Quadro histórico do PSB baiano joga a toalha e denuncia postura imperial de Lídice e Leonelli
1. JanioLopo.com.br
POLÍTICA - Quadro histórico do PSB baiano joga a toalha, sai do partido e denuncia
postura imperial de Lídice e Leonelli I.
O PSB baiano acaba de perder parcela do partido ideologicamente mais afinada com o
socialismo em sua essência. Eles jogaram a toalha depois de sucessivas tentativas de
diálogo e de entendimento com a cúpula da legenda controlada a mão de ferro pela
deputada Lídice da Mata e pelo secretário estadual de Turismo, Domingos Leonelli. Um
dos expoentes do grupo, que deixa o PSB, mas não abandonará a política, Elísio
Santana, ex-candidato a deputado estadual, enterra em cova funda 20 anos de filiação à
sigla e explica, em entrevista exclusiva a este site, o que o levou, junto com seus
companheiros, a procurar novas alternativas de atuação no campo político.
Elísio é ativista político desde 1974, fundador da Ala Jovem do então MDB e membro
do Partido Comunista Brasileiro, naquela época. Dirigente Sindical da Petrobrás foi
fundador da CUT Brasil e CUT Bahia, sendo membro eleito do seu do 1º Conselho de
coordenação política. Secretário de Expansão Econômica de Vitória da Conquista
durante o governo Pedral e subsecretário de Transportes e Comunicações no Governo
Waldir Pires. Desde 1991, encontra-se na iniciativa privada. Fundou o PSB em Vitória
da Conquista em 1989. Encabeçou a chapa que enfrentaria Lídice da Mata e Domingos
Leonelli no Congresso Estadual, a qual não chegou a ser inscrita por indícios
denunciados de fraude. Registrou individualmente o pedido de não validade do
Congresso Estadual de 2008, na Direção Nacional do PSB, sendo posteriormente
subscrito por 367 Dirigentes e militantes do PSB no estado da Bahia. Leia os principais
trechos da entrevista exclusiva concedida a este site.
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postura imperial de Lídice e Leonelli II.
Site Janio Lopo - Por que vocês resolveram romper com o PSB?
Elísio Santana - Chegamos a conclusão que o PSB da Bahia optou por ser uma
agremiação pequena e fraca, de propriedade da dupla Lídice/Leonelli. Isto facilita a vida
deles na hora da ocupação de cargos, distribuição de benesses e aproximação com o
poder na Bahia.
Site - Se eles estão há mais de uma década no poder, por que somente agora vocês
resolveram romper?
Elísio Santana - Sou filiado no PSB há vinte anos. Em 2006 aceitei sair candidato a
deputado estadual visando o nucleamento e fortalecimento do partido. Nossa política
estava voltada para a aglutinação de importantes quadros até então desmotivados da
militância e agregando novos companheiros. Após esta eleição parte deles passaram a
criticar a democracia interna do partido, fechada, exclusivista, voltada para os interesses
imperiais da dupla Lídice/Leonelli. Um partido socialista, argumentavam, tem que ser
um partido aberto a discussão, com espaços para divergências pontuais, de vida ativa e
participativa, o que não ocorre no PSB-Bahia. Em setembro de 2007 tivemos uma longa
reunião com a direção nacional do PSB, oportunidade em que fomos estimulados a
2. permanecer na legenda. Eles viam com enorme preocupação o péssimo desempenho
eleitoral do partido no estado, terceiro colégio eleitoral do país. Lembraram que o
partido ficou por dois períodos sem um mandato federal e por tudo isto a presença do
nosso grupo era vista como uma possibilidade de oxigenação. Éramos uma quot;luz no fim
do túnelquot;. Em função deste estímulo sentimo-nos motivados a disputar o congresso
estadual do partido.
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postura imperial de Lídice e Leonelli III.
Site - Como vocês se saíram nesta eleição?
Elísio Santana - Após esta conversa decidimos nos organizar e disputar o congresso.
Juntamos nossas forças e partimos para a organização real do PSB em cada município
onde tínhamos companheiros. Este esforço nos cacifou para nossa participação com o
apoio de 49 diretórios municipais, naquele momento eu encabeçava a chapa. Sabíamos
da impossibilidade de vencer, mas acreditávamos que aquele seria o momento de grande
riqueza para o fortalecimento do partido, porque acreditamos que um partido socialista
precisa aprofundar sua discussão sobre todas as teses levantadas, inclusive, as
divergentes. Esta situação seria tão inusitada que cheguei a registrar para a deputada
Lídice da Mata, em uma conversa pessoal em Brasília, que seria um congresso
previsível quanto ao seu resultado, porque o grupo dela e de Leonelli sabia que sairiam
vitoriosos e nós também tínhamos esta consciência.
Site - O que ocorreu neste congresso?
Elísio Santana - Um boicote total e irresponsável. Informações foram negadas
impedindo nossa participação. Preventivamente procuramos a direção nacional pedindo
informações sobre quais os municípios aptos a eleger delegados ao congresso. Mesmo
assim continuamos a insistir para que Lídice através de seu Primeiro Secretário Edézio
Lima, nos fornecesse as bases nas quais estavam montados o processo de votação. Para
nossa surpresa, no dia 15 de maio de 2008, às 14:14hs, antevéspera do congresso,
menos de 48 horas do pleito, foi-nos fornecido a lista dos municípios aptos a participar
da votação. Constatamos uma total discrepância entre a lista do partido e a do diretório
nacional. Para não entrarmos em maiores detalhes, havia 75 municípios relacionados na
lista da Bahia que não existiam para o nacional. Outro absurdo é que eles relacionaram
36 municípios em que o PSB não tinha sequer um filiado. Uma falsificação grosseira,
um desrespeito a democracia interna do partido.
Site - Vocês não perceberam que esta montagem estava em curso?
Elísio Santana - Olhe. Ocorreu um fato decisivo para aumentar a insegurança deles. Foi
a escolha dos delegados para o congresso estadual em Salvador. Nem o mais otimista
acreditava em uma vitória do nosso grupo, o que de fato ocorreu de forma acachapante.
Foram derrotados dentro do próprio terreiro. Isto resultou em certo desespero e
transformou-se em uma paranóia para eles.
Site - Onde entra Paulo Mascarenhas nisto?
Elísio Santana - Paulo é um velho amigo nosso. Foi candidato à reeleição a presidência
do PSB de Salvador em 2007. Na época tínhamos uma chapa encabeçada por Gustavo
Ferraz. Na oportunidade ocorreu um distúrbio gerado por uma jovem liderança ligada
3. historicamente a Lídice e Celsinho Cotrim. Reunimo-nos com Mascarenhas e formamos
uma chapa com ele na presidência. Fizemos uma única exigência para o acordo: que ele
fosse o presidente de todo o partido e não apenas da dupla Lídice/Leonelli, aceitar essa
exigência foi talvez o pecado maior de Paulo frente a eles. A partir daí ele foi
quot;demonizadoquot; pelo grupo. É importante lembrar que ele era um representante
autorizado pela dupla para estabelecer uma negociação conosco.
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postura imperial de Lídice e Leonelli IV.
Site - No que resultou isto?
Elísio Santana - Foi a montagem de uma chapa única com a participação de nosso
grupo. Ficamos com posições importantes, ainda que em minoria. Com a participação
de Paulo passamos a dar vida ao partido. Passamos a ter reuniões periódicas
devidamente registradas em ata. O PSB na Bahia é um partido sem história oficial. Não
existem atas ou quaisquer outros documentos da gestão Lídice/Leonelli em todos estes
anos. Isto criou um mal estar na cabeça dos quot;donos do partidoquot;. Desde então a direção
do partido em Salvador passou a ser vista como um elemento de perturbação.
Site - Como vocês se posicionaram no último processo eleitoral?
Elísio Santana - Este foi o momento decisivo para nossa tomada de posição.
Constatamos que a política do PSB da Bahia atende apenas aos interesses pessoais de
Lídice/Leonelli, mesmo quando ela traz contradições insuperáveis e mostram a
impossibilidade de se construir um PSB verdadeiro e coerente com seus princípios
socialistas. Para não citarmos um conjunto grande destas contradições vamos ficar
apenas na situação de alguns municípios importantes do estado. Em Paulo Afonso
perdemos a reeleição de Raimundo Caires, um dos únicos prefeitos eleitos militante do
PSB, por absoluta falta de firmeza da direção estadual. Em Ilhéus, vencemos a eleição
exclusivamente porque o partido resistiu a tentativa de Leonelli de entregar,
subservientemente, a cabeça da chapa ao PT local - assunto nunca devidamente
esclarecido para nós - fato que acabou acontecendo em Salvador, onde a candidata do
nosso partido, mesmo estando na frente em todas as pesquisas, acabou entregando,
estranhamente, a cabeça de chapa ao PT. Na Região Metropolitana Jeane Morais -
candidata a prefeita de Dias D´avila - , valorosa militante e primeira suplente de
deputado federal do partido sofreu um enorme massacre, inclusive por parte do governo
Wagner, e mais uma vez a direção do partido afrouxou na sua defesa.
Site - Isto foi a gota d´água para o rompimento?
Elísio Santana - Não. Foi a dissolução do Diretório Municipal de Salvador, legalmente
eleito, numa manobra sórdida. Reuniram seis, dos nove membros da executiva
provisória estadual, para quot;aceitarquot; uma renúncia de membros do diretório municipal. O
mais imoral é que formaram uma executiva provisória com os mesmos que tinham
renunciado, todos eles subordinados da dupla Lídice/Leonelli. Mais ainda. Passados 60
dias nenhum dos membros destituídos recebeu qualquer comunicação, formal ou
informal, de que tinham sido quot;destituídosquot;, a não ser pela imprensa. Por tudo isto
consideramos esgotadas as nossas possibilidades de convivência com o grupo imperial
4. que demonstra não ter interesse no crescimento real e na democratização do PSB da
Bahia.