iso 14000.
Segundo Donaire (1999; p. 116), a ISO – “International Organization for
Standardization é uma organização internacional fundada em Genebra na Suíça em 23 de
fevereiro de 1947. Passou a integrar o texto da administração com a ISO 9000, que se refere ao
Gerenciamento da Qualidade na produção de Bens de Consumo ou Prestação de Serviços”.
Ainda dentre as normas ambientais, destaca a norma emitida pelo “BRITISH STANDART
INSTITUTE – BS 7750, que foi preparada pelo comitê de Política de Normalização Ambiental
e da Poluição da Inglaterra. Somente em 1996 a ISO oficializou com base na BS 7750 as
primeiras normas da série ISO 14000”.
Para Donaire (1999; p. 117), esta procura estabelecer diretrizes para a implementação
de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), onde o sistema atua diretamente nas atividades
econômicas das organizações e aquelas que possam causar algum tipo de dano para o meio
ambiente. Este Sistema de Gestão Ambiental está relacionado com a ISO 14001 e a ISO 14004.
Ainda Donaire (1999; p. 117), diz que a ISO 14001 tem como objetivo fazer a ligação
da atividade da organização com o Sistema de Gestão Ambiental. E deve ser aplicada em todas
as partes da organização.
A ISO 14004 especifica princípios para o SGA, que são:
 COMPROMETIMENTO E POLÍTICA
 PLANEJAMENTO
 IMPLEMENTAÇÃO
 MEDIÇÃO E AVALIAÇÃO
 ANÁLISE CRÍTICA E MELHORIA.
3. AUDITORIA AMBIENTAL
Segundo Campos (2002; p. 12), a auditoria que não precisa ser entendida como um
instrumento para mostrar culpados como é comum, mas deve ser encarada como uma
ferramenta de orientação gerencial.
3.1 Definição de Auditoria Ambiental
A Auditoria Ambiental conforme já comentado deve seguir as diretrizes estabelecidas
nas normas da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR ISO 14010 em seus
princípios gerais, bem como a NBR ISO 14011, nos procedimentos de auditoria.
Para Reis (1995), apud Campos (2002; p. 17), auditoria é “Ferramenta de orientação
gerencial, que permite aos dirigentes de uma área ou de toda a organização, identificar os
pontos fortes e fracos de uma determinada atividade, quando sistematicamente comparada a
um padrão consagrado como referencial”
A ABNT, pela norma NBR ISO 14010 (ABNT, 1996), define Auditoria Ambiental, em
seu item 2.9, como: “Processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter
e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se as atividades, eventos,
sistemas de gestão e condições ambientais especificados ou as informações relacionadas a estes
estão em conformidade com os critérios de auditoria, e para comunicar os resultados deste
processo ao cliente”.
3.2 Metodologia
Como Metodologia da Auditoria Ambiental, Donaire (1999; p. 124), informa que a
Câmara de Comércio Internacional (ICC), em 1989, adotou alguns passos básicos para
executar a AA na empresa, os quais foram desenvolvidos pela Canadian Naranda Corporation,
que divide a Auditoria em três partes básicas:
 Atividades Pré-Auditoria.
 Atividades de campo (Auditoria propriamente dita).
 Atividades Pós-Auditoria.
3.2.1 Pré-auditoria
Sintetizando, as atividades pré-auditoria, consistem em:
Selecionar e programar as condições da Auditoria, baseada na fixação de critérios e
determinação das prioridades estabelecidas.
Selecionar os integrantes da equipe de Auditoria, fixando suas responsabilidades.
Discutir com a equipe o Plano de Auditoria e mecanismos que facilitem seu
desenvolvimento.
3.2.2 Atividades de Campo
As atividades de campo, segundo a UNEP/IED (1989), apud Donaire (1999),
compreendem cinco fases:
 Fase 1 – Entendimento dos Controles Internos
 Fase 2 – Avaliação dos Controles Internos
 Fase 3 – Coleta dos Dados
 Fase 4 – Avaliação dos Resultados da Auditoria
 Fase 5 – Relatório Preliminar dos Resultados
3.2.3 Atividades Pós-auditoria
Segundo Donaire (1999), as atividades pós-auditoria “referem-se ao relatório final da
auditoria ambiental, sua distribuição e a retenção dos documentos”.
A próxima etapa, segundo Donaire (1999) é a elaboração de um plano de ação e seu
acompanhamento na execução, fato este que a norma não prevê.
4. CONCLUSÃO
As empresas, quando em suas atividades econômicas, envolvem-se com questões
ambientais, deparando-se, muitas vezes, com responsabilidades não contidas explicitamente
em seu Balanço Patrimonial.
Passa a existir o chamado Passivo Ambiental, de difícil mensuração, em razão de suas
variáveis.
Havendo a possibilidade da existência de Passivo Ambiental, faz-se necessária, para a
administração, a evidenciação dessa responsabilidade.
Não há necessidade da existência de cobrança externa para que se configure uma
obrigação. Basta a consciência de que, por exemplo, o meio ambiente foi afetado e precisa ser
remediado. Uma vez que a preocupação com o meio-ambiente significa hoje vantagem
competitiva.
Existindo tal situação, cabe, como meio legal, interna ou externamente, a instalação de
uma Auditoria Ambiental, eventual ou periódica, que como pode-se verificar se constitui em
ferramenta gerencial que auxilia a determinação de ações e direciona investimentos.
5. REFERÊNCIAS
ABNT Diretrizes para Auditoria Ambiental – Princípios gerais. NBR ISO 14010,
1996.
ABNT Diretrizes para Auditoria Ambiental – Procedimentos de Auditoria de
Sistemas de Gestão Ambiental. NBR ISO 14011, 1996.
CAMPOS, L. M. S. - Disciplina Auditoria Ambiental. Apostila – UFSC,
Florianópolis, 2002.
DONAIRE, D. Gestão Ambiental na empresa. São Paulo: Atlas, 1999.
DE JESUS, E. A.; DE FARIAS, N. R.; ZIBETTI, R. A. Gestão Ambiental
Responsabilidade da Empresa. Cascavel: Edunioeste, 2000.
INZUNZA G. Los empresários ante la regulación ambiental: ¿Hacia una cultura
de la sustentabilidad?
TIBOR, T.; FELDMAN, I. ISO 14000: um guia para as normas de gestão
ambiental. São Paulo : Futura, 1996.

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  • 1. A AUDITORIA AMBIENTAL COMO FERRAMENTA DA GESTÃO AMBIENTAL Luis Alberto Aramayo Cruz RESUMO A auditoria ambiental que por definição: é “Ferramenta de orientação gerencial, que permite aos dirigentes de uma área ou de toda a organização, identificar os pontos fortes e fracos de uma determinada atividade, quando sistematicamente comparada a um padrão consagrado como referencial”, obedece às normas ISO 14000 que estabelecem diretrizes para a implementação de um sistema de gestão ambiental. A auditoria ambiental se constitui em ferramenta importante da gestão ambiental, a partir do momento em que a relação da empresa com o meio em que atua mudou, passando o meio-ambiente a ser compreendido, não mais como algo externo à empresa e seus objetivos, mais sim como algo integrante da própria empresa, um “bem escasso”. Administrá-lo eficientemente constitui-se portanto em vantagem competitiva e garantia de permanência no mercado. PALAVRAS CHAVE: Auditoria Ambiental, Gestão Ambiental
  • 2. 1. INTRODUÇÃO Vive-se hoje num mundo globalizado onde a cada dia, clientes e consumidores se tornam mais exigentes. Este fato trouxe a necessidade de maior transparência no mercado. Mudanças no sistema de gestão são necessárias para poder atender a esta nova realidade. Os agentes responsáveis por estas mudanças (diretores, gerentes, líderes, etc.) sabem que decisões inadequadas significam perder dinheiro e conseqüentemente competitividade. Verifica-se, aqui, a necessidade de ferramentas de gestão confiáveis que possam inclusive ser utilizadas para resolver problemas atuais vinculados a soluções para o futuro e assegurar a sobrevivência da empresa. Segundo Porter, apud de Jesus (2000; p. 18) “A Gestão Ambiental vem se tornando um “plus” na competitividade” e Porter “desfaz a crença no conflito entre ecologia e economia pela qual a sociedade se beneficia com melhor qualidade do meio ambiente, mas a conta é paga pelas indústrias com a elevação de seus custos e redução da competitividade”. Entretanto, o mesmo autor afirma que, com o advento de inovações tecnológicas, as empresas poderão compensar os investimentos feitos para preservar o meio ambiente. A auditoria ambiental representa assim uma ferramenta orientativa no sentido de poder comprovar a eficiência do SGA. 2. AMPLIAÇÃO DA RESPONSABILIDADE DAS EMPRESAS Com o passar dos anos, a relação de empresas e organizações com a sociedade ganhou complexidade. Segundo Donaire (1999; p.15), as empresas que, inicialmente, somente preocupavam-se com aspectos econômicos como: o que produzir, quanto e para quem; agora precisam preocupar-se também com novos papeis que surgiram como resultado das alterações no ambiente em que operam. Estas preocupações, tais como proteção ao consumidor, controle da poluição, etc., são decorrência de pressões que a sociedade, através de entidades de classe, organizações não governamentais, clientes, consumidores e população em geral vem exercendo, provocando o surgimento de novas leis e regulamentações que por sua vez mudam o ambiente em que a empresa atua. O papel da empresa, portanto deixa de ser apenas econômico e passa a ser também sócio-político.
  • 3. 2.1 – Definição De Gestão Ambiental O homem percebeu que o meio-ambiente e a ecologia estão intimamente ligados com a economia. O avanço tecnológico trouxe progresso, mais também a necessidade de minimizar suas conseqüências e efeitos muitas vezes irreversíveis, que podem se constituir num grande passivo ambiental para as empresas. Para Inzunza (1999; p. 11) “A cultura ambiental, não somente está determinada pelas formas da organização interna da empresa, mas hoje implica principalmente num reconhecimento do meio ambiente como um bem escasso”. Com este pensamento surgiu o conceito de: “desenvolvimento sustentável”, que satisfaz às necessidades da exploração dos recursos naturais pela presente geração sem comprometer a sua base para as gerações futuras. Para Campos (2002; p. 03), os vários acidentes ocorridos, as diversas conferências e encontros, a globalização e outros; contribuíram para o surgimento da gestão ambiental. Ainda Campos (2002; p. 07), define a gestão ambiental como: “A administração do uso dos recursos ambientais, por meio de ações ou medidas econômicas, investimentos e providências institucionais e jurídicas, com a finalidade de manter ou recuperar a qualidade dos recursos e o desenvolvimento social”. Os estudos de impacto ambiental, as análises de riscos, as consultorias ambientais e as normas da série ISO 14000, são essenciais para a Gestão Ambiental. Qualquer empresa que deseje manter-se competitiva no mercado, deve implementar a Gestão Ambiental, que segundo Tibor e Feldman (1996; p. 78), deve fornecer requisitos como: definição da política ambiental e o comprometimento da empresa, a compatibilização com a legislação, o treinamento e qualificação de seus funcionários, as instruções de trabalho e registro de documentos, o plano de emergência em áreas de risco onde poderia ocorrer um possível acidente, a monitoria e auditoria deste sistema, para se evitar um impacto ambiental, que no futuro poderá também gerar um passivo ambiental. Para Donaire (1999; p. 109), a Gestão Ambiental, não é um processo que pode ser implantado de imediato dentro de uma organização, é um processo complexo que precisa de um planejamento estratégico e deve ser implementado em etapas. A maneira mais adequada para um programa de Gestão Ambiental é obedecer às normas da ISO 14000.
  • 4. 2.2 – As Normas Da Série Iso 14000. Segundo Donaire (1999; p. 116), a ISO – “International Organization for Standardization é uma organização internacional fundada em Genebra na Suíça em 23 de fevereiro de 1947. Passou a integrar o texto da administração com a ISO 9000, que se refere ao Gerenciamento da Qualidade na produção de Bens de Consumo ou Prestação de Serviços”. Ainda dentre as normas ambientais, destaca a norma emitida pelo “BRITISH STANDART INSTITUTE – BS 7750, que foi preparada pelo comitê de Política de Normalização Ambiental e da Poluição da Inglaterra. Somente em 1996 a ISO oficializou com base na BS 7750 as primeiras normas da série ISO 14000”. Para Donaire (1999; p. 117), esta procura estabelecer diretrizes para a implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), onde o sistema atua diretamente nas atividades econômicas das organizações e aquelas que possam causar algum tipo de dano para o meio ambiente. Este Sistema de Gestão Ambiental está relacionado com a ISO 14001 e a ISO 14004. Ainda Donaire (1999; p. 117), diz que a ISO 14001 tem como objetivo fazer a ligação da atividade da organização com o Sistema de Gestão Ambiental. E deve ser aplicada em todas as partes da organização. A ISO 14004 especifica princípios para o SGA, que são:  COMPROMETIMENTO E POLÍTICA  PLANEJAMENTO  IMPLEMENTAÇÃO  MEDIÇÃO E AVALIAÇÃO  ANÁLISE CRÍTICA E MELHORIA. 3. AUDITORIA AMBIENTAL Segundo Campos (2002; p. 12), a auditoria que não precisa ser entendida como um instrumento para mostrar culpados como é comum, mas deve ser encarada como uma ferramenta de orientação gerencial.
  • 5. 3.1 Definição de Auditoria Ambiental A Auditoria Ambiental conforme já comentado deve seguir as diretrizes estabelecidas nas normas da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR ISO 14010 em seus princípios gerais, bem como a NBR ISO 14011, nos procedimentos de auditoria. Para Reis (1995), apud Campos (2002; p. 17), auditoria é “Ferramenta de orientação gerencial, que permite aos dirigentes de uma área ou de toda a organização, identificar os pontos fortes e fracos de uma determinada atividade, quando sistematicamente comparada a um padrão consagrado como referencial” A ABNT, pela norma NBR ISO 14010 (ABNT, 1996), define Auditoria Ambiental, em seu item 2.9, como: “Processo sistemático e documentado de verificação, executado para obter e avaliar, de forma objetiva, evidências de auditoria para determinar se as atividades, eventos, sistemas de gestão e condições ambientais especificados ou as informações relacionadas a estes estão em conformidade com os critérios de auditoria, e para comunicar os resultados deste processo ao cliente”. 3.2 Metodologia Como Metodologia da Auditoria Ambiental, Donaire (1999; p. 124), informa que a Câmara de Comércio Internacional (ICC), em 1989, adotou alguns passos básicos para executar a AA na empresa, os quais foram desenvolvidos pela Canadian Naranda Corporation, que divide a Auditoria em três partes básicas:  Atividades Pré-Auditoria.  Atividades de campo (Auditoria propriamente dita).  Atividades Pós-Auditoria. 3.2.1 Pré-auditoria Sintetizando, as atividades pré-auditoria, consistem em: Selecionar e programar as condições da Auditoria, baseada na fixação de critérios e determinação das prioridades estabelecidas. Selecionar os integrantes da equipe de Auditoria, fixando suas responsabilidades.
  • 6. Discutir com a equipe o Plano de Auditoria e mecanismos que facilitem seu desenvolvimento. 3.2.2 Atividades de Campo As atividades de campo, segundo a UNEP/IED (1989), apud Donaire (1999), compreendem cinco fases:  Fase 1 – Entendimento dos Controles Internos  Fase 2 – Avaliação dos Controles Internos  Fase 3 – Coleta dos Dados  Fase 4 – Avaliação dos Resultados da Auditoria  Fase 5 – Relatório Preliminar dos Resultados 3.2.3 Atividades Pós-auditoria Segundo Donaire (1999), as atividades pós-auditoria “referem-se ao relatório final da auditoria ambiental, sua distribuição e a retenção dos documentos”. A próxima etapa, segundo Donaire (1999) é a elaboração de um plano de ação e seu acompanhamento na execução, fato este que a norma não prevê. 4. CONCLUSÃO As empresas, quando em suas atividades econômicas, envolvem-se com questões ambientais, deparando-se, muitas vezes, com responsabilidades não contidas explicitamente em seu Balanço Patrimonial. Passa a existir o chamado Passivo Ambiental, de difícil mensuração, em razão de suas variáveis. Havendo a possibilidade da existência de Passivo Ambiental, faz-se necessária, para a administração, a evidenciação dessa responsabilidade. Não há necessidade da existência de cobrança externa para que se configure uma obrigação. Basta a consciência de que, por exemplo, o meio ambiente foi afetado e precisa ser remediado. Uma vez que a preocupação com o meio-ambiente significa hoje vantagem competitiva.
  • 7. Existindo tal situação, cabe, como meio legal, interna ou externamente, a instalação de uma Auditoria Ambiental, eventual ou periódica, que como pode-se verificar se constitui em ferramenta gerencial que auxilia a determinação de ações e direciona investimentos. 5. REFERÊNCIAS ABNT Diretrizes para Auditoria Ambiental – Princípios gerais. NBR ISO 14010, 1996. ABNT Diretrizes para Auditoria Ambiental – Procedimentos de Auditoria de Sistemas de Gestão Ambiental. NBR ISO 14011, 1996. CAMPOS, L. M. S. - Disciplina Auditoria Ambiental. Apostila – UFSC, Florianópolis, 2002. DONAIRE, D. Gestão Ambiental na empresa. São Paulo: Atlas, 1999. DE JESUS, E. A.; DE FARIAS, N. R.; ZIBETTI, R. A. Gestão Ambiental Responsabilidade da Empresa. Cascavel: Edunioeste, 2000. INZUNZA G. Los empresários ante la regulación ambiental: ¿Hacia una cultura de la sustentabilidad? TIBOR, T.; FELDMAN, I. ISO 14000: um guia para as normas de gestão ambiental. São Paulo : Futura, 1996.