Este documento discute a importância da adequação de instruções de trabalho e capacitação de operadores para garantir a qualidade e reduzir custos em uma empresa de transformação de polímeros. A inadequação das instruções de trabalho anteriormente utilizadas resultava em falhas operacionais que geravam custos de reparo. Após revisar e reescrever as instruções com passo a passo claro e treinar os operadores, os resultados esperados passaram a ser alcançados e a vida útil dos equipamentos foi assegurada.

1. Faculdade IETEC
Pós-graduação
Engenharia de Processos Industriais - Turma 26
12 de outubro de 2016
Adequação da Instrução de Trabalho em uma empresa de
transformação de polímeros
Priscila Silva Melo
Virgínia Paula Moreira Pereira
RESUMO
Garantir a qualidade e evitar custos desnecessários com falhas no processo, sobretudo em
um mercado competitivo e com lento crescimento, significa diminuir desperdícios e
aumentar lucros. A implantação de instruções de trabalho e a capacitação dos operadores
possibilita padronizar as atividades operacionais alcançando assim os resultados esperados.
Instruções de trabalho desatualizadas ou aquelas que não descrevem passo a passo as
operações, podem não trazer os resultados esperados para uma empresa, sendo
necessário serem atualizadas a cada mudança no processo. A adequação de instruções de
trabalho, juntamente com a capacitação dos operadores, proposto neste estudo, fez com
que os operários realizassem a atividade da maneira tecnicamente correta e assegurou a
vida útil dos equipamentos, que antes desta adequação, devido às falhas operacionais,
geravam custos de reparos à empresa.
Palavras-chave: Instrução de Trabalho. Capacitação. Adequação.
1 INTRODUÇÃO
Controle e garantia de qualidade são fatores essenciais para o sucesso operacional de
qualquer produto em uma organização. Para que se tenha um produto de qualidade, dentro
das normas e padrão esperado, é necessário elaborar Instruções de trabalho (IT).
Instrução de trabalho é um instrumento que possibilita padronizar as atividades operacionais
de uma empresa, através de uma descrição detalhada das atividades específicas,
produtivas e operacionais. Tem como característica ser um padrão técnico e devem ser
atualizados a cada mudança no processo, seja por adaptação ou melhoria.

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A justificativa deste trabalho se dá ao fato da busca por melhorias em uma empresa de
transformação de polímeros, onde têm ocorrido paradas de equipamentos e, portanto,
perdas no processo produtivo, devido ao fato dos operadores não estarem seguindo
corretamente os procedimentos.
O objetivo deste estudo é garantir, através da adequação das instruções de trabalho e
capacitação dos operadores, que os resultados esperados no setor de preparação da
matéria prima, sejam alcançados. Que se tenha ao final do trabalho, instruções bem
elaboradas e que servirá como conteúdo para treinamentos aos colaboradores, de forma
clara e objetiva, onde qualquer colaborador consiga executar tal atividade descrita, obtendo
o resultado esperado, evitando assim prejuízos para a empresa, por motivos de reparos.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.2 TRABALHO PADRONIZADO
O trabalho padronizado é aquele executado com padrões que permitem que as operações
sejam realizadas de forma a garantir que os resultados sejam alcançados da forma mais
segura, mais fácil e mais eficaz, além de ser a base para melhorias (IGNACIO, 2016). Para
que um trabalho seja realizado de forma padronizada é preciso avaliar os métodos mais
eficazes, organizar e sistematizar o conhecimento prático.
A padronização deve ser documentada de forma que fique clara e bem entendida por todos,
entretanto, vale ressaltar que não existe uma única maneira de executar cada tarefa. No
ambiente de trabalho, cada operador vai realizar as tarefas de uma maneira diferente, e isso
implica em uma constante avaliação e aperfeiçoamento dos métodos padronizados
(IGNACIO, 2016).
Em muitas empresas os padrões de trabalho são impostos sem nenhuma flexibilidade ou
direito a questionamentos, o que resulta em desmotivação dos executores. Na maioria das
vezes, o método definido sem a participação dos operadores não é o melhor e mais eficaz,
além disto, acaba não sendo seguido na prática (IGNACIO, 2016).
Após a definição dos métodos, a padronização é formalizada através da elaboração de
Instruções de Trabalho (IT).
3 INSTRUÇÃO DE TRABALHO
A instrução de trabalho (IT) é um documento, também definido como padrão técnico, que
define detalhadamente como e quem deve executar determinada operação de forma a
manter um padrão e uma execução com sucesso (ALBUQUERQUE)

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A instrução de trabalho garante a padronização na execução de tarefas, bem como um
padrão de qualidade, por isso tamanha importância. Este documento permite ainda que
pessoas, inexperiente aos processos, possam ser treinadas e capacitadas para realizarem
as operações, de forma que as informações não fiquem restritas apenas àqueles com vasta
experiência no setor (ALBUQUERQUE)
Diante da importância deste documento, ele deve ser controlado pelo sistema de gestão da
qualidade e pode ser basicamente um passo a passo, tornando os processos mais claros.
(ALBUQUERQUE).
A IT deve combinar materiais, operários e máquinas para produzir de forma eficiente. Dentre
as abordagens deste documento, deve ficar claro a sequencia de trabalho, ou seja, a
sequencia de operações a serem realizadas (Onho, 1977)
É importante ressaltar que IT é diferente de Procedimento de Trabalho, este define regras e
informações mais detalhadas a fim de padronizar os procedimentos gerenciais, e o primeiro
define como deve ser executado, é em síntese, um passo a passo. (ALBUQUERQUE)
Antes de iniciar a elaboração de uma IT, é importante analisar e conhecer bem o processo.
Albuquerque cita alguns procedimentos que podem ser usadas para isto, são eles: ir ao
processo para conhecer melhor, elaboração de um Fluxograma, coleta de dados e análise
dos recursos necessários (ALBUQUERQUE).
Fluxograma é uma forma gráfica de mapear o processo onde fica claro como as atividades
se inter-relacionam. Além disso, esta ferramenta permite entender o fluxo das atividades,
materiais, pessoas ou informação (SLACK, 2009). A Figura 1 ilustra alguns símbolos usados
para o mapeamento de processos.
Figura 1 – Alguns símbolos de mapeamento de processos
Fonte: SLACK, 2009.

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Valls (1995) apresenta alguns passos, também descrito como Ciclo de Vidas dos
documentos, que devem ser seguidos para documentar processos. A Figura 2 apresenta
esta informação. A autora destaca que a redação do rascunho do documento, deve ser feito
preferencialmente pelos executores da operação.
Figura 2 - Ciclo de vida dos documentos
Fonte: Das autoras, 2016
Um procedimento de trabalho não deve ser escrito em uma sala, e sim na área de operação.
Deve ainda ser testado e revisado muitas vezes na operação antes da sua definição (Onho,
1977).
Onho (1977) destaca que a fábrica é a principal fonte das informações dos processos. É
onde as transformações de fato acontecem, logo, é onde as informações são mais diretas e
atualizadas.
A instrução de trabalho deve ficar em cada posto de trabalho de forma visível. Este
documento, aliado a uma capacitação dos envolvidos, pode prevenir falhas operacionais,
ocorrências de produtos defeituosos e acidentes de trabalho (Onho, 1977).
Ignácio (2016) destaca que capacitar um profissional é qualificá-lo para que esteja apto a
executar com propriedade as atividades de sua responsabilidade (IGNÁCIO,2016). O
profissional qualificado é aquele que possui atributos físicos, habilidade, educação e
conhecimento nececessários para executar o trabalho (SLACK, 2009).
Na etapa de treinamento devem-se preparar os operadores para a execução do trabalho
padronizado, apresentando a teoria, mas principalmente capacitá-los na prática.
Análise critica do
processo de
trabalho
Redação do
rascunho do
documento
Cansenso das
áreas envolvidas
Emissão do
documento
aprovado
Treinamento dos
funcionários
envolvidos
Implantação do
Processo
Revisão do
Processo de
trabalho

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4 DESENVOLVIMENTO
O estudo foi realizado em uma indústria de transformação de polímeros, a qual produz
24h/dia, sendo que quatro equipes de trabalho se revezam num sistema 12x36. O trabalho
foi realizado em um dos setores de preparação da matéria prima para produção do acabado,
onde o transporte da MP é feito por um sistema de sucção a vácuo. Para que este sistema
funcione, é necessária uma bomba de vácuo para bombear o material do silo para uma
central, e em seguida, da central para as máquinas.
Os ajustes destes equipamentos são extremamente precisos, e por isso é utilizado um filtro
de tecido para reter as impurezas do ambiente. A própria matéria-prima é fonte de
contaminação por gerar muito pó, que se entrar na bomba, pode causar o travamento das
engrenagens e danificar o equipamento.
Diante da gravidade desta contaminação, é necessário que a cada 4h seja realizada a
substituição do filtro e a limpeza do que estaria em uso, para que ele seja reutilizado na
próxima troca. Isto implica que todos os turnos de trabalho façam o procedimento
corretamente. Entretanto, constatou-se que isto não estava acontecendo, uma vez que, em
cinco dias, três bombas apresentaram defeito, gerando um custo de reparo de
aproximadamente R$ 20.000,00, além de causar um transtorno no abastecimento das
máquinas, chegando ao ponto de inviabilizar o funcionamento de uma delas.
4.1 Metodologia
Diante do problema exposto, foi realizada uma análise crítica junto ao setor de manutenção
para entender o que teria causado os problemas nos equipamentos. A manutenção justificou
que as bombas teriam travado devido ao acumulo de pó no interior das mesmas. Foi
quando decidimos ir até a área, e verificar como o procedimento estaria sendo realizado.
Ao observar o operador durante o procedimento de limpeza dos filtros, verificamos que
enquanto ele realizava a limpeza do filtro utilizado, conforme Figura 3, ele deixava o
equipamento operar sem nenhuma proteção, ao invés de colocar o filtro reserva.
Acompanhando então os operadores dos demais turnos, constatou-se que alguns
realizavam o procedimento da maneira correta e outros não. Ao questionar os operadores
sobre o porquê eles estavam deixando o equipamento operar daquela forma, eles
informaram não saber que era prejudicial ao processo, e que “ninguém nunca havia falado
que não podia e que trocava o filtro de vez em quando, uma vez ao dia”.

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Figura 3: Limpeza dos filtros
Fonte: Das autoras, 2016
Que o setor já era regido por uma instrução de trabalho, e que todas as trocas de filtros
deveriam ser registradas, era de conhecimento de todos os envolvidos, contudo, os
documentos foram revisados e em alguns casos, modificados.
Ao analisar os documentos, foi verificado que as instruções de trabalho já existentes, na
verdade, eram apenas procedimentos que determinavam o que deveria ser feito, mas não
como deveria fazer passo a passo. A Figura 4 exemplifica os documentos existentes antes
da revisão.
Figura 4: Instrução de Trabalho antiga
Fonte: Empresa de Transformação de Polímeros, 2016

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Portanto, além de escrever uma instrução de trabalho para realização da troca/limpeza dos
filtros, foi realizado um trabalho de capacitação e conscientização com todos os
encarregados e operadores do setor.
Isto foi possível após ir ao processo, entender a real necessidade e verificar a melhor
maneira de como deveria ser feita. Antes de uma aprovação final do documento, foi
realizada pelos encarregados, uma revisão para constatar se tudo que estava escrito
realmente era o ideal e de fácil entendimento.
4.2 Resultados e discussão
A nova instrução de trabalho constava um passo a passo simples e de fácil entendimento
para todos os envolvidos, conforme Figura 5, o que gerou resultados satisfatórios na
conservação da vida útil das bombas de vácuo.
Figura 5: Instrução de Trabalho com o passo a passo
Fonte: Empresa de Transformação de Polímeros, 2016

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Após a revisão da IT e da capacitação dos envolvidos, foi realizado um monitoramento da
frequência de realização dos procedimentos, bem como das condições das bombas, e
observou-se que os registros são feitos no intervalo determinado e o nível de contaminação
é o aceitável para as condições do processo, de acordo com a avaliação dos técnicos.
5 CONCLUSÃO
A falta de padronização da operação e a falta de uma definição clara do que e como deveria
ser feito, bem como a falta de capacitação das pessoas envolvidas no processo, fizeram
com que a produtividade da fábrica fosse comprometida e com que fosse gerado um custo
de reparo elevado.
A partir do momento que foi realizado uma análise do processo, e houve um entendimento
da necessidade do setor, foi possível elaborar uma instrução de trabalho de fácil
compreensão para todos. Este novo documento, aliado a capacitação, fez com que todos
realizassem a operação da maneira tecnicamente correta, e assegurou a vida útil das
bombas de vácuo.
A conscientização dos operadores sobre a importância do processo, fez com que eles
zelassem pelo equipamento e realizem todas as prevenções possíveis contra quebras dos
mesmos.
Diante deste resultado, todas as instruções e procedimentos de trabalho passaram por uma
revisão criteriosa, realizada pelo setor de qualidade em conjunto com engenharia e
operadores, a fim de padronizar e documentar todos os processos.

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REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, D. Instrução de Trabalho (IT) na ISO 9001, como e quando
utilizar? Disponível em: <http://certificacaoiso.com.br/instrucao-de-trabalho-it-na-
iso9001-como-quando-utilizar/>. Acesso em: 10 de Outubro de 2016.
IGNÁCIO, José (Org). Problemas e desafios da Gestão da Produção Industrial
[apostila]. Belo Horizonte: IETEC, 2016.
OHNO, Taiichi. O Sistema Toyota de produção: além da produção em larga
escala.Tradução de Cristina Schumacher.1. ed. Porto Alegre: Artes Médias, 1997.
Bookman, 1977.
SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da
produção. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
VALLS, Valéria M.; O gerenciamento dos documentos do sistema da qualidade.
Ciência da Informação – Vol. 25, número 2, 1995. Disponível
em:<http://www.aguiacontabilidade.cnt.br/pdf/sistema_de_qualidade.pdf>. Acesso
em: 12 de outubro de 2016.