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Jornal-laboratório - Jornalismo - Faesa - Vitória/ES - Março/Abril de 2017 - Nº 105
>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Tony Silvaneto, 52 anos, conta como
se reinventa na vida para superar os
desafios. O carioca de nascimento
e capixaba por paixão é sambista,
enfermeiro e estudante de jornalismo da
Faesa >>> Pág 08
Múltiplas identidades
>>> PERFIL>>>> >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
MônicaOliveira
CULTURA >>> Os integrantes do projeto Rede de Memórias mais uma vez estiveram “desfilando” no Sambão do Povo, em
Vitória, para registrar e eternizar o brilho, a beleza e o encanto das escolas de samba do carnaval capixaba >>> Pág 04 e 05
A exposição “Fé no Espírito Santo: 10
anos de Procissão Fotográfica” fica até
o dia 13 maio no Convento >>> Pág 02
>>> CIDADANIA >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Cadeira de roda
As cadeiras dos alunos são arrastadas
para o fundo da sala e o espaço, agora,
é das crianças e das cadeiras de roda. Co-
meça o “Rodas e Piruetas”>>> Pág 07
IsadoraHunka
Menina e o trem
A pequena Sophia Rocha, 7 anos, desco-
briu os encantos de fazer uma viagem
de trem >>> Pág 03
>>>ENSAIO>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Produção Cultural
>>> ARTE>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Ser artista no Espírito Santo é tarefa di-
fícil. O cenário artístico do Estado neces-
sita de investimentos, visibilidade e acei-
tação do próprio capixaba >>> Pág 06
Arquivopessoal
Procissão Fotográfica
>>> EXPOSIÇÃO>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
BOA VISTA / Foto: Rita Benezath
TENDÊNCIAS - Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Faesa - Vitória/ES2 >>> Março/Abril de 2017
EXPEDIENTE
Jornal-laboratório do Curso
de Comunicação Social da
Faesa - Março / Abril 2017
- Nº 105
Av. Vitória, 2.220 - Monte
Belo, Vitória, ES, CEP
29053-360
Telefone (027) 2122 4100
Versão em PDF: http://
www.faesadigital.com.br
Reitor: Alexandre Nunes
Theodoro
Superintendente
institucional: Guilherme
A. Nunes Theodoro
Campus Av. Vitória
Diretor Acadêmico –
Alexandre Nunes Theodoro
Coordenador do Curso de
Comunicação Social: Paulo
Soldatelli
Professores orientadores:
Felipe Tessarolo
Valmir Matiazzi
Zanete Dadalto
Editoração: João Ramos 3ºPP
Textos e fotos: alunos do
curso de Comunicação Social
Habilitações: Jornalismo,
Publicidade e Propaganda
Gráfica e Editora GSA
>>> EDITORIAL>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>
Identificação Veicular
Prezado leitor do
Tendências, o jornal traz
mais uma vez o brilhante
e incansável trabalho da
equipe do projeto Rede
de Memórias. Beleza, bri-
lho, luxo, glamour e mui-
ta alegria fizeram parte
dos desfiles das escolas
de samba do carnaval
capixaba. E os integran-
tes do Rede de Memórias
estavam “in loco” com as
lentes preparadas e os
olhares apurados para
registrar, documentar e
eternizar os belos mo-
Incansável trabalho
COTIDIANO
Mônica Caser
mcaser@live.com
Seja no Calhambeque ou
no Camaro, a placa de identi-
ficação de veículos é mais que
necessária. É obrigatória con-
forme a legislação do Código
de Trânsito Brasileiro (CTB)
em vigor e o Espírito Santo
tem 1.747.325 veículos devi-
damente emplacados e legali-
zados pelo Departamento de
Estado de Trânsito do Espírito
Santo (Detran-ES).
As placas de identificação
veicular possuem diferentes
cores. As de cor cinza, com ca-
racteres pretos, são as mais co-
muns, pois correspondem aos
veículos particulares. A branca,
>>>
Confira algumas imagens
da exposição na página 2.
O jornal apresenta tam-
bém na página 3 um pas-
seio para lá de especial.
Um ensaio fotográfico
com a pequena Sophia
Rocha. A criança embar-
cou pela primeira vez em
um trem e sentiu de perto
as emoções de estar so-
bre os trilhos.
Crianças é o tema da
página 7 da edição. Umas
das matérias fala sobre o
projeto “Rodas e Pirue-
tas” que ajuda crianças
cadeirantes. Aulas dife-
rentes fazem os peque-
ninos sonharem com a
mentos dessa manifesta-
ção cultural do Espírito
Santo. Uma parte de todo
esse imenso trabalho é
estampada nas páginas 4
e 5 da edição. O Rede de
Memórias e o Tendências
convidam você, leitor, a
visitar no Convento da
Penha a exposição “Fé no
Espírito Santo: 10 anos
de Procissão Fotográfica”.
A mostra fica até o dia 13
de maio e apresenta 75
imagens fotográficas que
retratam os últimos dez
anos da Festa da Penha.
melhora das partes para-
lisadas do corpo. A outra
matéria relata o projeto
Dom Mauro, em Vila Ve-
lha. A iniciativa busca
resgatar crianças e ado-
lescentes em situação de
risco e com vulnerabili-
dade social.
E para fechar a edição,
veja na página 8, um per-
fil para lá de especial. O
aluno de jornalismo da
Faesa Tony Silvaneto con-
ta um pouco das aventu-
ras, desafios e superações
que enfrentou na vida.
Tony é apaixonado pelo
samba e pelo carnaval.
Boa Leitura...
>>>
com caracteres pretos, são ofi-
ciais. Placa azul com branco é
de representação diplomática.
Já a placa vermelha, com carac-
teres brancos, é de aluguel. E a
placa branca, com caracteres
vermelho, é de aprendizagem
(autoescolas).
De acordo com o instrutor de
aulas teóricas de trânsito Otá-
vio Francisco, as placas fazem
com que a localização e iden-
tificação fiquem mais rápidas
e precisa. “A tipificação das
placas com as simbologias tem
com caracteres a real utiliza-
ção dos mesmos em situações
específicas: carro cujos condu-
tores são surdos ajuda a enten-
der que a sinalização deverá
ser visual, por exemplo”.
As letras das placas possuem
relação com a origem do car-
ro, pois a combinação permite
identificar onde o veículo foi
emplacado e licenciado. Cada
estado possui letras específi-
cas de emplacamento. No Es-
pírito Santo são: MOX-0001 e
MTZ-9999.
O guarda de trânsito do mu-
nicípio de Vila Velha Neemias
Miranda alerta para a impor-
tância das placas. “É necessário
estar com o veículo, a identifi-
cação e documentação devida-
mente legalizadas e de acordo
com o CTB, pois diferente dis-
so, o proprietário ou condutor
do veículo pode sofre penalida-
des”, afirma.
O Art. 230 do Capítulo XV do
CTB estabelece que as infra-
ções cometidas em relação a
conduziroveículo“comolacre,
a inscrição do chassi, o selo, a
placa ou qualquer outro ele-
mento de identificação do veí-
culo violado ou falsificado” ou
“com qualquer uma das placas
TRÂNSITO >>> Todo veículo deve ser emplacado para circular
nas ruas do Brasil. As placas são regulamentadas pelo CTB
de identificação sem condições
de legibilidade e visibilidade”
será registrado como infração
gravíssima, multa e apreensão
ou remoção do veículo.
Além dessas caraterísticas,
transitar com veículo com a
cor ou característica alterada
e falsificar ou adulterar docu-
mento de habilitação e de iden-
tificação do veículo também se
enquadram em infrações de
trânsito pelo Código.
Mercosul
A Resolução 590 do Con-
selho Nacional de Trânsito
(CONTRAN) estabelece que os
veículos deverão seguir o pa-
drão do Mercado Comum do
Sul (Mercosul), bloco econô-
mico constituído pelos seguin-
LOCALIZAÇÃO >>> Cada placa veicular tem uma cor específica
tes países membros: Brasil,
Argentina, Uruguai, Paraguai
e Venezuela. As placas terão
sete caracteres alfanuméricos,
fundo branco com a margem
superior azul, o logotipo do
MERCOSUL à esquerda, ao lado
direito a bandeira do Brasil e
ao centro o nome do país. A
placa será obrigatória e até 31
de dezembro de 2020 todos os
veículos em circulação deverão
estar padronizados.
De acordo com a resolução,
os veículos a serem registra-
dos, em processo de transfe-
rência de município ou de pro-
priedade ou quando houver a
necessidade de substituição
das placas, devem aderir à
identificação veicular no pa-
drão Mercosul.MERCOSUL >>> As placas deverão ser padronizadas até 2020
Mônica Caser
Setenta e cinco imagens foto-
gráficas retratam os últimos dez
anos da maior demonstração de fé
dos católicos capixabas: a Festa da
Penha. A exposição “Fé no Espírito
Santo: 10 anos de Procissão Foto-
gráfica” marca o início da progra-
mação em homenagem à padroeira
do Estado em 2017. A mostra está
aberta ao público das 8 às 12 horas
e das 13 às 16 horas na sala de expo-
sições do Convento. A entrada é gra-
tuita e segue até o dia 13 de maio. As
imagens expostas fazem parte das
coberturas fotográficas realizadas
pelos alunos dos cursos de Jornalis-
mo e Publicidade e Propaganda da
Faesa nos últimos dez anos. “Quem
visitar a exposição encontrará a fé
das pessoas que participam da Festa
da Penha. A fé que nos emociona e
nos dá esperança. É a generosidade
das pessoas que doaram tempo e
trabalho para pensar e para realizar
a exposição como forma de retornar
para a sociedade e, principalmente,
para as pessoas que se deixaram
retratar, os diversos olhares sobre
a Festa materializados na imagem
fotográfica”, relata a professora e
coordenadora do projeto, Zanete
Dadalto. Para o guardião do Con-
vento, Frei Paulo Roberto Pereira,
a mostra retrata a devoção à Nossa
Senhora da Penha. “Mais do que um
registro da evolução da festa, a ex-
posição nos permite sentir a fé que
move cada devoto a participar das
romarias, celebrações, do Oitavário”,
revela o Frei.
Exposição: dez anos de Procissão Fotográfica
>>>
Tony SilvanetoZanete Dadalto
TonySilvaneto
Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Faesa - Vitória/ES - TENDÊNCIAS Março/Abril de 2017>>> 3
DESCOBERTA >>> A felicidade é companheira constante nas viagens de trem. Sophia Rocha, 7 anos,
embarcouemJardimAmérica,Cariacica,efoiatéColatina.Momentosinesquecíveisnavidadapequenina
Trilhos da vida... a magia do trem
ENSAIO
Tony Silvaneto (5° Per.)
Tonysilvaneto1@gmail.com
As viagens, por fer-
rovia, entre os anos de
1900 e 1970, produziram
momentos especiais para
as pessoas. As provas es-
tão em músicas como “O
Trenzinho Caipira” de
Vila Lobos e a poesia “O
Maior Trem do Mundo”
de Carlos Drummond de
Andrade. O encanto pela
ferrovia do ontem e do
hoje ainda causa emoção
nas pessoas.
A felicidade é um êx-
tase, um extremo pra-
zer. Um sentir-se bem.
Não é algo que aconteça
toda hora, a toda instan-
te, como, também, não é
eterno. Fatos, pensamen-
tos, sentimentos são es-
tímulos para as pessoas.
Cada uma percebe de for-
ma própria e diferente.
Não há um tempo exato
para ser feliz.
Um momento de felici-
dade, por exemplo, acon-
teceu na primeira viagem
de trem de uma criança,
entre Vitória e Colatina,
Espírito Santo. A estu-
dante Sophia Rocha, 7
anos, visitou, um dia an-
tes da viagem, o Museu
Vale, em Vila Velha. Ob-
servou a maneira que o
transporte de passagei-
ros era realizado. O con-
tato com o Museu permi-
tiu observar o transporte
ferroviário do passado,
motivo de felicidade para
aqueles viajantes.
Ela explorou o vagão
de passageiros e a lo-
comotiva “Maria Fuma-
ça”, subindo e descendo
constantemente. Ficou
surpresa em saber que os
bancos eram de madeira.
Acessando o segundo an-
dar do prédio principal
do Museu com o irmão
Pedro, 11, observou obje-
tos antigos utilizados na
ferrovia e uma maquete
da estrada de ferro Vitó-
ria-Minas. “É um trenzi-
nho”, disse a menina. Os
olhos estavam atentos e
nenhuma outra palavra
foi dita.
No dia seguinte à visita
ao Museu, Sophia chegou
às 6h40 à Estação Pedro
Nolasco, em Jardim Amé-
rica, Cariacica, acompa-
nhada pelo irmão e pela
prima. Algo novo e dife-
rente. A viagem até Co-
latina foi a possibilidade
de vivenciar o trem com
nova tecnologia, o que
não impediu a felicidade
acontecer, pois a visão da
natureza continua pre-
sente em todos os mo-
mentos.
O sono passou quando
ela observou pelas por-
tas de vidro os vagões
verdes do trem de pas-
sageiros. A expectativa
aumentou ao entrar em
um deles. Ela ficou en-
tusiasmada ao transitar
pelos corredores dos va-
gões e observou todos os
detalhes. Quando o trem
movimentou, os olhares
de Sophia estiveram fixos
às paisagens que se reno-
vavam. E o sentimento de
felicidade acompanhou a
pequenina durante toda a
viagem.
>>>
SORRISOS >>> Sophia Rocha visitou o Museu Vale e conheceu histórias da estrada de ferro Vitória-Minas. Depois embarcou no trem para vivenciar a própria viagem
Fotos: Tony Silvaneto
TENDÊNCIAS - Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Faesa - Vitória/ES4 >>> Março/Abril de 2017
CARNAVAL - REDE DE MEMÓRIAS
BOA VISTA / Foto: Daniel Massaroni
MUG / Foto: Zanete Dadalto
ANDARAÍ / Foto: Zanete Dadalto
BOAVISTA/Foto:ZaneteDadalto
CHEGOU O QUE FALTAVA / Foto:Zanete Dadalto ANDARAÍ / Foto:Daniel Massaroni
BOA VISTA / Foto: Zanete DadaltoMUG / Foto: Taynara Nascimento
ANDARAÍ/Foto:ZaneteDadaltoBOAVISTA/Foto:CassioAmorimPEGANOSAMBA/Foto:RitaBenezathANDARAÍ/Foto:DanielMassaroni
Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Faesa - Vitória/ES - TENDÊNCIAS Março/Abril de 2017>>> 5
CARNAVAL - REDE DE MEMÓRIAS
MUG / Foto: Taynara Nascimento
PIEDADE/Foto:ZaneteDadalto
ANDARAÍ/Foto:ZaneteDadalto
MUG/Foto:RitaBenezath
PIEDADE/Foto:ViniciosLodiMUG/Foto:DanielMassaroni
S.TOQUARTO/FotoSullivaSilva
S.TORQUARTO/Foto:GabrielaZaupaBARREIROS/Foto:DanieleLuciane
JUCUTUQUARA / Foto:Taynara Nascimento
PEGANOSAMBA/Foto:ZaneteDadaltoJUCUTUQUARA/Foto:ZaneteDadaltoR.DEOURO/Foto:ZaneteDadaltoPIEDADE/Foto:TaynaraNascimentoIMPERATRIZ/Foto:DanielMassaroniN.IMPÉRIO/Foto:DanielMassaroni
TENDÊNCIAS - Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Faesa - Vitória/ES6 >>> Março/Abril de 2017
Por trás das câmeras
Carol Malisek (7° Per.)
carolmalisek@hotmail.com
Rita Benezath (7° Per)
rita_benezath@hotmail.com
Luz, câmera e ação. Nos
grandes estúdios, os equipa-
mentos e investimentos são
luxuosos e simples de trans-
formarem esses três elemen-
tos em filmes. Mas nas produ-
ções independentes não é tão
fácil, principalmente, no Espí-
rito Santo, onde a arte ainda
se expressa de maneira tímida.
A principal diferença entre as
produções é na parte do cus-
teio. As independentes não re-
cebem dinheiro dos estúdios:
sai do bolso do próprio cineas-
ta ou pessoas ligadas a ele.
O diretor Diego Locatelli diz
que, em Vitória, há três princi-
pais dificuldades para as pro-
duções independentes: pouco
incentivo estatal, falta de corpo
técnico qualificado e dificulda-
de em bons equipamentos. “Há
muita dificuldade em capitar
verba do empresariado, pois
não há uma cultura de se in-
vestir dinheiro em cinema. Te-
mos dificuldades, também, em
bons equipamentos. Por diver-
sas vezes temos que importar
câmeras”. O corpo técnico, se-
gundo ele, às vezes precisa ser
importado, mas que os cursos
vêm melhorando.
Um dos maiores orgulhos
do cineasta foi feito durante a
universidade: o filme “Perto da
Minha Casa”, dirigido em par-
ceria com a amiga Carol Covre,
foi realizado de forma total-
FILMES >>> Os cineastas reclamam que no Espírito Santo
falta estrutura, investimentos e interesse da população
CULTURA
Festivais mantêm a
produção cultural
Música, teatro, dança,
cinema, arte e literatura são
a base para qualquer even-
to cultural. Mas, por ser um
ramo diversificado, algumas
expressões dessas áreas aca-
bam sendo esquecidas nas
produções do Espírito Santo.
Para suprir essa demanda,
surgem eventos como o Vi-
radão Cultural, em Vitória;
o Festival de TV e Cinema do
Interior, em Muqui; e o Fes-
tival de Cinema Ambiental
e Sustentável de Cachoeiro
de Itapemirim. Essas produ-
ções ganham cada vez mais
espaço no cenário capixaba.
Realizado pela primeira
vez em 2014, o Viradão Cul-
tural é um festival gratuito
que exibe e democratiza a
cultura em Vitória. O evento,
que dura 24 horas e acon-
tece no Corredor Histórico
do Centro, reúne milhares
de pessoas que tomaram as
ruas, casas e praças do lo-
cal. O evento mistura samba,
pop, blues, rock, ópera, rap,
congo, além de apresenta-
ções de dança, teatro e artes
cênicas.
Apesar do polo cultural ca-
pixaba muitas vezes se con-
centrar em Vitória, o interior
não sai perdendo quanto se
fala em eventos desse tipo.
O Festival de TV e Cinema do
Interior (Fecin), que aconte-
ce em Muqui, no sul do Esta-
do, é um exemplo. Por meio
da linguagem audiovisual, o
festival tenta, cada vez mais,
mostrar a diversidade e a
vida que existe no interior
para descentralizar a cultura
no Estado.
O idealizador do projeto,
Leo Alves, conta que a ideia
surgiu num período em que
a universidade em que estu-
dava, a Universidade Federal
de Ouro Preto (UFOP), estava
em greve. “A greve já durava
dois meses e eu precisava fa-
zer alguma coisa. Como eu já
tinha interesse em fazer algo
em Muqui, por achar uma re-
gião cinematográfica, resol-
vi realizar esse projeto que
aproveita cidades históricas
para fazer um festival de ci-
nema. A ideia deu certo e o
festival faz parte da agenda
da cidade”, relata.
Já em Burarama acontece o
Festival de Cinema Ambien-
tal e Sustentável de Cachoei-
ro de Itapemirim. O evento,
que dura quatro dias, conta
com mostra competitiva de
filmes de curtas-metragens,
palestras, trilhas ecológi-
cas e shows musicais. Neste
ano, o tema é ““Memória das
águas - De onde vem a água
do rio?” e o festival, que dura
dois dias, está marcado para
30 de junho.
mente independente. “Foi um
filme muito significativo para
mim, pois me fez ir a campo e
participar do dia a dia das pes-
soas que vivem nas periferias”,
diz Locatelli. E, mesmo com
todas as dificuldades, o filme
ganhou vários prêmios, entre
eles, o de melhor direção no
Goiânia Festival.
O produtor Vitor Graize, que
já produziu mais de cinco pelí-
culas, também acredita que os
poucos recursos disponibili-
zados pelo Estado e pelos mu-
nicípios é um obstáculo. Con-
tudo, ele pontua a distribuição
dos filmes como o maior de-
safio, pois vê dificuldades em
fazer com que os produzidos
no Estado cheguem aos fes-
tivais nacionais e internacio-
nais. “Um filme não termina
na produção. É preciso que
chegue ao público por meio
de festivais, mostras e salas de
cinema. É preciso que o públi-
co se interesse pelo cinema,
inclusive o da própria cidade”,
diz Graize.
O diretor e professor Marce-
lo Castanheira trabalha desde
1998 na área e conta que a
paixão começou ainda criança,
quando começou a colecionar
filmes em VHS. Castanheira
diz que o maior desafio para
um realizador independente é
o retorno financeiro. “O maior
desafio é pagar as contas no
fim do mês. A maioria das pes-
soas que faz cinema aqui no
Espírito Santo sobrevive com
os trabalhos paralelos em ou-
tras áreas como a publicida-
de, a televisão, a fotografia e a
educação”, declara.
A distribuição dos filmes
também é algo destacado por
Castanheira. Ele afirma que a
maioria dos filmes feitos no
Estado só recebe alguma di-
vulgação quando estão sendo
rodados ou lançados, mas que,
depois disso, caem no esque-
cimento. O cineasta já teve a
oportunidade de trabalhar
com artistas que admira, por
exemplo, o Zé do Caixão, no
filme “As Fábulas Negras”.
O professor afirma, também,
que no Estado não há inves-
timento suficiente na cultura
e que os empresários não in-
vestem por não enxergarem,
na cultura, um potencial para
retorno. Mas, também, chama
atenção para o senso crítico
das pessoas. “Infelizmente,
deixamos muito ela de lado
e quando “o cinto aperta”, o
primeiro ponto a se cortar é
a cultura. Os programas poli-
ciais sensacionalistas e os co-
lunismos sociais seguem no ar.
Deveríamos repensar nossas
prioridades não só como pú-
blico, mas como consumido-
res”, finaliza.
A universitária Letícia Mi-
randa afirma que o mercado
laboral de cinema faz com que
o curso seja segunda opção. “O
meu foco é publicidade, mas,
acredito que a faculdade de
cinema me ajudará a traba-
lhar em produtoras de vídeo,
onde tenho muito interesse
em atuar”, diz. Letícia afirma,
também, que há poucos luga-
res para os alunos exporem os
filmes que são produzidos em
sala. “A população, de forma
geral, não busca essas produ-
ções. O público principal so-
mos nós mesmos, os universi-
tários”.
ZÉ DO CAIXÃO >>> Bastidores do filme “As Fábulas Negras“
>>>
>>>
COMICHÃO>>> O músico
Victor Calmom deseja
mais apoio da mídia
Divulgação
Divulgação
Músicos capixabas buscam
sucesso no cenário nacional
A produção de música no
Espírito Santo viveu o seu auge
entre os anos 2000 e 2006.
Hoje, alguns artistas capixa-
bas já consolidaram o sucesso
nacional: a banda Dead Fish,
Casaca e Comichão, além dos
músicos André Prando e Silva
são alguns dos exemplos con-
sagrados. Mas, para alcançar o
tão sonhado reconhecimento,
os músicos enfrentam inúme-
ras adversidades: falta inves-
timento, apoio, interesse do
público e divulgação.
A banda Spocks, que surgiu
em 2011 e é formada pelos
irmãos André e Filipe Lomba,
junto com Lucas Poltronie-
ri e Thiago Nery, sabe bem o
que é batalhar para entrar na
cena musical capixaba. “Nun-
ca vi muita iniciativa pública
ou privada para bandas que
fogem do sertanejo. A falta de
estabelecimentos para tocar e
a falta de consideração com os
músicos ao pagarem um baixo
cachê também são problemas
sérios”, desabafa o baixista da
banda Filipe Lomba.
Apesar de raros, existem fi-
nais felizes no cenário musi-
cal no Estado. A banda Comi-
chão, de Forronejo, é um dos
exemplos. Victor Calmon, que
faz música há 15 anos, conta
que a banda surgiu como uma
brincadeira entre amigos. “Eu
tinha 14 anos e resolvi brincar
com uns meninos do meu bair-
ro de ter uma banda. E, assim,
surgiu a Comichão. O grupo
teve que trabalhar duro para
chegar onde está”.
Uma das principais dificul-
dades para alcançar o suces-
so, segundo Calmon, que já se
apresentou em locais como
Rio de Janeiro, Bahia e Minas
Gerais, surge dentro do Esta-
do. “A nossa mídia só injeta no
capixaba o que vem de fora. E
aqui dentro tem muita coisa
de qualidade. Precisaria de um
apanhado geral para que a cul-
tura capixaba fosse comprada
no Estado”.
Mesmo tocando estilos com-
pletamente diferentes - um
mistura Forró e Sertanejo, ou-
tro, toca indie rock - Calmon e
Lomba encontram um ponto
comum ao falar dos desejos
para o futuro da música capi-
xaba: querem mais bandas e
mais apoio. “Espero que a mú-
sica capixaba dê uma alavan-
cada, mas isso não depende
somente do artista. É preciso
apoio da mídia e do público,
que precisa abraçar a causa”,
completa o integrante da Co-
michão.
A banda capixaba indepen-
dente Dead Fish, de Hardcore,
é mais um exemplo de artistas
que saíram do Espírito Santo e
conquistaram espaço em todo
o País. Criada em 1991, a ban-
>>> da tem sete álbuns gravados
em estúdio e dois DVDs.
O artista capixaba André
Prando também tem se des-
tacado cada vez mais no ce-
nário musical brasileiro. Ele já
se apresentou em locais como
São Paulo e Belo Horizonte,
além de garantir o prêmio de
melhor videoclipe autoral no
Festival de Clipes e Bandas.
Com um estilo colado no rock,
Prando lançou, em 2015, o ál-
bum “Estranho Sutil” no Tea-
tro Universitário da Ufes, ul-
trapassando a lotação.
Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Faesa - Vitória/ES - TENDÊNCIAS Março/Abril de 2017>>> 7
CIDADANIA
Rodas e piruetas fazem sonhar
CADEIRANTE >>> Alongamentos e exercícios diferenciados. Música, dança e coreografias. Assim são
as aulas do projeto que ajuda os pequeninos a terem uma melhora nas partes paralisadas do corpo
Isadora Hunka (7° Per.)
isadora.hunka@gmail.com
Larissa Agnez (7° Per.)
agnezlarissa@gmail.com
Em uma das salas de uma
faculdade particular de Vitó-
ria toda segunda-feira, às 13
horas, cadeiras de estudantes
são arrastadas para o final da
sala e o espaço dá lugar a no-
vas cadeiras, as de roda. Isso é
sinal de que está começando
mais um dia do projeto Ro-
das e Piruetas. Desenvolvido
por alunos, o intuito é ajudar
crianças cadeirantes a evoluir
cada vez mais as partes parali-
sadas, não apenas por meio da
fisioterapia, mas da brincadei-
ra e da dança.
Eduardo Grafanassi ou ‘Tio
Edu’, é aluno de enfermagem e
pioneiro no projeto. Ele conta
que a iniciativa começou como
um projeto de extensão. “O
que a gente percebeu de cara,
muito rápido, foi o desenvol-
vimento das crianças”, afirma
Eduardo. O carinho e o amor fi-
cam impregnados no ambiente
durante as aulas. O respeito é
mútuo e a vontade de ajudar
uns aos outros mais ainda.
As aulas contam com alon-
gamentos e exercícios dife-
renciados, com muita música,
uma bola enorme, muitos sor-
risos, repetições e encoraja-
mento. Logo em seguida, eles
dançam, isso mesmo, dançam.
Os voluntários conduzem as
cadeiras, enquanto as crianças
fazem a coreografia, que conta
também com partes individu-
ais fora delas.
E por falar em cadeira, no
projeto, as crianças aprendem
que essas cadeiras são a exten-
são do corpo delas. Tem a sen-
sação de liberdade que podem
proporcionar e não de limita-
ção. Além disso, agora, exigem
respeito com o que é deles.
“Ela escolhe quem vai tocar a
cadeira. Eu não posso colocar
a bolsa na cadeira dela sem au-
torização. Também não posso
tocar sem pedir licença. É um
barato”, revela Tatiane Grame-
lih, mãe da Maria Vitória.
O desenvolvimento após a
entrada dos filhos no proje-
to fica claro. As mães relatam
que, hoje, as crianças não pre-
cisam de ajuda para subir ou
descer da cadeira, para ir até a
cama e que são mais comuni-
cativas. As mamães não acom-
panham as aulas. Elas ficam
juntas em uma área externa.
Isso gera muito bate-papo,
troca de experiências, aflições
e confissões.
Todas as mães abrem mão
da vida pessoal em função dos
filhos e o discurso é um só: de
que vale a pena cada esforço.
E os esforços, não são poucos.
A batalha de cada uma se re-
sume em ajudar aos filhos a
se desenvolverem. Para elas
ATO DE DOAR >>> O clima de alegria, encorajamento e esperança é constante nas aulas do projeto
Isadora Hunka
“Cabecinha boa de menino
triste, de menino triste que so-
fre sozinho, que sozinho sofre,
e resiste. Que não teve nada,
que não pediu nada, pelo medo
de perder tudo”. Essa é uma
passagem do poema “Criança”
de Cecília Meireles que hoje
retrata a realidade de milha-
res de crianças e adolescentes
brasileiros que sofreram com
o abandono dos próprios pais
em locais públicos ou em ins-
tituições no momento em que
nasceram.
A psicóloga, Lidia Natalia
Dobrianskyj Webe realizou um
estudo sobre o abandono e ins-
titucionalização de crianças no
Brasil e identificou que o mo-
tivo mais frequente, 64% dos
casos, para o internamento foi
classificado como maus-tratos
em função de negligência por
não cuidar da alimentação,
saúde e deixar a criança sozi-
nha em casa ou com estranhos.
Ainda de acordo com o es-
tudo realizado pela psicóloga,
apesar da institucionalização
de crianças ter surgido como
uma tentativa de solucionar o
problema de crianças e adoles-
centes abandonados, esta ten-
tativa mostra-se extremamen-
te ineficaz no Brasil porque
não ataca as verdadeiras cau-
sas do problema como a misé-
ria social, a carência de apoio
socioeducativo, a ausência de
prevenção em relação à violên-
cia doméstica, entre outros.
B., 16, foi encaminhado ao
Projeto Social Dom Mauro, em
Vila Velha, para se afastar da
criminalidade do bairro onde
mora. De segunda a sexta-fei-
ra, o adolescente passa o perí-
odo da tarde na associação e
realiza atividades socioeduca-
tivas. “Quando estou aqui, eu
me sinto feliz. Gosto de vir e
passar a tarde toda aqui. Além
de me ajudar a não pensar bes-
teiras, pois quando estou em
casa e vejo minha mãe e meu
padrasto brigando, eu fico mal.
Já pensei várias vezes em ma-
tar meu padrasto, mas conse-
gui desviar os pensamentos
ruins”, conta o adolescente.
M., 11, conheceu o Projeto
por recomendação da direto-
ria da escola municipal em que
estuda. “Moro com minha avó
e meus irmãos. Minha mãe nos
deixou com ela porque não ti-
nha condição de nos criar. Mi-
nha avó passa o dia fora traba-
lhando. Ficar em casa sem ela
é ruim, pois meus irmãos me
batem quando brigamos. Eu
prefiro ficar longe deles. No
projeto eu me divirto, tenho
minhas amigas e aprendo vá-
rias coisas. Prefiro mil vezes
ficar aqui”, explica M.
Ivete Nunes é coordena-
dora do projeto e conta que a
maioria dos alunos na asso-
ciação é encaminhado pelo
Conselho Tutelar e apresen-
tam rebeldia no início, mas
logo começam a se envolver
e participar das oficinas mos-
trando-se pessoas dispostas a
mudar. Ivete também explica
que os problemas a serem en-
frentados são muitos, pois não
há estrutura familiar, muitos
não possuem residência fixa e
vivem a peregrinar na casa dos
parentes.
Dados do Unicef infor-
mam que 45,6% das crianças
do Brasil vivem em famílias
de baixa-renda. “Eles não pos-
suem referência ou alguém
dentro de casa para se espe-
lhar. Uma hora moram com a
avó e de repente estão viven-
do com uma tia ou na casa de
algum conhecido. Isso me dei-
xa comovida. É de partir o co-
ração, pois convivo com eles.
Eu acredito neles. O projeto
ajuda a melhorar a situação
dessas crianças, mas é neces-
sário que os familiares se en-
volvam e cooperem”, explicou
a coordenadora.
Projeto
Por meio do lema “cui-
dando da vida com amor”, o
projeto Social Dom Mauro
luta para resgatar crianças e
adolescentes com idade entre
10 e 17 anos em situação de
risco e vulnerabilidade social.
Fundado em maio de 2007
pelos Padres das Obras Pas-
sionistas São Paulo da Cruz, o
projeto tem como proposta a
formação cidadã, voltado à va-
lorização da educação formal,
respeitando o valor cultural,
artístico e histórico. Para par-
ticipar do projeto é necessário
que o aluno esteja matriculado
na escola.
Atualmente, o projeto
Abandono de crianças e adolescentes no Brasil
>>>
é um orgulho ver a evolução
deles e como o projeto os faz
sonhar. “É muito orgulho vê-lo
progredir e não ficar esperan-
do alguém fazer alguma coisa
por ele em tão pouco tempo de
projeto”, afirma Joelma, mãe
do João.
Ao final da aula, o João, 7
anos, relatou: “o ‘Tio Edu’ é
osso”, rindo e se referindo ao
alongamento que Eduardo fez
naquele dia com ele. João ain-
da declarou que ama o projeto.
Atualmente, Eduardo desen-
volve uma pesquisa científica
para comprovar a efetividade
do projeto.
AJUDA >>> Projeto Dom Mauro atende crianças e adolescentes
atende em média 60 crianças
e adolescentes, oferecendo ofi-
cinas de informática, inclusão
digital, dança, ética e cidada-
nia, taekwondo, educação físi-
ca, acompanhamento escolar e
pedagógico, além das oficinas
lúdico-recreativas. O funciona-
mento do projeto é das 13 às
17 horas. A iniciativa oferece
ainda refeição complemen-
tar no horário vespertino, das
14h30 às 15 horas, e também
atendimento social, acompa-
nhamento psicológico, visita
domiciliar, oficina de grupo e
frequentemente reunião de
pais. A iniciativa visa melhorar
a qualidade de vida dos parti-
cipantes.
>>>
Larissa Agnez
TENDÊNCIAS - Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Faesa - Vitória/ES8 >>> Março/Abril de 2017
Michel Lisboa (5° Per.)
michellisboa@outlook.com
Em uma tarde chuvosa,
sentado no centro de um co-
reto localizado na Praça de
Maruipe, que fica em frente à
Paroquia São José, Antônio da
Silva Neto, carioca de nasci-
mento, me concede uma entre-
vista. Por hora enfermeiro, por
hora sambista e, por vezes, es-
tudante de jornalismo na Fae-
sa. Tony Silvaneto, como gosta
de ser chamado, é um homem
de fala mansa e de sorriso fácil,
conta um pouquinho da rica
história de vida e se emociona-
va ao expressar as muitas mar-
cas positivas e algumas negati-
vas que a vida lhe apresentou
ao longo dos 52 anos.
Tony tem a palavra fé como
uma companheira constante
na vida. Ele conta que a fé pri-
mordial na vida das pessoas.
Para ele a fé deve ser lembrada
em quatro pilares: Fé em Deus,
pois sustenta a tudo; fé na vida
humana, pois os homens po-
dem viver em comunhão; fé
em si mesmo para resistir as
adversidades; e fé na natureza
para renovar as energias físi-
cas, a esperança e as emoções.
O estudante de jornalismo
é de família pobre e teve uma
infância difícil em Catumbi,
bairro de classe média situa-
do na cidade do Rio de Janei-
ro. Ao lembrar-se da infân-
cia, ao mesmo tempo em que
expressava admiração pelas
boas recordações, expressava
também um pouco de tristeza
ao recordar das dificuldades
vividas naquela época. Aos
dois anos de idade, Tony foi
morar em Madureira com os
pais, num lugar chamado Cam-
pinho, onde foi viveu até com-
pletar 13 anos. Tony sofria de
asma na infância. Ele lembrou
que diversas vezes quando ele
saia para passear com os pais,
tinha ataques de asma e tinha
que correr para o pronto-so-
corro mais próximo.
Tony se irradiou ao lembrar
>>>
História de desafios e superações
IDENTIDADES >>> Tony Silvaneto, 52 anos, se reinventa a cada etapa da vida. Apaixonado pelo Estado
e pelo samba, o carioca é estudante de jornalismo da Faesa, enfermeiro e mestre-sala do carnaval
do momento especial, em uma
visita da escola, quando pisou
no gramado do Maracanã pela
primeira vez. E também de
quando ela andava de trem,
pois, de forma curiosa, o baru-
lho emitido pelo trem o fazia
lembrar de samba. Ser para-
quedista? Foi o que Tony che-
gou a imaginar em ser quando
adulto, ao lembrar-se dos tem-
pos em que ficava sentado em
Marechal Hermes, assistindo
os paraquedistas saltarem. Ao
completar 13 anos, foi quan-
do ele enfrentou o momento
mais difícil da infância: largar
o Rio de Janeiro. Tony foi viver
no interior, na cidade de Santo
Antônio de Pádua.
Ao tocar no assunto adoles-
cência, por coincidência, um
trovão ecoou no céu. Ele lem-
brou da liberdade que tinha
no interior. Sorriu. Quando os
pais saíam para trabalhar, ele
pegava a bicicleta escondido,
jogava por cima do muro e
percorria o interior conhecen-
do vários bairros vizinhos.
Tony encheu os olhos para
falar das boas amizades que
conseguiu na adolescência, em
especial, Danilo, filho de ára-
bes e que tinha uma biblioteca
dentro de casa. Feliz, lembrou
que graças a Danilo criou afei-
ção aos estudos. Uma marca
negativa que ficou nessa época
da vida de Tony foram os ba-
te-bocas travados pelos fami-
liares por causa de bens-mate-
riais. Essa foi uma das razões
para ele querer deixar o inte-
rior do Rio de Janeiro.
Policial
Atuando por tantos anos
como enfermeiro, ninguém
imagina que Tony um dia foi
Policial Militar. Sem saber qual
carreira seguir e por questão
de oportunidade, acabou fa-
zendo um concurso para sol-
dado e foi aprovado. Então,
veio com o pai e a mãe morar
em Vitória em 1984. Ele con-
fessou que mesmo sendo po-
licial militar, tinha em mente
que queria fazer um curso
superior. Quando completou
4 anos de vivencia em Vitória,
prestou vestibular na UFES
e foi aprovado. Tony acabou
MUTIPLICIDADE >>> O estudante Tony Silvaneto participando da Procissão Fotográfica... o enfermeiro, o ex-policial e o sambista...
optando pelo curso de enfer-
magem e, como o curso fun-
cionava em período integral,
teve que abrir mão do curso
de sargento da PM.
Trabalhando como enfer-
meiro, Tony disse ter visto
muitas crianças doentes. Ra-
diante, ele afirma ter ficado
muito feliz em ajudar a salvar
a vida dessas crianças e a fazer
com que elas melhorassem.
Ele relembrou que um dia foi
uma criança muito doente e,
por causa da asma, passou
muito tempo da vida nos hos-
pitais. Ajudar a aliviar a dor de
uma criança sempre foi uma
felicidade muito grande para
o enfermeiro Tony. Ao pergun-
tar sobre o filho, os olhos de
Tony brilharam. Ele afirmou
que o filho é uma semente. É
a continuação do pensamento.
Jornalismo
Aos 50 anos, por causa da
paixão pela fotografia e pelo
audiovisual, Tony decidiu in-
gressar no curso de jornalis-
mo da Faesa. O desejo dele é
escrever e registrar em vídeos
e fotos os lugares, as pessoas,
os costumes, as culturas. Ele
sonha em imortalizar a cada
registro o samba. “Acredito
que apreendemos com as his-
tórias das outras pessoas. A
gente aprende a viver melhor”.
Ao questionar qual mensa-
gem ele deixaria para os jo-
vens, Tony me deixou claro
que respeitar as pessoas é fun-
damental. Procurar ouvir por-
que é muito importante. Ele
lembrou que todos os erros
que cometeu na vida acontece-
ram porque ele não escutou os
pais. “Não sei o dia de amanhã.
Deus é quem sabe. Creio que
tenho uma missão a cumprir
ainda dentro do aspecto reli-
gioso. Mas a gente vai fazendo
com fé. A história ainda não
acabou, está sendo escrita.
Aliás, nunca imaginei vir aqui
para Vitória, nunca projetei na
minha vida. E estou aqui, cur-
sando jornalismo, justamente
para defender a cultura capi-
xaba, que é bacana e que pre-
cisa de incentivo. Precisamos
incentivar o capixaba amar a
cultura, o turismo, o Estado”.
PERFIL
Mônica OliveiraMônica Oliveira
Tony Silvaneto é apaixo-
nado pelo carnaval e se tornou
mestre-sala por acaso, apesar
do samba já vir do sangue, he-
rança herdada do pai e dos tem-
pos de criança em que frequen-
tava o carnaval. Uma amiga o
viu sambando e percebeu que
ele “bailava” com estilo. Fez um
convite e a partir desse dia co-
meçou a história do mestre-sala
no samba capixaba. Tony che-
gou a ganhar troféu de melhor
mestre-sala no carnaval capi-
xaba. O samba funcionou e tem
funcionado como uma terapia
para Tony após a morte do pai,
dos problemas com a família e
da separação da esposa. Com
um olhar triste, ele considera
esses os momentos mais difí-
ceis e tristes da vida. O samba,
então, veio para dar um novo
sentido para a vida dele. Tony
é mestre-sala há 10 anos e já
desfilou pelas escolas: Pega no
Samba, Novo Império, Andaraí,
Imperatriz do Forte, Jucutuqua-
ra, Chega Mais, Rosa de Ouro e
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Mestre-sala do carnaval
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Tendências março/abril - 2017 - n106

  • 1. Jornal-laboratório - Jornalismo - Faesa - Vitória/ES - Março/Abril de 2017 - Nº 105 >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Tony Silvaneto, 52 anos, conta como se reinventa na vida para superar os desafios. O carioca de nascimento e capixaba por paixão é sambista, enfermeiro e estudante de jornalismo da Faesa >>> Pág 08 Múltiplas identidades >>> PERFIL>>>> >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> MônicaOliveira CULTURA >>> Os integrantes do projeto Rede de Memórias mais uma vez estiveram “desfilando” no Sambão do Povo, em Vitória, para registrar e eternizar o brilho, a beleza e o encanto das escolas de samba do carnaval capixaba >>> Pág 04 e 05 A exposição “Fé no Espírito Santo: 10 anos de Procissão Fotográfica” fica até o dia 13 maio no Convento >>> Pág 02 >>> CIDADANIA >>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Cadeira de roda As cadeiras dos alunos são arrastadas para o fundo da sala e o espaço, agora, é das crianças e das cadeiras de roda. Co- meça o “Rodas e Piruetas”>>> Pág 07 IsadoraHunka Menina e o trem A pequena Sophia Rocha, 7 anos, desco- briu os encantos de fazer uma viagem de trem >>> Pág 03 >>>ENSAIO>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Produção Cultural >>> ARTE>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Ser artista no Espírito Santo é tarefa di- fícil. O cenário artístico do Estado neces- sita de investimentos, visibilidade e acei- tação do próprio capixaba >>> Pág 06 Arquivopessoal Procissão Fotográfica >>> EXPOSIÇÃO>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> BOA VISTA / Foto: Rita Benezath
  • 2. TENDÊNCIAS - Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Faesa - Vitória/ES2 >>> Março/Abril de 2017 EXPEDIENTE Jornal-laboratório do Curso de Comunicação Social da Faesa - Março / Abril 2017 - Nº 105 Av. Vitória, 2.220 - Monte Belo, Vitória, ES, CEP 29053-360 Telefone (027) 2122 4100 Versão em PDF: http:// www.faesadigital.com.br Reitor: Alexandre Nunes Theodoro Superintendente institucional: Guilherme A. Nunes Theodoro Campus Av. Vitória Diretor Acadêmico – Alexandre Nunes Theodoro Coordenador do Curso de Comunicação Social: Paulo Soldatelli Professores orientadores: Felipe Tessarolo Valmir Matiazzi Zanete Dadalto Editoração: João Ramos 3ºPP Textos e fotos: alunos do curso de Comunicação Social Habilitações: Jornalismo, Publicidade e Propaganda Gráfica e Editora GSA >>> EDITORIAL>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>>> Identificação Veicular Prezado leitor do Tendências, o jornal traz mais uma vez o brilhante e incansável trabalho da equipe do projeto Rede de Memórias. Beleza, bri- lho, luxo, glamour e mui- ta alegria fizeram parte dos desfiles das escolas de samba do carnaval capixaba. E os integran- tes do Rede de Memórias estavam “in loco” com as lentes preparadas e os olhares apurados para registrar, documentar e eternizar os belos mo- Incansável trabalho COTIDIANO Mônica Caser mcaser@live.com Seja no Calhambeque ou no Camaro, a placa de identi- ficação de veículos é mais que necessária. É obrigatória con- forme a legislação do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) em vigor e o Espírito Santo tem 1.747.325 veículos devi- damente emplacados e legali- zados pelo Departamento de Estado de Trânsito do Espírito Santo (Detran-ES). As placas de identificação veicular possuem diferentes cores. As de cor cinza, com ca- racteres pretos, são as mais co- muns, pois correspondem aos veículos particulares. A branca, >>> Confira algumas imagens da exposição na página 2. O jornal apresenta tam- bém na página 3 um pas- seio para lá de especial. Um ensaio fotográfico com a pequena Sophia Rocha. A criança embar- cou pela primeira vez em um trem e sentiu de perto as emoções de estar so- bre os trilhos. Crianças é o tema da página 7 da edição. Umas das matérias fala sobre o projeto “Rodas e Pirue- tas” que ajuda crianças cadeirantes. Aulas dife- rentes fazem os peque- ninos sonharem com a mentos dessa manifesta- ção cultural do Espírito Santo. Uma parte de todo esse imenso trabalho é estampada nas páginas 4 e 5 da edição. O Rede de Memórias e o Tendências convidam você, leitor, a visitar no Convento da Penha a exposição “Fé no Espírito Santo: 10 anos de Procissão Fotográfica”. A mostra fica até o dia 13 de maio e apresenta 75 imagens fotográficas que retratam os últimos dez anos da Festa da Penha. melhora das partes para- lisadas do corpo. A outra matéria relata o projeto Dom Mauro, em Vila Ve- lha. A iniciativa busca resgatar crianças e ado- lescentes em situação de risco e com vulnerabili- dade social. E para fechar a edição, veja na página 8, um per- fil para lá de especial. O aluno de jornalismo da Faesa Tony Silvaneto con- ta um pouco das aventu- ras, desafios e superações que enfrentou na vida. Tony é apaixonado pelo samba e pelo carnaval. Boa Leitura... >>> com caracteres pretos, são ofi- ciais. Placa azul com branco é de representação diplomática. Já a placa vermelha, com carac- teres brancos, é de aluguel. E a placa branca, com caracteres vermelho, é de aprendizagem (autoescolas). De acordo com o instrutor de aulas teóricas de trânsito Otá- vio Francisco, as placas fazem com que a localização e iden- tificação fiquem mais rápidas e precisa. “A tipificação das placas com as simbologias tem com caracteres a real utiliza- ção dos mesmos em situações específicas: carro cujos condu- tores são surdos ajuda a enten- der que a sinalização deverá ser visual, por exemplo”. As letras das placas possuem relação com a origem do car- ro, pois a combinação permite identificar onde o veículo foi emplacado e licenciado. Cada estado possui letras específi- cas de emplacamento. No Es- pírito Santo são: MOX-0001 e MTZ-9999. O guarda de trânsito do mu- nicípio de Vila Velha Neemias Miranda alerta para a impor- tância das placas. “É necessário estar com o veículo, a identifi- cação e documentação devida- mente legalizadas e de acordo com o CTB, pois diferente dis- so, o proprietário ou condutor do veículo pode sofre penalida- des”, afirma. O Art. 230 do Capítulo XV do CTB estabelece que as infra- ções cometidas em relação a conduziroveículo“comolacre, a inscrição do chassi, o selo, a placa ou qualquer outro ele- mento de identificação do veí- culo violado ou falsificado” ou “com qualquer uma das placas TRÂNSITO >>> Todo veículo deve ser emplacado para circular nas ruas do Brasil. As placas são regulamentadas pelo CTB de identificação sem condições de legibilidade e visibilidade” será registrado como infração gravíssima, multa e apreensão ou remoção do veículo. Além dessas caraterísticas, transitar com veículo com a cor ou característica alterada e falsificar ou adulterar docu- mento de habilitação e de iden- tificação do veículo também se enquadram em infrações de trânsito pelo Código. Mercosul A Resolução 590 do Con- selho Nacional de Trânsito (CONTRAN) estabelece que os veículos deverão seguir o pa- drão do Mercado Comum do Sul (Mercosul), bloco econô- mico constituído pelos seguin- LOCALIZAÇÃO >>> Cada placa veicular tem uma cor específica tes países membros: Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Venezuela. As placas terão sete caracteres alfanuméricos, fundo branco com a margem superior azul, o logotipo do MERCOSUL à esquerda, ao lado direito a bandeira do Brasil e ao centro o nome do país. A placa será obrigatória e até 31 de dezembro de 2020 todos os veículos em circulação deverão estar padronizados. De acordo com a resolução, os veículos a serem registra- dos, em processo de transfe- rência de município ou de pro- priedade ou quando houver a necessidade de substituição das placas, devem aderir à identificação veicular no pa- drão Mercosul.MERCOSUL >>> As placas deverão ser padronizadas até 2020 Mônica Caser Setenta e cinco imagens foto- gráficas retratam os últimos dez anos da maior demonstração de fé dos católicos capixabas: a Festa da Penha. A exposição “Fé no Espírito Santo: 10 anos de Procissão Foto- gráfica” marca o início da progra- mação em homenagem à padroeira do Estado em 2017. A mostra está aberta ao público das 8 às 12 horas e das 13 às 16 horas na sala de expo- sições do Convento. A entrada é gra- tuita e segue até o dia 13 de maio. As imagens expostas fazem parte das coberturas fotográficas realizadas pelos alunos dos cursos de Jornalis- mo e Publicidade e Propaganda da Faesa nos últimos dez anos. “Quem visitar a exposição encontrará a fé das pessoas que participam da Festa da Penha. A fé que nos emociona e nos dá esperança. É a generosidade das pessoas que doaram tempo e trabalho para pensar e para realizar a exposição como forma de retornar para a sociedade e, principalmente, para as pessoas que se deixaram retratar, os diversos olhares sobre a Festa materializados na imagem fotográfica”, relata a professora e coordenadora do projeto, Zanete Dadalto. Para o guardião do Con- vento, Frei Paulo Roberto Pereira, a mostra retrata a devoção à Nossa Senhora da Penha. “Mais do que um registro da evolução da festa, a ex- posição nos permite sentir a fé que move cada devoto a participar das romarias, celebrações, do Oitavário”, revela o Frei. Exposição: dez anos de Procissão Fotográfica >>> Tony SilvanetoZanete Dadalto TonySilvaneto
  • 3. Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Faesa - Vitória/ES - TENDÊNCIAS Março/Abril de 2017>>> 3 DESCOBERTA >>> A felicidade é companheira constante nas viagens de trem. Sophia Rocha, 7 anos, embarcouemJardimAmérica,Cariacica,efoiatéColatina.Momentosinesquecíveisnavidadapequenina Trilhos da vida... a magia do trem ENSAIO Tony Silvaneto (5° Per.) Tonysilvaneto1@gmail.com As viagens, por fer- rovia, entre os anos de 1900 e 1970, produziram momentos especiais para as pessoas. As provas es- tão em músicas como “O Trenzinho Caipira” de Vila Lobos e a poesia “O Maior Trem do Mundo” de Carlos Drummond de Andrade. O encanto pela ferrovia do ontem e do hoje ainda causa emoção nas pessoas. A felicidade é um êx- tase, um extremo pra- zer. Um sentir-se bem. Não é algo que aconteça toda hora, a toda instan- te, como, também, não é eterno. Fatos, pensamen- tos, sentimentos são es- tímulos para as pessoas. Cada uma percebe de for- ma própria e diferente. Não há um tempo exato para ser feliz. Um momento de felici- dade, por exemplo, acon- teceu na primeira viagem de trem de uma criança, entre Vitória e Colatina, Espírito Santo. A estu- dante Sophia Rocha, 7 anos, visitou, um dia an- tes da viagem, o Museu Vale, em Vila Velha. Ob- servou a maneira que o transporte de passagei- ros era realizado. O con- tato com o Museu permi- tiu observar o transporte ferroviário do passado, motivo de felicidade para aqueles viajantes. Ela explorou o vagão de passageiros e a lo- comotiva “Maria Fuma- ça”, subindo e descendo constantemente. Ficou surpresa em saber que os bancos eram de madeira. Acessando o segundo an- dar do prédio principal do Museu com o irmão Pedro, 11, observou obje- tos antigos utilizados na ferrovia e uma maquete da estrada de ferro Vitó- ria-Minas. “É um trenzi- nho”, disse a menina. Os olhos estavam atentos e nenhuma outra palavra foi dita. No dia seguinte à visita ao Museu, Sophia chegou às 6h40 à Estação Pedro Nolasco, em Jardim Amé- rica, Cariacica, acompa- nhada pelo irmão e pela prima. Algo novo e dife- rente. A viagem até Co- latina foi a possibilidade de vivenciar o trem com nova tecnologia, o que não impediu a felicidade acontecer, pois a visão da natureza continua pre- sente em todos os mo- mentos. O sono passou quando ela observou pelas por- tas de vidro os vagões verdes do trem de pas- sageiros. A expectativa aumentou ao entrar em um deles. Ela ficou en- tusiasmada ao transitar pelos corredores dos va- gões e observou todos os detalhes. Quando o trem movimentou, os olhares de Sophia estiveram fixos às paisagens que se reno- vavam. E o sentimento de felicidade acompanhou a pequenina durante toda a viagem. >>> SORRISOS >>> Sophia Rocha visitou o Museu Vale e conheceu histórias da estrada de ferro Vitória-Minas. Depois embarcou no trem para vivenciar a própria viagem Fotos: Tony Silvaneto
  • 4. TENDÊNCIAS - Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Faesa - Vitória/ES4 >>> Março/Abril de 2017 CARNAVAL - REDE DE MEMÓRIAS BOA VISTA / Foto: Daniel Massaroni MUG / Foto: Zanete Dadalto ANDARAÍ / Foto: Zanete Dadalto BOAVISTA/Foto:ZaneteDadalto CHEGOU O QUE FALTAVA / Foto:Zanete Dadalto ANDARAÍ / Foto:Daniel Massaroni BOA VISTA / Foto: Zanete DadaltoMUG / Foto: Taynara Nascimento ANDARAÍ/Foto:ZaneteDadaltoBOAVISTA/Foto:CassioAmorimPEGANOSAMBA/Foto:RitaBenezathANDARAÍ/Foto:DanielMassaroni
  • 5. Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Faesa - Vitória/ES - TENDÊNCIAS Março/Abril de 2017>>> 5 CARNAVAL - REDE DE MEMÓRIAS MUG / Foto: Taynara Nascimento PIEDADE/Foto:ZaneteDadalto ANDARAÍ/Foto:ZaneteDadalto MUG/Foto:RitaBenezath PIEDADE/Foto:ViniciosLodiMUG/Foto:DanielMassaroni S.TOQUARTO/FotoSullivaSilva S.TORQUARTO/Foto:GabrielaZaupaBARREIROS/Foto:DanieleLuciane JUCUTUQUARA / Foto:Taynara Nascimento PEGANOSAMBA/Foto:ZaneteDadaltoJUCUTUQUARA/Foto:ZaneteDadaltoR.DEOURO/Foto:ZaneteDadaltoPIEDADE/Foto:TaynaraNascimentoIMPERATRIZ/Foto:DanielMassaroniN.IMPÉRIO/Foto:DanielMassaroni
  • 6. TENDÊNCIAS - Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Faesa - Vitória/ES6 >>> Março/Abril de 2017 Por trás das câmeras Carol Malisek (7° Per.) carolmalisek@hotmail.com Rita Benezath (7° Per) rita_benezath@hotmail.com Luz, câmera e ação. Nos grandes estúdios, os equipa- mentos e investimentos são luxuosos e simples de trans- formarem esses três elemen- tos em filmes. Mas nas produ- ções independentes não é tão fácil, principalmente, no Espí- rito Santo, onde a arte ainda se expressa de maneira tímida. A principal diferença entre as produções é na parte do cus- teio. As independentes não re- cebem dinheiro dos estúdios: sai do bolso do próprio cineas- ta ou pessoas ligadas a ele. O diretor Diego Locatelli diz que, em Vitória, há três princi- pais dificuldades para as pro- duções independentes: pouco incentivo estatal, falta de corpo técnico qualificado e dificulda- de em bons equipamentos. “Há muita dificuldade em capitar verba do empresariado, pois não há uma cultura de se in- vestir dinheiro em cinema. Te- mos dificuldades, também, em bons equipamentos. Por diver- sas vezes temos que importar câmeras”. O corpo técnico, se- gundo ele, às vezes precisa ser importado, mas que os cursos vêm melhorando. Um dos maiores orgulhos do cineasta foi feito durante a universidade: o filme “Perto da Minha Casa”, dirigido em par- ceria com a amiga Carol Covre, foi realizado de forma total- FILMES >>> Os cineastas reclamam que no Espírito Santo falta estrutura, investimentos e interesse da população CULTURA Festivais mantêm a produção cultural Música, teatro, dança, cinema, arte e literatura são a base para qualquer even- to cultural. Mas, por ser um ramo diversificado, algumas expressões dessas áreas aca- bam sendo esquecidas nas produções do Espírito Santo. Para suprir essa demanda, surgem eventos como o Vi- radão Cultural, em Vitória; o Festival de TV e Cinema do Interior, em Muqui; e o Fes- tival de Cinema Ambiental e Sustentável de Cachoeiro de Itapemirim. Essas produ- ções ganham cada vez mais espaço no cenário capixaba. Realizado pela primeira vez em 2014, o Viradão Cul- tural é um festival gratuito que exibe e democratiza a cultura em Vitória. O evento, que dura 24 horas e acon- tece no Corredor Histórico do Centro, reúne milhares de pessoas que tomaram as ruas, casas e praças do lo- cal. O evento mistura samba, pop, blues, rock, ópera, rap, congo, além de apresenta- ções de dança, teatro e artes cênicas. Apesar do polo cultural ca- pixaba muitas vezes se con- centrar em Vitória, o interior não sai perdendo quanto se fala em eventos desse tipo. O Festival de TV e Cinema do Interior (Fecin), que aconte- ce em Muqui, no sul do Esta- do, é um exemplo. Por meio da linguagem audiovisual, o festival tenta, cada vez mais, mostrar a diversidade e a vida que existe no interior para descentralizar a cultura no Estado. O idealizador do projeto, Leo Alves, conta que a ideia surgiu num período em que a universidade em que estu- dava, a Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), estava em greve. “A greve já durava dois meses e eu precisava fa- zer alguma coisa. Como eu já tinha interesse em fazer algo em Muqui, por achar uma re- gião cinematográfica, resol- vi realizar esse projeto que aproveita cidades históricas para fazer um festival de ci- nema. A ideia deu certo e o festival faz parte da agenda da cidade”, relata. Já em Burarama acontece o Festival de Cinema Ambien- tal e Sustentável de Cachoei- ro de Itapemirim. O evento, que dura quatro dias, conta com mostra competitiva de filmes de curtas-metragens, palestras, trilhas ecológi- cas e shows musicais. Neste ano, o tema é ““Memória das águas - De onde vem a água do rio?” e o festival, que dura dois dias, está marcado para 30 de junho. mente independente. “Foi um filme muito significativo para mim, pois me fez ir a campo e participar do dia a dia das pes- soas que vivem nas periferias”, diz Locatelli. E, mesmo com todas as dificuldades, o filme ganhou vários prêmios, entre eles, o de melhor direção no Goiânia Festival. O produtor Vitor Graize, que já produziu mais de cinco pelí- culas, também acredita que os poucos recursos disponibili- zados pelo Estado e pelos mu- nicípios é um obstáculo. Con- tudo, ele pontua a distribuição dos filmes como o maior de- safio, pois vê dificuldades em fazer com que os produzidos no Estado cheguem aos fes- tivais nacionais e internacio- nais. “Um filme não termina na produção. É preciso que chegue ao público por meio de festivais, mostras e salas de cinema. É preciso que o públi- co se interesse pelo cinema, inclusive o da própria cidade”, diz Graize. O diretor e professor Marce- lo Castanheira trabalha desde 1998 na área e conta que a paixão começou ainda criança, quando começou a colecionar filmes em VHS. Castanheira diz que o maior desafio para um realizador independente é o retorno financeiro. “O maior desafio é pagar as contas no fim do mês. A maioria das pes- soas que faz cinema aqui no Espírito Santo sobrevive com os trabalhos paralelos em ou- tras áreas como a publicida- de, a televisão, a fotografia e a educação”, declara. A distribuição dos filmes também é algo destacado por Castanheira. Ele afirma que a maioria dos filmes feitos no Estado só recebe alguma di- vulgação quando estão sendo rodados ou lançados, mas que, depois disso, caem no esque- cimento. O cineasta já teve a oportunidade de trabalhar com artistas que admira, por exemplo, o Zé do Caixão, no filme “As Fábulas Negras”. O professor afirma, também, que no Estado não há inves- timento suficiente na cultura e que os empresários não in- vestem por não enxergarem, na cultura, um potencial para retorno. Mas, também, chama atenção para o senso crítico das pessoas. “Infelizmente, deixamos muito ela de lado e quando “o cinto aperta”, o primeiro ponto a se cortar é a cultura. Os programas poli- ciais sensacionalistas e os co- lunismos sociais seguem no ar. Deveríamos repensar nossas prioridades não só como pú- blico, mas como consumido- res”, finaliza. A universitária Letícia Mi- randa afirma que o mercado laboral de cinema faz com que o curso seja segunda opção. “O meu foco é publicidade, mas, acredito que a faculdade de cinema me ajudará a traba- lhar em produtoras de vídeo, onde tenho muito interesse em atuar”, diz. Letícia afirma, também, que há poucos luga- res para os alunos exporem os filmes que são produzidos em sala. “A população, de forma geral, não busca essas produ- ções. O público principal so- mos nós mesmos, os universi- tários”. ZÉ DO CAIXÃO >>> Bastidores do filme “As Fábulas Negras“ >>> >>> COMICHÃO>>> O músico Victor Calmom deseja mais apoio da mídia Divulgação Divulgação Músicos capixabas buscam sucesso no cenário nacional A produção de música no Espírito Santo viveu o seu auge entre os anos 2000 e 2006. Hoje, alguns artistas capixa- bas já consolidaram o sucesso nacional: a banda Dead Fish, Casaca e Comichão, além dos músicos André Prando e Silva são alguns dos exemplos con- sagrados. Mas, para alcançar o tão sonhado reconhecimento, os músicos enfrentam inúme- ras adversidades: falta inves- timento, apoio, interesse do público e divulgação. A banda Spocks, que surgiu em 2011 e é formada pelos irmãos André e Filipe Lomba, junto com Lucas Poltronie- ri e Thiago Nery, sabe bem o que é batalhar para entrar na cena musical capixaba. “Nun- ca vi muita iniciativa pública ou privada para bandas que fogem do sertanejo. A falta de estabelecimentos para tocar e a falta de consideração com os músicos ao pagarem um baixo cachê também são problemas sérios”, desabafa o baixista da banda Filipe Lomba. Apesar de raros, existem fi- nais felizes no cenário musi- cal no Estado. A banda Comi- chão, de Forronejo, é um dos exemplos. Victor Calmon, que faz música há 15 anos, conta que a banda surgiu como uma brincadeira entre amigos. “Eu tinha 14 anos e resolvi brincar com uns meninos do meu bair- ro de ter uma banda. E, assim, surgiu a Comichão. O grupo teve que trabalhar duro para chegar onde está”. Uma das principais dificul- dades para alcançar o suces- so, segundo Calmon, que já se apresentou em locais como Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais, surge dentro do Esta- do. “A nossa mídia só injeta no capixaba o que vem de fora. E aqui dentro tem muita coisa de qualidade. Precisaria de um apanhado geral para que a cul- tura capixaba fosse comprada no Estado”. Mesmo tocando estilos com- pletamente diferentes - um mistura Forró e Sertanejo, ou- tro, toca indie rock - Calmon e Lomba encontram um ponto comum ao falar dos desejos para o futuro da música capi- xaba: querem mais bandas e mais apoio. “Espero que a mú- sica capixaba dê uma alavan- cada, mas isso não depende somente do artista. É preciso apoio da mídia e do público, que precisa abraçar a causa”, completa o integrante da Co- michão. A banda capixaba indepen- dente Dead Fish, de Hardcore, é mais um exemplo de artistas que saíram do Espírito Santo e conquistaram espaço em todo o País. Criada em 1991, a ban- >>> da tem sete álbuns gravados em estúdio e dois DVDs. O artista capixaba André Prando também tem se des- tacado cada vez mais no ce- nário musical brasileiro. Ele já se apresentou em locais como São Paulo e Belo Horizonte, além de garantir o prêmio de melhor videoclipe autoral no Festival de Clipes e Bandas. Com um estilo colado no rock, Prando lançou, em 2015, o ál- bum “Estranho Sutil” no Tea- tro Universitário da Ufes, ul- trapassando a lotação.
  • 7. Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Faesa - Vitória/ES - TENDÊNCIAS Março/Abril de 2017>>> 7 CIDADANIA Rodas e piruetas fazem sonhar CADEIRANTE >>> Alongamentos e exercícios diferenciados. Música, dança e coreografias. Assim são as aulas do projeto que ajuda os pequeninos a terem uma melhora nas partes paralisadas do corpo Isadora Hunka (7° Per.) isadora.hunka@gmail.com Larissa Agnez (7° Per.) agnezlarissa@gmail.com Em uma das salas de uma faculdade particular de Vitó- ria toda segunda-feira, às 13 horas, cadeiras de estudantes são arrastadas para o final da sala e o espaço dá lugar a no- vas cadeiras, as de roda. Isso é sinal de que está começando mais um dia do projeto Ro- das e Piruetas. Desenvolvido por alunos, o intuito é ajudar crianças cadeirantes a evoluir cada vez mais as partes parali- sadas, não apenas por meio da fisioterapia, mas da brincadei- ra e da dança. Eduardo Grafanassi ou ‘Tio Edu’, é aluno de enfermagem e pioneiro no projeto. Ele conta que a iniciativa começou como um projeto de extensão. “O que a gente percebeu de cara, muito rápido, foi o desenvol- vimento das crianças”, afirma Eduardo. O carinho e o amor fi- cam impregnados no ambiente durante as aulas. O respeito é mútuo e a vontade de ajudar uns aos outros mais ainda. As aulas contam com alon- gamentos e exercícios dife- renciados, com muita música, uma bola enorme, muitos sor- risos, repetições e encoraja- mento. Logo em seguida, eles dançam, isso mesmo, dançam. Os voluntários conduzem as cadeiras, enquanto as crianças fazem a coreografia, que conta também com partes individu- ais fora delas. E por falar em cadeira, no projeto, as crianças aprendem que essas cadeiras são a exten- são do corpo delas. Tem a sen- sação de liberdade que podem proporcionar e não de limita- ção. Além disso, agora, exigem respeito com o que é deles. “Ela escolhe quem vai tocar a cadeira. Eu não posso colocar a bolsa na cadeira dela sem au- torização. Também não posso tocar sem pedir licença. É um barato”, revela Tatiane Grame- lih, mãe da Maria Vitória. O desenvolvimento após a entrada dos filhos no proje- to fica claro. As mães relatam que, hoje, as crianças não pre- cisam de ajuda para subir ou descer da cadeira, para ir até a cama e que são mais comuni- cativas. As mamães não acom- panham as aulas. Elas ficam juntas em uma área externa. Isso gera muito bate-papo, troca de experiências, aflições e confissões. Todas as mães abrem mão da vida pessoal em função dos filhos e o discurso é um só: de que vale a pena cada esforço. E os esforços, não são poucos. A batalha de cada uma se re- sume em ajudar aos filhos a se desenvolverem. Para elas ATO DE DOAR >>> O clima de alegria, encorajamento e esperança é constante nas aulas do projeto Isadora Hunka “Cabecinha boa de menino triste, de menino triste que so- fre sozinho, que sozinho sofre, e resiste. Que não teve nada, que não pediu nada, pelo medo de perder tudo”. Essa é uma passagem do poema “Criança” de Cecília Meireles que hoje retrata a realidade de milha- res de crianças e adolescentes brasileiros que sofreram com o abandono dos próprios pais em locais públicos ou em ins- tituições no momento em que nasceram. A psicóloga, Lidia Natalia Dobrianskyj Webe realizou um estudo sobre o abandono e ins- titucionalização de crianças no Brasil e identificou que o mo- tivo mais frequente, 64% dos casos, para o internamento foi classificado como maus-tratos em função de negligência por não cuidar da alimentação, saúde e deixar a criança sozi- nha em casa ou com estranhos. Ainda de acordo com o es- tudo realizado pela psicóloga, apesar da institucionalização de crianças ter surgido como uma tentativa de solucionar o problema de crianças e adoles- centes abandonados, esta ten- tativa mostra-se extremamen- te ineficaz no Brasil porque não ataca as verdadeiras cau- sas do problema como a misé- ria social, a carência de apoio socioeducativo, a ausência de prevenção em relação à violên- cia doméstica, entre outros. B., 16, foi encaminhado ao Projeto Social Dom Mauro, em Vila Velha, para se afastar da criminalidade do bairro onde mora. De segunda a sexta-fei- ra, o adolescente passa o perí- odo da tarde na associação e realiza atividades socioeduca- tivas. “Quando estou aqui, eu me sinto feliz. Gosto de vir e passar a tarde toda aqui. Além de me ajudar a não pensar bes- teiras, pois quando estou em casa e vejo minha mãe e meu padrasto brigando, eu fico mal. Já pensei várias vezes em ma- tar meu padrasto, mas conse- gui desviar os pensamentos ruins”, conta o adolescente. M., 11, conheceu o Projeto por recomendação da direto- ria da escola municipal em que estuda. “Moro com minha avó e meus irmãos. Minha mãe nos deixou com ela porque não ti- nha condição de nos criar. Mi- nha avó passa o dia fora traba- lhando. Ficar em casa sem ela é ruim, pois meus irmãos me batem quando brigamos. Eu prefiro ficar longe deles. No projeto eu me divirto, tenho minhas amigas e aprendo vá- rias coisas. Prefiro mil vezes ficar aqui”, explica M. Ivete Nunes é coordena- dora do projeto e conta que a maioria dos alunos na asso- ciação é encaminhado pelo Conselho Tutelar e apresen- tam rebeldia no início, mas logo começam a se envolver e participar das oficinas mos- trando-se pessoas dispostas a mudar. Ivete também explica que os problemas a serem en- frentados são muitos, pois não há estrutura familiar, muitos não possuem residência fixa e vivem a peregrinar na casa dos parentes. Dados do Unicef infor- mam que 45,6% das crianças do Brasil vivem em famílias de baixa-renda. “Eles não pos- suem referência ou alguém dentro de casa para se espe- lhar. Uma hora moram com a avó e de repente estão viven- do com uma tia ou na casa de algum conhecido. Isso me dei- xa comovida. É de partir o co- ração, pois convivo com eles. Eu acredito neles. O projeto ajuda a melhorar a situação dessas crianças, mas é neces- sário que os familiares se en- volvam e cooperem”, explicou a coordenadora. Projeto Por meio do lema “cui- dando da vida com amor”, o projeto Social Dom Mauro luta para resgatar crianças e adolescentes com idade entre 10 e 17 anos em situação de risco e vulnerabilidade social. Fundado em maio de 2007 pelos Padres das Obras Pas- sionistas São Paulo da Cruz, o projeto tem como proposta a formação cidadã, voltado à va- lorização da educação formal, respeitando o valor cultural, artístico e histórico. Para par- ticipar do projeto é necessário que o aluno esteja matriculado na escola. Atualmente, o projeto Abandono de crianças e adolescentes no Brasil >>> é um orgulho ver a evolução deles e como o projeto os faz sonhar. “É muito orgulho vê-lo progredir e não ficar esperan- do alguém fazer alguma coisa por ele em tão pouco tempo de projeto”, afirma Joelma, mãe do João. Ao final da aula, o João, 7 anos, relatou: “o ‘Tio Edu’ é osso”, rindo e se referindo ao alongamento que Eduardo fez naquele dia com ele. João ain- da declarou que ama o projeto. Atualmente, Eduardo desen- volve uma pesquisa científica para comprovar a efetividade do projeto. AJUDA >>> Projeto Dom Mauro atende crianças e adolescentes atende em média 60 crianças e adolescentes, oferecendo ofi- cinas de informática, inclusão digital, dança, ética e cidada- nia, taekwondo, educação físi- ca, acompanhamento escolar e pedagógico, além das oficinas lúdico-recreativas. O funciona- mento do projeto é das 13 às 17 horas. A iniciativa oferece ainda refeição complemen- tar no horário vespertino, das 14h30 às 15 horas, e também atendimento social, acompa- nhamento psicológico, visita domiciliar, oficina de grupo e frequentemente reunião de pais. A iniciativa visa melhorar a qualidade de vida dos parti- cipantes. >>> Larissa Agnez
  • 8. TENDÊNCIAS - Jornal-laboratório do curso de Jornalismo da Faesa - Vitória/ES8 >>> Março/Abril de 2017 Michel Lisboa (5° Per.) michellisboa@outlook.com Em uma tarde chuvosa, sentado no centro de um co- reto localizado na Praça de Maruipe, que fica em frente à Paroquia São José, Antônio da Silva Neto, carioca de nasci- mento, me concede uma entre- vista. Por hora enfermeiro, por hora sambista e, por vezes, es- tudante de jornalismo na Fae- sa. Tony Silvaneto, como gosta de ser chamado, é um homem de fala mansa e de sorriso fácil, conta um pouquinho da rica história de vida e se emociona- va ao expressar as muitas mar- cas positivas e algumas negati- vas que a vida lhe apresentou ao longo dos 52 anos. Tony tem a palavra fé como uma companheira constante na vida. Ele conta que a fé pri- mordial na vida das pessoas. Para ele a fé deve ser lembrada em quatro pilares: Fé em Deus, pois sustenta a tudo; fé na vida humana, pois os homens po- dem viver em comunhão; fé em si mesmo para resistir as adversidades; e fé na natureza para renovar as energias físi- cas, a esperança e as emoções. O estudante de jornalismo é de família pobre e teve uma infância difícil em Catumbi, bairro de classe média situa- do na cidade do Rio de Janei- ro. Ao lembrar-se da infân- cia, ao mesmo tempo em que expressava admiração pelas boas recordações, expressava também um pouco de tristeza ao recordar das dificuldades vividas naquela época. Aos dois anos de idade, Tony foi morar em Madureira com os pais, num lugar chamado Cam- pinho, onde foi viveu até com- pletar 13 anos. Tony sofria de asma na infância. Ele lembrou que diversas vezes quando ele saia para passear com os pais, tinha ataques de asma e tinha que correr para o pronto-so- corro mais próximo. Tony se irradiou ao lembrar >>> História de desafios e superações IDENTIDADES >>> Tony Silvaneto, 52 anos, se reinventa a cada etapa da vida. Apaixonado pelo Estado e pelo samba, o carioca é estudante de jornalismo da Faesa, enfermeiro e mestre-sala do carnaval do momento especial, em uma visita da escola, quando pisou no gramado do Maracanã pela primeira vez. E também de quando ela andava de trem, pois, de forma curiosa, o baru- lho emitido pelo trem o fazia lembrar de samba. Ser para- quedista? Foi o que Tony che- gou a imaginar em ser quando adulto, ao lembrar-se dos tem- pos em que ficava sentado em Marechal Hermes, assistindo os paraquedistas saltarem. Ao completar 13 anos, foi quan- do ele enfrentou o momento mais difícil da infância: largar o Rio de Janeiro. Tony foi viver no interior, na cidade de Santo Antônio de Pádua. Ao tocar no assunto adoles- cência, por coincidência, um trovão ecoou no céu. Ele lem- brou da liberdade que tinha no interior. Sorriu. Quando os pais saíam para trabalhar, ele pegava a bicicleta escondido, jogava por cima do muro e percorria o interior conhecen- do vários bairros vizinhos. Tony encheu os olhos para falar das boas amizades que conseguiu na adolescência, em especial, Danilo, filho de ára- bes e que tinha uma biblioteca dentro de casa. Feliz, lembrou que graças a Danilo criou afei- ção aos estudos. Uma marca negativa que ficou nessa época da vida de Tony foram os ba- te-bocas travados pelos fami- liares por causa de bens-mate- riais. Essa foi uma das razões para ele querer deixar o inte- rior do Rio de Janeiro. Policial Atuando por tantos anos como enfermeiro, ninguém imagina que Tony um dia foi Policial Militar. Sem saber qual carreira seguir e por questão de oportunidade, acabou fa- zendo um concurso para sol- dado e foi aprovado. Então, veio com o pai e a mãe morar em Vitória em 1984. Ele con- fessou que mesmo sendo po- licial militar, tinha em mente que queria fazer um curso superior. Quando completou 4 anos de vivencia em Vitória, prestou vestibular na UFES e foi aprovado. Tony acabou MUTIPLICIDADE >>> O estudante Tony Silvaneto participando da Procissão Fotográfica... o enfermeiro, o ex-policial e o sambista... optando pelo curso de enfer- magem e, como o curso fun- cionava em período integral, teve que abrir mão do curso de sargento da PM. Trabalhando como enfer- meiro, Tony disse ter visto muitas crianças doentes. Ra- diante, ele afirma ter ficado muito feliz em ajudar a salvar a vida dessas crianças e a fazer com que elas melhorassem. Ele relembrou que um dia foi uma criança muito doente e, por causa da asma, passou muito tempo da vida nos hos- pitais. Ajudar a aliviar a dor de uma criança sempre foi uma felicidade muito grande para o enfermeiro Tony. Ao pergun- tar sobre o filho, os olhos de Tony brilharam. Ele afirmou que o filho é uma semente. É a continuação do pensamento. Jornalismo Aos 50 anos, por causa da paixão pela fotografia e pelo audiovisual, Tony decidiu in- gressar no curso de jornalis- mo da Faesa. O desejo dele é escrever e registrar em vídeos e fotos os lugares, as pessoas, os costumes, as culturas. Ele sonha em imortalizar a cada registro o samba. “Acredito que apreendemos com as his- tórias das outras pessoas. A gente aprende a viver melhor”. Ao questionar qual mensa- gem ele deixaria para os jo- vens, Tony me deixou claro que respeitar as pessoas é fun- damental. Procurar ouvir por- que é muito importante. Ele lembrou que todos os erros que cometeu na vida acontece- ram porque ele não escutou os pais. “Não sei o dia de amanhã. Deus é quem sabe. Creio que tenho uma missão a cumprir ainda dentro do aspecto reli- gioso. Mas a gente vai fazendo com fé. A história ainda não acabou, está sendo escrita. Aliás, nunca imaginei vir aqui para Vitória, nunca projetei na minha vida. E estou aqui, cur- sando jornalismo, justamente para defender a cultura capi- xaba, que é bacana e que pre- cisa de incentivo. Precisamos incentivar o capixaba amar a cultura, o turismo, o Estado”. PERFIL Mônica OliveiraMônica Oliveira Tony Silvaneto é apaixo- nado pelo carnaval e se tornou mestre-sala por acaso, apesar do samba já vir do sangue, he- rança herdada do pai e dos tem- pos de criança em que frequen- tava o carnaval. Uma amiga o viu sambando e percebeu que ele “bailava” com estilo. Fez um convite e a partir desse dia co- meçou a história do mestre-sala no samba capixaba. Tony che- gou a ganhar troféu de melhor mestre-sala no carnaval capi- xaba. O samba funcionou e tem funcionado como uma terapia para Tony após a morte do pai, dos problemas com a família e da separação da esposa. Com um olhar triste, ele considera esses os momentos mais difí- ceis e tristes da vida. O samba, então, veio para dar um novo sentido para a vida dele. Tony é mestre-sala há 10 anos e já desfilou pelas escolas: Pega no Samba, Novo Império, Andaraí, Imperatriz do Forte, Jucutuqua- ra, Chega Mais, Rosa de Ouro e Barreiros. Mestre-sala do carnaval Michelli Angeli ZaneteDadalto Arquivo pessoal >>> Arquivo pessoal