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ESTRATÉGIAS PARA LIDAR COM AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS
Fernando Alcoforado
Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar as estratégias necessárias para evitar mudanças
climáticas catastróficas no planeta Terra, o que exige a substituição do atual modelo energético por outro
baseado em fontes renováveis de energia e a substituição do atual modelo econômico por outro baseado no
modelo de desenvolvimento sustentável entre outras medidas.
Palavras-chave: Aquecimento global. Energia. Energia renovável. Mudança climática. Desenvolvimento
sustentável.
1. Introdução
O aquecimento global é um fenômeno climático de grande extensão - um aumento da
temperatura média da superfície da Terra que vem ocorrendo nos últimos 150 anos. O
IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), estabelecido pela ONU
(Organização das Nações Unidas), afirma que grande parte do aquecimento observado no
planeta se deve muito provavelmente ao aumento do efeito estufa e há fortes evidências
de que o aquecimento global se deve à atividade humana. Muitos meteorologistas e
climatologistas consideram comprovado que a ação humana está realmente influenciando
a ocorrência do fenômeno.
Não há dúvidas de que a atividade humana na Terra provoca mudanças no ambiente em
que vivemos. Muitos desses impactos ambientais são provenientes da geração, manuseio
e uso de energia. A principal razão para a existência de impactos ambientais da geração,
manuseio e uso de energia reside no fato de que o consumo global de energia primária de
fontes não renováveis (petróleo, carvão, gás natural e nuclear) representa
aproximadamente 88% do total, deixando apenas 12% para fontes renováveis. Como
resultado do uso excessivo de combustíveis fósseis, o teor de dióxido de carbono na
atmosfera vem aumentando de forma constante, levando muitos especialistas a acreditar
que o aumento da temperatura média da biosfera terrestre, que está sendo observado há
décadas, se deve a " Efeito Estufa" causado por esse aumento de CO2 e outros gases na
atmosfera. É por isso que o modelo energético atual deve ser substituído por outro modelo
baseado em fontes de energia renováveis.
A insustentabilidade do atual modelo de desenvolvimento da sociedade decorre do fato
de que ele é responsável pelo rápido aumento das temperaturas globais, pelo esgotamento
dos recursos naturais do planeta e pela elevação do nível do mar em maior escala no
século XXI do que nos 10 mil anos desde a última era glacial. Os fatos da vida mostram
cada vez mais a necessidade do paradigma que norteou o desenvolvimento da sociedade
humana desde a 1a Revolução Industrial precisa ser profundamente modificada. É por
isso que o modelo econômico atual deve ser substituído pelo modelo de desenvolvimento
sustentável entre outras medidas.
Este estudo é de grande importância porque trata de um assunto de grande interesse para
o futuro da humanidade que é o das mudanças climáticas globais, além de propor soluções
que possam eliminar seus catastróficos efeitos econômicos e sociais.
2. Métodos
A metodologia utilizada consistiu principalmente em analisar a literatura existente sobre
mudanças climáticas globais, energia mundial e desenvolvimento sustentável para
caracterizar as causas, consequências e evolução futura das mudanças climáticas globais,
a evolução energética mundial e seus impactos ambientais e o modelo de
2
desenvolvimento sustentável para propor soluções para evitar as mudanças climáticas
globais. Foram analisados os tópicos seguintes:
• Aquecimento global e consequente mudança climática catastrófica
• Os cenários globais de energia e efeito estufa
• A terceira revolução energética necessária para combater o aquecimento global
• O modelo de desenvolvimento social necessário para evitar mudanças climáticas
catastróficas globais no século XXI
• O Acordo Climático Global de Paris (COP 21) e seu descumprimento
2.1- Aquecimento global e consequente mudança climática catastrófica [5]
O aquecimento global, que era assunto de interesse exclusivo da comunidade científica,
assume hoje uma dimensão muito mais ampla sendo motivo de preocupação dos povos e
governos de todo o mundo. A mídia tem contribuído bastante para que a questão do
aquecimento global tenha se tornado um assunto de interesse geral divulgando a extrema
mudança climática que vem sendo registrada desde a Revolução Industrial na Inglaterra
até os dias atuais em várias partes do mundo bem como a opinião de muitos cientistas e
instituições que atestam a gravidade do problema.
A análise da Figura 1 revela que a Terra recebe radiação emitida pelo Sol que é absorvida
pela superfície da Terra aquecendo-a. Grande parte dessa radiação é devolvida ao espaço
e a outra parte é absorvida pela camada de gás que circunda a atmosfera causando o efeito
estufa.
Figura 1- Efeito Estufa
Fonte: The Greenhouse Effect - www.ib.bioninja.com.au
3
O aquecimento global resulta do efeito estufa causado pela retenção de calor na baixa
atmosfera da Terra causada pela concentração de gases de vários tipos. A Terra recebe
radiação emitida pelo Sol que é absorvida pela superfície da Terra aquecendo-a. Grande
parte dessa radiação é devolvida ao espaço e a outra parte é absorvida pela camada de gás
que circunda a atmosfera causando o efeito estufa. É devido a este fenômeno natural, o
efeito estufa, que temos uma temperatura média da Terra em 15°C. Sem esse fenômeno,
a temperatura média do planeta seria de -18°C.
Para haver equilíbrio climático, a Terra deve receber a mesma quantidade de energia que
envia de volta ao espaço. Caso ocorra desequilíbrio por algum motivo, o globo aquece ou
esfria até que a temperatura volte a ser atingida, medida exata para a correta troca de
calor. O equilíbrio climático natural foi rompido pela Revolução Industrial na Inglaterra
em 1786. Desde o século XIX, as concentrações de dióxido de carbono no ar aumentaram
30%, o metano dobrou e o óxido nitroso aumentou 15%. O aquecimento global é
produzido pela atividade humana (antropogênica) no planeta e também por processos
naturais como decomposição de matéria orgânica e erupções vulcânicas, que produzem
dez vezes mais gás que o homem. Por eras, os processos naturais por si só garantiram a
manutenção do efeito estufa, sem o qual a vida não seria possível na Terra. Os gases
responsáveis pelo aquecimento global oriundos da atividade humana são produzidos por
combustíveis fósseis utilizados em automóveis, indústrias e usinas de energia, para
produção agrícola, flatulência bovina e queimadas em florestas.
A Figura 2 mostra que a principal evidência do aquecimento global vem das medições de
temperatura em estações meteorológicas ao redor do globo desde 1860.
Figura 2- Aumento das temperaturas médias globais
Fonte: https://earthobservatory.nasa.gov/world-of-change/DecadalTemp
4
Os maiores aumentos na temperatura média global ocorreram em dois períodos: 1910-
1945 e 1970 a 2010. De 1940 a 1970, houve uma estabilização no crescimento da
temperatura média global.
A Figura 3 mostra a temperatura na superfície da Terra de 1880 a 2020 em Fahrenheit.
Os números para o ano de 1000 a 1860 foram estimados e os de 1860 a 2000 foram
baseados em observações globais por instrumentos.
Figura 3- Temperaturas globais médias
Fonte: http://www.earth-policy.org/indicators/C51
A Figura 4 mostra as variações de temperatura na superfície da Terra de 1000 a 2000 e
suas projeções até 2100. Os valores para o ano de 1000 a 1860 foram estimados e os de
1860 a 2000 foram baseados em observações globais por instrumentos. Devido ao
aquecimento global, é provável que futuros desequilíbrios climáticos sejam abruptos e
catastróficos. Haverá um aumento rápido e destrutivo nas temperaturas globais, a menos
que as emissões de carbono sejam cortadas. Se as tendências atuais continuarem, entre
2020 e 2070, a concentração de gases de efeito estufa pode dobrar e a temperatura média
da superfície da Terra pode subir cerca de 4-5°C. Estima-se que mantida a atual taxa de
aumento das emissões de gases de efeito estufa, a temperatura média do planeta deverá
subir dos atuais 15°C para 16,5°C na melhor das hipóteses, e 19,5°C na pior hipótese no
ano de 2025. No ano 2100, a temperatura média global atingirá 18°C, na melhor das
hipóteses, e 29°C, na pior das hipóteses. O valor mais provável para a temperatura média
global até o final do século 21 seria 19°C.
5
Figura 4- Mudanças de temperatura na superfície da Terra: 1000 2100
Fonte: IPCC, Synthesis Report, figure SPM-10b
Todas as indicações são de que o nível do mar pode subir devido ao aumento da
temperatura global. Pode haver o derretimento das camadas de gelo depositadas nas
calotas polares e nos cumes das grandes cordilheiras. Em 2050, o nível do mar poderá
subir para 1,17 metros, no ano de 2075 para 2,12 metros e em 2100 para 3,45 metros
fazendo desaparecer grandes extensões de terras costeiras, ilhas e cidades costeiras. Um
número maior de furacões ocorreria com o aumento da temperatura global. Alguns
cientistas estão preocupados que, no futuro, a calota polar e as geleiras derretam
6
significativamente. Se isso acontecer, pode haver um aumento do nível do mar em muitos
metros. Revista Galileu, n. 170, de junho de 2006, publicou o texto sob o título
Aquecimento global e economia no qual informa que se o manto de gelo da Antártida
desaparecer seria uma catástrofe, pois a região possui gelo suficiente para fazer com que
o nível dos mares globais suba mais de 65 metros [8].
Em resumo, o aquecimento global pode causar transformações estruturais e sociais do
planeta Terra causadas pelo aumento das temperaturas, cujas consequências são as
seguintes:
• Aumento da temperatura dos oceanos e derretimento das calotas polares;
• Possíveis inundações de áreas costeiras e cidades costeiras, como resultado do aumento
do nível do mar;
• Aumento da insolação e radiação solar, devido ao aumento do buraco na camada de
ozônio;
• Intensificação de catástrofes climáticas, como furacões e tornados, secas, chuvas
irregulares, entre outros fenômenos meteorológicos de difícil controle e previsão;
• Extinção de espécies por condições ambientais adversas para a maioria delas.
Nos últimos tempos, foram inúmeros os ataques à tese do aquecimento global e seus
efeitos sobre o clima defendida pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças
Climáticas (IPCC) ao questionar seus relatórios produzidos com a participação de 2.500
cientistas de 131 países reunindo observações, conclusões, previsões e recomendações de
vários milhares de cientistas climáticos de todo o mundo. O que estamos presenciando
hoje é uma verdadeira guerra dos setores midiáticos e do governo norte-americano contra
a questão das catastróficas mudanças climáticas e sua relação com as atividades humanas
predatórias, como a emissão de gases de efeito estufa.
Ressalte-se que a polêmica sobre as mudanças climáticas se estabelece entre os cientistas
que defendem a teoria de que o aquecimento global decorre de causas naturais e aqueles
que defendem que ele decorre de causas naturais e da atividade humana. Esta é uma
questão que ainda está em debate na comunidade científica, embora muitos
meteorologistas e climatologistas tenham declarado publicamente recentemente que
consideram comprovado que a ação humana realmente influenciou a evolução desse
fenômeno. A maior parte da comunidade científica defende a tese de que o aquecimento
global é responsabilidade do homem. O paradigma das causas naturais das alterações
climáticas está a ser posto em causa pelo novo paradigma que atribui maior
responsabilidade ao homem.
A sabotagem contra a ciência tornou-se um componente rotineiro do momento em que
vivemos. Contratar mercenários da ciência é uma prática de grandes corporações
responsáveis pelo uso de combustíveis fósseis para desqualificar as evidências do
aquecimento global. A missão dos céticos e pseudocientistas é inflar artificialmente as
incertezas associadas às evidências científicas, impedindo ou retardando assim qualquer
medida de proteção ao meio ambiente de graves consequências para a humanidade. Todas
as ciências são vulneráveis a esse tipo de ataque, pois lidar com a incerteza é seu caráter
intrínseco. Qualquer estudo está sujeito a críticas, legítimas ou não. A estratégia adotada
para enfraquecer até as conclusões científicas mais robustas é simples, basta destacar
seletivamente as incertezas, atacando os principais estudos um a um e, o mais importante,
ignorando sistematicamente o peso de suas evidências.
7
Em contraste com as opiniões de céticos e pseudocientistas, mais de 255 cientistas
membros da Academia de Ciências dos Estados Unidos defenderam a teoria da mudança
climática em um artigo publicado em 6 de maio de 2010, na revista Science. Em um artigo
intitulado Mudanças Climáticas e Integridade Científica, 255 cientistas afirmam que “há
evidências consistentes de que os humanos estão mudando o clima de uma forma que
ameaça nossas sociedades” [9].
O texto da revista Science também condena os ataques dos chamados "céticos do clima"
em relação aos especialistas e instituições que alertam tanto para a existência, quanto para
os possíveis efeitos do aquecimento global. Os pesquisadores dizem que muitos dos
ataques foram impulsionados por interesses específicos de grandes corporações ou
dogmas, não por esforços honestos para fornecer uma teoria alternativa. De acordo com
o artigo, o aumento da temperatura do planeta se deve à maior concentração de gases de
efeito estufa na atmosfera, que por sua vez são causados pela atividade humana. Na
conclusão do artigo, os climatologistas disseram que a humanidade tem duas opções:
omitir os dados científicos e confiar na sorte ou agir rapidamente para reduzir a ameaça
das mudanças climáticas.
2.2- Os cenários energéticos globais e o efeito estufa
A energia é um insumo essencial para o ser humano e para o desenvolvimento econômico
e social. Pode-se dizer que a necessidade mais básica do ser humano é a busca de energia
para manter seu corpo funcionando. Este aspecto, o atendimento da necessidade
fisiológica, predominou na história da humanidade até a descoberta de seres humanos que
poderiam controlar formas de energia que seriam úteis como o fogo que representou um
marco importante para a humanidade que, com o uso da energia térmica, pudesse cozinhar
seus alimentos e aquecer. Nos primórdios da história humana, a domesticação dos animais
forneceu a energia mecânica necessária para o transporte, agricultura, etc. Durante alguns
milênios, a energia hidráulica dos rios e do vento começou a ser usada. Porém, somente
com o advento da Revolução Industrial, há cerca de três séculos, é que o uso e a produção
de energia passaram a ter conotação fundamental na substituição de humanos e animais
por máquinas [1].
Desde o domínio do fogo há 750.000 anos até o advento da Revolução Industrial não
houve grande evolução na forma humana usando energia. Mas com a Revolução
Industrial ocorrida na Inglaterra em 1786 e o subsequente processo de industrialização,
foram introduzidas a necessidade de aumento de potência e de novas fontes primárias
com maior densidade energética. O uso do carvão como fonte de energia marcou o fim
da era das energias renováveis representadas pelo uso da madeira e a insuficiência de
parques hidráulicos e eólicos para iniciar a era das energias não renováveis, a era dos
combustíveis fósseis.
O uso da eletricidade e a invenção das máquinas elétricas no século XIX, juntamente com
a introdução dos veículos automotores, lançaram as bases para a introdução da sociedade
de consumo moderna, caracterizada por uma intensidade energética sem precedentes na
história da humanidade. Com o avanço da industrialização, fez-se necessário novos
combustíveis com maior poder energético, sendo o petróleo o combustível que possuía
essas propriedades. Iniciou-se assim uma nova fase de utilização de combustíveis líquidos
que perdura até os dias de hoje. Mais recentemente, após a Segunda Guerra Mundial, a
energia nuclear parecia uma alternativa promissora para a geração de eletricidade, mas
sofreu um grande revés devido ao acidente nuclear de Chernobyl em 1986 na Ucrânia e
em Fukushima no Japão recentemente.
8
Muitos desses impactos ambientais são provenientes da geração, manuseio e uso de
energia. A principal razão para a existência de impactos ambientais da geração, manuseio
e uso de energia reside no fato de que o consumo global de energia primária de fontes não
renováveis (petróleo, carvão, gás natural e nuclear) representa aproximadamente 88% do
total. Essa enorme dependência de fontes de energia não renováveis tem levado, além da
preocupação permanente com a possibilidade de esgotamento dessas fontes, a emissão de
grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, que em 2013 foi de 36,3
bilhões de toneladas, aproximadamente 3,9 vezes a quantidade emitida em 1960 (9,3
bilhões de toneladas).
A demanda de energia no mundo aumentará 35% no período entre 2010 e 2040. O
aumento da demanda global de energia será impulsionada pelo crescimento populacional
que deverá atingir cerca de 9 bilhões até 2040 (atualmente a população mundial é de 7
bilhões de habitantes) e a duplicação da economia global levando em conta a taxa de
crescimento anual de cerca de 3% em grande parte do mundo em desenvolvimento [12].
SALOWICZ [12] mostra que o gás natural será a fonte de energia que mais crescerá no
mundo. A demanda global por gás natural deverá aumentar cerca de 65% entre 2010 e
2040. De acordo com as projeções, o gás natural deverá superar, em 2025, o carvão como
segunda maior fonte de energia, superado apenas pelo petróleo. O artigo de SALOWICZ
mostra, também, que cerca de 65% do crescimento da oferta de gás virá de fontes não
convencionais como o shale gas, que responderá por um terço da produção mundial em
2040. Os Estados Unidos liderarão a produção de gás não convencional, respondendo por
mais da metade da expansão entre 2010 e 2040. De acordo com o levantamento, a
demanda por petróleo crescerá cerca de 25% neste período.
Combustíveis líquidos, como gasolina, diesel e querosene de aviação, permanecem como
a principal opção de energia para a maioria dos transportes, oferecendo uma combinação
única de acessibilidade, disponibilidade, portabilidade e alta densidade de energia. A
energia nuclear também pode ter um crescimento sólido, liderado pela região Ásia-
Pacífico, onde se espera que a produção passe de 3% em 2010 para quase 9% em 2040.
As fontes de energia renováveis, incluindo as tradicionais como biomassa, hídrica e
geotérmica, bem como eólica, solar e biocombustíveis, crescerão cerca de 60%. Eólica,
solar e biocombustíveis deverão compor cerca de 4% da oferta de energia até 2040,
superando o 1% registrado em 2010.
As fontes de energia usadas para geração de eletricidade continuarão sendo os principais
componentes da demanda global e devem crescer mais de 50% até 2040. O aumento
reflete o incremento esperado de 90% no uso de eletricidade, liderado pelos países em
desenvolvimento, onde 1,3 bilhão de pessoas atualmente não têm acesso à eletricidade.
No caso do carvão, a avaliação é de que a demanda continuará crescendo até 2025, para
depois passar a cair. Isso ocorrerá pela necessidade de redução das emissões de gases de
efeito estufa pelos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), bem como pela China. Assim, estima-se que a participação do
carvão na matriz energética passe de aproximadamente 26% em 2010 para 22% em 2030.
Estudo da Agência Internacional de Energia Atômica concluiu que, até 2030, o mundo
utilizará 88,5% mais energia em relação ao registrado em 1990 e que a maior parte será
fornecida por carvão, petróleo e gás natural [3]. Este é o cenário energético de referência
para 2030 se for mantida a atual matriz energética mundial. Este é, portanto, o cenário
que se revela para o futuro do planeta se for mantido o atual modelo de desenvolvimento
da sociedade baseado no consumo excessivo de combustíveis fósseis.
9
Os principais gases de efeito estufa na atmosfera são mostrados na Figura 4 abaixo.
Figura 4 - A contribuição dos gases de efeito estufa para o aquecimento global
Fonte: Global Greenhouse Gas Emissions Data. Available on https://www.epa.gov/ghgemissions/global-
greenhouse-gas-emissions-data
A Figura 4 leva à conclusão de que o dióxido de carbono (CO2) é responsável por 76%
das emissões globais de gases de efeito estufa. Segundo a AIE (Agência Internacional de
Energia), as emissões globais de carbono da queima de combustíveis fósseis, que em 1973
somavam 16,2 bilhões de toneladas anuais de CO2, atingiram 22,7 bilhões de toneladas
anuais em 1998. Se as projeções de oferta de energia da AIE forem confirmadas, a
quantidade de emissões de carbono deverá aumentar atingindo 32,8 toneladas de CO2 em
2020.
A Figura 5 mostra a emissão global de gases de efeito estufa por setor econômico.
Figura 5- Emissões Globais de Gases de Efeito Estufa por Setor Econômico
Fonte: Global Greenhouse Gas Emissions Data. Available on website
<https://www.epa.gov/ghgemissions/global-greenhouse-gas-emissions-data>.
Os principais fatores que contribuem para o efeito estufa na atmosfera são mostrados na
Tabela 1 [10]:
10
Tabela 1 – Causas principais do efeito estufa
Fatores causadores do efeito estufa Contribuição (%)
Uso e produção de energia 57
CFC 17
Práticas agrícolas 14
Desmatamento 9
Outras atividades industriais 3
Fonte: Lashof, D.A. & Tirpak, D.A., n.2
A análise da Tabela 1 revela que o uso e a produção de energia são os maiores
responsáveis pelo efeito estufa. Isso significa que a estratégia de redução das emissões de
gases de efeito estufa exige uma redução significativa no consumo e na produção de
energia, principalmente aquelas baseadas em combustíveis fósseis.
Estima-se que, de acordo com a atual taxa de aumento das emissões de gases de efeito
estufa, a temperatura média do planeta deverá subir dos atuais 15 graus Celsius para 16,5
graus na melhor das hipóteses e 19,5 graus na pior das hipóteses no ano 2025. Até o ano
2100, a temperatura média global chegará a 18 graus na melhor das hipóteses e 29 graus
Celsius na pior das hipóteses. O valor mais provável para a temperatura média global até
o final do século XXI seria de 19 graus Celsius. A Figura 6 mostra o registro de 1900 em
diante e as projeções da temperatura média global até 2100.
Figura 6- Temperatura média global e projeções
Fonte: ALCOFORADO (2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária. Curitiba: Editora CRV.
Devido ao aquecimento global, é provável que futuros desequilíbrios climáticos sejam
abruptos e catastróficos. Haverá um aumento rápido e destrutivo nas temperaturas
11
globais, a menos que as emissões de carbono sejam cortadas. Se as tendências atuais
continuarem, entre 2020 e 2070, a concentração de gases de efeito estufa pode dobrar e a
temperatura média da superfície da Terra pode subir cerca de 4°C.
2.3- A terceira revolução energética necessária para combater o aquecimento global
[1]
Na segunda metade do século XVIII, ocorreu na Inglaterra a primeira revolução
energética do mundo, com o uso do carvão em substituição à madeira que vinha sendo
amplamente utilizada como fonte de energia. A primeira revolução energética ocorreu
simultaneamente com o advento da 1ª Revolução Industrial. Equipado com um poder
calorífico muito superior aos combustíveis utilizados até então, o carvão fornecia energia
muito superior para o mesmo volume, além de ser mais fácil e barato de transportar. O
desenvolvimento das minas de carvão e a invenção da máquina a vapor contribuíram para
o nascimento de uma nova economia na Europa e no Ocidente.
A máquina a vapor aciona as máquinas nas fábricas, as locomotivas nas primeiras
ferrovias e os navios que substituem os veleiros. Pessoas, mercadorias, capital e ideias
começam a circular em uma velocidade até então desconhecida. Logo um novo ambiente
se revela com o surgimento das primeiras metrópoles e mudanças na organização social.
A primeira revolução energética confinou-se à Europa, inicialmente na Grã-Bretanha e
depois na Europa Ocidental e depois nos Estados Unidos no início do século XX.
A segunda revolução energética, que coincidiu com a 2ª Revolução Industrial, ocorreu
com o advento do petróleo e da eletricidade. A utilização do petróleo como fonte de
energia no mundo começou nos Estados Unidos com a exploração do primeiro poço em
1901 no Texas. Assim como o motor a vapor se tornou amplamente utilizado com o
advento do carvão como fonte de energia, o motor de combustão interna tornou-se
amplamente utilizado com o advento do petróleo. A descoberta de um vetor energético
como a eletricidade e a invenção das máquinas elétricas no século XIX juntamente com
a introdução dos veículos automotores abriram caminho para a introdução da sociedade
de consumo moderna, caracterizada por uma intensidade energética nunca vista na
história da humanidade.
De uma forma ou de outra, todas as atividades humanas na Terra causaram mudanças no
ambiente em que vivemos. Muitos desses impactos ambientais são derivados da geração,
manuseio e uso de energia que é responsável por 57% da emissão de gases de efeito estufa
na atmosfera resultantes das atividades humanas. A principal razão para essa expressiva
participação dos processos energéticos pode ser observada no fato de que, em 2011, o
consumo mundial de energia primária de fontes não renováveis (petróleo, carvão, gás
natural e nuclear) representou aproximadamente 88% do total , com apenas 12%
renovável.
Essa enorme dependência de fontes de energia não renováveis levou à emissão de grandes
quantidades de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera por combustíveis fósseis à base
de carvão, petróleo e gás natural, que em 1973 era de 16,2 bilhões de toneladas por ano,
em 1998 de 23 bilhões de toneladas e em 2013 foi de cerca de 36,3 bilhões de toneladas,
aproximadamente 3,9 vezes a quantidade emitida em 1960 (9,3 bilhões de toneladas).
Como consequência da dependência de fontes de energia não renováveis, o teor de
dióxido de carbono na atmosfera tem aumentado progressivamente, levando muitos
especialistas a acreditar que o aumento da temperatura média da biosfera terrestre
observado há algumas décadas se deve a ao "Efeito Estufa" causado.
12
Se não houver redução imediata na emissão de gases de efeito estufa, os meios utilizados
para mitigá-los não serão suficientes e a vida no planeta estará ameaçada. O aquecimento
global resultante da emissão de gases de efeito estufa desencadeará mudanças climáticas
que não deixarão nenhuma parte do globo intacta. Se não houver redução dos gases de
efeito estufa, os cientistas preveem impactos severos e irreversíveis na humanidade e nos
ecossistemas como consequência das mudanças climáticas catastróficas. Tempestades
com frequência incomum, inundações devido à elevação do nível do mar que podem
submergir muitas ilhas e cidades costeiras e períodos prolongados de seca e calor extremo
em todo o mundo devem ocorrer. Eventos climáticos extremos podem levar ao colapso
das redes de infraestrutura de energia, transporte, comunicações e serviços. Há risco de
insegurança alimentar, falta de água e perda de produção agrícola e de renda,
principalmente entre as populações mais pobres.
O mundo enfrenta um desafio que é não permitir que a temperatura média global cresça
no século 21 acima de dois graus centígrados. Para evitar esse aumento da temperatura
média global acima de 2°C, as concentrações de dióxido de carbono (e equivalentes)
teriam que ser estabilizadas em 450 ppm (partes por milhão) sem o qual o mundo
enfrentaria o final do século XXI com mudanças catastróficas no clima que podem
ameaçar a sobrevivência da humanidade. Para isso, as emissões globais terão que ser
reduzidas abaixo dos níveis de 1990. Reduzir as emissões a partir dos níveis de 1990 é
um desafio gigantesco. É importante considerar que a Agência Internacional de Energia
(AIE), ao desenhar tendências recentes, prevê um aumento de 50% na demanda de energia
até 2030, com a continuidade da dependência de combustíveis fósseis.
A Agência Internacional de Energia (AIE) alertou que “o mundo caminhará para um
futuro energético insustentável” se os governos não tomarem “medidas urgentes” para
otimizar os recursos disponíveis [13]. Para otimizar os recursos energéticos disponíveis
no planeta, devemos iniciar a terceira revolução energética que deve se traduzir na
implementação de um sistema energético sustentável em escala planetária. Em um
sistema de energia sustentável, a produção mundial de petróleo deve ser reduzida pela
metade e o carvão reduzido em 90%, enquanto as fontes de energia renovável (solar,
eólica, biomassa, maremotriz, geotérmica, hidrogênio etc.) devem crescer quase 4 vezes
até 2030. Até 2030, as energias renováveis devem ser da ordem de 70% da produção total
de energia do planeta.
Com o sistema energético sustentável, é bem possível que o gás natural se torne, entre os
combustíveis fósseis, o recurso energético predominante no futuro por ser o menos
poluente dos combustíveis fósseis. A energia nuclear não seria uma importante fonte de
energia em um sistema de energia verdadeiramente sustentável. Isso se deve em grande
parte aos acidentes em Three Mile Island nos Estados Unidos, Chernobyl na antiga União
Soviética e Fukushima no Japão. Um sistema energético sustentável só será possível se a
eficiência energética for muito melhorada, ou seja, se for maximizada a relação entre a
quantidade de energia utilizada em uma atividade (energia útil) e aquela disponibilizada
para sua realização (energia total). Esses são os requisitos de um sistema de energia
sustentável em todo o mundo.
O primeiro passo na implantação de um sistema de energia sustentável em todo o mundo
é redirecionar um grande número de políticas governamentais para atender os objetivos
centrais de reduzir o uso de combustíveis fósseis e aumentar a eficiência energética. Por
exemplo, premiar a fabricação de veículos automotores e elétricos eficientes, incentivar
alternativas de transporte de massa de alta capacidade para substituir os automóveis,
13
reestruturar indústrias de energia e aumentar impostos sobre combustíveis fósseis, entre
outras medidas.
O uso de fontes de energia renovável traria grandes mudanças em todo o mundo,
incluindo a criação de indústrias inteiramente novas, o desenvolvimento de novos
sistemas de transporte e a modificação da agricultura e das cidades. O grande desafio hoje
em dia é continuar desenvolvendo novas tecnologias que utilizem energia de forma
eficiente e que utilizem economicamente recursos renováveis. Este é o cenário de energia
alternativa que poderia evitar o comprometimento do meio ambiente global. Isso significa
que mudanças profundas na política energética global devem ser colocadas em prática
para tornar possível a terceira revolução energética no mundo.
2.4- O modelo de desenvolvimento da sociedade necessário para impedir as
mudanças climáticas catastróficas globais no século XXI
O risco de que o aquecimento global contribua para a ocorrência de mudanças climáticas
catastróficas exige que toda a humanidade adote o princípio da precaução que tem sua
aplicação baseada em dois pressupostos: 1) a possibilidade de que as condutas humanas
causem danos coletivos vinculados a situações catastróficas que podem afetar todos os
seres vivos; e, 2) incerteza sobre a existência do temido dano. O fato de possíveis eventos
catastróficos decorrentes do aquecimento global não apresentarem risco mensurável
exigiria a adoção de medidas de precaução para evitar sua ocorrência. Cabe ressaltar que
estamos lidando com um risco não mensurável, potencial e não avaliável.
A adoção de medidas de precaução reforça o dever de prudência. Prevenção é melhor do
que a cura. O princípio da precaução vai além da ideia de prevenir determinado risco,
pois busca preservar o meio ambiente considerando um risco incerto. A precaução é
tomada quando o risco é alto – tão alto que a certeza científica total não deve ser exigida
antes da ação corretiva ser tomada e deve ser aplicada nos casos em que qualquer
atividade pode resultar em danos duradouros ou irreversíveis ao meio ambiente. O
princípio da precaução difere do princípio da prevenção que está diretamente relacionado
a um determinado risco conhecido pela ciência. O princípio da precaução é o que deve
presidir as decisões relacionadas ao enfrentamento das mudanças climáticas catastróficas
globais.
Uma vez que o mundo está enfrentando o desafio de não permitir que a temperatura média
global seja dois graus Celsius mais alta no século 21, é imperativo que as concentrações
de dióxido de carbono (e equivalentes) sejam estabilizadas em 450 ppm (partes por
milhão). Sem essa atitude, o mundo enfrentará mudanças climáticas catastróficas no final
deste século, que podem ameaçar a sobrevivência da humanidade. Para isso, as emissões
globais terão que ser reduzidas abaixo dos níveis de 1990. Reduzir as emissões a partir
dos níveis de 1990 é um desafio gigantesco.
Por isso, é imperativa a implementação do modelo de “desenvolvimento sustentável”
baseado em formas e processos que, quando utilizados, não afetem a integridade do
ambiente do qual dependem. A nova sociedade a ser construída no mundo teria que ser
sustentável do ponto de vista econômico, social e ambiental. O conceito de
sustentabilidade tornou-se um elemento-chave na busca de soluções viáveis para
solucionar os maiores problemas do mundo, apoiando-se na tese de que uma sociedade
sustentável é aquela que atende às necessidades da geração atual sem diminuir as
possibilidades das gerações futuras atenderem às suas necessidades [5].
14
Como construir uma sociedade sustentável? Esta é uma tarefa que visa alcançar os
objetivos de desenvolvimento sustentável descritos abaixo:
• Reduzir as emissões globais de carbono promovendo mudanças na matriz energética
global baseada em combustíveis fósseis (carvão e petróleo), por outro, baseada em
recursos energéticos renováveis, hidroeletricidade, biomassa, energia solar e energia
eólica, para impedir ou minimizar o aquecimento global e, consequentemente, impedir a
ocorrência de mudanças catastróficas no clima da Terra.
• Melhorar a eficiência energética desenvolvendo ações de economia de energia na cidade
e no campo, nas edificações, na agricultura, nas indústrias e nos transportes em geral,
contribuindo assim para a redução das emissões globais de carbono e, consequentemente,
do efeito estufa.
• Tornar os veículos motorizados e equipamentos para uso doméstico, agrícola e industrial
mais eficientes, projetar edifícios para máxima economia de iluminação, refrigeração e
aquecimento, projetar agricultura e indústria para exigir o mínimo de recursos energéticos
e matérias-primas, contemplando também a autoprodução de energia com o
aproveitamento de resíduos de seus processos produtivos baseados na logística reversa e,
por fim, utilizar novas alternativas de transporte desde a bicicleta até os de alta capacidade
baseados em ferrovias, entre outras iniciativas.
• Combater a poluição da terra, do ar e da água, reduzindo o desperdício por meio da
reciclagem dos materiais atualmente usados e descartados. Nesta perspectiva, os materiais
essenciais só devem ser utilizados em processos de produção e em outras aplicações
apenas em último caso. Quando usados nas diversas aplicações, eles devem primeiro ser
reutilizados muitas vezes; segundo, eles devem ser reciclados para formar um novo
produto; em terceiro lugar, devem ser queimados para extrair toda a energia que contêm
e, finalmente, devem ser removidos para um aterro.
• Ajustar o crescimento populacional aos recursos disponíveis no planeta, reduzindo suas
taxas de natalidade, principalmente em países e regiões com altas taxas de crescimento
populacional.
• Reduzir as desigualdades sociais, incluindo a adoção de medidas que contribuam para
o atendimento das necessidades básicas da população mundial, como alimentação,
vestuário, moradia, serviços de saúde, emprego e melhor qualidade de vida. Para o
desenvolvimento sustentável, portanto, todos os seres humanos devem satisfazer suas
necessidades básicas e ter oportunidades de realizar suas aspirações por uma vida melhor.
• Assegurar que o crescimento econômico e a riqueza dele resultante sejam partilhados
por todos, os serviços de educação permitam à população aumentar os níveis de
qualificação para o trabalho e a cultura, os serviços de saúde sejam eficazes no combate
à mortalidade infantil e contribuam para o aumento da esperança de vida da população,
todos os homens e mulheres tenham moradia digna, e haja investimentos públicos e
privados no nível necessário que contribuam para a redução do desemprego em massa
como resultado da crise geral do sistema capitalista mundial que tende a se agravar no
futuro.
Para evitar mudanças climáticas catastróficas, é necessário, portanto, estruturar uma nova
sociedade baseada no modelo de desenvolvimento sustentável em nível mundial que
satisfaça as necessidades da geração atual sem diminuir as possibilidades das gerações
futuras de atender às suas necessidades e, neste forma, contribuir para evitar o
15
esgotamento dos recursos naturais da Terra e prevenir mudanças climáticas catastróficas
em nível global.
2.5- O Acordo Climático Global de Paris (COP 21) e seu descumprimento [2]
Após vários anos de negociações, impasses, tímidos avanços e fracassos, 195 países e a
União Europeia produziram na COP 21 em Paris um acordo global que define como a
humanidade irá combater o aquecimento global nas próximas décadas. Pela primeira vez,
todos os países do mundo se comprometeram a reduzir as emissões de gases de efeito
estufa, fortalecer a resiliência (capacidade de retornar ao seu estado natural,
principalmente após uma situação crítica e incomum) e se unir em uma causa comum
contra as mudanças climáticas. O acordo não tem caráter legal para todos os objetivos,
como a maioria desejava.
O acordo COP 21 consiste em um documento de 31 páginas. Ele contém um texto de 12
páginas, o Acordo de Paris, e uma decisão detalhando como o acordo será implementado.
Juntos, os dois documentos formam uma espécie de manual de reorientação da economia
mundial. Eles sinalizam, ainda que de forma muito preliminar, que as emissões de gases
de efeito estufa devem chegar ao fim em algum momento do século XXI. Para os
otimistas, o acordo representa o fim da era dos combustíveis fósseis.
O objetivo declarado do Acordo de Paris é conter o aumento da temperatura média global
bem abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais e fazer esforços para limitar o
aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, reconhecendo que isso
reduziria significativamente os riscos e impactos das mudanças climáticas. A referência
à meta de 1,5°C surgiu graças à ação conjunta dos países insulares, que estarão
condenados à extinção a longo prazo pela elevação do nível do mar resultante do aumento
da temperatura global de 2°C.
Como as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa apresentadas não
conseguem manter a temperatura no nível exigido, foi decidido que ajustes deverão ser
feitos a cada cinco anos, a partir de 2023. Esses ajustes precisariam ser considerados no
texto do Acordo de Paris. O Acordo de Paris também prevê que os países ricos se
comprometam a desembolsar pelo menos US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 para
projetos de redução de emissões em países emergentes e confirma que os países em
desenvolvimento podem ampliar a base de doadores no futuro, mesmo que de forma
voluntária.
Dois aspectos-chave não foram considerados no Acordo de Paris: (1) a meta de longo
prazo de descarbonizar a economia até 2050 ou cortar pelo menos 70% das emissões
globais de gases de efeito estufa até meados do século XXI; e 2) a meta de temperatura
não é acompanhada de um roteiro informando como o mundo pretende atingir menos de
2°C ou 1,5°C, o que enfraquece a busca dessa meta. Em outras palavras, a COP 21
produziu um acordo que é, na prática, uma mera carta de intenções.
Percebe-se, portanto, que o Acordo de Paris não resolve as questões fundamentais, e as
metas voluntárias indicadas por cada uma das nações não são suficientes para garantir
que o aquecimento global fique bem abaixo de 2 graus Celsius ou 1,5 graus Celsius até o
ano de 2100. Além disso, o documento é omisso ao não apresentar propostas que
contribuam para a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável em nosso
planeta em substituição ao atual modelo insustentável de desenvolvimento capitalista.
Para mudar essa situação e acabar com as constantes mudanças climáticas que ameaçam
destruir nosso planeta e a humanidade, é necessário promover uma profunda
16
transformação da sociedade atual. A insustentabilidade do atual modelo de
desenvolvimento capitalista é evidente, pois tem sido extremamente destrutivo das
condições de vida no planeta. Diante disso, é imperioso substituir o atual modelo
econômico dominante em todo o mundo por outro que leve em conta o homem integrado
ao meio ambiente, à natureza, ou seja, o modelo de desenvolvimento sustentável. Isso não
foi considerado na COP 21.
Outra questão não abordada na COP 21 diz respeito às guerras, que também são grandes
responsáveis pelo agravamento ambiental do planeta, que se prolifera em todo o mundo.
Entre as inúmeras consequências terríveis das guerras estão os efeitos devastadores sobre
o meio ambiente. O bombardeio de alvos militares e populações civis, a intensa
movimentação de veículos e tropas militares, a grande concentração de voos de combate,
os mísseis lançados sobre cidades e a destruição de estruturas militares e industriais
durante todos esses conflitos também provocam a emissão de metais e outros substâncias
que contaminam o solo, a água e o ar. Além da contaminação ambiental, é preciso
considerar também a modificação das paisagens naturais e a perda da biodiversidade a
longo prazo, seja pela presença de minas terrestres ou de agentes químicos dispersos no
meio ambiente. Isso também não foi considerado na COP 21.
Por fim, é importante ressaltar que o Acordo de Paris também omite a construção de um
sistema de governança no planeta capaz de garantir a reorganização da economia mundial
que está levando o mundo à depressão, do meio ambiente do planeta ameaçado pela
mudanças climáticas catastróficas e das relações internacionais que se agravam a cada dia
alimentando a proliferação de guerras. Diante dessas graves omissões da COP 21, pode-
se dizer que dificilmente conseguiremos evitar mudanças catastróficas no clima do
planeta Terra no século XXI.
Katie Reilly [11] relata que o IPCC das Nações Unidas alertou que limitar suficientemente
o aquecimento global causado pelo homem "exigirá mudanças rápidas, de longo alcance
e sem precedentes em todos os aspectos da sociedade" a fim de evitar consequências
globais dramáticas, incluindo o aumento do nível do mar, recifes de coral moribundos e
vítimas humanas devido ao calor extremo. Reilly afirma que o relatório especial -
publicado pelo Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas
- avaliou o que será necessário para limitar o aumento da temperatura global a não mais
de 1,5 ° C (2,7 ° F) acima dos níveis pré-industriais. De acordo com o Acordo de Paris de
2015, os cientistas consideram que a temperatura é um ponto de inflexão no qual muitos
efeitos graves do aquecimento global serão percebidos.
O relatório especial do IPCC da ONU mostra que "exemplos de ações incluem a mudança
para geração de energia de baixa ou zero emissão, como energias renováveis; mudança
de sistemas alimentares, como mudanças na dieta de produtos de origem animal;
transporte eletrificado e desenvolvimento de 'infraestrutura verde', como construir
telhados verdes ou melhorar a eficiência energética por meio de planejamento urbano
inteligente, que mudará o layout de muitas cidades. O relatório chamou as mudanças
climáticas de "uma ameaça urgente e potencialmente irreversível às sociedades humanas
e ao planeta", e alertou que atrasar a ação tornaria impossível limitar o aquecimento a 2,7
° F (1,5 ° C). "Embora o ritmo de mudança que seria necessário para limitar o
aquecimento a [2,7 ° F] possa ser encontrado no passado, não há precedente histórico para
a escala das transições necessárias, particularmente de forma social e economicamente
sustentável", afirmou o relatório. Resolver esses problemas de velocidade e escala
exigiria o apoio das pessoas, intervenções do setor público e cooperação do setor
eletrônico".
17
Reilly [11] relata que o relatório da ONU apresenta algumas mudanças que precisarão ser
feitas para frear o ritmo atual do aquecimento global:
• Reduzir as emissões de carbono em 45%
Até 2030, as emissões globais de dióxido de carbono devem ser 45% menores do que em
2010, segundo o relatório. E as emissões de dióxido de carbono devem atingir zero líquido
por volta de 2075, o que significa que a quantidade de dióxido de carbono que entra na
atmosfera é igual à quantidade que está sendo removida. Até 2050, as emissões de outros
gases de efeito estufa que retêm o calor, incluindo metano e negro de fumo, devem ser
reduzidas em 35%, em relação à taxa de 2010. As emissões precisariam diminuir
rapidamente em todos os principais setores da sociedade, incluindo edifícios, indústria,
transporte, energia e agricultura, silvicultura e outros usos da terra.
• Remover o dióxido de carbono do ar
Além de reduzir as emissões de dióxido de carbono, as medidas de remoção de dióxido
de carbono relatadas incluem o plantio de novas árvores e a captura e armazenamento de
carbono, o processo pelo qual o dióxido de carbono é aprisionado e impedido de entrar
na atmosfera. A maioria das medidas atuais e potenciais [remoção de dióxido de carbono]
podem ter impactos significativos na terra, energia, água ou nutrientes se implantadas em
grande escala.
• Usar 85% de energia renovável e parar totalmente de usar carvão
O relatório recomendou mudanças de longo alcance no uso da terra, planejamento urbano,
sistemas de infraestrutura e uso de energia – mudanças que serão “sem precedentes em
termos de escala”. Cientistas do clima disseram que as fontes de energia renovável terão
que responder por 70% a 85% da produção de eletricidade até 2050. O uso de carvão deve
diminuir drasticamente e deve representar cerca de 0% da eletricidade global, e o gás
apenas 8%. Embora reconhecendo os desafios e as diferenças entre as opções e as
circunstâncias nacionais, a viabilidade política, econômica, social e técnica das
tecnologias de energia solar, energia eólica e armazenamento de eletricidade melhoraram
substancialmente nos últimos anos, afirmou o relatório. Essas melhorias sinalizam uma
potencial transição do sistema na geração de eletricidade.
• Plantar novas florestas iguais ao tamanho do Canadá
Os cientistas recomendam que até cerca de 3 milhões de milhas quadradas de pastagens
e até 1,9 milhões de milhas quadradas de terras agrícolas não usadas como pastagens
sejam convertidas em até 2,7 milhões de milhas quadradas para culturas energéticas, que
podem ser usadas para fazer biocombustíveis. Isso seria pouco menos do que o tamanho
da Austrália. O relatório também recomenda adicionar 3,9 milhões de milhas quadradas
de florestas até 2050, em relação a 2010 – que é aproximadamente o tamanho do Canadá.
“Tais grandes transições representam desafios profundos para a gestão sustentável das
várias demandas de terra para assentamentos humanos, alimentos, ração animal, fibra,
bioenergia, armazenamento de carbono, biodiversidade e outros serviços
ecossistêmicos”, afirmou o relatório. As opções de mitigação que limitam a demanda por
terra incluem a intensificação sustentável das práticas de uso da terra, restauração de
ecossistemas e mudanças para dietas menos intensivas em recursos.
Jonathan Watts [14] relata que "os principais cientistas climáticos do mundo foram
avisados de que há apenas dois anos de aquecimento global a ser mantido em um máximo
18
de 1,5 ° C, além do qual até meio grau piorará significativamente os riscos de seca,
inundações , calor extremo e pobreza para centenas de milhões de pessoas. " Watts afirma
que os autores do relatório histórico do Painel Intergovernamental das Nações Unidas
sobre Mudanças Climáticas (IPCC) dizem que são necessárias mudanças urgentes e sem
precedentes para atingir a meta, que eles dizem ser acessível e viável, embora esteja na
extremidade mais ambiciosa do Acordo de Paris que se compromete a manter as
temperaturas entre 1,5°C e 2°C. A diferença de meio grau também pode impedir que os
corais sejam completamente erradicados e aliviar a pressão no Ártico, de acordo com o
estudo de 1,5 ° C, que foi lançado após a aprovação na plenária final de todos os 195
países em Incheon, na Coréia do Sul, que viu os delegados se abraçando, com alguns em
lágrimas.
Watts [14] afirma que os formuladores de políticas encomendaram o relatório nas
negociações climáticas de Paris em 2016, mas desde então a lacuna entre ciência e política
aumentou. Donald Trump prometeu retirar os EUA – a maior fonte mundial de emissões
históricas – do Acordo de Paris. A eleição presidencial do Brasil colocou Jair Bolsonaro
em uma posição forte para cumprir sua ameaça de retirar o Brasil do Acordo de Paris e
também abrir a floresta amazônica ao agronegócio.
O relatório do IPCC da ONU mostra que o mundo está atualmente 1°C mais quente do
que os níveis pré-industriais. Após furacões devastadores nos EUA, secas recordes na
Cidade do Cabo e incêndios florestais no Ártico, o IPCC deixa claro que a mudança
climática já está acontecendo, atualizou seu alerta de risco de relatórios anteriores e
alertou que cada fração do aquecimento pioraria o impacto. O relatório foi apresentado
aos governos na conferência climática da ONU na Polônia. No nível atual de
compromissos, o mundo está a caminho de um aquecimento desastroso de 3°C.
Os autores do relatório da ONU estão se recusando a aceitar a derrota, acreditando que os
danos visíveis causados pelas mudanças climáticas mudarão seu caminho. As mudanças
climáticas estão ocorrendo mais cedo e mais rapidamente do que o esperado. Este
relatório é muito importante. Tem uma robustez científica que mostra que 1,5°C não é
apenas uma concessão política. Há um crescente reconhecimento de que 2°C é perigoso.
3. Resultados e Conclusões
A mudança climática global tende a produzir uma verdadeira crise de humanidade que
torna imperativa a construção de uma nova sociedade que atue de forma interdependente
e racional com objetivos comuns em cada país e em escala planetária sem a qual pode ser
colocado em xeque a sobrevivência da humanidade e a vida no planeta Terra. A falta de
convergência entre os países ao redor do mundo no combate às mudanças climáticas se
reflete no fracasso de alguns países em cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris
na COP 21.
Está comprovado que, para evitar as mudanças climáticas, não basta cumprir metas como
as estabelecidas na COP 21. Também é preciso construir uma nova sociedade sustentável
do ponto de vista econômico, social e ambiental. A nova sociedade sustentável poderia
ser baseada na visão de Capra et Lenore [7] e Ernest Callenbach [6]. Em suas obras,
Capra, Lenore e Callenbach argumentam que o conceito de sustentabilidade se tornou um
elemento-chave no movimento global, crucial para encontrar soluções viáveis para
resolver os maiores problemas do mundo. Ambos se baseiam na definição de Lester
Brown, fundador do Worldwatch Institute: Uma sociedade sustentável é aquela que
atende às suas necessidades sem diminuir as chances das gerações futuras atenderem às
suas necessidades.
19
Capra, Lenore e Callenbach também apontam que a sustentabilidade global exige que a
população mundial se estabilize em um máximo de oito bilhões de pessoas, que as
economias sustentáveis não sejam impulsionadas pelos combustíveis fósseis, mas pela
energia solar e suas muitas formas diretas e indiretas (aquecimento e energia fotovoltaica
elétrica, eólica, hídrica e assim por diante), a energia nuclear não seja mais utilizada
devido à sua longa lista de desvantagens e riscos econômicos, sociais e ambientais, a
produção de energia seja mais descentralizada e, portanto, menos vulnerável a cortes ou
apagões e um sistema de energia sustentável mais eficiente seja usado.
Os autores mencionados acima argumentam que o transporte em uma sociedade
sustentável será muito menos desperdiçador e poluente do que hoje, as pessoas viverão
muito mais perto de seus locais de trabalho e se deslocarão nas proximidades por ônibus
altamente desenvolvidos
e sistemas de transporte ferroviário, menos carros e bicicletas, que serão um veículo
importante no sistema de transporte sustentável, a reciclagem será a principal fonte de
matérias-primas em indústrias sustentáveis e o design do produto se concentrará na
durabilidade e no uso repetido, em vez do curto e descartável vida dos produtos.
Acrescentam que o desejável será uma mentalidade baseada na ética da reciclagem. As
empresas de reciclagem substituirão as atuais empresas de limpeza e descarte urbano,
reduzindo a quantidade de resíduos em pelo menos dois terços.
Os autores acima defendem a tese de que em uma sociedade sustentável haverá
necessidade de uma base biológica restaurada e estabilizada, o uso da terra seguirá os
princípios básicos da estabilidade biológica (retenção de nutrientes, balanço de carbono,
proteção do solo, conservação da água e preservação da diversidade de espécies), as áreas
rurais terão maior diversidade do que atualmente com manejo equilibrado da terra, onde
haverá rotação de culturas e cultivo de espécies, não haverá desperdício de culturas,
florestas tropicais serão conservadas, não haverá desmatamento para obtenção de madeira
e outros produtos, milhões de hectares de novas árvores serão plantados, os esforços para
deter a desertificação transformarão áreas degradadas em terras produtivas, o uso
exaustivo de pastagens será eliminado, assim como a cadeia alimentar das sociedades
afluentes incluirão menos carne e mais grãos e vegetais .
Finalmente, Capra, Lenore e Callenbach consideram que sistemas de valores que
enfatizam quantidade, expansão, competição e dominação darão origem à qualidade,
conservação, cooperação e solidariedade entre os seres humanos, a característica decisiva
de uma economia sustentável será a rejeição da busca cega para o crescimento, o produto
interno bruto será reconhecido como um indicador fracassado, as mudanças econômicas
e sociais, bem como tecnológicas, serão medidas por sua contribuição para a
sustentabilidade, os orçamentos militares serão uma pequena fração do que são hoje, os
governos investirão em uma organização de manutenção da paz reforçada das Nações
Unidas em vez de manter instituições de defesa caras e poluentes, as nações
descentralizarão o poder e a tomada de decisões dentro de suas próprias fronteiras e, ao
mesmo tempo, estabelecerão um nível de cooperação e coordenação sem precedentes nos
problemas internacionais globais.
Pode-se argumentar que a introdução do conceito de desenvolvimento sustentável
acarretará mudanças profundas na forma como a sociedade se desenvolve, de modo que
o crescimento econômico seja menos intensivo no consumo de matérias-primas e energia
e mais equitativo na distribuição de seus resultados à população. Acima de tudo,
sobretudo, uma verdadeira revolução política e cultural deve ser realizada em todo o
20
mundo, para que o paradigma do desenvolvimento atual seja substituído pelo paradigma
do desenvolvimento sustentável.
Estamos, pelo exposto, diante de um momento crítico na história da Terra e da
humanidade, em um momento em que ela deve escolher o rumo a ser dado ao seu futuro.
À medida que o mundo se torna cada vez mais interdependente e frágil, a humanidade
enfrenta ao mesmo tempo grandes perigos e grandes promessas em relação ao seu futuro.
Devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e modos de
vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum.
Devemos unir forças para criar uma sociedade global sustentável baseada no respeito pela
natureza, direitos humanos universais, justiça econômica e uma cultura de paz. Para
chegar a este propósito, é imperativo que todos nós, os povos da Terra, declaremos nossa
responsabilidade uns para com os outros, com a continuidade da vida no planeta e com
as gerações futuras.
Autor
Fernando Alcoforado detentor da Medalha de Mérito de Engenharia do Sistema
CONFEA/CREA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela
Universidade de Barcelona, Espanha, é membro da Academia Baiana de Educação, da
SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico
da Bahia. Foi graduado em Engenharia Elétrica pela UFBA - Universidade Federal da
Bahia, Brasil, e é Especialista em Engenharia Economia e Administração Industrial pela
UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil. Foi professor do MBA em Gestão
Empresarial da FGV - Fundação Getúlio Vargas e de cursos de pós-graduação em
Administração, Economia e Engenharia de diversas instituições de ensino brasileiras e
atua como Consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial,
planejamento regional, planejamento de sistemas de ciência, tecnologia e inovação e
planejamento de sistemas de energia. Exerceu os cargos de Coordenador de Planejamento
Estratégico do Ceped- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, Secretário de
Planejamento da Cidade de Salvador, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia,
Presidente do IRAE - Instituto Rômulo Almeida de Altos Estudos, Diretor da Faculdade
de Administração das Faculdades Integradas Olga Mettig de Salvador, Bahia, e Consultor
da Winrock International na área de energias renováveis e UNESCO- Organização das
Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. É autor de 16 livros que tratam de temas
relacionados à Economia Brasileira, Energia, Desenvolvimento Econômico e Social,
Meio Ambiente, Aquecimento Global, Globalização e Ciência e Tecnologia.
REFERÊNCIAS
[1] ALCOFORADO (2018), A 3ª revolução energética e a contribuição do Brasil. São
Paulo: RBS Magazine Ed. 24.
[2] ______________ (2018), The global climate agreement of Paris (COP 21) and its non-
compliance. Available on the website
<https://www.academia.edu/37994349/THE_GLOBAL_CLIMATE_AGREEMENT_O
F_PARIS_COP_21_AND_ITS_NON_COMPLIANCE>.
[3] ______________ (2015), Energia no Mundo e no Brasil. Curitiba: Editora CRV.
[4] _____________ (2011), Amazônia Sustentável. Santa Cruz do Rio Pardo: Viena
Editora.
21
[5] _____________ (2010). Aquecimento Global e Catástrofe Planetária. Santa Cruz do
Rio Pardo: Viena Editora.
[6] CALLENBACH (2009), Ecotopia. Toronto: Kobo Editions.
[7] CAPRA et LENORE (1993), Ecomanagement. Oakland: Berrett-Koehler.
[8] GALILEO MAGAZINE (2006), Global warming and the economy. June, no. 170.
[9] GLEICK et all (2010), Climate Change and the Integrity of Science. Available on
the website <https://www.science.org/doi/10.1126/science.328.5979.689>.
[10] LASHOF, D. A., & TIRPAK, D. A. (1990), Policy Options for Stabilizing Global
Climate. New York: Hemisphere Publishing.
[11] REILLY (2018), Here's What Humanity Must Do Immediately to Prevent
Catastrophic Climate Change, According to the New U.N. Report. Available on
the website <http://time.com/5418577/what-humanity-do-limit-climate-change/>.
[12] SALOWICZ (2014), Demanda por energia no mundo crescerá 35% até 2040.
Available on the website <http://ate2050.blogspot.com/2014/03/demanda-por-energia-
no-mundo-crescera.html>.
[13] VEJA (2011), AIE mundo se encaminha para futuro energético insustentável.
Available on the website <https://veja.abril.com.br/economia/aie-diz-que-mundo-se-
encaminha-para-futuro-energetico-insustentavel/>.
[14] WATTS (2018), We have 12 years to limit climate change catastrophe, warns UN.
Available on the website
<https://www.theguardian.com/environment/2018/oct/08/global-warming-must-not-
exceed-15c-warns-landmark-un-report>.

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  • 1. 1 ESTRATÉGIAS PARA LIDAR COM AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS Fernando Alcoforado Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar as estratégias necessárias para evitar mudanças climáticas catastróficas no planeta Terra, o que exige a substituição do atual modelo energético por outro baseado em fontes renováveis de energia e a substituição do atual modelo econômico por outro baseado no modelo de desenvolvimento sustentável entre outras medidas. Palavras-chave: Aquecimento global. Energia. Energia renovável. Mudança climática. Desenvolvimento sustentável. 1. Introdução O aquecimento global é um fenômeno climático de grande extensão - um aumento da temperatura média da superfície da Terra que vem ocorrendo nos últimos 150 anos. O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), estabelecido pela ONU (Organização das Nações Unidas), afirma que grande parte do aquecimento observado no planeta se deve muito provavelmente ao aumento do efeito estufa e há fortes evidências de que o aquecimento global se deve à atividade humana. Muitos meteorologistas e climatologistas consideram comprovado que a ação humana está realmente influenciando a ocorrência do fenômeno. Não há dúvidas de que a atividade humana na Terra provoca mudanças no ambiente em que vivemos. Muitos desses impactos ambientais são provenientes da geração, manuseio e uso de energia. A principal razão para a existência de impactos ambientais da geração, manuseio e uso de energia reside no fato de que o consumo global de energia primária de fontes não renováveis (petróleo, carvão, gás natural e nuclear) representa aproximadamente 88% do total, deixando apenas 12% para fontes renováveis. Como resultado do uso excessivo de combustíveis fósseis, o teor de dióxido de carbono na atmosfera vem aumentando de forma constante, levando muitos especialistas a acreditar que o aumento da temperatura média da biosfera terrestre, que está sendo observado há décadas, se deve a " Efeito Estufa" causado por esse aumento de CO2 e outros gases na atmosfera. É por isso que o modelo energético atual deve ser substituído por outro modelo baseado em fontes de energia renováveis. A insustentabilidade do atual modelo de desenvolvimento da sociedade decorre do fato de que ele é responsável pelo rápido aumento das temperaturas globais, pelo esgotamento dos recursos naturais do planeta e pela elevação do nível do mar em maior escala no século XXI do que nos 10 mil anos desde a última era glacial. Os fatos da vida mostram cada vez mais a necessidade do paradigma que norteou o desenvolvimento da sociedade humana desde a 1a Revolução Industrial precisa ser profundamente modificada. É por isso que o modelo econômico atual deve ser substituído pelo modelo de desenvolvimento sustentável entre outras medidas. Este estudo é de grande importância porque trata de um assunto de grande interesse para o futuro da humanidade que é o das mudanças climáticas globais, além de propor soluções que possam eliminar seus catastróficos efeitos econômicos e sociais. 2. Métodos A metodologia utilizada consistiu principalmente em analisar a literatura existente sobre mudanças climáticas globais, energia mundial e desenvolvimento sustentável para caracterizar as causas, consequências e evolução futura das mudanças climáticas globais, a evolução energética mundial e seus impactos ambientais e o modelo de
  • 2. 2 desenvolvimento sustentável para propor soluções para evitar as mudanças climáticas globais. Foram analisados os tópicos seguintes: • Aquecimento global e consequente mudança climática catastrófica • Os cenários globais de energia e efeito estufa • A terceira revolução energética necessária para combater o aquecimento global • O modelo de desenvolvimento social necessário para evitar mudanças climáticas catastróficas globais no século XXI • O Acordo Climático Global de Paris (COP 21) e seu descumprimento 2.1- Aquecimento global e consequente mudança climática catastrófica [5] O aquecimento global, que era assunto de interesse exclusivo da comunidade científica, assume hoje uma dimensão muito mais ampla sendo motivo de preocupação dos povos e governos de todo o mundo. A mídia tem contribuído bastante para que a questão do aquecimento global tenha se tornado um assunto de interesse geral divulgando a extrema mudança climática que vem sendo registrada desde a Revolução Industrial na Inglaterra até os dias atuais em várias partes do mundo bem como a opinião de muitos cientistas e instituições que atestam a gravidade do problema. A análise da Figura 1 revela que a Terra recebe radiação emitida pelo Sol que é absorvida pela superfície da Terra aquecendo-a. Grande parte dessa radiação é devolvida ao espaço e a outra parte é absorvida pela camada de gás que circunda a atmosfera causando o efeito estufa. Figura 1- Efeito Estufa Fonte: The Greenhouse Effect - www.ib.bioninja.com.au
  • 3. 3 O aquecimento global resulta do efeito estufa causado pela retenção de calor na baixa atmosfera da Terra causada pela concentração de gases de vários tipos. A Terra recebe radiação emitida pelo Sol que é absorvida pela superfície da Terra aquecendo-a. Grande parte dessa radiação é devolvida ao espaço e a outra parte é absorvida pela camada de gás que circunda a atmosfera causando o efeito estufa. É devido a este fenômeno natural, o efeito estufa, que temos uma temperatura média da Terra em 15°C. Sem esse fenômeno, a temperatura média do planeta seria de -18°C. Para haver equilíbrio climático, a Terra deve receber a mesma quantidade de energia que envia de volta ao espaço. Caso ocorra desequilíbrio por algum motivo, o globo aquece ou esfria até que a temperatura volte a ser atingida, medida exata para a correta troca de calor. O equilíbrio climático natural foi rompido pela Revolução Industrial na Inglaterra em 1786. Desde o século XIX, as concentrações de dióxido de carbono no ar aumentaram 30%, o metano dobrou e o óxido nitroso aumentou 15%. O aquecimento global é produzido pela atividade humana (antropogênica) no planeta e também por processos naturais como decomposição de matéria orgânica e erupções vulcânicas, que produzem dez vezes mais gás que o homem. Por eras, os processos naturais por si só garantiram a manutenção do efeito estufa, sem o qual a vida não seria possível na Terra. Os gases responsáveis pelo aquecimento global oriundos da atividade humana são produzidos por combustíveis fósseis utilizados em automóveis, indústrias e usinas de energia, para produção agrícola, flatulência bovina e queimadas em florestas. A Figura 2 mostra que a principal evidência do aquecimento global vem das medições de temperatura em estações meteorológicas ao redor do globo desde 1860. Figura 2- Aumento das temperaturas médias globais Fonte: https://earthobservatory.nasa.gov/world-of-change/DecadalTemp
  • 4. 4 Os maiores aumentos na temperatura média global ocorreram em dois períodos: 1910- 1945 e 1970 a 2010. De 1940 a 1970, houve uma estabilização no crescimento da temperatura média global. A Figura 3 mostra a temperatura na superfície da Terra de 1880 a 2020 em Fahrenheit. Os números para o ano de 1000 a 1860 foram estimados e os de 1860 a 2000 foram baseados em observações globais por instrumentos. Figura 3- Temperaturas globais médias Fonte: http://www.earth-policy.org/indicators/C51 A Figura 4 mostra as variações de temperatura na superfície da Terra de 1000 a 2000 e suas projeções até 2100. Os valores para o ano de 1000 a 1860 foram estimados e os de 1860 a 2000 foram baseados em observações globais por instrumentos. Devido ao aquecimento global, é provável que futuros desequilíbrios climáticos sejam abruptos e catastróficos. Haverá um aumento rápido e destrutivo nas temperaturas globais, a menos que as emissões de carbono sejam cortadas. Se as tendências atuais continuarem, entre 2020 e 2070, a concentração de gases de efeito estufa pode dobrar e a temperatura média da superfície da Terra pode subir cerca de 4-5°C. Estima-se que mantida a atual taxa de aumento das emissões de gases de efeito estufa, a temperatura média do planeta deverá subir dos atuais 15°C para 16,5°C na melhor das hipóteses, e 19,5°C na pior hipótese no ano de 2025. No ano 2100, a temperatura média global atingirá 18°C, na melhor das hipóteses, e 29°C, na pior das hipóteses. O valor mais provável para a temperatura média global até o final do século 21 seria 19°C.
  • 5. 5 Figura 4- Mudanças de temperatura na superfície da Terra: 1000 2100 Fonte: IPCC, Synthesis Report, figure SPM-10b Todas as indicações são de que o nível do mar pode subir devido ao aumento da temperatura global. Pode haver o derretimento das camadas de gelo depositadas nas calotas polares e nos cumes das grandes cordilheiras. Em 2050, o nível do mar poderá subir para 1,17 metros, no ano de 2075 para 2,12 metros e em 2100 para 3,45 metros fazendo desaparecer grandes extensões de terras costeiras, ilhas e cidades costeiras. Um número maior de furacões ocorreria com o aumento da temperatura global. Alguns cientistas estão preocupados que, no futuro, a calota polar e as geleiras derretam
  • 6. 6 significativamente. Se isso acontecer, pode haver um aumento do nível do mar em muitos metros. Revista Galileu, n. 170, de junho de 2006, publicou o texto sob o título Aquecimento global e economia no qual informa que se o manto de gelo da Antártida desaparecer seria uma catástrofe, pois a região possui gelo suficiente para fazer com que o nível dos mares globais suba mais de 65 metros [8]. Em resumo, o aquecimento global pode causar transformações estruturais e sociais do planeta Terra causadas pelo aumento das temperaturas, cujas consequências são as seguintes: • Aumento da temperatura dos oceanos e derretimento das calotas polares; • Possíveis inundações de áreas costeiras e cidades costeiras, como resultado do aumento do nível do mar; • Aumento da insolação e radiação solar, devido ao aumento do buraco na camada de ozônio; • Intensificação de catástrofes climáticas, como furacões e tornados, secas, chuvas irregulares, entre outros fenômenos meteorológicos de difícil controle e previsão; • Extinção de espécies por condições ambientais adversas para a maioria delas. Nos últimos tempos, foram inúmeros os ataques à tese do aquecimento global e seus efeitos sobre o clima defendida pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) ao questionar seus relatórios produzidos com a participação de 2.500 cientistas de 131 países reunindo observações, conclusões, previsões e recomendações de vários milhares de cientistas climáticos de todo o mundo. O que estamos presenciando hoje é uma verdadeira guerra dos setores midiáticos e do governo norte-americano contra a questão das catastróficas mudanças climáticas e sua relação com as atividades humanas predatórias, como a emissão de gases de efeito estufa. Ressalte-se que a polêmica sobre as mudanças climáticas se estabelece entre os cientistas que defendem a teoria de que o aquecimento global decorre de causas naturais e aqueles que defendem que ele decorre de causas naturais e da atividade humana. Esta é uma questão que ainda está em debate na comunidade científica, embora muitos meteorologistas e climatologistas tenham declarado publicamente recentemente que consideram comprovado que a ação humana realmente influenciou a evolução desse fenômeno. A maior parte da comunidade científica defende a tese de que o aquecimento global é responsabilidade do homem. O paradigma das causas naturais das alterações climáticas está a ser posto em causa pelo novo paradigma que atribui maior responsabilidade ao homem. A sabotagem contra a ciência tornou-se um componente rotineiro do momento em que vivemos. Contratar mercenários da ciência é uma prática de grandes corporações responsáveis pelo uso de combustíveis fósseis para desqualificar as evidências do aquecimento global. A missão dos céticos e pseudocientistas é inflar artificialmente as incertezas associadas às evidências científicas, impedindo ou retardando assim qualquer medida de proteção ao meio ambiente de graves consequências para a humanidade. Todas as ciências são vulneráveis a esse tipo de ataque, pois lidar com a incerteza é seu caráter intrínseco. Qualquer estudo está sujeito a críticas, legítimas ou não. A estratégia adotada para enfraquecer até as conclusões científicas mais robustas é simples, basta destacar seletivamente as incertezas, atacando os principais estudos um a um e, o mais importante, ignorando sistematicamente o peso de suas evidências.
  • 7. 7 Em contraste com as opiniões de céticos e pseudocientistas, mais de 255 cientistas membros da Academia de Ciências dos Estados Unidos defenderam a teoria da mudança climática em um artigo publicado em 6 de maio de 2010, na revista Science. Em um artigo intitulado Mudanças Climáticas e Integridade Científica, 255 cientistas afirmam que “há evidências consistentes de que os humanos estão mudando o clima de uma forma que ameaça nossas sociedades” [9]. O texto da revista Science também condena os ataques dos chamados "céticos do clima" em relação aos especialistas e instituições que alertam tanto para a existência, quanto para os possíveis efeitos do aquecimento global. Os pesquisadores dizem que muitos dos ataques foram impulsionados por interesses específicos de grandes corporações ou dogmas, não por esforços honestos para fornecer uma teoria alternativa. De acordo com o artigo, o aumento da temperatura do planeta se deve à maior concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, que por sua vez são causados pela atividade humana. Na conclusão do artigo, os climatologistas disseram que a humanidade tem duas opções: omitir os dados científicos e confiar na sorte ou agir rapidamente para reduzir a ameaça das mudanças climáticas. 2.2- Os cenários energéticos globais e o efeito estufa A energia é um insumo essencial para o ser humano e para o desenvolvimento econômico e social. Pode-se dizer que a necessidade mais básica do ser humano é a busca de energia para manter seu corpo funcionando. Este aspecto, o atendimento da necessidade fisiológica, predominou na história da humanidade até a descoberta de seres humanos que poderiam controlar formas de energia que seriam úteis como o fogo que representou um marco importante para a humanidade que, com o uso da energia térmica, pudesse cozinhar seus alimentos e aquecer. Nos primórdios da história humana, a domesticação dos animais forneceu a energia mecânica necessária para o transporte, agricultura, etc. Durante alguns milênios, a energia hidráulica dos rios e do vento começou a ser usada. Porém, somente com o advento da Revolução Industrial, há cerca de três séculos, é que o uso e a produção de energia passaram a ter conotação fundamental na substituição de humanos e animais por máquinas [1]. Desde o domínio do fogo há 750.000 anos até o advento da Revolução Industrial não houve grande evolução na forma humana usando energia. Mas com a Revolução Industrial ocorrida na Inglaterra em 1786 e o subsequente processo de industrialização, foram introduzidas a necessidade de aumento de potência e de novas fontes primárias com maior densidade energética. O uso do carvão como fonte de energia marcou o fim da era das energias renováveis representadas pelo uso da madeira e a insuficiência de parques hidráulicos e eólicos para iniciar a era das energias não renováveis, a era dos combustíveis fósseis. O uso da eletricidade e a invenção das máquinas elétricas no século XIX, juntamente com a introdução dos veículos automotores, lançaram as bases para a introdução da sociedade de consumo moderna, caracterizada por uma intensidade energética sem precedentes na história da humanidade. Com o avanço da industrialização, fez-se necessário novos combustíveis com maior poder energético, sendo o petróleo o combustível que possuía essas propriedades. Iniciou-se assim uma nova fase de utilização de combustíveis líquidos que perdura até os dias de hoje. Mais recentemente, após a Segunda Guerra Mundial, a energia nuclear parecia uma alternativa promissora para a geração de eletricidade, mas sofreu um grande revés devido ao acidente nuclear de Chernobyl em 1986 na Ucrânia e em Fukushima no Japão recentemente.
  • 8. 8 Muitos desses impactos ambientais são provenientes da geração, manuseio e uso de energia. A principal razão para a existência de impactos ambientais da geração, manuseio e uso de energia reside no fato de que o consumo global de energia primária de fontes não renováveis (petróleo, carvão, gás natural e nuclear) representa aproximadamente 88% do total. Essa enorme dependência de fontes de energia não renováveis tem levado, além da preocupação permanente com a possibilidade de esgotamento dessas fontes, a emissão de grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera, que em 2013 foi de 36,3 bilhões de toneladas, aproximadamente 3,9 vezes a quantidade emitida em 1960 (9,3 bilhões de toneladas). A demanda de energia no mundo aumentará 35% no período entre 2010 e 2040. O aumento da demanda global de energia será impulsionada pelo crescimento populacional que deverá atingir cerca de 9 bilhões até 2040 (atualmente a população mundial é de 7 bilhões de habitantes) e a duplicação da economia global levando em conta a taxa de crescimento anual de cerca de 3% em grande parte do mundo em desenvolvimento [12]. SALOWICZ [12] mostra que o gás natural será a fonte de energia que mais crescerá no mundo. A demanda global por gás natural deverá aumentar cerca de 65% entre 2010 e 2040. De acordo com as projeções, o gás natural deverá superar, em 2025, o carvão como segunda maior fonte de energia, superado apenas pelo petróleo. O artigo de SALOWICZ mostra, também, que cerca de 65% do crescimento da oferta de gás virá de fontes não convencionais como o shale gas, que responderá por um terço da produção mundial em 2040. Os Estados Unidos liderarão a produção de gás não convencional, respondendo por mais da metade da expansão entre 2010 e 2040. De acordo com o levantamento, a demanda por petróleo crescerá cerca de 25% neste período. Combustíveis líquidos, como gasolina, diesel e querosene de aviação, permanecem como a principal opção de energia para a maioria dos transportes, oferecendo uma combinação única de acessibilidade, disponibilidade, portabilidade e alta densidade de energia. A energia nuclear também pode ter um crescimento sólido, liderado pela região Ásia- Pacífico, onde se espera que a produção passe de 3% em 2010 para quase 9% em 2040. As fontes de energia renováveis, incluindo as tradicionais como biomassa, hídrica e geotérmica, bem como eólica, solar e biocombustíveis, crescerão cerca de 60%. Eólica, solar e biocombustíveis deverão compor cerca de 4% da oferta de energia até 2040, superando o 1% registrado em 2010. As fontes de energia usadas para geração de eletricidade continuarão sendo os principais componentes da demanda global e devem crescer mais de 50% até 2040. O aumento reflete o incremento esperado de 90% no uso de eletricidade, liderado pelos países em desenvolvimento, onde 1,3 bilhão de pessoas atualmente não têm acesso à eletricidade. No caso do carvão, a avaliação é de que a demanda continuará crescendo até 2025, para depois passar a cair. Isso ocorrerá pela necessidade de redução das emissões de gases de efeito estufa pelos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), bem como pela China. Assim, estima-se que a participação do carvão na matriz energética passe de aproximadamente 26% em 2010 para 22% em 2030. Estudo da Agência Internacional de Energia Atômica concluiu que, até 2030, o mundo utilizará 88,5% mais energia em relação ao registrado em 1990 e que a maior parte será fornecida por carvão, petróleo e gás natural [3]. Este é o cenário energético de referência para 2030 se for mantida a atual matriz energética mundial. Este é, portanto, o cenário que se revela para o futuro do planeta se for mantido o atual modelo de desenvolvimento da sociedade baseado no consumo excessivo de combustíveis fósseis.
  • 9. 9 Os principais gases de efeito estufa na atmosfera são mostrados na Figura 4 abaixo. Figura 4 - A contribuição dos gases de efeito estufa para o aquecimento global Fonte: Global Greenhouse Gas Emissions Data. Available on https://www.epa.gov/ghgemissions/global- greenhouse-gas-emissions-data A Figura 4 leva à conclusão de que o dióxido de carbono (CO2) é responsável por 76% das emissões globais de gases de efeito estufa. Segundo a AIE (Agência Internacional de Energia), as emissões globais de carbono da queima de combustíveis fósseis, que em 1973 somavam 16,2 bilhões de toneladas anuais de CO2, atingiram 22,7 bilhões de toneladas anuais em 1998. Se as projeções de oferta de energia da AIE forem confirmadas, a quantidade de emissões de carbono deverá aumentar atingindo 32,8 toneladas de CO2 em 2020. A Figura 5 mostra a emissão global de gases de efeito estufa por setor econômico. Figura 5- Emissões Globais de Gases de Efeito Estufa por Setor Econômico Fonte: Global Greenhouse Gas Emissions Data. Available on website <https://www.epa.gov/ghgemissions/global-greenhouse-gas-emissions-data>. Os principais fatores que contribuem para o efeito estufa na atmosfera são mostrados na Tabela 1 [10]:
  • 10. 10 Tabela 1 – Causas principais do efeito estufa Fatores causadores do efeito estufa Contribuição (%) Uso e produção de energia 57 CFC 17 Práticas agrícolas 14 Desmatamento 9 Outras atividades industriais 3 Fonte: Lashof, D.A. & Tirpak, D.A., n.2 A análise da Tabela 1 revela que o uso e a produção de energia são os maiores responsáveis pelo efeito estufa. Isso significa que a estratégia de redução das emissões de gases de efeito estufa exige uma redução significativa no consumo e na produção de energia, principalmente aquelas baseadas em combustíveis fósseis. Estima-se que, de acordo com a atual taxa de aumento das emissões de gases de efeito estufa, a temperatura média do planeta deverá subir dos atuais 15 graus Celsius para 16,5 graus na melhor das hipóteses e 19,5 graus na pior das hipóteses no ano 2025. Até o ano 2100, a temperatura média global chegará a 18 graus na melhor das hipóteses e 29 graus Celsius na pior das hipóteses. O valor mais provável para a temperatura média global até o final do século XXI seria de 19 graus Celsius. A Figura 6 mostra o registro de 1900 em diante e as projeções da temperatura média global até 2100. Figura 6- Temperatura média global e projeções Fonte: ALCOFORADO (2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária. Curitiba: Editora CRV. Devido ao aquecimento global, é provável que futuros desequilíbrios climáticos sejam abruptos e catastróficos. Haverá um aumento rápido e destrutivo nas temperaturas
  • 11. 11 globais, a menos que as emissões de carbono sejam cortadas. Se as tendências atuais continuarem, entre 2020 e 2070, a concentração de gases de efeito estufa pode dobrar e a temperatura média da superfície da Terra pode subir cerca de 4°C. 2.3- A terceira revolução energética necessária para combater o aquecimento global [1] Na segunda metade do século XVIII, ocorreu na Inglaterra a primeira revolução energética do mundo, com o uso do carvão em substituição à madeira que vinha sendo amplamente utilizada como fonte de energia. A primeira revolução energética ocorreu simultaneamente com o advento da 1ª Revolução Industrial. Equipado com um poder calorífico muito superior aos combustíveis utilizados até então, o carvão fornecia energia muito superior para o mesmo volume, além de ser mais fácil e barato de transportar. O desenvolvimento das minas de carvão e a invenção da máquina a vapor contribuíram para o nascimento de uma nova economia na Europa e no Ocidente. A máquina a vapor aciona as máquinas nas fábricas, as locomotivas nas primeiras ferrovias e os navios que substituem os veleiros. Pessoas, mercadorias, capital e ideias começam a circular em uma velocidade até então desconhecida. Logo um novo ambiente se revela com o surgimento das primeiras metrópoles e mudanças na organização social. A primeira revolução energética confinou-se à Europa, inicialmente na Grã-Bretanha e depois na Europa Ocidental e depois nos Estados Unidos no início do século XX. A segunda revolução energética, que coincidiu com a 2ª Revolução Industrial, ocorreu com o advento do petróleo e da eletricidade. A utilização do petróleo como fonte de energia no mundo começou nos Estados Unidos com a exploração do primeiro poço em 1901 no Texas. Assim como o motor a vapor se tornou amplamente utilizado com o advento do carvão como fonte de energia, o motor de combustão interna tornou-se amplamente utilizado com o advento do petróleo. A descoberta de um vetor energético como a eletricidade e a invenção das máquinas elétricas no século XIX juntamente com a introdução dos veículos automotores abriram caminho para a introdução da sociedade de consumo moderna, caracterizada por uma intensidade energética nunca vista na história da humanidade. De uma forma ou de outra, todas as atividades humanas na Terra causaram mudanças no ambiente em que vivemos. Muitos desses impactos ambientais são derivados da geração, manuseio e uso de energia que é responsável por 57% da emissão de gases de efeito estufa na atmosfera resultantes das atividades humanas. A principal razão para essa expressiva participação dos processos energéticos pode ser observada no fato de que, em 2011, o consumo mundial de energia primária de fontes não renováveis (petróleo, carvão, gás natural e nuclear) representou aproximadamente 88% do total , com apenas 12% renovável. Essa enorme dependência de fontes de energia não renováveis levou à emissão de grandes quantidades de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera por combustíveis fósseis à base de carvão, petróleo e gás natural, que em 1973 era de 16,2 bilhões de toneladas por ano, em 1998 de 23 bilhões de toneladas e em 2013 foi de cerca de 36,3 bilhões de toneladas, aproximadamente 3,9 vezes a quantidade emitida em 1960 (9,3 bilhões de toneladas). Como consequência da dependência de fontes de energia não renováveis, o teor de dióxido de carbono na atmosfera tem aumentado progressivamente, levando muitos especialistas a acreditar que o aumento da temperatura média da biosfera terrestre observado há algumas décadas se deve a ao "Efeito Estufa" causado.
  • 12. 12 Se não houver redução imediata na emissão de gases de efeito estufa, os meios utilizados para mitigá-los não serão suficientes e a vida no planeta estará ameaçada. O aquecimento global resultante da emissão de gases de efeito estufa desencadeará mudanças climáticas que não deixarão nenhuma parte do globo intacta. Se não houver redução dos gases de efeito estufa, os cientistas preveem impactos severos e irreversíveis na humanidade e nos ecossistemas como consequência das mudanças climáticas catastróficas. Tempestades com frequência incomum, inundações devido à elevação do nível do mar que podem submergir muitas ilhas e cidades costeiras e períodos prolongados de seca e calor extremo em todo o mundo devem ocorrer. Eventos climáticos extremos podem levar ao colapso das redes de infraestrutura de energia, transporte, comunicações e serviços. Há risco de insegurança alimentar, falta de água e perda de produção agrícola e de renda, principalmente entre as populações mais pobres. O mundo enfrenta um desafio que é não permitir que a temperatura média global cresça no século 21 acima de dois graus centígrados. Para evitar esse aumento da temperatura média global acima de 2°C, as concentrações de dióxido de carbono (e equivalentes) teriam que ser estabilizadas em 450 ppm (partes por milhão) sem o qual o mundo enfrentaria o final do século XXI com mudanças catastróficas no clima que podem ameaçar a sobrevivência da humanidade. Para isso, as emissões globais terão que ser reduzidas abaixo dos níveis de 1990. Reduzir as emissões a partir dos níveis de 1990 é um desafio gigantesco. É importante considerar que a Agência Internacional de Energia (AIE), ao desenhar tendências recentes, prevê um aumento de 50% na demanda de energia até 2030, com a continuidade da dependência de combustíveis fósseis. A Agência Internacional de Energia (AIE) alertou que “o mundo caminhará para um futuro energético insustentável” se os governos não tomarem “medidas urgentes” para otimizar os recursos disponíveis [13]. Para otimizar os recursos energéticos disponíveis no planeta, devemos iniciar a terceira revolução energética que deve se traduzir na implementação de um sistema energético sustentável em escala planetária. Em um sistema de energia sustentável, a produção mundial de petróleo deve ser reduzida pela metade e o carvão reduzido em 90%, enquanto as fontes de energia renovável (solar, eólica, biomassa, maremotriz, geotérmica, hidrogênio etc.) devem crescer quase 4 vezes até 2030. Até 2030, as energias renováveis devem ser da ordem de 70% da produção total de energia do planeta. Com o sistema energético sustentável, é bem possível que o gás natural se torne, entre os combustíveis fósseis, o recurso energético predominante no futuro por ser o menos poluente dos combustíveis fósseis. A energia nuclear não seria uma importante fonte de energia em um sistema de energia verdadeiramente sustentável. Isso se deve em grande parte aos acidentes em Three Mile Island nos Estados Unidos, Chernobyl na antiga União Soviética e Fukushima no Japão. Um sistema energético sustentável só será possível se a eficiência energética for muito melhorada, ou seja, se for maximizada a relação entre a quantidade de energia utilizada em uma atividade (energia útil) e aquela disponibilizada para sua realização (energia total). Esses são os requisitos de um sistema de energia sustentável em todo o mundo. O primeiro passo na implantação de um sistema de energia sustentável em todo o mundo é redirecionar um grande número de políticas governamentais para atender os objetivos centrais de reduzir o uso de combustíveis fósseis e aumentar a eficiência energética. Por exemplo, premiar a fabricação de veículos automotores e elétricos eficientes, incentivar alternativas de transporte de massa de alta capacidade para substituir os automóveis,
  • 13. 13 reestruturar indústrias de energia e aumentar impostos sobre combustíveis fósseis, entre outras medidas. O uso de fontes de energia renovável traria grandes mudanças em todo o mundo, incluindo a criação de indústrias inteiramente novas, o desenvolvimento de novos sistemas de transporte e a modificação da agricultura e das cidades. O grande desafio hoje em dia é continuar desenvolvendo novas tecnologias que utilizem energia de forma eficiente e que utilizem economicamente recursos renováveis. Este é o cenário de energia alternativa que poderia evitar o comprometimento do meio ambiente global. Isso significa que mudanças profundas na política energética global devem ser colocadas em prática para tornar possível a terceira revolução energética no mundo. 2.4- O modelo de desenvolvimento da sociedade necessário para impedir as mudanças climáticas catastróficas globais no século XXI O risco de que o aquecimento global contribua para a ocorrência de mudanças climáticas catastróficas exige que toda a humanidade adote o princípio da precaução que tem sua aplicação baseada em dois pressupostos: 1) a possibilidade de que as condutas humanas causem danos coletivos vinculados a situações catastróficas que podem afetar todos os seres vivos; e, 2) incerteza sobre a existência do temido dano. O fato de possíveis eventos catastróficos decorrentes do aquecimento global não apresentarem risco mensurável exigiria a adoção de medidas de precaução para evitar sua ocorrência. Cabe ressaltar que estamos lidando com um risco não mensurável, potencial e não avaliável. A adoção de medidas de precaução reforça o dever de prudência. Prevenção é melhor do que a cura. O princípio da precaução vai além da ideia de prevenir determinado risco, pois busca preservar o meio ambiente considerando um risco incerto. A precaução é tomada quando o risco é alto – tão alto que a certeza científica total não deve ser exigida antes da ação corretiva ser tomada e deve ser aplicada nos casos em que qualquer atividade pode resultar em danos duradouros ou irreversíveis ao meio ambiente. O princípio da precaução difere do princípio da prevenção que está diretamente relacionado a um determinado risco conhecido pela ciência. O princípio da precaução é o que deve presidir as decisões relacionadas ao enfrentamento das mudanças climáticas catastróficas globais. Uma vez que o mundo está enfrentando o desafio de não permitir que a temperatura média global seja dois graus Celsius mais alta no século 21, é imperativo que as concentrações de dióxido de carbono (e equivalentes) sejam estabilizadas em 450 ppm (partes por milhão). Sem essa atitude, o mundo enfrentará mudanças climáticas catastróficas no final deste século, que podem ameaçar a sobrevivência da humanidade. Para isso, as emissões globais terão que ser reduzidas abaixo dos níveis de 1990. Reduzir as emissões a partir dos níveis de 1990 é um desafio gigantesco. Por isso, é imperativa a implementação do modelo de “desenvolvimento sustentável” baseado em formas e processos que, quando utilizados, não afetem a integridade do ambiente do qual dependem. A nova sociedade a ser construída no mundo teria que ser sustentável do ponto de vista econômico, social e ambiental. O conceito de sustentabilidade tornou-se um elemento-chave na busca de soluções viáveis para solucionar os maiores problemas do mundo, apoiando-se na tese de que uma sociedade sustentável é aquela que atende às necessidades da geração atual sem diminuir as possibilidades das gerações futuras atenderem às suas necessidades [5].
  • 14. 14 Como construir uma sociedade sustentável? Esta é uma tarefa que visa alcançar os objetivos de desenvolvimento sustentável descritos abaixo: • Reduzir as emissões globais de carbono promovendo mudanças na matriz energética global baseada em combustíveis fósseis (carvão e petróleo), por outro, baseada em recursos energéticos renováveis, hidroeletricidade, biomassa, energia solar e energia eólica, para impedir ou minimizar o aquecimento global e, consequentemente, impedir a ocorrência de mudanças catastróficas no clima da Terra. • Melhorar a eficiência energética desenvolvendo ações de economia de energia na cidade e no campo, nas edificações, na agricultura, nas indústrias e nos transportes em geral, contribuindo assim para a redução das emissões globais de carbono e, consequentemente, do efeito estufa. • Tornar os veículos motorizados e equipamentos para uso doméstico, agrícola e industrial mais eficientes, projetar edifícios para máxima economia de iluminação, refrigeração e aquecimento, projetar agricultura e indústria para exigir o mínimo de recursos energéticos e matérias-primas, contemplando também a autoprodução de energia com o aproveitamento de resíduos de seus processos produtivos baseados na logística reversa e, por fim, utilizar novas alternativas de transporte desde a bicicleta até os de alta capacidade baseados em ferrovias, entre outras iniciativas. • Combater a poluição da terra, do ar e da água, reduzindo o desperdício por meio da reciclagem dos materiais atualmente usados e descartados. Nesta perspectiva, os materiais essenciais só devem ser utilizados em processos de produção e em outras aplicações apenas em último caso. Quando usados nas diversas aplicações, eles devem primeiro ser reutilizados muitas vezes; segundo, eles devem ser reciclados para formar um novo produto; em terceiro lugar, devem ser queimados para extrair toda a energia que contêm e, finalmente, devem ser removidos para um aterro. • Ajustar o crescimento populacional aos recursos disponíveis no planeta, reduzindo suas taxas de natalidade, principalmente em países e regiões com altas taxas de crescimento populacional. • Reduzir as desigualdades sociais, incluindo a adoção de medidas que contribuam para o atendimento das necessidades básicas da população mundial, como alimentação, vestuário, moradia, serviços de saúde, emprego e melhor qualidade de vida. Para o desenvolvimento sustentável, portanto, todos os seres humanos devem satisfazer suas necessidades básicas e ter oportunidades de realizar suas aspirações por uma vida melhor. • Assegurar que o crescimento econômico e a riqueza dele resultante sejam partilhados por todos, os serviços de educação permitam à população aumentar os níveis de qualificação para o trabalho e a cultura, os serviços de saúde sejam eficazes no combate à mortalidade infantil e contribuam para o aumento da esperança de vida da população, todos os homens e mulheres tenham moradia digna, e haja investimentos públicos e privados no nível necessário que contribuam para a redução do desemprego em massa como resultado da crise geral do sistema capitalista mundial que tende a se agravar no futuro. Para evitar mudanças climáticas catastróficas, é necessário, portanto, estruturar uma nova sociedade baseada no modelo de desenvolvimento sustentável em nível mundial que satisfaça as necessidades da geração atual sem diminuir as possibilidades das gerações futuras de atender às suas necessidades e, neste forma, contribuir para evitar o
  • 15. 15 esgotamento dos recursos naturais da Terra e prevenir mudanças climáticas catastróficas em nível global. 2.5- O Acordo Climático Global de Paris (COP 21) e seu descumprimento [2] Após vários anos de negociações, impasses, tímidos avanços e fracassos, 195 países e a União Europeia produziram na COP 21 em Paris um acordo global que define como a humanidade irá combater o aquecimento global nas próximas décadas. Pela primeira vez, todos os países do mundo se comprometeram a reduzir as emissões de gases de efeito estufa, fortalecer a resiliência (capacidade de retornar ao seu estado natural, principalmente após uma situação crítica e incomum) e se unir em uma causa comum contra as mudanças climáticas. O acordo não tem caráter legal para todos os objetivos, como a maioria desejava. O acordo COP 21 consiste em um documento de 31 páginas. Ele contém um texto de 12 páginas, o Acordo de Paris, e uma decisão detalhando como o acordo será implementado. Juntos, os dois documentos formam uma espécie de manual de reorientação da economia mundial. Eles sinalizam, ainda que de forma muito preliminar, que as emissões de gases de efeito estufa devem chegar ao fim em algum momento do século XXI. Para os otimistas, o acordo representa o fim da era dos combustíveis fósseis. O objetivo declarado do Acordo de Paris é conter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2°C acima dos níveis pré-industriais e fazer esforços para limitar o aumento da temperatura a 1,5°C acima dos níveis pré-industriais, reconhecendo que isso reduziria significativamente os riscos e impactos das mudanças climáticas. A referência à meta de 1,5°C surgiu graças à ação conjunta dos países insulares, que estarão condenados à extinção a longo prazo pela elevação do nível do mar resultante do aumento da temperatura global de 2°C. Como as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa apresentadas não conseguem manter a temperatura no nível exigido, foi decidido que ajustes deverão ser feitos a cada cinco anos, a partir de 2023. Esses ajustes precisariam ser considerados no texto do Acordo de Paris. O Acordo de Paris também prevê que os países ricos se comprometam a desembolsar pelo menos US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 para projetos de redução de emissões em países emergentes e confirma que os países em desenvolvimento podem ampliar a base de doadores no futuro, mesmo que de forma voluntária. Dois aspectos-chave não foram considerados no Acordo de Paris: (1) a meta de longo prazo de descarbonizar a economia até 2050 ou cortar pelo menos 70% das emissões globais de gases de efeito estufa até meados do século XXI; e 2) a meta de temperatura não é acompanhada de um roteiro informando como o mundo pretende atingir menos de 2°C ou 1,5°C, o que enfraquece a busca dessa meta. Em outras palavras, a COP 21 produziu um acordo que é, na prática, uma mera carta de intenções. Percebe-se, portanto, que o Acordo de Paris não resolve as questões fundamentais, e as metas voluntárias indicadas por cada uma das nações não são suficientes para garantir que o aquecimento global fique bem abaixo de 2 graus Celsius ou 1,5 graus Celsius até o ano de 2100. Além disso, o documento é omisso ao não apresentar propostas que contribuam para a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável em nosso planeta em substituição ao atual modelo insustentável de desenvolvimento capitalista. Para mudar essa situação e acabar com as constantes mudanças climáticas que ameaçam destruir nosso planeta e a humanidade, é necessário promover uma profunda
  • 16. 16 transformação da sociedade atual. A insustentabilidade do atual modelo de desenvolvimento capitalista é evidente, pois tem sido extremamente destrutivo das condições de vida no planeta. Diante disso, é imperioso substituir o atual modelo econômico dominante em todo o mundo por outro que leve em conta o homem integrado ao meio ambiente, à natureza, ou seja, o modelo de desenvolvimento sustentável. Isso não foi considerado na COP 21. Outra questão não abordada na COP 21 diz respeito às guerras, que também são grandes responsáveis pelo agravamento ambiental do planeta, que se prolifera em todo o mundo. Entre as inúmeras consequências terríveis das guerras estão os efeitos devastadores sobre o meio ambiente. O bombardeio de alvos militares e populações civis, a intensa movimentação de veículos e tropas militares, a grande concentração de voos de combate, os mísseis lançados sobre cidades e a destruição de estruturas militares e industriais durante todos esses conflitos também provocam a emissão de metais e outros substâncias que contaminam o solo, a água e o ar. Além da contaminação ambiental, é preciso considerar também a modificação das paisagens naturais e a perda da biodiversidade a longo prazo, seja pela presença de minas terrestres ou de agentes químicos dispersos no meio ambiente. Isso também não foi considerado na COP 21. Por fim, é importante ressaltar que o Acordo de Paris também omite a construção de um sistema de governança no planeta capaz de garantir a reorganização da economia mundial que está levando o mundo à depressão, do meio ambiente do planeta ameaçado pela mudanças climáticas catastróficas e das relações internacionais que se agravam a cada dia alimentando a proliferação de guerras. Diante dessas graves omissões da COP 21, pode- se dizer que dificilmente conseguiremos evitar mudanças catastróficas no clima do planeta Terra no século XXI. Katie Reilly [11] relata que o IPCC das Nações Unidas alertou que limitar suficientemente o aquecimento global causado pelo homem "exigirá mudanças rápidas, de longo alcance e sem precedentes em todos os aspectos da sociedade" a fim de evitar consequências globais dramáticas, incluindo o aumento do nível do mar, recifes de coral moribundos e vítimas humanas devido ao calor extremo. Reilly afirma que o relatório especial - publicado pelo Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas - avaliou o que será necessário para limitar o aumento da temperatura global a não mais de 1,5 ° C (2,7 ° F) acima dos níveis pré-industriais. De acordo com o Acordo de Paris de 2015, os cientistas consideram que a temperatura é um ponto de inflexão no qual muitos efeitos graves do aquecimento global serão percebidos. O relatório especial do IPCC da ONU mostra que "exemplos de ações incluem a mudança para geração de energia de baixa ou zero emissão, como energias renováveis; mudança de sistemas alimentares, como mudanças na dieta de produtos de origem animal; transporte eletrificado e desenvolvimento de 'infraestrutura verde', como construir telhados verdes ou melhorar a eficiência energética por meio de planejamento urbano inteligente, que mudará o layout de muitas cidades. O relatório chamou as mudanças climáticas de "uma ameaça urgente e potencialmente irreversível às sociedades humanas e ao planeta", e alertou que atrasar a ação tornaria impossível limitar o aquecimento a 2,7 ° F (1,5 ° C). "Embora o ritmo de mudança que seria necessário para limitar o aquecimento a [2,7 ° F] possa ser encontrado no passado, não há precedente histórico para a escala das transições necessárias, particularmente de forma social e economicamente sustentável", afirmou o relatório. Resolver esses problemas de velocidade e escala exigiria o apoio das pessoas, intervenções do setor público e cooperação do setor eletrônico".
  • 17. 17 Reilly [11] relata que o relatório da ONU apresenta algumas mudanças que precisarão ser feitas para frear o ritmo atual do aquecimento global: • Reduzir as emissões de carbono em 45% Até 2030, as emissões globais de dióxido de carbono devem ser 45% menores do que em 2010, segundo o relatório. E as emissões de dióxido de carbono devem atingir zero líquido por volta de 2075, o que significa que a quantidade de dióxido de carbono que entra na atmosfera é igual à quantidade que está sendo removida. Até 2050, as emissões de outros gases de efeito estufa que retêm o calor, incluindo metano e negro de fumo, devem ser reduzidas em 35%, em relação à taxa de 2010. As emissões precisariam diminuir rapidamente em todos os principais setores da sociedade, incluindo edifícios, indústria, transporte, energia e agricultura, silvicultura e outros usos da terra. • Remover o dióxido de carbono do ar Além de reduzir as emissões de dióxido de carbono, as medidas de remoção de dióxido de carbono relatadas incluem o plantio de novas árvores e a captura e armazenamento de carbono, o processo pelo qual o dióxido de carbono é aprisionado e impedido de entrar na atmosfera. A maioria das medidas atuais e potenciais [remoção de dióxido de carbono] podem ter impactos significativos na terra, energia, água ou nutrientes se implantadas em grande escala. • Usar 85% de energia renovável e parar totalmente de usar carvão O relatório recomendou mudanças de longo alcance no uso da terra, planejamento urbano, sistemas de infraestrutura e uso de energia – mudanças que serão “sem precedentes em termos de escala”. Cientistas do clima disseram que as fontes de energia renovável terão que responder por 70% a 85% da produção de eletricidade até 2050. O uso de carvão deve diminuir drasticamente e deve representar cerca de 0% da eletricidade global, e o gás apenas 8%. Embora reconhecendo os desafios e as diferenças entre as opções e as circunstâncias nacionais, a viabilidade política, econômica, social e técnica das tecnologias de energia solar, energia eólica e armazenamento de eletricidade melhoraram substancialmente nos últimos anos, afirmou o relatório. Essas melhorias sinalizam uma potencial transição do sistema na geração de eletricidade. • Plantar novas florestas iguais ao tamanho do Canadá Os cientistas recomendam que até cerca de 3 milhões de milhas quadradas de pastagens e até 1,9 milhões de milhas quadradas de terras agrícolas não usadas como pastagens sejam convertidas em até 2,7 milhões de milhas quadradas para culturas energéticas, que podem ser usadas para fazer biocombustíveis. Isso seria pouco menos do que o tamanho da Austrália. O relatório também recomenda adicionar 3,9 milhões de milhas quadradas de florestas até 2050, em relação a 2010 – que é aproximadamente o tamanho do Canadá. “Tais grandes transições representam desafios profundos para a gestão sustentável das várias demandas de terra para assentamentos humanos, alimentos, ração animal, fibra, bioenergia, armazenamento de carbono, biodiversidade e outros serviços ecossistêmicos”, afirmou o relatório. As opções de mitigação que limitam a demanda por terra incluem a intensificação sustentável das práticas de uso da terra, restauração de ecossistemas e mudanças para dietas menos intensivas em recursos. Jonathan Watts [14] relata que "os principais cientistas climáticos do mundo foram avisados de que há apenas dois anos de aquecimento global a ser mantido em um máximo
  • 18. 18 de 1,5 ° C, além do qual até meio grau piorará significativamente os riscos de seca, inundações , calor extremo e pobreza para centenas de milhões de pessoas. " Watts afirma que os autores do relatório histórico do Painel Intergovernamental das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (IPCC) dizem que são necessárias mudanças urgentes e sem precedentes para atingir a meta, que eles dizem ser acessível e viável, embora esteja na extremidade mais ambiciosa do Acordo de Paris que se compromete a manter as temperaturas entre 1,5°C e 2°C. A diferença de meio grau também pode impedir que os corais sejam completamente erradicados e aliviar a pressão no Ártico, de acordo com o estudo de 1,5 ° C, que foi lançado após a aprovação na plenária final de todos os 195 países em Incheon, na Coréia do Sul, que viu os delegados se abraçando, com alguns em lágrimas. Watts [14] afirma que os formuladores de políticas encomendaram o relatório nas negociações climáticas de Paris em 2016, mas desde então a lacuna entre ciência e política aumentou. Donald Trump prometeu retirar os EUA – a maior fonte mundial de emissões históricas – do Acordo de Paris. A eleição presidencial do Brasil colocou Jair Bolsonaro em uma posição forte para cumprir sua ameaça de retirar o Brasil do Acordo de Paris e também abrir a floresta amazônica ao agronegócio. O relatório do IPCC da ONU mostra que o mundo está atualmente 1°C mais quente do que os níveis pré-industriais. Após furacões devastadores nos EUA, secas recordes na Cidade do Cabo e incêndios florestais no Ártico, o IPCC deixa claro que a mudança climática já está acontecendo, atualizou seu alerta de risco de relatórios anteriores e alertou que cada fração do aquecimento pioraria o impacto. O relatório foi apresentado aos governos na conferência climática da ONU na Polônia. No nível atual de compromissos, o mundo está a caminho de um aquecimento desastroso de 3°C. Os autores do relatório da ONU estão se recusando a aceitar a derrota, acreditando que os danos visíveis causados pelas mudanças climáticas mudarão seu caminho. As mudanças climáticas estão ocorrendo mais cedo e mais rapidamente do que o esperado. Este relatório é muito importante. Tem uma robustez científica que mostra que 1,5°C não é apenas uma concessão política. Há um crescente reconhecimento de que 2°C é perigoso. 3. Resultados e Conclusões A mudança climática global tende a produzir uma verdadeira crise de humanidade que torna imperativa a construção de uma nova sociedade que atue de forma interdependente e racional com objetivos comuns em cada país e em escala planetária sem a qual pode ser colocado em xeque a sobrevivência da humanidade e a vida no planeta Terra. A falta de convergência entre os países ao redor do mundo no combate às mudanças climáticas se reflete no fracasso de alguns países em cumprir as metas estabelecidas no Acordo de Paris na COP 21. Está comprovado que, para evitar as mudanças climáticas, não basta cumprir metas como as estabelecidas na COP 21. Também é preciso construir uma nova sociedade sustentável do ponto de vista econômico, social e ambiental. A nova sociedade sustentável poderia ser baseada na visão de Capra et Lenore [7] e Ernest Callenbach [6]. Em suas obras, Capra, Lenore e Callenbach argumentam que o conceito de sustentabilidade se tornou um elemento-chave no movimento global, crucial para encontrar soluções viáveis para resolver os maiores problemas do mundo. Ambos se baseiam na definição de Lester Brown, fundador do Worldwatch Institute: Uma sociedade sustentável é aquela que atende às suas necessidades sem diminuir as chances das gerações futuras atenderem às suas necessidades.
  • 19. 19 Capra, Lenore e Callenbach também apontam que a sustentabilidade global exige que a população mundial se estabilize em um máximo de oito bilhões de pessoas, que as economias sustentáveis não sejam impulsionadas pelos combustíveis fósseis, mas pela energia solar e suas muitas formas diretas e indiretas (aquecimento e energia fotovoltaica elétrica, eólica, hídrica e assim por diante), a energia nuclear não seja mais utilizada devido à sua longa lista de desvantagens e riscos econômicos, sociais e ambientais, a produção de energia seja mais descentralizada e, portanto, menos vulnerável a cortes ou apagões e um sistema de energia sustentável mais eficiente seja usado. Os autores mencionados acima argumentam que o transporte em uma sociedade sustentável será muito menos desperdiçador e poluente do que hoje, as pessoas viverão muito mais perto de seus locais de trabalho e se deslocarão nas proximidades por ônibus altamente desenvolvidos e sistemas de transporte ferroviário, menos carros e bicicletas, que serão um veículo importante no sistema de transporte sustentável, a reciclagem será a principal fonte de matérias-primas em indústrias sustentáveis e o design do produto se concentrará na durabilidade e no uso repetido, em vez do curto e descartável vida dos produtos. Acrescentam que o desejável será uma mentalidade baseada na ética da reciclagem. As empresas de reciclagem substituirão as atuais empresas de limpeza e descarte urbano, reduzindo a quantidade de resíduos em pelo menos dois terços. Os autores acima defendem a tese de que em uma sociedade sustentável haverá necessidade de uma base biológica restaurada e estabilizada, o uso da terra seguirá os princípios básicos da estabilidade biológica (retenção de nutrientes, balanço de carbono, proteção do solo, conservação da água e preservação da diversidade de espécies), as áreas rurais terão maior diversidade do que atualmente com manejo equilibrado da terra, onde haverá rotação de culturas e cultivo de espécies, não haverá desperdício de culturas, florestas tropicais serão conservadas, não haverá desmatamento para obtenção de madeira e outros produtos, milhões de hectares de novas árvores serão plantados, os esforços para deter a desertificação transformarão áreas degradadas em terras produtivas, o uso exaustivo de pastagens será eliminado, assim como a cadeia alimentar das sociedades afluentes incluirão menos carne e mais grãos e vegetais . Finalmente, Capra, Lenore e Callenbach consideram que sistemas de valores que enfatizam quantidade, expansão, competição e dominação darão origem à qualidade, conservação, cooperação e solidariedade entre os seres humanos, a característica decisiva de uma economia sustentável será a rejeição da busca cega para o crescimento, o produto interno bruto será reconhecido como um indicador fracassado, as mudanças econômicas e sociais, bem como tecnológicas, serão medidas por sua contribuição para a sustentabilidade, os orçamentos militares serão uma pequena fração do que são hoje, os governos investirão em uma organização de manutenção da paz reforçada das Nações Unidas em vez de manter instituições de defesa caras e poluentes, as nações descentralizarão o poder e a tomada de decisões dentro de suas próprias fronteiras e, ao mesmo tempo, estabelecerão um nível de cooperação e coordenação sem precedentes nos problemas internacionais globais. Pode-se argumentar que a introdução do conceito de desenvolvimento sustentável acarretará mudanças profundas na forma como a sociedade se desenvolve, de modo que o crescimento econômico seja menos intensivo no consumo de matérias-primas e energia e mais equitativo na distribuição de seus resultados à população. Acima de tudo, sobretudo, uma verdadeira revolução política e cultural deve ser realizada em todo o
  • 20. 20 mundo, para que o paradigma do desenvolvimento atual seja substituído pelo paradigma do desenvolvimento sustentável. Estamos, pelo exposto, diante de um momento crítico na história da Terra e da humanidade, em um momento em que ela deve escolher o rumo a ser dado ao seu futuro. À medida que o mundo se torna cada vez mais interdependente e frágil, a humanidade enfrenta ao mesmo tempo grandes perigos e grandes promessas em relação ao seu futuro. Devemos reconhecer que, no meio de uma magnífica diversidade de culturas e modos de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos unir forças para criar uma sociedade global sustentável baseada no respeito pela natureza, direitos humanos universais, justiça econômica e uma cultura de paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que todos nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a continuidade da vida no planeta e com as gerações futuras. Autor Fernando Alcoforado detentor da Medalha de Mérito de Engenharia do Sistema CONFEA/CREA e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, Espanha, é membro da Academia Baiana de Educação, da SBPC- Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e do IPB- Instituto Politécnico da Bahia. Foi graduado em Engenharia Elétrica pela UFBA - Universidade Federal da Bahia, Brasil, e é Especialista em Engenharia Economia e Administração Industrial pela UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil. Foi professor do MBA em Gestão Empresarial da FGV - Fundação Getúlio Vargas e de cursos de pós-graduação em Administração, Economia e Engenharia de diversas instituições de ensino brasileiras e atua como Consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional, planejamento de sistemas de ciência, tecnologia e inovação e planejamento de sistemas de energia. Exerceu os cargos de Coordenador de Planejamento Estratégico do Ceped- Centro de Pesquisa e Desenvolvimento, Secretário de Planejamento da Cidade de Salvador, Subsecretário de Energia do Estado da Bahia, Presidente do IRAE - Instituto Rômulo Almeida de Altos Estudos, Diretor da Faculdade de Administração das Faculdades Integradas Olga Mettig de Salvador, Bahia, e Consultor da Winrock International na área de energias renováveis e UNESCO- Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura. É autor de 16 livros que tratam de temas relacionados à Economia Brasileira, Energia, Desenvolvimento Econômico e Social, Meio Ambiente, Aquecimento Global, Globalização e Ciência e Tecnologia. REFERÊNCIAS [1] ALCOFORADO (2018), A 3ª revolução energética e a contribuição do Brasil. São Paulo: RBS Magazine Ed. 24. [2] ______________ (2018), The global climate agreement of Paris (COP 21) and its non- compliance. Available on the website <https://www.academia.edu/37994349/THE_GLOBAL_CLIMATE_AGREEMENT_O F_PARIS_COP_21_AND_ITS_NON_COMPLIANCE>. [3] ______________ (2015), Energia no Mundo e no Brasil. Curitiba: Editora CRV. [4] _____________ (2011), Amazônia Sustentável. Santa Cruz do Rio Pardo: Viena Editora.
  • 21. 21 [5] _____________ (2010). Aquecimento Global e Catástrofe Planetária. Santa Cruz do Rio Pardo: Viena Editora. [6] CALLENBACH (2009), Ecotopia. Toronto: Kobo Editions. [7] CAPRA et LENORE (1993), Ecomanagement. Oakland: Berrett-Koehler. [8] GALILEO MAGAZINE (2006), Global warming and the economy. June, no. 170. [9] GLEICK et all (2010), Climate Change and the Integrity of Science. Available on the website <https://www.science.org/doi/10.1126/science.328.5979.689>. [10] LASHOF, D. A., & TIRPAK, D. A. (1990), Policy Options for Stabilizing Global Climate. New York: Hemisphere Publishing. [11] REILLY (2018), Here's What Humanity Must Do Immediately to Prevent Catastrophic Climate Change, According to the New U.N. Report. Available on the website <http://time.com/5418577/what-humanity-do-limit-climate-change/>. [12] SALOWICZ (2014), Demanda por energia no mundo crescerá 35% até 2040. Available on the website <http://ate2050.blogspot.com/2014/03/demanda-por-energia- no-mundo-crescera.html>. [13] VEJA (2011), AIE mundo se encaminha para futuro energético insustentável. Available on the website <https://veja.abril.com.br/economia/aie-diz-que-mundo-se- encaminha-para-futuro-energetico-insustentavel/>. [14] WATTS (2018), We have 12 years to limit climate change catastrophe, warns UN. Available on the website <https://www.theguardian.com/environment/2018/oct/08/global-warming-must-not- exceed-15c-warns-landmark-un-report>.