Este documento é o relato de uma entidade espiritual que encarnou como escravo no Brasil durante o período da escravidão. Ele descreve suas dolorosas lembranças do tratamento cruel que recebeu como escravo e como manteve a paz e não cultivou o ódio. Agora, como entidade conhecida como Pai de Santo, ele trabalha para libertar os espíritos do sofrimento e do preconceito, ensinando mensagens de amor, perdão e evolução espiritual.
1. Historia de Pai Francisco de Aruanda
PretoVelho
Pretos velhos (Adorei as Almas)
São muitas as lembranças da minha encarnação como escravo em uma fazenda de café no
interior paulista. O som da chibata, os gritos dos feitores que saíam à caça dos escravos
fugidos, as amas de leite obrigadas a amamentar os filhos da sinhá. Lembranças pungentes
de muito sofrimento. Quando a princesa Izabel assinou a Lei Áurea, eu estava velho e
muito doente.
A senzala era o único lugar onde o negro conseguia ser livre. Minha história de vida foi
muito triste, mas aprendi muito. O sinhô era um homem muito refinado e não me tratava
mal, mas a sinhá era uma mulher muito infeliz. Seu coração cheio de fel não sabia amar.
Era temida e detestada. Por muito pouco mandava chicotear os escravos da senzala e o
sinhô fazia todas suas vontades. Negrinhos eram afastados das suas mães, velhos escravos
iam para o tronco e as escravas caseiras tremiam com as ordens da caprichosa sinhá. Eu
não me queixava e jamais cultivei o ódio e a vingança. Alguns escravos odiavam os
senhores com todas as forças até à morte. No plano espiritual, continuavam a perseguição
perturbando os senhores com a força da magia negra e da vingança. Como é bom ser bom!
Como é triste ser mau! Quantas lágrimas e sofrimentos os senhores plantaram através de
suas atitudes. No entanto, todos caminharemos para a Eterna Felicidade!O caminho mais
sublime é o Amor, mas alguns só evoluem através da Dor!
Eu era forte e jovem, mas quando meu grande amor foi vendido, capricho da sinhá, minha
saúde nunca mais foi a mesma. Minha vida mudou bastante e o meu consolo eram as rezas.
Jamais cultivei a revolta ou a vingança. Os Orixás me davam a paz e o consolo para
suportar as provas daquela encarnação.
Pior que a escravidão os grilhões da maldade e do preconceito. Muito pior que nosso
sofrimento era o peso dos pecados daqueles que oprimiam seus irmãos de cor.
No dia 13 de maio, a alforria! No entanto, as lembranças marcaram minha vida para
sempre. Foi minha encarnação mais proveitosa. Nessa vida de martírios, cultivei a renúncia
e a humildade.
Quando desencarnei, meu grande amor estava à minha espera. A linda escrava que eu
amei e foi vendida já estava no Plano Espiritual ansiosa pelo meu retorno. Somos todos
irmãos! Somos todos iguais!
Muito tempo se passou e agora estou novamente na Terra. Não como espírito encarnado,
mas como pai velho trabalhando nos terreiros de Umbanda. Minha vestimenta astral é a de
preto velho. Escolhi essa missão para estar mais perto dos meus filhos de fé. Muitos
precisam de libertação, da alforria da paz e da fé. Essa é a missão dos pretos velhos!
Conselho, resignação, amor e paz! Limpar com a fumaça do cachimbo os miasmas do mal e
da doença.
Aceitei essa tarefa sublime por muito amar a Humanidade. Conheci o sofrimento, a
humilhação e a pobreza.
Minha mensagem é de libertação! Filho de fé liberte-se dos grilhões do orgulho e do
egoísmo. Se você está sofrendo, não desanime! Confie no Pai Oxalá que tudo vê e tudo
sabe! Faça sua parte no aprimoramento espiritual e na reformulação das suas atitudes.
Liberte-se das vibraçõesnegativas do desânimo, da tristeza e do pessimismo. Ame a Terra!
Colabore para que esse Planeta melhore cada vez mais e seja um grande Lar de Amor!
Liberte-se do peso da angústia através do Amor! Perdoe seus inimigos, porque Oxalá é o
exemplo de Perdão e Misericórdia!
2. Desejo que Oxalá o ilumine hoje e sempre! Nascemos para vencer e evoluir! Nascemos para
conviver com Amor e tolerância! Somos todos irmãos! Nascemos para cumprir apenas uma
passagem! A verdadeira vida é a vida espiritual!