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Contemplando o Senhor
“Contemplando o Senhor” são notas baseadas no capítulo 4 do livro “Men whose
eyes have seen the King” de T.Austin-Sparks, disponível para leitura no
site www.austin-sparks.net. É importante salientar que não se trata de uma
tradução do texto original, mas da nossa compreensão daquilo que o autor
escreveu, podendo conter divergências em relação ao seu entendimento.
Recomendamos fortemente àqueles que leem em inglês e se sentirem movidos
pelo Espírito Santo a irem direto à fonte, pois certamente receberão ainda mais
edificação ali.
***
T. Austin-Sparks (1888-1971)
“Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os
levou, em particular, a um alto monte. E foi transfigurado [metamorphoo] diante
deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas
como a luz…Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis,
vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo; a ele ouvi” (Mateus 17:1,2,5).
“E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória
do Senhor, somos transformados [metamorphoo], de glória em glória, na sua
própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Coríntios 3:18).
***
A ligação entre essas as passagens está em uma palavra, infelizmente um pouco
obscurecida na nossa tradução. Apesar das diferentes traduções, o fato é que
temos o uso da mesma palavra grega no original, tomada para descrever o que
aconteceu naquele monte, quando o Senhor “foi transfigurado” diante de Pedro,
Tiago e João. Essa palavra foi traduzida em 1 Coríntios como “transformados”. A
tradução exata seria: ‘somos transfigurados na mesma imagem’. Assim, os filhos
de Deus também passam por uma transfiguração, como aconteceu com o Senhor
Jesus. A transfiguração do Senhor foi um acontecimento, um ato, em um
momento. Não sabemos quanto tempo durou, mas aconteceu em momento
definido. Nossa transfiguração é um processo longo que deve acontecer em nossa
vida a partir do início de nossa vida cristã até seu clímax: estamos sendo
‘transfigurados na mesma imagem, de glória em glória’.
A deslumbrante glória do Homem Perfeito
Isso é muito desafiador para nós. É muito delicado fazer qualquer comparação
entre nós e o Senhor Jesus. Sabemos que a transfiguração do Senhor foi o
resplendor de Sua Divindade, mas temos motivos para crer que aquilo resultou do
aperfeiçoamento de Sua humanidade, foi o resplendor da glória de um Homem
absolutamente perfeito. Temos base para acreditar isso foi intencionado por Deus
para todos os homens quando os criou, ao dizer: ‘Façamos o homem à nossa
imagem’ (Gn 1:26). Também vemos uma grande ênfase na Palavra sobre a glória
e a glorificação que são a consumação de nossa peregrinação. Por isso, existe
uma chave na transfiguração do Senhor Jesus, algo que também faz parte do
propósito de Deus para nós.
A glória que emanou do Senhor, O encheu e O transfigurou, foi a glória de Sua
personalidade totalmente agradável a Deus. Devemos lembrar que a satisfação de
Deus é sempre a base da manifestação de Sua glória. Sempre que encontrarmos
um estado de coisas agradável a Deus, encontraremos a glória ali. Esse foi o caso
do Senhor Jesus, e é por isso que a voz do céu atestou: ‘… em quem me
comprazo’. O Pai estava plenamente satisfeito no Filho.
O Monte foi a marca da consumação de Seu aperfeiçoamento. Não me refiro ao
pecado – pecaminosidade ou impecabilidade – mas ao aperfeiçoamento de Seu
caráter, o aperfeiçoamento daquele homem interior. O Senhor Jesus havia trazido
pleno prazer a Deus, em Sua vida interior, satisfazendo-O plenamente por meio de
Sua vida. Vimos a aprovação Divina em Seu batismo com palavras semelhantes,
indicando, provavelmente, que Seus trinta anos haviam sido aprovados e
indicando que o passo que Ele estava prestes a dar com direção ao ministério
público, aceitando a cruz (pois Seu batismo certamente implicava isso) fora
aprovado. Isso trouxe a palavra do Céu: “Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo” (Mt 3:17).
Mas agora o período entre o batismo e a cruz havia terminando, e que período fora
aquele! Um escritor do Novo Testamento diz que o Senhor foi ‘tentado em todas as
coisas como nós’ [Hb 4:15]. Isso duro três anos e alguns meses. Sim, o inferno e o
mundo O testaram e, em certo sentido, o Céu O testou. Ele foi submetido a tudo e
venceu. Ele havia sido ‘aperfeiçoado pelos sofrimentos’, ‘aprendeu a obediência
pelas coisas que sofreu’ [Hb 5:8,9]. Esse processo trouxe essa vida interior, essa
personalidade interior, à absoluta perfeição.
Todos nós… transformados
O apóstolo usa essa mesma palavra e diz: ‘Todos nós… somos transformados na
mesma imagem’. Ao usar ‘todos nós …’, o apóstolo trouxe um sentido abrangente,
não falando apenas de si mesmo e sobre seus companheiros. Paulo falava sobre
todos os irmãos em Corinto e todos os crentes.
“Todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória
do Senhor, somos transformados [metamorphoo], de glória em glória, na sua
própria imagem”.
Ele usa essa palavra para todos os santos, tornando aquilo que foi aperfeiçoado e
completado no Senhor Jesus em um processo contínuo na vida dos crentes. É
como se Paulo tivesse dito: ‘O que foi completado e aperfeiçoado no Senhor,
agora deve ser reproduzido em nós progressivamente. Essa perfeição, esse
caráter, essa personalidade – a personalidade do Senhor Jesus – aperfeiçoada,
deve ser introduzida, desenvolvida, manifestada em nós e através de nós. Para
‘personalidade’, poderíamos igualmente substituir pela palavra ‘caráter’.
Um ponto muito encorajados é que o apóstolo termina esta declaração “como pelo
Senhor, o Espírito”. Com tudo o que sabemos sobre a vinda do Espírito Santo, Sua
Pessoa e Sua obra, todos os efeitos do advento e habitação do Espírito, podemos
considerar que a obra inclusiva do Espírito Santo, em todas os Suas múltiplas
atividades se resumem em uma coisa: reproduzir o Senhor Jesus em um
povo. Quando você orar sobre o Espírito Santo e falar sobre Ele, lembre-se disso.
O objetivo supremo e abrangente do Espírito Santo é reproduzir o Senhor Jesus
em um povo, em Seu caráter, Sua personalidade, Sua varonilidade ou humanidade
aperfeiçoada.
Isso é muito desafiador para nós. Será que aquilo que Cristo é em Sua
humanidade perfeita está se tornando cada vez mais verdadeiro para nós, em
nossa natureza, em nossos corações? O verdadeiro teste de uma vida governada
pelo Espírito está aqui: o aumento progressivo do caráter de Cristo. Se vamos nos
encontrar como homens e mulheres realmente governados pelo Espírito, o que
devemos encontrar uns nos outros é o Senhor Jesus; e não apenas hoje, não
apenas em um momento de nossas vidas, mas deve estar o tempo todo.
Transformados por meio da liberação do Espírito
Esse é o teste e o desafio da presença do Espírito Santo e da liberdade do Espírito
Santo para trabalhar. Veja, o apóstolo havia acabado de dizer: “onde está o
Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2Co 3:17). Ele está, é claro, fazendo uma
comparação, ou um contraste, com a antiga dispensação da Lei. Moisés descera
do Monte Sinai com a Lei. Tudo na lei era imposto, ‘você deve’ e ‘não deve’;
escravidão, limitação, supressão, repressão e ansioso e interminável combate.
Agora, tudo isso se passou e o Espírito chegou, e Ele tem o Seu caminho.
Em Cristo, diz o apóstolo, tudo isso se foi. O Espírito veio e estamos livres de todo
esse tipo de coisa. Quando o Espírito é Senhor, temos liberdade; tudo é
espontâneo, gracioso, simplesmente acontece. Você não precisa fingir, se
esforçar, se preocupar, e se reprimir: tudo acontece naturalmente se o Espírito
Santo estiver ali. E o que acontece então? A glória do Senhor – isto é, a Sua
perfeição – começa e continua a se expressar em nós espontaneamente. Essa é a
‘vida do Espírito’. É a ‘vida cristã normal’. O Espírito Santo, seguindo Seu caminho
torna Cristo mais e mais manifesto em nossos corpos mortais.
Transfiguração por meio de provações
Devemos atentar para duas coisas: em primeiro lugar temo o Modelo, perfeito,
completo: Cristo glorificado. O Espírito Santo vem para gerar nos filhos de Deus
esse padrão, progressivamente. Ele veio com esse propósito, para assumir e fazer
isso. Não temos permissão para dizer a Ele como deve fazer isso, Ele escolhe seu
próprio caminho. Então, o apóstolo prossegue: “Temos, porém, este tesouro em
vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.” (2Co
4:7). Como isso pode acontecer? Como esses vasos de barro frágil irão conter, e
manifestar cada vez mais dessa glória do caráter de Cristo? Não será da maneira
que imaginamos ou até escolheríamos:
“Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não
desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não
destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua
vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre
entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se
manifeste em nossa carne mortal. De modo que, em nós, opera a morte, mas, em
vós, a vida.” (1Co 4:8-12).
Essa é uma visão bastante desconcertante e desanimadora, mas é assim que o
Espírito faz Sua obra. Independente de gostarmos ou não, esse é o fato: ser
pressionado de todos os lados significa que somos pressionados para algo mais
do Senhor Jesus, e representa que algo mais do Senhor Jesus será pressionado
para dentro de nós. Isso significa que nunca chegaremos a essa transfiguração se
não for por meio dessas provações e adversidades. Esses são os meios do
Espírito Santo para nosso aperfeiçoamento, para nosso crescimento em Cristo.
É uma pena que tenha que ser assim, que não podemos ser como Cristo sem ser
colocados em dificuldades, problemas e sofrimentos! Dê às pessoas isenção
absoluta de todos os tipos de dificuldades e problemas, e veja que tipo de pessoas
elas se tornam: egocêntricas, autossuficientes. Pessoas que nunca ficam doentes
têm grande dificuldade de ser compassivas e compreenderes aqueles que sofrem.
Eles precisam se esforçar grandemente para ser pacientes com elas! Mas
compaixão, compreensão e paciência são aprendidas nas experiências dolorosas;
é uma questão de caráter, não é?
E assim o apóstolo coloca todas essas dificuldades e adversidades lado o lado
com nossa transfiguração. Com efeito, Paulo diz: ‘este é o material do Espírito
Santo; esses são os instrumentos do Espírito Santo para gerar Cristo em nós. Se
não formos rebeldes, se não permitirmos a amargura penetrar em nosso espírito, é
assim que isso acontecerá. Debaixo do governo do Espírito Santo, os sofrimento e
as provações, dificuldades e adversidades, irão efetuar isso.
Ocupados com o Senhor
O apóstolo ainda diz: “todos nós, com rosto desvendado, contemplando, como por
espelho…”. O que Paulo queria dizer com isso? Será que o apóstolo queria dizer
que nós éramos um espelho? Como se aquela imagem fosse lançada sobre nós
como um espelho, e então retornava. Ou será que ele queria dizer que Cristo é o
espelho, e estamos olhando para Ele, e Ele está refletindo a glória de Deus? O
apóstolo falou sobre a “glória de Deus na face de Jesus Cristo”, então Sua “face”
nessa outra referência pode equivaler a esse “espelho”. Não se trata da mesma
palavra grega no original, mas indica que tudo está “na face de Jesus Cristo”. “E
contemplando, como na Face de Jesus Cristo”. É isso que o apóstolo está dizendo
aqui.
A palavra “contemplando” tem um sentido muito forte. Não é só dar uma olhada,
mas “fixar o nosso olhar”. É isso que o Novo Testamento quer dizer por
contemplando, contemplar.
Todos, fixando nossos olhos em Cristo, na medida que Ele reflete na Sua própria
Pessoa a glória e satisfação de Deus, a intenção de Deus para o homem em
perfeição. Devemos contemplar o Senhor Jesus no espírito, e permanecer
ocupados com Ele. Devemos ter nosso Santo dos Santos para onde nos retiramos
com Ele. Devemos passar um tempo nesse lugar secreto com Ele. Não me refiro a
uma ocasião especial, mas devemos buscar, a medida que nos movemos, sempre
MANTÊ-LO DIANTE DE NÓS. Olhando para o Senhor Jesus, contemplando-O,
seremos mudados na mesma imagem. O Espírito Santo vai operar quando
estivermos ocupados com isso.
Você se torna semelhante aquilo pelo qual é obcecado, aquilo ocupa seus
pensamentos, não é verdade? Vemos pessoas ocupadas com algumas coisas, e
logo vemos seu caráter mudando de acordo com sua obsessão. Eles vão se
tornando semelhantes à sua obsessão, vão mudando, ficando diferentes. Algo os
capturou, não conseguem pensar em outra coisa, e isso vai mudando seu caráter.
O apóstolo Paulo disse, “para mim o viver é Cristo – estar ocupado com Ele”.
Apesar de não ser a palavra mais adequada, seria muito bom que o Senhor Jesus
se tornasse a nossa “obsessão”, nossa contínua ocupação. Se permanecermos
firmes com nosso olhar Nele, o Espírito nos transformará na mesma imagem.

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Contemplando o Senhor.docx

  • 1. Contemplando o Senhor “Contemplando o Senhor” são notas baseadas no capítulo 4 do livro “Men whose eyes have seen the King” de T.Austin-Sparks, disponível para leitura no site www.austin-sparks.net. É importante salientar que não se trata de uma tradução do texto original, mas da nossa compreensão daquilo que o autor escreveu, podendo conter divergências em relação ao seu entendimento. Recomendamos fortemente àqueles que leem em inglês e se sentirem movidos pelo Espírito Santo a irem direto à fonte, pois certamente receberão ainda mais edificação ali. *** T. Austin-Sparks (1888-1971) “Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte. E foi transfigurado [metamorphoo] diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz…Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi” (Mateus 17:1,2,5). “E todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados [metamorphoo], de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito” (2 Coríntios 3:18). *** A ligação entre essas as passagens está em uma palavra, infelizmente um pouco obscurecida na nossa tradução. Apesar das diferentes traduções, o fato é que temos o uso da mesma palavra grega no original, tomada para descrever o que aconteceu naquele monte, quando o Senhor “foi transfigurado” diante de Pedro, Tiago e João. Essa palavra foi traduzida em 1 Coríntios como “transformados”. A tradução exata seria: ‘somos transfigurados na mesma imagem’. Assim, os filhos de Deus também passam por uma transfiguração, como aconteceu com o Senhor Jesus. A transfiguração do Senhor foi um acontecimento, um ato, em um momento. Não sabemos quanto tempo durou, mas aconteceu em momento definido. Nossa transfiguração é um processo longo que deve acontecer em nossa vida a partir do início de nossa vida cristã até seu clímax: estamos sendo ‘transfigurados na mesma imagem, de glória em glória’. A deslumbrante glória do Homem Perfeito Isso é muito desafiador para nós. É muito delicado fazer qualquer comparação entre nós e o Senhor Jesus. Sabemos que a transfiguração do Senhor foi o resplendor de Sua Divindade, mas temos motivos para crer que aquilo resultou do aperfeiçoamento de Sua humanidade, foi o resplendor da glória de um Homem absolutamente perfeito. Temos base para acreditar isso foi intencionado por Deus
  • 2. para todos os homens quando os criou, ao dizer: ‘Façamos o homem à nossa imagem’ (Gn 1:26). Também vemos uma grande ênfase na Palavra sobre a glória e a glorificação que são a consumação de nossa peregrinação. Por isso, existe uma chave na transfiguração do Senhor Jesus, algo que também faz parte do propósito de Deus para nós. A glória que emanou do Senhor, O encheu e O transfigurou, foi a glória de Sua personalidade totalmente agradável a Deus. Devemos lembrar que a satisfação de Deus é sempre a base da manifestação de Sua glória. Sempre que encontrarmos um estado de coisas agradável a Deus, encontraremos a glória ali. Esse foi o caso do Senhor Jesus, e é por isso que a voz do céu atestou: ‘… em quem me comprazo’. O Pai estava plenamente satisfeito no Filho. O Monte foi a marca da consumação de Seu aperfeiçoamento. Não me refiro ao pecado – pecaminosidade ou impecabilidade – mas ao aperfeiçoamento de Seu caráter, o aperfeiçoamento daquele homem interior. O Senhor Jesus havia trazido pleno prazer a Deus, em Sua vida interior, satisfazendo-O plenamente por meio de Sua vida. Vimos a aprovação Divina em Seu batismo com palavras semelhantes, indicando, provavelmente, que Seus trinta anos haviam sido aprovados e indicando que o passo que Ele estava prestes a dar com direção ao ministério público, aceitando a cruz (pois Seu batismo certamente implicava isso) fora aprovado. Isso trouxe a palavra do Céu: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3:17). Mas agora o período entre o batismo e a cruz havia terminando, e que período fora aquele! Um escritor do Novo Testamento diz que o Senhor foi ‘tentado em todas as coisas como nós’ [Hb 4:15]. Isso duro três anos e alguns meses. Sim, o inferno e o mundo O testaram e, em certo sentido, o Céu O testou. Ele foi submetido a tudo e venceu. Ele havia sido ‘aperfeiçoado pelos sofrimentos’, ‘aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu’ [Hb 5:8,9]. Esse processo trouxe essa vida interior, essa personalidade interior, à absoluta perfeição. Todos nós… transformados O apóstolo usa essa mesma palavra e diz: ‘Todos nós… somos transformados na mesma imagem’. Ao usar ‘todos nós …’, o apóstolo trouxe um sentido abrangente, não falando apenas de si mesmo e sobre seus companheiros. Paulo falava sobre todos os irmãos em Corinto e todos os crentes. “Todos nós, com o rosto desvendado, contemplando, como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados [metamorphoo], de glória em glória, na sua própria imagem”. Ele usa essa palavra para todos os santos, tornando aquilo que foi aperfeiçoado e completado no Senhor Jesus em um processo contínuo na vida dos crentes. É como se Paulo tivesse dito: ‘O que foi completado e aperfeiçoado no Senhor, agora deve ser reproduzido em nós progressivamente. Essa perfeição, esse caráter, essa personalidade – a personalidade do Senhor Jesus – aperfeiçoada, deve ser introduzida, desenvolvida, manifestada em nós e através de nós. Para ‘personalidade’, poderíamos igualmente substituir pela palavra ‘caráter’.
  • 3. Um ponto muito encorajados é que o apóstolo termina esta declaração “como pelo Senhor, o Espírito”. Com tudo o que sabemos sobre a vinda do Espírito Santo, Sua Pessoa e Sua obra, todos os efeitos do advento e habitação do Espírito, podemos considerar que a obra inclusiva do Espírito Santo, em todas os Suas múltiplas atividades se resumem em uma coisa: reproduzir o Senhor Jesus em um povo. Quando você orar sobre o Espírito Santo e falar sobre Ele, lembre-se disso. O objetivo supremo e abrangente do Espírito Santo é reproduzir o Senhor Jesus em um povo, em Seu caráter, Sua personalidade, Sua varonilidade ou humanidade aperfeiçoada. Isso é muito desafiador para nós. Será que aquilo que Cristo é em Sua humanidade perfeita está se tornando cada vez mais verdadeiro para nós, em nossa natureza, em nossos corações? O verdadeiro teste de uma vida governada pelo Espírito está aqui: o aumento progressivo do caráter de Cristo. Se vamos nos encontrar como homens e mulheres realmente governados pelo Espírito, o que devemos encontrar uns nos outros é o Senhor Jesus; e não apenas hoje, não apenas em um momento de nossas vidas, mas deve estar o tempo todo. Transformados por meio da liberação do Espírito Esse é o teste e o desafio da presença do Espírito Santo e da liberdade do Espírito Santo para trabalhar. Veja, o apóstolo havia acabado de dizer: “onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade” (2Co 3:17). Ele está, é claro, fazendo uma comparação, ou um contraste, com a antiga dispensação da Lei. Moisés descera do Monte Sinai com a Lei. Tudo na lei era imposto, ‘você deve’ e ‘não deve’; escravidão, limitação, supressão, repressão e ansioso e interminável combate. Agora, tudo isso se passou e o Espírito chegou, e Ele tem o Seu caminho. Em Cristo, diz o apóstolo, tudo isso se foi. O Espírito veio e estamos livres de todo esse tipo de coisa. Quando o Espírito é Senhor, temos liberdade; tudo é espontâneo, gracioso, simplesmente acontece. Você não precisa fingir, se esforçar, se preocupar, e se reprimir: tudo acontece naturalmente se o Espírito Santo estiver ali. E o que acontece então? A glória do Senhor – isto é, a Sua perfeição – começa e continua a se expressar em nós espontaneamente. Essa é a ‘vida do Espírito’. É a ‘vida cristã normal’. O Espírito Santo, seguindo Seu caminho torna Cristo mais e mais manifesto em nossos corpos mortais. Transfiguração por meio de provações Devemos atentar para duas coisas: em primeiro lugar temo o Modelo, perfeito, completo: Cristo glorificado. O Espírito Santo vem para gerar nos filhos de Deus esse padrão, progressivamente. Ele veio com esse propósito, para assumir e fazer isso. Não temos permissão para dizer a Ele como deve fazer isso, Ele escolhe seu próprio caminho. Então, o apóstolo prossegue: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós.” (2Co 4:7). Como isso pode acontecer? Como esses vasos de barro frágil irão conter, e manifestar cada vez mais dessa glória do caráter de Cristo? Não será da maneira que imaginamos ou até escolheríamos: “Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados; perseguidos, porém não desamparados; abatidos, porém não
  • 4. destruídos; levando sempre no corpo o morrer de Jesus, para que também a sua vida se manifeste em nosso corpo. Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal. De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida.” (1Co 4:8-12). Essa é uma visão bastante desconcertante e desanimadora, mas é assim que o Espírito faz Sua obra. Independente de gostarmos ou não, esse é o fato: ser pressionado de todos os lados significa que somos pressionados para algo mais do Senhor Jesus, e representa que algo mais do Senhor Jesus será pressionado para dentro de nós. Isso significa que nunca chegaremos a essa transfiguração se não for por meio dessas provações e adversidades. Esses são os meios do Espírito Santo para nosso aperfeiçoamento, para nosso crescimento em Cristo. É uma pena que tenha que ser assim, que não podemos ser como Cristo sem ser colocados em dificuldades, problemas e sofrimentos! Dê às pessoas isenção absoluta de todos os tipos de dificuldades e problemas, e veja que tipo de pessoas elas se tornam: egocêntricas, autossuficientes. Pessoas que nunca ficam doentes têm grande dificuldade de ser compassivas e compreenderes aqueles que sofrem. Eles precisam se esforçar grandemente para ser pacientes com elas! Mas compaixão, compreensão e paciência são aprendidas nas experiências dolorosas; é uma questão de caráter, não é? E assim o apóstolo coloca todas essas dificuldades e adversidades lado o lado com nossa transfiguração. Com efeito, Paulo diz: ‘este é o material do Espírito Santo; esses são os instrumentos do Espírito Santo para gerar Cristo em nós. Se não formos rebeldes, se não permitirmos a amargura penetrar em nosso espírito, é assim que isso acontecerá. Debaixo do governo do Espírito Santo, os sofrimento e as provações, dificuldades e adversidades, irão efetuar isso. Ocupados com o Senhor O apóstolo ainda diz: “todos nós, com rosto desvendado, contemplando, como por espelho…”. O que Paulo queria dizer com isso? Será que o apóstolo queria dizer que nós éramos um espelho? Como se aquela imagem fosse lançada sobre nós como um espelho, e então retornava. Ou será que ele queria dizer que Cristo é o espelho, e estamos olhando para Ele, e Ele está refletindo a glória de Deus? O apóstolo falou sobre a “glória de Deus na face de Jesus Cristo”, então Sua “face” nessa outra referência pode equivaler a esse “espelho”. Não se trata da mesma palavra grega no original, mas indica que tudo está “na face de Jesus Cristo”. “E contemplando, como na Face de Jesus Cristo”. É isso que o apóstolo está dizendo aqui. A palavra “contemplando” tem um sentido muito forte. Não é só dar uma olhada, mas “fixar o nosso olhar”. É isso que o Novo Testamento quer dizer por contemplando, contemplar. Todos, fixando nossos olhos em Cristo, na medida que Ele reflete na Sua própria Pessoa a glória e satisfação de Deus, a intenção de Deus para o homem em perfeição. Devemos contemplar o Senhor Jesus no espírito, e permanecer ocupados com Ele. Devemos ter nosso Santo dos Santos para onde nos retiramos
  • 5. com Ele. Devemos passar um tempo nesse lugar secreto com Ele. Não me refiro a uma ocasião especial, mas devemos buscar, a medida que nos movemos, sempre MANTÊ-LO DIANTE DE NÓS. Olhando para o Senhor Jesus, contemplando-O, seremos mudados na mesma imagem. O Espírito Santo vai operar quando estivermos ocupados com isso. Você se torna semelhante aquilo pelo qual é obcecado, aquilo ocupa seus pensamentos, não é verdade? Vemos pessoas ocupadas com algumas coisas, e logo vemos seu caráter mudando de acordo com sua obsessão. Eles vão se tornando semelhantes à sua obsessão, vão mudando, ficando diferentes. Algo os capturou, não conseguem pensar em outra coisa, e isso vai mudando seu caráter. O apóstolo Paulo disse, “para mim o viver é Cristo – estar ocupado com Ele”. Apesar de não ser a palavra mais adequada, seria muito bom que o Senhor Jesus se tornasse a nossa “obsessão”, nossa contínua ocupação. Se permanecermos firmes com nosso olhar Nele, o Espírito nos transformará na mesma imagem.