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Bauru, quarta-feira, 3 de novembro de 2010 - Página 5
GERAL
Diversidade marca Dia de Finados
Em dia de sol, cemitérios ficaram cheios para receber católicos, budistas e umbandistas durante o feriado de ontem
Karla Beraldo
Nada da garoa que cos-
tuma aparecer exatamente no
Dia de Finados. Foi sob sol
forte que familiares e amigos
homenagearam os entes que-
ridos que já se foram ontem.
Durante todo o dia, a movi-
mentação nos cemitérios de
Bauru foi intensa.
O que fez com que o
consumo de água - um dos
serviços oferecidos gratuita-
mente nos quatro
cemitérios muni-
cipais de Bauru e
um no Distrito de
Tibiriçá - também
tenha sido grande.
No Cemitério do Jardim Re-
dentor, o pintor Sirineo José
Pedro fez questão de registrar
seu agradecimento na caixi-
nha disponível para sugestões
e reclamações.
“Não é sempre que visi-
to o cemitério, por isso fiquei
surpreso com a organização.
As pessoas tem aí água dis-
ponível, lugar para sentar,
tudo isso demonstra um res-
Fotos/NeideCarlos
peito com a gente que vem
aqui lembrar com carinho da-
queles que perdemos”, co-
mentou sobre os serviços que,
além da água, incluíram a
disponibilização de banhei-
ros químicos, cadeiras de ro-
das e uma ambulância (leia
mais nesta página).
Apesar dos elogios de Si-
rineo, as pessoas que precisa-
ram de ajuda para localizar os
jazigos tiveram de enfrentar
fila. Josefa Souza da Silva, 59
anos, que no início
da tarde foi visitar a
tia falecida há dois
anosreclamoudaes-
pera. “A fila está
grande e demorada,
acho que já estou esperando há
uns 20 minutos”.
O número de visitas re-
gistradas pela Emdurb nos cin-
co cemitérios atingiu 28.500
pessoas ontem. Foram 7.200
copos de água distribuídos on-
tem. Somente no Cemitério da
Saudade foram 11 mil, o mais
procurado. No local, 22 pesso-
as aferiram pressão arterial e
a ambulância atendeu um pe-
dido de socorro para a unidade
de saúde da Bela Vista. De
acordo com o técnico de enfer-
magem Jair Santo Vieiro, a
senhora foi encaminhada ao
Pronto Socorro do Bela Vista e
teve de ficar em observação
por algumas horas.
NoCemitérioCristoRei,
no Parque Roosevelt, a movi-
mentação de visitantes era
intensa no início da tarde.
Aparecida Martinelli Pereira
foi até a necrópole homena-
gear o marido e filho. “Visita-
mos sempre, mas hoje (on-
tem), é um dia especial para
lembrar tudo o que a pessoa
realizou, agradecer pela vida
que ela teve, além de rezar
por todas as almas”, comenta
a aposentada ao lembrar dos
tempos em que o filho traba-
lhou como entregador no JC.
“Na época em que ainda se
entregava jornal de bicicle-
ta”, recorda com alegria,
acompanhada pela nora Már-
cia dos Reis.
O Cemitério da Saudade,
no Jardim Higienópolis, tam-
bém recebeu visitantes duran-
te toda a terça-feira. Os ir-
mãos Marcos e Fausto Sacu-
ma foram prestar suas home-
nagens ao pai, falecido há 18
anos, e aos avós. “Para nós é
um momento de muita oração
e agradecimento”, afirmam.
Comércio
A movimentação inten-
sa nos cemitérios resultou em
boas vendas para os ambulan-
tes que vendiam as tradicio-
nais flores e velas, além de
sorvetes e raspadinhas para
aliviar o calor.
No Jardim Redentor, ao
casal Nair Tajiri e Adilson da
Silva sobrou poucas flores.
“Hoje, só na parte da manhã,
já vendemos mais de oitenta
vasos. As pessoas estão com-
prando bem”, avaliam os ven-
dedores que trabalhavam no
local desde domingo.
Já o vendedor de raspadi-
nhas Sergio Raimundo, 44
anos, decidiu apostar no au-
mento das vendas no tempo
quente. “De manhã vendi bem,
mas agora durante à tarde, com
esse calor, devo vender bem
mais”, afirmou o ambulante,
com seu carrinho estacionado
na entrada principal do Cemi-
tério da Saudade.
Oferendas, palmas, ata-
baques e muita reflexão. Fo-
ram esses os gestos que mar-
caram o Dia de Finados dos
frequentadores do Templo
Escola Umbanda Sagrada.
Cerca de 50 pessoas partici-
param ontem do 6º culto aos
antepassados e em louvor ao
orixá Omolu, que teve início
no templo e foi finalizado aos
pés do cruzeiro do Cemitério
Cristo Rei, por volta das 12h.
Vestidos de branco, os
umbandistas caminharam
pelo cemitério até chegarem
ao local das oferendas, onde
depositaram água, flores,
pães, ervas e raízes. O culto
chamou a atenção de várias
pessoas que também presta-
vam suas homenagens aos
entes queridos. “É bonito ver
as diferentes formas de lem-
brar dos mortos em um mes-
mo ambiente, cada um fazen-
do a seu modo e sendo respei-
tado. Ainda existem pessoas
que discriminam, mas é por-
que desconhecem”, comen-
tou o operador de máquinas
Célio, que é espírita e parou
para ver o grupo passar.
Para os umbandistas, a
morte é transcendência do
estado físico para o espiritual,
e, por isso, a celebração e
culto aos antepassados signi-
ficam um momento de muita
reflexão. “No templo fizemos
a apresentação das oferendas,
orações e, principalmente,
reflexão sobre a vida e a mor-
te. Aqui no cemitério é o mo-
mento onde se desencadeia
tudo que pensamos, refleti-
mos e pedimos”, explica o
sacerdote Rodrigo Queiroz.
Para ele, o culto é ainda
uma oportunidade de matar
os sentimentos negativos. “É
uma boa hora para refletir
sobre a necessidade de ma-
tar algumas coisas em nós
diariamente, como as mágo-
as, o ódio e todos os senti-
mentos que nos afastam da
harmonia e boa convivên-
cia”, aconselha.
Umbandista há cerca de
cinco anos, o funcionário pú-
blico Fábio Muzy saiu de Cer-
queira César (SP) com a espo-
sa para participar pela primei-
ra vez do culto. “Gostei bas-
tante, é uma cerimônia muito
bem fundamentada e estou me
sentindo completamente reno-
vado”, comentou. (KB)
Como de costume, os
túmulos de pessoas conside-
radas milagreiras ficaram
pequenos para tantas home-
nagens no Dia de Finados. No
Cemitério da Saudade, um
deles é o da parteira Maria
Nunes, morta em 1917.
Depois de visitar a ne-
crópole dos sogros, Maria
Laurita, 58 anos, não deixou
de passar pelo conhecido tú-
mulo, para preservar uma tra-
dição passada de mãe para
filha. “Desde criança minha
mãe me trazia aqui, todos os
anos. Ela era uma mulher de
muita fé, acreditava nos mila-
gres que a Maria Nunes fazia,
então continuo vindo para
agradecer e rezar”, conta.
Já no Jardim Redentor, o
túmulo do padre Alcir Inácio
de Oliveira está entre os mais
visitados. “Venho até ele prin-
cipalmente para pedir prote-
ção”, comenta dona Elvira
Gomes da Silva, 68 anos.
Acompanhada de toda famí-
lia, ela ainda foi ao cemitério
para homenagear o marido, o
filho e o neto falecidos. (KB)
Uma novidade no aten-
dimento para aqueles que vi-
sitaram os cemitérios de Bau-
ru no Dia de Finados, a dispo-
nibilização de cadeiras de ro-
das foi aprovada pelos usuári-
os. Dona Araci Demartino,
que pela primeira vez foi so-
zinha fazer a visita ao túmulo
da mãe no Cemitério da Sau-
dade, está entre os visitantes
que utilizaram o serviço. “Já
estou com a mobilidade um
pouco debilitada, então é bem
útil, gostei”.
Ontem, exatamente às
9h, cerca de 30 adeptos do
budismo se reuniram em
frente a uma capela constru-
ída em 1940 pelo Clube Nipo
Brasileiro no Cemitério da
Saudade para abrigar os cor-
pos dos descendentes mor-
tos.Olocalexistedesde1910.
Quem presidiu a cerimônia,
que marca o Dia de Finados
para eles, foi o monge Ko Ito,
natural do Japão e que atual-
mente é sacerdote da Asso-
ciação Religiosa Nambei
Homgangi de Bauru.
De acordo com Massaru
Ogino, um dos participantes
que é relações públicas da
entidade, o local foi construí-
do para abrigar os corpos dos
descendentes de japoneses
que na época eram enterrados
em vala comum. “Na época
eles eram sepultados mas de-
pois eram colocados em uma
vala comum. Então o presi-
dente do Clube Nipo Brasilei-
ro da época decidiu construir
a capela para poder ter um
lugar digno para sepultar es-
sas pessoas”.
Massaru afirma que os
restos mortais dos 73 descen-
dentes não foram cremados e
que a modalidade é opcional
na religião. “Esses restos
mortais não foram cremados.
Isso é decidido por cada famí-
lia. A cremação dos corpos
dos descendentes não é uma
prática obrigatória. No Japão
é comum vermos isso por mo-
tivos de falta de espaço físi-
co”, afirmou.
O relações públicas re-
vela curiosamente que, dos
mortos que estão sepultados
na capela, a grande maioria
é formada por jovens mulhe-
res e bebês recém-nascidos,
o que mostra a precariedade
do parto na zona rural da
época. “Muitas mães morri-
am em consequência do par-
to muitas vezes feito preca-
riamente na zona rural. Os
demais eram idosos de, no
máximo, 67 anos”.
A cerimônia ditada por
um missal durou cerca de 30
minutos. Ao final, os budistas
ofereceram incenso em pó aos
antepassados enterrados no
local. “Eles leem o missal e
acompanham com o terço bu-
dista em mãos. Agora ao final
da cerimônia eles oferecem
incenso em pó aos mortos se-
pultados ali”. (Bruna Dias)
Segundo os administra-
dores do cemitério, o uso da
cadeira de rodas foi grande
durante todo o dia. Já no Re-
dentor e Cristo Rei, as cadei-
ras ainda não haviam sido
muito utilizadas até o início
da tarde. A explicação, para
alguns dos funcionários, era
por ser o primeiro ano e as
pessoas ainda não estarem
cientes da oferta do serviço.
No total, sete cadeiras foram
disponibilizadas,frutodeuma
parceria com a Sorri e a Apae.
A passos lentos e prote-
gendo-sedosolcomumasom-
brinha,donaPaschoalinaGou-
lart Soares, 89 anos, não dei-
xou de visitar o túmulo do
marido. Ela disse desconhe-
cer a disponibilidade de ca-
deiras de rodas. “Eu não esta-
va sabendo não, mas na ver-
dade, acho que prefiro fazer
minhavisitaassim,caminhan-
do; já aproveito para ir vendo
o túmulo de outras pessoas
conhecidas, amigas”, afirmou
cheia de vitalidade. (KB)
Umbandistas cultuam antepassados
com oferendas e louvor ao orixá
Cemitério da Saudade registrou a presença de 11 mil pessoas somente durante o feriado
Vestidos de branco, os umbandistas fizeram reflexão
‘Milagreiros’nãosãoesquecidos
Número de
visitantes
atingiu 28.500
pessoas ontem
No Cemitério do Redentor, muitas pessoas acenderam velas
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Araci Demartino foi auxiliada pelo funcionário Reginaldo Silva no Cemitério da Saudade

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No local, 22 pesso- as aferiram pressão arterial e a ambulância atendeu um pe- dido de socorro para a unidade de saúde da Bela Vista. De acordo com o técnico de enfer- magem Jair Santo Vieiro, a senhora foi encaminhada ao Pronto Socorro do Bela Vista e teve de ficar em observação por algumas horas. NoCemitérioCristoRei, no Parque Roosevelt, a movi- mentação de visitantes era intensa no início da tarde. Aparecida Martinelli Pereira foi até a necrópole homena- gear o marido e filho. “Visita- mos sempre, mas hoje (on- tem), é um dia especial para lembrar tudo o que a pessoa realizou, agradecer pela vida que ela teve, além de rezar por todas as almas”, comenta a aposentada ao lembrar dos tempos em que o filho traba- lhou como entregador no JC. “Na época em que ainda se entregava jornal de bicicle- ta”, recorda com alegria, acompanhada pela nora Már- cia dos Reis. O Cemitério da Saudade, no Jardim Higienópolis, tam- bém recebeu visitantes duran- te toda a terça-feira. Os ir- mãos Marcos e Fausto Sacu- ma foram prestar suas home- nagens ao pai, falecido há 18 anos, e aos avós. “Para nós é um momento de muita oração e agradecimento”, afirmam. Comércio A movimentação inten- sa nos cemitérios resultou em boas vendas para os ambulan- tes que vendiam as tradicio- nais flores e velas, além de sorvetes e raspadinhas para aliviar o calor. No Jardim Redentor, ao casal Nair Tajiri e Adilson da Silva sobrou poucas flores. “Hoje, só na parte da manhã, já vendemos mais de oitenta vasos. As pessoas estão com- prando bem”, avaliam os ven- dedores que trabalhavam no local desde domingo. Já o vendedor de raspadi- nhas Sergio Raimundo, 44 anos, decidiu apostar no au- mento das vendas no tempo quente. “De manhã vendi bem, mas agora durante à tarde, com esse calor, devo vender bem mais”, afirmou o ambulante, com seu carrinho estacionado na entrada principal do Cemi- tério da Saudade. Oferendas, palmas, ata- baques e muita reflexão. Fo- ram esses os gestos que mar- caram o Dia de Finados dos frequentadores do Templo Escola Umbanda Sagrada. Cerca de 50 pessoas partici- param ontem do 6º culto aos antepassados e em louvor ao orixá Omolu, que teve início no templo e foi finalizado aos pés do cruzeiro do Cemitério Cristo Rei, por volta das 12h. Vestidos de branco, os umbandistas caminharam pelo cemitério até chegarem ao local das oferendas, onde depositaram água, flores, pães, ervas e raízes. O culto chamou a atenção de várias pessoas que também presta- vam suas homenagens aos entes queridos. “É bonito ver as diferentes formas de lem- brar dos mortos em um mes- mo ambiente, cada um fazen- do a seu modo e sendo respei- tado. Ainda existem pessoas que discriminam, mas é por- que desconhecem”, comen- tou o operador de máquinas Célio, que é espírita e parou para ver o grupo passar. Para os umbandistas, a morte é transcendência do estado físico para o espiritual, e, por isso, a celebração e culto aos antepassados signi- ficam um momento de muita reflexão. “No templo fizemos a apresentação das oferendas, orações e, principalmente, reflexão sobre a vida e a mor- te. Aqui no cemitério é o mo- mento onde se desencadeia tudo que pensamos, refleti- mos e pedimos”, explica o sacerdote Rodrigo Queiroz. Para ele, o culto é ainda uma oportunidade de matar os sentimentos negativos. “É uma boa hora para refletir sobre a necessidade de ma- tar algumas coisas em nós diariamente, como as mágo- as, o ódio e todos os senti- mentos que nos afastam da harmonia e boa convivên- cia”, aconselha. Umbandista há cerca de cinco anos, o funcionário pú- blico Fábio Muzy saiu de Cer- queira César (SP) com a espo- sa para participar pela primei- ra vez do culto. “Gostei bas- tante, é uma cerimônia muito bem fundamentada e estou me sentindo completamente reno- vado”, comentou. (KB) Como de costume, os túmulos de pessoas conside- radas milagreiras ficaram pequenos para tantas home- nagens no Dia de Finados. No Cemitério da Saudade, um deles é o da parteira Maria Nunes, morta em 1917. Depois de visitar a ne- crópole dos sogros, Maria Laurita, 58 anos, não deixou de passar pelo conhecido tú- mulo, para preservar uma tra- dição passada de mãe para filha. “Desde criança minha mãe me trazia aqui, todos os anos. Ela era uma mulher de muita fé, acreditava nos mila- gres que a Maria Nunes fazia, então continuo vindo para agradecer e rezar”, conta. Já no Jardim Redentor, o túmulo do padre Alcir Inácio de Oliveira está entre os mais visitados. “Venho até ele prin- cipalmente para pedir prote- ção”, comenta dona Elvira Gomes da Silva, 68 anos. Acompanhada de toda famí- lia, ela ainda foi ao cemitério para homenagear o marido, o filho e o neto falecidos. (KB) Uma novidade no aten- dimento para aqueles que vi- sitaram os cemitérios de Bau- ru no Dia de Finados, a dispo- nibilização de cadeiras de ro- das foi aprovada pelos usuári- os. Dona Araci Demartino, que pela primeira vez foi so- zinha fazer a visita ao túmulo da mãe no Cemitério da Sau- dade, está entre os visitantes que utilizaram o serviço. “Já estou com a mobilidade um pouco debilitada, então é bem útil, gostei”. Ontem, exatamente às 9h, cerca de 30 adeptos do budismo se reuniram em frente a uma capela constru- ída em 1940 pelo Clube Nipo Brasileiro no Cemitério da Saudade para abrigar os cor- pos dos descendentes mor- tos.Olocalexistedesde1910. Quem presidiu a cerimônia, que marca o Dia de Finados para eles, foi o monge Ko Ito, natural do Japão e que atual- mente é sacerdote da Asso- ciação Religiosa Nambei Homgangi de Bauru. De acordo com Massaru Ogino, um dos participantes que é relações públicas da entidade, o local foi construí- do para abrigar os corpos dos descendentes de japoneses que na época eram enterrados em vala comum. “Na época eles eram sepultados mas de- pois eram colocados em uma vala comum. Então o presi- dente do Clube Nipo Brasilei- ro da época decidiu construir a capela para poder ter um lugar digno para sepultar es- sas pessoas”. Massaru afirma que os restos mortais dos 73 descen- dentes não foram cremados e que a modalidade é opcional na religião. “Esses restos mortais não foram cremados. Isso é decidido por cada famí- lia. A cremação dos corpos dos descendentes não é uma prática obrigatória. No Japão é comum vermos isso por mo- tivos de falta de espaço físi- co”, afirmou. O relações públicas re- vela curiosamente que, dos mortos que estão sepultados na capela, a grande maioria é formada por jovens mulhe- res e bebês recém-nascidos, o que mostra a precariedade do parto na zona rural da época. “Muitas mães morri- am em consequência do par- to muitas vezes feito preca- riamente na zona rural. Os demais eram idosos de, no máximo, 67 anos”. A cerimônia ditada por um missal durou cerca de 30 minutos. Ao final, os budistas ofereceram incenso em pó aos antepassados enterrados no local. “Eles leem o missal e acompanham com o terço bu- dista em mãos. Agora ao final da cerimônia eles oferecem incenso em pó aos mortos se- pultados ali”. (Bruna Dias) Segundo os administra- dores do cemitério, o uso da cadeira de rodas foi grande durante todo o dia. Já no Re- dentor e Cristo Rei, as cadei- ras ainda não haviam sido muito utilizadas até o início da tarde. A explicação, para alguns dos funcionários, era por ser o primeiro ano e as pessoas ainda não estarem cientes da oferta do serviço. No total, sete cadeiras foram disponibilizadas,frutodeuma parceria com a Sorri e a Apae. A passos lentos e prote- gendo-sedosolcomumasom- brinha,donaPaschoalinaGou- lart Soares, 89 anos, não dei- xou de visitar o túmulo do marido. Ela disse desconhe- cer a disponibilidade de ca- deiras de rodas. “Eu não esta- va sabendo não, mas na ver- dade, acho que prefiro fazer minhavisitaassim,caminhan- do; já aproveito para ir vendo o túmulo de outras pessoas conhecidas, amigas”, afirmou cheia de vitalidade. (KB) Umbandistas cultuam antepassados com oferendas e louvor ao orixá Cemitério da Saudade registrou a presença de 11 mil pessoas somente durante o feriado Vestidos de branco, os umbandistas fizeram reflexão ‘Milagreiros’nãosãoesquecidos Número de visitantes atingiu 28.500 pessoas ontem No Cemitério do Redentor, muitas pessoas acenderam velas Budistas realizam cerimônia Capela construída em 1940 recebeu cerimônia budista Serviçodecadeiraderodas Araci Demartino foi auxiliada pelo funcionário Reginaldo Silva no Cemitério da Saudade