SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 1
Baixar para ler offline
Energia
Reagentes R
Produtos X,
menos estáveis
Produtos Y,
mais estáveis
mais lenta
mais rápida
EaX
EaY
Eduardo Leite do Canto
Autor de Química na Abordagem do Cotidiano – Editora Saraiva
INFORME-SE SOBRE A QUÍMICA
EDIÇÃO PARA PROFESSORES
Quando substâncias são reagentes de duas ou
mais reações que podem ocorrer simultaneamente,
diferentes produtos serão formados, conduzindo
a uma mistura de produtos. A proporção entre os
diferentes produtos na mistura final depende da
relação entre as velocidades de formação desses
produtos. A isso dá-se o nome de controle cinético.
Um caso clássico de controle cinético é o
da nitração do tolueno, a 0°C. A distribuição dos
produtos (orto-, 61,5%; meta-, 1,5%; para- 37,0%) é
reflexo da diferente rapidez com que são formados.
Nem sempre, contudo, se observa o resultado
previsto pelo controle cinético. Isso porque, nas
condições experimentais, as reações podem atingir
o equilíbrio e, assim, a distribuição relativa dos
produtos dependerá não das velocidades relativas
com que são formados, mas da estabilidade
termodinâmica relativa dos produtos no meio
reacional. Nesse caso, tem-se o chamado controle
termodinâmico (ou controle de equilíbrio).
A alquilação de Friedel-Crafts do tolueno
com brometo de benzila, a 25°C, com GaBr3 como
catalisador, é um caso que permite compreender
a distinção entre controle cinético e controle
termodinâmico. Veja os dados:
Tempo (s) % orto- % meta- % para-
0,01 40 21 39
10 23 46 31
Após 0,01 s, as porcentagens de produtos
formados revelam predominância do controle
cinético (o grupo metil é orto-para-dirigente). Após
10 s, contudo, as porcentagens expressam a situação
de equilíbrio, com predominância do isômero mais
estável.
Um exemplo interessante é o da sulfonação
do naftaleno que, a 80°C, conduz quase que
esclusivamente ao isômero 1-substituído (posição
anteriormente denominada α). Nessa temperatura,
sob controle cinético, a obtenção do 2-substituído
é desprezível. A 160°C, por outro lado, obtém-se
uma mistura com 20% do 1-substituído e 80% do
2-substituído. O isômero 1-substituído é menos
estável devido à interação estérica repulsiva entre
o grupo –SO3H e o hidrogênio da posição 8.
Um dos casos mais clássicos é o da adição de
HBr ao buta-1,3-dieno. A –80°C há controle cinético
e forma-se uma mistura com 80% do produto de
adição-1,2 e 20% do produto de adição-1,4. Por outro
lado, a 40°C, sob controle termodinâmico, formam-se
20% do produto de adição-1,2 e 80% do produto de
adição-1,4. E, mais interessante, se a mistura obtida
a –80°C for aquecida até 40°C, a composição se altera
exatamente para aquela correspondente ao controle
termodinâmico.
Ográficopermiteentenderporqueoaquecimento
favorece o controle termodinâmico. O aumento
da energia cinética molecular torna mais rápidas
todas as reações envolvidas (diretas e inversas),
propiciando a situação de equilíbrio químico. A
reversibilidade das reações permite que os produtos
de uma reação se convertam nos reagentes, e estes,
por sua vez, nos produtos da outra reação.
Quem comanda, a rapidez ou o equilíbrio?
Quando reações competem, é importante compreender se
há controle cinético ou controle termodinâmico.
Número 2
• Cinética química — v. 2, unidade G, e vu, cap. 22
• Equilíbrio químico — v. 2, unidade H, e vu, cap. 23
• Adição conjugada — v. 3, cap. 16
• Substituição aromática — v. 3, cap. 15, e vu, cap. 29
• Substituição no naftaleno — v. 3, cap. 15
Química na Abordagem do Cotidiano, 3 volumes.
Química na Abordagem do Cotidiano, volume único.
E isso tem a ver com...
©
2016
Eduardo
Leite
do
Canto
(www.professorcanto.com.br)
–
Venda
proibida

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a PROFESSOR CANTO - CONTROLE CINÉTICO.pdf

Prática equilibrio químico
Prática   equilibrio químicoPrática   equilibrio químico
Prática equilibrio químicoDiego Simões
 
3.4)fatores influenciam-reacao
3.4)fatores influenciam-reacao3.4)fatores influenciam-reacao
3.4)fatores influenciam-reacaoFisica-Quimica
 
Aula de equilíbrio quimico
Aula de equilíbrio quimicoAula de equilíbrio quimico
Aula de equilíbrio quimicoIsabele Félix
 
Equilíbrio Químico
Equilíbrio QuímicoEquilíbrio Químico
Equilíbrio QuímicoFelipe Italo
 
Equilibrio quimico
Equilibrio quimicoEquilibrio quimico
Equilibrio quimicocaetano01
 
Aula 4. balanço de massa com reação química
Aula 4. balanço de massa com reação químicaAula 4. balanço de massa com reação química
Aula 4. balanço de massa com reação químicaLéyah Matheus
 
Apostila físico química e analítica - teoria e exercícios
Apostila   físico química e analítica - teoria e exercíciosApostila   físico química e analítica - teoria e exercícios
Apostila físico química e analítica - teoria e exercíciosJoão Valdir Miranda
 
Analise termogravimetrica para industria farmaceutica
Analise termogravimetrica para industria farmaceuticaAnalise termogravimetrica para industria farmaceutica
Analise termogravimetrica para industria farmaceuticatermogravimetria
 
fisicoquimica - quantidade de calor 5.pdf
fisicoquimica - quantidade de calor 5.pdffisicoquimica - quantidade de calor 5.pdf
fisicoquimica - quantidade de calor 5.pdfFrancieleDias14
 
Relatorio quimica geral_2 - cinetica
Relatorio quimica geral_2 - cineticaRelatorio quimica geral_2 - cinetica
Relatorio quimica geral_2 - cineticaÍngrede Silva
 
F5.6-Ficha6-Química.pdf
F5.6-Ficha6-Química.pdfF5.6-Ficha6-Química.pdf
F5.6-Ficha6-Química.pdfkotinha luz
 
Equilíbrio Químico - Setor Leste
Equilíbrio Químico - Setor LesteEquilíbrio Químico - Setor Leste
Equilíbrio Químico - Setor LesteMarianaMartinsR
 
Termoquímica cpmg-pmvr e as - 2010
Termoquímica cpmg-pmvr e as - 2010Termoquímica cpmg-pmvr e as - 2010
Termoquímica cpmg-pmvr e as - 2010ProfªThaiza Montine
 
Cinética Química - Fisico-química
Cinética Química - Fisico-químicaCinética Química - Fisico-química
Cinética Química - Fisico-químicaDanilo Alves
 

Semelhante a PROFESSOR CANTO - CONTROLE CINÉTICO.pdf (20)

Relatório exp. 01
Relatório exp. 01Relatório exp. 01
Relatório exp. 01
 
Prática equilibrio químico
Prática   equilibrio químicoPrática   equilibrio químico
Prática equilibrio químico
 
3.4)fatores influenciam-reacao
3.4)fatores influenciam-reacao3.4)fatores influenciam-reacao
3.4)fatores influenciam-reacao
 
Aula de equilíbrio quimico
Aula de equilíbrio quimicoAula de equilíbrio quimico
Aula de equilíbrio quimico
 
Equilíbrio Químico
Equilíbrio QuímicoEquilíbrio Químico
Equilíbrio Químico
 
Equilibrio quimico
Equilibrio quimicoEquilibrio quimico
Equilibrio quimico
 
Ana nery cinética química
Ana nery   cinética químicaAna nery   cinética química
Ana nery cinética química
 
Aula 4. balanço de massa com reação química
Aula 4. balanço de massa com reação químicaAula 4. balanço de massa com reação química
Aula 4. balanço de massa com reação química
 
Apostila físico química e analítica - teoria e exercícios
Apostila   físico química e analítica - teoria e exercíciosApostila   físico química e analítica - teoria e exercícios
Apostila físico química e analítica - teoria e exercícios
 
Apostila de temorquimica
Apostila de temorquimicaApostila de temorquimica
Apostila de temorquimica
 
Analise termogravimetrica para industria farmaceutica
Analise termogravimetrica para industria farmaceuticaAnalise termogravimetrica para industria farmaceutica
Analise termogravimetrica para industria farmaceutica
 
fisicoquimica - quantidade de calor 5.pdf
fisicoquimica - quantidade de calor 5.pdffisicoquimica - quantidade de calor 5.pdf
fisicoquimica - quantidade de calor 5.pdf
 
"Somos Físicos" Estequiometria
"Somos Físicos" Estequiometria"Somos Físicos" Estequiometria
"Somos Físicos" Estequiometria
 
Relatorio quimica geral_2 - cinetica
Relatorio quimica geral_2 - cineticaRelatorio quimica geral_2 - cinetica
Relatorio quimica geral_2 - cinetica
 
F5.6-Ficha6-Química.pdf
F5.6-Ficha6-Química.pdfF5.6-Ficha6-Química.pdf
F5.6-Ficha6-Química.pdf
 
Equilíbrio Químico - Setor Leste
Equilíbrio Químico - Setor LesteEquilíbrio Químico - Setor Leste
Equilíbrio Químico - Setor Leste
 
Termoquímica cpmg-pmvr e as - 2010
Termoquímica cpmg-pmvr e as - 2010Termoquímica cpmg-pmvr e as - 2010
Termoquímica cpmg-pmvr e as - 2010
 
"Somos Físicos" Estequiometria
"Somos Físicos" Estequiometria"Somos Físicos" Estequiometria
"Somos Físicos" Estequiometria
 
Cinética Química - Fisico-química
Cinética Química - Fisico-químicaCinética Química - Fisico-química
Cinética Química - Fisico-química
 
Cinética Química
Cinética QuímicaCinética Química
Cinética Química
 

PROFESSOR CANTO - CONTROLE CINÉTICO.pdf

  • 1. Energia Reagentes R Produtos X, menos estáveis Produtos Y, mais estáveis mais lenta mais rápida EaX EaY Eduardo Leite do Canto Autor de Química na Abordagem do Cotidiano – Editora Saraiva INFORME-SE SOBRE A QUÍMICA EDIÇÃO PARA PROFESSORES Quando substâncias são reagentes de duas ou mais reações que podem ocorrer simultaneamente, diferentes produtos serão formados, conduzindo a uma mistura de produtos. A proporção entre os diferentes produtos na mistura final depende da relação entre as velocidades de formação desses produtos. A isso dá-se o nome de controle cinético. Um caso clássico de controle cinético é o da nitração do tolueno, a 0°C. A distribuição dos produtos (orto-, 61,5%; meta-, 1,5%; para- 37,0%) é reflexo da diferente rapidez com que são formados. Nem sempre, contudo, se observa o resultado previsto pelo controle cinético. Isso porque, nas condições experimentais, as reações podem atingir o equilíbrio e, assim, a distribuição relativa dos produtos dependerá não das velocidades relativas com que são formados, mas da estabilidade termodinâmica relativa dos produtos no meio reacional. Nesse caso, tem-se o chamado controle termodinâmico (ou controle de equilíbrio). A alquilação de Friedel-Crafts do tolueno com brometo de benzila, a 25°C, com GaBr3 como catalisador, é um caso que permite compreender a distinção entre controle cinético e controle termodinâmico. Veja os dados: Tempo (s) % orto- % meta- % para- 0,01 40 21 39 10 23 46 31 Após 0,01 s, as porcentagens de produtos formados revelam predominância do controle cinético (o grupo metil é orto-para-dirigente). Após 10 s, contudo, as porcentagens expressam a situação de equilíbrio, com predominância do isômero mais estável. Um exemplo interessante é o da sulfonação do naftaleno que, a 80°C, conduz quase que esclusivamente ao isômero 1-substituído (posição anteriormente denominada α). Nessa temperatura, sob controle cinético, a obtenção do 2-substituído é desprezível. A 160°C, por outro lado, obtém-se uma mistura com 20% do 1-substituído e 80% do 2-substituído. O isômero 1-substituído é menos estável devido à interação estérica repulsiva entre o grupo –SO3H e o hidrogênio da posição 8. Um dos casos mais clássicos é o da adição de HBr ao buta-1,3-dieno. A –80°C há controle cinético e forma-se uma mistura com 80% do produto de adição-1,2 e 20% do produto de adição-1,4. Por outro lado, a 40°C, sob controle termodinâmico, formam-se 20% do produto de adição-1,2 e 80% do produto de adição-1,4. E, mais interessante, se a mistura obtida a –80°C for aquecida até 40°C, a composição se altera exatamente para aquela correspondente ao controle termodinâmico. Ográficopermiteentenderporqueoaquecimento favorece o controle termodinâmico. O aumento da energia cinética molecular torna mais rápidas todas as reações envolvidas (diretas e inversas), propiciando a situação de equilíbrio químico. A reversibilidade das reações permite que os produtos de uma reação se convertam nos reagentes, e estes, por sua vez, nos produtos da outra reação. Quem comanda, a rapidez ou o equilíbrio? Quando reações competem, é importante compreender se há controle cinético ou controle termodinâmico. Número 2 • Cinética química — v. 2, unidade G, e vu, cap. 22 • Equilíbrio químico — v. 2, unidade H, e vu, cap. 23 • Adição conjugada — v. 3, cap. 16 • Substituição aromática — v. 3, cap. 15, e vu, cap. 29 • Substituição no naftaleno — v. 3, cap. 15 Química na Abordagem do Cotidiano, 3 volumes. Química na Abordagem do Cotidiano, volume único. E isso tem a ver com... © 2016 Eduardo Leite do Canto (www.professorcanto.com.br) – Venda proibida