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Com dois acidentes em 30 dias,
falta de projeto e pressa ameaçam
obras.
Especialistas afirmam que órgãos de controle checam gastos públicos, e
não qualidade.
POR TIAGO DANTAS
27/07/2014 8:00 / ATUALIZADO 27/07/2014 23:41
Especialistas apontam falhas na realização de obras, o que pode causar acidentes como a queda do viaduto
em BH - PEDRO DUARTE / AFP
SÃO PAULO — A falta de projetos detalhados antes do início de grandes obras de infraestrutura favorece a
ocorrência de acidentes graves, como o que levou à morte de duas pessoas na queda do Viaduto Guararapes,
em Belo Horizonte, no início do mês. Entidades que representam arquitetos e engenheiros afirmaram ao
GLOBO que o poder público comete um erro ao escolher os projetos apenas pelo menor preço, sem levar
em conta a qualidade do trabalho. Outro ponto grave é a fiscalização: os órgãos de controle, como tribunais
de contas, ficam restritos à forma como o dinheiro público é gasto, e falta um rigoroso acompanhamento
técnico.
A própria Controladoria Geral da União (CGU) afirma que as verificações efetuadas por suas equipes
“buscam responder a questões estratégicas que permitam formar opinião segura e consistente quanto à
qualidade da gestão do órgão público responsável pela obra”. Na última terça-feira, a construtora Cowan,
responsável pelo viaduto mineiro, afirmou que o desabamento ocorreu devido a falhas no projeto executivo.
Segundo o laudo sobre o acidente, a obra foi feita com apenas 10% do aço necessário para suportar as
estacas; e o erro, segundo a empresa, estaria no cálculo dos projetistas.
Ao longo de 30 dias, foram registrados, ao menos, mais dois acidentes em obras de infraestrutura no país: a
queda de uma viga do monotrilho de São Paulo, em 9 de junho, e o desabamento de três vigas de um viaduto
sobre a Via Anchieta, em Cubatão, em 10 de julho.
PROJETO É MENOS DE 5% DO CUSTO TOTAL DA OBRA
Embora represente menos de 5% do custo total da obra, o projeto muitas vezes é deixado de lado na
concepção da obra pública, na tentativa de acelerar o trabalho. Especialistas avaliam que, se o projeto for
bem feito, é possível ganhar tempo colocando mais funcionários para trabalhar na construção propriamente
dita.
— O projeto é insubstituível — defende o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e
Engenharia Consultiva (Sinaenco), José Roberto Bernasconi. — Costumo comparar uma obra a uma cirurgia
médica. É uma forma de interferir em um paciente, que é o ambiente em que vivemos, seja para fazer uma
estrada, um hospital ou uma estação de metrô. Você não pode fazer a operação sem conhecer esse paciente,
sem fazer uma série de exames. E o projeto é isso: você vai conhecer a topografia, o tipo de solo, o traçado
mais adequado, o material mais indicado. Depois, é só segui-lo.
Um exemplo disso é a obra do estádio do Itaquerão, onde um guindaste tombou matando dois operários. O
tombamento ocorreu porque o solo não suportava o peso do guindaste.
Segundo o presidente do Sinaenco, muitas obras públicas começam a ser feitas apressadamente, antes que o
projeto detalhado esteja pronto. Ao longo do trabalho, os operários descobrem que há um problema no solo
ou um acidente geográfico, o que os obriga a fazer ajustes. É pressa que causa atrasos, pois são esses
imprevistos que fazem a intervenção atrasar ou ficar mais cara do que o previsto. Outro efeito é o aumento
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— A boa engenharia custa caro, mas a falta de engenharia custa muito mais — afirma o professor da USP e
diretor de infraestrutura do Instituto de Engenharia, Roberto Kochen. — Projetos na Europa demoram anos
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  • 2. em conta a qualidade do trabalho. Outro ponto grave é a fiscalização: os órgãos de controle, como tribunais de contas, ficam restritos à forma como o dinheiro público é gasto, e falta um rigoroso acompanhamento técnico. A própria Controladoria Geral da União (CGU) afirma que as verificações efetuadas por suas equipes “buscam responder a questões estratégicas que permitam formar opinião segura e consistente quanto à qualidade da gestão do órgão público responsável pela obra”. Na última terça-feira, a construtora Cowan, responsável pelo viaduto mineiro, afirmou que o desabamento ocorreu devido a falhas no projeto executivo. Segundo o laudo sobre o acidente, a obra foi feita com apenas 10% do aço necessário para suportar as estacas; e o erro, segundo a empresa, estaria no cálculo dos projetistas. Ao longo de 30 dias, foram registrados, ao menos, mais dois acidentes em obras de infraestrutura no país: a queda de uma viga do monotrilho de São Paulo, em 9 de junho, e o desabamento de três vigas de um viaduto sobre a Via Anchieta, em Cubatão, em 10 de julho. PROJETO É MENOS DE 5% DO CUSTO TOTAL DA OBRA Embora represente menos de 5% do custo total da obra, o projeto muitas vezes é deixado de lado na concepção da obra pública, na tentativa de acelerar o trabalho. Especialistas avaliam que, se o projeto for bem feito, é possível ganhar tempo colocando mais funcionários para trabalhar na construção propriamente dita. — O projeto é insubstituível — defende o presidente do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), José Roberto Bernasconi. — Costumo comparar uma obra a uma cirurgia médica. É uma forma de interferir em um paciente, que é o ambiente em que vivemos, seja para fazer uma estrada, um hospital ou uma estação de metrô. Você não pode fazer a operação sem conhecer esse paciente, sem fazer uma série de exames. E o projeto é isso: você vai conhecer a topografia, o tipo de solo, o traçado mais adequado, o material mais indicado. Depois, é só segui-lo. Um exemplo disso é a obra do estádio do Itaquerão, onde um guindaste tombou matando dois operários. O tombamento ocorreu porque o solo não suportava o peso do guindaste. Segundo o presidente do Sinaenco, muitas obras públicas começam a ser feitas apressadamente, antes que o projeto detalhado esteja pronto. Ao longo do trabalho, os operários descobrem que há um problema no solo ou um acidente geográfico, o que os obriga a fazer ajustes. É pressa que causa atrasos, pois são esses imprevistos que fazem a intervenção atrasar ou ficar mais cara do que o previsto. Outro efeito é o aumento do custo de manutenção do equipamento público, depois que a obra é entregue. — A boa engenharia custa caro, mas a falta de engenharia custa muito mais — afirma o professor da USP e diretor de infraestrutura do Instituto de Engenharia, Roberto Kochen. — Projetos na Europa demoram anos para ficar prontos. O Canal da Mancha, entre Inglaterra e França, consumiu quase dez anos só de projeto. Kochen lembra que, recentemente, o governo da Espanha gastou milhões de euros em um projeto de viabilidade sobre a construção de um túnel sob o Estreito de Gibraltar, que ligaria Espanha e Marrocos. A conclusão da investigação é que a areia não dá sustentação suficiente para o túnel. Se a obra começasse antes do fim desse projeto, operários poderiam ter sido vítimas de um grande acidente. O arquiteto Gilson Paranhos, assessor parlamentar do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU), defende que os órgãos públicos lancem concursos públicos de engenharia para obras importantes, que seriam avaliados pelo governo e pela sociedade civil. Paranhos cita como exemplo a construção de Brasília, nos anos 1950: — O governo não fez economia para ter um bom projeto para Brasília. E hoje temos uma cidade que é patrimônio mundial.