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Laudelino J. Sardá
DIRETOR
Deonísio da Silva
VICE-DIRETOR
Alessandra Turnes
SECRETÁRIA EXECUTIVA
Amaline Mussi e
Vivian Mara Silva Garcia
ASSISTENTES EDITORIAIS
Jucélia Fernandes
REVISÃO
Officio (officio.com.br)
EDITORAÇÃO
AVENIDA PEDRA BRANCA, 25
FAZENDA UNIVERSITÁRIA PEDRA BRANCA
88137-270 – PALHOÇA SC
FONE: (48) 3279-1088
FAX: (48) 3279-1170
EDITORA@UNISUL.BR
A55	 Anatomia de uma ilustração : os bastidores da ilustração científica / 	
		 organização Leandro Lopes, Maria Inés Castiñeira. – Palhoça : Ed. 		
		 Unisul, 2014.
		 78 p. : il. color. ; 21 X 27 cm
		 1. Ilustrações científicas. I. Lopes, Leandro, 1978-. II. Castiñeira,
	 Maria Inés, 1960-.
CDD 21. ed. - 743
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
Agradecimentos
Esta publicação foi possível devido ao financiamento da FAPESC,
através do Edital Proeventos 2014, ao apoio da Universidade do Sul de
Santa Catarina (Unisul) e do Centro de Ilustração Botânica do Paraná (CIBP),
entre outros.
Também gostaríamos de agradecer:
»» ao comitê científico da 1ª JIC-Sul: Diana Carneiro, Iriam S. Gomes,
Rogério Lupo;
»» à equipe de organização do evento: Cecília Alejandra Dalotto,
Gabriela Ourofino, Alexandre Viana;
»» ao pessoal da Unic (União Nacional de Ilustradores Científicos) que
participou divulgando e incentivando;
»» aos estudantes e participantes nos cursos e oficinas do professor
Leandro Lopes;
»» à equipe da Unisul:
»» Prof. Hércules Nunes de Araujo, Direção do Campus;
»» Ana Regina de Aguiar, Gerência de Ensino pesquisa e Extensão
do Campus Norte;
»» Heloísa Turatti Silva, auxílio à pesquisa Campus Norte;
»» Camila Porceli Vargas e equipe de Eventos;
»» Equipe de divulgação;
»» Colegas e estudantes que apoiaram e incentivaram.
Apresentação
Os rastros de uma Ilustração
A ILUSTRAÇÃO científica, longe de
ser apenas representação didática
para livros, tem se desenvolvido e
se tornado mais sofisticada. Os ilus-
tradores científicos são muitas ve-
zes inspirados pela própria meto-
dologia científica na busca de aper-
feiçoar e ampliar seus métodos ar-
tísticos. Várias técnicas são aprimo-
radas, mescladas ou mesmo criadas
pelos habilidosos artistas da ciência
(ou cientistas da arte?) para que a
representação visual, que serve à ci-
ência e à natureza, cumpra com ex-
celência seu papel. A observação
dessas obras meticulosas pode des-
pertar no leigo inúmeras questões
e, assim, associada à I Jornada de
Ilustração Científica – Sul, a exposi-
ção“Anatomia de uma Ilustração”se
destina a responder a algumas de-
las. Os bastidores do preparo de
uma ilustração científica se revelam
pelas mãos de vários profissionais
experientes da atualidade, que fo-
tografaram as etapas de seu traba-
lho até chegar à conclusão de sua
obra, que estará exposta em sua
forma final. Aos que conhecem os
métodos dessa arte e aos que a
desconhecem não faltam surpresas,
pois esse é um campo em perma-
nente expansão.
Quando um ilustrador científico
recebe uma encomenda ou conce-
be um projeto autônomo de cria-
ção, a ideia da confecção da ima-
gem geralmente vem com certas
limitações. O contratante — ou o
impulso criativo do ilustrador —
pode exigir uma abordagem espe-
cífica, como, por exemplo, que a
imagem seja em preto e branco, ou
colorida, mas em aquarela etc. É co-
mo se a ilustração estivesse deci-
dindo como deseja vir à existência.
Assim, o ilustrador, a princípio, pode
se sentir amarrado a certos limites.
Mas quando a Arte começa a se im-
por e abrir as asas sobre o projeto,
logo a noção de limites se alarga
muito.
Preto e branco, sim... mas a lá-
pis, nanquim, ou nanquim aguado?
Se nanquim, será em hachuras ou
pontilhismo? Se aquarela, será
transparente ou intensa? Se são vá-
rias imagens reunidas, como as
compor? Que grau de luminosida-
de representar?
São muitas as tomadas de deci-
são e grande é o espaço para a deli-
beração. Entre a concepção da ima-
gem e a sua finalização, o ilustrador
encontra grande liberdade artística,
ainda que acorrentada aos moldes
da ciência.
Depois de encontrar o caminho
da melhor representação, em ter-
mos de forma, de ponto de vista, de
composição, ou mesmo de lumino-
sidade em suas infinitas variações, o
ilustrador se detém no aspecto téc-
nico. Assim, determinado o funda-
mento, é preciso escolher o mate-
rial e, ainda, a forma de aplicação
deste material. É dentro de todas
essas decisões que a criatividade
precisa se ver livre e, nesse aspecto,
a criação assume autoridade sobre
o criador (o ilustrador) e até sobre o
«supremo» encomendante. Tudo o
que a criação deseja é cumprir seu
papel e, para isso, se impõe e con-
vence todos os envolvidos a que
atendam suas exigências. Quando
um ilustrador se rende à sua Arte,
esse domínio, da criação sobre o
criador, é o que inevitavelmente
acontece.
Nesta mostra, são expostos os
inúmeros passos que comportam
em si a liberdade artística e a neces-
sidade de decisões do ilustrador. En-
treasvariadasformasdeseobterum
resultado, o artista procura aquela
que lhe cabe melhor, que lhe tira a
melhor habilidade, que leva a cria-
ção ao seu maior potencial. Quando
cada passo é dado cuidadosamente,
a jornada, como um todo, reflete o
primor de todos os passos, como se
dados ao mesmo tempo.
Não é possível ver uma cami-
nhada em sua totalidade a não ser
pelos rastros que deixou. E aqui, es-
ses rastros podem ser contempla-
dos em forma de ilustração.
Rogério Lupo
Sumário
Introdução 11
Alexandre Viana 13
Diana Carneiro 19
Diana Marques 25
Fátima Zagonel 31
Iriam Gomes Starling 37
Marcos Antônio Santos Silva 43
Maura Piccoli 49
Oscar Akio Shibatta 53
Rogério Lupo 59
Rosane Quintella 67
Sobre os artistas 73
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
1 1
Introdução
Passo a passo
O LIVRO AQUI apresentado é um
dos resultados da 1ª Jornada de
Ilustração Científica –Sul, carinho-
samente conhecida como JIC-Sul,
que aconteceu em Julho de 2014,
em Florianópolis. Este catálogo re-
trata as obras apresentadas na Ex-
posição “Anatomia de uma ilustra-
ção”, que também foi parte inte-
grante desse evento.
Falar sobre a exposição remete
à concepção da Jornada. Esse início
aconteceu há bastante tempo, mais
especificamente, no ano de 2008,
em Curitiba, durante o II Encontro
Brasileiro de Ilustração Científica (II
EBIC). Nesta ocasião, quando foi de-
batida a sede do próximo Encontro
Nacional, consideramos a possibili-
dade de realizá-lo em Florianópolis.
A proposta nem chegou a ser apre-
sentada na plenária porque acha-
mos que não tínhamos ainda as
condições para assumir essa em-
preitada. Mas, ficou a vontade.
Em novembro de 2013, no Jar-
dim Botânico do Rio de Janeiro,
durante o IV Encontro Nacional de
Ilustradores Científicos (IV ENIC)
surgiu novamente o desejo de rea-
lizar um encontro em Santa Catari-
na. Nesse momento, conversando
com Diana Carneiro, pensou-se em
realizar algo menor, talvez regio-
nal. A ideia seria realizar esses en-
contros regionais nos anos em que
não acontecesse o evento nacio-
nal. Contando com o forte incenti-
vo da Diana e de toda a equipe do
CIBP (Centro Ilustração Botânica de
Curitiba) achamos que seria possí-
vel a organização desse evento,
nesses moldes.
Felizmente, a proposta agra-
dou a muitos, que nos incentiva-
ram, aceitaram participar e auxilia-
ram na concretização dessa Jorna-
da e da Exposição. Aqui uma breve
menção de agradecimento a toda
essa grande equipe: autores aqui
1 2 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
apresentados, palestrantes, profes-
sores dos cursos, comissão de or-
ganização, comissão científica, es-
tudantes e participantes nos cur-
sos e oficinas do professor Leandro
no coletivo NaCasa.
Inicialmente, a exposição seria
nos moldes tradicionais das exposi-
ções que acompanham os Encon-
tros Nacionais de Ilustração Científi-
ca. Devido a prazos, tamanho da
equipe científica e outras várias
questões de logística, decidiu-se re-
alizar uma exposição com poucas
obras, mas com o relato do autor
sobre o processo de confecção das
mesmas. Achamos que a explicita-
ção desse passo a passo, dado por
cada um dos ilustradores, seja uma
das caraterísticas mais relevantes
deste livro.
Os resultados vocês poderão
apreciar nesta obra.
Maria Inés Castiñeira
Leandro Lopes
Alexandre Viana
Olho de Cão
Priacanthus arenatus, (Cuvier, 1829).
Técnica: Técnica Mista - Aquarela e Guache
Materiais utilizados: Aquarela Winsor & Newton, gouache
Talens, pincéis Plantec Marta legitimo nº 00, 0, 3 e 8, Keramik
sintético 12 e papel Fabriano 5 100% algodão, 360 gramas.
1 4 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
OPriacanthus arenatus,
(Cuvier, 1829), peixe co-
nhecido vulgarmente como olho
de cão, foi coletado pelo próprio
autor na Ilha dos Corais, região de
Florianópolis, em abril de 2014,
através de pesca submarina. Con-
servado em gelo, o exemplar foi
colocado sobre uma superfície de
poliuretano flexível expandido, de
cor branca, sobre a qual as suas
nadadeiras foram fixadas com alfi-
netes. O exemplar foi colocado na
postura clássica para observação
dos detalhes e fotografado deta-
lhadamente (Figura 1).
Figura 1 - Fotografias detalhadas
Em seguida foi feito um de-
senho de observação em escala
1:1, anotando os principais de-
talhes, como a contagem dos
raios duros e moles das nada-
deiras (Figura 2).
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
1 5
Figura 2 - Desenho em escala 1:1
Uma foto foi escolhida e tratada
em Photoshop, impressa em preto
e branco na escala 1:1 e levada à
mesa de luz. Ali serviu de base para
um novo esboço, no qual foram
acrescentadas as informações do
desenho de observação. (Figura 3).
Figura 3 - Fotografia em preto e branco
Este esboço foi ressaltado com
caneta nanquim descartável 03 e
transferido em mesa de luz para pa-
pelFabriano,utilizando-selapiseira05
com grafite HB, em traços suaves (Fi-
gura4),gerandoodesenhobasepara
um estudo preliminar no qual foram
testadas as cores que tiveram, como
referências principais, fotos subaquá-
ticas da internet (Figuras 5 e 6).
Figura 4 - Transferência na mesa de luz
Figura 5 - Estudo das cores
Figura 6 - Esboço em cores
1 6 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Após os estudos prévios, teve
início o trabalho final, no qual foram
feitos ajustes no esboço e repetidos
os passos de transferência em mesa
de luz, seguindo para o processo de
pintura em camadas translúcidas,
típico da aquarela, descrito nos pas-
sos a seguir.
1 - Sombreado e manchas com
Índigo aguado, preservando
claros e marcando detalhes e
raios das nadadeiras.
2 - Fundo em Lemon Yellow Hue
preservando claros (Figura 7).
Figura 7 - Fundo em Índigo e Lemon
3 - Camada de Cadmium Red Hue
aguado, preservando claros.
Reforçando escuros com Cad-
mium Red Deep Hue e Índigo na
caudal. Olho, maxilar superior e
nadadeiras não foram cobertos.
4-Olhoemaxilarreceberamleve
camadapreservandoclaros.Reforço
deescurosemtodoocorpo.
5 - Camada de Cadmium Red Hue
nas nadadeiras.
6 - Manchas no corpo com Cad-
mium Red Hue (Figura 8).
Figura8-DiversascamadascomCadmium
7 - Camada de Cadmium Red Hue
no corpo.
8 - Reforço dos detalhes e sombras
comCadmiumRedHuemaisÍndigo.
9 - Camada de Cadmium Red Hue
nas nadadeiras, ressaltando
escuros dos olhos e corrigindo
manchas da camada 7 (Figura 9).
Figura 9 - Mais camadas em Cadmium
10 - Camada forte de Cadmium Red
Hue.
11 - Ressaltando sombras e man-
chas com Cadmium Red Hue
mais Índigo.
12 - Camada de Lemon Yellow Hue
no olho (Figura 10).
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
1 7
Figura 10 - Ressaltando sombras e
manchas
13 - Camada de Cadmium Red Hue
nas nadadeiras.
14 - Camada de Cadmium Red Hue
no corpo.
15 - Camada de Cadmium Red Hue
nas nadadeiras preservando
raios e ressaltando manchas
(Figura 11).
Figura11- Reforçando detalhes nas
nadadeiras
16 - No olho, foram acrescentadas
várias camadas, destacando
contrastes e detalhes, ressaltan-
do o contorno. A pupila foi feita
com a mistura de Cadmium Red
Hue mais Índigo, porém, como
o brilho branco característico
não foi preservado, ele foi feito
com tinta acrílica branca com
pouquíssimo Lemon Yellow Hue.
(Figura 12).
Figura 12 - Pintura do olho
1 8 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
17 - A partir daí iniciou-se a fase de
detalhamento, primeiramente
no rostro, depois foi feita a
retícula das escamas (Figura
13), quando foram acrescenta-
dos os detalhes escuros (Figu-
ra 14). Em seguida, foi a vez
das nadadeiras, que recebe-
ram reforço escuro nas man-
chas e raios e, também, finíssi-
mos traços de gouache bran-
co, com leve toque de Lemon
Yellow Hue e Cadmium Red
Hue. As escamas tiveram sua
parte escura ressaltada e
receberam contorno claro com
a mesma mistura de gouache.
Figura 13 - Detalhamento do rostro e
escamas
Figura 14 - Acrescentando detalhes
escuros
18 - Finalmente foram reforçados
os contrastes, ressaltando
detalhes e adicionando brilho.
Diana Carneiro
Bambu-listrado
Bambusa vulgaris var. striata
Técnica: Aquarela
Suporte: Papel Arches Aquerelle, 640gm²
2 0 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Otrabalhofoiinspiradoemvisi-
tasatrêslocaisdistintos(Cha-
padadoVeadeiros/GO,Morretes/PRe
Parque Barigui, Curitiba/PR), onde fo-
ram tiradas várias fotos mostrando as-
pectos do hábito, como folhagem,
colmos,ramificaçõesdosnós,brotose
demaisdetalhes(Figura1).
Figura 1 - Fotos do hábito
Usando as fotos como referên-
cia, foi feito um esboço geral da
obra cuja composição privilegiava
o aspecto geral do hábito entou-
ceirado do vegetal. Para tanto, fo-
ram criados dois planos de traba-
lho nos quais apenas o plano fron-
tal seria colorido nas tonalidades
naturais da planta e o plano de
fundo, monocromático, em tons
de cinza. Com lápis de cor pintei as
partes principais do estudo para
analisar a composição, acrescen-
tando ou retirando partes confor-
me o equilíbrio cromático da obra
(Figura 2).
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
2 1
Figura 2 - Esboço da obra em dois
planos
Passado o esboço para o papel
definitivo, foi feito um delineamen-
to em todas as estruturas do pri-
meiro plano, com pincel n. 0, usan-
do as cores principais dessa etapa
– o amarelo e o verde. As estruturas
do plano de fundo foram deixadas a
lápis (grafite) (Figura 3).
Figura 3 - Delineando o esboço
Para a pintura dos colmos, foi
escolhido o Amarelo de Cádmium
claro (Cadmiumyellow light) mistu-
rado ao Terra de Sienna natural
(Rawsienna), deixando o primeiro
tom realçar nas áreas mais claras e o
segundo nas áreas mais sombrea-
das, trabalhando-se os volumes,
deixando bem evidente a forma ci-
lindrada dos mesmos (Figura 4).
2 2 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Figura 4 - Delineando os colmos
Finalizando essa etapa, a foto
ao lado mostra que foi necessário
leve toque de violeta (Permanent
magenta) somado aos amarelos,
para aprofundamento das sombras
(Figura 5).
Figura 5 - Acrescentando sombra nos
colmos
Na pintura das folhas, foi utili-
zada uma mistura de Cadmium
Yellow light e Índigo (Indigo blue),
fazendo o balanceamento adequa-
do para as folhas jovens e para as
maduras. Nas listras dos entrenós,
foi utilizada a mesma mistura cro-
mática, porém com mais intensida-
de de índigo, com o cuidado de
deixar listras mais claras nas áreas
iluminadas (Figura 6).
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
2 3
Figura 6 - Pintando as folhas
Nesta etapa, a pintura das bai-
nhas, cerdas e ramificações dos en-
trenós foi feita com as cores de
Sombra natural (Raw umber) e Terra
de Siena queimada (Burnt sienna).
No revestimento externo das bai-
nhas existem pequenas cerdas do
indumento, ali foi utilizado a cor Sé-
pia (Warmsepia). Na pintura do bro-
to do bambu, o verde das folhas foi
aplicado nos entrenós, enquanto
que nas bainhas foi preparado um
‘verde oliva’, acrescentando-se, ao
primeiro verde, pequenas quanti-
dades de Siena natural (Raw sien-
na). Nestas bainhas também evi-
denciavam-se pequenas cerdas do
indumento, que foram igualmente
pintadas com Sépia (Figura 7).
Figura 7 - Bainhas e brotos
Em toda a pintura do primeiro
plano foi dado o acabamento final,
acertando as linhas de contorno, os
pequenos detalhes e a limpeza das
áreas ao redor das formas já pinta-
das (Figura 8).
Figura 8 - Primeiro plano finalizado
2 4 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Nesta etapa, foi dado início à
pintura do plano de fundo, delinea-
do em aquarela com o pincel n. 0 e
usando uma mistura das cores cin-
za azulado (Payne’s gray) e cinza
neutro (Neutral tint). Camadas bem
leves dessa mistura foram aplicadas
nos colmos – observando-se espe-
cialmente o volume. A pintura das
listras e demais detalhes dos nós,
em cinza um pouco mais intenso. O
mesmo procedeu-se com as folhas,
com a mesma tonalidade prepara-
da (Figura 9).
Figura 9 - Pintando o segundo plano
O trabalho finalizado e, conforme
o planejamento inicial, uma touceira
debambufoirepresentada.Otrabalho
da forma como foi elaborado, em eta-
paseplanosdistintos,semostroubem
maisfácildoquepareciaaprincípio.
Diana Marques
1
A Vaca do Mar de Steller
Hydrodamalis gigas
Técnica: Ilustração Digital 3D
1 Parte do Trabalho de doutorado, parcialmente financiado pelo projeto Europeu POPH/FSE e por uma bolsa da Fundação para a
Ciência e Tecnologia (SFRH/BD/51840/2012), do programa UT Austin|Portugal, CoLab
2 6 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Hydrodamalis gigas é uma es-
pécie de mamífero aquático
extinta desde 1768. Com comprimen-
to e peso que podiam atingir 8-9 me-
tros e 8-10 toneladas, esses gigantes
eram inofensivos nos mares frios do
PacíficodoNorte,excetoparaalgumas
espécies de algas que consumiam
ininterruptamenteduranteodia.
O Museu Nacional de História
Natural da Smithsonian Institution
(Washington DC, Estados Unidos) é
um dos poucos que tem um esque-
leto completo e montado em expo-
sição ao público, embora os ossos
sejam provenientes de animais dife-
rentes(Figura1). A galeriadomuseu,
onde o esqueleto da Vaca do Mar e
de muitos outros animais se encon-
tram, vai em breve ter disponível um
aplicativo –Skin & Bones (Pele e Os-
sos) – que faz uso da tecnologia de
Realidade Aumentada: os visitantes
do museu poderão baixar o aplicati-
vo gratuitamente, apontar os seus
aparelhosmóveis(celularesetablets)
para alguns dos espécimes e ver na
tela, através da câmera fotográfica,
conteúdos que lhes são sobrepostos
(Figura 2). Os conteúdos irão variar
de modelos estáticos tridimensio-
nais a animações e vídeos.
Figura 1 - Esqueleto de Vaca do Mar de
Steller, no Museu Nacional de
História Natural, Smithsonian Institution
(Fonte: David Price/NMNH).
Figura 2 - Realidade Aumentada através
do aplicativo Skin & Bones:
a anatomia externa de um espadarte é
sobreposta virtualmente nas telas de
dispositivos móveis ao esqueleto real
exposto no Museu Nacional de História
Natural, Smithsonian Institution.
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
2 7
Skin & Bones trará aos visitantes
a possibilidade de ver a anatomia
externa de uma Vaca do Mar sobre-
posta ao esqueleto real que está
pendurado no teto da galeria.
Paraessefimcriou-seummode-
lo digital tridimensional do animal.
Pesquisa de referências
Para além de observação cuidadosa
do esqueleto referido, com tomada
de apontamentos e realização de fo-
tografia, utilizaram-se outras fontes
de informação, a seguir menciona-
das. GeorgWilhelm Steller foi o natu-
ralista que, pela primeira vez, descre-
veu cientificamente a Vaca do Mar e
o manuscrito de 1751, que deixou,
contém um texto bastante detalha-
do, sendo o único testemunho em
primeira mão sobre a espécie (Figura
3). O texto, infelizmente, não é ilus-
trado e, ao longo da história, vários
artistas procuraram recriar o aspecto
visual do animal, utilizando o texto e
informações sobre fósseis que foram
descobertos. Pesquisou-se e anali-
sou-se o trabalho desses artistas. En-
trevistou-se o Dr. Daryl Domning, es-
pecialista mundial em sirenídeos
(grupo ao que aVaca do Mar perten-
ce) e pediu-se-lhe que conferisse vá-
rias fases de produção do trabalho.
Segundo a sua recomendação, pres-
tou-se atenção à anatomia dos Du-
gongues, uma das espécies extantes
de Sirenídeos que se julga ser o pa-
rente mais próximo da Vaca do Mar
(Figura 4).
Figura 3 - Capa da tradução inglesa do
manuscrito De Bestiis Marinis
de Georg Wilhelm Steller.
2 8 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Fases de Produção
Utilizou-seoprogramaAutodeskMaya
para fazer o modelo da Vaca do Mar,
seguindo a sequência tradicional de
produção digital tridimensional: criou-
-se o modelo através de modelagem
com polígonos (Figura 5), aplicou-se
textura por mapeamento (Figura 6),
iluminou-seacenaerenderizou-se.
Figura 5 - Ambiente de trabalho em
Autodesk Maya com modelo
wireframe de Vaca do Mar.
Figura 6 - Painel de mapeamento de
texturas de Autodesk Maya
com mapa de texturas do
modelo Vaca do Mar.
Figura 4 - Dugongue (Fonte Jurgen Freund/WWF)
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
2 9
Ilustração Final
Para propósitos expositivos e utiliza-
ções adicionais ao aplicativo Skin &
Bones, criou-se o ambiente onde a
Vaca do Mar teria vivido e integrou-
-seneleomodelotridimensional.No
programa Adobe Photoshop, fez-se
a composição de uma fotografia
HDRI (High Dimensional Range Ima-
ge) subaquática, com um conjunto
de modelos tridimensionais da alga
Laminaria digitata (um dos alimen-
tos preferenciais da Vaca do Mar) e
com o modelo prévio. Aplicou-se,
depois, um conjunto de filtros e de
intervenções por ferramentas varia-
das do programa com fim a unifor-
mizar e integrar os vários elementos
da composição (Figuras 7 e 8).
Figura 7 - Ambiente de trabalho em
Adobe Photoshop com
composição sem edição.
Figura 8 - Ambiente de trabalho em
Adobe Photoshop com
composição editada.
Os direitos de utilização da foto-
grafia subaquática foram adquiri-
dos por pagamento online em site
especializado. E os modelos da alga
foram criados em Autodesk Maya
com recurso a dois sistemas de par-
tículas e randomização da rotação e
de seis modelos diferentes.
Na totalidade o projeto demo-
rou cerca de cinco semanas a com-
pletar e foi financiado pela bolsa de
doutoramento que contribui para a
produção de Skin & Bones e faz in-
vestigação sobre a tecnologia de
Realidade Aumentada.
Fátima Zagonel
Mandacaru
Cereus jamacaru DC.
Técnica: Aquarela
3 2 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
OMandacaru é uma planta
de floração noturna e sua
flor se mantém aberta por alguns
minutos depois da luz do sol apare-
cer. Portanto, a sua coleta foi acom-
panhada de fotos para que sua ilus-
tração fosse possível (Figura 1).
Figura 1 - Fotografia da flor
Afloreosdemaiselementosque
compõem a prancha foram coleta-
dos e levados ao estúdio (Figura2).
O trabalho foi executado sobre
papel Fabriano Classico 5 - L121,
pincéis (Serie 7-Finest Sable) e tintas
(Artist’s Water colour) da Winsor &
Newton. Toda a ilustração foi feita
em aquarela com exceção dos espi-
nhos e estames que foram pintados
com guache (Designer’s Gouache)
também da Winsor & Newton.
Figura 2 - Flor no estúdio
Esboço dos cladódios de primei-
ro plano. O esboço foi feito em papel
“Sulfurize”para facilitar a composição
com mais de um segmento do mes-
mo espécime em estágios diferentes
de crescimento (figura 3).
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
3 3
Figura 3 - Esboço dos cladódios em
papel Sulfurize
Foi inicialmente feito um estudo
de cores e medidas de um botão no
estúdio, para apoio na ilustração da
flor, tendo como base a fotografia.
O tom de verde foi obtido com a
mistura de Indigo Blue e Cadmium
Yellow. O tom avermelhado é Peryle-
neMarrone para as sépalas foi usado
o NaplesYellow.O branco das pétalas
é o branco do papel (Figura 4).
Figura 4 - Estudo das cores
Com base nesse estudo e nas
fotos, a flor foi pintada no papel de-
finitivo. Ao fundo o “redesenho” do
cladódio já na cor local (Figura 5).
Figura 5 - Flor no papel definitivo
3 4 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Na figura 6 vemos o cladódio já
pintado com o mesmo verde do
botão, porém num tom mais azula-
do (Figura 6).
Figura 6 - Pintura do cladódio
Figura 7 - Esboço do Cladódio com o
fruto
Estudo de formato e cor do fru-
to. O tom do fruto foi obtido a partir
do Orange mais Permanent Rose (Fi-
gura 8).
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
3 5
Figura8-Estudodeformatoecordofruto.
Neste estágio, podemos ver to-
dos os cladódios que fazem parte
da composição. No primeiro plano,
o cladódio com a flor e um outro,
bem jovem, à direita. No segundo
plano, o cladódio mais velho, já com
o fruto formado (Figura 9).
Figura 9 - Estágio intermediário com
todos os cladódios
Aqui podemos notar que todos
os cladódios foram retratados do
mesmo ponto de visão. No entanto,
o cladódio mais velho, por ser mais
alto, fica numa perspectiva diferen-
te (Figura 10).
Figura10 - Retrato dos cladódios
segundo o ponto de visão
Uma vez que a pintura dos
segmentos estava pronta, come-
çaram a ser acrescentados os es-
pinhos. Os espinhos foram pinta-
3 6 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
dos com tinta gauche, na cor
Yellow Ochre misturado com tinta
aquarela na cor Sepia para se ob-
ter a variação de tons. Como o
guache é uma tinta opaca ela co-
bre as camadas da aquarela, per-
mitindo que os espinhos se so-
breponham sobre o corpo do cac-
to já pintado.
Depoisdetodososespinhospin-
tados, iniciou-se a fase final, o acaba-
mento. No acabamento é revisto o
equilíbrio das cores de luz e sombra
para que os planos fiquem bem dife-
renciados. São feitos retoques na es-
pessura dos espinhos e a limpeza fi-
nal de bordas, isto é realizado com
pincel chato de acrílico (Galeria).
Figura 11 - Pintura dos espinhos e acabamentos
Iriam Gomes Starling
Cardiorrafia no trauma cardíaco
Técnica: Ilustração Digital 2D
3 8 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Uma ilustração médica tem o
objetivo de tornar mais cla-
ras as etapas de uma cirurgia ou um
detalhe anatômico. Seu caráter di-
dático leva o ilustrador a criar dese-
nhos com distorções anatômicas e
a usar cores que fogem à realidade.
Nessa ilustração as cores foram mo-
dificadas e os detalhes simplifica-
dos a fim de destacar a técnica utili-
zada na cirurgia.
Primeiro passo: desenho com
detalhes de luz e sombra.
O desenho é a base para a ilustra-
ção colorida, portanto, um desenho
ruim, dificilmente poderá resultar
em uma boa pintura, seja ela digital
ou feita no papel (Figura 1). Este de-
senho foi feito tendo como base a
descrição feita pelo cirurgião e al-
gumas fotos de referência de cirur-
gias cardíacas (Figura 2). Vejam que
na Figura 2 não há evidência dos
pulmões no campo cirúrgico, ao
contrário do desenho (Figura 1). Is-
so porque as vias de acesso são di-
ferentes: no desenho foi feito uma
toracotomia (incisão no tórax) e na
referência foi feito uma esternoto-
mia (incisão sobre o esterno). Deve-
-se ater sempre à descrição feita pe-
lo cliente e não a que se vê numa
referência. Como o ponto principal
do desenho é a sutura da lesão, ela
foi colocada propositalmente no
centro da prancha. É importante ter
em mente que a composição da
prancha é muito importante, pois a
forma como se distribui o assunto
na página, pode torná-lo pouco
atrativo ou mesmo confuso.
Figura 1- Desenho a nanquim
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
3 9
Figura 2 - Fotografia de referência
Segundo passo: preenchimento
dos campos do desenho com massas
de cor, sem preocupação com muitos
detalhes.
Nessa etapa, o mais importante
é definir as diferentes áreas do dese-
nho a serem trabalhadas. As cores
são aplicadas em uma nova camada,
preservandoodesenhooriginalpara
servir de orientação (Figura 3). Tam-
bém é interessante deixar o afasta-
dor e a pinça em camadas distintas,
para serem trabalhadas mais tarde.
Figura 3 - Preenchimento dos campos
com massas de cor
Terceiro passo: início do detalha-
mento.
Definição de algumas áreas de
luz e sombra. Note que o detalha-
mento foi iniciado pela área central
do desenho, mas isso é só uma pre-
ferência da autora. O mais importan-
te nessa etapa é não trabalhar de-
mais cada parte, pois se corre o risco
de deixar o desenho heterogêneo,
com partes mais detalhadas e outras
menos. Nesse ponto o desenho ain-
da é muito tosco e dá uma impres-
sãoruim(Figura4).Mastenhacalma,
pois está apenas no começo.
4 0 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Figura 4 - Início do detalhamento
Quarto passo: A área central já
está com a definição de luz e sombra
e o tecido adiposo subcutâneo
começou a ser detalhado com a
marcação dos contornos dos lóbulos
de gordura. O tecido adiposo não é
muito fácil de ser representado, pois
possui passagens suaves de tons ao
mesmo tempo em que apresenta
muitos detalhes de volumes.
Figura5-Detalhamentodotecidoadiposo
Quinto passo: o tecido adiposo já
está todo definido. A próxima área a
ser trabalhada é o tecido muscular,
seguido pelo tecido pulmonar.
Figura 6 - Tecido adiposo definido
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
4 1
Sexto passo: o tecido muscular e o
pulmonar foram definidos. Posterior-
mente foram trabalhados a pinça e
os afastadores e acrescentou-se uma
área de pele nua.
Figura 7 - Definição dos demais tecidos
Sétimo passo: correção de peque-
nos detalhes, acréscimo de sombras
e brilhos.
Figura 8 - Acréscimo de sombras e
brilhos
Em uma cirurgia de urgência
de lesão do coração, o campo cirúr-
gico normalmente está muito sujo
de sangue. O cirurgião não dispõe
de muito tempo para controlar a si-
tuação, uma vez que o paciente se
encontra em estado crítico. Assim,
uma foto nessas condições não é
nada elucidativa. A grande vanta-
gem do desenho médico, nesse ca-
so, é justamente o fato de se poder
“limpar” o campo cirúrgico e evi-
denciar a manobra de contenção
do sangramento, que aqui foi feita
com uma pinça. Os diversos teci-
4 2 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
dos ficam bem diferenciados e re-
conhecíveis, pois são representa-
dos de forma mais gráfica. Aqui o
realismo não é desejável. Na figura
de referência (Figura 2) vê-se que,
apesar de ser uma cirurgia progra-
mada, o campo é um tanto confu-
so e, embora se possa identificar o
coração, os demais tecidos ficam
pouco evidentes.
Figura 9 - Trabalho finalizado
Marcos Antônio Santos Silva
Coleóptero
Técnica: Aquarela
4 4 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Passo 1: Começamos com um de-
senho bem detalhado, no caso de
coleópteros é importante que sejam
representados o número exato de
segmentos das antenas e dos tarsos
(pés),umavezqueestessãocaracte-
res importantes para a classificação.
Como o inseto é bem simétrico,
podemos desenhar apenas um lado
e rebatê-lo usando papel vegetal.
Gosto deste método principalmente
para as antenas e as pernas, o corpo,
geralmente, desenho inteiro. Uma
outra alternativa é escanear o dese-
nho e rebatê-lo usando ferramentas
como o Photoshop,montandooani-
mal no computador e imprimindo o
desenho completo. A vantagem des-
temétodoéquesepodemudaraes-
cala do desenho facilmente.
Figura 1 – O desenho
Passo 2: A aquarela foi a técnica
empregada para esta ilustração.
Uma das características mais atraen-
tesdaaquarelaéasuatransparência,
que confere ao desenho terminado
uma luminosidade característica, di-
fícil de se obter por outros métodos
nos quais se usam tintas opacas co-
mo o gouache ou o acrílico (que po-
de algumas vezes imitar a aquarela).
A primeira camada de tinta deve en-
tão ser da cor mais clara, deixando as
partes que, eventualmente, ficarão
brancas sem tinta desde o começo!!
Como dissemos, sendo transparen-
tes, por natureza, na aquarela as co-
res claras não cobrem as escuras.
Figura 2 – Primeira camada em cores
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
4 5
Passo 3: Aos poucos vamos colo-
cando as outras cores reforçando os
volumes e as sombras. Neste caso,
com cores iridescentes, usei cores
puras, quase sem mistura, para refor-
çar o efeito de brilho. A ordem das
cores usadas foi New Gamboge, Cad-
mium Orange, Winsor green, Yellow
shade e, por fim, o Phthalo Turquoise
e Phtalo blue greenshade. Usei um
violeta misturado a partir de French
Ultramarine e Permanent Rose em al-
guns pontos para reforçar o efeito de
reflexo. Devemos sempre lembrar da
ordem de aplicação das cores, sem-
pre começando com as cores mais
claras e depois as mais escuras.
Figura 3 - Colocando cores no corpo
Figura 4 - Reforçando cores do corpo
Passo4:Nas pernas, as cores usadas
foram o PhthaloTurquoise e Phtalo
blue green e o French Ultramarine,
comalgunspontosdomesmoviole-
ta acima. Várias camadas foram apli-
cadas para se chegar até a profundi-
dade de cor desejada.
4 6 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Figura 5 - Pintando as pernas
Figura 6 - Reforçando as cores
Passo 5: Uma vez terminados o cor-
poeaspernas,completeiasantenas.
Este é um caráter importante de
classificação e por isso grande aten-
ção deve ser dedicada à forma e nú-
mero de seus segmentos, bem co-
mo a presença de pelos, cerdas ou
outras decorações.
Figura 7 - Começando as antenas
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
4 7
Figura 8 - Continuando as antenas
Figura 9 - Reforçando as cores, já com
as antenas
Passo 6: Por fim, adicionei os pelos
nas antenas com gouache, uma vez
que, sendo transparente, a aquarela
não seria apropriada. Usei aquarela
prateada e dourada, já que sob a lu-
pa o efeito que se tem é esse e sim-
plesmente o branco ou amarelo não
dariam o mesmo efeito.
Figura 10 - Colocando os pelos
4 8 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Figura 11 - Detalhes do pelos Figura 12 - Mais detalhes
Maura Piccoli
Estrelítzia
Strelitzia reginae
Técnica: Lápis de cor
Material Utilizado: Papel: Arches Grain Satiné – 300gr
Lápis: Faber-CastellPolychromos
Blender: Lyra Rembrandt
Solvente: Sansodor – Winsor& Newton
5 0 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Passo 1: Uma vez escolhido o moti-
vo,éimportanteenquadrá-lobemno
papel. Sempre desenho primeiro no
sulfurize, depois, com ajuda de uma
caixa de luz, passo para o papel Ar-
ches. O contorno pode ser em grafite
bem claro ou já com o lápis de cor.
Dica: Elementos ímpares em uma
composição vão torná-la mais atrati-
va e interessante.
Figura 1 - Enquadramento no papel
Passo 2: A base da pintura em lápis
de cor é feita em tons de cinza. Isso
dará mais profundidade ao trabalho.
Dependendo do motivo, podemos
usar vários tons de cinza. Eles devem
ser testados com a cor local antes de
serem colocados na ilustração. Nas
sépalas amarelas não usei cinza. Esta
flor, em especial, precisou de poucos
tons de cinza.
Figura 2 - Base da pintura em tons de
cinza
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
5 1
Passo 3: Esse trabalho foi produzido
com várias camadas de tinta. Encon-
tra-se a cor local fazendo-se testes,
misturando-se cores, até se encon-
trar a cor certa. É muito importan-
teanotaramarcadolápisquefoi
usado e o número da cor. Assim
você poderá fazer um acervo de
misturasparafuturostrabalhos.
Essas camadas devem ser apli-
cadas de forma delicada e o mais
uniforme possível. Lápis de cor pro-
duzem cores translúcidas. Imperfei-
ções nas camadas de base podem
aparecer e, às vezes, ficarem muito
evidentes nas camadas superiores.
Figura 3 - Trabalhando em camadas
Passo 4: Após uma base de lápis de
cor, apliquei o solvente. Ele ajuda a
dissolver um pouco o pigmento do
lápis de cor, fazendo com que pene-
tre melhor no papel. Esse solvente
aceita que você coloque, ainda, vá-
rias camadas de lápis. É importante
isolar as partes com bastante luz.
Dica: Cuidado se usar máscara flui-
da, pois o solvente irá dissolvê-la
também.
Figura 4 - Isolar partes com luz
5 2 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Passo 5: Deve-se usar mais cama-
das de tinta para atingir a cor certa.
Reforcei os contornos que devem fi-
car bem nítidos. Em seguida, passei
o lápis branco para fazer o esbran-
quiçado da bráctea.
Por último, o lápis Blender, que
dará polimento ao trabalho. Esse
passa-se com uma certa pressão, fa-
zendo com que todo o pigmento
penetre no papel.
Dica: Uma vez passado o Blender o
papel não aceitará mais nenhum
pigmento.
Figura 5 - Mais camadas até atingir a cor
certa
Passo 6: Finalizando com polimen-
to do Blender. Revisão de contornos
e limpeza.
Oscar Akio Shibatta
Tainha
Mugil platanus
Técnica: Lápis de cor
5 4 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Odesenho da tainha Mugil
platanusfoifeitoàmãolivre,
com o uso de lápis com grafite 2B,
empapelsulfiteA470g/m2
.Umaré-
gua transparente foi utilizada para
obter as medidas do corpo. Caneta
técnica descartável, com tinta preta
à prova de água, foi utilizada para fa-
zer a ilustração de referência. Para a
colorização foi utilizado lápis de cor
aquarelável em papel Fabriano 200
g, 50% algodão, prensado a quente.
O exemplar utilizado como mo-
delo, preservado em etanol a 70%,
foi mantido em água de torneira du-
rante as seções de trabalho para evi-
tar a desidratação. Desse exemplar
foram obtidas a forma e as medidas
do corpo, além das contagens das
escamas e raios das nadadeiras.
Para obtenção do padrão de
colorido em vida, foi utilizada
uma foto de um exemplar recém-
-capturado. Especial atenção foi
dada aos caracteres importantes à
identificação da espécie confor-
me apontado por literatura espe-
cializada.
Figura 1 - Exemplar preservado em etanol
Figura 2 - Exemplar recém-capturado, estudo das cores
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
5 5
Primeiro se faz uma linha reta
que passará pelo eixo do corpo. Em
seguida, os limites anterior e poste-
rior do corpo são estabelecidos e o
espaço que o desenho ocupará na
folha de papel é determinado. Deli-
mitam-se algumas regiões do cor-
po como cabeça, comprimento pa-
drão (dobra entre o corpo e a nada-
deira caudal), maior altura do corpo,
menor altura do pedúnculo caudal,
distâncias das nadadeiras com rela-
ção à margem anterior do focinho e
os comprimentos dessas nadadei-
ras (altura e largura). O contorno do
corpo é feito observando-se as regi-
ões inclinadas, côncavas e conve-
xas. Em seguida, são feitos o contor-
no da região opercular e a forma
das nadadeiras.
Figura 3 - Contorno do corpo
Figura 4 - Traçado das séries longitudinais de escamas
O número de séries longitudi-
nais de escamas são traçadas ob-
servando onde se iniciam e termi-
nam. Elas serão importantes para
que não se perca a regularidade na
distribuição das escamas.
5 6 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
O diâmetro do olho é medido e
sua posição é definida com relação à
distância do focinho e às regiões su-
perior e inferior da cabeça. Conta-se
o número de escamas ao longo da
linha longitudinal mais longa, e a lo-
calizaçãodessasescamaséfeitacom
base no número que atinge as nada-
deiras. Os raios indivisos e ramifica-
dos de cada nadadeira são contados
e representados. Observa-se que
ocorre uma ramificação mais longa
ao meio da nadadeira e outras rami-
ficações menores em cada ramo.
Figura 5 - Desenho do olho, escamas e detalhes das nadadeiras
Figura 6 - Arte - finalização com caneta preta
Sobre o desenho a lápis é feita a
arte-finalização com o uso de cane-
ta técnica com tinta preta à prova
de água.
O desenho é refeito em outro
papel, com auxílio da mesa de luz,
com o uso de um lápis de cor, na
cor verde-oliva claro.
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
5 7
Os detalhes da cabeça são
adicionados observando-se os di-
ferentes tons e cores. As regiões
com reflexos de luz são áreas sem
pintura que mantêm o branco do
papel. Regiões azuladas, amarela-
das ou alaranjadas também são
pintadas.
Figura 7 - Desenho no papel original, em cor verde-oliva
Figura 8 - Detalhes da cabeça
Cada escama é trabalhada, ob-
servando-se que a região central é
mais escura. As escamas da região
ventral recebem leves toques de
azul e cinza, para dar a impressão
de reflexo. Com o propósito de indi-
car o sombreamento da região infe-
rior do ventre, são aplicados toques
leves do mesmo verde-oliva claro
utilizado na região dorsal. As nada-
deiras pélvica e anal são desenha-
das com lápis cinza claro por conte-
rem transparências. Um leve toque
de verde-oliva escuro é aplicado na
nadadeira anal, que possui uma
área central mais escura.
5 8 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Para finalização da ilustração, os
tons são gradativamente escureci-
dos com a aplicação sucessiva de
verde-oliva escuro, azul-marinho,
terra de siena queimado, sépia, cin-
za e preto.
Figura 9 - Trabalhando detalhes das escamas na região central
Figura 10 - Escurecimento dos tons finalizando a ilustração
Rogério Lupo
Microlicia sp.
Técnica: nanquim a bico de pena / papel
6 0 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Um método de confecção
de Ilustração Botânica
Taxonômica
A Botânica Taxonômica é a área
da ciência que trata da classificação
e nomenclatura dos vegetais, de-
mandando ilustrações para publi-
cação de novas espécies ou de revi-
sões e redefinições dos nomes ou
da abrangência destes.
A ilustração inicia-se com o ve-
getal coletado, seja vivo ou em for-
ma de exsicata (coletas prensadas e
secas para preservação em herbá-
rios). Toda ilustração tem que estar
vinculada a um material real coleta-
do, seco e catalogado (figura 1).
Figura 1 - Cópia de um material vegetal
prensado e seco (exsicata).
Quando se usam exsicatas, pe-
quenas partes da planta seca são
retiradas e mergulhadas em água
quente e, assim, reidratadas. Para
desenho de pequenas estruturas é
usado o Estereo microscópio (tam-
bém chamado Lupa) com Câmara
Clara (figura 2), que permite que se
desenhe diretamente contornando
o material, semelhante à brincadei-
ra infantil de desenhar contornan-
do-se a própria mão.
Figura 2 - Estereo microscópio com
Câmara Clara.
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
6 1
Através de uma extensão lateral
provida com um espelho, a lupa fun-
de a imagem ampliada da estrutura
vegetal com a imagem do papel,
permitindo um desenho muito fiel
ao modelo. Sob essa lupa, é possível
ver o objeto ampliado (figura 3.1) e,
acionando-se uma chave, abre-se
uma janela que permite ver ao mes-
mo tempo a estrutura vegetal e a
mão sobre o papel, desenhando-se
assim“sobre”a visão do objeto (figu-
ra 3.2). Estereo microscópio signifi-
ca ser binocular, isso, portanto, per-
mite a visão tridimensional. Mas a
fusão das imagens (figura 3B) acon-
tece somente em uma das oculares
(figura 4). Assim sendo, pode-se fe-
char ou deslocar um dos olhos ao
desenhar, e isso já suprime a dimen-
sãodeprofundidade,ficandofavore-
cida a observação bidimensional
que é a essência de desenhar.
Figura 3.1 - Flor de Xyris sp. como é
vista ampliada sob a lupa.
Figura 3.2 - Fusão das imagens da flor
ampliada e do papel, onde
a mão desenha, como ocorre
em uma das oculares.
Figura 4 - Esquema de lupa com câmara
clara mostrando o caminho
da luz do objeto ampliado
(seta inteira) e da luz do
desenho (seta interrompida)
fundindo-se na ocular direita.
6 2 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Desenhadas em grafite todas as
partes essenciais para a identifica-
ção da espécie (figura 5), é necessá-
rio também ter uma visão mais ge-
ral do vegetal, chamada hábito, ge-
ralmente em um desenho de um
ou vários ramos, ou mesmo de toda
a planta.
Figura 5 - Esboço em grafite das estruturas de Microlicia sp.
Meu método consiste em ame-
alhar todos os detalhes ilustrados,
montando uma composição har-
mônica do conjunto. Para isso, faço
xerografias de diferentes amplia-
ções ou reduções dos esboços dos
detalhes feitos sob lupa. Também
faço xerografias ampliadas ou redu-
zidas de um ramo do próprio mate-
rial seco (figura 1) e, de posse de to-
das as cópias recortadas individual-
mente, monto uma prancha que
inclui tudo, selecionando os tama-
nhos mais adequados de cada de-
senho e planejando a melhor posi-
ção do hábito e dos detalhes no
conjunto (figura 6). Isso é feito com
um papel vegetal colocado sobre a
cópia da planta seca e, sobre esse
papel, são determinadas as posi-
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
6 3
ções das cópias dos detalhes. Após
a definição da composição geral da
ilustração, faço um esboço da plan-
ta seca diretamente no papel vege-
tal usando a cópia vista por transpa-
rência por baixo.
Recomponho a posição das es-
truturas e trago a planta de volta à
forma viva, como era antes de ser
seca e prensada (figura 7). Isso é fei-
to com técnicas de desenho, que
levam em conta a experiência geral
com observação e desenho de
plantas vivas, com as modificações
do processo de coleta e secagem e,
eventualmente, ajuda de fotos.
Figura 6 ­- Cópias xerografadas dos esboços e hábito recortadas e dispostas sobre
papel vegetal.
6 4 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
A função do papel vegetal, co-
mo suporte da composição dos re-
cortes, é permitir a passagem da luz
através dos desenhos, pois a finali-
zação a nanquim será feita usando-
-se uma mesa de luz. A luz terá que
atravessar o papel das cópias xero-
gráficas e do desenho final, e o pa-
pel vegetal, como suporte, oferece
menos obstáculo à luz (figura 8).
Figura 7 - Ramo esboçado a lápis a partir de planta seca, recompondo sua forma viva.
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
6 5
Figura 8 - Mesa de luz com o papel
onde será feito o desenho
final sobreposto à prancha
montada em papel vegetal.
Sobre a mesa de luz, realizo a
nanquim o contorno geral de cada
desenho, marcando a lápis suave os
traços internos mais importantes
que serão referência para o sombre-
amento. Com contorno e referên-
cias prontas, passo ao sombrea-
mento a nanquim do desenho, já
fora da mesa de luz. Após finaliza-
ção a nanquim e escaneamento,
são acrescentadas digitalmente le-
gendas e barras de escala (figura 9).
A ilustração original é mantida lim-
pa sem legendas e escalas, apenas
com indicações numéricas discre-
tas de ampliação ou redução.
Rosane Quintella
Eritrina Candelabro
Erythrina speciosa Andrews (Fabaceae)
Técnica: Aquarela
6 8 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
Árvore brasileira de pequeno
porte, conhecida popular-
mente como Eritrina candelabro.
Ocorre principalmente na Flo-
resta Atlântica, mas desenvolve-se
muito bem em outras regiões. Per-
de suas folhas no início do inverno
quando aparecem as inflorescên-
cias. Seu fruto, tipo vagem, amadu-
rece no final da primavera.
Este trabalho foi realizado em
três etapas: em janeiro foi colhido e
desenhado o fruto; as folhas, em ju-
nho (Figura 1); e a inflorescência,
em julho de 2013.Todos os elemen-
tos da mesma árvore.
Figura1- Foto de folhas da mesma árvore
Desenho das folhas em papel
Canson Lavis Technique e grafite
(Figura 2). A folha à esquerda está
só com os traços principais (etapa
1); a de cima, com detalhamento
das nervuras e sombras (etapa 3); a
da direita, com detalhes de nervu-
ras só em linhas (etapa 2).
Figura 2 - Desenho das Folhas
Foto das inflorescências (Figura
3), desenhada imediatamente após
ser colhida, pois logo as primeiras
flores caem. A inflorescência menor
foi substituída no trabalho por outra.
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
6 9
Figura 3 - Foto das inflorescências
Desenho das inflorescências, fru­
toe paleta de cores: desenho em pa-
pel vegetal para visualizar melhor a
composição da prancha (Figura 4);
detalhamento de uma flor aberta;
paleta de cores com as misturas de
tintas usadas no trabalho, aquarela
Winsor & Newton Artística nas cores:
»» folhas: Payne’s Gray, Cadmium
Yellow e Índigo;
»» no pecíolo: Oxide of Chromium e
Burnt Umber;
»» flores: nas pétalas foi usado dois
tons de vermelho, Scarlet Lake e
Cadmium Red Deep;
»» para o cálice, Burnt Sienna, Peryle-
ne Maroon e Sepia;
»» pedúnculo: Oxide of Chromium e
Burnt Umber;
»» fruto: Burnt Umber e Sepia.
Figura 4 - Desenho de inflorescências e
paleta de cores
Folha pintada em aquarela no
papel Fabriano L 121 (Figura 5).
Após encontrar o verde básico
das folhas, foi usado um pincel 000
para fazer o contorno e as nervuras,
em seguida, uma camada bem diluí-
7 0 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
da de Payne’s Gray trabalhando as
sombras. A próxima camada, com o
verde encontrado, também diluída,
preservando as áreas onde o brilho fi-
ca azulado por causa do Payne’sGray.
Quando o papel já estiver bem
seco, outra camada do verde mais in-
tenso,trabalhandoumaaumaaspar-
tes menores mais escuras das folhas.
Figura 5 ­- Folha em aquarela
Primeira flor em aquarela (Fi-
gura 6).
O contorno das pétalas foi feito
com o pigmento na cor S. Lake, em
seguida, uma camada bem diluída
comamesmacor.Apóssecarestaca-
mada, foi usada a cor Cadmium Reed
para pintar as áreas mais escuras.
Sépalas nas cores Burnt Sienna e P.
Maroon, começando pelas flores de
baixo que logo começam a cair. As
sépalas de baixo são mais avermelha-
das que as de cima da inflorescência
onde foi acrescentada a cor sépia.
Figura 6 - Pintura da primeira flor
Segundaflorefrutoemaquarela
(Figura 7). O fruto foi pintado em
Burnt Umber e Sepia: primeiro, com
uma camada bem diluída da mistura
destas duas cores, depois, acrescen-
tada aos poucos, a cor sépia nas
sombras e também para representar
a textura do fruto. A mesma mistura
foi utilizada na semente, que foi reti-
rada do fruto após ser retratado.
Figura 7 - Segunda flor e fruto em aquarela
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
7 3
Sobre os artistas
Alexandre Viana
Nascido em 29 de setembro 1971,
em Florianópolis, Santa Catarina.
Graduado em Arquitetura e Urba-
nismo, em 2002, pela Universidade
Federal de Santa Catarina. Frequen-
ta os cursos e oficinas de ilustração
cientifica e naturalista do Prof. Lean-
dro Lopes, no Coletivo Artístico Na-
Casa, em Florianópolis, desde 2009,
desenvolvendo trabalhos em diver-
sas técnicas, em especial gouache e
aquarela, com particular interesse
na área de Ictiologia. Participou de
diversas exposições pelo país, com
menções honrosas na I Exposição
de Ilustrações de Orquídeas, na Câ-
mara dos Vereadores de Florianó-
polis em 2012, e Concurso de Ilus-
tração Botânica do  63º  Congres-
so Nacional de Botânica, em Joinvil-
le. Possui produção editorial em li-
vros paradidáticos infanto-juvenis,
como “Florianópolis, a capital
em uma ilha”, e “As Aves de Nossas
Praias”(no prelo), ambos de Cristina
Santos, e em diversas publicações
científicas e didáticas.
Diana Carneiro
Ilustradora Científica autônoma com
especialização em Ilustração Botâni-
ca pelo Royal Botanic Gardens, (Kew,
Inglaterra) como nona bolsista da
Fundação Botânica Margaret Mee.
Possui graduação em Curso Superior
de Pintura pela Escola de Música e
Belas Artes do Paraná e graduação
em Licenciatura em Ciências Físicas
e Naturais pela Universidade Federal
do Paraná (1968). Atuou como do-
cente na Secretaria de Estado da
Educação e Cultura, com alunos do
Ensino Médio e demais atividades
de pesquisa e extensão. Durante os
anos de 1994 a 1996, em contrato
temporário na Universidade Federal
do Paraná, como docente. Membro
fundador e docente do Centro de
Ilustradores Botânicos do Paraná (CI-
BP). Atualmente, além das propostas
de Ilustração Científica, realiza asses-
sorias, consultorias e palestras na
área de ilustração botânica e científi-
cademaneirageral.Tambémécoor-
denadora do Curso Livre de Ilustra-
ção Botânica, ofertado pelo CIBP
7 4 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
(Centro de Ilustradores Botânicos de
Paraná). Autora do livro “Ilustração
Botânica: Princípios e Métodos”
(2012) pela Editora da UFPR.
Diana Marques
Natural de Portugal, atualmente re-
side emWashington, DC. Editora as-
sistente do Guild of Natural Science
Illustrators Journal. Ilustradora autô-
noma, estudante de doutoramento
em Medias Digitais (aplicado à mu-
seologia e visualização científica)
pela UT Austin|Portugal, CoLab,
Smithsonian’s National Museum of
Natural History (USA). Com pós-gra-
duação em Ilustração Científica pe-
la Universidade da Califórnia, Santa
Cruz, Califórnia, EUA, 2004 e pela
Universidade Autónoma de Lisboa,
2003. Bacharel em Biologia pela Fa-
culdade de Ciências da Universida-
de de Lisboa 2002. Formação em
Desenho pela Sociedade Nacional
de Belas Artes, Lisboa, 1998.
Fatima Zagonel
Ilustradora Científica e comercial.
Bolsista da Fundação Botânica Mar-
garet Mee/RJ em 1999. No ano de
2000, juntamente com outros ilus-
tradores, funda o Centro de Ilustra-
ção Botânica do Paraná – CIBP. Des-
de 2006 é membro da União Nacio-
nal dos Ilustradores Científicos Bra-
sileiros. Tem participado das se-
guintes coleções: Royal Botanic Gar-
dens – Kew – Londres/RU, Shirley
Sherwood Collection – Londres/RU e
Hunt Institute for Botanical docu-
mentation – Pittsburgh/EUA.
Iriam Sterling
Graduada em Medicina pela Facul-
dade de Ciências Médicas de Mi-
nas Gerais (1984), com residência
médica em Cirurgia Geral, concluí-
da em 1987 na Fundação Hospita-
lar do Estado de Minas Gerais –
FHEMIG. Graduada em Belas Artes
pela Escola de Artes da Universida-
de Federal de Minas Gerais (1995)
com dois bacharelados: em pintu-
ra e gravura em metal. Pós-gradua-
ção em Administração Pública pela
Escola de Governo  da  Fundação
João Pinheiro. Atualmente traba-
lha no Hospital João XXIII da FHE-
MIG e com  Ilustração  Científica,
em especial a  Ilustração  Médica.
Possui centenas de desenhos pu-
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
7 5
blicados, tanto em periódicos co-
mo em livros didáticos, como o li-
vro publicado “Corpo Humano –
órgãos, sistemas e funcionamen-
to”, pela Editora SENAC.
Marcos Antônio
Santos Silva
Possui graduação em Ciências Bio-
lógicas pela Universidade de Brasí-
lia (1984), mestrado em Ciências
Biológicas (Biologia Molecular) pela
Universidade de Brasília (1988) e
doutorado na área de Imunologia
Molecular pela UniversitätStuttgart ,
Dr. rer. nat. (1994). Atualmente é
professor adjunto IV da Universida-
de de Brasília. Em 1999, fundou o
Núcleo de  Ilustração  Científica do
Instituto de Biologia na UnB, o qual
coordena. Tem experiência na área
de Biologia Molecular e Zoologia,
com ênfase em Coleópteros, atuan-
do principalmente nos seguintes
temas: Ilustração Científica (Ilustra-
ção em Zoologia e Botânica), Siste-
mática e História Natural de Cole-
ópteros do Cerrado. Em 2001 rece-
beu a bolsa artística da Fundação
Botânica Margaret Mee para o Royal
Botanic Gardens, (Kew, Inglaterra).
Maura Piccoli
Natural de São Paulo. Licenciada
em Pintura e Desenho geométrico
pela Escola de Música e Belas Artes
do Paraná. Em 1998, após curso
com Diana Carneiro no jardim Botâ-
nico de Curitiba, dedicou-se total-
mente à ilustração Botânica. No ano
de 2000, juntamente com outros
ilustradores, funda o Centro de Ilus-
tração Botânica do Paraná – CI-
BP. Desde 2006 é membro da União
Nacional dos Ilustradores Científi-
cos Brasileiros. Tem participado em
diversas exposições no Brasil e exte-
rior. Algumas premiações em Mia-
mi, no México, na Fundação Marga-
reth Mee – Rio de Janeiro e I Con-
curso Latinoamericano y Del Caribe.
Possui trabalhos publicados em li-
vros, revistas, pôsteres, cartões, ró-
tulos, calendários e folders.
Oscar Akio Shibatta
Concluiu graduação em Ciências
Biológicas pela Universidade de
Brasília (UnB), em 1989, mestrado
em Ecologia e Recursos Naturais
pelo Centro de Ciências Biológicas e
da Saúde da Universidade Federal
7 6 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S )
de São Carlos (UFSCar), em 1993 e
doutorado em Ecologia e Recursos
Naturais pela mesma instituição,
em 1998. Professor Associa-
do  da  Universidade Estadual de
Londrina, PR, onde ministra aulas
relacionadas à Zoologia em nível de
Graduação e de Pós-Graduação.
Dedica-se principalmente à ilustra-
ção de peixes, mas se interessa pe-
la  ilustração  de animais em geral.
Fez  ilustrações  de peixes a pedi-
do  da  Itaipu Binacional, publicou
um livro com 40 peixes do Brasil e
colaborou como ilustrador em ou-
tras publicações. Ministra minicur-
sos relacionados à ilustração de pei-
xes em eventos de âmbito nacional
como o Encontro Brasileiro de Ilus-
tradores Científicos, Congresso Bra-
sileiro de Zoologia e Encontro Brasi-
leiro de Ictiologia, entre outros. É
natural de Jales, SP.
Rogério Lupo
Graduou-se em Ciências Biológicas
pela Universidade de São Paulo
(USP), em 1997, iniciando-se em
pesquisa em botânica taxonômica
sob orientação de José Rubens Pira-
ni. Estudou desenho clássico e pin-
tura com Angel Martínez. Atua co-
mo  ilustrador  biológico freelancer
desde 1998, voltado principalmente
para o meio acadêmico. Pesquisa,
desenvolve e/ou resgata e leciona
técnicas diversas que se adequem à
representação científica. Possui pre-
miações em concursos de ilustração
botânica nacionais e internacionais.
Rosane Quintella
Nascida em São Paulo-SP. Graduada
em Artes Plásticas pela Escola de
Música e Belas Artes do Paraná-EM-
BAP. Bacharelado e Licenciatura em
Biologia pela Universidade Católica
do Paraná (PUC). Décima sétima
bolsista da Fundação Botânica Mar-
garet Mee para o Royal Botanic Gar-
dens, (Kew, Inglaterra). Realizou tra-
balhos em pintura (Dioramas) para
museus no Paraná. Atualmente le-
ciona cursos de aquarela botânica
no CIBP, em Curitiba, e trabalha co-
mo ilustradora.
Leandro Lopes de Souza
Ilustrador científico autônomo com
produção mais acentuada em publi-
cações na área da taxonomia botâni-
A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A
7 7
ca. Possui produção editorial em li-
vros paradidáticos infanto-juvenis.
Ministra aulas de ilustração naturalis-
ta e científica desde 2003 em Floria-
nópolis,ondemora.Conquistouprê-
mios nacionais na categoria de ilus-
tração de zoologia (Sociedade Brasi-
leira de Zoologia - 2004 e Folha de
São Paulo - 2004). Participou em ex-
posições coletivas de ilustração cien-
tífica: Londrina (2004), Belo Horizon-
te (2006), Curitiba (2008), Ythaca/
NY/EUA(2008),RiodeJaneiro(2013).
Administra o coletivo artístico NA-
CASA em Florianópolis.
Maria Inés Castiñeira
Professora da Universidade do Sul
de Santa Catarina (UNISUL), atua
nos cursos de Computação, Siste-
mas de Informação e Design. Pos-
sui graduação e mestrado na área
de Computação pela Universidade
de São Paulo (ICMC-USP) e douto-
rado, pela mesma universidade,
com intercâmbio na Universidade
Técnica de Hamburg-Harburg
(TUHH), Alemanha. Possui diversas
publicações científicas, principal-
mente na área de Engenharia de
software e ensino de informática. Já
organizou diversos eventos como o
IWORKCOMP-SUL ou a ERI-SC 2005
(ambos na área de informática).
Desde 2006, realiza formação com-
plementar em diversas técnicas da
ilustração científica e naturalista
com o Prof. Leandro Lopes, no Co-
letivo Artístico NaCasa, com ênfase
para grafite e aquarela. Nesse perí-
odo, participou em diversas exposi-
ções coletivas de ilustração natura-
lista em Florianópolis.
A Universidade que transforma
A Unisul – Universidade do Sul de Santa Catarina – nasceu em
Tubarão, hoje uma cidade de referência em educação e saúde. Cria-
da há meio século por lei municipal, a Unisul transformou-se em um
importante alicerce do desenvolvimento social de toda a região. As
atividades que presta às comunidades enaltecem as suas qualidades
de Universidade Comunitária. A UnisulTV – canal aberto – é a emis-
sora com a maior programação local, somando 12 horas por dia.
A formação de centenas de novos profissionais a cada semestre
não resume a sua missão. A visão empreendedora que norteia seu
desempenho contribuiu para a constituição de novas empresas e
serviços, tanto na região Sul do Estado quanto na Grande Florianó-
polis. As pesquisas, além de enriquecer as atividades de pós-gradu-
ação, têm resultado em benefícios à sociedade em diversas áreas,
principalmente as tecnológicas e de saúde.
A Unisul está presente em todo o Brasil e em outros países, for-
mando profissionais através de seus cursos virtuais. E dezenas de es-
trangeirosparticipamdecursospresenciaisdaUnisulemFlorianópolis.
O universo da Unisul é tão amplo quanto a sua preocupação
permanente de preparar os cidadãos para os desafios de um mun-
do sem fronteiras.
UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
Sebastião Salésio Herdt
REITOR
Mauri Luiz Heerdt
VICE-REITOR E PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E DE EXTENSÃO
Mirian Maria de Medeiros
SECRETÁRIA-GERAL DA REITORIA
Willian Máximo
CHEFE DE GABINETE
Valter Alves Schmitz Neto
PRÓ-REITOR DE OPERAÇÕES E SERVIÇOS ACADÊMICOS
Luciano Rodrigues Marcelino
PRÓ-REITOR DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL
Heitor Wensing Júnior
DIRETOR DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TUBARÃO
Hércules Nunes de Araújo
DIRETOR DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS
Fabiano Ceretta
DIRETOR DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO UNISULVIRTUAL
Ildo Silva da Silva
ASSESSOR DE PROMOÇÃO E INTELIGÊNCIA COMPETITIVA
Lester Marcantonio Camargo
ASSESSOR JURÍDICO

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  • 1.
  • 2.
  • 3.
  • 4. Laudelino J. Sardá DIRETOR Deonísio da Silva VICE-DIRETOR Alessandra Turnes SECRETÁRIA EXECUTIVA Amaline Mussi e Vivian Mara Silva Garcia ASSISTENTES EDITORIAIS Jucélia Fernandes REVISÃO Officio (officio.com.br) EDITORAÇÃO AVENIDA PEDRA BRANCA, 25 FAZENDA UNIVERSITÁRIA PEDRA BRANCA 88137-270 – PALHOÇA SC FONE: (48) 3279-1088 FAX: (48) 3279-1170 EDITORA@UNISUL.BR A55 Anatomia de uma ilustração : os bastidores da ilustração científica / organização Leandro Lopes, Maria Inés Castiñeira. – Palhoça : Ed. Unisul, 2014. 78 p. : il. color. ; 21 X 27 cm 1. Ilustrações científicas. I. Lopes, Leandro, 1978-. II. Castiñeira, Maria Inés, 1960-. CDD 21. ed. - 743 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul
  • 5. Agradecimentos Esta publicação foi possível devido ao financiamento da FAPESC, através do Edital Proeventos 2014, ao apoio da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) e do Centro de Ilustração Botânica do Paraná (CIBP), entre outros. Também gostaríamos de agradecer: »» ao comitê científico da 1ª JIC-Sul: Diana Carneiro, Iriam S. Gomes, Rogério Lupo; »» à equipe de organização do evento: Cecília Alejandra Dalotto, Gabriela Ourofino, Alexandre Viana; »» ao pessoal da Unic (União Nacional de Ilustradores Científicos) que participou divulgando e incentivando; »» aos estudantes e participantes nos cursos e oficinas do professor Leandro Lopes; »» à equipe da Unisul: »» Prof. Hércules Nunes de Araujo, Direção do Campus; »» Ana Regina de Aguiar, Gerência de Ensino pesquisa e Extensão do Campus Norte; »» Heloísa Turatti Silva, auxílio à pesquisa Campus Norte; »» Camila Porceli Vargas e equipe de Eventos; »» Equipe de divulgação; »» Colegas e estudantes que apoiaram e incentivaram.
  • 6.
  • 7. Apresentação Os rastros de uma Ilustração A ILUSTRAÇÃO científica, longe de ser apenas representação didática para livros, tem se desenvolvido e se tornado mais sofisticada. Os ilus- tradores científicos são muitas ve- zes inspirados pela própria meto- dologia científica na busca de aper- feiçoar e ampliar seus métodos ar- tísticos. Várias técnicas são aprimo- radas, mescladas ou mesmo criadas pelos habilidosos artistas da ciência (ou cientistas da arte?) para que a representação visual, que serve à ci- ência e à natureza, cumpra com ex- celência seu papel. A observação dessas obras meticulosas pode des- pertar no leigo inúmeras questões e, assim, associada à I Jornada de Ilustração Científica – Sul, a exposi- ção“Anatomia de uma Ilustração”se destina a responder a algumas de- las. Os bastidores do preparo de uma ilustração científica se revelam pelas mãos de vários profissionais experientes da atualidade, que fo- tografaram as etapas de seu traba- lho até chegar à conclusão de sua obra, que estará exposta em sua forma final. Aos que conhecem os métodos dessa arte e aos que a desconhecem não faltam surpresas, pois esse é um campo em perma- nente expansão. Quando um ilustrador científico recebe uma encomenda ou conce- be um projeto autônomo de cria- ção, a ideia da confecção da ima- gem geralmente vem com certas limitações. O contratante — ou o impulso criativo do ilustrador — pode exigir uma abordagem espe- cífica, como, por exemplo, que a imagem seja em preto e branco, ou colorida, mas em aquarela etc. É co- mo se a ilustração estivesse deci- dindo como deseja vir à existência. Assim, o ilustrador, a princípio, pode se sentir amarrado a certos limites.
  • 8. Mas quando a Arte começa a se im- por e abrir as asas sobre o projeto, logo a noção de limites se alarga muito. Preto e branco, sim... mas a lá- pis, nanquim, ou nanquim aguado? Se nanquim, será em hachuras ou pontilhismo? Se aquarela, será transparente ou intensa? Se são vá- rias imagens reunidas, como as compor? Que grau de luminosida- de representar? São muitas as tomadas de deci- são e grande é o espaço para a deli- beração. Entre a concepção da ima- gem e a sua finalização, o ilustrador encontra grande liberdade artística, ainda que acorrentada aos moldes da ciência. Depois de encontrar o caminho da melhor representação, em ter- mos de forma, de ponto de vista, de composição, ou mesmo de lumino- sidade em suas infinitas variações, o ilustrador se detém no aspecto téc- nico. Assim, determinado o funda- mento, é preciso escolher o mate- rial e, ainda, a forma de aplicação deste material. É dentro de todas essas decisões que a criatividade precisa se ver livre e, nesse aspecto, a criação assume autoridade sobre o criador (o ilustrador) e até sobre o «supremo» encomendante. Tudo o que a criação deseja é cumprir seu papel e, para isso, se impõe e con- vence todos os envolvidos a que atendam suas exigências. Quando um ilustrador se rende à sua Arte, esse domínio, da criação sobre o criador, é o que inevitavelmente acontece. Nesta mostra, são expostos os inúmeros passos que comportam em si a liberdade artística e a neces- sidade de decisões do ilustrador. En- treasvariadasformasdeseobterum resultado, o artista procura aquela que lhe cabe melhor, que lhe tira a melhor habilidade, que leva a cria- ção ao seu maior potencial. Quando cada passo é dado cuidadosamente, a jornada, como um todo, reflete o primor de todos os passos, como se dados ao mesmo tempo. Não é possível ver uma cami- nhada em sua totalidade a não ser pelos rastros que deixou. E aqui, es- ses rastros podem ser contempla- dos em forma de ilustração. Rogério Lupo
  • 9. Sumário Introdução 11 Alexandre Viana 13 Diana Carneiro 19 Diana Marques 25 Fátima Zagonel 31 Iriam Gomes Starling 37 Marcos Antônio Santos Silva 43 Maura Piccoli 49 Oscar Akio Shibatta 53 Rogério Lupo 59 Rosane Quintella 67 Sobre os artistas 73
  • 10.
  • 11. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 1 1 Introdução Passo a passo O LIVRO AQUI apresentado é um dos resultados da 1ª Jornada de Ilustração Científica –Sul, carinho- samente conhecida como JIC-Sul, que aconteceu em Julho de 2014, em Florianópolis. Este catálogo re- trata as obras apresentadas na Ex- posição “Anatomia de uma ilustra- ção”, que também foi parte inte- grante desse evento. Falar sobre a exposição remete à concepção da Jornada. Esse início aconteceu há bastante tempo, mais especificamente, no ano de 2008, em Curitiba, durante o II Encontro Brasileiro de Ilustração Científica (II EBIC). Nesta ocasião, quando foi de- batida a sede do próximo Encontro Nacional, consideramos a possibili- dade de realizá-lo em Florianópolis. A proposta nem chegou a ser apre- sentada na plenária porque acha- mos que não tínhamos ainda as condições para assumir essa em- preitada. Mas, ficou a vontade. Em novembro de 2013, no Jar- dim Botânico do Rio de Janeiro, durante o IV Encontro Nacional de Ilustradores Científicos (IV ENIC) surgiu novamente o desejo de rea- lizar um encontro em Santa Catari- na. Nesse momento, conversando com Diana Carneiro, pensou-se em realizar algo menor, talvez regio- nal. A ideia seria realizar esses en- contros regionais nos anos em que não acontecesse o evento nacio- nal. Contando com o forte incenti- vo da Diana e de toda a equipe do CIBP (Centro Ilustração Botânica de Curitiba) achamos que seria possí- vel a organização desse evento, nesses moldes. Felizmente, a proposta agra- dou a muitos, que nos incentiva- ram, aceitaram participar e auxilia- ram na concretização dessa Jorna- da e da Exposição. Aqui uma breve menção de agradecimento a toda essa grande equipe: autores aqui
  • 12. 1 2 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) apresentados, palestrantes, profes- sores dos cursos, comissão de or- ganização, comissão científica, es- tudantes e participantes nos cur- sos e oficinas do professor Leandro no coletivo NaCasa. Inicialmente, a exposição seria nos moldes tradicionais das exposi- ções que acompanham os Encon- tros Nacionais de Ilustração Científi- ca. Devido a prazos, tamanho da equipe científica e outras várias questões de logística, decidiu-se re- alizar uma exposição com poucas obras, mas com o relato do autor sobre o processo de confecção das mesmas. Achamos que a explicita- ção desse passo a passo, dado por cada um dos ilustradores, seja uma das caraterísticas mais relevantes deste livro. Os resultados vocês poderão apreciar nesta obra. Maria Inés Castiñeira Leandro Lopes
  • 13. Alexandre Viana Olho de Cão Priacanthus arenatus, (Cuvier, 1829). Técnica: Técnica Mista - Aquarela e Guache Materiais utilizados: Aquarela Winsor & Newton, gouache Talens, pincéis Plantec Marta legitimo nº 00, 0, 3 e 8, Keramik sintético 12 e papel Fabriano 5 100% algodão, 360 gramas.
  • 14. 1 4 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) OPriacanthus arenatus, (Cuvier, 1829), peixe co- nhecido vulgarmente como olho de cão, foi coletado pelo próprio autor na Ilha dos Corais, região de Florianópolis, em abril de 2014, através de pesca submarina. Con- servado em gelo, o exemplar foi colocado sobre uma superfície de poliuretano flexível expandido, de cor branca, sobre a qual as suas nadadeiras foram fixadas com alfi- netes. O exemplar foi colocado na postura clássica para observação dos detalhes e fotografado deta- lhadamente (Figura 1). Figura 1 - Fotografias detalhadas Em seguida foi feito um de- senho de observação em escala 1:1, anotando os principais de- talhes, como a contagem dos raios duros e moles das nada- deiras (Figura 2).
  • 15. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 1 5 Figura 2 - Desenho em escala 1:1 Uma foto foi escolhida e tratada em Photoshop, impressa em preto e branco na escala 1:1 e levada à mesa de luz. Ali serviu de base para um novo esboço, no qual foram acrescentadas as informações do desenho de observação. (Figura 3). Figura 3 - Fotografia em preto e branco Este esboço foi ressaltado com caneta nanquim descartável 03 e transferido em mesa de luz para pa- pelFabriano,utilizando-selapiseira05 com grafite HB, em traços suaves (Fi- gura4),gerandoodesenhobasepara um estudo preliminar no qual foram testadas as cores que tiveram, como referências principais, fotos subaquá- ticas da internet (Figuras 5 e 6). Figura 4 - Transferência na mesa de luz Figura 5 - Estudo das cores Figura 6 - Esboço em cores
  • 16. 1 6 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Após os estudos prévios, teve início o trabalho final, no qual foram feitos ajustes no esboço e repetidos os passos de transferência em mesa de luz, seguindo para o processo de pintura em camadas translúcidas, típico da aquarela, descrito nos pas- sos a seguir. 1 - Sombreado e manchas com Índigo aguado, preservando claros e marcando detalhes e raios das nadadeiras. 2 - Fundo em Lemon Yellow Hue preservando claros (Figura 7). Figura 7 - Fundo em Índigo e Lemon 3 - Camada de Cadmium Red Hue aguado, preservando claros. Reforçando escuros com Cad- mium Red Deep Hue e Índigo na caudal. Olho, maxilar superior e nadadeiras não foram cobertos. 4-Olhoemaxilarreceberamleve camadapreservandoclaros.Reforço deescurosemtodoocorpo. 5 - Camada de Cadmium Red Hue nas nadadeiras. 6 - Manchas no corpo com Cad- mium Red Hue (Figura 8). Figura8-DiversascamadascomCadmium 7 - Camada de Cadmium Red Hue no corpo. 8 - Reforço dos detalhes e sombras comCadmiumRedHuemaisÍndigo. 9 - Camada de Cadmium Red Hue nas nadadeiras, ressaltando escuros dos olhos e corrigindo manchas da camada 7 (Figura 9). Figura 9 - Mais camadas em Cadmium 10 - Camada forte de Cadmium Red Hue. 11 - Ressaltando sombras e man- chas com Cadmium Red Hue mais Índigo. 12 - Camada de Lemon Yellow Hue no olho (Figura 10).
  • 17. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 1 7 Figura 10 - Ressaltando sombras e manchas 13 - Camada de Cadmium Red Hue nas nadadeiras. 14 - Camada de Cadmium Red Hue no corpo. 15 - Camada de Cadmium Red Hue nas nadadeiras preservando raios e ressaltando manchas (Figura 11). Figura11- Reforçando detalhes nas nadadeiras 16 - No olho, foram acrescentadas várias camadas, destacando contrastes e detalhes, ressaltan- do o contorno. A pupila foi feita com a mistura de Cadmium Red Hue mais Índigo, porém, como o brilho branco característico não foi preservado, ele foi feito com tinta acrílica branca com pouquíssimo Lemon Yellow Hue. (Figura 12). Figura 12 - Pintura do olho
  • 18. 1 8 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) 17 - A partir daí iniciou-se a fase de detalhamento, primeiramente no rostro, depois foi feita a retícula das escamas (Figura 13), quando foram acrescenta- dos os detalhes escuros (Figu- ra 14). Em seguida, foi a vez das nadadeiras, que recebe- ram reforço escuro nas man- chas e raios e, também, finíssi- mos traços de gouache bran- co, com leve toque de Lemon Yellow Hue e Cadmium Red Hue. As escamas tiveram sua parte escura ressaltada e receberam contorno claro com a mesma mistura de gouache. Figura 13 - Detalhamento do rostro e escamas Figura 14 - Acrescentando detalhes escuros 18 - Finalmente foram reforçados os contrastes, ressaltando detalhes e adicionando brilho.
  • 19. Diana Carneiro Bambu-listrado Bambusa vulgaris var. striata Técnica: Aquarela Suporte: Papel Arches Aquerelle, 640gm²
  • 20. 2 0 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Otrabalhofoiinspiradoemvisi- tasatrêslocaisdistintos(Cha- padadoVeadeiros/GO,Morretes/PRe Parque Barigui, Curitiba/PR), onde fo- ram tiradas várias fotos mostrando as- pectos do hábito, como folhagem, colmos,ramificaçõesdosnós,brotose demaisdetalhes(Figura1). Figura 1 - Fotos do hábito Usando as fotos como referên- cia, foi feito um esboço geral da obra cuja composição privilegiava o aspecto geral do hábito entou- ceirado do vegetal. Para tanto, fo- ram criados dois planos de traba- lho nos quais apenas o plano fron- tal seria colorido nas tonalidades naturais da planta e o plano de fundo, monocromático, em tons de cinza. Com lápis de cor pintei as partes principais do estudo para analisar a composição, acrescen- tando ou retirando partes confor- me o equilíbrio cromático da obra (Figura 2).
  • 21. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 2 1 Figura 2 - Esboço da obra em dois planos Passado o esboço para o papel definitivo, foi feito um delineamen- to em todas as estruturas do pri- meiro plano, com pincel n. 0, usan- do as cores principais dessa etapa – o amarelo e o verde. As estruturas do plano de fundo foram deixadas a lápis (grafite) (Figura 3). Figura 3 - Delineando o esboço Para a pintura dos colmos, foi escolhido o Amarelo de Cádmium claro (Cadmiumyellow light) mistu- rado ao Terra de Sienna natural (Rawsienna), deixando o primeiro tom realçar nas áreas mais claras e o segundo nas áreas mais sombrea- das, trabalhando-se os volumes, deixando bem evidente a forma ci- lindrada dos mesmos (Figura 4).
  • 22. 2 2 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Figura 4 - Delineando os colmos Finalizando essa etapa, a foto ao lado mostra que foi necessário leve toque de violeta (Permanent magenta) somado aos amarelos, para aprofundamento das sombras (Figura 5). Figura 5 - Acrescentando sombra nos colmos Na pintura das folhas, foi utili- zada uma mistura de Cadmium Yellow light e Índigo (Indigo blue), fazendo o balanceamento adequa- do para as folhas jovens e para as maduras. Nas listras dos entrenós, foi utilizada a mesma mistura cro- mática, porém com mais intensida- de de índigo, com o cuidado de deixar listras mais claras nas áreas iluminadas (Figura 6).
  • 23. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 2 3 Figura 6 - Pintando as folhas Nesta etapa, a pintura das bai- nhas, cerdas e ramificações dos en- trenós foi feita com as cores de Sombra natural (Raw umber) e Terra de Siena queimada (Burnt sienna). No revestimento externo das bai- nhas existem pequenas cerdas do indumento, ali foi utilizado a cor Sé- pia (Warmsepia). Na pintura do bro- to do bambu, o verde das folhas foi aplicado nos entrenós, enquanto que nas bainhas foi preparado um ‘verde oliva’, acrescentando-se, ao primeiro verde, pequenas quanti- dades de Siena natural (Raw sien- na). Nestas bainhas também evi- denciavam-se pequenas cerdas do indumento, que foram igualmente pintadas com Sépia (Figura 7). Figura 7 - Bainhas e brotos Em toda a pintura do primeiro plano foi dado o acabamento final, acertando as linhas de contorno, os pequenos detalhes e a limpeza das áreas ao redor das formas já pinta- das (Figura 8). Figura 8 - Primeiro plano finalizado
  • 24. 2 4 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Nesta etapa, foi dado início à pintura do plano de fundo, delinea- do em aquarela com o pincel n. 0 e usando uma mistura das cores cin- za azulado (Payne’s gray) e cinza neutro (Neutral tint). Camadas bem leves dessa mistura foram aplicadas nos colmos – observando-se espe- cialmente o volume. A pintura das listras e demais detalhes dos nós, em cinza um pouco mais intenso. O mesmo procedeu-se com as folhas, com a mesma tonalidade prepara- da (Figura 9). Figura 9 - Pintando o segundo plano O trabalho finalizado e, conforme o planejamento inicial, uma touceira debambufoirepresentada.Otrabalho da forma como foi elaborado, em eta- paseplanosdistintos,semostroubem maisfácildoquepareciaaprincípio.
  • 25. Diana Marques 1 A Vaca do Mar de Steller Hydrodamalis gigas Técnica: Ilustração Digital 3D 1 Parte do Trabalho de doutorado, parcialmente financiado pelo projeto Europeu POPH/FSE e por uma bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia (SFRH/BD/51840/2012), do programa UT Austin|Portugal, CoLab
  • 26. 2 6 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Hydrodamalis gigas é uma es- pécie de mamífero aquático extinta desde 1768. Com comprimen- to e peso que podiam atingir 8-9 me- tros e 8-10 toneladas, esses gigantes eram inofensivos nos mares frios do PacíficodoNorte,excetoparaalgumas espécies de algas que consumiam ininterruptamenteduranteodia. O Museu Nacional de História Natural da Smithsonian Institution (Washington DC, Estados Unidos) é um dos poucos que tem um esque- leto completo e montado em expo- sição ao público, embora os ossos sejam provenientes de animais dife- rentes(Figura1). A galeriadomuseu, onde o esqueleto da Vaca do Mar e de muitos outros animais se encon- tram, vai em breve ter disponível um aplicativo –Skin & Bones (Pele e Os- sos) – que faz uso da tecnologia de Realidade Aumentada: os visitantes do museu poderão baixar o aplicati- vo gratuitamente, apontar os seus aparelhosmóveis(celularesetablets) para alguns dos espécimes e ver na tela, através da câmera fotográfica, conteúdos que lhes são sobrepostos (Figura 2). Os conteúdos irão variar de modelos estáticos tridimensio- nais a animações e vídeos. Figura 1 - Esqueleto de Vaca do Mar de Steller, no Museu Nacional de História Natural, Smithsonian Institution (Fonte: David Price/NMNH). Figura 2 - Realidade Aumentada através do aplicativo Skin & Bones: a anatomia externa de um espadarte é sobreposta virtualmente nas telas de dispositivos móveis ao esqueleto real exposto no Museu Nacional de História Natural, Smithsonian Institution.
  • 27. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 2 7 Skin & Bones trará aos visitantes a possibilidade de ver a anatomia externa de uma Vaca do Mar sobre- posta ao esqueleto real que está pendurado no teto da galeria. Paraessefimcriou-seummode- lo digital tridimensional do animal. Pesquisa de referências Para além de observação cuidadosa do esqueleto referido, com tomada de apontamentos e realização de fo- tografia, utilizaram-se outras fontes de informação, a seguir menciona- das. GeorgWilhelm Steller foi o natu- ralista que, pela primeira vez, descre- veu cientificamente a Vaca do Mar e o manuscrito de 1751, que deixou, contém um texto bastante detalha- do, sendo o único testemunho em primeira mão sobre a espécie (Figura 3). O texto, infelizmente, não é ilus- trado e, ao longo da história, vários artistas procuraram recriar o aspecto visual do animal, utilizando o texto e informações sobre fósseis que foram descobertos. Pesquisou-se e anali- sou-se o trabalho desses artistas. En- trevistou-se o Dr. Daryl Domning, es- pecialista mundial em sirenídeos (grupo ao que aVaca do Mar perten- ce) e pediu-se-lhe que conferisse vá- rias fases de produção do trabalho. Segundo a sua recomendação, pres- tou-se atenção à anatomia dos Du- gongues, uma das espécies extantes de Sirenídeos que se julga ser o pa- rente mais próximo da Vaca do Mar (Figura 4). Figura 3 - Capa da tradução inglesa do manuscrito De Bestiis Marinis de Georg Wilhelm Steller.
  • 28. 2 8 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Fases de Produção Utilizou-seoprogramaAutodeskMaya para fazer o modelo da Vaca do Mar, seguindo a sequência tradicional de produção digital tridimensional: criou- -se o modelo através de modelagem com polígonos (Figura 5), aplicou-se textura por mapeamento (Figura 6), iluminou-seacenaerenderizou-se. Figura 5 - Ambiente de trabalho em Autodesk Maya com modelo wireframe de Vaca do Mar. Figura 6 - Painel de mapeamento de texturas de Autodesk Maya com mapa de texturas do modelo Vaca do Mar. Figura 4 - Dugongue (Fonte Jurgen Freund/WWF)
  • 29. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 2 9 Ilustração Final Para propósitos expositivos e utiliza- ções adicionais ao aplicativo Skin & Bones, criou-se o ambiente onde a Vaca do Mar teria vivido e integrou- -seneleomodelotridimensional.No programa Adobe Photoshop, fez-se a composição de uma fotografia HDRI (High Dimensional Range Ima- ge) subaquática, com um conjunto de modelos tridimensionais da alga Laminaria digitata (um dos alimen- tos preferenciais da Vaca do Mar) e com o modelo prévio. Aplicou-se, depois, um conjunto de filtros e de intervenções por ferramentas varia- das do programa com fim a unifor- mizar e integrar os vários elementos da composição (Figuras 7 e 8). Figura 7 - Ambiente de trabalho em Adobe Photoshop com composição sem edição. Figura 8 - Ambiente de trabalho em Adobe Photoshop com composição editada. Os direitos de utilização da foto- grafia subaquática foram adquiri- dos por pagamento online em site especializado. E os modelos da alga foram criados em Autodesk Maya com recurso a dois sistemas de par- tículas e randomização da rotação e de seis modelos diferentes. Na totalidade o projeto demo- rou cerca de cinco semanas a com- pletar e foi financiado pela bolsa de doutoramento que contribui para a produção de Skin & Bones e faz in- vestigação sobre a tecnologia de Realidade Aumentada.
  • 30.
  • 32. 3 2 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) OMandacaru é uma planta de floração noturna e sua flor se mantém aberta por alguns minutos depois da luz do sol apare- cer. Portanto, a sua coleta foi acom- panhada de fotos para que sua ilus- tração fosse possível (Figura 1). Figura 1 - Fotografia da flor Afloreosdemaiselementosque compõem a prancha foram coleta- dos e levados ao estúdio (Figura2). O trabalho foi executado sobre papel Fabriano Classico 5 - L121, pincéis (Serie 7-Finest Sable) e tintas (Artist’s Water colour) da Winsor & Newton. Toda a ilustração foi feita em aquarela com exceção dos espi- nhos e estames que foram pintados com guache (Designer’s Gouache) também da Winsor & Newton. Figura 2 - Flor no estúdio Esboço dos cladódios de primei- ro plano. O esboço foi feito em papel “Sulfurize”para facilitar a composição com mais de um segmento do mes- mo espécime em estágios diferentes de crescimento (figura 3).
  • 33. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 3 3 Figura 3 - Esboço dos cladódios em papel Sulfurize Foi inicialmente feito um estudo de cores e medidas de um botão no estúdio, para apoio na ilustração da flor, tendo como base a fotografia. O tom de verde foi obtido com a mistura de Indigo Blue e Cadmium Yellow. O tom avermelhado é Peryle- neMarrone para as sépalas foi usado o NaplesYellow.O branco das pétalas é o branco do papel (Figura 4). Figura 4 - Estudo das cores Com base nesse estudo e nas fotos, a flor foi pintada no papel de- finitivo. Ao fundo o “redesenho” do cladódio já na cor local (Figura 5). Figura 5 - Flor no papel definitivo
  • 34. 3 4 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Na figura 6 vemos o cladódio já pintado com o mesmo verde do botão, porém num tom mais azula- do (Figura 6). Figura 6 - Pintura do cladódio Figura 7 - Esboço do Cladódio com o fruto Estudo de formato e cor do fru- to. O tom do fruto foi obtido a partir do Orange mais Permanent Rose (Fi- gura 8).
  • 35. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 3 5 Figura8-Estudodeformatoecordofruto. Neste estágio, podemos ver to- dos os cladódios que fazem parte da composição. No primeiro plano, o cladódio com a flor e um outro, bem jovem, à direita. No segundo plano, o cladódio mais velho, já com o fruto formado (Figura 9). Figura 9 - Estágio intermediário com todos os cladódios Aqui podemos notar que todos os cladódios foram retratados do mesmo ponto de visão. No entanto, o cladódio mais velho, por ser mais alto, fica numa perspectiva diferen- te (Figura 10). Figura10 - Retrato dos cladódios segundo o ponto de visão Uma vez que a pintura dos segmentos estava pronta, come- çaram a ser acrescentados os es- pinhos. Os espinhos foram pinta-
  • 36. 3 6 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) dos com tinta gauche, na cor Yellow Ochre misturado com tinta aquarela na cor Sepia para se ob- ter a variação de tons. Como o guache é uma tinta opaca ela co- bre as camadas da aquarela, per- mitindo que os espinhos se so- breponham sobre o corpo do cac- to já pintado. Depoisdetodososespinhospin- tados, iniciou-se a fase final, o acaba- mento. No acabamento é revisto o equilíbrio das cores de luz e sombra para que os planos fiquem bem dife- renciados. São feitos retoques na es- pessura dos espinhos e a limpeza fi- nal de bordas, isto é realizado com pincel chato de acrílico (Galeria). Figura 11 - Pintura dos espinhos e acabamentos
  • 37. Iriam Gomes Starling Cardiorrafia no trauma cardíaco Técnica: Ilustração Digital 2D
  • 38. 3 8 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Uma ilustração médica tem o objetivo de tornar mais cla- ras as etapas de uma cirurgia ou um detalhe anatômico. Seu caráter di- dático leva o ilustrador a criar dese- nhos com distorções anatômicas e a usar cores que fogem à realidade. Nessa ilustração as cores foram mo- dificadas e os detalhes simplifica- dos a fim de destacar a técnica utili- zada na cirurgia. Primeiro passo: desenho com detalhes de luz e sombra. O desenho é a base para a ilustra- ção colorida, portanto, um desenho ruim, dificilmente poderá resultar em uma boa pintura, seja ela digital ou feita no papel (Figura 1). Este de- senho foi feito tendo como base a descrição feita pelo cirurgião e al- gumas fotos de referência de cirur- gias cardíacas (Figura 2). Vejam que na Figura 2 não há evidência dos pulmões no campo cirúrgico, ao contrário do desenho (Figura 1). Is- so porque as vias de acesso são di- ferentes: no desenho foi feito uma toracotomia (incisão no tórax) e na referência foi feito uma esternoto- mia (incisão sobre o esterno). Deve- -se ater sempre à descrição feita pe- lo cliente e não a que se vê numa referência. Como o ponto principal do desenho é a sutura da lesão, ela foi colocada propositalmente no centro da prancha. É importante ter em mente que a composição da prancha é muito importante, pois a forma como se distribui o assunto na página, pode torná-lo pouco atrativo ou mesmo confuso. Figura 1- Desenho a nanquim
  • 39. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 3 9 Figura 2 - Fotografia de referência Segundo passo: preenchimento dos campos do desenho com massas de cor, sem preocupação com muitos detalhes. Nessa etapa, o mais importante é definir as diferentes áreas do dese- nho a serem trabalhadas. As cores são aplicadas em uma nova camada, preservandoodesenhooriginalpara servir de orientação (Figura 3). Tam- bém é interessante deixar o afasta- dor e a pinça em camadas distintas, para serem trabalhadas mais tarde. Figura 3 - Preenchimento dos campos com massas de cor Terceiro passo: início do detalha- mento. Definição de algumas áreas de luz e sombra. Note que o detalha- mento foi iniciado pela área central do desenho, mas isso é só uma pre- ferência da autora. O mais importan- te nessa etapa é não trabalhar de- mais cada parte, pois se corre o risco de deixar o desenho heterogêneo, com partes mais detalhadas e outras menos. Nesse ponto o desenho ain- da é muito tosco e dá uma impres- sãoruim(Figura4).Mastenhacalma, pois está apenas no começo.
  • 40. 4 0 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Figura 4 - Início do detalhamento Quarto passo: A área central já está com a definição de luz e sombra e o tecido adiposo subcutâneo começou a ser detalhado com a marcação dos contornos dos lóbulos de gordura. O tecido adiposo não é muito fácil de ser representado, pois possui passagens suaves de tons ao mesmo tempo em que apresenta muitos detalhes de volumes. Figura5-Detalhamentodotecidoadiposo Quinto passo: o tecido adiposo já está todo definido. A próxima área a ser trabalhada é o tecido muscular, seguido pelo tecido pulmonar. Figura 6 - Tecido adiposo definido
  • 41. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 4 1 Sexto passo: o tecido muscular e o pulmonar foram definidos. Posterior- mente foram trabalhados a pinça e os afastadores e acrescentou-se uma área de pele nua. Figura 7 - Definição dos demais tecidos Sétimo passo: correção de peque- nos detalhes, acréscimo de sombras e brilhos. Figura 8 - Acréscimo de sombras e brilhos Em uma cirurgia de urgência de lesão do coração, o campo cirúr- gico normalmente está muito sujo de sangue. O cirurgião não dispõe de muito tempo para controlar a si- tuação, uma vez que o paciente se encontra em estado crítico. Assim, uma foto nessas condições não é nada elucidativa. A grande vanta- gem do desenho médico, nesse ca- so, é justamente o fato de se poder “limpar” o campo cirúrgico e evi- denciar a manobra de contenção do sangramento, que aqui foi feita com uma pinça. Os diversos teci-
  • 42. 4 2 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) dos ficam bem diferenciados e re- conhecíveis, pois são representa- dos de forma mais gráfica. Aqui o realismo não é desejável. Na figura de referência (Figura 2) vê-se que, apesar de ser uma cirurgia progra- mada, o campo é um tanto confu- so e, embora se possa identificar o coração, os demais tecidos ficam pouco evidentes. Figura 9 - Trabalho finalizado
  • 43. Marcos Antônio Santos Silva Coleóptero Técnica: Aquarela
  • 44. 4 4 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Passo 1: Começamos com um de- senho bem detalhado, no caso de coleópteros é importante que sejam representados o número exato de segmentos das antenas e dos tarsos (pés),umavezqueestessãocaracte- res importantes para a classificação. Como o inseto é bem simétrico, podemos desenhar apenas um lado e rebatê-lo usando papel vegetal. Gosto deste método principalmente para as antenas e as pernas, o corpo, geralmente, desenho inteiro. Uma outra alternativa é escanear o dese- nho e rebatê-lo usando ferramentas como o Photoshop,montandooani- mal no computador e imprimindo o desenho completo. A vantagem des- temétodoéquesepodemudaraes- cala do desenho facilmente. Figura 1 – O desenho Passo 2: A aquarela foi a técnica empregada para esta ilustração. Uma das características mais atraen- tesdaaquarelaéasuatransparência, que confere ao desenho terminado uma luminosidade característica, di- fícil de se obter por outros métodos nos quais se usam tintas opacas co- mo o gouache ou o acrílico (que po- de algumas vezes imitar a aquarela). A primeira camada de tinta deve en- tão ser da cor mais clara, deixando as partes que, eventualmente, ficarão brancas sem tinta desde o começo!! Como dissemos, sendo transparen- tes, por natureza, na aquarela as co- res claras não cobrem as escuras. Figura 2 – Primeira camada em cores
  • 45. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 4 5 Passo 3: Aos poucos vamos colo- cando as outras cores reforçando os volumes e as sombras. Neste caso, com cores iridescentes, usei cores puras, quase sem mistura, para refor- çar o efeito de brilho. A ordem das cores usadas foi New Gamboge, Cad- mium Orange, Winsor green, Yellow shade e, por fim, o Phthalo Turquoise e Phtalo blue greenshade. Usei um violeta misturado a partir de French Ultramarine e Permanent Rose em al- guns pontos para reforçar o efeito de reflexo. Devemos sempre lembrar da ordem de aplicação das cores, sem- pre começando com as cores mais claras e depois as mais escuras. Figura 3 - Colocando cores no corpo Figura 4 - Reforçando cores do corpo Passo4:Nas pernas, as cores usadas foram o PhthaloTurquoise e Phtalo blue green e o French Ultramarine, comalgunspontosdomesmoviole- ta acima. Várias camadas foram apli- cadas para se chegar até a profundi- dade de cor desejada.
  • 46. 4 6 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Figura 5 - Pintando as pernas Figura 6 - Reforçando as cores Passo 5: Uma vez terminados o cor- poeaspernas,completeiasantenas. Este é um caráter importante de classificação e por isso grande aten- ção deve ser dedicada à forma e nú- mero de seus segmentos, bem co- mo a presença de pelos, cerdas ou outras decorações. Figura 7 - Começando as antenas
  • 47. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 4 7 Figura 8 - Continuando as antenas Figura 9 - Reforçando as cores, já com as antenas Passo 6: Por fim, adicionei os pelos nas antenas com gouache, uma vez que, sendo transparente, a aquarela não seria apropriada. Usei aquarela prateada e dourada, já que sob a lu- pa o efeito que se tem é esse e sim- plesmente o branco ou amarelo não dariam o mesmo efeito. Figura 10 - Colocando os pelos
  • 48. 4 8 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Figura 11 - Detalhes do pelos Figura 12 - Mais detalhes
  • 49. Maura Piccoli Estrelítzia Strelitzia reginae Técnica: Lápis de cor Material Utilizado: Papel: Arches Grain Satiné – 300gr Lápis: Faber-CastellPolychromos Blender: Lyra Rembrandt Solvente: Sansodor – Winsor& Newton
  • 50. 5 0 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Passo 1: Uma vez escolhido o moti- vo,éimportanteenquadrá-lobemno papel. Sempre desenho primeiro no sulfurize, depois, com ajuda de uma caixa de luz, passo para o papel Ar- ches. O contorno pode ser em grafite bem claro ou já com o lápis de cor. Dica: Elementos ímpares em uma composição vão torná-la mais atrati- va e interessante. Figura 1 - Enquadramento no papel Passo 2: A base da pintura em lápis de cor é feita em tons de cinza. Isso dará mais profundidade ao trabalho. Dependendo do motivo, podemos usar vários tons de cinza. Eles devem ser testados com a cor local antes de serem colocados na ilustração. Nas sépalas amarelas não usei cinza. Esta flor, em especial, precisou de poucos tons de cinza. Figura 2 - Base da pintura em tons de cinza
  • 51. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 5 1 Passo 3: Esse trabalho foi produzido com várias camadas de tinta. Encon- tra-se a cor local fazendo-se testes, misturando-se cores, até se encon- trar a cor certa. É muito importan- teanotaramarcadolápisquefoi usado e o número da cor. Assim você poderá fazer um acervo de misturasparafuturostrabalhos. Essas camadas devem ser apli- cadas de forma delicada e o mais uniforme possível. Lápis de cor pro- duzem cores translúcidas. Imperfei- ções nas camadas de base podem aparecer e, às vezes, ficarem muito evidentes nas camadas superiores. Figura 3 - Trabalhando em camadas Passo 4: Após uma base de lápis de cor, apliquei o solvente. Ele ajuda a dissolver um pouco o pigmento do lápis de cor, fazendo com que pene- tre melhor no papel. Esse solvente aceita que você coloque, ainda, vá- rias camadas de lápis. É importante isolar as partes com bastante luz. Dica: Cuidado se usar máscara flui- da, pois o solvente irá dissolvê-la também. Figura 4 - Isolar partes com luz
  • 52. 5 2 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Passo 5: Deve-se usar mais cama- das de tinta para atingir a cor certa. Reforcei os contornos que devem fi- car bem nítidos. Em seguida, passei o lápis branco para fazer o esbran- quiçado da bráctea. Por último, o lápis Blender, que dará polimento ao trabalho. Esse passa-se com uma certa pressão, fa- zendo com que todo o pigmento penetre no papel. Dica: Uma vez passado o Blender o papel não aceitará mais nenhum pigmento. Figura 5 - Mais camadas até atingir a cor certa Passo 6: Finalizando com polimen- to do Blender. Revisão de contornos e limpeza.
  • 53. Oscar Akio Shibatta Tainha Mugil platanus Técnica: Lápis de cor
  • 54. 5 4 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Odesenho da tainha Mugil platanusfoifeitoàmãolivre, com o uso de lápis com grafite 2B, empapelsulfiteA470g/m2 .Umaré- gua transparente foi utilizada para obter as medidas do corpo. Caneta técnica descartável, com tinta preta à prova de água, foi utilizada para fa- zer a ilustração de referência. Para a colorização foi utilizado lápis de cor aquarelável em papel Fabriano 200 g, 50% algodão, prensado a quente. O exemplar utilizado como mo- delo, preservado em etanol a 70%, foi mantido em água de torneira du- rante as seções de trabalho para evi- tar a desidratação. Desse exemplar foram obtidas a forma e as medidas do corpo, além das contagens das escamas e raios das nadadeiras. Para obtenção do padrão de colorido em vida, foi utilizada uma foto de um exemplar recém- -capturado. Especial atenção foi dada aos caracteres importantes à identificação da espécie confor- me apontado por literatura espe- cializada. Figura 1 - Exemplar preservado em etanol Figura 2 - Exemplar recém-capturado, estudo das cores
  • 55. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 5 5 Primeiro se faz uma linha reta que passará pelo eixo do corpo. Em seguida, os limites anterior e poste- rior do corpo são estabelecidos e o espaço que o desenho ocupará na folha de papel é determinado. Deli- mitam-se algumas regiões do cor- po como cabeça, comprimento pa- drão (dobra entre o corpo e a nada- deira caudal), maior altura do corpo, menor altura do pedúnculo caudal, distâncias das nadadeiras com rela- ção à margem anterior do focinho e os comprimentos dessas nadadei- ras (altura e largura). O contorno do corpo é feito observando-se as regi- ões inclinadas, côncavas e conve- xas. Em seguida, são feitos o contor- no da região opercular e a forma das nadadeiras. Figura 3 - Contorno do corpo Figura 4 - Traçado das séries longitudinais de escamas O número de séries longitudi- nais de escamas são traçadas ob- servando onde se iniciam e termi- nam. Elas serão importantes para que não se perca a regularidade na distribuição das escamas.
  • 56. 5 6 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) O diâmetro do olho é medido e sua posição é definida com relação à distância do focinho e às regiões su- perior e inferior da cabeça. Conta-se o número de escamas ao longo da linha longitudinal mais longa, e a lo- calizaçãodessasescamaséfeitacom base no número que atinge as nada- deiras. Os raios indivisos e ramifica- dos de cada nadadeira são contados e representados. Observa-se que ocorre uma ramificação mais longa ao meio da nadadeira e outras rami- ficações menores em cada ramo. Figura 5 - Desenho do olho, escamas e detalhes das nadadeiras Figura 6 - Arte - finalização com caneta preta Sobre o desenho a lápis é feita a arte-finalização com o uso de cane- ta técnica com tinta preta à prova de água. O desenho é refeito em outro papel, com auxílio da mesa de luz, com o uso de um lápis de cor, na cor verde-oliva claro.
  • 57. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 5 7 Os detalhes da cabeça são adicionados observando-se os di- ferentes tons e cores. As regiões com reflexos de luz são áreas sem pintura que mantêm o branco do papel. Regiões azuladas, amarela- das ou alaranjadas também são pintadas. Figura 7 - Desenho no papel original, em cor verde-oliva Figura 8 - Detalhes da cabeça Cada escama é trabalhada, ob- servando-se que a região central é mais escura. As escamas da região ventral recebem leves toques de azul e cinza, para dar a impressão de reflexo. Com o propósito de indi- car o sombreamento da região infe- rior do ventre, são aplicados toques leves do mesmo verde-oliva claro utilizado na região dorsal. As nada- deiras pélvica e anal são desenha- das com lápis cinza claro por conte- rem transparências. Um leve toque de verde-oliva escuro é aplicado na nadadeira anal, que possui uma área central mais escura.
  • 58. 5 8 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Para finalização da ilustração, os tons são gradativamente escureci- dos com a aplicação sucessiva de verde-oliva escuro, azul-marinho, terra de siena queimado, sépia, cin- za e preto. Figura 9 - Trabalhando detalhes das escamas na região central Figura 10 - Escurecimento dos tons finalizando a ilustração
  • 59. Rogério Lupo Microlicia sp. Técnica: nanquim a bico de pena / papel
  • 60. 6 0 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Um método de confecção de Ilustração Botânica Taxonômica A Botânica Taxonômica é a área da ciência que trata da classificação e nomenclatura dos vegetais, de- mandando ilustrações para publi- cação de novas espécies ou de revi- sões e redefinições dos nomes ou da abrangência destes. A ilustração inicia-se com o ve- getal coletado, seja vivo ou em for- ma de exsicata (coletas prensadas e secas para preservação em herbá- rios). Toda ilustração tem que estar vinculada a um material real coleta- do, seco e catalogado (figura 1). Figura 1 - Cópia de um material vegetal prensado e seco (exsicata). Quando se usam exsicatas, pe- quenas partes da planta seca são retiradas e mergulhadas em água quente e, assim, reidratadas. Para desenho de pequenas estruturas é usado o Estereo microscópio (tam- bém chamado Lupa) com Câmara Clara (figura 2), que permite que se desenhe diretamente contornando o material, semelhante à brincadei- ra infantil de desenhar contornan- do-se a própria mão. Figura 2 - Estereo microscópio com Câmara Clara.
  • 61. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 6 1 Através de uma extensão lateral provida com um espelho, a lupa fun- de a imagem ampliada da estrutura vegetal com a imagem do papel, permitindo um desenho muito fiel ao modelo. Sob essa lupa, é possível ver o objeto ampliado (figura 3.1) e, acionando-se uma chave, abre-se uma janela que permite ver ao mes- mo tempo a estrutura vegetal e a mão sobre o papel, desenhando-se assim“sobre”a visão do objeto (figu- ra 3.2). Estereo microscópio signifi- ca ser binocular, isso, portanto, per- mite a visão tridimensional. Mas a fusão das imagens (figura 3B) acon- tece somente em uma das oculares (figura 4). Assim sendo, pode-se fe- char ou deslocar um dos olhos ao desenhar, e isso já suprime a dimen- sãodeprofundidade,ficandofavore- cida a observação bidimensional que é a essência de desenhar. Figura 3.1 - Flor de Xyris sp. como é vista ampliada sob a lupa. Figura 3.2 - Fusão das imagens da flor ampliada e do papel, onde a mão desenha, como ocorre em uma das oculares. Figura 4 - Esquema de lupa com câmara clara mostrando o caminho da luz do objeto ampliado (seta inteira) e da luz do desenho (seta interrompida) fundindo-se na ocular direita.
  • 62. 6 2 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Desenhadas em grafite todas as partes essenciais para a identifica- ção da espécie (figura 5), é necessá- rio também ter uma visão mais ge- ral do vegetal, chamada hábito, ge- ralmente em um desenho de um ou vários ramos, ou mesmo de toda a planta. Figura 5 - Esboço em grafite das estruturas de Microlicia sp. Meu método consiste em ame- alhar todos os detalhes ilustrados, montando uma composição har- mônica do conjunto. Para isso, faço xerografias de diferentes amplia- ções ou reduções dos esboços dos detalhes feitos sob lupa. Também faço xerografias ampliadas ou redu- zidas de um ramo do próprio mate- rial seco (figura 1) e, de posse de to- das as cópias recortadas individual- mente, monto uma prancha que inclui tudo, selecionando os tama- nhos mais adequados de cada de- senho e planejando a melhor posi- ção do hábito e dos detalhes no conjunto (figura 6). Isso é feito com um papel vegetal colocado sobre a cópia da planta seca e, sobre esse papel, são determinadas as posi-
  • 63. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 6 3 ções das cópias dos detalhes. Após a definição da composição geral da ilustração, faço um esboço da plan- ta seca diretamente no papel vege- tal usando a cópia vista por transpa- rência por baixo. Recomponho a posição das es- truturas e trago a planta de volta à forma viva, como era antes de ser seca e prensada (figura 7). Isso é fei- to com técnicas de desenho, que levam em conta a experiência geral com observação e desenho de plantas vivas, com as modificações do processo de coleta e secagem e, eventualmente, ajuda de fotos. Figura 6 ­- Cópias xerografadas dos esboços e hábito recortadas e dispostas sobre papel vegetal.
  • 64. 6 4 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) A função do papel vegetal, co- mo suporte da composição dos re- cortes, é permitir a passagem da luz através dos desenhos, pois a finali- zação a nanquim será feita usando- -se uma mesa de luz. A luz terá que atravessar o papel das cópias xero- gráficas e do desenho final, e o pa- pel vegetal, como suporte, oferece menos obstáculo à luz (figura 8). Figura 7 - Ramo esboçado a lápis a partir de planta seca, recompondo sua forma viva.
  • 65. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 6 5 Figura 8 - Mesa de luz com o papel onde será feito o desenho final sobreposto à prancha montada em papel vegetal. Sobre a mesa de luz, realizo a nanquim o contorno geral de cada desenho, marcando a lápis suave os traços internos mais importantes que serão referência para o sombre- amento. Com contorno e referên- cias prontas, passo ao sombrea- mento a nanquim do desenho, já fora da mesa de luz. Após finaliza- ção a nanquim e escaneamento, são acrescentadas digitalmente le- gendas e barras de escala (figura 9). A ilustração original é mantida lim- pa sem legendas e escalas, apenas com indicações numéricas discre- tas de ampliação ou redução.
  • 66.
  • 67. Rosane Quintella Eritrina Candelabro Erythrina speciosa Andrews (Fabaceae) Técnica: Aquarela
  • 68. 6 8 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) Árvore brasileira de pequeno porte, conhecida popular- mente como Eritrina candelabro. Ocorre principalmente na Flo- resta Atlântica, mas desenvolve-se muito bem em outras regiões. Per- de suas folhas no início do inverno quando aparecem as inflorescên- cias. Seu fruto, tipo vagem, amadu- rece no final da primavera. Este trabalho foi realizado em três etapas: em janeiro foi colhido e desenhado o fruto; as folhas, em ju- nho (Figura 1); e a inflorescência, em julho de 2013.Todos os elemen- tos da mesma árvore. Figura1- Foto de folhas da mesma árvore Desenho das folhas em papel Canson Lavis Technique e grafite (Figura 2). A folha à esquerda está só com os traços principais (etapa 1); a de cima, com detalhamento das nervuras e sombras (etapa 3); a da direita, com detalhes de nervu- ras só em linhas (etapa 2). Figura 2 - Desenho das Folhas Foto das inflorescências (Figura 3), desenhada imediatamente após ser colhida, pois logo as primeiras flores caem. A inflorescência menor foi substituída no trabalho por outra.
  • 69. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 6 9 Figura 3 - Foto das inflorescências Desenho das inflorescências, fru­ toe paleta de cores: desenho em pa- pel vegetal para visualizar melhor a composição da prancha (Figura 4); detalhamento de uma flor aberta; paleta de cores com as misturas de tintas usadas no trabalho, aquarela Winsor & Newton Artística nas cores: »» folhas: Payne’s Gray, Cadmium Yellow e Índigo; »» no pecíolo: Oxide of Chromium e Burnt Umber; »» flores: nas pétalas foi usado dois tons de vermelho, Scarlet Lake e Cadmium Red Deep; »» para o cálice, Burnt Sienna, Peryle- ne Maroon e Sepia; »» pedúnculo: Oxide of Chromium e Burnt Umber; »» fruto: Burnt Umber e Sepia. Figura 4 - Desenho de inflorescências e paleta de cores Folha pintada em aquarela no papel Fabriano L 121 (Figura 5). Após encontrar o verde básico das folhas, foi usado um pincel 000 para fazer o contorno e as nervuras, em seguida, uma camada bem diluí-
  • 70. 7 0 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) da de Payne’s Gray trabalhando as sombras. A próxima camada, com o verde encontrado, também diluída, preservando as áreas onde o brilho fi- ca azulado por causa do Payne’sGray. Quando o papel já estiver bem seco, outra camada do verde mais in- tenso,trabalhandoumaaumaaspar- tes menores mais escuras das folhas. Figura 5 ­- Folha em aquarela Primeira flor em aquarela (Fi- gura 6). O contorno das pétalas foi feito com o pigmento na cor S. Lake, em seguida, uma camada bem diluída comamesmacor.Apóssecarestaca- mada, foi usada a cor Cadmium Reed para pintar as áreas mais escuras. Sépalas nas cores Burnt Sienna e P. Maroon, começando pelas flores de baixo que logo começam a cair. As sépalas de baixo são mais avermelha- das que as de cima da inflorescência onde foi acrescentada a cor sépia. Figura 6 - Pintura da primeira flor
  • 71. Segundaflorefrutoemaquarela (Figura 7). O fruto foi pintado em Burnt Umber e Sepia: primeiro, com uma camada bem diluída da mistura destas duas cores, depois, acrescen- tada aos poucos, a cor sépia nas sombras e também para representar a textura do fruto. A mesma mistura foi utilizada na semente, que foi reti- rada do fruto após ser retratado. Figura 7 - Segunda flor e fruto em aquarela
  • 72.
  • 73. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 7 3 Sobre os artistas Alexandre Viana Nascido em 29 de setembro 1971, em Florianópolis, Santa Catarina. Graduado em Arquitetura e Urba- nismo, em 2002, pela Universidade Federal de Santa Catarina. Frequen- ta os cursos e oficinas de ilustração cientifica e naturalista do Prof. Lean- dro Lopes, no Coletivo Artístico Na- Casa, em Florianópolis, desde 2009, desenvolvendo trabalhos em diver- sas técnicas, em especial gouache e aquarela, com particular interesse na área de Ictiologia. Participou de diversas exposições pelo país, com menções honrosas na I Exposição de Ilustrações de Orquídeas, na Câ- mara dos Vereadores de Florianó- polis em 2012, e Concurso de Ilus- tração Botânica do  63º  Congres- so Nacional de Botânica, em Joinvil- le. Possui produção editorial em li- vros paradidáticos infanto-juvenis, como “Florianópolis, a capital em uma ilha”, e “As Aves de Nossas Praias”(no prelo), ambos de Cristina Santos, e em diversas publicações científicas e didáticas. Diana Carneiro Ilustradora Científica autônoma com especialização em Ilustração Botâni- ca pelo Royal Botanic Gardens, (Kew, Inglaterra) como nona bolsista da Fundação Botânica Margaret Mee. Possui graduação em Curso Superior de Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná e graduação em Licenciatura em Ciências Físicas e Naturais pela Universidade Federal do Paraná (1968). Atuou como do- cente na Secretaria de Estado da Educação e Cultura, com alunos do Ensino Médio e demais atividades de pesquisa e extensão. Durante os anos de 1994 a 1996, em contrato temporário na Universidade Federal do Paraná, como docente. Membro fundador e docente do Centro de Ilustradores Botânicos do Paraná (CI- BP). Atualmente, além das propostas de Ilustração Científica, realiza asses- sorias, consultorias e palestras na área de ilustração botânica e científi- cademaneirageral.Tambémécoor- denadora do Curso Livre de Ilustra- ção Botânica, ofertado pelo CIBP
  • 74. 7 4 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) (Centro de Ilustradores Botânicos de Paraná). Autora do livro “Ilustração Botânica: Princípios e Métodos” (2012) pela Editora da UFPR. Diana Marques Natural de Portugal, atualmente re- side emWashington, DC. Editora as- sistente do Guild of Natural Science Illustrators Journal. Ilustradora autô- noma, estudante de doutoramento em Medias Digitais (aplicado à mu- seologia e visualização científica) pela UT Austin|Portugal, CoLab, Smithsonian’s National Museum of Natural History (USA). Com pós-gra- duação em Ilustração Científica pe- la Universidade da Califórnia, Santa Cruz, Califórnia, EUA, 2004 e pela Universidade Autónoma de Lisboa, 2003. Bacharel em Biologia pela Fa- culdade de Ciências da Universida- de de Lisboa 2002. Formação em Desenho pela Sociedade Nacional de Belas Artes, Lisboa, 1998. Fatima Zagonel Ilustradora Científica e comercial. Bolsista da Fundação Botânica Mar- garet Mee/RJ em 1999. No ano de 2000, juntamente com outros ilus- tradores, funda o Centro de Ilustra- ção Botânica do Paraná – CIBP. Des- de 2006 é membro da União Nacio- nal dos Ilustradores Científicos Bra- sileiros. Tem participado das se- guintes coleções: Royal Botanic Gar- dens – Kew – Londres/RU, Shirley Sherwood Collection – Londres/RU e Hunt Institute for Botanical docu- mentation – Pittsburgh/EUA. Iriam Sterling Graduada em Medicina pela Facul- dade de Ciências Médicas de Mi- nas Gerais (1984), com residência médica em Cirurgia Geral, concluí- da em 1987 na Fundação Hospita- lar do Estado de Minas Gerais – FHEMIG. Graduada em Belas Artes pela Escola de Artes da Universida- de Federal de Minas Gerais (1995) com dois bacharelados: em pintu- ra e gravura em metal. Pós-gradua- ção em Administração Pública pela Escola de Governo  da  Fundação João Pinheiro. Atualmente traba- lha no Hospital João XXIII da FHE- MIG e com  Ilustração  Científica, em especial a  Ilustração  Médica. Possui centenas de desenhos pu-
  • 75. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 7 5 blicados, tanto em periódicos co- mo em livros didáticos, como o li- vro publicado “Corpo Humano – órgãos, sistemas e funcionamen- to”, pela Editora SENAC. Marcos Antônio Santos Silva Possui graduação em Ciências Bio- lógicas pela Universidade de Brasí- lia (1984), mestrado em Ciências Biológicas (Biologia Molecular) pela Universidade de Brasília (1988) e doutorado na área de Imunologia Molecular pela UniversitätStuttgart , Dr. rer. nat. (1994). Atualmente é professor adjunto IV da Universida- de de Brasília. Em 1999, fundou o Núcleo de  Ilustração  Científica do Instituto de Biologia na UnB, o qual coordena. Tem experiência na área de Biologia Molecular e Zoologia, com ênfase em Coleópteros, atuan- do principalmente nos seguintes temas: Ilustração Científica (Ilustra- ção em Zoologia e Botânica), Siste- mática e História Natural de Cole- ópteros do Cerrado. Em 2001 rece- beu a bolsa artística da Fundação Botânica Margaret Mee para o Royal Botanic Gardens, (Kew, Inglaterra). Maura Piccoli Natural de São Paulo. Licenciada em Pintura e Desenho geométrico pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Em 1998, após curso com Diana Carneiro no jardim Botâ- nico de Curitiba, dedicou-se total- mente à ilustração Botânica. No ano de 2000, juntamente com outros ilustradores, funda o Centro de Ilus- tração Botânica do Paraná – CI- BP. Desde 2006 é membro da União Nacional dos Ilustradores Científi- cos Brasileiros. Tem participado em diversas exposições no Brasil e exte- rior. Algumas premiações em Mia- mi, no México, na Fundação Marga- reth Mee – Rio de Janeiro e I Con- curso Latinoamericano y Del Caribe. Possui trabalhos publicados em li- vros, revistas, pôsteres, cartões, ró- tulos, calendários e folders. Oscar Akio Shibatta Concluiu graduação em Ciências Biológicas pela Universidade de Brasília (UnB), em 1989, mestrado em Ecologia e Recursos Naturais pelo Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal
  • 76. 7 6 L E A N D R O LO P E S , M A R I A I N É S C A S T I Ñ E I R A ( O R G A N I Z A D O R E S ) de São Carlos (UFSCar), em 1993 e doutorado em Ecologia e Recursos Naturais pela mesma instituição, em 1998. Professor Associa- do  da  Universidade Estadual de Londrina, PR, onde ministra aulas relacionadas à Zoologia em nível de Graduação e de Pós-Graduação. Dedica-se principalmente à ilustra- ção de peixes, mas se interessa pe- la  ilustração  de animais em geral. Fez  ilustrações  de peixes a pedi- do  da  Itaipu Binacional, publicou um livro com 40 peixes do Brasil e colaborou como ilustrador em ou- tras publicações. Ministra minicur- sos relacionados à ilustração de pei- xes em eventos de âmbito nacional como o Encontro Brasileiro de Ilus- tradores Científicos, Congresso Bra- sileiro de Zoologia e Encontro Brasi- leiro de Ictiologia, entre outros. É natural de Jales, SP. Rogério Lupo Graduou-se em Ciências Biológicas pela Universidade de São Paulo (USP), em 1997, iniciando-se em pesquisa em botânica taxonômica sob orientação de José Rubens Pira- ni. Estudou desenho clássico e pin- tura com Angel Martínez. Atua co- mo  ilustrador  biológico freelancer desde 1998, voltado principalmente para o meio acadêmico. Pesquisa, desenvolve e/ou resgata e leciona técnicas diversas que se adequem à representação científica. Possui pre- miações em concursos de ilustração botânica nacionais e internacionais. Rosane Quintella Nascida em São Paulo-SP. Graduada em Artes Plásticas pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná-EM- BAP. Bacharelado e Licenciatura em Biologia pela Universidade Católica do Paraná (PUC). Décima sétima bolsista da Fundação Botânica Mar- garet Mee para o Royal Botanic Gar- dens, (Kew, Inglaterra). Realizou tra- balhos em pintura (Dioramas) para museus no Paraná. Atualmente le- ciona cursos de aquarela botânica no CIBP, em Curitiba, e trabalha co- mo ilustradora. Leandro Lopes de Souza Ilustrador científico autônomo com produção mais acentuada em publi- cações na área da taxonomia botâni-
  • 77. A N ATO M I A D E U M A I LU S T R A Ç Ã O : O S B A S T I D O R E S D A I LU S T R A Ç Ã O C I E N T Í F I C A 7 7 ca. Possui produção editorial em li- vros paradidáticos infanto-juvenis. Ministra aulas de ilustração naturalis- ta e científica desde 2003 em Floria- nópolis,ondemora.Conquistouprê- mios nacionais na categoria de ilus- tração de zoologia (Sociedade Brasi- leira de Zoologia - 2004 e Folha de São Paulo - 2004). Participou em ex- posições coletivas de ilustração cien- tífica: Londrina (2004), Belo Horizon- te (2006), Curitiba (2008), Ythaca/ NY/EUA(2008),RiodeJaneiro(2013). Administra o coletivo artístico NA- CASA em Florianópolis. Maria Inés Castiñeira Professora da Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), atua nos cursos de Computação, Siste- mas de Informação e Design. Pos- sui graduação e mestrado na área de Computação pela Universidade de São Paulo (ICMC-USP) e douto- rado, pela mesma universidade, com intercâmbio na Universidade Técnica de Hamburg-Harburg (TUHH), Alemanha. Possui diversas publicações científicas, principal- mente na área de Engenharia de software e ensino de informática. Já organizou diversos eventos como o IWORKCOMP-SUL ou a ERI-SC 2005 (ambos na área de informática). Desde 2006, realiza formação com- plementar em diversas técnicas da ilustração científica e naturalista com o Prof. Leandro Lopes, no Co- letivo Artístico NaCasa, com ênfase para grafite e aquarela. Nesse perí- odo, participou em diversas exposi- ções coletivas de ilustração natura- lista em Florianópolis.
  • 78. A Universidade que transforma A Unisul – Universidade do Sul de Santa Catarina – nasceu em Tubarão, hoje uma cidade de referência em educação e saúde. Cria- da há meio século por lei municipal, a Unisul transformou-se em um importante alicerce do desenvolvimento social de toda a região. As atividades que presta às comunidades enaltecem as suas qualidades de Universidade Comunitária. A UnisulTV – canal aberto – é a emis- sora com a maior programação local, somando 12 horas por dia. A formação de centenas de novos profissionais a cada semestre não resume a sua missão. A visão empreendedora que norteia seu desempenho contribuiu para a constituição de novas empresas e serviços, tanto na região Sul do Estado quanto na Grande Florianó- polis. As pesquisas, além de enriquecer as atividades de pós-gradu- ação, têm resultado em benefícios à sociedade em diversas áreas, principalmente as tecnológicas e de saúde. A Unisul está presente em todo o Brasil e em outros países, for- mando profissionais através de seus cursos virtuais. E dezenas de es- trangeirosparticipamdecursospresenciaisdaUnisulemFlorianópolis. O universo da Unisul é tão amplo quanto a sua preocupação permanente de preparar os cidadãos para os desafios de um mun- do sem fronteiras. UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA
  • 79. Sebastião Salésio Herdt REITOR Mauri Luiz Heerdt VICE-REITOR E PRÓ-REITOR DE ENSINO, PESQUISA E DE EXTENSÃO Mirian Maria de Medeiros SECRETÁRIA-GERAL DA REITORIA Willian Máximo CHEFE DE GABINETE Valter Alves Schmitz Neto PRÓ-REITOR DE OPERAÇÕES E SERVIÇOS ACADÊMICOS Luciano Rodrigues Marcelino PRÓ-REITOR DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL Heitor Wensing Júnior DIRETOR DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TUBARÃO Hércules Nunes de Araújo DIRETOR DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DA GRANDE FLORIANÓPOLIS Fabiano Ceretta DIRETOR DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO UNISULVIRTUAL Ildo Silva da Silva ASSESSOR DE PROMOÇÃO E INTELIGÊNCIA COMPETITIVA Lester Marcantonio Camargo ASSESSOR JURÍDICO