O documento resume as articulações políticas entre o PSB e o PSDB visando às eleições presidenciais de 2014. O PSB e o PSDB estão trabalhando para ter palanques duplos em Minas Gerais, São Paulo e Pernambuco, com o objetivo de fortalecer as candidaturas de Eduardo Campos e Aécio Neves. Além disso, o PSB trocou o comando do diretório do partido em Minas Gerais, entregando-o a um deputado mais alinhado com Aécio Neves.
Mapa de circulação proibição de giros rua 13 de maio e rua dos palmares
Globo
1. Quinta-feira 25.7.2013 2ª Edição O GLOBO l 3
País
CAMPANHAANTECIPADA_
PSB e tucanos se articulam
Primeiro passo é palanque duplo em Minas para garantir espaço a Eduardo Campos e a Aécio
AILTON DE FREITAS/13-3-2013
Bastidores. Campos e Aécio trocaram peças nos comandos do PSB e do PSDB em Minas para fortalecer suas candidaturas na provável disputa com Dilma em 2014
-BRASÍLIA- De olho nos 15,1 milhões de eleitores
do segundo maior colégio eleitoral do país, Mi-
nas Gerais, os presidenciáveis Aécio Neves
(PSDB) e Eduardo Campos (PSB) deram passos
importantes esta semana para acertar palan-
ques duplos no estado, como forma de fortale-
cer suas prováveis candidaturas na disputa com
a presidente Dilma Rousseff ano que vem. Estão
articulando também repetir a fórmula em Per-
nambuco e São Paulo, maior colégio eleitoral,
com 31 milhões de eleitores. A ideia é ter candi-
datos diferentes aos governos estaduais, onde
for possível, ou fazer alianças em torno de um
nome, mas dividindo o palanque para os dois
presidenciáveis. Assim, acreditam, poderão iso-
lar candidatos governistas, com prejuízo para os
palanques da presidente Dilma.
De um lado, em Minas, Eduardo Campos ti-
rou do dilmista Walfrido Mares Guia o comando
do diretório do PSB no estado e o entregou para
o deputado Júlio Delgado, que veste a camisa da
candidatura própria e tem ligações com Aécio.
Do outro, o pré-candidato tucano mandou de
volta para Minas o ex-ministro Pimenta da Vei-
ga para coordenar sua campanha no estado e
para criar uma alternativa de nome para a su-
cessão do governador Antonio Anastasia.
Júlio Delgado diz que, com a ausência de lide-
ranças fortes em alguns estados, o PSB não des-
carta a possibilidade de apoiar candidatos de ou-
tro partido. Em Minas e São Paulo, onde o PSDB é
forte, diz, os dois partidos podem dividir o mes-
mo palanque: quem não quiser votar em Aécio
vota em Eduardo, diz Delgado. O mesmo está
sendo trabalhado em Pernambuco e outros esta-
dos do Nordeste. E quem for para o segundo tur-
no, afirma, tem o apoio de quem ficar para trás.
— Estamos trabalhando para ter palanque du-
plo em Minas, São Paulo e Pernambuco, por en-
(PSB), que se elegeu com o apoio de Aécio, é o
nome de Eduardo Campos para o governo.
Mas Marcio resiste, porque, além das boas re-
lações com Aécio e Campos, tem ligações tam-
bém com o ministro da Indústria e Comércio,
Fernando Pimentel, o candidato petista.
Nessa negociação entre os dois partidos, exis-
tem outras alternativas em discussão para a su-
cessão de Anastasia: o deputado Marcus Pestana,
presidente do PSDB mineiro; o vice de Anastasia,
Alberto Pinto Coelho (PP); e o presidente da As-
sembléia Legislativa, Diniz Pinheiro, do PSDB.
SOCIALISTAS À ESPERA DE CID E CIRO
O palanque duplo não está descartado nem no
Ceará, onde o ex-senador tucano Tasso Jereissati
aparece em nova pesquisa do Ibope liderando a
disputapelogovernodoestado,com45%emdeter-
minados cenários, enquanto o candidato do gover-
nador Cid Gomes, o ministro dos Portos, Leônidas
Cristino, aparece com 4% — Cid continua defen-
dendo a reeleição de Dilma. O eventual palanque
de Tasso, no entanto, poderia servir tanto a Aécio
quanto a Eduardo Campos, no primeiro turno.
Resolvido o problema de Minas, o secretário-ge-
ral do PSB, Carlos Siqueira, diz que a única situa-
ção pendente agora é o diretório do PSB do Ceará:
— O Cid e o Ciro têm dado declarações contra-
ditórias. Uma hora apoiam a candidatura de Edu-
ardo, outra hora dão marcha a ré. Estamos tendo
uma tolerância, porque todo mundo tem direito a
ter opinião. Mas, quando o partido decidir por
ampla maioria, eles terão que acompanhar.
O diretório do PSB do Amapá, do governador
Camilo Capiberibe, que também deu declara-
ções de apoio à reeleição de Dilma, já estaria
pacificado. Também o diretório do Espírito San-
to, do governador Renato Casagrande, é conta-
bilizado como pró-Eduardo, apesar das decla-
rações do presidente do PT, Rui Falcão, de que o
governador socialista tinha se comprometido
em manter neutralidade. l
quanto. Minha ascensão à presidência do PSB em
Minas abre a possibilidade de isso acontecer aqui.
Essa máxima do palanque duplo deve valer para
essesoutrosdoiscolégioseleitoraisimportantes.O
Eduardo está sintonizado e buscando possibilida-
de de palanques. Ao fazer esse movimento em Mi-
nas,eledeixaclaroqueestábuscandoalternativas,
sabe que Minas é fundamental para seu projeto e
queAéciotemahegemoniaaqui,maseletambém
querterseuespaçozinho—dizDelgado.—Asitu-
ação andou um pouco esta semana, com minha
condução à presidência do diretório de Minas.
Agora tenho a tarefa de conduzir para andar o res-
to. Antes, os protagonistas eram Aécio e Anastasia.
Agora, os protagonistas são outros. E o PSB e o
PSDB vão trabalhar em consonância em busca de
um projeto nacional.
Ex-prefeito de Belo Horizonte e ex-ministro das
Comunicações do governo Fernando Henrique
Cardoso,PimentadaVeiga—comoTassoJereissa-
ti — vem tendo papel ativo no novo comando do
PSDB nacional, no projeto “Aécio Presidente”. Pi-
menta está fechando seu escritório de advocacia
em Brasília e voltando para Belo Horizonte a fim
de coordenar a campanha presidencial no estado.
—AécioprecisaterumavotaçãoforteemMinas,
mas não pode ficar só aqui. Eu vou rodar o estado,
cuidar das alianças, para que ele fique mais libera-
do para rodar o país — diz Pimenta da Veiga.
Sobre a mudança do comando no PSB mi-
neiro, Pimenta afirma que gostou da escolha
de Júlio Delgado — filho de Tarcísio Delgado,
peemedebista histórico de sua geração, tam-
bém identificado com Aécio.
— Esse movimento no PSB não está desagra-
dando nada! — admitiu Pimenta.
— O Pimenta fez política junto com o meu pai
e sabe que minha ida para a direção do PSB de
Minas é boa para o projeto dos dois: do Aécio e
do Eduardo — concorda Júlio Delgado.
Com o enquadramento do PSB de Minas, o
prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda
MARIA LIMA
marlima@bsb.oglobo.com.br
Governador do Rio teve a pior
avaliação entre 11 chefes de
Executivo estadual
Alvo de sucessivos protestos, o governa-
dor do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral
(PMDB), foi o mais mal avaliado entre 11
chefes de Executivo estadual pesquisa-
dos este mês pelo Ibope para a Confede-
ração Nacional da Indústria (CNI). O le-
vantamento será divulgado hoje, mas foi
adiantado ontem, com exclusividade,
pelo Blog do Noblat. Já o governador de
Pernambuco e pré-candidato à Presi-
dência da República, Eduardo Campos
(PSB), foi o mais bem avaliado.
Apenas 19% dos cariocas entrevista-
dos consideram o governo Cabral óti-
mo ou bom. O Ibope ouviu oito mil pes-
soas para aferir o desempenho dos go-
vernos dos 11 principais estados.
Após o início da onda de protestos nas
ruas do país, o Datafolha também já ha-
via verificado grande queda na populari-
dade de Cabral. Em 1º de julho, o institu-
to indicou a perda de confiança do elei-
torado fluminense: o governador des-
pencou 30 pontos. Sua aprovação, que já
foi de 55%, chegou a 25%.
O desgaste de Cabral aumentou ain-
da mais após a revelação de que o pee-
medebista utiliza o helicóptero do esta-
do para transportar a família, babás e o
cachorro até Mangaratiba, na Costa
Verde, onde tem uma mansão.
Nesta nova pesquisa Ibope, 58% dos
entrevistados avaliaram o governo de
Eduardo Campos, em Pernambuco, co-
mo ótimo ou bom.
De acordo com o colunista do GLO-
BO, os governadores do Rio Grande do
Sul, Tarso Genro (PT), e de Goiás, Mar-
coni Perillo (PSDB), aparecem muito
mal na pesquisa.
Já a aprovação do governo Dilma Rous-
seff, que antes do início das manifestações
era de 55%, segundo o CNI/Ibope, conti-
nua caindo. Em junho último, 13% avalia-
vam o governo de Dilma como ruim ou
péssimo. Agora, algo próximo de 30%.
A média de ótimo e bom das adminis-
trações de 11 estados ficou em 35%.
Segundo a pesquisa Datafolha divul-
gada no início do mês, a popularidade
do governador de São Paulo, Geraldo
Alckmin (PSDB), também teve queda.
Se antes dos protestos, 52% dos entre-
vistados achavam seu governo ótimo
ou bom, esse número passou para 38%.
No mesmo levantamento, os prefeitos
do Rio, Eduardo Paes (PMDB), e de São
Paulo, Fernando Haddad (PT), também
tiveramosseusprestígiosabaladosjunto
à população. Paes teve queda de 20 pon-
tos: dos 50% dos entrevistados que acha-
vam sua gestão ótima ou boa, sobraram
apenas 30% um mês depois. Já Haddad
caiu 16 pontos, e seu índice de populari-
dade chegou a 18%. l
Só 19% aprovam
governo Cabral,
segundo Ibope
Na festa dos 10 anos do PT no
poder, ex-presidente pede que
partido se una pela reeleição
MARGARIDA NEIDE/AGÊNCIA A TARDE
Salvador. Lula e Dilma durante festa dos 10 anos do PT no governo: a favor da reforma
-SALVADOR- A presidente Dilma Rousseff e
o seu antecessor, Luiz Inácio Lula da
Silva, foram recebidos em Salvador, on-
tem, com manifestações de médicos,
integrantes do Movimento Passe Livre
(MPL), pescadores e marisqueiros. Os
petistas participam de seminário que
celebra uma década de governo do par-
tido, no Hotel Othon. Militantes petis-
tas foram hostilizados. Um rapaz segu-
rava o cartaz “PT nunca mais”.
O protesto do MPL tinha como meta a
redução imediata da tarifa, em Salvador,
deR$2,70paraR$2,50,alémdemelhorias
namobilidadeurbanaedechamaraaten-
ção de Dilma para questões de responsa-
bilidade do governo federal. Já os médicos
carregavam cartazes contra a importação
de médicos sem passarem pelo Revalida.
No evento, Dilma e Lula insistiram na
necessidade de promover o mais rapi-
damente possível mudanças como a
implantação do financiamento público
de campanhas. Segundo eles, é uma
forma de atender à voz das ruas e com-
bater a corrupção. Lula foi o mais enfá-
tico, exortando o PT a fazer mea-culpa
de práticas comuns a todos os partidos:
—TemdeputadodoPTquetransforma
seu gabinete numa instância partidária.
Nóssabemosdisso,eéumacoisaquede-
vemos consertar, porque nós não nasce-
mos para ser igual aos outros — disse ele,
para delírio dos cerca de 800 militantes e
integrantes de sindicatos e movimentos
sociais convidados para a festa.
Representantes de outros partidos,
para os quais Lula pareceu dirigir seus
ataques, estavam no palco. Dizendo
não ser “moralista”, Lula afirmou que é
preciso “respeitar as pessoas” que acre-
ditam no PT e que “não querem salário
para fazer campanha” e provocou:
— Qual é a diferença de muitos candi-
datos nossos para os dos outros partidos?
Muitas vezes o comportamento é igual. É
por isso que sou defensor do financia-
mento público.
Tambémpediuquetodosseunampela
reeleição de Dilma e disse que ela deve se
preparar para os ataques da oposição, na
qual colocou a “grande mídia”.
Dilma repetiu os cinco pactos que
propôs para dar uma resposta às mani-
festações de rua. Alegou que reforçou
suas convicções sobre as propostas de-
pois de receber vários segmentos da so-
ciedade.
— Tenho segurança que esses cinco
pactos são indispensáveis para o Brasil
— declarou ela, destacando que o PT
tem a obrigação de liderar o processo re-
forma política, para torná-la melhor.
(*Especial para O GLOBO) l
Dilma e Lula enfrentam protestos em Salvador
BIAGGIO TALENTO*
opais@oglobo.com.br
Product: OGlobo PubDate: 25-07-2013 Zone: Nacional Edition: 2 Page: PAGINA_C User: Asimon Time: 07-24-2013 23:49 Color: CMYK