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o livro.Ieorie da usitieqem d;;s mat~riai$ contém todos os princípios básicos
sobre os processos de usínagem, apresentando os modelos e conceitos
imprescindíveis ao engenheiro envolvido com a matéria. A nomenclatura e a
simbofogia específicas da usinagem dos materiais são as mais atualizarias e a
aplicação destas é claramente exemplificada. A obra mostra, de maneira clara
e didática, a formação de cavacos, com modelos teóricos consagrados, os quals
permitem não só o entendimento mas também a aplicação nos cálculos de força
e potência de usinagem. Esses conceitos se aplicam a qualquer outro processo
de usinagem, independentemente dos materiais usinados, mesmo em compósitos
hoje largamente utilizados ria indústria aeroespacial. Os modelos permitem a
previsão de resultados, bem como a seleção de máquinas e equipamentos.
o livro aborda também os mais recentes avanços em materiais para ferramentas,
de corte, suas aplicações e vantagens, proporcionando uma visão bastante
atualizada das melhores práticas em usinagem de materiais. Além desses
tópicos, o texto apresentamodelos para avaliação econômica das operações
de usinagem, mostrando como as condições de corte, avanço, velocidade e
profundidade de corte podem tornar os processos mais produtivos, Por último,
os processos abrasivos são descritos e analisados com base nas mais recentes
descobertas científicas nesta importante área de acabamento da usinagem.
TEGíWi DA US!NRGEIi 0,13 ~
II!U JIIIIID.llUllaU'-ldUI fh
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Álisson Rocha Machado
Alexandre Mendes Abráo .
Reginaldo Teixeíra Coelho.
Márcia Bacci da Silva
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Rosalvo Tiago Ruffino
Revisor Técnico
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.4IL EDITORA 50 anos
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www.bJucher.com.br
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© 2009 Álisson Rocha Machado
Alexandre Mendes Abrão
Reginaldo Teixeira Coelho
Márcio Baccí da Silva
F' edição· 2009
É prozoída: (t tepró1tuçcW total 00;pw cial
por quaisquer meios sem ciuorização
escrita da editora
a. = penetração de trabalho (mm)
aI = penetração de avanço (mm)
ap
'" profundidade ou largura de usinagern (mrn)
A = área da seção transversal de corte, área aparente entre
duas superfícies em contato (rnm')
A = fator de forma da fonte de calor, Equação (5.28)
AI = fração de energia de deformação transfornada em calor, Equação (5.15)
Ail = área de contato real entre duas superfícies em contato (mrrr')
b = largura de corte (mm)
bd = largura atuante do dressador (mm)
C = custos CR$); constante par ferramenta-peça - Equação (5.1)
BJ = proporção de calor queflui do plano de cisalhamento para a peça, Equação (5.15)
Bz = proporção de calor que flui da interface cavaco-ferramenta para o cavaco
c = calor específico dos materiais (JI'..<g.K)
d = diâmetro da peça (mrn)
d, = diâmetro do rebolo (mm)
dw
= diâmetro da peça sendo retificada (mm)
De = diâmetro do cortador em fresamento (rnm)
e" = extensão da parte plana do quebra-cavacos tipo II- cratera (mm)
f = avanço (rnm/rev)
fc = avanço de corte (rrun)
1. = avanço efetivo (:rnrn)
1. = avanço por dente (mm/dente)
F = força tangencíal sobre uma superfície em atrito (N)
Fc.p = força de apoio (N)
Fo = força de corte (N)
FI = força de avanço (N)
F" = força passiva, ou de profundidade (N)
F,,' = força de compressão (N)
EDITORA EDGARD BLÜCHER LTDA
Rua Pedroso Alvarenga, 1245 - 42 andar
04531-012 - São Paulo, SP - Brasil
Fax: (55_11) 3079-2707
Te1.: (55_11) 3078-5366
e-mail: editora@blucher.com.bt
site: www.editora.com.br
, Impresso no Brasil Printed en: Braeii
ISBN 978-85-212-0452-7
COtifOrm.t1
Acordo Ortogr4fico
da.LCngl.LCL Portuguesa.
FICHA CATALOGRÁFICA
Teoria da usínagern dos materiais I Álisson Rocha Machado -
Alexandre Mendes Abrão - Regínaldo Teíxeira Coelho - Márcio Bacci
da Silva; Rosalvo Tiago Ruf:fino, revisor técnico. - São Paulo: Editora
, Blucher, 2009.
Bibliografia.
ISBN 978-85-212-0452-7
1. Materiais - Usinagern. I. Machado, Álisson Rocha. Il, Abrão,
Alexandre Mendes. II!. Ooelho, Reginaldo Teíxeíra. N. Silva,
Mareio Bacci da.
CDD-670
índices para catálogo sistemático:
1. Materiais: Usínagem : Teoria: Tecnología 670
2. Usinagem dos materiais: Teoria: Tecnologia 670
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iv TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Simbologia Usada v
F,y ::::projeção da força principal de corte sobre a superfície de saída
da ferramenta na sua direção normal (N)
FIIZ
= projeção da força principal de corte sobre o plano de cisalhamento
na sua direção normal (N)
F; = projeção da força principal de corte sobre a superfície de saída
da ferramenta na Slla direção tangenciaJ (N)
Pa
, = potência ativa (W)
Pc = potência de corte (kW)
P
I
= potência de avanço (kW)
Fm.c ::::potência do motor de acionarnento do eixo árvore (kVl)
Pml
::::potência de acionamento do sistema de avanço (kW)
Pti potgncía r@iltivil (1')1)
)
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FrR = força ativa (N)
Fu ::::força resultante de usínagern (N)
Fz = projeção da força principal de corte sobre o plano de cisalhamento
na sua direção tangencíal (N)
= razão entre o volume de material usínado, Zw, e o de rebolo consumido, Zs
= espessura de corte (rnm)
h' ::::espessura do cavaco (mm)
h", '" espessura de corte equivalente em retificação (rnm)
hm '" espessura média de corte no fresamento (mm)
'" corrente elétrica (A)
leI '" corrente eficaz (A)
k = constante na Equação (3.20), condutividade térmica do material (W/m.K)
ks ::::pressão específica de corte (N/nunZ)
ksi ::::pressão específica de corte proporcional à espessura de corte (N/mm2·mm(J·?))
K == difusividade térmica igual k/cp Cm~/s),constante da Equação de Taylor
= comprimento do traço do plano de cisalhamento sobre o plano de trabalho (mm)
= comprimento de contato ferramenta-cavaco sobre a superfícíe de saída,
comprimento de contato rebolo-peça (mm)
::::distância entre a aresta de corte e o centro do raio de curvatura do cavaco (mm)
::::extensão do quebra-cavacos postiço (mm)
= comprimento de contato dentro da zona de aderência na interface
cavaco-ferramenta (mm)
== parãmetro de velocidade para a Equação (5.31)
LI = percurso de avanço (mm)
Lc = percurso de corte (mm)
L, == percurso efetivo (mm)
== rotação da peça, ou ferramenta (rpm); característica do par ferramenta-peça,
Equação (5.1)
= número de trocas de arestas de corte
= força normal sobre uma superfície em atrito (N)
= potência de retificação 0VJ
== potência aparente 01.A)
q = energia específica na forma de calor ('-111m2)
Q = energia na forma de calor CW)
r, = raio de ponta da ferramenta (rnm)
Te = raio de curvatura do cavaco (mm)
T}j ee raio de cunha da ferramenta (rnm)
R = proporção de calor que flui da fonte do corpo semí-ínfmíto, resistência elétrica (Q)
R, '" grau de recalque
S '" altura do quebra-cavacos postiço (mm)
S = área do cavaco indeformado, ou da seção de corte (mrnê)
S. = passo de dressagem (rnrn/rev)
S1I = relação entre a variação de resístêncía elétrica e a variação de comprimento
Sz == área do plano de cisalhamento (mrn-)
t = tempo (s), altura do quebra-cavacos postiço (mm)
T == tempo de vida de uma aresta de corte (mín)
To == temperatura ambiente ('C)
Tz ::::temperatura devido ao cisalhamento CC)
Ud '" grau de recobrimento na dressagem de rebolos
"» = velocidade de mínimo custo (rn/rnín)
v == velocidade de corte (m/mín)
v.ou == velocidade de saída do cavaco (rn/rnín)
v, = velocidade efetiva (m/mín)
vf
::::velocidade de avanço (mrnlmin)
vm."1' = velocidade de maxírna produção (ro/min)
Vs = velocidade do rebolo em retificação (rn/s)
Vw == velocidade da peça sendo retificada (mmls)
v: = velocidade de císalhamento (m/rnín)
V '" tensão elétrica (V)
V:f
:: tensão eficaz 0l)
Vg> Vb, e VI' = volumes de abrasivos, ligantes e de poros, respectivamente (%)
TV = trabalho mecânico (JI)
z = número de aresta de corte da ferramenta
Z :o número de peças em um lote
G
h
I
L'
l,
Ir
In
L
n
vi TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS
Zs '" volume de rebolo consumido (mm-)
Zr '" número de peças usínadas com uma aresta de corte no tempo de vida T
Z,. = volume de material retificado (mm')
(l-z) = expoente da Equação de Kienzle
0-
0
- ângulo de folga da.ferramenta
~o :: ângulo de cunha da ferramenta; razão entre as forças tangencíal e normal
sobre a superfície de saída da ferramenta
W ::: ângulo de atrito médio sobre a superücíe de saída da ferramenta,
sob ação do cavaco
~z ::: coeficiente de atrito interno. sobre o plano de cisa1hamento
Xr :::: ângulo de posição da ferramenta
t,Y :;::
espessura da lamela de cavaco (mrn)
t.S ::::deformação por clsalharnento (rnm)
e :::deformação verdadeira
eo :::grau de deformação no cisa.lhamento
e, :::ângulo de ponta da ferramenta
<p :::: ângulo da direção de avanço
4 :::ângulo de cisalhamento
10 :::: ângulo de saída da ferramenta
J.L ::: coeficiente de atrito para o caso governado pelo modelo de Coulomb
p == ângulo entre a força de usinagern Fu e a componente FN; densidade (kg/m");
resistividade elétrica (Q)
crJ
:::: tensão normal limite para transição entre o atrito seco de Coulomb e o atrito
de cisalhamento do material mais fraco sem zona de transição (N/mm2)
crj
'" tensão normal limite para transição entre o atrito seco de Coulomb e o atrito
de cisalhamento do material mais fraco com zona de transição CN/mmZ)
ar. = tensão de compressão sobre a superfície de saída da ferramenta (N/mm2)
)f4. =: tensão normal média que atua na superfície de saída da ferramenta (N/mm2)
0z = tensão normal sobre ao plano de císalharnento (N/romZ
)
't
s
, '" tensão de cisalhamento liroite para-a proporcionalidade entre atrito seco
e de císalharnento (N/mmZ)
'tz .= tensão de císalhamento sobre o plano de cisalhamento (N/mmZ)
v =: coeficiente de Poísson
í[ := ângulo da direção efetiva de corte
e = temperatura (K, °C):
Às = ângulo de inclínação da ferramenta
INTRODUÇÃO À TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS 1
1.1 Principais operações de usinagem . 5
1.2 Grandezas físicas no processo de corte. 13
1.2.1 Movimentos '" 13
1.2.2 Direções dos movimentos 14
1.2.3 Percursos da ferramenta na peça............................................ 16
1.2.4 Velocidades 16
1.2.5 Conceitos auxiliares 17
1.2.6 Grandezas de corte 19
1.2.7 Grandezas relativas ao cavaco 21
Referências bibliográficas....... 23
2 GEOMETRIA DA FERRAMENTA DE CORTE : :...... 24
2.1 Definições 24
2.2 Sistemas de referência........................................................................ 27
2.2.1 Planos do sistema de referência da ferramenta..................... 27
2.2.2 Ângulos do sistema de referência da ferramenta......... 33
2.3 Funções e influência dos principais ângulos da cunha cortante 38
2.4 'Outros atributos da cunha cortante 39
Referências bibliográficas , : '" 40
3 FORMAÇÃO DE CAVACOS.......................................................................................... 41
3.1 Corte ortogonal. 43
3.2 Relações cinemáticas e geométrícas no corte ortcgonal.i....; 45
3.3 Tipos de cavacos.................................................................................. 50
3.3.1 Cavacos contínuos................................................................... 51
3.3.2 Cavacos parcialmente contínuos 52
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viii Conteúdo íx
TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS
3.3.3 Cavacos descontínuos 53
3.3.4 Cavacos segmentados 53
3.4 Formas de cavaco :........ 55
3,5 Controle do cavaco , , , 57
3.5.1 Quebra-cavacos postiço 59
5 TEMPERATURA NO PROCESSO DE USfNAGEM. 113
5.1 Temperatura na formação de cavacos: Modelo de Trígger E. Chao 124
5.2 Temperatura na formação de cavacos: Modelo de Loewen e Shaw 128
5.2.1 Temperatura no plano de cisalhamento (Tz) 136
5.2.2 Temperatura na interface ferramenta/cavaco (Tf): 138
3.5.2 Quebra-cavacos mtegrãl, tipo 1: anteparo 59
3.5.3 Qu.ebra-cavacos integral, tipo II: cratera.... 60
3.6 Interface fenamenta/cavaco............................................................... 63
3,6.1 Atrito no corte de metais 65
3.6.2 Zona de aderência 69
3.6.3 Zona de escorregamento......................................................... 71
3.6.4 Aresta postiça de corte CAPC) 71
3.6.5 Influência das diferentes condições da interface
nas variáveis do processo..... 72
Referências bibliográficas 75
5.3 Temperatura na formação de cavacos: FEM (Método dos
elementos finitos) 143
5.4 Temperatura na formação de cavacos: estimativas experimentais .. 144
5.4.1 Termopares inseridos na ferramenta 145
5,4.2 Termopar ferramenta/peça 148
5.4.3 Radiação infravermelha 150
5.4.4 Vernizes termosensíveis................................ 151
5.4.5 Propriedades metalográficas. 152
5.4.6 Sais com diferentes temperaturas de fusão 154
5.4. 7 Filmes depositados por PVD.... 154
Referências bibliográficas.............. 155
FORÇA E POTÊNCIA DE UStNAGEM......................................................................... 77
4.1 Força de usinagern no corte oblíquo (trídímensional) 77
4.2 Força de usinagem no corte ortogonal (bidimensional) 79
4.2.1 Tensões no plano de cisalharnento secundário...................... 82
4.3 Determinação teórica do ângulo de cisalhamento..................... 83
4.3.1 Teoria de Ernst e Merchant........ 83
4.3.2 Teoria de Lee e Shaffer 85
4.4 Determinação teórica da força de corte.................................... 90
4.4.1 Determinação teórica da pressão específica de corte
no tomeamento , ,.............................. 93
4.4.2 Determinação teórica da pressão específica de corte
no fresamento........................... 96
4.5 Determinação experimental da força de usínagem (métodos de
medição) ~............................................................ 98
4.5.1 Princípio de medição por extensômetros (straín gauges).... 98
4.5.2 Princípio de medição por cristais píezcelétricos " 104
4.6 Fatores que influenciam a força de usínagem 105
4.7 Potência de usínagern.. 105
4,8 Medição de potência em usínagem 107
Referências bibliográficas....................................... 111
6 FLUIDOS DE CORTE 157
6,1 Funções dos fluidos de corte 158
6.2 Classificação dos fluidos de corte 161
6.2.1 Óleos , 162
6.2.2 Emulsões , 162
6.2.3 Soluções 163
6.3 Aditivos 164
6.4 Considerações a respeito da utilização de fluidos de corte 165
6.5 Direções de aplicação do fluido de corte 167
6.6 Métodos de aplicação dos fluidos de corte 168
6.7 Seleção do fluido de corte 170
6.7.1 Recomendações quanto ao material da peça 170
6.7.2 Recomendações quanto ao material da ferramenta 172
6.7.3 Recomendações quanto à operação de usinagem 173
Referências bibliográficas 174
7 MATERIAIS PARA FERRAMENTAS DE CORTE........................................................ 176
7.1 Aços-carbono e aços ligados 177
7.2 Aços rápidos. 179
x TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Conteúdo
7.2.1 Aço rápido revestido 187
7.2.2 Aço rápido produzido pela metalurgia do pó 188
7.3 Ligas fundidas......... 189
7.4 Metal duro : 192
741 F2bricação do met.al duro . .. 197
9.1.2 Cálculo teórico da rugosidade no processo
de tornearnento 284
9.1.3 Cálculo teórico da rugosidade para a operação
de fresamento.......................................................................... 285
9.1.4 Medição da rugosidade 286
D.U) Efeitos de alguns parâmetros de llsínagem na rugosidade 288
7.4.2 Metal duro revestido 200
7.5 Cermets...... 206
7.6 Cerâmicas 208
7.6.1 Cerâmica à base de AlzO$ 211
7.6.2 Cerâmica à base de Si3
N4
..•.••.......•..•.........•.•..•.•..•.•.•...•.•.•.•..... 214
7.7 Materiais ultraduros para ferramentas 216
7.8 Seleção de materiais para ferramentas de usínagern ,......... 222
Referências bibliográficas...... 227
9.2 Alterações subsuperfíciais 292
9.2.1 Alterações de natureza mecânica 292
9.2.2 Alterações de natureza metalúrgíca.... 293
9.3 Avaliação da integridade superficiaL : 293
9.3.1 Tensão residual 294
9.3.2 Fadiga : , 298
9.4 Influencia dos parârnetros e da operação de usinagem sobre
. a integridade superficial........... 299
Referências bibliográficas 302
8 AVARIAS, DESGASTES E MECANISMOS DE DESGASTE
DAS FERRAMENTAS DE CORTE................................................................................ 231
8.1 Avarias nas ferramentas de corte....... 233
8.1.1 Avaria de origem térmica 234
8J2 Avarias de origem mecânica 242
8.2 Desgaste nas ferramentas de corte 246
8.3 Mecanismos de desgaste 251
8.3.1 Deformação plástica superficial por císalhamento a altas
temperaturas (Figura 8.19) 252
8.3.2 Deformação plástica da aresta de corte sob altas tensões
de compressão (Figura 8.19) 254
8.3.3 Difusão (Figura 8.19) 256
8.3.4 Aderência e arrastamento: attritíon (Figura 8.19) , 258
8.3.5 Abrasão (Figura 8.19) : 260
8.3.6 Desgaste de entalhe (Figura 8.19) 262
8.4 Curva de vida das ferramentas 267
Referências bibliográficas 273
10 CONDIÇÕES ECONÔMICAS DE CORTE 305
10.1 Cálculo da velocidade de máxima produção (Vm,xp)............... 306
10.2 Cálculo da velocidade econômica de corte 010
) .•••••••••••.••.•..••••..•••.• 311
10.3 Intervalo de máxima eficiência ermer) · 316
Referências bibliográficas 317
11 USfNAGEM POR ABRASÃO 318
11.1 Grandezas físicas das operações de retificação 321
11.2 Rebolo..................................................................... 324
11.3 Mecanismo de corte na retificação 330
11.4 Dressagern 332
11.5 Forças e potência de retificação....................................................... 335
11.6 Temperatura de retificação ; 337
11.7 Pluidos de corte................. 340
11.8 Operações especiais de retificação 341
11.8.1 Retificação creep feeâ 341
11.8.2 Retificação sem centros (centerless) 342
Referências bibliográficas....... 344
9 INTEGRIDADE SUPERFiCiAL...................................................................................... 276
9.1 Rugosidade 278
9.1'. Parãrnetros para a quantificação da rugosídade 280
12 ASPECTOS TECNOLÓGICOS E RECOMENDAÇÕES................................................ 345
12.1 Aços-carbono e ligados 348
12.2 Aços ínoxidáveis.; 350
xi
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xii TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS
12.3 Ferro fundido (FoFo) 353
12.4 Ligas termo-resistentes e superligas (HSTR, do inglês Hígh
Strenght Thermal Resistant Superalioys) :.......... 356
12.5 Cornpósitos 359
12.6 Materiais endurecidos 359
)
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12.7 Efeitos de diversos elementos de liga na usinagem 361
Referências bibliográficas........... 363
APÊNDICE A 1- Valores dos coeficientes da equação de Kienzle para o
Torneamento dos principais materiais metálicos
(catálogo Sandvik, 2002.8) 364
Até meados do século XVTII, o principal material utilizado para peças, em
engenharia, era a madeira, salvo raras exceções, a qual era usinada com ferra-
mentas de aço-carbono. Com a Revolução Industrial, novos e mais resistentes
materiais apareceram, impulsionando o desenvolvimento dos aços-liga como fer-
ramentas de corte. Mais tarde, a utilização da água e do vapor como fontes de
energia impulsionaram a indústria metal-mecânica, já no final do século XVIII e
Início do século XIX, propiciando assim o aparecimento de máquinas-ferramentas
responsáveis pela fabricação de outras variedades de máquinas e instrumentos
em substituição ao trabalho humano em diversas atividades. A primeira contribui-
ção relevante foi apresentada por John Wilkinson, em 1774 (McGEOUGH; 1988),
ao construir uma máquina para mandrilar cilindros de máquinas a vapor, os quais
antes eram usinados com equipamentos originalmente projetados para rnandrilar
canhões e que, portanto, não eram capazes de assegurar a exatidão exígida.
Os materiais a princípio utilizados na fabricação de máquinas a vapor eram
o ferro fundido, o latão e o bronze, facilmente usinados com as ferramentas de
aço-carbono temperado disponíveis na época. Ainda assim, eram necessários
27,5 dias de trabalho para mandrilar um dos cilindros de uma máquina de gran-
de porte (TRENT, 1985).
Em 1797, Henry Maudslay desenvolveu o primeiro torno com avanço au-
tomático, permitindo a produção de roscas com passo defuudo, Após a rnan-
driladora e o torno surgiu a plaínadora e, em 1860, a retíãcadora. A primeira
. fresadora universal, desenvolvida por J. R. Brown, surgiu em 1862 e foi utilizada
Inicialmente para a produção de canais em brocas helicoidais. Outro desenvol-
vimento importante ocorreu em 1896, quando F. W. Fellows desenvolveu uma
máquina capaz de produzir praticamente qualquer tipo de engrenagem.
Já no século XX surgiram produtos feitos de materiais mais duráveis e,
consequentemente, mais diliceis de serem usínados. O advento das ferramentas
de aço rápido, e mais tarde de carboneto de tungstênio, permitiu a usínagern de
APÊND ICE A2 - Valores dos coeficientes da equação de Kienzle para o
Fresarnento dos principais materiais metálicos
(catálogo Sandvik 2002.2) 367
2 TEORIA DA UStNAGEM nos MATERIAIS Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais
aços e de 'outros materiais metálicos com produtividade crescente, também fa- .
vorecída pelos avanços tecnológicos no campo das máquinas-ferramentas, como
o desenvolvimento de máquinas automáticas e, mais tarde, de máquinas coman-
dadas numericamente (CN). Por fim, a partir da década de 1940, os processos
não convencionais de usinagem passaram a ganhar importância nela capacidade
de UJ.-r método em particular vai depender de um grande número de fatores.
Além disso, na maioria das vezes, o produto final é resultado de muitos proces-
sos diferentes. Na .seleção de processos, segundo Kalpakjían (1995), os seguin-
tes fatores devem ser considerados:
• Tipo do material e suas propriedades.
de produzir peças de geometria complexa em materiais de difícil usínabilidade,
garantindo assim acabamento de elevada qualidade e tolerâncias estreitas.
Segundo Kalpakjian (1995), em países industrializados, a atividade ma-
nufatureíra responde por 20% a 30% do Produto Interno Bruto e serve de indi-
cativo confiável do padrão de vida da população do país. Em um contexto mais
amplo, a manufatura pode ser entendida como o processo de transformação de
matérias-primas em produtos acabados, seguindo planos bem organizados em
todos os aspectos. Dessa forma, os mais diversos bens de consumo são produ-
zidos, desde um simples parafuso até uma. aeronave comercial de grande porte
(aproximadamente seis milhões de peças), passando pelo automóvel (cerca de
quinze mil peças). Já o termojabricação é empregado de forma mais restrita,
limitando-se aos processos nele envolvidos.
Para se ter uma idéia dos fatores relacionados à. atividade rnanufatureira ,
Kalpakjian (1995) usa o exemplo da produção de um simples artigo: o clipe.
Primeiro ele deve ser projetado para atender ao seu requisito funcional: manter
juntas várias folhas de papel. Para tanto, deve exercer força suficiente a fim de
evitar o deslízamento de uma folha sobre a. outra. Geralmente, é feito de arame
de aço, embora hoje se encontrem no mercado clipes de plástico. O comprimento
do arame necessário à sua fabricação. é cortado e então dobrado várias vezes ,
para dar forma final ao produto. Por sua vez, o arame é feito por um processo de
tre.filação a frio, no qual a seção transversal de uma barra é reduzida ao passar
por uma matriz (ou fíeíra) , a qual também confere algumas propriedades mecâ-
nicas ao material, corno resistência mecânica e dureza. A barra, por sua vez, é
obtida por processos como trefílação e extrusão de um lingote fundido. Portanto,
a fabricação de um simples clipe envoíve projeto, seleção de material adequado
e de um método de fabricação para atender aos requisitos de funcionalidade do
produto. As escolhas são feitas não somente com base em requisitos técnicos,
mas também com base em considerações econômicas, visando rnínímízar os cus-
tos de produção para que o produto possa ser competitivo no mercado.
Nos processos de fabricação, geralmente haverá mais de um método que
poderá ser empregado para produzir um determinado componente. A seleção
• Propriedades finais desejadas.
• Tamanho, forma e complexidade do componente.
• Tolerâncias e acabamento super.ficial exigidos.
• Processo subsequente envolvido.
• Projeto e custo de ferrarnental; efeito do material na vida da ferramenta
ou matriz.
• Sucata gerada e seu valor.
• Disponibilidade do equipamento e experiências operacionaís.
• Leaâ time necessário para iniciar a produção.
• Número de partes requerídas e taxa de produção desejada.
• Custo total do processamento.
o engenheiro responsável deve ter, portanto, amplos conhecimentos dos
processos e dos materiais envolvidos. É evidente que a fabricação de um pro-
duto, seja ele um clipe, uma lâmpada, uma calculadora ou um automóvel, além
de conhecimentos de projeto, materiais e processos, requer também grande
interação entre os diversos departamentos da empresa. Quanto mais complexo
o produto, maior a necessidade de comunicação entre eles.
A Figura LI mostra a classificação dos processos ele fabricação (FERRA-
RESI, 1977), na qual se destaca a usinagem, objeto principal tratado neste livro.
Ao observar essa figura, a seguinte definição de usinagem pode ser extraída:
processo de fabricaçâo com remoção de cavaco. Uma definição mais abran-
gente é a seguinte: operação que ao conferir à peça forma, dimensões e
acabamento, produz cavaco. E por cavaco entende-se: porção de maiericu
da peça retirada pela ferramenta e caracterizada por apresentar forma
geométrica irregular.
A usínagem é reconhecidamente o processo de fabricação mais popular
do mundo, transformando em cavacos algo em torno de 10% de toda a produ-
ção de metais e empregando dezenas de milhões de pessoas (TRENT, 1985).
3
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TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais 5
Apesar dessa popularidade, trata-se de um processo bastante imprevisível e a
definição paradoxal que se segue relata com exatidão toda a sistemática que
o envolve: processo complexo e simples ao mesmo tempo) no qual se pro-
duzem peças removendo-se o excesso de material naforma de cavacos. É
um processo complexo devido às dificuldades em determinar as Imprevisíveis
A usinagem tem ainda a peculiaridade de ser um processo essencial-
mente prático e que envolve um elevado número de variáveis. Shaw (1984)
afirma que é praticamente impossível prever o desempenho no corte dos
metais. Entretanto, isso não significa que estudos detalhados dos processos
de usinagern não têm valor. Cada ponto fundamental que é detalhadament.e
COI [.diçõ-es-td-eats-de-corte:=E-stmMes
perque, uma-vez determ-lna(ias-essasc.on~
diçóes, o cavaco se forma corretamente, dispensando qualquer tipo de inter-
venção do operador. As condições ideais de corte são as capazes de produzir
peças dentro de especificações de forma, tamanho e acabamento ao menor
custo possível.
estudado e interpretado de maneira adequada contribui para o entendimen-
to do processo, o procedimento mais próximo da capacidade de prever seu
comportamento.
De acordo com Black (1995), a irnprevisíbilidade da usinagem se deve
ao fato de esse ser o único processo de deformação plástica cuja única res-
trição é oferecida pela ferramenta. de corte. Além disso, a usínagern envolve
altas deformações combinadas com altas taxas de deformação. A variedade
de opções para os parâmetros de entrada. do processo resulta em infinitas
combinações e há apenas três maneiras de lidar com tal complexidade: por
meio da experiência adquirida por sucessivas tentativas e erros ao longo dos
anos, além de comparações com situações análogas; por meio da experimen-
tação, que é onerosa, demorada e restrita a uma determinada situação, não
podendo ser generalizada; e por intermédio de modelos teóricos, que vão
desde modelos matemáticos símplístas até sofisticados modelos numéricos.
Em geral, nenhuma dessas abordagens é capaz de, sozinha, encontrar solu-
ções satistatõrias, sendo recomendada a combinação de duas delas, ou mes-
mo das três abordagens .
1.1 PRINCIPAIS OPERAÇÕES DE USINAGEM
A seguir, as principais operações de usinagem convencional executadas
com ferramentas de geometria definida são apresentadas e agrupadas de acordo
com a máquina-ferramenta empregada. As operações de usinagem por abra-
são, ou seja, realizadas com ferramenta sem geometria definida, serão tratadas
posteriormente. É importante salientar que todas as operações apresentadas a
seguir podem ser subdivididas em desbaste e acabamento. No desbaste, a prin-
cipal preocupação é garantir elevada taxa de remoção de material, sendo, por-
tanto, limitado pela potência da máquina-ferramenta. No acabamento, quando o
sobrernetal deixado pela operação de desbaste é removido, a qualidade final do
componente é príoritãría.
• Torneamento
• Fresamento
·.!·'Furaçáo ': . . t
. ~Aplainamento "
• Mandrilarnento .. ~
• Serramento
-Brochemento
• ·Roseamento
, Retificação ete.
• Convencional
, Com remoção I.Usinagem
·de cavaco t· .... ·.Jatod'água
, Jato abrasivo
• Fluxo abrasívo
-Ultràsorn
·.Eletro.química
• Não-convenctonalÍ" Eletroerosão '~
• "Feixe de elétrons i•
.t
't , Laser
··'Plasma
·-Química '~
'-Fotoquímíca ete. }
Processos de
fabricação
- 'Fundição
.: ·Soldagem
:: ·','Metalurgia
. ." "d~:pÓ'.. •..'Laminação
,!.semremoção: . - .: : 'Extrusão
..•... decavaco:·;:: 'Coriformaçáo:.Trsfifação
. . ., Forjamento
•Estarnpaçern
6 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAiS Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais
A Figura 1.2 mostra as principais operações realizadas no tomo. Nesses
casos, a peça gira em torno de seu eixo enquanto a ferramenta de corte realiza
os movimentos de avanço longitudinal elou transversal. Essas operações são:
~ Tomeamento cilíndrico externo.
• Torneamento cilíndrico interno.
As operações realizadas na furadeira são apresentadas naFigura 1.3. Aqui, a
ferramenta gira e realiza o movimento de avanço, que pode ser manual ou automático.
Normalmente, a qualidade de trabalho produzida pela operação de furação é ínferior a
ITll. Caso seja exígída uma qualidade superíor;o alargamento deve ser executado.
• Furacão.
• Torneamento CÔlÚCO externo.
s Torneamento CÔTÚCO interno.
" Faceamento.
• Perfilarnento.
li Sangramento.
• Recartilhamento.
• Furação com pré-furo.
K Furação escalonada.
" Furação de centro.
a Alargamento cilíndrico.
• Alargamento cônico,
" Rebaixamento.
li Ferramenta para trepanação.
" Furação profunda com broca canhão.
A operação de fresamento é reconhecida pela versatilidade na produção de
geometrias diversas, além de garantir elevadas taxas de remoção de material, vísto
que a ferramenta (fresa) possui múltiplas arestas de corte. Nesse grupo de opera-
ções, a ferramenta gira enquanto a peça, presa à mesa, é responsável pelos movi-
mentos de avanço longitudinal e transversal (Figura 1.4). Em situações especiais, a
peça pode ficar estática enquanto a ferramenta realiza todos os movimentos.
" Fresamento tangencíal (concordante ou discordante).
" Fresamento tangencial de canais ou de perfis.
a Fresamento de topo.
• Fresamento frontal.
a Fresamento com fresa de topo esférica.
• Fresamento de cavidades.
Além disso, o fresamento é o principal responsável pela fabricação de en-
grenagens. A Figura 1.5 ilustra os seguintes exemplos;
• Fresamento de engrenagens de dentes retos com fresa de perfil.
• Fresamento de engrenagens pelo processo Fellows.
. ~ Fresamento de engrenagens cônicas helícoidaís.
• Fresamento de engrenagens com par de fresas,
• .Fresamento de engrenagens com fresa caracol.
7
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8 TEORIA DA USfNAGEM OOS MATERIAIS Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais 9
10 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais
obrochamento é comumente empregado quando se deseja produzir furos
com formas diferentes da cilíndrica, A ferramenta (brocha) é tracíonada e a
passagem de dentes sucessivos provoca a abertura de um furo inicial, para o
perfil desejado. Elevada qualidade dírnensional e geométrica pode ser- conse-
guída em componentes produzidos em massa. Formas externas também podem
ser produzidas por meio dessa operação. A Figura 1.7 ilustra as operações de
brochamento interno e externo, bem como dá exemplos de peças produzidas
através dessa operação.
A abertura de roscas é uma operação bastante díversificada e que pode
ser realizada com o uso de dispositivos manuais ou por meio de máquinas-fer-
ramentas (tornos, fresadoras, rosqueadeiras etc.), dependendo principalmente
da taxa de produção esperada, mas também das dimensões da rosca. Roscas ex-
ternas podem ser produzidas por cossínetes (conhecidos como tarraxas) ou por
ferramentas de perfil único ou múltiplo (Figura 1.8). Já roscas internas podem
ser produzidas utilizando-se jogos de machos ou ferramentas de perfll único ou
múltiplo. A Figura 1.8 ilustra os seguintes exemplos:
o mandrilamento é realizado em um equipamento especíâco (mandrila-
dera), similar a uma fresadora de grande porte. Nessa operação, utilizada prin-
cipalmente no acabamento interno de furos cilíndricos e com perfis especiais, a
ferramenta é dotada dos movimentos de corte e avanço, enquanto a peça per-
manece estática Fi ura 1.6 , É particularmente interessante para a usínagem
de peças de gran es
11
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12 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS 13
Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais
a Roscamento externo com ferramenta de ponta única.
o Roscamento ínterno com ferramenta de ponta ÚIÚca.
• Roscamento interno com macho de corte.
• Roscamento externo com ferramenta multiarestas.
Roscamento interno com ferramenta multíarestas.
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• Roscamento externo com cossínete.
'j '''-..
s.> 1.2 GRANDEZAS FíSICAS NO PROCESSO DE CORTE
O princípio usado em toda mãquína-ferrarnenta para obter a superfície
desejada é providenciar um movimento relativo apropriado entre a peça e a fer-
ramenta, escolhida adequadamente. Assim, para o estudo da usinagern, é neces-
sária a definição das grandezas físicas no processo de corte. Anorma NBR 6162
- Mouimeruos e Relações Geométricas na Usinagem dos Metais: Terminolo-
gia trata justamente desses conceitos (ABNT, 1989). A seguir são apresentadas
algumas defmíções básicas extraídas dessa norma.
Os conceitos se referem a um ponto genérico da aresta cortante (gume),
dito "ponto de referência". Nas ferramentas de barra, esse ponto é fixado na
parte da aresta cortante próxima à ponta da ferramenta.
1.2.1 Movimentos
Os movimentos nas operações de usínagem são movimentos relativos
entre a peça e a aresta cortante e a peça considerada estacionária. Podem-se
14 TEOR!A DA USINAGEM DOS MATERIAiS Introdução à Teoría da Usinagem dos Materiais
~
,;
/-
"--distinguir dois tipos de movimentos: os que causam diretamente a saída de ca-
Jo vaco e os que não tomam parte diretamente na sua retirada.
f~ovímentos que causam diretamente a saída do cavaco:
Vi .•Movimento de corte: realizado entre a peça e a aresta de corte, o qual,
·G , - '" . , _ .
l!9-a de cavaCC!.,
• Mouimeruo de avanço: realizado entre a peça e a aresta de corte, o qual,
com o movimento de corte, provoca a t§tirada contínua de cavaco.
Movimento efetivo: resultante dos movimentos de corte e avanço, rea-
lizados ao mesmo tempo.(.1--,;-c<c.ç
'. i..p6·e:;·c.,.··,,· -
,J .
'..' i
;"". i..~/":~'~.
, .
Movimentos que não causam diretamente a formação do cavaco:
• Movimento de aproximação: realizado entre a peça e a aresta de cor-
te, por meio do qual arnbas se aproximam antes da usínagern.
••Movimento de ajuste: realizado entre a peça e a aresta de corte para
determinar a espessura de material a ser retirado.
• Movimento de correção: realizado entre a peça e a aresta de corte para
compensar o desgaste da ferramenta, ou outra variação (térmica, por
exemplo),
•. Movimento de recuo: realizado entre a peça e a aresta de corte com o
qual a ferramenta, após a usínagem, é afastada da peça.
-
~>:
1.2.2 Direções dos movimentos
Devem-se dístínguír as direções dos movimentos que causam diretamente
a retirada de cavaco:
• Direção de corte: instantânea do movimento de corte.
• Direção de avanço: instantânea do movimento de avanço.
• Direção efetiva: instantânea do movimento efetivo de corte.
Defuüções análogas são válidas para os movimentos que não causam
diretamente a retirada de cavaco. As Figuras 1.9, 1.10 e 1.11 ilustram essas
direções para O tornearnento, a furação e o fresamento tangencíal discordan-
te, respectivamente.
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i5 (
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)
16 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERiAiS 17
Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais
1.2.3 Percursos da ferramenta na peça
D Percurso de corte (Le): é o espaço percorrido pelo ponto de referência
da aresta cortante sobre a peça, segundo a direção de corte.
• Percurso de avanço (L}: ~ o espaço percorrido pelo ponto de referên-
cia da aresta cortante sobre a peça, segundo a direção de avanço. Nos
(1.1)
lr·d·n
Ve=---
1.000
Onde:
d :::;diâmetro da peça ou da ferramenta em mm
n ""
número de rotações por minuto (rpm)
[rn/rnín]
casos em que ha movJ.mento de avanço pnnClpal e lateral, devem-se
distinguir os componentes do percurso de avanço.
R Percurso efetivo (L;J: é o espaço percorrido pelo ponto de referência
da aresta cortante sobre a peça, segundo a direção efetiva do corte.
,," U::... Velocidade de avanço (v) é a velocidade instantânea do ponto de referên-
. /_'0 da '-da aresta cortante da ferramenta, segundo a direção e o sentido de avanço.
-'  0.
0
~:-
~.
>.>"~~
É dada pela Equação 1.2:
. ,;"/ '....  '':'./
Definições análogas são válidas para os movimentos que não tomam parte. ( .   "s"f· n
diretamente na retirada de cavaco. AFigura 1.12 ílustra os percursos da ferra~  ; 1 -~
'~ ,~ , ! Onde'
menta na operação de fresaroento tangencíal discordante.. f .. ;' ; 1 •
 ', ,->./.' f = avanço em mmlrev (mm por revolução)
'. ....'""""--- .-
"; n = número de rotações por minuto
[mm/rnín] (1.2)
Velocidade efetiva de corte (ve) é a velocidade instantânea eloponto de re-
ferência da aresta cortante da ferramenta, segundo a direção e o sentido efetivo
do corte. É calculada vetoríalmente como mostra a Equação 1.3:
-
V.=V,+V, [roJrnin] (1.3)
A seleção das velocidades de corte e de avanço (e consequentemente da
velocidade efetiva) mais adequadas depende da operação de usinagern e dos
materiais da ferramenta e da peça. Além destas, têm-se também as velocidades
de aproximação, de ajuste, de correção e de recuo. Embora não tomem parte na
retirada de cavaco, as velocidades de aproximação e recuo são particularmente
importantes em máquinas comandadas numericamente, visto que valores ele-
vados para tais velocidades contribuem para a redução do tempo total de fabri-
cação da peça. .
1.2.4 Velocidades
Velocidade de corte ev) é a velocidade instantânea do ponto de referência
da aresta cortante da ferramenta, segundo a direção e o sentido do corte. Para
processos com movímentos de rotação, a velocidade de corte.é calculada pela
Equação Ll, usando-se as unidades mais usuais em usinagem:
1.2.5 Conceitos auxiliares
Para melhor compreender os conceitos relacionados às diferentes opera-
ções de usínagem é necessário compreender o conceito de plano de trabalho
(Pj): esse plano, passando pelo ponto de referência, contém as direções de corte
18 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS
e de avanço. Nele se realizam os movimentos que tomam parte na retirada de
cavaco (Figuras 1.13 e 1.14). No plano de trabalho é possível ídentífícar e definir
os ângulos da direção de avanço e da direção efetiva de corte:
• Ângulo da direção de avanço (tp): formado entre a direção de avanço
e a direção de corte. Nem sempre a direção de avanço é perpendicular à
Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais
(1.4)
durante o corte.
• Ângulo da direção efetiva de corte (17): formado entre a direção efe-
______ --"t.t.za_cte_cDrte_e_a_di.r.RçãD_de_cor:t.e. _
Apartir da Figura 1.14 pode-se desenvolver a Equação 1.4:
VJ
serup sen q;
tg7]= --"---'-- = -----=--
Vf.Costp + Vc costp + Vc V,
Nota-se que, como na maioria dos casos, a velocidade de avanço é muito in-
ferior à velocidade de corte - o ângulo r; é desprezível (nas operações de rcsquea-
mente, 77 assume valores consideráveis, pois a diferença entre Vc e vJ
é menor).
Assuperfícies em usinagem são as geradas na peça pela ferramenta. Devem-
se distinguir a superfície em usínagsm principal. e a superfície em usínagern
{/, secundária, sendo que a primeira é gerada pela aresta principal de corte, en-
quanto a segunda é gerada pela aresta secundária de corte (Figura 1.15).
i.
.....
';

I
I
I
!
j 1.2.6 Grandezas de corte
São as grandezas que devem ser ajustadas na máquina direta ou indire-
tamente. O avanço (j) é o percurso de avanço em cada volta (mm./rev) ou em
cada curso da ferramenta (mm/çolpe). No caso de ferramentas que possuem
mais de um dente, cornoa fresa, distingue-se ainda o avanço por dente (jz), que
19
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"~ (
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(
(
20 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAiS
)
)
)
)
)
representa o percurso de avanço de cada dente medido na direção do avanço
da ferramenta (correspondente à geração de duas superfícies consecutivas em
usínagem). Valea relação representada pela Equação 1.5:
[rnrn/rev] (1.5)
.
Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais 21
.I
i


pendicular ao plano de trabalho. A penetração de trabalho (a) é a penetração
da ferramenta em relação à peça, medida no plano de trabalho e em uma direção
perpendicular à direção de avanço. É de grande importância no fresamento e na
retificação. Já a penetração de avanço (ar) é a grandeza de penetração da fer-
ramenta medida no plano de trabalho e na direção de avanço. Essas grandezas
estão representadas na Figwa 1.11.
) Onde:
) z = número de dentes
))1 en~o~a~v~a~niço~p~o~r~d~e~n~te~p~o~d~e~ffil1~·~d~a~se~r~d~ec~o~miP~o~s~t~o~n~o~a~v~a~n~ç~O~d~e~co~rt~e~if~e~)
--t--i~~~~I~~~~~~~~Wfit~~~
1- e no avanço efetivo de corte (f,), mostrados na Figura 1.16. O avanço de corte i
!
) (te) é a distância entre duas superfícies consecutivas em usínagem medida na )
) Jcliá'reção
perpe~clit~Culdar
à drtireçr:o) de corte no Pld~o.de.trabalhOd(EquaçãOfí~.6). )
o avanço ele lVO e co e v ; representa a ístãncia entre uas super cies
) consecutivas em usínagem medida na direção perpendicular à direção efetiva
) de corte no plano de trabalho (Equação 1.7). I
/
) f
(
) 
)
)
)
)
)
.I
)
)
)
)
)
)
Ia =fz· serup [mrn/dente] (1.6)
[mmldente] (1.7)
/ Finalmente, a profundidade ou largura de usínagem (a ' é a profundidade
 . r
)ou largura de penetração da ferramenta na peça, medida em uma direção per-
!
)
1.2.7
;.
í
II
ir
,
I
Grandezas relativas ao cavaco
São grandezas derivadas das grandezas de corte e obtidas por meio de
cálculos (Figura 1.18).
A largura de corte (b) é a largura calculada da seção transversal de
corte a ser retirada, medida na superfície em usínagern principal e segundo
a direção normal à direção .de corte. Em ferramentas com aresta cortante
retilinea e sem curvatura na ponta, a largura de corte (b) é definida pela
Equação 1.8:
b=~
senx,.
[rnm] (1.8)
Onde:
x,. = ângulo de posição da aresta principal de corte
A espessura de corte (h) é a espessura calculada da seção transversal de
corte a ser retirada e medida, normalmente, à superfície em usínagern principal
22 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais
" e segundo a direção perpendicular à direção de corte. Em ferramentas com
aresta de corte retilineas:
Analogicamen,e, é possível definir a largura efetiva de corte (b.) como
sendo a largura calculada da seção transversal efetiva de corte a ser retirada e
medida na superfície em usínagern principal, segundo a direção normal à dire-
ção efetiva de corte. Pela Figura 1.17 deduz-se a Equação 1.12:
(1.9)
[mm]
.
A espessura efetiva de corte (h) é a espessura calculada da seção transversal
efetiva de corte a ser retirada e medida normalmente à superfície em usínagem prin-
.segun o a dfreçao perpendicUlar à dfreçao efetiva de corte CEquaçao I. 13) :
h.= h!t.l [rnrn] (1.13)
(1+ sen2
Xr' tlil)
Por fím, a seção transversal efetiva de corte (A) é a área calculada da
seção transversal efetiva de um cavaco a ser retirado e medida no plano normal
à direção efetiva de corte. Na maioria dos casos (ferramentas sem arredonda-
mente de ponta), a seção transversal efetiva de corte (A.) pode sér calculada
pelas Equações 1.14 ou 1.15:
(1.14)
(1.15)
A=a·'"
e Ó p J"
A = b . h
• • 8
.
Assim, a seção transversal de corte (A), que é a área calculada da seção
transversal de um cavaco a ser retirado e medida no plano normal à direção de
corte, pode ser calculada pelas Equações 1.10 ou LU:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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A =a ·f
p c
(1.10)
A = b· h (l.11)
23.
(
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)
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)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
)
A geometria da ferramenta de corte exerce grande mríuêncía no desempe-
nho da usínagem. Por melhor que seja o material da ferramenta, se a sua geome-
tria não for preparada adequadamente, não haverá êxito na operação. Tamanha
é a sua importância que se faz necessário normalizar, da maneira mais conve-
mente possível, os ângulos da cunha cortante para uniformizar a nomenclatura
entre os profissionais e a literatura especializada. Como a norma brasileira NBR
6163 - Conceitos da Técnica de Usimaçem: Geometria da Cunha Cortante:
Terminologia (ABNT, 1980) trata desse assunto, as defínições apresentadas a
seguir baseiam-se nela.
2.1 DEFINiÇÕES
As seguintes definições adotadas são necessárias para a determinação dos
ângulos da cunha cortante de uma ferramenta de usinagern,
A superfície de saída (A) é a superfície da cunha de corte sobre a qual
o cavaco se move - e por superfície de folga entende-se a superfície que de-
. termina a folga entre a ferramenta e a superfície em usínagern. Distinguem-se
. a superfície principal de folga CAa) e a superfície secundária de folga (Aa')·
Por meio do movimento relativo entre a peça e a ferramenta, formam-se os
. cavacos pela ação da cunha de corte, composta pelas superfícies de saída e de
folga da ferramenta.
As arestas de corte são definidas pela interseção das superfícies de saída e
de folga. Deve-se distinguir a aresta principal de corte (8) da aresta secundária
de corte (S'): a primeira é aquela cuja cunha de corte, observada no plano de
trabalho, e para um ângulo da direção de avanço (rp) igual a 90°,indica a dire-
ção de avanço; a segunda é aquela cuja cunha de corte, observada no plano de
trabalhá, e para um ângulo da direção de avanço (rp) igual a 90°,indica a direção
contrária à direção de avanço.
Geometria da Ferramenta de Corte 25
A ponta de corteé a interseção das arestas principal e secundãría de corte,
ao passo que o ponto de corte escolhido serve como referência para a determi-
nação das superfícies e dos ângulos da cunha de corte, ou seja, as defínições se
referem a um ponto arbitrário da ferramenta: o "ponto de corte escolhido" ou o
"ponto de referência".
A Figura 2.1 representa os elementos de uma cUIi1i:a cortante de uma fer-
ramenta qualquer, enquanto a Figura 2.2 trata de uma ferramenta de tornear. Já
a Figura 2.3 representa uma fresa frontal, e a Figura 2.4, uma broca helicoidal.
("



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26 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Geometria da Ferramenta de Corte
2.2 SISTEMAS DE REfERÊNCIA
Para a determinação dos ângulos na cunha de corte é necessário empregar
um sistema de referência. Normalmente, são empregados dois sistemas para. o
estudo dos ângulos da ferramenta e dos ângulos efetivos ou de trabalho: o síste-
2.2.1 Planos do sistema de referência da ferramenta
A seguir são apresentados os principais planos localizados no sistema de re-
ferência da ferramenta e essenciais à determinação dos ângulos da cunha de
corte. Convém lembrar de que todos os planos aqui descritos passam pelo ponto
de corte escolhido. A Figura 2.5 mostra duas vistas em perspectiva dos planos
localizados no sistema de referência da ferramenta. .J-
O plano de referência da ferramenta (Pr) é perpendicular à direção ad-
rrutída de' corte, escolhida de modo que esse plano seja o mais paralelo ou per-
pendicular possível à superfície ou eixo da ferramenta. Nas ferramentas para
torneamento, o plano de referência é paralelo à superfície de apoio do cabo. Já
nas ferramentas de fresarnento ou furação, ele contém o eixo de rotação das
ferramentas.
Existem dois planos de corte: o principal e o secundário.jO plano de corte
2.rincipal da ferramenta ceJ é tangente.à aresta de corte e perpendicular ao
plano de referência da ferramenta. Por sua vez, o plano de corte secundário da _ (
o sistema de referência da ferramenta é necessário para a determinação
da geometria da cunha de corte da ferramenta durante as etapas de projeto,
execução e controle da ferramenta. Já o sistema efetivo de referência é ne-
cessário para a determinação dageometria da cunha de corte da ferramenta
durante o processo de usinagern, Além desses, outro sistema de referência po-
derá ser necessário para a determinação do posicíonarnento da ferramenta em
relação à máquina.
Após a seleção do sistema de referência a ser utilizado, é possível iden-
tificar os planos e ângulos da ferramenta. Os planos e os ângulos relativos ao
sistema efetivo de referência possuem definições análogas aos correspondentes
, encontrados no sistema de referência, da ferramenta e, portanto, não serão tra-
--tados neste livro.
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28 TEORIA DA USíNAGEM DOS MATERIAIS
29
Geometria da Ferramenta de Corte
ferramenta (Ps
') é tangente à aresta secundária de corte e perpendicular ao pla-
no de referência da ferramenta, e ambos passam pelo ponto de referência.
Corno o próprio nome indica, o.J?lanoortogonal da ferramenta ~) é per-
pendicular aos planos de referência e de corte da ferramenta. Esse plano tam-
bém é conhecido corno "plano de medida".
As Figuras 2.6, 2.7 e 2.8 mostram, respectivamente, os planos do siste-
ma de referência da ferramenta em ferramentas usadas nas operações de
tornearnento, fresamento e furação.
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o piano admitido de trabalho (Pr) é perpendicular ao plano de referência e
.-...:.."" . I
paralelo à direção admitida de avanço. É escolhido de tal forma que fique omais
paralelo ou perpendicular possível a uma superfície ou eixo da ferramenta.
Além desses planos, são definidos ainda no sistema de referência da
ferramenta:
s Plano dorsal da ferramerua: (Pp): perpendicular aos planos de refe-
rência da ferramenta e admitido de trabalho.
w Plano normal à aresta de corte (P,,): perpendicular à aresta principal
de corte.
D Plano ortcçonai à superfície de saída (Pg): perpendicular à superfície
de saída e ao plano de referência da ferramenta.
•. Plano ortogonal à superfície defolga (Pb
); perpendicular à superfícíe
de folga e ao plano de referência da ferramenta.
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~ de posição da ferramenta, o ângulo de posição secundário da ferramenta e
o ângulo de ponta da ferramenta: O ângulo de posição da ferramenta (xl) é
~---~~~~~~~~~~·~~~~~~~~~~i~~~~~~~~~~--~-~~~~aD~deçortedafu~~en~~Jea~tidodetraballio~).
É sempre positivo e situa-se sempre fora da cunha cortante, de forma que o
seu vértice indica a ponta de corte. Esse ângulo mostra a posição da aresta
de corte.
O ângulo de posição secundário da ferramenta (X,.') localiza-se entre o
~ -
plano de corte secundário da ferramenta (P;) e o plano admitido de trabalho
(PI
).É sempre positivo e situa-se sempre fora da cunha cortante, de forma que
o seu vértice indica a ponta de corte. Esse ângulo indica a posição da aresta
secundária de corte.
Por sua vez, o ângulo de ponta da ferramenta (G',) é formado pelos planos
principal de corte CP) e secundário de corte (P/). Os ângulos medidos no
plano de referência são suplementares, isto é, vale a relação representada na
Equação 2.1:
32 TEORIA OAUSINAGEiv1 DOS MATERIAIS
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Geometria da Ferramenta de Corte 33
2.2.2 Ângulos do sistema de referência da ferramenta
Os ângulosCia cOOhi':c8;iante destínam-se à determinação da posição e da
forma da cunha de urna ferramenta. São agrupados de acordo com oplano no qual
estão localizados,ou seja, em ângulos medidos no plano de referência, no plano de
corte e no plano ortogonal.
(2.1)
Noplano de corte encontra-se apenas o ângulo de inclinação da ferramen-
ta (?.), medido entre a aresta de corte (S) e o plano de referência da ferramenta
(P). O ângulo de inclinação é sempre agudo e seu vértice indica a ponta de
corte. Ele é positivo quando, observando-se a partir da ponta de corte, a aresta
de corte encontra-se na região posterior em relação ao plano de referência,
orientando-se, para tanto, segundo o sentido de corte.
Outros três ângulos são medidos no plano ortogonal: o ângulo de folga da
ferramenta, o ângulo de cunha da ferramenta, e o ângulo de saída da ferramen-
ta. O ângulo de folga da ferramenta (a) está situado entre a superfície de folga
, ~
(A) e o plano de corte da ferramenta (P). O ângulo de. c1L.'1..h.a
da ferrarr.ent~
34 TEORIA DA US!NAGEM DOS MATERIAIS
S!!.J é formado pelas superfícies de saídalA~ e de folga .(ájaJ- Finalmente, o
.!ngulo de saída da ferramenta (y.) se localiza entre a superfície de saída (A)
e o plano de referência da ferramenta (Pr)' De maneira análoga ao ângulo de
inclinação, o ângulo de saída também é sempre agudo e positivo quando a in-
terseção entre a superfície de saída e o plano ortogonal encontra-se na reg tão
_ (>
o sentido de corte.
Os ângulos medidos no plano ortogonal são complementares, portanto,
vale a Equação 2.2:
a + R +".1 = 900
o ""0 {o
(2.2)
As Figuras 2.9,2.10 e 2.11 mostram, respectivamente, os ângulos medidos
no sistema de referência da ferramenta em ferramentas usadas nas operações
'-.. de :omei~l}tº; fresamento e furação. . Â..5/. O ~ ( TAN JV' J Pr )
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Geometria da Ferramenta de Corte
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36 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS
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37
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te de materiais de clifícil usinabilidade e em cortes interrompidos, por garantir
maior resistência à cunha de corte (f3o ::: 90°). Em contrapartida, a usinagern de
materiais dúcteis, como ligas de alumínio e de magnésio, requer o emprego de
------;--~Er;:;s;;-:se-::7:ân;::;-g;:;;ul:;-r;:;:o+t:;;cam;;;::;-;;:b::<é::;::m::---;,in;;-:d::l,uz-=--=um:=a'f'-o--:::rç=-=a-:-p--:::-=-=ass:T:iv=a:--n--:::a~fe=-=IT~am~e---;:-nta:---e,-p-o-r-c-o-n--------â;:-n-g-ul'o-s-d'e-sa'í'""d-"-a--':al-"t::-ca
para evitar extensas are as de adesao ao----(
seguinte, na máquina-ferramenta. Ele é o principal responsável pela flexão de cavaco à superfície de saída da ferramenta, que resultam na sua quebra, Outra
peças muito esbeltas na operação de tornearnento cilíndrico externo. importante vantagem atribuída ao emprego de ferramenta com ângulo de saída
O ângulo de ponta (er
) é definido pelo formato da ferramenta, assumindo, negativo é o inserto reversível, visto que esta apresenta o dobro de arestas de
por exemplo, 90° em ínsertos quadrados e 60° em ínsertos triangulares. Ferra- corte com.parado ~ ~erram.enta c91J ~gulo de s~d~ l~ti~ .. d/ ;{ ...
S;
mentas utilizadas em operações de perfílamento apresentam ângulo de ponta Ylo <, O - {Or Ic ck vn.:vlcnt?/~ tk,.. t/; I? C/I (/ ç /1/1ç.. I I' o • e: ~
U I '!//1 fl/rp~/I'4J? (fi,;) '" 'tOe). :rr/l~fv N ve/G.-/Í/e(.
(eJ igual a 35°, o que pode fragílízar a ponta da ferramenta, ao passo que ínser- 2.4 OUTROSATRIBUTOS DA CUNHA CORTANTE
tos circulares têm o ângulo de ponta (e) definído em função da profundidade de ... . O ,,,. , . . .. ,
• • • ,T 'ff; 77 - .Alem das ja descritas, outras características geométricas da cunna de cor-
usmagern. Sua princípal função e assegurar a resistência da ponta da ferramenta d - . d ( ) . d unh ( )
id d d di 1 i/';'lIIIv~c.M" te que merecem estaque sao: o rala e ponta r , o raio e c a rI! e o
e sua capaci a e e issipar ca oro ~ . . '.
,-, J:e. ;VU;v'i:41 tl'i5 quebra-cavacos.
/ Q ângulo de inclinação (íl.) normalmente vária de -lI ° a 11
° e tem as se- I _(/.. ., . , '
! . fun - s .'ví:. Te,J t)I(tt>11/rll'1;O rato de ponta (r) deterrruna, com o ângulo de ponta, a resistência me-
r guíntes çoes: (Ji , . . - " . ,..
:. . _ , e Ji4Il) _ câruca da ponta da ferramenta de corte (FIgura 2.12). Alem disso, o raio de
Controlar a díreção de salda do cavaco. .,,~ ~f.4 ponta tem grande influência sobre a rugosidade da peça, como será visto mais
• Proteger a aresta de corte (gume) da ferramenta contra impactos. ClVlfiJ'V L~J:;,tarde. Em geral, o raio de ponta (Te) varia de 0,2 a 2,4 mm (valores típicos-de
~ Quando positivo, atenuar vibrações. S'."'· - 04-08 mm e 1 2 rnm). Valores elevados do raio de ponta (r) garantem maior
VI> c;./(lílS " , c
. I. _.L. _ resistência à ponta da ferramenta, entretanto, há um maior contato entre fer-
•O ângulo de folga (aJ normalmente varia de 5° a 200 e sua. principal função é d'J é'i'0Tt/JIlS?v rarnenta e peça, o que provoca o aumento da força passiva (perpendicular ao
evitar atrito entre a peça e a superfície de folga da ferra."U;nta. Se o valor do ângulo ifl'1J CrtNCl-t o. plano de trabalho).
de folga (a) for muito baixo, entretanto, a.cunha não penetrará adequadamente na Analogícamente, o ralo de cunha (ri) tem a finalidade de proteger a cunha
peça e, assim, a ferramenta perderá sua afiação rapidamente, visto que há grande cortante, que, em hipótese alguma, deverá ser aguda, sob o risco de quebrar-se.
geração de calor. Além disso, o acabamento da peça será prejudicado. Porém, se o Todavia, valores elevados do raio de cunha (ri,) tendem a provocar a elevação da
ângulo de folga (ao) for muito elevado, a cunha da ferramenta perderá resistência, força na direção de avanço. Por isso, os raios são acrescentados por processos de
podendo soltar pequenas lascas ou até mesmo se quebrar. O valor do ângulo de fol- arredondamento fino das arestas, conhecidos como honning (ou brunirnento).
ga (a) depende principalmente da resistência mecânica do material da ferramenta Outras possibilidades de preparação da cunha de corte são a inclusão de
e da peça: quanto maior for a resistência mecânica, menor será o ângulo. chanfros, simples ou duplos - especialmente em ferramentas cerâmicas, de dia-
Em geral, o ângulo de saída (r,) varia de -80 a 200 e influencia decisiva- mante (PCD) ou de nitreto cúbico de boro (pcBNj -, ou a combinação de raio e
__ o _'
mente na força e na potência necessárias ao corte, uma vez que quanto maior chanfro. A Figura 2.12 apresenta essas alternativas.
38 TEORIA DA USINAGEM DOSMATERIAIS
Geometria da Ferramenta de Corte
2.3. FUNÇÕES E INFLUÊNCIA DOS PRINCIPAIS ÂNGULOS DA CUNHA CORTANTE
Cada um dos ângulos descritos anteriormente tem um papel a desempenhar
durante o corte, portanto, seu valor deve ser cuidadosamente determinado.
O ângulo de posição (x) geralmente varia de 450
a 95° e tem as seguintes
funções: .
o ângulo de saída. (r), menor será o trabalho de dobramento e o encruamento
do material do cavaco. Consequentemente, o acabamento da peça e a tempera-
tura de corte também serão afetados. O valor do ângulo de saída (r) depende-
rá, em especial, da resistência mecânica do material da ferramenta e da peça,
bem como da quantidade de calor gerado pelo corte e da velocidade de avanço.
Válores negativos do ânglllQ de sãIda (r;,) sao comumente empregados no cor-
lf Distribuir as tensões de corte favoravelmente no início e no fim do corte.
• Influenciar na direção de saída do cavaco.
39

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40 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS
A base para um melhor entendimento de todos os processos de usi-
nagem está no estudo científico da formação de cavacos. Esse estudo tem
o quebra-cavacos é uma alteração na geometria da ferramenta cuja.príncipal
finalidade é provocar a fratura periódica do cavaco. Mais detalhes sobre o assunto
serão apresentados adiante, entretanto, sua utilização representa uma efetiva mo-
dificaçãoda geometria da cunha de corte, particularmente nos ângulos de cunha
e de saída. A seleção do quebra-cavacos mais indicado para uma determinada
aplicação depende principalmente dos valores de avanço e de profundidade de
usínagem, uma vez que esse elemento deve estar posicionado exatamente onde
o cavaco irá se formar. Assim, quebra-cavacos para operações de acabamento
situam-se próximos à aresta de corte, enquanto quebra-cavacos para operações
de desbaste localizam-se mais afastados da aresta de corte. O uso de quebra-
cavacos de acabamento em operações de desbaste pode resultar na quebra do
ínserto, ao passo que o emprego de quebra-cavacos de desbaste em operações de
acabamento não acarretará a quebra periódica do cavaco. Além disso, o uso de
quebra-cavacos permite que uma ferramenta reversível possua ângulo de saída
positivo.AFigura 2.13 ilustra quebra-cavacos de acabamento e de desbaste.
proporcionado grandes avanços nos processos de usinagern e contribuído para
o aperfeiçoamento das arestas de corte, com quebra-cavacos cada vez mais
eficientes, além de novos e mais eficazes materiais para ferramentas e a possi-
bilidade de usinar os mais variados tipos de materiais. Sabe-se que o cavaco
é formado em altíssírnas velocidades de deformação, seguidas de ruptura do
material da peça. Para um estudo mais detalhado, divide-se o processo em
quatro eventos:
= Recaique inicial: devido à penetração da cunha cortante no material
da peça, uma pequena porção deste (ainda unido à peça) é pressionada
contra a superfície de saída da ferramenta.
a Deformação e ruptura: o material pressionado sofre, de início, uma
deformação elástica, e, em seguida, uma deformação plástica, que au-
menta progressivamente até o estado de tensões provocar a ruptura.
Essa ruptura se dá, na maior parte das vezes, por cisalhamento, embo-
ra exista um estado de tensões que combina tensões de compressão!
tração e de císalhamento e leve o material à ruptura, segundo algum
critério próprio de sua natureza frágil ou dúctil. Após a ruptura, há a
formação de uma trinca que se propaga seguindo também um critério
de propagação de trincas próprio de cada material. Como a formação
de cavacos ocorre dinamicamente, há planos instantâneos de ruptura
e de propagação de trincas que defmirão uma certa região entre a peça
e o cavaco, chamada "zona primária de cisalhamento". Para facilitar o
tratamento matemático dado à formação do cavaco, modelos simples
assumem essa região como sendo apenas um plano matemático, ou
seja, "o plano de císalhamento", no qual se concentra, preferencial-
~~f?i~",~»···;;>~íi'{.·.'1
·(il) qtlebra:cavacost!pCQ'qEl8Caba mente .....(bJ quebra-cavacosjfplcc.de-desbaste ... ~~
REFERÊN cus BIBLIOGRÁFICAS
ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNIC.,A...8).NBR 6163
- Conceitos da Técnica de Usinagem: Geometria da Cunha Cortante:
Terminologia. São Paulo, 1980.
42 TEORIA DA USJNAGEM DOS MATERIAIS
mente, a ruptura. A Figura q.l mostra esquematicamente esse plano
ou zona de cisalhamento primário, defuúda pelo ângulo de císalhamen-
to rP formado entre o plano de císalharnento e a direção da velocidade
de corte (v).
• Deslizamento das laanelas: contum1l.l=Icto a p@IHltraç~o da ferramenta
Formação de Cavacos 43
(
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na peça, haverá uma ruptura parcial, ou completa, na. região de
císalhamento, dependendo da extensão da propagação da trinca. As
propriedades do material e as condições de avanço e de velocidade de
------,.c"'o""rtne"l·rao detemlinar quanto o segmento de matenaI rompldo permane-
cerá unido ao cavaco recém-formado, dando origem a cavacos contínuos
ou descontínuos, conforme a extensão e a resistência da união entre as
Iarnelas de material rompido.
• Saída do cavaco: devido ao movimento relativo entre a ferramenta e
a peça, inicia-se um escorregarnento da porção de material deforma-
da e rompida - o cavaco - sobre a superfície de saída da ferramenta.
Enquanto tal evento ocorre, uma nova Iamela de material (imediata-
mente adjacente à porção anterior) está se formando e passando pelos
mesmos processos. Essa nova porção de material também escorregará
sobre a superfície de saída da ferramenta, repetindo mais uma vez o
fenômeno.
o escorregamento sobre a superfície de saída não obedece, necessariamente,
ao Modelo de Coulornb, uma vez que as.tensões normais, a velocidade relativa entre
as superfícies, e, em geral, a temperatura, são muito elevadas. Isso provoca o surgi-
mente de urna região denominada "zona de cisalhamento secundário".
Dessa fOI ma, o fenômeno da roJ:'fftação do cavaeo, nas condições normais
de trabalho, é periódico, uma vez que se tem, ciclicamente, as fases de recalque,
ruptura, deslizamento e saída do cavaco para cada pequena lamela de material a
ser removido. Essa periodicidade do fenômeno provoca excitações dinâmicas na
ferramenta de corte e é comprovada experimentalIriente por meio de fill1agem,
ou pela frequêncía e amplitude da força de usinagem,
As primeiras observações do mecanismo de formação de cavacos permiti-
ram a ídealízação de um modelo simplificado, comparando-se as Iamelas a um
"baralho de cartas", irúcialmente publicado por Píispanen, em 1937, e ilustrado
na Figura 3.2 (FERRARESI, 1977).
Para facilitar o estudo científico da formação de cavacos, os primeiros mo-
delos propostos basearam-se em Simplificações, sendo a primeira. delas o modelo
plano denominado "corte ortogonal" (BOOTHROYD, 1981; ERNEST, 1940).
3.1 CORTE ORTOGONAL
No corte ortogonal, a aresta de corte é uma reta normal à direção de corte
e à direção de avanço, de maneira que a formação do cavaco pode ser conside-
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44 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS
rada um fenômeno bídírnensíonal e que ocorre em um plano normal à aresta
cortante] ou seja, no plano de trabalho. A Figura 3.3 ilustra dois exemplos de
usinagern aproximando-se do corte ortogonal nos processos de torneamento e
de fresamento.
Além das citadas, são admitidas algumas outras simplificações, que per-
rnitem um tratamento matemático do corte ortogonal e podem ser estendidas a
outras operações de usínagem. /1 vc• I-] ~ t,{t7v. h 1;7 yc ::~I:: R[ > I
O f d
- - vc"'v /ri
•• s cavacos erma os sao contínuos, sem a formação de aresta postiça
de corte (APe).
•• Não há contato entre a superfície ele folga da ferramenta e a superfície
usínada.
• A espessura de corte (h), equivalente ao avanço (f), é suficientemente
pequena em relação à largura de corte (b).
• A largura da aresta de corte é maior que a largura de corte (b).
• A largura de corte (b) e a largura do cavaco (b') são idênticas.
• A aresta de corte é idealmente afiada e perpendicular ao plano de trabalho.
Segundo esse modelo, considere um volume de metal representado pela
seção "klmn" movendo-se em direção à cunha cortante, conforme mostra a Fi-
gura 3.4.
Formação de Cavacos 45
Ao passar pelos eventos anteriormente descritos para a formação de ca-
vacos, definiu-se a zona primária de císalhamento, que passa a serrepresen-
tada pelo traço do plano de cisalhamento, segmento OD na Figura 3.4. Ainda
segundo esse modelo, a seção "klrnn", após a total deformação plástica, se
transforma na seção "pqrs", que entra em contato com a superfície de saída
da ferramenta. Nesse caso, essa região é representada pelo segmento OB da
mesma figura.
3.2 RELAÇÕES CINEMÁTICAS E GEOMÉTRICAS NO CORTE ORTOGONAL
Por meio das simplificações anteriormente descritas para o modelo bi-
.dimensional da formação de cavacos, foi possível estabelecer planos e rela-
ções geométricas importantes para o equacionamento matemático do fenô-
meno. De acordo com ajá mencionada Figura 3.4, pode-se definir o grau de
recalque como: D;",.""" R(.. :
h' oj<. <lv~._i.·,.(· 'y .••. ! •.. . ,
R '1 • -, ., ",. C1 ,,'lf(Ort-x"lQ, ""'.0.':' (;.:-'Hi."'.c....
c=-h <>
1'-•....•
liC! C-v "rIO! ,'C-
(3.1)
46 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS
Além disso, tem-se também:
h
sen"'=-
'f' l'
(32)
h'
5091>(90 rp +y) - T (3.3)
ou, reformulando-se: t· , '
(),'" ~ ",i(.~ é,t:" c· :'.t,. r.. c, ;'..,f n ç;..
___ .~r
Rc -senr
A Equação 3.4 demonstra que o ângulo de císalhamento é função do grau .
de recalque e do ângulo de saída da ferramenta. Como esse ângulo de saída
tem uma pequena faixa de variação, nas aplicações práticas (entre _8° e 20°),
a dependência maior do ângulo de císalharnento fica por conta do grau de re-
calque. Como há restrição na superfície de saída da ferramenta por onde o ca-
vaco deve escoar, consequentemente existe uma desaceleração do volume de
material a ser transformado em cavaco.' Dessa forma, a espessura do cavaco
é sempre maior antes de ele se formar, o que resulta em um grau de recalque
sempre maior que a unidade. Admite-se também que o volume do material não
se modifica durante a formação de cavacos. A Figura 3.5 mostra a relação entre
o ângulo do plano de cisalhamento e o grau de recalque.
- .....•....
...•.•...
.•......
Forma ção de Cavacos
.~
Ao contrário do que possa parecer, o grau de recalque não é facilmente
obtido, pois o cavaco não possui uma espessura uniforme: ele é formado por
lamelas justapostas com extremidades irregularmente conformadas, porém, nos
casos em que é possível sua correta estimativa, pode-se encontrar o ângulo do
plano de cisalharnento. Estimativas melhores podem ser obtidas pela medida do
comprImento e da densidade; chegando-se à área de seção do cavaco,
Como o material é recalcado para que o cavaco se forme, há uma desacelera-
ção deste quando passa pela região de cisalharnento. Essa desaceleração pode ser
---eakllia4~z..que...o..:llOlume..nãQ.s.e-.alt.era...d.urante o processo. A Figura 3.6
mostra a relação geométrica entre as velocidades envolvidas, ou seja, de saída do
cavaco Cvc.J e de cisalhamento (vz) em relação à velocidade de corte (vJ.
Ainda segundo o modelo idealizado, podem-se definir algumas relações
entre essas velocidades, calculadas a partir da aplicação da lei dos senos no
triângulo de velocidades da Figura 3.6, resultando em:
sen~
V.a." . Vc
--= ::}
seno sen[90- (q) - r) J
(3.5)
vc~v=v .
c cos(!f; - y)
47
(
(
(
(
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(
,(
,(
.._--(
~(
,,(
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,(
-(
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--i
.' (
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... (
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)
)
)
)
) .
)
48 TEORiA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Formação de Cavacos 49
:j
":-
v" Vc COS Y
. = ==> V =v .~--'--
sen(90-cp) sen[90-(~-r)l Z c COS(rjJ-r)
(3.6) que no límíte resulta em:
as
E =-
o ay
(3.9)
Usando-se as Equações 3.4 e 3.5, tem-se:
V
V ==-!:..
call R
•
(3.7)
Segundo uma defirúção já comum em processos de conformação para gran-
d€$ defolma,;Ôes, se ambas grandezas da EqJJação 39 forem divididas pelo roea
)
J.
1_.._
)
)
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)
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)
)
mo tempo, tem-se:
Uma vez que os cavacos são formados por cisalharnento, o estudo da
deformação em um elemento antes e depois de passar pelo plano de cisa-
lhamento pode trazer resultados importantes,-conforme esquematízado na
Figura 3.7.
V.
êo= ~._._--
(3.10)
Onde vy é a velocidade de deslocamento dos cavacos na direção perpendi-
cular ao plano de cisalharnento. Pelas relações geométricas entre as velocidades
na Figura 3.6, tem-se:
v = v cosCO')+ V serit o= y)
;; c ca.1'
(3.11)
v = v sen(O')
r c
(3.12)
Substituindo as equações 3.11 e 3.12 pela Equação 3.10, obtém-se:
v sen(dI-y)
e = cot(rjJ) + -,c",,"',,-' ---,-'1'--'-
o V
c
SI3"J1,(rp)
Introduzindo agora a Equação 3.5, o resultado é:
(3.13)
&'0 = cot(O') + tg(O'- r) (3.14)
Outra grandeza importante é a velocidade com que o material é císalhado
no plano de císalhamento, dada por:
(3.15)
Se a espessura do material que está sendo deformado for semelhante à
espessura de uma lamela de cavaco e usando-se a Equação 3.6 pode-se ter uma
idéia da velocidade de deformação por cisalhamento em uma operação de usi-
nagem da seguinte forma:
o grau de deformação, ou deformação angular, pode ser definido como:
l1S
ê :::;-
o ~y
1 ( cosr)
E:::;- Vc
o ~y cos(rp-r)
(3.16)
(3.8)
50 TEORIA D,A. USINAGEM DOS MATERIAIS
Portanto, em um processo de tornearnento de aço em condições normais,
pode-se estimar a velocidade de deformação do processo de formação de cava-
cos por meio dos seguintes valores: .
vc== 100 mlmin
r= 10°
q; = 20°
L1Y = 0,0025 mm
Formação de Cavacos 51
rIU (l tJ
,. (tfht 5; PiI( 7 ré.fS
3.3.1 Cavacos contínuos !'l/J 16
Os cavacos contínuos são formados, na usinagem de materiais dúcteis,
como aços de baixa líga, alumínio e cobre, conforme mostrado esquematica-
mente na Figura 3.8(a).
---'-----Resultà;do ~m 6
0
: 6.7x 10-.5 8-' (FERRARESI, 1977). De;;;iorm;::'Pode:--------
se afirmar que a velocidade de deformação é da ordem de 10-5S-I para um proces-
so normal de usínagern. Essa velocidade de ruptura é muito superior na maioria
dos processos de conformação (5 S-I) ou nas velocidades normalmente empre-
gadas em testes de tração ou de torção, fato que é um dos responsáveis pelas
diferenças encontradas quando se utilizam os valores de tensão de císalhamento
obtidos em ensaios padronizados e no cálculo de forças de corte em usinagern.
3.3 TIPOS DE CAVACOS
Durante a usínagem, uma nova superfície é gerada na peça pela remoção
de material na forma de cavacos. Morfologícarnente, os cavacos podem ser con-
tínuos, descontinuos e segmentados. Em geral, cavacos contínuos aparecem
durante a usínagern de materiais dúcteís, enquanto os descontínuos surgem em
consequência da formação de um fluxo de elementos de cavacos quebrados em pe-
daços durante a usínagem de materiais frágeis. Existem várias vantagens em
produzir cavacos curtos. A quebra do cavaco pode ocorrer naturalmente du-
rante a sua formação, corno no caso da usínagern de bronze e de ferro fundido,
ou sua quebra pode ser conseguida pelos quebra-cavacos. Nesse caso, prova-
velmente. apenas a forma do cavaco irá se alterar. Entretanto, em uma classi-
ficação mais detalhada, os tipos de cavaco podem ser; contínuo, parcialmente
contínuo, descontínuo, e segmentado.
A obtenção dos três primeiros tipos depende muito da ductilidade (ou
fragilidade) do material da peça e dos parãrnetros de corte. Já o último tipo
refere-se a cavacos produzidos geralmente na usinagem de materiais de baixa
condutivídade térmica e na presença de "cisalharnento catastróâco (ou adíabã-
tico)" (RECHT, 1964).
Nesse caso, o metal císalha na zona primária de cisalhamento com grandes
deformações e permanece homogêneo, sem fragmentação. Apesar da forma de
fita externa não apresentar nenhuma evidência clara de fratura ou trinca, esses
fenômenos ocorrem para que uma nova superfície seja formada.
O tipo de cavaco também está fortemente ligado à tensão normal no plano
de cisalhamento, a qual depende. do ângulo de cisalhamento r/J e das condições
de atrito na interface ferramenta/cavaco, ou seja, na zona secundária de císa-
lhamento (DOYLE, 1979). Na formação do cavaco contínuo, no entanto, há um
equilíbrio entre a tensão normal e a de cisalharnento no plano de cisalharnento,
de forma que a trinca surgida no momento da ruptura não se propague muito ou
rapidamente, para que o cavaco não seja interrompido. A complexidade da anã-
Use se deve ao fato de que tanto o primeiro quanto o segundo fator dependem
(
(
(
(
---r
(
(
'(
(
{
(
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(
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(
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(
(
52 TEORIA DA US1NAGEM DOS MATERIAIS
)
)
)
das condiçõesde atrito na interface ferramenta/cavaco, isto é, o que promove a
tensão císalhante no plano de cisalhamento, necessária à abertura da trinca, é
a restrição que o cavaco tem ao se movimentar na superfície de saída da ferra-
menta. Quanto maior for tal restrição, maior será a tensão provocada. E é essa
mesma restrição que promove a tensão de compressão no plano de cisalhamento
Formação de Cavacos 53
conta de a energia elástica acumulada na ferramenta não ser suficiente para que
a trinca se propague por toda a extensão do plano de císalharnento; e presença
de grande tensão.de compressão no plano de cisalharnento, dificultando, assim,
a propagação da trinca.
e qJ1P poderá restringir a propagação da trinca
)
Algumas ações podem favorecer a propagação da trinca, diminuindo a
) restrição ao movimento do cavaco na zona secundária de cisalhamento e, por
)_. -çs:>~segl1É1te~
tensão normal que determina a .~xte~sãcuia trincªt..?-o mesmo
J tempo que reduz a tensão de cisalharnento. A adição de elementos como churn-
) bo, tehirio, selênio e enxofre aos aços pode favorecer a formação de cavacos, o
) que ocorre com os chamados aços de corte livre (MILOVIK,1983). Tais adições,
além de reduzirem as tensões normais no plano de císalhamento devido ao efei-
) to lubrificante na interface ferramenta/cavaco, também reduzem a tensão de
) císalhamento necessária para dar irúcio à trinca, pois fragílízam o material, Po-
) rém, a geometria da aresta (ou gume), principalmente o ângulo de saída, a velo-
) cidade de corte, o avanço, a profundidade de corte,as inclusões (a quantidade,
) a forma e a dureza) e a rigidez da ferramenta também são variáveis importantes
que influenciam o tipo de cavaco.
Os cavacos contínuos são indesejáveis, pois podem causar acidentes, da-
nificar a superfície usínada etc. Se eles não se quebrarem naturalmente, um
quebra-cavacos deverá ser usado para promover a segrnentação. O cavaco será
então fragmentado, mas não pelos mesmos mecanismos descritos a seguir como
"cavacos segmentados".
Uma variação do tipo de cavaco contínuo é o cavaco contínuo na presença
de aresta postiça de corte (APC) (ALGARTE,1995), fenômeno mostrado esque-
rnaticamente na Figura 3.8(b) e que será discutido em detalhes mais adiante.
)
)
)
)
)
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)
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)
)
)
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J
)
)
3.3.2 Cavacos parcialmente contínuos
Trata-se de um tipo íntermedíário entre os cavacos contínuos e descon-
tL.'1UOS, no qual a trinca se propaga parcialmente pela extensão do plano de
cisalhamento. É, muitas vezes, denominado "cavaco de cisalhamento" (FERRA-
RESI, 1977). Apropagação da trinca é interrompida por dois motivos, conforme
sugerido por Cook (1954): perda de contato entre a ferramenta e o cavaco, por.
3.3.3 Cavacos descontínuos
Esse tipo é mais comum na usínagem de materiais frágeis, como bronze
e ferros fundidos cinzentos, uma vez que não são capazes de suportar gran-
----··------u-e·s-·-defonmrçõe-s-sem-se-quebrar;-Entretantv,-lJaíxa;s-vetocidades-u-e-corte;-··--~·--
- ângulo de saída pequeno e grandes avanços também podem produzir cavacos
descontínuos em materiais de baixa ductilidade. Com o aumento da velocidade
de corte, o cavaco tende a se tornar mais contínuo, pois além de mais calor ser
produzido e, por conta disso, os materiais se tornarem maís dúcteis, a penetra-
ção de "contaminantes" na interface ferramenta/cavaco para reduzir a tensão
normal no plano de cisalhamento torna-se mais difícil.
A Figura 3.8(c) mostra um cavaco descontínuo, no qual a trinca se propa-
ga por toda a extensão do plano de cisalhamento, promovendo sua segmenta-
ção, A zona secundária de císalhamento também desempenha importante papel
para que esse tipo de cavaco seja formado. Inicialmente, o componente de força
tangencíal à superfície de saída é menor que a força necessária para promover
o escorregamento do cavaco. Há, então, o desenvolvimento de uma região de
material estático e a separação do cavaco ocorrerá com o aumento da relação
entre força tangencial e normal.
IJ,AI;K /I- CIJ
)J/JIJ rI VI d/A p.é
/vl.jJJr, I)a <í'fé, "-M Ic;ttJ . ,/.~
3.3.4 Cavacos segmentados ( (ft/f!J X. fl1 (J.-i. A1i/lt'IJ AV JlC05)
Os cavacos segmentados são caracterizados por grandes deformações
continuadas em estreitas bandas entre segmentos com pouca ou quase nenhu-
ma deformação nos seus interiores. Trata-se de um processo muito diferente
do verificado na formação do cavaco contínuo. Tal fenômeno pode ser entendi-
do com base nas explicações de Oook (1953), que afirma que a diminuição na
resistência mecânica do material por causa do aumento da temperatura (pro-
vocado pelas deformações plásticas locais nas bandas de císalharnentc) iguala,
ou excede, o aumento da resistência mecânica causado pelo endurecimento
a frio. Isso é peculiar a certos materiais com pobres propriedades térmicas,
;
-,
54 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS
como o titânio e suas ligas. O cisalharnento para formar o cavaco começa a
ocorrer em tJ?1 plano de cisalhamento particular, quando as tensões impostas
pelo movimento da ferramenta contra a peça excedem o limite de escoamento
do material da peça. A energia associada a essa deformação é convertida em
calor e, devido às propriedades térmicas do material, altas temperaturas são
(
(
Formação de Cavacos 55
Verificou-se, experimentalmente, que muitos materiais podem sofrer cí-
salhamento terrnoplástíco catastrófico, dependendo da temperatura alcança-
da durante a formação de cavacos e de suas propriedades térmicas. Pesquisas
científicas mostraram que um material pode sofrer cisalhamento termoplástico
catastrófico - quando o efeito de amolecimento devido ao aumento da tempera-
(
(
(
(
(
(
desenvolVIdas de muna concentrada, o qUe provoca amoleCÍlfieIlCOlocalizado
e, consequentemente, um plano de deslizamento, como ocorre na formação
mra supera o efeito do endureCh'tlento a frio ac:unade uma determmada velo-
cidade, chamada "crítica" (RECHT, 1964). Para oInconel 718, essa velocidade é
As formas de cavacos longos é que causam os maiores transtornos quan-
to à segurança de produtividade, exigindo, portanto, mais cuidado e especial
atenção ao seu controle. Apesar de os parârnetros de corte poderem ser, na
maioria das vezes, escolhidos para evitar ou reduzir a formação de cavacos
contínuos, o método mais efetivo para produzir cavacos curtos é a utilização
de quebra-cavacos.
)
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TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS
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Formação de Cavacos 57
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3.5 CONTROLE DO CAVACO
NaSoperações de usínagern que utilizam corte contínuo em materiais dúc-
teis, como o torneamento de aços-baixo carbono, por exemplo,o controle do
cavaco pode ser imperativo para a produtividade da empresa. Esse problema
se agrava quando novas gerações de ferramentas mais resistentes ao desgaste
permitem o uso de altas velocidades de corte em máquinas CN,em sistemas
produtivos altamente automatízados, com mínima supervisão humana. A pro-
duçãode cavacos longos pode causar os seguintes problemas:
• As baixas densidades efetivas desse tipo de cavaco, devido ao alto volu-
me que ocupam, diâcultam o manuseio nos processos subsequentes de
manuseio e descarte.
s Podem aderir à peça, a partes da máquina, ou à ferramenta, criando
situações de perigo ao operador por conta das altas velocidades e do fio
de corte em cavacos de material endurecido pelo encruamento.
I
58 TEORIA DA USINAGEM DoOSMATERIAIS
• Podem prejudicar o acabamento superficial ao aderir à peça, ou mesmo
levar à quebra da aresta de corte.
• Aumentam a força de usinagem, a temperatura e, em geral, diminuem a
vida útil das ferramentas.
• PrejJldicam o acesso do fulido dg corte à área de formação de cavacos.
,
, f
I
ti :o~-
o (c
é diretamente proporcional à razão h/r, onde r é o raio de curvatura do cavaco
, c c
(ERNEST, 1940)., Se a deformação do cavaco não é suficientemente grande para
causar a fratura, há a necessidade de aumentar h' ou diminuir r; a fim de conseguir
a quebra do cavaco. Mas h' depende, principalmente, do avanço ou da espessura
de usinagem, o qual prejudica o acabamento superficial se excessivamente aumen-
Formação de Cavacos 59
,
- (
.. (
~(
'00 (
.J
-(
-(
Os quebra-cavacos podem ser postiços ou integrais, pois ambos modificam
a superfície de saída das ferramentas, causando uma curvatura mais acentua-
da nos cavacos e levando-os à quebra por fíexão. Além dos quebra-cavacos,
também já foram utilizadas variações na velocidade de avanço, por meio das
quaís criou-se uma situação semelhante à da furação intermitente. Em ambos
os casos a velocidade de avanço é reduzida a zero, ou quase isso, provocando
concentração de tensão e a consequente quebra do cavaco. Essa estratégia, no
entanto, necessita de uma máquina CN com programa apropriado.
Outro método bastante eficiente para a quebra do cavaco é a injeção de
fluido de corte em alta pressão na superfície de saída e em sentido contrário
ao da saída do cavaco. Se o jato for forte o suficiente, haverá fragmen!?çào do
cavaco, conforme a sequêncía mostrada na Figura. 3.12. .
De maneira geral, quanto menor for a espessura do cavaco, mais flexível ele
é, portanto, maior será a.dificuldade de quebra. Os cavacos que já sofreram inten-
sas deformações passando pelas zonas primárias e secundárias de cisalhamento
necessitam de urna deformação crítica (e.r) para quebrar depois de deixar a su-
perfície de saída da ferramenta. A deformação que o cavaco sofrerá nesse ponto
tado. Dessa forma, procura-se reduzrr r,para promover a quebra dos cavacos.
O método mais usual para aumentar a curvatura do cavaco (diminuir rc) é
a utilização de quebra-cavacos postiços ou integrais (superfícies de saída com
formatos especiais). O raio de curvatura rc pode ser estimado de acordo com as
dimensões dos quebra-cavacos, como será visto a seguir.
3.5.1 Quebra-cavacos postiço
ro,= [Gn
-ir)-CtcotO)]Co{ %) o [mm]
Onde os símbolos estão de acordo com a Figura 3.13.
(3.17)
3.5.2 Uuebra-cavacos integral tipo I: anteparo
o.-íJ t
r =---+-
, 2 h'
[mrn] (3.18)
Onde os sírnbolos estão de acordo com a Figura 3.14.
,- (
~(
'0_, (
.. (
,_o (
.~ (
(
'o_o (
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-c,.:
(
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)
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)
)
)
)
60 TEORiA DA USINAGEM DOS MATERiAIS Formação de Cavacos 61
(lf)' Também se q; for muito pequeno, o cavaco pode não seguir o contorno da
cratera até que se obtenha um desgaste significativo.
Os quebra-cavacos do tipo anteparo - sejam eles postiços ou integrais,
trabalhando sob condições normais de usinagern e quando comparados a super-
fícies de saída planas, não afetam significativamente as forças de usínagem nas
3.5.3 Quebra-cavacos integral tipo 11:cratera
[rnm] (3.19)
Onde os símbolos estão de acordo com a Figura 3.15.
o quebra-cavacos integral tipo Il, mostrado na Figura 3.15, só será efetivo
se a espessura en for menor que o comprimento de contato ferramenta/cavaco
mesmas con çoes y.L"~"-'
uma aresta postiça estável pode se formar ao longo da espessura e" (Figura
3.15), aumentando de maneira considerável o ângulo de saída e diminuindo as
mencionadas forças de usínagem (BOOTHROYD,1981).
Veríncou-se também que o desgaste de fíanco não muda significativamente
com a aplicação de quebra-cavacos. Quanto ao desgaste de cratera, os que-
bra-cavacos do tipo anteparo reduzem a área de desgaste, enquanto os do tipo
cratera tendem a aumentá-Ia (BOOTHROYD,1981). É importante verificar na
teoria dos quebra-cavacos se estes irão garantir a redução de rr. para que se
atinja a deformação critica "l que promove a quebra. Além disso, as ranhuras dos
quebra-cavacos servem para conformar mais os cavacos, tornando-os .menos
dúcteís e, portanto, reduzindo a deformação crítica.
As Equações 3.17,3.18 e 3.19 podem ser utilizadas como orientação para
o projeto de quebra-cavacos, porém, deve-se também 'levar em consideração
outros fatores, como fragilidade do material, raio natural de curvatura e espes-
sura do cavaco. Também afetarão a quebra do cavaco a geometria da ferramen-
ta, por meio dos 'ângulos de saída, inclinação e posição, velocidade de corte,
profundidade de usinagem e rigidez da máquina-ferramenta. Quanto menor o
ângulo de saída, menor será o raio de curvatura natural e maior será a espessura
do cavaco. Quanto ao ângulo de posição, além de afetar a direção de saída do
cavaco, quando este tende a sair perpendicular à aresta, o ângulo afeta também
a espessura, que aumenta com o aumento desse ângulo. O ângulo de inclinação
tem influência direta na direção de saída do cavaco. Se for negativo, direciona
o cavaco contra a peça; se for positivo, o efeito é o contrário. Um aumento da
velocidade de corte tende a aumentar rc' porque o comprimento de contato
ferramenta/cavaco é reduzido. Além dísso, a ductilidade do material é elevada,
tornando a quebra ainda mais diffcil.
A combinação dos diversos efeitos que afetam a quebra do cavaco pode ser
exemplificada por meio da Figura 3.16.
62 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Formação de Cavacos
3.6 INTERFAGEFERRAMENTA/CAVACO
A formação do cavaco é um processo periódico, com cada ciclo dividido
em quatro eventos distintos, sendo o último o movimento do cavaco sobre a
superfície de saída da ferramenta. As condições nas quais esse escorregarnento
63
(
(
(
(
Os cavacos da Figura 3.16(c) são quebrados periodicamente quandoen-
contram a superfície recém-usínada, o que danífíca oacabamento superficial. Os
cavacos das Figuras 3.16(d) e 3.16(e) são quebrados quando colidem com a su-
perfície da peça a ser usinada. Se a direção lateral for suficiente, o cavaco pode
evitar a peça, mas encontrar a superfície de folga, formando, assim, cavacos
como os da Figura 3.16(f). Se a direção Iateral for ainda maior, podem produzir
cavacos como os das Figuras 3.16(h) e 3.16(i), ou 3.160). Além desses, vários
outros tipos podem ser observados, representando a combinação dos cavacos
mostrados na Figura 3.16(j) (SHAW,1986).
Com todos esses conceitos em mente, os fabricantes de ferramentas de
metal duro desenvolvem insertos com as mais variadas formas de quebra-ca-
vacos. Geralmente, os quebra-cavacos são divididos em grupos para operações
de desbaste, semtacabamento e acabamento, cada qual cobrindo urna faixa de
avanço e de profundidade.
mecanismo de formação do cavaco, na força de usinagern, no calor gerado du-
rante o corte e, consequentemente, na temperatura de corte e nos mecanismos
e taxa de desgaste das ferramentas, afetando assim seu tempo de vida. É pre-
ciso, portanto, entender como se processa o movimento do cavaco ao longo da
superfície de saída dá.ferramenta.
O conceito clássico de atrito, baseado nas leis de Amonton e Coulomb,
não é apropriado para aplicação em usinagem dos metais, país, nesse caso, a
força de atrito é proporcional à força normal, sendo a constante de propor-
cionalídade chamada "coeficiente de atrito". Em condições usuais de corte,
a pressão normal à superfície de saída da ferramenta é, geralmente, bastante
elevada, chegando a 3,5 GN/mz na usínagem de certos aços (TRENT, 1963).
Estudos sobre esse fenômeno têm se mostrado um grande desafio, principal-
mente, por conta das altas velocidades de saída dos cavacos, e pelas reduzídís-
simas áreas de contato ferramenta/cavaco. Para condições normais de corte,
a velocidade de saída do cavaco (voa) pode ser. de 120 m/rnín (ou 2 rn/s), e a
área de contato pode chegar a apenas 6 mm". A maioria das teorias modernas
disponíveis derivou-se de estudos dessa interface após o corte ter sido inter-
rompido e utilizando-se dispositivos çuick-stop, nos quaís a ferramenta de
corte é retraída com velocidade superior à velocidade de corte (de duas a três
vezes maior), deixando a raiz do cavaco em condições de análise detalhada
por meio de microscópios. Basicamente, esses dispositivos têm a função de
estabelecer a operação de corte com o suporte da ferramenta apoiado em um
pino de aço endurecido. Esse pino possui grande rigidez e capacidade de rup-
tura sem deformação. Quando a formação do cavaco está acontecendo, o pino
se rompe e a ferramenta é afastada da peça em alta velocidade, quase instan-
taneamente. A ruptura do pino de sustentação da ferramenta pode se dar por
meio de uma explosão, usando-se pólvora de um cartucho, ou da força de uma
mola, acelerando urna barra de impacto. A Figura 3.17 mostra dois exemplos
desses dispositivos.
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Teoria da usinagem dos materiais

  • 1. I··' ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) . ) ) . ) ) ) ) ) ) o livro.Ieorie da usitieqem d;;s mat~riai$ contém todos os princípios básicos sobre os processos de usínagem, apresentando os modelos e conceitos imprescindíveis ao engenheiro envolvido com a matéria. A nomenclatura e a simbofogia específicas da usinagem dos materiais são as mais atualizarias e a aplicação destas é claramente exemplificada. A obra mostra, de maneira clara e didática, a formação de cavacos, com modelos teóricos consagrados, os quals permitem não só o entendimento mas também a aplicação nos cálculos de força e potência de usinagem. Esses conceitos se aplicam a qualquer outro processo de usinagem, independentemente dos materiais usinados, mesmo em compósitos hoje largamente utilizados ria indústria aeroespacial. Os modelos permitem a previsão de resultados, bem como a seleção de máquinas e equipamentos. o livro aborda também os mais recentes avanços em materiais para ferramentas, de corte, suas aplicações e vantagens, proporcionando uma visão bastante atualizada das melhores práticas em usinagem de materiais. Além desses tópicos, o texto apresentamodelos para avaliação econômica das operações de usinagem, mostrando como as condições de corte, avanço, velocidade e profundidade de corte podem tornar os processos mais produtivos, Por último, os processos abrasivos são descritos e analisados com base nas mais recentes descobertas científicas nesta importante área de acabamento da usinagem. TEGíWi DA US!NRGEIi 0,13 ~ II!U JIIIIID.llUllaU'-ldUI fh
  • 2. ) ) ) ) ) ) ) Álisson Rocha Machado Alexandre Mendes Abráo . Reginaldo Teixeíra Coelho. Márcia Bacci da Silva ) ) ) ) ) ) Rosalvo Tiago Ruffino Revisor Técnico ) ) ) ) ) ) "; " i1 ' / .4IL EDITORA 50 anos .JBLUCHER www.bJucher.com.br . ) )
  • 3. © 2009 Álisson Rocha Machado Alexandre Mendes Abrão Reginaldo Teixeira Coelho Márcio Baccí da Silva F' edição· 2009 É prozoída: (t tepró1tuçcW total 00;pw cial por quaisquer meios sem ciuorização escrita da editora a. = penetração de trabalho (mm) aI = penetração de avanço (mm) ap '" profundidade ou largura de usinagern (mrn) A = área da seção transversal de corte, área aparente entre duas superfícies em contato (rnm') A = fator de forma da fonte de calor, Equação (5.28) AI = fração de energia de deformação transfornada em calor, Equação (5.15) Ail = área de contato real entre duas superfícies em contato (mrrr') b = largura de corte (mm) bd = largura atuante do dressador (mm) C = custos CR$); constante par ferramenta-peça - Equação (5.1) BJ = proporção de calor queflui do plano de cisalhamento para a peça, Equação (5.15) Bz = proporção de calor que flui da interface cavaco-ferramenta para o cavaco c = calor específico dos materiais (JI'..<g.K) d = diâmetro da peça (mrn) d, = diâmetro do rebolo (mm) dw = diâmetro da peça sendo retificada (mm) De = diâmetro do cortador em fresamento (rnm) e" = extensão da parte plana do quebra-cavacos tipo II- cratera (mm) f = avanço (rnm/rev) fc = avanço de corte (rrun) 1. = avanço efetivo (:rnrn) 1. = avanço por dente (mm/dente) F = força tangencíal sobre uma superfície em atrito (N) Fc.p = força de apoio (N) Fo = força de corte (N) FI = força de avanço (N) F" = força passiva, ou de profundidade (N) F,,' = força de compressão (N) EDITORA EDGARD BLÜCHER LTDA Rua Pedroso Alvarenga, 1245 - 42 andar 04531-012 - São Paulo, SP - Brasil Fax: (55_11) 3079-2707 Te1.: (55_11) 3078-5366 e-mail: editora@blucher.com.bt site: www.editora.com.br , Impresso no Brasil Printed en: Braeii ISBN 978-85-212-0452-7 COtifOrm.t1 Acordo Ortogr4fico da.LCngl.LCL Portuguesa. FICHA CATALOGRÁFICA Teoria da usínagern dos materiais I Álisson Rocha Machado - Alexandre Mendes Abrão - Regínaldo Teíxeira Coelho - Márcio Bacci da Silva; Rosalvo Tiago Ruf:fino, revisor técnico. - São Paulo: Editora , Blucher, 2009. Bibliografia. ISBN 978-85-212-0452-7 1. Materiais - Usinagern. I. Machado, Álisson Rocha. Il, Abrão, Alexandre Mendes. II!. Ooelho, Reginaldo Teíxeíra. N. Silva, Mareio Bacci da. CDD-670 índices para catálogo sistemático: 1. Materiais: Usínagem : Teoria: Tecnología 670 2. Usinagem dos materiais: Teoria: Tecnologia 670 ( ( ( ( ( T '( ( ,( .( ( -( .( -( -( -( .{ , .. ( .( -( -( ..( ..,( .( .J / .-.. j .( .. ( J J ,J -=--( / -( /
  • 4. ) ) ) } ) ) ) ) iv TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Simbologia Usada v F,y ::::projeção da força principal de corte sobre a superfície de saída da ferramenta na sua direção normal (N) FIIZ = projeção da força principal de corte sobre o plano de cisalhamento na sua direção normal (N) F; = projeção da força principal de corte sobre a superfície de saída da ferramenta na Slla direção tangenciaJ (N) Pa , = potência ativa (W) Pc = potência de corte (kW) P I = potência de avanço (kW) Fm.c ::::potência do motor de acionarnento do eixo árvore (kVl) Pml ::::potência de acionamento do sistema de avanço (kW) Pti potgncía r@iltivil (1')1) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) FrR = força ativa (N) Fu ::::força resultante de usínagern (N) Fz = projeção da força principal de corte sobre o plano de cisalhamento na sua direção tangencíal (N) = razão entre o volume de material usínado, Zw, e o de rebolo consumido, Zs = espessura de corte (rnm) h' ::::espessura do cavaco (mm) h", '" espessura de corte equivalente em retificação (rnm) hm '" espessura média de corte no fresamento (mm) '" corrente elétrica (A) leI '" corrente eficaz (A) k = constante na Equação (3.20), condutividade térmica do material (W/m.K) ks ::::pressão específica de corte (N/nunZ) ksi ::::pressão específica de corte proporcional à espessura de corte (N/mm2·mm(J·?)) K == difusividade térmica igual k/cp Cm~/s),constante da Equação de Taylor = comprimento do traço do plano de cisalhamento sobre o plano de trabalho (mm) = comprimento de contato ferramenta-cavaco sobre a superfícíe de saída, comprimento de contato rebolo-peça (mm) ::::distância entre a aresta de corte e o centro do raio de curvatura do cavaco (mm) ::::extensão do quebra-cavacos postiço (mm) = comprimento de contato dentro da zona de aderência na interface cavaco-ferramenta (mm) == parãmetro de velocidade para a Equação (5.31) LI = percurso de avanço (mm) Lc = percurso de corte (mm) L, == percurso efetivo (mm) == rotação da peça, ou ferramenta (rpm); característica do par ferramenta-peça, Equação (5.1) = número de trocas de arestas de corte = força normal sobre uma superfície em atrito (N) = potência de retificação 0VJ == potência aparente 01.A) q = energia específica na forma de calor ('-111m2) Q = energia na forma de calor CW) r, = raio de ponta da ferramenta (rnm) Te = raio de curvatura do cavaco (mm) T}j ee raio de cunha da ferramenta (rnm) R = proporção de calor que flui da fonte do corpo semí-ínfmíto, resistência elétrica (Q) R, '" grau de recalque S '" altura do quebra-cavacos postiço (mm) S = área do cavaco indeformado, ou da seção de corte (mrnê) S. = passo de dressagem (rnrn/rev) S1I = relação entre a variação de resístêncía elétrica e a variação de comprimento Sz == área do plano de cisalhamento (mrn-) t = tempo (s), altura do quebra-cavacos postiço (mm) T == tempo de vida de uma aresta de corte (mín) To == temperatura ambiente ('C) Tz ::::temperatura devido ao cisalhamento CC) Ud '" grau de recobrimento na dressagem de rebolos "» = velocidade de mínimo custo (rn/rnín) v == velocidade de corte (m/mín) v.ou == velocidade de saída do cavaco (rn/rnín) v, = velocidade efetiva (m/mín) vf ::::velocidade de avanço (mrnlmin) vm."1' = velocidade de maxírna produção (ro/min) Vs = velocidade do rebolo em retificação (rn/s) Vw == velocidade da peça sendo retificada (mmls) v: = velocidade de císalhamento (m/rnín) V '" tensão elétrica (V) V:f :: tensão eficaz 0l) Vg> Vb, e VI' = volumes de abrasivos, ligantes e de poros, respectivamente (%) TV = trabalho mecânico (JI) z = número de aresta de corte da ferramenta Z :o número de peças em um lote G h I L' l, Ir In L n
  • 5. vi TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Zs '" volume de rebolo consumido (mm-) Zr '" número de peças usínadas com uma aresta de corte no tempo de vida T Z,. = volume de material retificado (mm') (l-z) = expoente da Equação de Kienzle 0- 0 - ângulo de folga da.ferramenta ~o :: ângulo de cunha da ferramenta; razão entre as forças tangencíal e normal sobre a superfície de saída da ferramenta W ::: ângulo de atrito médio sobre a superücíe de saída da ferramenta, sob ação do cavaco ~z ::: coeficiente de atrito interno. sobre o plano de cisa1hamento Xr :::: ângulo de posição da ferramenta t,Y :;:: espessura da lamela de cavaco (mrn) t.S ::::deformação por clsalharnento (rnm) e :::deformação verdadeira eo :::grau de deformação no cisa.lhamento e, :::ângulo de ponta da ferramenta <p :::: ângulo da direção de avanço 4 :::ângulo de cisalhamento 10 :::: ângulo de saída da ferramenta J.L ::: coeficiente de atrito para o caso governado pelo modelo de Coulomb p == ângulo entre a força de usinagern Fu e a componente FN; densidade (kg/m"); resistividade elétrica (Q) crJ :::: tensão normal limite para transição entre o atrito seco de Coulomb e o atrito de cisalhamento do material mais fraco sem zona de transição (N/mm2) crj '" tensão normal limite para transição entre o atrito seco de Coulomb e o atrito de cisalhamento do material mais fraco com zona de transição CN/mmZ) ar. = tensão de compressão sobre a superfície de saída da ferramenta (N/mm2) )f4. =: tensão normal média que atua na superfície de saída da ferramenta (N/mm2) 0z = tensão normal sobre ao plano de císalharnento (N/romZ ) 't s , '" tensão de cisalhamento liroite para-a proporcionalidade entre atrito seco e de císalharnento (N/mmZ) 'tz .= tensão de císalhamento sobre o plano de cisalhamento (N/mmZ) v =: coeficiente de Poísson í[ := ângulo da direção efetiva de corte e = temperatura (K, °C): Às = ângulo de inclínação da ferramenta INTRODUÇÃO À TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS 1 1.1 Principais operações de usinagem . 5 1.2 Grandezas físicas no processo de corte. 13 1.2.1 Movimentos '" 13 1.2.2 Direções dos movimentos 14 1.2.3 Percursos da ferramenta na peça............................................ 16 1.2.4 Velocidades 16 1.2.5 Conceitos auxiliares 17 1.2.6 Grandezas de corte 19 1.2.7 Grandezas relativas ao cavaco 21 Referências bibliográficas....... 23 2 GEOMETRIA DA FERRAMENTA DE CORTE : :...... 24 2.1 Definições 24 2.2 Sistemas de referência........................................................................ 27 2.2.1 Planos do sistema de referência da ferramenta..................... 27 2.2.2 Ângulos do sistema de referência da ferramenta......... 33 2.3 Funções e influência dos principais ângulos da cunha cortante 38 2.4 'Outros atributos da cunha cortante 39 Referências bibliográficas , : '" 40 3 FORMAÇÃO DE CAVACOS.......................................................................................... 41 3.1 Corte ortogonal. 43 3.2 Relações cinemáticas e geométrícas no corte ortcgonal.i....; 45 3.3 Tipos de cavacos.................................................................................. 50 3.3.1 Cavacos contínuos................................................................... 51 3.3.2 Cavacos parcialmente contínuos 52 ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( .' ( ( .( ( ( .( - ( ~( - ( /( .' ( - ( -( ---.-( j( I (
  • 6. ) ) ) . ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) 4 ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) viii Conteúdo íx TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS 3.3.3 Cavacos descontínuos 53 3.3.4 Cavacos segmentados 53 3.4 Formas de cavaco :........ 55 3,5 Controle do cavaco , , , 57 3.5.1 Quebra-cavacos postiço 59 5 TEMPERATURA NO PROCESSO DE USfNAGEM. 113 5.1 Temperatura na formação de cavacos: Modelo de Trígger E. Chao 124 5.2 Temperatura na formação de cavacos: Modelo de Loewen e Shaw 128 5.2.1 Temperatura no plano de cisalhamento (Tz) 136 5.2.2 Temperatura na interface ferramenta/cavaco (Tf): 138 3.5.2 Quebra-cavacos mtegrãl, tipo 1: anteparo 59 3.5.3 Qu.ebra-cavacos integral, tipo II: cratera.... 60 3.6 Interface fenamenta/cavaco............................................................... 63 3,6.1 Atrito no corte de metais 65 3.6.2 Zona de aderência 69 3.6.3 Zona de escorregamento......................................................... 71 3.6.4 Aresta postiça de corte CAPC) 71 3.6.5 Influência das diferentes condições da interface nas variáveis do processo..... 72 Referências bibliográficas 75 5.3 Temperatura na formação de cavacos: FEM (Método dos elementos finitos) 143 5.4 Temperatura na formação de cavacos: estimativas experimentais .. 144 5.4.1 Termopares inseridos na ferramenta 145 5,4.2 Termopar ferramenta/peça 148 5.4.3 Radiação infravermelha 150 5.4.4 Vernizes termosensíveis................................ 151 5.4.5 Propriedades metalográficas. 152 5.4.6 Sais com diferentes temperaturas de fusão 154 5.4. 7 Filmes depositados por PVD.... 154 Referências bibliográficas.............. 155 FORÇA E POTÊNCIA DE UStNAGEM......................................................................... 77 4.1 Força de usinagern no corte oblíquo (trídímensional) 77 4.2 Força de usinagem no corte ortogonal (bidimensional) 79 4.2.1 Tensões no plano de cisalharnento secundário...................... 82 4.3 Determinação teórica do ângulo de cisalhamento..................... 83 4.3.1 Teoria de Ernst e Merchant........ 83 4.3.2 Teoria de Lee e Shaffer 85 4.4 Determinação teórica da força de corte.................................... 90 4.4.1 Determinação teórica da pressão específica de corte no tomeamento , ,.............................. 93 4.4.2 Determinação teórica da pressão específica de corte no fresamento........................... 96 4.5 Determinação experimental da força de usínagem (métodos de medição) ~............................................................ 98 4.5.1 Princípio de medição por extensômetros (straín gauges).... 98 4.5.2 Princípio de medição por cristais píezcelétricos " 104 4.6 Fatores que influenciam a força de usínagem 105 4.7 Potência de usínagern.. 105 4,8 Medição de potência em usínagem 107 Referências bibliográficas....................................... 111 6 FLUIDOS DE CORTE 157 6,1 Funções dos fluidos de corte 158 6.2 Classificação dos fluidos de corte 161 6.2.1 Óleos , 162 6.2.2 Emulsões , 162 6.2.3 Soluções 163 6.3 Aditivos 164 6.4 Considerações a respeito da utilização de fluidos de corte 165 6.5 Direções de aplicação do fluido de corte 167 6.6 Métodos de aplicação dos fluidos de corte 168 6.7 Seleção do fluido de corte 170 6.7.1 Recomendações quanto ao material da peça 170 6.7.2 Recomendações quanto ao material da ferramenta 172 6.7.3 Recomendações quanto à operação de usinagem 173 Referências bibliográficas 174 7 MATERIAIS PARA FERRAMENTAS DE CORTE........................................................ 176 7.1 Aços-carbono e aços ligados 177 7.2 Aços rápidos. 179
  • 7. x TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Conteúdo 7.2.1 Aço rápido revestido 187 7.2.2 Aço rápido produzido pela metalurgia do pó 188 7.3 Ligas fundidas......... 189 7.4 Metal duro : 192 741 F2bricação do met.al duro . .. 197 9.1.2 Cálculo teórico da rugosidade no processo de tornearnento 284 9.1.3 Cálculo teórico da rugosidade para a operação de fresamento.......................................................................... 285 9.1.4 Medição da rugosidade 286 D.U) Efeitos de alguns parâmetros de llsínagem na rugosidade 288 7.4.2 Metal duro revestido 200 7.5 Cermets...... 206 7.6 Cerâmicas 208 7.6.1 Cerâmica à base de AlzO$ 211 7.6.2 Cerâmica à base de Si3 N4 ..•.••.......•..•.........•.•..•.•..•.•.•...•.•.•.•..... 214 7.7 Materiais ultraduros para ferramentas 216 7.8 Seleção de materiais para ferramentas de usínagern ,......... 222 Referências bibliográficas...... 227 9.2 Alterações subsuperfíciais 292 9.2.1 Alterações de natureza mecânica 292 9.2.2 Alterações de natureza metalúrgíca.... 293 9.3 Avaliação da integridade superficiaL : 293 9.3.1 Tensão residual 294 9.3.2 Fadiga : , 298 9.4 Influencia dos parârnetros e da operação de usinagem sobre . a integridade superficial........... 299 Referências bibliográficas 302 8 AVARIAS, DESGASTES E MECANISMOS DE DESGASTE DAS FERRAMENTAS DE CORTE................................................................................ 231 8.1 Avarias nas ferramentas de corte....... 233 8.1.1 Avaria de origem térmica 234 8J2 Avarias de origem mecânica 242 8.2 Desgaste nas ferramentas de corte 246 8.3 Mecanismos de desgaste 251 8.3.1 Deformação plástica superficial por císalhamento a altas temperaturas (Figura 8.19) 252 8.3.2 Deformação plástica da aresta de corte sob altas tensões de compressão (Figura 8.19) 254 8.3.3 Difusão (Figura 8.19) 256 8.3.4 Aderência e arrastamento: attritíon (Figura 8.19) , 258 8.3.5 Abrasão (Figura 8.19) : 260 8.3.6 Desgaste de entalhe (Figura 8.19) 262 8.4 Curva de vida das ferramentas 267 Referências bibliográficas 273 10 CONDIÇÕES ECONÔMICAS DE CORTE 305 10.1 Cálculo da velocidade de máxima produção (Vm,xp)............... 306 10.2 Cálculo da velocidade econômica de corte 010 ) .•••••••••••.••.•..••••..•••.• 311 10.3 Intervalo de máxima eficiência ermer) · 316 Referências bibliográficas 317 11 USfNAGEM POR ABRASÃO 318 11.1 Grandezas físicas das operações de retificação 321 11.2 Rebolo..................................................................... 324 11.3 Mecanismo de corte na retificação 330 11.4 Dressagern 332 11.5 Forças e potência de retificação....................................................... 335 11.6 Temperatura de retificação ; 337 11.7 Pluidos de corte................. 340 11.8 Operações especiais de retificação 341 11.8.1 Retificação creep feeâ 341 11.8.2 Retificação sem centros (centerless) 342 Referências bibliográficas....... 344 9 INTEGRIDADE SUPERFiCiAL...................................................................................... 276 9.1 Rugosidade 278 9.1'. Parãrnetros para a quantificação da rugosídade 280 12 ASPECTOS TECNOLÓGICOS E RECOMENDAÇÕES................................................ 345 12.1 Aços-carbono e ligados 348 12.2 Aços ínoxidáveis.; 350 xi ( ( .',~ . ( ( ( ( ( .,'( -( ~( --C -'( _.( -( ._( ---(
  • 8. ) ) ) ) ) xii TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS 12.3 Ferro fundido (FoFo) 353 12.4 Ligas termo-resistentes e superligas (HSTR, do inglês Hígh Strenght Thermal Resistant Superalioys) :.......... 356 12.5 Cornpósitos 359 12.6 Materiais endurecidos 359 ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) 12.7 Efeitos de diversos elementos de liga na usinagem 361 Referências bibliográficas........... 363 APÊNDICE A 1- Valores dos coeficientes da equação de Kienzle para o Torneamento dos principais materiais metálicos (catálogo Sandvik, 2002.8) 364 Até meados do século XVTII, o principal material utilizado para peças, em engenharia, era a madeira, salvo raras exceções, a qual era usinada com ferra- mentas de aço-carbono. Com a Revolução Industrial, novos e mais resistentes materiais apareceram, impulsionando o desenvolvimento dos aços-liga como fer- ramentas de corte. Mais tarde, a utilização da água e do vapor como fontes de energia impulsionaram a indústria metal-mecânica, já no final do século XVIII e Início do século XIX, propiciando assim o aparecimento de máquinas-ferramentas responsáveis pela fabricação de outras variedades de máquinas e instrumentos em substituição ao trabalho humano em diversas atividades. A primeira contribui- ção relevante foi apresentada por John Wilkinson, em 1774 (McGEOUGH; 1988), ao construir uma máquina para mandrilar cilindros de máquinas a vapor, os quais antes eram usinados com equipamentos originalmente projetados para rnandrilar canhões e que, portanto, não eram capazes de assegurar a exatidão exígida. Os materiais a princípio utilizados na fabricação de máquinas a vapor eram o ferro fundido, o latão e o bronze, facilmente usinados com as ferramentas de aço-carbono temperado disponíveis na época. Ainda assim, eram necessários 27,5 dias de trabalho para mandrilar um dos cilindros de uma máquina de gran- de porte (TRENT, 1985). Em 1797, Henry Maudslay desenvolveu o primeiro torno com avanço au- tomático, permitindo a produção de roscas com passo defuudo, Após a rnan- driladora e o torno surgiu a plaínadora e, em 1860, a retíãcadora. A primeira . fresadora universal, desenvolvida por J. R. Brown, surgiu em 1862 e foi utilizada Inicialmente para a produção de canais em brocas helicoidais. Outro desenvol- vimento importante ocorreu em 1896, quando F. W. Fellows desenvolveu uma máquina capaz de produzir praticamente qualquer tipo de engrenagem. Já no século XX surgiram produtos feitos de materiais mais duráveis e, consequentemente, mais diliceis de serem usínados. O advento das ferramentas de aço rápido, e mais tarde de carboneto de tungstênio, permitiu a usínagern de APÊND ICE A2 - Valores dos coeficientes da equação de Kienzle para o Fresarnento dos principais materiais metálicos (catálogo Sandvik 2002.2) 367
  • 9. 2 TEORIA DA UStNAGEM nos MATERIAIS Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais aços e de 'outros materiais metálicos com produtividade crescente, também fa- . vorecída pelos avanços tecnológicos no campo das máquinas-ferramentas, como o desenvolvimento de máquinas automáticas e, mais tarde, de máquinas coman- dadas numericamente (CN). Por fim, a partir da década de 1940, os processos não convencionais de usinagem passaram a ganhar importância nela capacidade de UJ.-r método em particular vai depender de um grande número de fatores. Além disso, na maioria das vezes, o produto final é resultado de muitos proces- sos diferentes. Na .seleção de processos, segundo Kalpakjían (1995), os seguin- tes fatores devem ser considerados: • Tipo do material e suas propriedades. de produzir peças de geometria complexa em materiais de difícil usínabilidade, garantindo assim acabamento de elevada qualidade e tolerâncias estreitas. Segundo Kalpakjian (1995), em países industrializados, a atividade ma- nufatureíra responde por 20% a 30% do Produto Interno Bruto e serve de indi- cativo confiável do padrão de vida da população do país. Em um contexto mais amplo, a manufatura pode ser entendida como o processo de transformação de matérias-primas em produtos acabados, seguindo planos bem organizados em todos os aspectos. Dessa forma, os mais diversos bens de consumo são produ- zidos, desde um simples parafuso até uma. aeronave comercial de grande porte (aproximadamente seis milhões de peças), passando pelo automóvel (cerca de quinze mil peças). Já o termojabricação é empregado de forma mais restrita, limitando-se aos processos nele envolvidos. Para se ter uma idéia dos fatores relacionados à. atividade rnanufatureira , Kalpakjian (1995) usa o exemplo da produção de um simples artigo: o clipe. Primeiro ele deve ser projetado para atender ao seu requisito funcional: manter juntas várias folhas de papel. Para tanto, deve exercer força suficiente a fim de evitar o deslízamento de uma folha sobre a. outra. Geralmente, é feito de arame de aço, embora hoje se encontrem no mercado clipes de plástico. O comprimento do arame necessário à sua fabricação. é cortado e então dobrado várias vezes , para dar forma final ao produto. Por sua vez, o arame é feito por um processo de tre.filação a frio, no qual a seção transversal de uma barra é reduzida ao passar por uma matriz (ou fíeíra) , a qual também confere algumas propriedades mecâ- nicas ao material, corno resistência mecânica e dureza. A barra, por sua vez, é obtida por processos como trefílação e extrusão de um lingote fundido. Portanto, a fabricação de um simples clipe envoíve projeto, seleção de material adequado e de um método de fabricação para atender aos requisitos de funcionalidade do produto. As escolhas são feitas não somente com base em requisitos técnicos, mas também com base em considerações econômicas, visando rnínímízar os cus- tos de produção para que o produto possa ser competitivo no mercado. Nos processos de fabricação, geralmente haverá mais de um método que poderá ser empregado para produzir um determinado componente. A seleção • Propriedades finais desejadas. • Tamanho, forma e complexidade do componente. • Tolerâncias e acabamento super.ficial exigidos. • Processo subsequente envolvido. • Projeto e custo de ferrarnental; efeito do material na vida da ferramenta ou matriz. • Sucata gerada e seu valor. • Disponibilidade do equipamento e experiências operacionaís. • Leaâ time necessário para iniciar a produção. • Número de partes requerídas e taxa de produção desejada. • Custo total do processamento. o engenheiro responsável deve ter, portanto, amplos conhecimentos dos processos e dos materiais envolvidos. É evidente que a fabricação de um pro- duto, seja ele um clipe, uma lâmpada, uma calculadora ou um automóvel, além de conhecimentos de projeto, materiais e processos, requer também grande interação entre os diversos departamentos da empresa. Quanto mais complexo o produto, maior a necessidade de comunicação entre eles. A Figura LI mostra a classificação dos processos ele fabricação (FERRA- RESI, 1977), na qual se destaca a usinagem, objeto principal tratado neste livro. Ao observar essa figura, a seguinte definição de usinagem pode ser extraída: processo de fabricaçâo com remoção de cavaco. Uma definição mais abran- gente é a seguinte: operação que ao conferir à peça forma, dimensões e acabamento, produz cavaco. E por cavaco entende-se: porção de maiericu da peça retirada pela ferramenta e caracterizada por apresentar forma geométrica irregular. A usínagem é reconhecidamente o processo de fabricação mais popular do mundo, transformando em cavacos algo em torno de 10% de toda a produ- ção de metais e empregando dezenas de milhões de pessoas (TRENT, 1985). 3 ( -( --( v( "~r ,~( -( ,,( --r ~- ( ---r -( , ( - ( '- ( ~J -- ( -.' ( ~( J -- ( ( ( ( ( (
  • 10. ) J ) ) ) J ) ) ) ) ) ) J ) ) ) ) ) ) ) ) ) TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais 5 Apesar dessa popularidade, trata-se de um processo bastante imprevisível e a definição paradoxal que se segue relata com exatidão toda a sistemática que o envolve: processo complexo e simples ao mesmo tempo) no qual se pro- duzem peças removendo-se o excesso de material naforma de cavacos. É um processo complexo devido às dificuldades em determinar as Imprevisíveis A usinagem tem ainda a peculiaridade de ser um processo essencial- mente prático e que envolve um elevado número de variáveis. Shaw (1984) afirma que é praticamente impossível prever o desempenho no corte dos metais. Entretanto, isso não significa que estudos detalhados dos processos de usinagern não têm valor. Cada ponto fundamental que é detalhadament.e COI [.diçõ-es-td-eats-de-corte:=E-stmMes perque, uma-vez determ-lna(ias-essasc.on~ diçóes, o cavaco se forma corretamente, dispensando qualquer tipo de inter- venção do operador. As condições ideais de corte são as capazes de produzir peças dentro de especificações de forma, tamanho e acabamento ao menor custo possível. estudado e interpretado de maneira adequada contribui para o entendimen- to do processo, o procedimento mais próximo da capacidade de prever seu comportamento. De acordo com Black (1995), a irnprevisíbilidade da usinagem se deve ao fato de esse ser o único processo de deformação plástica cuja única res- trição é oferecida pela ferramenta. de corte. Além disso, a usínagern envolve altas deformações combinadas com altas taxas de deformação. A variedade de opções para os parâmetros de entrada. do processo resulta em infinitas combinações e há apenas três maneiras de lidar com tal complexidade: por meio da experiência adquirida por sucessivas tentativas e erros ao longo dos anos, além de comparações com situações análogas; por meio da experimen- tação, que é onerosa, demorada e restrita a uma determinada situação, não podendo ser generalizada; e por intermédio de modelos teóricos, que vão desde modelos matemáticos símplístas até sofisticados modelos numéricos. Em geral, nenhuma dessas abordagens é capaz de, sozinha, encontrar solu- ções satistatõrias, sendo recomendada a combinação de duas delas, ou mes- mo das três abordagens . 1.1 PRINCIPAIS OPERAÇÕES DE USINAGEM A seguir, as principais operações de usinagem convencional executadas com ferramentas de geometria definida são apresentadas e agrupadas de acordo com a máquina-ferramenta empregada. As operações de usinagem por abra- são, ou seja, realizadas com ferramenta sem geometria definida, serão tratadas posteriormente. É importante salientar que todas as operações apresentadas a seguir podem ser subdivididas em desbaste e acabamento. No desbaste, a prin- cipal preocupação é garantir elevada taxa de remoção de material, sendo, por- tanto, limitado pela potência da máquina-ferramenta. No acabamento, quando o sobrernetal deixado pela operação de desbaste é removido, a qualidade final do componente é príoritãría. • Torneamento • Fresamento ·.!·'Furaçáo ': . . t . ~Aplainamento " • Mandrilarnento .. ~ • Serramento -Brochemento • ·Roseamento , Retificação ete. • Convencional , Com remoção I.Usinagem ·de cavaco t· .... ·.Jatod'água , Jato abrasivo • Fluxo abrasívo -Ultràsorn ·.Eletro.química • Não-convenctonalÍ" Eletroerosão '~ • "Feixe de elétrons i• .t 't , Laser ··'Plasma ·-Química '~ '-Fotoquímíca ete. } Processos de fabricação - 'Fundição .: ·Soldagem :: ·','Metalurgia . ." "d~:pÓ'.. •..'Laminação ,!.semremoção: . - .: : 'Extrusão ..•... decavaco:·;:: 'Coriformaçáo:.Trsfifação . . ., Forjamento •Estarnpaçern
  • 11. 6 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAiS Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais A Figura 1.2 mostra as principais operações realizadas no tomo. Nesses casos, a peça gira em torno de seu eixo enquanto a ferramenta de corte realiza os movimentos de avanço longitudinal elou transversal. Essas operações são: ~ Tomeamento cilíndrico externo. • Torneamento cilíndrico interno. As operações realizadas na furadeira são apresentadas naFigura 1.3. Aqui, a ferramenta gira e realiza o movimento de avanço, que pode ser manual ou automático. Normalmente, a qualidade de trabalho produzida pela operação de furação é ínferior a ITll. Caso seja exígída uma qualidade superíor;o alargamento deve ser executado. • Furacão. • Torneamento CÔlÚCO externo. s Torneamento CÔTÚCO interno. " Faceamento. • Perfilarnento. li Sangramento. • Recartilhamento. • Furação com pré-furo. K Furação escalonada. " Furação de centro. a Alargamento cilíndrico. • Alargamento cônico, " Rebaixamento. li Ferramenta para trepanação. " Furação profunda com broca canhão. A operação de fresamento é reconhecida pela versatilidade na produção de geometrias diversas, além de garantir elevadas taxas de remoção de material, vísto que a ferramenta (fresa) possui múltiplas arestas de corte. Nesse grupo de opera- ções, a ferramenta gira enquanto a peça, presa à mesa, é responsável pelos movi- mentos de avanço longitudinal e transversal (Figura 1.4). Em situações especiais, a peça pode ficar estática enquanto a ferramenta realiza todos os movimentos. " Fresamento tangencíal (concordante ou discordante). " Fresamento tangencial de canais ou de perfis. a Fresamento de topo. • Fresamento frontal. a Fresamento com fresa de topo esférica. • Fresamento de cavidades. Além disso, o fresamento é o principal responsável pela fabricação de en- grenagens. A Figura 1.5 ilustra os seguintes exemplos; • Fresamento de engrenagens de dentes retos com fresa de perfil. • Fresamento de engrenagens pelo processo Fellows. . ~ Fresamento de engrenagens cônicas helícoidaís. • Fresamento de engrenagens com par de fresas, • .Fresamento de engrenagens com fresa caracol. 7 ( .( .( ..( .( ...( .{ -l ..( .r .J .J .J .j .J .J _J .( .._.( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( (
  • 12. ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) 8 TEORIA DA USfNAGEM OOS MATERIAIS Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais 9
  • 13. 10 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais obrochamento é comumente empregado quando se deseja produzir furos com formas diferentes da cilíndrica, A ferramenta (brocha) é tracíonada e a passagem de dentes sucessivos provoca a abertura de um furo inicial, para o perfil desejado. Elevada qualidade dírnensional e geométrica pode ser- conse- guída em componentes produzidos em massa. Formas externas também podem ser produzidas por meio dessa operação. A Figura 1.7 ilustra as operações de brochamento interno e externo, bem como dá exemplos de peças produzidas através dessa operação. A abertura de roscas é uma operação bastante díversificada e que pode ser realizada com o uso de dispositivos manuais ou por meio de máquinas-fer- ramentas (tornos, fresadoras, rosqueadeiras etc.), dependendo principalmente da taxa de produção esperada, mas também das dimensões da rosca. Roscas ex- ternas podem ser produzidas por cossínetes (conhecidos como tarraxas) ou por ferramentas de perfil único ou múltiplo (Figura 1.8). Já roscas internas podem ser produzidas utilizando-se jogos de machos ou ferramentas de perfll único ou múltiplo. A Figura 1.8 ilustra os seguintes exemplos: o mandrilamento é realizado em um equipamento especíâco (mandrila- dera), similar a uma fresadora de grande porte. Nessa operação, utilizada prin- cipalmente no acabamento interno de furos cilíndricos e com perfis especiais, a ferramenta é dotada dos movimentos de corte e avanço, enquanto a peça per- manece estática Fi ura 1.6 , É particularmente interessante para a usínagem de peças de gran es 11 ( '"( ..( -( 'i ..-( ._( '-c ..-( ._( ._( -( •..( -( -( ~( ---( ~( .. J ,J .. J [ .J ( ( ( ( '- ( ,-,r ( ( ,( -( .-.~.' (
  • 14. ) ) ) ) ) 12 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS 13 Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais a Roscamento externo com ferramenta de ponta única. o Roscamento ínterno com ferramenta de ponta ÚIÚca. • Roscamento interno com macho de corte. • Roscamento externo com ferramenta multiarestas. Roscamento interno com ferramenta multíarestas. ) ) ) ) ) ) ) ) } ) ) ) ) ) } ) ) ) ) • Roscamento externo com cossínete. 'j '''-.. s.> 1.2 GRANDEZAS FíSICAS NO PROCESSO DE CORTE O princípio usado em toda mãquína-ferrarnenta para obter a superfície desejada é providenciar um movimento relativo apropriado entre a peça e a fer- ramenta, escolhida adequadamente. Assim, para o estudo da usinagern, é neces- sária a definição das grandezas físicas no processo de corte. Anorma NBR 6162 - Mouimeruos e Relações Geométricas na Usinagem dos Metais: Terminolo- gia trata justamente desses conceitos (ABNT, 1989). A seguir são apresentadas algumas defmíções básicas extraídas dessa norma. Os conceitos se referem a um ponto genérico da aresta cortante (gume), dito "ponto de referência". Nas ferramentas de barra, esse ponto é fixado na parte da aresta cortante próxima à ponta da ferramenta. 1.2.1 Movimentos Os movimentos nas operações de usínagem são movimentos relativos entre a peça e a aresta cortante e a peça considerada estacionária. Podem-se
  • 15. 14 TEOR!A DA USINAGEM DOS MATERIAiS Introdução à Teoría da Usinagem dos Materiais ~ ,; /- "--distinguir dois tipos de movimentos: os que causam diretamente a saída de ca- Jo vaco e os que não tomam parte diretamente na sua retirada. f~ovímentos que causam diretamente a saída do cavaco: Vi .•Movimento de corte: realizado entre a peça e a aresta de corte, o qual, ·G , - '" . , _ . l!9-a de cavaCC!., • Mouimeruo de avanço: realizado entre a peça e a aresta de corte, o qual, com o movimento de corte, provoca a t§tirada contínua de cavaco. Movimento efetivo: resultante dos movimentos de corte e avanço, rea- lizados ao mesmo tempo.(.1--,;-c<c.ç '. i..p6·e:;·c.,.··,,· - ,J . '..' i ;"". i..~/":~'~. , . Movimentos que não causam diretamente a formação do cavaco: • Movimento de aproximação: realizado entre a peça e a aresta de cor- te, por meio do qual arnbas se aproximam antes da usínagern. ••Movimento de ajuste: realizado entre a peça e a aresta de corte para determinar a espessura de material a ser retirado. • Movimento de correção: realizado entre a peça e a aresta de corte para compensar o desgaste da ferramenta, ou outra variação (térmica, por exemplo), •. Movimento de recuo: realizado entre a peça e a aresta de corte com o qual a ferramenta, após a usínagem, é afastada da peça. - ~>: 1.2.2 Direções dos movimentos Devem-se dístínguír as direções dos movimentos que causam diretamente a retirada de cavaco: • Direção de corte: instantânea do movimento de corte. • Direção de avanço: instantânea do movimento de avanço. • Direção efetiva: instantânea do movimento efetivo de corte. Defuüções análogas são válidas para os movimentos que não causam diretamente a retirada de cavaco. As Figuras 1.9, 1.10 e 1.11 ilustram essas direções para O tornearnento, a furação e o fresamento tangencíal discordan- te, respectivamente. ( i5 ( -( -( ..( ..( -( { ..1 .J j .J J .s .J j j j - .. J .J ,-' ( _/ ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( I
  • 16. } } ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) I ) ) ) ) ) ) ) ) ) 16 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERiAiS 17 Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais 1.2.3 Percursos da ferramenta na peça D Percurso de corte (Le): é o espaço percorrido pelo ponto de referência da aresta cortante sobre a peça, segundo a direção de corte. • Percurso de avanço (L}: ~ o espaço percorrido pelo ponto de referên- cia da aresta cortante sobre a peça, segundo a direção de avanço. Nos (1.1) lr·d·n Ve=--- 1.000 Onde: d :::;diâmetro da peça ou da ferramenta em mm n "" número de rotações por minuto (rpm) [rn/rnín] casos em que ha movJ.mento de avanço pnnClpal e lateral, devem-se distinguir os componentes do percurso de avanço. R Percurso efetivo (L;J: é o espaço percorrido pelo ponto de referência da aresta cortante sobre a peça, segundo a direção efetiva do corte. ,," U::... Velocidade de avanço (v) é a velocidade instantânea do ponto de referên- . /_'0 da '-da aresta cortante da ferramenta, segundo a direção e o sentido de avanço. -' 0. 0 ~:- ~. >.>"~~ É dada pela Equação 1.2: . ,;"/ '.... '':'./ Definições análogas são válidas para os movimentos que não tomam parte. ( . "s"f· n diretamente na retirada de cavaco. AFigura 1.12 ílustra os percursos da ferra~ ; 1 -~ '~ ,~ , ! Onde' menta na operação de fresaroento tangencíal discordante.. f .. ;' ; 1 • ', ,->./.' f = avanço em mmlrev (mm por revolução) '. ....'""""--- .- "; n = número de rotações por minuto [mm/rnín] (1.2) Velocidade efetiva de corte (ve) é a velocidade instantânea eloponto de re- ferência da aresta cortante da ferramenta, segundo a direção e o sentido efetivo do corte. É calculada vetoríalmente como mostra a Equação 1.3: - V.=V,+V, [roJrnin] (1.3) A seleção das velocidades de corte e de avanço (e consequentemente da velocidade efetiva) mais adequadas depende da operação de usinagern e dos materiais da ferramenta e da peça. Além destas, têm-se também as velocidades de aproximação, de ajuste, de correção e de recuo. Embora não tomem parte na retirada de cavaco, as velocidades de aproximação e recuo são particularmente importantes em máquinas comandadas numericamente, visto que valores ele- vados para tais velocidades contribuem para a redução do tempo total de fabri- cação da peça. . 1.2.4 Velocidades Velocidade de corte ev) é a velocidade instantânea do ponto de referência da aresta cortante da ferramenta, segundo a direção e o sentido do corte. Para processos com movímentos de rotação, a velocidade de corte.é calculada pela Equação Ll, usando-se as unidades mais usuais em usinagem: 1.2.5 Conceitos auxiliares Para melhor compreender os conceitos relacionados às diferentes opera- ções de usínagem é necessário compreender o conceito de plano de trabalho (Pj): esse plano, passando pelo ponto de referência, contém as direções de corte
  • 17. 18 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS e de avanço. Nele se realizam os movimentos que tomam parte na retirada de cavaco (Figuras 1.13 e 1.14). No plano de trabalho é possível ídentífícar e definir os ângulos da direção de avanço e da direção efetiva de corte: • Ângulo da direção de avanço (tp): formado entre a direção de avanço e a direção de corte. Nem sempre a direção de avanço é perpendicular à Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais (1.4) durante o corte. • Ângulo da direção efetiva de corte (17): formado entre a direção efe- ______ --"t.t.za_cte_cDrte_e_a_di.r.RçãD_de_cor:t.e. _ Apartir da Figura 1.14 pode-se desenvolver a Equação 1.4: VJ serup sen q; tg7]= --"---'-- = -----=-- Vf.Costp + Vc costp + Vc V, Nota-se que, como na maioria dos casos, a velocidade de avanço é muito in- ferior à velocidade de corte - o ângulo r; é desprezível (nas operações de rcsquea- mente, 77 assume valores consideráveis, pois a diferença entre Vc e vJ é menor). Assuperfícies em usinagem são as geradas na peça pela ferramenta. Devem- se distinguir a superfície em usínagsm principal. e a superfície em usínagern {/, secundária, sendo que a primeira é gerada pela aresta principal de corte, en- quanto a segunda é gerada pela aresta secundária de corte (Figura 1.15). i. ..... '; I I I ! j 1.2.6 Grandezas de corte São as grandezas que devem ser ajustadas na máquina direta ou indire- tamente. O avanço (j) é o percurso de avanço em cada volta (mm./rev) ou em cada curso da ferramenta (mm/çolpe). No caso de ferramentas que possuem mais de um dente, cornoa fresa, distingue-se ainda o avanço por dente (jz), que 19 ( --'( '~( '-'( ~-( -~( ~( ,- ( '-- ( '~( '._' ( '-.,- ( .~,,( '-, ( ~ ( ( -- ( ( '-' ( ( <;> ( ( ( ( -, ( ( ( ( "~ ( ( ( (
  • 18. 20 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAiS ) ) ) ) ) representa o percurso de avanço de cada dente medido na direção do avanço da ferramenta (correspondente à geração de duas superfícies consecutivas em usínagem). Valea relação representada pela Equação 1.5: [rnrn/rev] (1.5) . Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais 21 .I i pendicular ao plano de trabalho. A penetração de trabalho (a) é a penetração da ferramenta em relação à peça, medida no plano de trabalho e em uma direção perpendicular à direção de avanço. É de grande importância no fresamento e na retificação. Já a penetração de avanço (ar) é a grandeza de penetração da fer- ramenta medida no plano de trabalho e na direção de avanço. Essas grandezas estão representadas na Figwa 1.11. ) Onde: ) z = número de dentes ))1 en~o~a~v~a~niço~p~o~r~d~e~n~te~p~o~d~e~ffil1~·~d~a~se~r~d~ec~o~miP~o~s~t~o~n~o~a~v~a~n~ç~O~d~e~co~rt~e~if~e~) --t--i~~~~I~~~~~~~~Wfit~~~ 1- e no avanço efetivo de corte (f,), mostrados na Figura 1.16. O avanço de corte i ! ) (te) é a distância entre duas superfícies consecutivas em usínagem medida na ) ) Jcliá'reção perpe~clit~Culdar à drtireçr:o) de corte no Pld~o.de.trabalhOd(EquaçãOfí~.6). ) o avanço ele lVO e co e v ; representa a ístãncia entre uas super cies ) consecutivas em usínagem medida na direção perpendicular à direção efetiva ) de corte no plano de trabalho (Equação 1.7). I / ) f ( ) ) ) ) ) ) .I ) ) ) ) ) ) Ia =fz· serup [mrn/dente] (1.6) [mmldente] (1.7) / Finalmente, a profundidade ou largura de usínagem (a ' é a profundidade . r )ou largura de penetração da ferramenta na peça, medida em uma direção per- ! ) 1.2.7 ;. í II ir , I Grandezas relativas ao cavaco São grandezas derivadas das grandezas de corte e obtidas por meio de cálculos (Figura 1.18). A largura de corte (b) é a largura calculada da seção transversal de corte a ser retirada, medida na superfície em usínagern principal e segundo a direção normal à direção .de corte. Em ferramentas com aresta cortante retilinea e sem curvatura na ponta, a largura de corte (b) é definida pela Equação 1.8: b=~ senx,. [rnm] (1.8) Onde: x,. = ângulo de posição da aresta principal de corte A espessura de corte (h) é a espessura calculada da seção transversal de corte a ser retirada e medida, normalmente, à superfície em usínagern principal
  • 19. 22 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Introdução à Teoria da Usinagem dos Materiais " e segundo a direção perpendicular à direção de corte. Em ferramentas com aresta de corte retilineas: Analogicamen,e, é possível definir a largura efetiva de corte (b.) como sendo a largura calculada da seção transversal efetiva de corte a ser retirada e medida na superfície em usínagern principal, segundo a direção normal à dire- ção efetiva de corte. Pela Figura 1.17 deduz-se a Equação 1.12: (1.9) [mm] . A espessura efetiva de corte (h) é a espessura calculada da seção transversal efetiva de corte a ser retirada e medida normalmente à superfície em usínagem prin- .segun o a dfreçao perpendicUlar à dfreçao efetiva de corte CEquaçao I. 13) : h.= h!t.l [rnrn] (1.13) (1+ sen2 Xr' tlil) Por fím, a seção transversal efetiva de corte (A) é a área calculada da seção transversal efetiva de um cavaco a ser retirado e medida no plano normal à direção efetiva de corte. Na maioria dos casos (ferramentas sem arredonda- mente de ponta), a seção transversal efetiva de corte (A.) pode sér calculada pelas Equações 1.14 ou 1.15: (1.14) (1.15) A=a·'" e Ó p J" A = b . h • • 8 . Assim, a seção transversal de corte (A), que é a área calculada da seção transversal de um cavaco a ser retirado e medida no plano normal à direção de corte, pode ser calculada pelas Equações 1.10 ou LU: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS). NBR 6162 - Movimentos eRelações Geométricas na Usinaçem dos Metais: Terminologia. São Paulo, 1989. BLACK, J. T. "Introductíon to machíning processes". Metais hamdoook. machining. 9. ed. Nova York: ASM Internatíonal, 1995. FERRA'tESI, D. Fundamentos da usinaçera dos metais. São Paulo: Blucher, 1977. KALPAKJIAN, S. Manufacturing ençimeerinç and technology. 3. ed. Nova York: Addison-Wesley Publishing Co., 1995. McGEOUGH, J. A. Advanced methods of machining. Londres: Chaprnan and Hall, 1988. SHAW,M. C. Metal cutting principies. Londres: Oxford University Press, 1984. TRENT, E. M.Metal cutting. 2. ed. Londres: Butterworths & Co., 1985. A =a ·f p c (1.10) A = b· h (l.11) 23. ( .~( '-{ '-r -( ._( '-( ( .__..•. ~( /
  • 20. ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) A geometria da ferramenta de corte exerce grande mríuêncía no desempe- nho da usínagem. Por melhor que seja o material da ferramenta, se a sua geome- tria não for preparada adequadamente, não haverá êxito na operação. Tamanha é a sua importância que se faz necessário normalizar, da maneira mais conve- mente possível, os ângulos da cunha cortante para uniformizar a nomenclatura entre os profissionais e a literatura especializada. Como a norma brasileira NBR 6163 - Conceitos da Técnica de Usimaçem: Geometria da Cunha Cortante: Terminologia (ABNT, 1980) trata desse assunto, as defínições apresentadas a seguir baseiam-se nela. 2.1 DEFINiÇÕES As seguintes definições adotadas são necessárias para a determinação dos ângulos da cunha cortante de uma ferramenta de usinagern, A superfície de saída (A) é a superfície da cunha de corte sobre a qual o cavaco se move - e por superfície de folga entende-se a superfície que de- . termina a folga entre a ferramenta e a superfície em usínagern. Distinguem-se . a superfície principal de folga CAa) e a superfície secundária de folga (Aa')· Por meio do movimento relativo entre a peça e a ferramenta, formam-se os . cavacos pela ação da cunha de corte, composta pelas superfícies de saída e de folga da ferramenta. As arestas de corte são definidas pela interseção das superfícies de saída e de folga. Deve-se distinguir a aresta principal de corte (8) da aresta secundária de corte (S'): a primeira é aquela cuja cunha de corte, observada no plano de trabalho, e para um ângulo da direção de avanço (rp) igual a 90°,indica a dire- ção de avanço; a segunda é aquela cuja cunha de corte, observada no plano de trabalhá, e para um ângulo da direção de avanço (rp) igual a 90°,indica a direção contrária à direção de avanço. Geometria da Ferramenta de Corte 25 A ponta de corteé a interseção das arestas principal e secundãría de corte, ao passo que o ponto de corte escolhido serve como referência para a determi- nação das superfícies e dos ângulos da cunha de corte, ou seja, as defínições se referem a um ponto arbitrário da ferramenta: o "ponto de corte escolhido" ou o "ponto de referência". A Figura 2.1 representa os elementos de uma cUIi1i:a cortante de uma fer- ramenta qualquer, enquanto a Figura 2.2 trata de uma ferramenta de tornear. Já a Figura 2.3 representa uma fresa frontal, e a Figura 2.4, uma broca helicoidal. (" r
  • 21. 26 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Geometria da Ferramenta de Corte 2.2 SISTEMAS DE REfERÊNCIA Para a determinação dos ângulos na cunha de corte é necessário empregar um sistema de referência. Normalmente, são empregados dois sistemas para. o estudo dos ângulos da ferramenta e dos ângulos efetivos ou de trabalho: o síste- 2.2.1 Planos do sistema de referência da ferramenta A seguir são apresentados os principais planos localizados no sistema de re- ferência da ferramenta e essenciais à determinação dos ângulos da cunha de corte. Convém lembrar de que todos os planos aqui descritos passam pelo ponto de corte escolhido. A Figura 2.5 mostra duas vistas em perspectiva dos planos localizados no sistema de referência da ferramenta. .J- O plano de referência da ferramenta (Pr) é perpendicular à direção ad- rrutída de' corte, escolhida de modo que esse plano seja o mais paralelo ou per- pendicular possível à superfície ou eixo da ferramenta. Nas ferramentas para torneamento, o plano de referência é paralelo à superfície de apoio do cabo. Já nas ferramentas de fresarnento ou furação, ele contém o eixo de rotação das ferramentas. Existem dois planos de corte: o principal e o secundário.jO plano de corte 2.rincipal da ferramenta ceJ é tangente.à aresta de corte e perpendicular ao plano de referência da ferramenta. Por sua vez, o plano de corte secundário da _ ( o sistema de referência da ferramenta é necessário para a determinação da geometria da cunha de corte da ferramenta durante as etapas de projeto, execução e controle da ferramenta. Já o sistema efetivo de referência é ne- cessário para a determinação dageometria da cunha de corte da ferramenta durante o processo de usinagern, Além desses, outro sistema de referência po- derá ser necessário para a determinação do posicíonarnento da ferramenta em relação à máquina. Após a seleção do sistema de referência a ser utilizado, é possível iden- tificar os planos e ângulos da ferramenta. Os planos e os ângulos relativos ao sistema efetivo de referência possuem definições análogas aos correspondentes , encontrados no sistema de referência, da ferramenta e, portanto, não serão tra- --tados neste livro. r I 27 -{ ,-( '-C -( -,( -( ,,-c -( ,.( -.J ,.( -( ,A ,-.A '-~ ( '-", ( -,- ( " ( ( ( :,( . '., ( ,/ ( ( ( --, ( - ( ( '. ( (
  • 22. / I !/ I ) ) ) ) I ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) 28 TEORIA DA USíNAGEM DOS MATERIAIS 29 Geometria da Ferramenta de Corte ferramenta (Ps ') é tangente à aresta secundária de corte e perpendicular ao pla- no de referência da ferramenta, e ambos passam pelo ponto de referência. Corno o próprio nome indica, o.J?lanoortogonal da ferramenta ~) é per- pendicular aos planos de referência e de corte da ferramenta. Esse plano tam- bém é conhecido corno "plano de medida". As Figuras 2.6, 2.7 e 2.8 mostram, respectivamente, os planos do siste- ma de referência da ferramenta em ferramentas usadas nas operações de tornearnento, fresamento e furação. ,:". r>: o piano admitido de trabalho (Pr) é perpendicular ao plano de referência e .-...:.."" . I paralelo à direção admitida de avanço. É escolhido de tal forma que fique omais paralelo ou perpendicular possível a uma superfície ou eixo da ferramenta. Além desses planos, são definidos ainda no sistema de referência da ferramenta: s Plano dorsal da ferramerua: (Pp): perpendicular aos planos de refe- rência da ferramenta e admitido de trabalho. w Plano normal à aresta de corte (P,,): perpendicular à aresta principal de corte. D Plano ortcçonai à superfície de saída (Pg): perpendicular à superfície de saída e ao plano de referência da ferramenta. •. Plano ortogonal à superfície defolga (Pb ); perpendicular à superfícíe de folga e ao plano de referência da ferramenta. ,';- ',- " ::-,.::.;...:," ,"". ~ ::'.... ,: : ·:PlaD.6?ê;;o~.i:~~s·C~I·hido·:::· ..: . • o'"".' ....... ." -c "".,' ',:' '. '. ,", ", ..... - . o'. •••• , .• :'••..• ". ',", .". , -.:.' -.
  • 23. ) " ',-" )...-C:. ) ) ) -. ) ) - ) ) ) )" ) ) " J ) ) '. ) - ) ) : ) ). ) i . ) ) " ). )" } - i : ) .. )- ) SI'If!l:Ell'ilN soa 1N39ifNISn ifQ VI!:I031 08 " ,
  • 24. .t.e :u ..• ~ de posição da ferramenta, o ângulo de posição secundário da ferramenta e o ângulo de ponta da ferramenta: O ângulo de posição da ferramenta (xl) é ~---~~~~~~~~~~·~~~~~~~~~~i~~~~~~~~~~--~-~~~~aD~deçortedafu~~en~~Jea~tidodetraballio~). É sempre positivo e situa-se sempre fora da cunha cortante, de forma que o seu vértice indica a ponta de corte. Esse ângulo mostra a posição da aresta de corte. O ângulo de posição secundário da ferramenta (X,.') localiza-se entre o ~ - plano de corte secundário da ferramenta (P;) e o plano admitido de trabalho (PI ).É sempre positivo e situa-se sempre fora da cunha cortante, de forma que o seu vértice indica a ponta de corte. Esse ângulo indica a posição da aresta secundária de corte. Por sua vez, o ângulo de ponta da ferramenta (G',) é formado pelos planos principal de corte CP) e secundário de corte (P/). Os ângulos medidos no plano de referência são suplementares, isto é, vale a relação representada na Equação 2.1: 32 TEORIA OAUSINAGEiv1 DOS MATERIAIS ) , .'.~..•>ViS:~P(S'OP~~;~ .. ·.·~.' .. ··.·.:l··.~( ... ·':'Dir.~çã:;.~~drTi iÚda.de ~c6 rt~::: j ) ) ) ) ) ) ,) ) Geometria da Ferramenta de Corte 33 2.2.2 Ângulos do sistema de referência da ferramenta Os ângulosCia cOOhi':c8;iante destínam-se à determinação da posição e da forma da cunha de urna ferramenta. São agrupados de acordo com oplano no qual estão localizados,ou seja, em ângulos medidos no plano de referência, no plano de corte e no plano ortogonal. (2.1) Noplano de corte encontra-se apenas o ângulo de inclinação da ferramen- ta (?.), medido entre a aresta de corte (S) e o plano de referência da ferramenta (P). O ângulo de inclinação é sempre agudo e seu vértice indica a ponta de corte. Ele é positivo quando, observando-se a partir da ponta de corte, a aresta de corte encontra-se na região posterior em relação ao plano de referência, orientando-se, para tanto, segundo o sentido de corte. Outros três ângulos são medidos no plano ortogonal: o ângulo de folga da ferramenta, o ângulo de cunha da ferramenta, e o ângulo de saída da ferramen- ta. O ângulo de folga da ferramenta (a) está situado entre a superfície de folga , ~ (A) e o plano de corte da ferramenta (P). O ângulo de. c1L.'1..h.a da ferrarr.ent~
  • 25. 34 TEORIA DA US!NAGEM DOS MATERIAIS S!!.J é formado pelas superfícies de saídalA~ e de folga .(ájaJ- Finalmente, o .!ngulo de saída da ferramenta (y.) se localiza entre a superfície de saída (A) e o plano de referência da ferramenta (Pr)' De maneira análoga ao ângulo de inclinação, o ângulo de saída também é sempre agudo e positivo quando a in- terseção entre a superfície de saída e o plano ortogonal encontra-se na reg tão _ (> o sentido de corte. Os ângulos medidos no plano ortogonal são complementares, portanto, vale a Equação 2.2: a + R +".1 = 900 o ""0 {o (2.2) As Figuras 2.9,2.10 e 2.11 mostram, respectivamente, os ângulos medidos no sistema de referência da ferramenta em ferramentas usadas nas operações '-.. de :omei~l}tº; fresamento e furação. . Â..5/. O ~ ( TAN JV' J Pr ) I dJ,ri dL)V' f/' " ~e·· f~~l- , ---_._---,.--- ..f;-r"'--- liS~ O '---- ---,~-,"_..---.--- ! Oiíl p S Geometria da Ferramenta de Corte "c., { 1 ( ( 35 ... '- ( --':"-l -. ( -- ( '- ( '. ( -.. ( ',. ( ',.- ( <- ( ;.- ( '.. ( '- ( ~ ( I '- ( ',- ( - { ~(
  • 26. 36 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS ) I Direção admit:id~~·i'.: .'de·avanço '. Vista S (sobre P') . :.'. .' .' s. N I Pr . .' . '. Vist~sóbfeo 'planOd~':nif'erência ;:1 'daferramentáP, (detalheZ} .•~~ ...••.• ' '1' .:p ;.",. .~,j- --t---t-------- ·.P~.~ ..: t:Yo· . .."1/ bl/ista'F(sobrePi) . rS - + 'Eixoda ~ ~ ·ferramenta .' j } I. I .0•• ,p'onto:decorte:&"colhido ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ".,:'.:'. '.: Corte p:";ptnoP1 ..~'" .' P; '.' " . p"<; .VistaS.(sobre:P'} ...} ':Po ':':':::':";'L<'f""";' ...... ~ .. I . A. T ;.:. ;'. . ;'. :.-,:, :.'." . '...:..,~..;:.~~ :>.... Corte O-O (no P ) . _. . , ,o-. .- : ·.····:interseçácid~s ··.;.:o(planosP.eP . ,'".:. '. -. n ,'''' ,,-: . o,,;: .A}:'~ .:.,'.:.. . ::~ ... ' ,,': ". ~ •. ., .corté~F~(~()'~{?< .' o] :::Vtst~:~6bre ;i:ipIano. deréferê~clâ:;dafer.ra~erit~p;.,.: ..::'. ínterseção-d OS' il '?~TQ.~~nt~}de port~e~é01hidosobre::~:~~2ra:::d~ corte·;q)~I~D~~.~.:8 p;- ~ .... ::'.: , :::: "," '-.',.~";'.?..;::.:~~~,:~:'.:/ <:...o.' ' •. o:; - .;~.>,'; "; ,.:". :,~:.~;'~ :,";'.; '.':'~.: ..... ' ...... : ~',' " :···.::':'.·:.·;Pdó'td'jdê·~;rt~··::o· ""::;,::esto'lriidô': I Direção admitida de corte -:...•:.: .. .'::.:". ..." ...:'.~' s R -+ + P t CL, t , ",n"""" do, píanosP, eP, Direção admitida de avanço Vista N (sobre Pnl ....: . [!i1 de Corte -, VistaP (sobre P ) . p Direção admitida decorte Vista R (sobre P,l pt Direção admitida de avanço Vista P-P (sobre P ) • p ~ + -' . CL /1 " Pp " ':Interseçiío dos' -planosP, e Pp .~.. .• Direção admitida de corte 37 I I~ .~:. !~ ;.-:
  • 27. te de materiais de clifícil usinabilidade e em cortes interrompidos, por garantir maior resistência à cunha de corte (f3o ::: 90°). Em contrapartida, a usinagern de materiais dúcteis, como ligas de alumínio e de magnésio, requer o emprego de ------;--~Er;:;s;;-:se-::7:ân;::;-g;:;;ul:;-r;:;:o+t:;;cam;;;::;-;;:b::<é::;::m::---;,in;;-:d::l,uz-=--=um:=a'f'-o--:::rç=-=a-:-p--:::-=-=ass:T:iv=a:--n--:::a~fe=-=IT~am~e---;:-nta:---e,-p-o-r-c-o-n--------â;:-n-g-ul'o-s-d'e-sa'í'""d-"-a--':al-"t::-ca para evitar extensas are as de adesao ao----( seguinte, na máquina-ferramenta. Ele é o principal responsável pela flexão de cavaco à superfície de saída da ferramenta, que resultam na sua quebra, Outra peças muito esbeltas na operação de tornearnento cilíndrico externo. importante vantagem atribuída ao emprego de ferramenta com ângulo de saída O ângulo de ponta (er ) é definido pelo formato da ferramenta, assumindo, negativo é o inserto reversível, visto que esta apresenta o dobro de arestas de por exemplo, 90° em ínsertos quadrados e 60° em ínsertos triangulares. Ferra- corte com.parado ~ ~erram.enta c91J ~gulo de s~d~ l~ti~ .. d/ ;{ ... S; mentas utilizadas em operações de perfílamento apresentam ângulo de ponta Ylo <, O - {Or Ic ck vn.:vlcnt?/~ tk,.. t/; I? C/I (/ ç /1/1ç.. I I' o • e: ~ U I '!//1 fl/rp~/I'4J? (fi,;) '" 'tOe). :rr/l~fv N ve/G.-/Í/e(. (eJ igual a 35°, o que pode fragílízar a ponta da ferramenta, ao passo que ínser- 2.4 OUTROSATRIBUTOS DA CUNHA CORTANTE tos circulares têm o ângulo de ponta (e) definído em função da profundidade de ... . O ,,,. , . . .. , • • • ,T 'ff; 77 - .Alem das ja descritas, outras características geométricas da cunna de cor- usmagern. Sua princípal função e assegurar a resistência da ponta da ferramenta d - . d ( ) . d unh ( ) id d d di 1 i/';'lIIIv~c.M" te que merecem estaque sao: o rala e ponta r , o raio e c a rI! e o e sua capaci a e e issipar ca oro ~ . . '. ,-, J:e. ;VU;v'i:41 tl'i5 quebra-cavacos. / Q ângulo de inclinação (íl.) normalmente vária de -lI ° a 11 ° e tem as se- I _(/.. ., . , ' ! . fun - s .'ví:. Te,J t)I(tt>11/rll'1;O rato de ponta (r) deterrruna, com o ângulo de ponta, a resistência me- r guíntes çoes: (Ji , . . - " . ,.. :. . _ , e Ji4Il) _ câruca da ponta da ferramenta de corte (FIgura 2.12). Alem disso, o raio de Controlar a díreção de salda do cavaco. .,,~ ~f.4 ponta tem grande influência sobre a rugosidade da peça, como será visto mais • Proteger a aresta de corte (gume) da ferramenta contra impactos. ClVlfiJ'V L~J:;,tarde. Em geral, o raio de ponta (Te) varia de 0,2 a 2,4 mm (valores típicos-de ~ Quando positivo, atenuar vibrações. S'."'· - 04-08 mm e 1 2 rnm). Valores elevados do raio de ponta (r) garantem maior VI> c;./(lílS " , c . I. _.L. _ resistência à ponta da ferramenta, entretanto, há um maior contato entre fer- •O ângulo de folga (aJ normalmente varia de 5° a 200 e sua. principal função é d'J é'i'0Tt/JIlS?v rarnenta e peça, o que provoca o aumento da força passiva (perpendicular ao evitar atrito entre a peça e a superfície de folga da ferra."U;nta. Se o valor do ângulo ifl'1J CrtNCl-t o. plano de trabalho). de folga (a) for muito baixo, entretanto, a.cunha não penetrará adequadamente na Analogícamente, o ralo de cunha (ri) tem a finalidade de proteger a cunha peça e, assim, a ferramenta perderá sua afiação rapidamente, visto que há grande cortante, que, em hipótese alguma, deverá ser aguda, sob o risco de quebrar-se. geração de calor. Além disso, o acabamento da peça será prejudicado. Porém, se o Todavia, valores elevados do raio de cunha (ri,) tendem a provocar a elevação da ângulo de folga (ao) for muito elevado, a cunha da ferramenta perderá resistência, força na direção de avanço. Por isso, os raios são acrescentados por processos de podendo soltar pequenas lascas ou até mesmo se quebrar. O valor do ângulo de fol- arredondamento fino das arestas, conhecidos como honning (ou brunirnento). ga (a) depende principalmente da resistência mecânica do material da ferramenta Outras possibilidades de preparação da cunha de corte são a inclusão de e da peça: quanto maior for a resistência mecânica, menor será o ângulo. chanfros, simples ou duplos - especialmente em ferramentas cerâmicas, de dia- Em geral, o ângulo de saída (r,) varia de -80 a 200 e influencia decisiva- mante (PCD) ou de nitreto cúbico de boro (pcBNj -, ou a combinação de raio e __ o _' mente na força e na potência necessárias ao corte, uma vez que quanto maior chanfro. A Figura 2.12 apresenta essas alternativas. 38 TEORIA DA USINAGEM DOSMATERIAIS Geometria da Ferramenta de Corte 2.3. FUNÇÕES E INFLUÊNCIA DOS PRINCIPAIS ÂNGULOS DA CUNHA CORTANTE Cada um dos ângulos descritos anteriormente tem um papel a desempenhar durante o corte, portanto, seu valor deve ser cuidadosamente determinado. O ângulo de posição (x) geralmente varia de 450 a 95° e tem as seguintes funções: . o ângulo de saída. (r), menor será o trabalho de dobramento e o encruamento do material do cavaco. Consequentemente, o acabamento da peça e a tempera- tura de corte também serão afetados. O valor do ângulo de saída (r) depende- rá, em especial, da resistência mecânica do material da ferramenta e da peça, bem como da quantidade de calor gerado pelo corte e da velocidade de avanço. Válores negativos do ânglllQ de sãIda (r;,) sao comumente empregados no cor- lf Distribuir as tensões de corte favoravelmente no início e no fim do corte. • Influenciar na direção de saída do cavaco. 39 ( ( ( . ( ( ( ( (
  • 28. ) ) ) ) ;~~~~~e';*'~'~"~f~<;.;?~;'1 ,>·.Arestacharifr.ada:ebninida ·::li ~)::::::=====t~~~~~rn:rrTIm~S::b=:=h====:i:=.d·r~o <; ,. ", i ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) 40 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS A base para um melhor entendimento de todos os processos de usi- nagem está no estudo científico da formação de cavacos. Esse estudo tem o quebra-cavacos é uma alteração na geometria da ferramenta cuja.príncipal finalidade é provocar a fratura periódica do cavaco. Mais detalhes sobre o assunto serão apresentados adiante, entretanto, sua utilização representa uma efetiva mo- dificaçãoda geometria da cunha de corte, particularmente nos ângulos de cunha e de saída. A seleção do quebra-cavacos mais indicado para uma determinada aplicação depende principalmente dos valores de avanço e de profundidade de usínagem, uma vez que esse elemento deve estar posicionado exatamente onde o cavaco irá se formar. Assim, quebra-cavacos para operações de acabamento situam-se próximos à aresta de corte, enquanto quebra-cavacos para operações de desbaste localizam-se mais afastados da aresta de corte. O uso de quebra- cavacos de acabamento em operações de desbaste pode resultar na quebra do ínserto, ao passo que o emprego de quebra-cavacos de desbaste em operações de acabamento não acarretará a quebra periódica do cavaco. Além disso, o uso de quebra-cavacos permite que uma ferramenta reversível possua ângulo de saída positivo.AFigura 2.13 ilustra quebra-cavacos de acabamento e de desbaste. proporcionado grandes avanços nos processos de usinagern e contribuído para o aperfeiçoamento das arestas de corte, com quebra-cavacos cada vez mais eficientes, além de novos e mais eficazes materiais para ferramentas e a possi- bilidade de usinar os mais variados tipos de materiais. Sabe-se que o cavaco é formado em altíssírnas velocidades de deformação, seguidas de ruptura do material da peça. Para um estudo mais detalhado, divide-se o processo em quatro eventos: = Recaique inicial: devido à penetração da cunha cortante no material da peça, uma pequena porção deste (ainda unido à peça) é pressionada contra a superfície de saída da ferramenta. a Deformação e ruptura: o material pressionado sofre, de início, uma deformação elástica, e, em seguida, uma deformação plástica, que au- menta progressivamente até o estado de tensões provocar a ruptura. Essa ruptura se dá, na maior parte das vezes, por cisalhamento, embo- ra exista um estado de tensões que combina tensões de compressão! tração e de císalhamento e leve o material à ruptura, segundo algum critério próprio de sua natureza frágil ou dúctil. Após a ruptura, há a formação de uma trinca que se propaga seguindo também um critério de propagação de trincas próprio de cada material. Como a formação de cavacos ocorre dinamicamente, há planos instantâneos de ruptura e de propagação de trincas que defmirão uma certa região entre a peça e o cavaco, chamada "zona primária de cisalhamento". Para facilitar o tratamento matemático dado à formação do cavaco, modelos simples assumem essa região como sendo apenas um plano matemático, ou seja, "o plano de císalhamento", no qual se concentra, preferencial- ~~f?i~",~»···;;>~íi'{.·.'1 ·(il) qtlebra:cavacost!pCQ'qEl8Caba mente .....(bJ quebra-cavacosjfplcc.de-desbaste ... ~~ REFERÊN cus BIBLIOGRÁFICAS ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNIC.,A...8).NBR 6163 - Conceitos da Técnica de Usinagem: Geometria da Cunha Cortante: Terminologia. São Paulo, 1980.
  • 29. 42 TEORIA DA USJNAGEM DOS MATERIAIS mente, a ruptura. A Figura q.l mostra esquematicamente esse plano ou zona de cisalhamento primário, defuúda pelo ângulo de císalhamen- to rP formado entre o plano de císalharnento e a direção da velocidade de corte (v). • Deslizamento das laanelas: contum1l.l=Icto a p@IHltraç~o da ferramenta Formação de Cavacos 43 ( ( ( ( na peça, haverá uma ruptura parcial, ou completa, na. região de císalhamento, dependendo da extensão da propagação da trinca. As propriedades do material e as condições de avanço e de velocidade de ------,.c"'o""rtne"l·rao detemlinar quanto o segmento de matenaI rompldo permane- cerá unido ao cavaco recém-formado, dando origem a cavacos contínuos ou descontínuos, conforme a extensão e a resistência da união entre as Iarnelas de material rompido. • Saída do cavaco: devido ao movimento relativo entre a ferramenta e a peça, inicia-se um escorregarnento da porção de material deforma- da e rompida - o cavaco - sobre a superfície de saída da ferramenta. Enquanto tal evento ocorre, uma nova Iamela de material (imediata- mente adjacente à porção anterior) está se formando e passando pelos mesmos processos. Essa nova porção de material também escorregará sobre a superfície de saída da ferramenta, repetindo mais uma vez o fenômeno. o escorregamento sobre a superfície de saída não obedece, necessariamente, ao Modelo de Coulornb, uma vez que as.tensões normais, a velocidade relativa entre as superfícies, e, em geral, a temperatura, são muito elevadas. Isso provoca o surgi- mente de urna região denominada "zona de cisalhamento secundário". Dessa fOI ma, o fenômeno da roJ:'fftação do cavaeo, nas condições normais de trabalho, é periódico, uma vez que se tem, ciclicamente, as fases de recalque, ruptura, deslizamento e saída do cavaco para cada pequena lamela de material a ser removido. Essa periodicidade do fenômeno provoca excitações dinâmicas na ferramenta de corte e é comprovada experimentalIriente por meio de fill1agem, ou pela frequêncía e amplitude da força de usinagem, As primeiras observações do mecanismo de formação de cavacos permiti- ram a ídealízação de um modelo simplificado, comparando-se as Iamelas a um "baralho de cartas", irúcialmente publicado por Píispanen, em 1937, e ilustrado na Figura 3.2 (FERRARESI, 1977). Para facilitar o estudo científico da formação de cavacos, os primeiros mo- delos propostos basearam-se em Simplificações, sendo a primeira. delas o modelo plano denominado "corte ortogonal" (BOOTHROYD, 1981; ERNEST, 1940). 3.1 CORTE ORTOGONAL No corte ortogonal, a aresta de corte é uma reta normal à direção de corte e à direção de avanço, de maneira que a formação do cavaco pode ser conside- ( ( ( ( ( '( ( ( ( ( ( ( ,( ( -( ( ( ( .' ( ( ,. ( " ( _. ( . ( ( ~-( ,- (
  • 30. / ) I ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) 44 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS rada um fenômeno bídírnensíonal e que ocorre em um plano normal à aresta cortante] ou seja, no plano de trabalho. A Figura 3.3 ilustra dois exemplos de usinagern aproximando-se do corte ortogonal nos processos de torneamento e de fresamento. Além das citadas, são admitidas algumas outras simplificações, que per- rnitem um tratamento matemático do corte ortogonal e podem ser estendidas a outras operações de usínagem. /1 vc• I-] ~ t,{t7v. h 1;7 yc ::~I:: R[ > I O f d - - vc"'v /ri •• s cavacos erma os sao contínuos, sem a formação de aresta postiça de corte (APe). •• Não há contato entre a superfície ele folga da ferramenta e a superfície usínada. • A espessura de corte (h), equivalente ao avanço (f), é suficientemente pequena em relação à largura de corte (b). • A largura da aresta de corte é maior que a largura de corte (b). • A largura de corte (b) e a largura do cavaco (b') são idênticas. • A aresta de corte é idealmente afiada e perpendicular ao plano de trabalho. Segundo esse modelo, considere um volume de metal representado pela seção "klmn" movendo-se em direção à cunha cortante, conforme mostra a Fi- gura 3.4. Formação de Cavacos 45 Ao passar pelos eventos anteriormente descritos para a formação de ca- vacos, definiu-se a zona primária de císalhamento, que passa a serrepresen- tada pelo traço do plano de cisalhamento, segmento OD na Figura 3.4. Ainda segundo esse modelo, a seção "klrnn", após a total deformação plástica, se transforma na seção "pqrs", que entra em contato com a superfície de saída da ferramenta. Nesse caso, essa região é representada pelo segmento OB da mesma figura. 3.2 RELAÇÕES CINEMÁTICAS E GEOMÉTRICAS NO CORTE ORTOGONAL Por meio das simplificações anteriormente descritas para o modelo bi- .dimensional da formação de cavacos, foi possível estabelecer planos e rela- ções geométricas importantes para o equacionamento matemático do fenô- meno. De acordo com ajá mencionada Figura 3.4, pode-se definir o grau de recalque como: D;",.""" R(.. : h' oj<. <lv~._i.·,.(· 'y .••. ! •.. . , R '1 • -, ., ",. C1 ,,'lf(Ort-x"lQ, ""'.0.':' (;.:-'Hi."'.c.... c=-h <> 1'-•....• liC! C-v "rIO! ,'C- (3.1)
  • 31. 46 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Além disso, tem-se também: h sen"'=- 'f' l' (32) h' 5091>(90 rp +y) - T (3.3) ou, reformulando-se: t· , ' (),'" ~ ",i(.~ é,t:" c· :'.t,. r.. c, ;'..,f n ç;.. ___ .~r Rc -senr A Equação 3.4 demonstra que o ângulo de císalhamento é função do grau . de recalque e do ângulo de saída da ferramenta. Como esse ângulo de saída tem uma pequena faixa de variação, nas aplicações práticas (entre _8° e 20°), a dependência maior do ângulo de císalharnento fica por conta do grau de re- calque. Como há restrição na superfície de saída da ferramenta por onde o ca- vaco deve escoar, consequentemente existe uma desaceleração do volume de material a ser transformado em cavaco.' Dessa forma, a espessura do cavaco é sempre maior antes de ele se formar, o que resulta em um grau de recalque sempre maior que a unidade. Admite-se também que o volume do material não se modifica durante a formação de cavacos. A Figura 3.5 mostra a relação entre o ângulo do plano de cisalhamento e o grau de recalque. - .....•.... ...•.•... .•...... Forma ção de Cavacos .~ Ao contrário do que possa parecer, o grau de recalque não é facilmente obtido, pois o cavaco não possui uma espessura uniforme: ele é formado por lamelas justapostas com extremidades irregularmente conformadas, porém, nos casos em que é possível sua correta estimativa, pode-se encontrar o ângulo do plano de cisalharnento. Estimativas melhores podem ser obtidas pela medida do comprImento e da densidade; chegando-se à área de seção do cavaco, Como o material é recalcado para que o cavaco se forme, há uma desacelera- ção deste quando passa pela região de cisalharnento. Essa desaceleração pode ser ---eakllia4~z..que...o..:llOlume..nãQ.s.e-.alt.era...d.urante o processo. A Figura 3.6 mostra a relação geométrica entre as velocidades envolvidas, ou seja, de saída do cavaco Cvc.J e de cisalhamento (vz) em relação à velocidade de corte (vJ. Ainda segundo o modelo idealizado, podem-se definir algumas relações entre essas velocidades, calculadas a partir da aplicação da lei dos senos no triângulo de velocidades da Figura 3.6, resultando em: sen~ V.a." . Vc --= ::} seno sen[90- (q) - r) J (3.5) vc~v=v . c cos(!f; - y) 47 ( ( ( ( ( ( ,( ,( .._--( ~( ,,( ,,( ,( -( ~( .( --i .' ( _.( -' ( , ( ... ( .' ( ,/ ( - ( . ( ( ( ( (
  • 32. ) ) ) ) ) ) . ) 48 TEORiA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Formação de Cavacos 49 :j ":- v" Vc COS Y . = ==> V =v .~--'-- sen(90-cp) sen[90-(~-r)l Z c COS(rjJ-r) (3.6) que no límíte resulta em: as E =- o ay (3.9) Usando-se as Equações 3.4 e 3.5, tem-se: V V ==-!:.. call R • (3.7) Segundo uma defirúção já comum em processos de conformação para gran- d€$ defolma,;Ôes, se ambas grandezas da EqJJação 39 forem divididas pelo roea ) J. 1_.._ ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) mo tempo, tem-se: Uma vez que os cavacos são formados por cisalharnento, o estudo da deformação em um elemento antes e depois de passar pelo plano de cisa- lhamento pode trazer resultados importantes,-conforme esquematízado na Figura 3.7. V. êo= ~._._-- (3.10) Onde vy é a velocidade de deslocamento dos cavacos na direção perpendi- cular ao plano de cisalharnento. Pelas relações geométricas entre as velocidades na Figura 3.6, tem-se: v = v cosCO')+ V serit o= y) ;; c ca.1' (3.11) v = v sen(O') r c (3.12) Substituindo as equações 3.11 e 3.12 pela Equação 3.10, obtém-se: v sen(dI-y) e = cot(rjJ) + -,c",,"',,-' ---,-'1'--'- o V c SI3"J1,(rp) Introduzindo agora a Equação 3.5, o resultado é: (3.13) &'0 = cot(O') + tg(O'- r) (3.14) Outra grandeza importante é a velocidade com que o material é císalhado no plano de císalhamento, dada por: (3.15) Se a espessura do material que está sendo deformado for semelhante à espessura de uma lamela de cavaco e usando-se a Equação 3.6 pode-se ter uma idéia da velocidade de deformação por cisalhamento em uma operação de usi- nagem da seguinte forma: o grau de deformação, ou deformação angular, pode ser definido como: l1S ê :::;- o ~y 1 ( cosr) E:::;- Vc o ~y cos(rp-r) (3.16) (3.8)
  • 33. 50 TEORIA D,A. USINAGEM DOS MATERIAIS Portanto, em um processo de tornearnento de aço em condições normais, pode-se estimar a velocidade de deformação do processo de formação de cava- cos por meio dos seguintes valores: . vc== 100 mlmin r= 10° q; = 20° L1Y = 0,0025 mm Formação de Cavacos 51 rIU (l tJ ,. (tfht 5; PiI( 7 ré.fS 3.3.1 Cavacos contínuos !'l/J 16 Os cavacos contínuos são formados, na usinagem de materiais dúcteis, como aços de baixa líga, alumínio e cobre, conforme mostrado esquematica- mente na Figura 3.8(a). ---'-----Resultà;do ~m 6 0 : 6.7x 10-.5 8-' (FERRARESI, 1977). De;;;iorm;::'Pode:-------- se afirmar que a velocidade de deformação é da ordem de 10-5S-I para um proces- so normal de usínagern. Essa velocidade de ruptura é muito superior na maioria dos processos de conformação (5 S-I) ou nas velocidades normalmente empre- gadas em testes de tração ou de torção, fato que é um dos responsáveis pelas diferenças encontradas quando se utilizam os valores de tensão de císalhamento obtidos em ensaios padronizados e no cálculo de forças de corte em usinagern. 3.3 TIPOS DE CAVACOS Durante a usínagem, uma nova superfície é gerada na peça pela remoção de material na forma de cavacos. Morfologícarnente, os cavacos podem ser con- tínuos, descontinuos e segmentados. Em geral, cavacos contínuos aparecem durante a usínagern de materiais dúcteís, enquanto os descontínuos surgem em consequência da formação de um fluxo de elementos de cavacos quebrados em pe- daços durante a usínagem de materiais frágeis. Existem várias vantagens em produzir cavacos curtos. A quebra do cavaco pode ocorrer naturalmente du- rante a sua formação, corno no caso da usínagern de bronze e de ferro fundido, ou sua quebra pode ser conseguida pelos quebra-cavacos. Nesse caso, prova- velmente. apenas a forma do cavaco irá se alterar. Entretanto, em uma classi- ficação mais detalhada, os tipos de cavaco podem ser; contínuo, parcialmente contínuo, descontínuo, e segmentado. A obtenção dos três primeiros tipos depende muito da ductilidade (ou fragilidade) do material da peça e dos parãrnetros de corte. Já o último tipo refere-se a cavacos produzidos geralmente na usinagem de materiais de baixa condutivídade térmica e na presença de "cisalharnento catastróâco (ou adíabã- tico)" (RECHT, 1964). Nesse caso, o metal císalha na zona primária de cisalhamento com grandes deformações e permanece homogêneo, sem fragmentação. Apesar da forma de fita externa não apresentar nenhuma evidência clara de fratura ou trinca, esses fenômenos ocorrem para que uma nova superfície seja formada. O tipo de cavaco também está fortemente ligado à tensão normal no plano de cisalhamento, a qual depende. do ângulo de cisalhamento r/J e das condições de atrito na interface ferramenta/cavaco, ou seja, na zona secundária de císa- lhamento (DOYLE, 1979). Na formação do cavaco contínuo, no entanto, há um equilíbrio entre a tensão normal e a de cisalharnento no plano de cisalharnento, de forma que a trinca surgida no momento da ruptura não se propague muito ou rapidamente, para que o cavaco não seja interrompido. A complexidade da anã- Use se deve ao fato de que tanto o primeiro quanto o segundo fator dependem ( ( ( ( ---r ( ( '( ( { ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( (
  • 34. 52 TEORIA DA US1NAGEM DOS MATERIAIS ) ) ) das condiçõesde atrito na interface ferramenta/cavaco, isto é, o que promove a tensão císalhante no plano de cisalhamento, necessária à abertura da trinca, é a restrição que o cavaco tem ao se movimentar na superfície de saída da ferra- menta. Quanto maior for tal restrição, maior será a tensão provocada. E é essa mesma restrição que promove a tensão de compressão no plano de cisalhamento Formação de Cavacos 53 conta de a energia elástica acumulada na ferramenta não ser suficiente para que a trinca se propague por toda a extensão do plano de císalharnento; e presença de grande tensão.de compressão no plano de cisalharnento, dificultando, assim, a propagação da trinca. e qJ1P poderá restringir a propagação da trinca ) Algumas ações podem favorecer a propagação da trinca, diminuindo a ) restrição ao movimento do cavaco na zona secundária de cisalhamento e, por )_. -çs:>~segl1É1te~ tensão normal que determina a .~xte~sãcuia trincªt..?-o mesmo J tempo que reduz a tensão de cisalharnento. A adição de elementos como churn- ) bo, tehirio, selênio e enxofre aos aços pode favorecer a formação de cavacos, o ) que ocorre com os chamados aços de corte livre (MILOVIK,1983). Tais adições, além de reduzirem as tensões normais no plano de císalhamento devido ao efei- ) to lubrificante na interface ferramenta/cavaco, também reduzem a tensão de ) císalhamento necessária para dar irúcio à trinca, pois fragílízam o material, Po- ) rém, a geometria da aresta (ou gume), principalmente o ângulo de saída, a velo- ) cidade de corte, o avanço, a profundidade de corte,as inclusões (a quantidade, ) a forma e a dureza) e a rigidez da ferramenta também são variáveis importantes que influenciam o tipo de cavaco. Os cavacos contínuos são indesejáveis, pois podem causar acidentes, da- nificar a superfície usínada etc. Se eles não se quebrarem naturalmente, um quebra-cavacos deverá ser usado para promover a segrnentação. O cavaco será então fragmentado, mas não pelos mesmos mecanismos descritos a seguir como "cavacos segmentados". Uma variação do tipo de cavaco contínuo é o cavaco contínuo na presença de aresta postiça de corte (APC) (ALGARTE,1995), fenômeno mostrado esque- rnaticamente na Figura 3.8(b) e que será discutido em detalhes mais adiante. ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) J ) ) 3.3.2 Cavacos parcialmente contínuos Trata-se de um tipo íntermedíário entre os cavacos contínuos e descon- tL.'1UOS, no qual a trinca se propaga parcialmente pela extensão do plano de cisalhamento. É, muitas vezes, denominado "cavaco de cisalhamento" (FERRA- RESI, 1977). Apropagação da trinca é interrompida por dois motivos, conforme sugerido por Cook (1954): perda de contato entre a ferramenta e o cavaco, por. 3.3.3 Cavacos descontínuos Esse tipo é mais comum na usínagem de materiais frágeis, como bronze e ferros fundidos cinzentos, uma vez que não são capazes de suportar gran- ----··------u-e·s-·-defonmrçõe-s-sem-se-quebrar;-Entretantv,-lJaíxa;s-vetocidades-u-e-corte;-··--~·-- - ângulo de saída pequeno e grandes avanços também podem produzir cavacos descontínuos em materiais de baixa ductilidade. Com o aumento da velocidade de corte, o cavaco tende a se tornar mais contínuo, pois além de mais calor ser produzido e, por conta disso, os materiais se tornarem maís dúcteis, a penetra- ção de "contaminantes" na interface ferramenta/cavaco para reduzir a tensão normal no plano de cisalhamento torna-se mais difícil. A Figura 3.8(c) mostra um cavaco descontínuo, no qual a trinca se propa- ga por toda a extensão do plano de cisalhamento, promovendo sua segmenta- ção, A zona secundária de císalhamento também desempenha importante papel para que esse tipo de cavaco seja formado. Inicialmente, o componente de força tangencíal à superfície de saída é menor que a força necessária para promover o escorregamento do cavaco. Há, então, o desenvolvimento de uma região de material estático e a separação do cavaco ocorrerá com o aumento da relação entre força tangencial e normal. IJ,AI;K /I- CIJ )J/JIJ rI VI d/A p.é /vl.jJJr, I)a <í'fé, "-M Ic;ttJ . ,/.~ 3.3.4 Cavacos segmentados ( (ft/f!J X. fl1 (J.-i. A1i/lt'IJ AV JlC05) Os cavacos segmentados são caracterizados por grandes deformações continuadas em estreitas bandas entre segmentos com pouca ou quase nenhu- ma deformação nos seus interiores. Trata-se de um processo muito diferente do verificado na formação do cavaco contínuo. Tal fenômeno pode ser entendi- do com base nas explicações de Oook (1953), que afirma que a diminuição na resistência mecânica do material por causa do aumento da temperatura (pro- vocado pelas deformações plásticas locais nas bandas de císalharnentc) iguala, ou excede, o aumento da resistência mecânica causado pelo endurecimento a frio. Isso é peculiar a certos materiais com pobres propriedades térmicas, ; -,
  • 35. 54 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS como o titânio e suas ligas. O cisalharnento para formar o cavaco começa a ocorrer em tJ?1 plano de cisalhamento particular, quando as tensões impostas pelo movimento da ferramenta contra a peça excedem o limite de escoamento do material da peça. A energia associada a essa deformação é convertida em calor e, devido às propriedades térmicas do material, altas temperaturas são ( ( Formação de Cavacos 55 Verificou-se, experimentalmente, que muitos materiais podem sofrer cí- salhamento terrnoplástíco catastrófico, dependendo da temperatura alcança- da durante a formação de cavacos e de suas propriedades térmicas. Pesquisas científicas mostraram que um material pode sofrer cisalhamento termoplástico catastrófico - quando o efeito de amolecimento devido ao aumento da tempera- ( ( ( ( ( ( desenvolVIdas de muna concentrada, o qUe provoca amoleCÍlfieIlCOlocalizado e, consequentemente, um plano de deslizamento, como ocorre na formação mra supera o efeito do endureCh'tlento a frio ac:unade uma determmada velo- cidade, chamada "crítica" (RECHT, 1964). Para oInconel 718, essa velocidade é As formas de cavacos longos é que causam os maiores transtornos quan- to à segurança de produtividade, exigindo, portanto, mais cuidado e especial atenção ao seu controle. Apesar de os parârnetros de corte poderem ser, na maioria das vezes, escolhidos para evitar ou reduzir a formação de cavacos contínuos, o método mais efetivo para produzir cavacos curtos é a utilização de quebra-cavacos.
  • 36. ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS o o, - o ~ u:::: ro :::> > Ol (3 <ó d;, Formação de Cavacos 57 o E QJ o U ~ 8 '" '- u '" <b '" 0-0 c.>'- o '"o u > c.>._ ",:= c: U Q,) -o .c o tb { o -o '" Õ QJ c: o U o Cl C o -' I 3.5 CONTROLE DO CAVACO NaSoperações de usínagern que utilizam corte contínuo em materiais dúc- teis, como o torneamento de aços-baixo carbono, por exemplo,o controle do cavaco pode ser imperativo para a produtividade da empresa. Esse problema se agrava quando novas gerações de ferramentas mais resistentes ao desgaste permitem o uso de altas velocidades de corte em máquinas CN,em sistemas produtivos altamente automatízados, com mínima supervisão humana. A pro- duçãode cavacos longos pode causar os seguintes problemas: • As baixas densidades efetivas desse tipo de cavaco, devido ao alto volu- me que ocupam, diâcultam o manuseio nos processos subsequentes de manuseio e descarte. s Podem aderir à peça, a partes da máquina, ou à ferramenta, criando situações de perigo ao operador por conta das altas velocidades e do fio de corte em cavacos de material endurecido pelo encruamento. I
  • 37. 58 TEORIA DA USINAGEM DoOSMATERIAIS • Podem prejudicar o acabamento superficial ao aderir à peça, ou mesmo levar à quebra da aresta de corte. • Aumentam a força de usinagem, a temperatura e, em geral, diminuem a vida útil das ferramentas. • PrejJldicam o acesso do fulido dg corte à área de formação de cavacos. , , f I ti :o~- o (c é diretamente proporcional à razão h/r, onde r é o raio de curvatura do cavaco , c c (ERNEST, 1940)., Se a deformação do cavaco não é suficientemente grande para causar a fratura, há a necessidade de aumentar h' ou diminuir r; a fim de conseguir a quebra do cavaco. Mas h' depende, principalmente, do avanço ou da espessura de usinagem, o qual prejudica o acabamento superficial se excessivamente aumen- Formação de Cavacos 59 , - ( .. ( ~( '00 ( .J -( -( Os quebra-cavacos podem ser postiços ou integrais, pois ambos modificam a superfície de saída das ferramentas, causando uma curvatura mais acentua- da nos cavacos e levando-os à quebra por fíexão. Além dos quebra-cavacos, também já foram utilizadas variações na velocidade de avanço, por meio das quaís criou-se uma situação semelhante à da furação intermitente. Em ambos os casos a velocidade de avanço é reduzida a zero, ou quase isso, provocando concentração de tensão e a consequente quebra do cavaco. Essa estratégia, no entanto, necessita de uma máquina CN com programa apropriado. Outro método bastante eficiente para a quebra do cavaco é a injeção de fluido de corte em alta pressão na superfície de saída e em sentido contrário ao da saída do cavaco. Se o jato for forte o suficiente, haverá fragmen!?çào do cavaco, conforme a sequêncía mostrada na Figura. 3.12. . De maneira geral, quanto menor for a espessura do cavaco, mais flexível ele é, portanto, maior será a.dificuldade de quebra. Os cavacos que já sofreram inten- sas deformações passando pelas zonas primárias e secundárias de cisalhamento necessitam de urna deformação crítica (e.r) para quebrar depois de deixar a su- perfície de saída da ferramenta. A deformação que o cavaco sofrerá nesse ponto tado. Dessa forma, procura-se reduzrr r,para promover a quebra dos cavacos. O método mais usual para aumentar a curvatura do cavaco (diminuir rc) é a utilização de quebra-cavacos postiços ou integrais (superfícies de saída com formatos especiais). O raio de curvatura rc pode ser estimado de acordo com as dimensões dos quebra-cavacos, como será visto a seguir. 3.5.1 Quebra-cavacos postiço ro,= [Gn -ir)-CtcotO)]Co{ %) o [mm] Onde os símbolos estão de acordo com a Figura 3.13. (3.17) 3.5.2 Uuebra-cavacos integral tipo I: anteparo o.-íJ t r =---+- , 2 h' [mrn] (3.18) Onde os sírnbolos estão de acordo com a Figura 3.14. ,- ( ~( '0_, ( .. ( ,_o ( .~ ( ( 'o_o ( o( '-./ ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ._, ( ( -c,.: (
  • 38. } ) ) ) ) ) ) ) ) ) ) 60 TEORiA DA USINAGEM DOS MATERiAIS Formação de Cavacos 61 (lf)' Também se q; for muito pequeno, o cavaco pode não seguir o contorno da cratera até que se obtenha um desgaste significativo. Os quebra-cavacos do tipo anteparo - sejam eles postiços ou integrais, trabalhando sob condições normais de usinagern e quando comparados a super- fícies de saída planas, não afetam significativamente as forças de usínagem nas 3.5.3 Quebra-cavacos integral tipo 11:cratera [rnm] (3.19) Onde os símbolos estão de acordo com a Figura 3.15. o quebra-cavacos integral tipo Il, mostrado na Figura 3.15, só será efetivo se a espessura en for menor que o comprimento de contato ferramenta/cavaco mesmas con çoes y.L"~"-' uma aresta postiça estável pode se formar ao longo da espessura e" (Figura 3.15), aumentando de maneira considerável o ângulo de saída e diminuindo as mencionadas forças de usínagem (BOOTHROYD,1981). Veríncou-se também que o desgaste de fíanco não muda significativamente com a aplicação de quebra-cavacos. Quanto ao desgaste de cratera, os que- bra-cavacos do tipo anteparo reduzem a área de desgaste, enquanto os do tipo cratera tendem a aumentá-Ia (BOOTHROYD,1981). É importante verificar na teoria dos quebra-cavacos se estes irão garantir a redução de rr. para que se atinja a deformação critica "l que promove a quebra. Além disso, as ranhuras dos quebra-cavacos servem para conformar mais os cavacos, tornando-os .menos dúcteís e, portanto, reduzindo a deformação crítica. As Equações 3.17,3.18 e 3.19 podem ser utilizadas como orientação para o projeto de quebra-cavacos, porém, deve-se também 'levar em consideração outros fatores, como fragilidade do material, raio natural de curvatura e espes- sura do cavaco. Também afetarão a quebra do cavaco a geometria da ferramen- ta, por meio dos 'ângulos de saída, inclinação e posição, velocidade de corte, profundidade de usinagem e rigidez da máquina-ferramenta. Quanto menor o ângulo de saída, menor será o raio de curvatura natural e maior será a espessura do cavaco. Quanto ao ângulo de posição, além de afetar a direção de saída do cavaco, quando este tende a sair perpendicular à aresta, o ângulo afeta também a espessura, que aumenta com o aumento desse ângulo. O ângulo de inclinação tem influência direta na direção de saída do cavaco. Se for negativo, direciona o cavaco contra a peça; se for positivo, o efeito é o contrário. Um aumento da velocidade de corte tende a aumentar rc' porque o comprimento de contato ferramenta/cavaco é reduzido. Além dísso, a ductilidade do material é elevada, tornando a quebra ainda mais diffcil. A combinação dos diversos efeitos que afetam a quebra do cavaco pode ser exemplificada por meio da Figura 3.16.
  • 39. 62 TEORIA DA USINAGEM DOS MATERIAIS Formação de Cavacos 3.6 INTERFAGEFERRAMENTA/CAVACO A formação do cavaco é um processo periódico, com cada ciclo dividido em quatro eventos distintos, sendo o último o movimento do cavaco sobre a superfície de saída da ferramenta. As condições nas quais esse escorregarnento 63 ( ( ( ( Os cavacos da Figura 3.16(c) são quebrados periodicamente quandoen- contram a superfície recém-usínada, o que danífíca oacabamento superficial. Os cavacos das Figuras 3.16(d) e 3.16(e) são quebrados quando colidem com a su- perfície da peça a ser usinada. Se a direção lateral for suficiente, o cavaco pode evitar a peça, mas encontrar a superfície de folga, formando, assim, cavacos como os da Figura 3.16(f). Se a direção Iateral for ainda maior, podem produzir cavacos como os das Figuras 3.16(h) e 3.16(i), ou 3.160). Além desses, vários outros tipos podem ser observados, representando a combinação dos cavacos mostrados na Figura 3.16(j) (SHAW,1986). Com todos esses conceitos em mente, os fabricantes de ferramentas de metal duro desenvolvem insertos com as mais variadas formas de quebra-ca- vacos. Geralmente, os quebra-cavacos são divididos em grupos para operações de desbaste, semtacabamento e acabamento, cada qual cobrindo urna faixa de avanço e de profundidade. mecanismo de formação do cavaco, na força de usinagern, no calor gerado du- rante o corte e, consequentemente, na temperatura de corte e nos mecanismos e taxa de desgaste das ferramentas, afetando assim seu tempo de vida. É pre- ciso, portanto, entender como se processa o movimento do cavaco ao longo da superfície de saída dá.ferramenta. O conceito clássico de atrito, baseado nas leis de Amonton e Coulomb, não é apropriado para aplicação em usinagem dos metais, país, nesse caso, a força de atrito é proporcional à força normal, sendo a constante de propor- cionalídade chamada "coeficiente de atrito". Em condições usuais de corte, a pressão normal à superfície de saída da ferramenta é, geralmente, bastante elevada, chegando a 3,5 GN/mz na usínagem de certos aços (TRENT, 1963). Estudos sobre esse fenômeno têm se mostrado um grande desafio, principal- mente, por conta das altas velocidades de saída dos cavacos, e pelas reduzídís- simas áreas de contato ferramenta/cavaco. Para condições normais de corte, a velocidade de saída do cavaco (voa) pode ser. de 120 m/rnín (ou 2 rn/s), e a área de contato pode chegar a apenas 6 mm". A maioria das teorias modernas disponíveis derivou-se de estudos dessa interface após o corte ter sido inter- rompido e utilizando-se dispositivos çuick-stop, nos quaís a ferramenta de corte é retraída com velocidade superior à velocidade de corte (de duas a três vezes maior), deixando a raiz do cavaco em condições de análise detalhada por meio de microscópios. Basicamente, esses dispositivos têm a função de estabelecer a operação de corte com o suporte da ferramenta apoiado em um pino de aço endurecido. Esse pino possui grande rigidez e capacidade de rup- tura sem deformação. Quando a formação do cavaco está acontecendo, o pino se rompe e a ferramenta é afastada da peça em alta velocidade, quase instan- taneamente. A ruptura do pino de sustentação da ferramenta pode se dar por meio de uma explosão, usando-se pólvora de um cartucho, ou da força de uma mola, acelerando urna barra de impacto. A Figura 3.17 mostra dois exemplos desses dispositivos. ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( (