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GESTAÇÃO E SEXUALIDADE: REVISÃO DA LITERATURA1
Melissa Rodrigues de Lara2
Kelly Fernanda Rodrigues3
Vanessa Santana da Costa4
RESUMO
A sexualidade na gravidez envolve vários aspectos, como por exemplo, a vida
social, econômica, psicológica, cultural e religiosa do casal. No período da
gestação, o comum é que o desejo sexual do casal diminua devido às
transformações físicas e psicológicas pela a qual a mulher passa. Dependendo das
condições psicológicas que a mulher apresenta durante a gravidez, o sentimento
presente pode ser de satisfação ou de carência. O objetivo deste estudo é avaliar a
percepção da gestante sobre a sexualidade, identificando as repercussões da
gravidez na sexualidade da mulher. Trata-se de uma pesquisa de caráter
bibliográfico através de artigos científicos localizados na base de dados eletrônicos –
Literatura Latino-Americana en Ciencias de la Salud (LILACS) e Scientific Eletronic
Library Online (SciELO), livros, monografias, dissertações e artigos da internet.
Foram utilizados nesta pesquisa dados científicos que possuíam relação com o tema
em questão. Este estudo mostrou que a atividade sexual no período de gravidez, o
estado físico e psicológico da gestante, bem como a qualidade da relação marital,
parecem exercer um efeito primordial e efetivo no comportamento e sentimentos
relativos à sexualidade neste período. Pois o casal passa por diversas
transformações e estas podem gerar aspectos positivos e negativos no que diz
respeito ao desejo sexual.
Palavras-chave: Sexualidade. Gravidez. Transtorno do desejo sexual hipoativo.
ABSTRACT
Sexuality in pregnancy involves several aspects, for example, religious social,
economic, psychological, cultural and family. During pregnancy, it is common that the
couple's sexual desire decreases due to physical and psychological transformations
by which a woman goes. Depending on the psychological conditions that a woman
has during pregnancy, this feeling can be satisfied or grace. The objective of this
study is to evaluate the perception of pregnant women about sexuality, identifying the
impact of pregnancy on women's sexuality. This is a bibliographical research through
scientific articles located at the base of electronic data - Latin American Literature en
1
Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso ao Curso de Mba Enfermagem em
Obstetricia – Turma II – Sorocaba – SP da Faculdade de Ensino Superior Santa Bárbara para
obtenção do Título de Especialista.
2
Mestre e professora orientadora do Curso de. de Mba Enfermagem em Obstetricia - Turma II –
Sorocaba – SP da Faculdade de Ensino Superior Santa Bárbara
3
Enfermeira, Discente do Curso de Mba Enfermagem em Obstetricia – Turma II – Sorocaba.
4
Enfermeira, Discente do Curso Mba Enfermagem em Obstetricia – Turma II – Sorocaba.
Ciencias de la Salud ( LILACS ) and Scientific Electronic Library Online (SciELO),
books, monographs, dissertations and articles from the internet. Scientific data that
had relation to the subject in question were used in this research. This study showed
that sexual activity during pregnancy, physical and psychological state of pregnant
women, as well as the quality of the marital relationship, seem to play a major and
effective effect on behavior and feelings related to sexuality in this period. For the
couple undergoes several transformations and these can generate positive and
negative aspects with regard to sexual desire.
Keywords: Sexuality. Pregnancy. Hypoactive sexual desire disorder.
1 INTRODUÇÃO
A atividade sexual humana também envolve uma atividade física ou exercício
físico, pois requer o recrutamento de determinados grupos musculares em
intensidade e duração diversas e, durante a gestação, esta também requer
adaptações. (SACAMORI, 2009).
A gravidez marca um processo de intensas transformações na vida da mulher
em sua preparação para a maternidade. A gravidez altera o seu senso físico, e exige
uma reorganização de vários aspectos de sua identidade, como a relação com o seu
corpo, com o pai da criança e com o seu plano de vida. A necessidade de vivenciar
adequadamente esse novo momento da vida exige adaptações constantes que
podem gerar conflitos, medos, angústias, alternados com momentos de satisfação,
alegria e prazer. (VIDO, 2006; GOMES, 2009).
A gravidez é um período complexo de alterações fisiológicas e psicológicas
com impacto na mulher e na família. As alterações físicas que a mulher experimenta
e a necessidade de adaptação ao futuro papel parental atua como fatores de
ansiedade em relação ao decurso da gravidez e à sua capacidade como futuras
mães. Estes fatores contribuem para que a gravidez exerça uma influência
importante na sexualidade feminina verificando-se que ocorrem importantes
alterações nas atitudes perante a sexualidade por receio de prejudicar a gravidez ou
o bebê. A vivência da sexualidade é ainda influenciada por fatores culturais,
educacionais e individuais, dependentes de experiências prévias e da qualidade da
relação marital. (MARTINS et al, 2007).
A gravidez pode ser entendida como uma fase de crise, que requer uma
resposta adaptativa de todos os envolvidos neste processo. O período gestacional
exige novas maneiras de equilíbrio diante das alterações que existe nesta fase. Tais
alterações associam-se aos ritmos metabólicos e hormonais e ao processo de
integração a outra imagem corporal, interferindo tanto no aspecto físico, quanto no
emocional. E assim, uma das principais dimensões acometida é a sexualidade
(ARAÚJO et al, 2012).
A gravidez repercute nos aspectos: social, econômico, emocional e sexual do
casal. A sexualidade na gravidez ainda envolve tabus. Sendo a gravidez um
processo fisiológico, a mulher não precisa se abster de sua atividade sexual, a não
ser quando essa gestação está correndo risco por algum outro fator presente, bem
como o exercício de sua sexualidade vai além do ato sexual. (ORIÁ, ALVES e
SILVA, 2004).
O período de gravidez e pós-parto é caracterizado por mudanças biológicas,
psicológicas, relacionais e sociais intensas, que podem ter uma influência direta e
indireta na vivência da sexualidade. Este período é uma fase de transição, que
implica novos equilíbrios e adaptações, é também um momento particularmente
propício a uma nova integração da sexualidade (SILVA e FIGUEIREDO, 2005).
2 A SEXUALIDADE HUMANA
Atualmente, a sociedade vive um momento em que as informações
relacionadas à sexualidade estão cada vez mais existentes estimulando uma maior
participação no prazer sexual. A vida sexual no período da gravidez vai muito além
do genital, pois envolve comprometimento e aceitação do outro, com benefícios de
grande significância para os dois. O sexo e a sexualidade podem e devem
manifestar o erotismo na mulher, mesmo grávida, fazendo com que ela possa
continuar se sentindo sexualmente desejada, mesmo com as alterações presentes
em seu corpo nesse processo que a tornará mãe. (CAMACHO, VARGENS e
PROGIANTI, 2010).
Contudo, a realização de estudos acerca do tema proposto se justifica em
face da importância de obtenção de matéria que proponham debates elucidatórios e
que possam fornecer conteúdo para o melhor conhecimento do assunto. Diante
deste contexto, o objetivo desse estudo é realizar uma revisão de literatura científica
sobre a sexualidade durante a gravidez procurando especificamente descrever as
alterações fisiológicas da gestante e o impacto que estas causam na sexualidade no
período gravídico. Como metodologia de trabalho, optou-se por uma pesquisa
exploratória de caráter bibliográfico, sendo que o estudo em questão apresentará
uma trajetória bibliográfica a ser percorrida e se apoiará nas leituras exploratórias e
seletivas do material de pesquisa, contribuindo para o processo de síntese e análise
de vários estudos. Contudo, para Figueiredo (2008), a pesquisa exploratória tem o
intuito de tornar o problema mais explícito e seu principal objetivo é o aprimoramento
de ideias ou descoberta de intuições.
Foram utilizados para esta pesquisa, artigos científicos, livros, monografias,
dissertações e artigos da internet que retratam na literatura nacional e internacional
a sexualidade da mulher no período gestacional. Dos estudos verificados nas bases
de dados pesquisadas da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Biblioteca Virtual de
Saúde – Ministerio da Saúde (BVS-MS), foram selecionados somente os que
possuíam compatibilidade com o tema em questão. A principal trajetória do
levantamento bibliográfico realizou-se a partir de consultas a BIREME, Literatura
Latino-Americana en Ciencias de la Salud (LILACS) e Scientific Eletronic Library
Online (SciELO), respeitando-se o lapso temporal de 10 anos, utilizando-se de
referências publicadas no período de 2004 a 2014.
Historicamente, o homem sobrevivia da caça, de coleta de frutos e raízes.
Para sua organização viviam em grupos isolados, e isso também ocorria para na
caça de animais de grande porte. Assim, iniciou-se a formação de uma sociedade. A
sociedade primitiva apreciava e valorizava de maneira muito significativa a figura
feminina, o culto à fertilidade da mulher e a sexualidade, sendo que estas
características eram envolvidas em uma significação mítica sendo a mulher
considerada como sagrada e divina. (SANTIAGO, 2012).
Com o surgimento de um novo modelo social, onde os papéis de homens e
mulheres tornaram-se diferenciados, as identidades sexuais também foram sendo
delimitadas e confundidas em seu espaço de ação e de interação. A sexualidade
ficou, consequentemente, restrita ao âmbito do privado, passando a ser tratada
como assunto do contexto individual, negando-se sua inter-relação com aspectos
relativos ao seu exercício mais amplo na sociedade. Importante salientar que os
mecanismos biológicos relativos à reprodução não eram conhecidos e acreditava-se
que esse atributo estava intrinsecamente relacionado às mulheres. (LOBO, 2005).
Para Sacamori (2009) o comportamento do ser humano é determinado pela
interação de dois componentes básicos: a natureza (biológico) e a cultura. Toda
cultura depende de símbolos, os quais podem ter significados específicos, sendo
que é essa capacidade de criar símbolos que diferencia o comportamento humano
do animal.
A sexualidade não é limitada a comportamentos ou práticas sexuais.
Estudiosos ampliam a análise dos aspectos culturais, das dimensões políticas e
sociais que envolvem a sexualidade, desvinculando a da reprodução biológica da
espécie. Enfatiza-se duas teorias sobre a sexualidade: o essencialismo e o
construtivismo social. A teoria essencialista refere que a sexualidade possui
aspectos inatos ou naturais e a considera imutável, engessando-a na ordem
biológica. Homens e mulheres são providos de atributos diferentes em virtude de
suas características anatomofisiológicas. Já, o construtivismo social é constituído de
abordagens que problematizam a universalidade dos instintos sexuais. Nesse caso,
a orientação, os sentidos e a noção de experiência ou de comportamento sexuais
não são passíveis de generalizações. (ZUCCO e MINAYO, 2009).
Ainda, segundo Zucco e Minayo (2009) a teoria construtivista associa a
sexualidade à ordem da cultura, sugerindo a produção de explicações específicas
sobre o tema, relacionadas ou não à reprodução. Na Idade Moderna por volta do
século XIV, fica explícito o desenvolvimento da família e a desvalorização da figura
feminina no lar. A função reprodutiva do homem começa a possuir papel importante,
sendo questionado o seu lugar neste “milagre da geração da vida". As mulheres
tornam-se apenas receptoras onde as "sementes da vida" seriam depositadas,
possuindo um espaço mais delimitado, com menos direitos e menor autonomia na
relação. A era da modernidade fez com que alguns desses aspectos e tabus
relacionados à sexualidade tenham mudado, mas muitos ainda insistem em
permanecer no imaginário e nas representações sociais que são passadas de
geração á geração. (SANTIAGO, 2012).
2.1 Sexualidade na Gravidez
A gestação faz parte de um dos aspectos naturais do desenvolvimento da
espécie humana, tais como o sexo, a infância, a juventude, a maturidade e a morte.
Entretanto, estes aspectos da natureza humana no decorrer da evolução da
organização social foram identificados, descritos e valorizados através da grande
diversidade cultural da espécie e do processo de civilização de diferentes
sociedades. Em termos históricos e simbólicos, construiu-se o famoso “mito do amor
materno” na Europa do século XVIII, gerando imenso desconforto para aqueles que
sempre consideraram a gestação na cultura burguesa daquela época como algo
natural. (SACAMORI, 2009).
A sexualidade da mulher sofreu muitas transformações. Ao mesmo tempo em
que se torna mãe dos filhos das modernas nações emergentes, também sofre o
impacto dos conceitos da sociedade antiga. E, o que era considerado parte da
natureza que sempre se fez sem muita reflexão, o sexo, passa a denominar-se
sexualidade. (SACAMORI, 2009).
São amplas as transformações que a mulher sofre durante a gestação, tais
como, transformações anatômicas, fisiológicas, bioquímicas, emocionais e culturais
que ocorrem nas mulheres durante a gravidez. (MALAQUIAS e ASSUNÇÃO, 2008).
Contudo, não existe nenhum impedimento total para que a vida sexual da
gestante permaneça satisfatória. No entanto, também não pode-se afirmar que a
sexualidade do casal ocorra como se não houvesse nenhuma mudança no corpo da
mulher e na situação vivenciada pelo casal. (MALAQUIAS e ASSUNÇÃO, 2008).
A hipotética influência da atividade sexual sobre o feto tem sido um assunto
amplamente estudado ao longo dos anos. Vários estudos com grandes séries
demonstram que a manutenção da atividade sexual durante a gravidez não acarreta
risco aumentado de ruptura prematura de membranas, parto pré-termo, baixo peso
ao nascer ou aumento da mortalidade perinatal. Considera-se que a manutenção da
vivência da sexualidade numa gravidez normal não implica risco de eventos
adversos sendo contributivo para o bem-estar da mulher. (MARTINS et al., 2007).
Estudos mostram que 80 a 100% dos casais permanecem sexualmente ativos
durante a gestação, e que existe a necessidade de os profissionais de saúde da
assistência pré-natal fornecerem informações a respeito das modificações que os
casais poderão esperar e as possíveis consequências prejudiciais ao
relacionamento sexual neste período. (LEITE et al., 2007).
2.2 Fisiologia da Gravidez
Gestação é caracterizada pelo intervalo que ocorre entre a fecundação do
óvulo e a expulsão do feto. É o período em que existem adaptações contínuas do
organismo materno, tais como, aumento de volume uterino, alterações do sistema
circulatório, sistema endócrino, sistema excretor e do trato gastro intestinal mediado
por hormônios da mãe e placenta que permitem ao organismo materno reconhecer a
presença do feto. (SILVA e TUFANIN, 2013).
A fecundação ocorre no pavilhão da trompa, e logo após o ovócito começa a
crescer e diferenciar-se. Neste momento, a trompa se encarrega de impulsioná-lo
para a cavidade do útero, onde, depois de sete dias ele se fixará no endométrio e
continuará em seu processo de crescimento. A espessura da mucosa uterina
aumenta de maneira progressiva e assim, permite o aninhamento do ovócito
fecundado e sua alimentação. Primeiramente, seu crescimento fará o endométrio
abaular-se para dentro da cavidade do útero. Com o decorrer do tempo, ocupará
toda a cavidade e por fim exige que o próprio útero aumente de tamanho. A gravidez
é caracterizada pelo desenvolvimento e crescimento do ovócito até a condição de
feto maduro, ou seja, quando o bebê conseguirá viver fora da cavidade uterina,
respirando e alimentando-se sem a ajuda do organismo interno. (SILVA, 2004).
2.3 Hormônios na Gravidez
As transformações na gravidez ocorrem essencialmente pelos fatores
hormonais e mecânicos. A mulher passa por adaptações fisiológicas, anatômicas,
bioquímicas e psicológicas, tendo que se integrar a uma nova imagem corporal.
(MALAQUIAS e ASSUNÇÃO, 2008).
Conforme relatam Moore e Dalley (2007), a placenta é caracterizada como
produtora de hormônios no período gestacional, secretando altas concentrações de
estrogênio, progesterona, gonadotrofina coriônica humana e lactogênio placentário.
Possui a função de secretar também outros hormônios como hormônio do
crescimento, hormônio tireoestimulante adrenocorticotrópico.
As dosagens de estrogênio e progesterona elevam progressivamente no
decorrer da gestação, sendo que nas primeiras oito semanas aproximadamente, a
secreção desses hormônios ocorre pelo corpo lúteo por meio do estímulo do
hormônio gonadotrofina coriônica humana. (VANDER, SHERMAN e LUCIANO,
2006).
A progesterona é o principal hormônio responsável pela manutenção do feto
no decorrer da gravidez. Este hormônio proporciona a manutenção da decídua,
impedindo a contratilidade do miométrio, sendo responsável também pelo
desenvolvimento das glândulas mamárias para a lactação. (TORTORA e
GRABOWSKI, 2006).
O estrogênio aumenta o útero e a genitália externa da mãe, estimula o
crescimento dos ductos mamários e relaxa os ligamentos pélvicos, o que facilita o
parto, pois o aumento de estrógeno estimula a liberação de oxitocina pela hipófise
posterior e a síntese de prostaglandinas pela decídua. Essas substâncias provocam
a contratilidade do miométrio. A síntese de estrogênio envolve enzimas existentes
também nas adrenais e no fígado do feto. (TORTORA e GRABOWSKI, 2006).
O lactogênio placentário é um hormônio proteico, de estrutura química similar
à da prolactina e da somatotrofina hipofisária. É possível encontrá-lo no plasma da
gestante a partir da quarta semana de gestação. Seu efeito é lipolítico,
aumentantando a resistência materna à ação da insulina e estimulando o pâncreas
na secreção de insulina. Assim, auxilia no crescimento fetal, pois oferece uma
quantidade aumentada de glicose e de nutrientes para o feto em desenvolvimento.
(TORTORA e GRABOWSKI, 2006).
2.4 Alterações Físicas
Em seguida, descrevem-se as alterações físicas que podem influenciar na
sexualidade durante a gestação:
a. Pele: Durante o período gestacional, é possível perceber três grupos distintos
de problemas de pele: a exacerbação de patologias dermatológicas já
existentes; o surgimento de dermatoses específicas, próprias do período
gestacional e o aparecimento de alterações caracterizadas como fisiológicas.
(VERGNANINI, 2005). No primeiro grupo, incluem-se as mulheres que antes
da gestação apresentavam alguma patologia dermatológica, dentre elas:
dermatite atópica, psoríase, hanseníase, lúpus eritematoso e pênfigo. Estas
patologias mostram-se mais sensíveis ao agravamento do que a melhora
durante este período, exigindo um maior acompanhamento clínico.
(VERGNANINI, 2005). No segundo, estão incluídas as gestantes que são
acometidas por dermatoses próprias da gestação. (VERGNANINI, 2005).
Pertencem a este grupo: penfigoide gestacional, erupção polimórfica da
gravidez, prurido da gravidez e foliculite pruriginosa da gravidez. (ALVES,
VARELLA e NOGUEIRA, 2005). Tais patologias podem causar riscos e
prejuízos à mãe e ao bebê dependendo da extensão e profundidade das
lesões; riscos de infecção; tipo de tratamento utilizado; além das
necessidades prejudicadas como sono, alimentação e modificação do estado
emocional. (URASAKI, 2010). O terceiro grupo inclui as alterações fisiológicas
da pele: alterações pigmentares, estrias, alterações dos pelos e unhas,
alterações vasculares e acne. (VERGNANINI, 2005)
b. Seios: ficam maiores e mais pesados; os mamilos tornam-se mais escuros e
maiores; há sensibilidade maior no início da gestação e geralmente retornam
à sensibilidade original em torno dos 4 meses de gestação. Nas mulheres que
estão amamentando, pode ocorrer ejeção de leite durante o clímax.
(SACAMORI, 2009).
c. Aparelho locomotor: ocorrem mudanças nos ângulos de flexão e extensão do
quadril, joelho, coluna cervical e na marcha. As mudanças na estática e na
dinâmica do esqueleto resultam, muitas vezes, em desconforto ou dor,
causando limitações durante a realização das atividades da vida diária. As
dificuldades podem ser relacionadas às mudanças na mobilidade do tronco e
no controle do movimento, devido ao aumento de massa e dimensões
corporais. (MANN et al., 2010). O útero ganha aproximadamente 6 Kg até o
final da gestação e seu desenvolvimento resulta em uma protusão abdominal,
deslocamento superior do diafragma, mudanças compensatórias na mecânica
da coluna vertebral e rotação pélvica. Buscando compensar essa hiperlordose
lombar e manter a linha de visão, a gestante aumenta a flexão anterior da
coluna cervical, anteriorizando a cabeça, hiperestendendo os joelhos,
alargando a base de suporte e transferindo o peso para a região dos
calcâneos. (MANN et al., 2010).
d. Circulação: as mudanças principais envolvem o aumento da
volemia e do débito cardíaco e a diminuição da resistência vascular sistêmica
e da reatividade vascular. A volemia começa a aumentar a partir da sexta
semana de gestação subindo 30% a 40% em relação aos níveis pré-
gravídicos em torno da trigésima segunda a trigésima quarta semana de
gestação, mantendo-se constante até o parto, duas a três semanas após o
qual volta aos níveis iniciais. (PICON e SÁ, 2005). O débito cardíaco, que é
definido como o produto do volume sistólico pela frequência cardíaca,
aumenta progressivamente durante a gestação. Começa a se elevar entre a
10ª e a 12ª semana de gestação, atingindo 30% a 50% em relação aos níveis
pré-gravídicos até a 32ª semana de gestação. A diminuição da resistência
vascular sistêmica também está relacionada a fatores bioquímicos. Além
disto, os vasos maternos tornam-se refratários aos efeitos vasoconstritores da
angiotensina II, das catecolaminas e de outras substâncias vasopressoras, o
que causa a diminuição da reatividade vascular característica da gestação.
(PICON e SÁ, 2005). As mudanças hemodinâmicas ocorrem durante a
gestação como resultado de uma aumentada necessidade metabólica para o
crescimento dos tecidos, assim, veias varicosas podem se desenvolver nas
pernas, o que pode deixar essas áreas bastante sensíveis; veias varicosas
ainda podem se desenvolver na região vulvar e dentro da vagina tornando a
penetração muito desconfortável e às vezes dolorosa; a drenagem linfática e
o fluxo sanguíneo para o clitóris podem estar comprometidos, o que torna a
região bastante sensível, algumas mulheres podem ficar mais facilmente
excitadas e outras não; hemorróidas podem sangrar depois do intercurso
vaginal. (SACAMORI, 2009).
e. Respiração: ocorre um aumento do esforço muscular respiratório para que
haja a respiração normal e em função das modificações na mecânica da
respiração a partir da expansão abdominal, ocasionando interferências nas
condições de funcionamento da musculatura respiratória. Tal fato é justificado
no último trimestre da gestação, onde os músculos abdominais passam por
um processo de distensão a fim de propiciar o desenvolvimento uterino, e
com isso facilitando a ocorrência da separação dos feixes dos músculos retos
abdominais ocasionada pelo enfraquecimento. Cabe destacar ainda a
interferência do vetor de força desses músculos pela distensão excessiva
diminuindo a força de contração. (SILVA e TUFANIN, 2013).
f. Aparelho Gastrointestinal: as manifestações que podem ser apresentadas
por gestantes estão náuseas, vômitos e tonturas, pirose, eructação/plenitude
gástrica, sialorreia, fraquezas e desmaios, dor abdominal, cólicas,
flatulência e obstipação intestinal. As náuseas e vômitos acometem cerca de
50 a 80% das gestantes e, geralmente, terminam por volta da 16ª a 20ª
semana. Podem aparecer em qualquer hora do dia, sendo mais comum pela
manhã, ao levantar-se. O fator desencadeante deste distúrbio ainda não foi
elucidado, mas acredita-se que esteja associado ao aumento da
gonadotrofina coriônica humana estrogênio, além da redução da acidez do
estômago, do tônus e da motilidade do trato gastrointestinal. (AGUIAR et al.,
2013). No que diz respeito especificamente à sexualidade, depois de cinco
meses de gestação, algumas mulheres podem experimentar dor em
queimação na região baixa do peito depois do orgasmo, condição esta que
pode afetar o desejo sexual delas. (SACAMORI, 2009).
g. Aparelho Urinário: dentre as mudanças que ocorrem no aparelho urinário
pode-se citar a dilatação das pelves renais e ureteres, detectável a partir da
sétima semana de gravidez. Essa dilatação progride até o momento do parto
e retorna às condições normais até o segundo mês do puerpério. (FIGUEIRÓ-
FILHO et al., 2009). A frequência do débito urinário também aumenta com a
gestação. Se o casal escolher a posição de quatro para o intercurso, a mulher
pode ter a sensação de querer urinar ou sentir pequenos espasmos da
bexiga. Algumas mulheres podem até experimentar o orgasmo depois de
estimular a bexiga desse jeito. (SACAMORI, 2009).
h. Útero: o peso do útero aumenta cerca de 20 vezes durante a gravidez. Sua
capacidade terá aumentado de 500 a 1000 vezes e de aproximadamente 10
ml para uma média de 500 ml. (MALAQUIAS e ASSUNÇÃO, 2008).
i. Vagina: durante a gestação, há aumento da vascularização, a vulva e a
vagina apresentam-se edemaciadas, a mucosa fica mais espessa, ocorre
hipertrofia dos músculos, o tecido conjuntivo fica mais frouxo e há
intensificação da lubrificação vaginal. (MALAQUIAS e ASSUNÇÃO, 2008).
Ocorre um aumento das secreções vaginais durante a gestação o que facilita
a penetração. A mulher sente o pênis mais facilmente durante o intercurso.
Os homens têm reportado que a secreção vaginal tem um sabor salgado que
desaparece depois do orgasmo. No terceiro trimestre as contrações vaginais
são fracas, e às vezes espasmos musculares tônicos ocorrem. (SACAMORI,
2009).
2.5 Trimestres Gestacionais
A gestação prolonga-se por nove meses do calendário solar, 10 meses do
lunar ou aproximadamente 40 semanas. Divide-se em 3 períodos chamados de
trimestres. O primeiro trimestre compreende da 1ª a 12ª semanas; o segundo da 13ª
a 24ª semanas e o terceiro da 25ª a 40ª semanas de gestação. (VIDO, 2006).
2.5.1 Primeiro trimestre
Nessa fase ocorre o que os psicanalistas chamam de regressão emocional. A
mulher muda o seu comportamento para criar maior afinidade com o bebê. Fica mais
quieta, sonolenta e tende a se afastar um pouco do parceiro porque está o tempo
todo pensando nas mudanças que estão por vir. (UNIFESP, 2006).
Entre as alterações anatômicas dos órgãos genitais pélvicos capazes de
interferir com a sexualidade, as mais importantes referem-se as alterações da
lubrificação vaginal. A circulação aumenta a partir do primeiro trimestre, tanto dos
plexos vulvares como vaginais, tornando a área extremamente mais irrigada. A
alteração da lubrificação vaginal torna a textura da mucosa vaginal mais
hiperlubrificada, que por si só seria um aspecto positivo à cópula durante a
gestação. O útero aumenta de volume a partir da sétima semana de gestação
saindo de um órgão de dimensão de uma pêra. (BERESTEIN, 2006).
Assim como a adolescência e a menopausa, a gravidez é considerada como
um momento de crise de identidade. A perda dos contornos considerados atraentes
pode prejudicar a sua auto-estima em relação à vida sexual. Embora os fatores
psicossociais sejam relevantes, os chamados “pequenos sintomas” da gestação, de
origem orgânica, podem ter influência no desejo sexual, dentre os quais a mastalgia
por engurgitamento venoso e o edema do epitélio vaginal, que deixam o seio e a
vagina menos sensíveis ao toque, além do aumento da prolactina, que pode ser um
fator de bloqueio de desejo. (BERESTEIN, 2006).
2.5.2 Segundo trimestre
A segunda fase da gestação caracteriza-se pelo aumento do desejo sexual na
maioria das mulheres. Neste período, geralmente, a mulher já aceita o fato de ser
mãe e seu corpo grávido começa a se definir e já pode ver-se livre dos sintomas
comuns do primeiro trimestre. O bebê se faz mais presente pelo crescimento da
barriga e da intensificação dos movimentos. Esta pode ser a melhor fase da vida
afetiva e sexual na gravidez, mas o oposto também pode acontecer. A mulher pode
se sentir totalmente preenchida pelo bebê e rejeitar qualquer aproximação do
marido. (UNIFESP, 2006).
Ao redor dos quatro meses, o feto costuma a ocupar muito mais espaço. O
ventre começa a inchar-se, ao redor do quarto ou quinto mês, pode sentir-se ligeiros
movimentos do feto. A linha que vai do umbigo até a região púbica também se
escurece (linha nigra) e às vezes os pigmentos da pele também escurecem
formando uma espécie de mancha no rosto chamado cloasma. Talvez sinta
câimbras nas pernas e pés ao despertar, isto pode ser devido à alteração da
circulação. Os seios ficam funcionalmente preparados para amamentar. Um pouco
depois da décima nona semana os seios podem produzir uma substância
amarelada, chamada colostro, ainda não se produz leite. Em muitas mulheres o
nariz sangra pelo aumento do volume de sangue e pela congestão nasal ou até pelo
aumento dos níveis hormonais. As vezes ocorre o inchaço dos pés, tornozelos,
mãos e rosto. Os hormônios da gravidez produzidos pela placenta, especialmente os
estrógenos, fazem com que o tecido conjuntivo de todo o corpo retenha líquidos
adicionais. Isto serve de apoio para o maior volume de sangue necessário para nutrir
a placenta, proteger contra o choque caso haja uma perda brusca de sangue e
assegura um fluxo adequado de leite nas primeiras etapas da amamentação.
(UNIFESP, 2006).
2.5.3 Terceiro trimestre
A barriga já muito grande afeta a auto-estima da mulher, e as preocupações
com o parto tomam toda a energia. O marido, por sua vez, tem medo de ferir o bebê
ou de precipitar o parto com a relação e tende a não procurar a parceira (UNIFESP,
2006). O útero continua crescendo, chegando no final da trigésima sexta semana ao
tamanho de uma melancia. As vezes o bebê pressiona a bexiga, o que faz a mulher
sentir que deseja urinar quando não necessita. De vez em quando a gestante sentirá
o útero contrair. Acredita-se que essas contrações sem dor (contrações de Braxton-
Hicks) fortalecem os músculos uterinos, em preparação para o parto. Pode ocorrer
também falta de ar, pois, o útero está pressionando os pulmões e pode ser que o
diafragma esteja elevado 2 ou 3 centímetros. (UNIFESP, 2006).
2.6 Função Sexual
A disfunção sexual pode ter maior impacto sobre a qualidade de vida da
mulher, visto que a diminuição da função sexual pode determinar efeitos danosos
sobre sua auto-estima e seus relacionamentos inter-pessoais, com frequente
desgaste emocional. Estudos demonstraram haver significante associação entre
disfunção sexual e baixos sentimentos de satisfação física e emocional, assim como
do bem-estar geral entre mulheres com desordens sexuais. As dificuldades sexuais
são comuns entre as mulheres; estima-se que desordens sexuais afetem 20 a 50%
delas. (LEITE et al., 2007).
A gestação é um período especial no qual a sexualidade geralmente se
manifesta de forma diferenciada. Nesse período, as influências psicológicas e
socioculturais, somadas a questões orgânicas, podem levar os casais a enriquecer
sua vida sexual, ou a reduzir os momentos de prazer a dois. Tradicionalmente,
existe a idéia que ocorre alteração do desejo sexual na gravidez. O desejo é
experimentado na forma de sensações específicas que levam a pessoa a buscar ou
a tornar-se receptiva às experiências sexuais. Assim como existe o desejo, existe a
inibição do desejo, que é comum no homem e na mulher, ocorrendo perda de
interesse pelo assunto; a pessoa, então, não se entrega à gratificação erótica.
(BRANDÃO, 2012).
As causas da inibição podem ser físicas, psicológicas ou culturais. Segundo
alguns autores, as modificações físicas e psicológicas do casal em decorrência da
gravidez tornam comum a diminuição do desejo sexual, não impedindo, contudo,
que o casal continue as relações sexuais. As pessoas com inibição do desejo são
capazes de ereção peniana ou lubrificação vaginal e orgasmo, porém de modo
mecânico, sem grande prazer. Portanto, pode-se pensar que o fato de manter
relações sexuais não revela a existência de desejo sexual também no período
gestacional. (BRANDÃO, 2012).
2.7 Saúde Sexual na Gravidez
A sexualidade ainda é um tema que envolve tabus, especialmente quando
relacionada à mulher na qual incidem diversos preconceitos sociais. Tais questões
revelam também um déficit de educação sexual, o que complica o lidar com a
sexualidade da gestante. (ORIÁ, ALVES e SILVA, 2004).
A sexualidade é um dos aspectos da existência que tem importância e
características para a sua compreensão e discussão. Assumir a própria sexualidade
significa ser responsável pelo próprio corpo, independente das imposições e/ou
restrições sociais, pela própria vivência da sexualidade. (VAZ e COELHO, 2010).
Estudos mostram, que durante as consultas à gestante, não há orientação
sobre a sexualidade na gravidez. Em muitas situações, a mulher desconhece seu
próprio corpo, não sabendo como vivenciar as transformações proporcionadas pela
gravidez e suas repercussões na sexualidade feminina. Compreendida como uma
parte da dimensão humana, a sexualidade envolve vários aspectos da vida, tais
como: os aspectos reprodutivos, afetivos e/ou morais, e a partir de um ideal imposto
pela sociedade e de uma história singular o indivíduo passa a vivê-la de diferentes
maneiras. (ORIÁ, ALVES e SILVA, 2004).
2.8 Sexo na Gravidez
Para o casal a gravidez é um período de adaptações em todos os sentidos;
adaptações físicas, emocionais, existenciais e também sexuais. É importante
ressaltar que a necessidade de adaptação não afeta só a mulher, nessa fase, mas
também o homem. Alguns autores costumam dizer, otimistamente, que tudo será
como antes e, curiosamente, até melhor. Mas isso pode ser mais uma daquelas
atitudes “simpáticas” e que dão popularidade. Portanto, não será sensato negar as
contundentes alterações físicas que acontecem na mulher, tais como, o crescimento
abdominal, a sensibilidade mamária, a ocorrência nem sempre oportuna de náuseas
e vômitos, a maior lubrificação vaginal, entre outros. Todas essas são alterações
orgânicas que as mulheres experimentam durante a gestação e que podem influir
fortemente na vida sexual do casal, não se tratando de uma interferência por
carência de afeto ou de sentimentos, mas por desconforto. No início da gravidez,
muitas gestantes manifestam sintomas como náuseas, vômitos, hipersonia e o
grande temor do aborto, por acreditarem que o feto ainda não está suficientemente
aderido ao útero, e isso compromete sobremodo o desejo sexual. (BRANDÃO,
2012).
Algumas mulheres liberam sua sexualidade mais espontaneamente quando
grávidas, por vezes experimentando pela primeira vez o orgasmo pleno. Alguns
homens chegam a estranhar o comportamento de suas mulheres, pois não condiz
com a imagem idealizada da figura materna, "culturalmente assexuada e pura".
Passam, assim, a evitar o contato físico como se este fosse pecado e, portanto,
inadequado para a situação presente. Do ponto de vista emocional, a mulher pode
não se sentir atraente ou feminina, diminuindo com isto sua autoestima. Os homens,
por outro lado, não têm alterações orgânicas, mas podem ser afetados por questões
emocionais, Essas questões dizem respeito ao planejamento da gravidez, da
qualidade prévia da relação entre o casal, da crença e medo de machucar o bebê
durante o ato sexual, enfim, são circunstâncias que podem propiciar alguma
precariedade da vida sexual. (BALLONE e MOURA, 2008).
A sexualidade da mulher na gravidez dependerá, entre outros motivos, de
como ela se percebe, se avalia e se valoriza nessa fase. Sentir-se amada e atraente,
além da realidade dos fatos de estar sendo, de fato amada e de ser, de fato
atraente, além dos esforços de seu companheiro em deixar claro seu sentimento por
ela, depende de sua autoestima e de sua afetividade. Pelo lado prático, outro fator
que deve ser levado em conta, é a posição com que o coito é realizado. Para que se
torne prazeroso, é necessário encontrar o modo e a posição mais cômoda e
agradável. Muitas vezes, o tamanho avantajado da barriga na gravidez avançada
torna mais difícil ainda esta ou aquela posição. (BRANDÃO, 2012).
Dependendo das preferências do companheiro, as alterações na estética
corporal da mulher servem como desestímulo à sua libido. Muito embora por amor e
respeito algo possa ser dito em sentido contrário, na realidade a perda de atrativos
sexuais da mulher, que passa a não corresponder ao modelo cultural “sexualmente
atraente", é um importante agravante sobre o desempenho sexual masculino. A
partir do terceiro trimestre de gestação, o próprio volume abdominal maior pode
influir negativamente no desempenho masculino. A eliminação do colostro, algumas
vezes em grandes quantidades, também pode interferir na excitabilidade e no
orgasmo, deixando o casal mais confuso e receoso. (BALLONE e MOURA, 2008).
Do ponto de vista psicológico, a partir do terceiro trimestre acentua-se ainda
mais os movimentos fetais, os quais já podem ser percebidos no contato corporal ou
até visíveis. Esses movimentos representam, do ponto de vista psicológico, a
presença viva do filho, a interpor-se entre o casal. O temor de prejudicar o filho no
momento da penetração vaginal, de provocar um aborto ou desencadear um parto
prematuro também é um importantíssimo agravante da sexualidade masculina. Este
mesmo temor no final da gestação leva o homem a sugerir posições alternativas de
coito, que podem não ser tão prazerosas para a mulher. (BALLONE e MOURA,
2008).
2.9 Sexualidade no Período Pós-Parto
Após o parto, recomenda-se um período de abstinência até se recomeçar a
vida sexual (aproximadamente de 4 a 6 semanas). No entanto, muitos casais
mantêm atividade sexual bem antes disto. A mulher vai apresentar menos desejo
sexual devido a alterações hormonais, com aumento da prolactina e também pela
exaustão do pós-parto e dos cuidados iniciais com um bebê. (SACAMORI, 2009).
As principais mudanças que ocorrem no pós-parto consistem numa
diminuição do nível de estrogênios e progesterona, bem como no aumento de
prolactina, durante o período de amamentação. Simultaneamente, o tamanho do
útero diminui. A mulher experiência frequentemente sequelas perinatais durante as
primeiras semanas após o parto. As complicações físicas mais frequentes incluem a
mastite e o endométrio puerperal. (SILVA e FIGUEIREDO, 2005).
Apesar de existir um número muito limitado de estudos, aquilo que parece
acontecer é que, no período pós-parto, os companheiros revelam-se sexualmente
mais desinteressados. Contrariamente ao período pré-gravídico, três a quatro meses
após o parto, as mulheres, na maioria dos casos, mostram-se mais desinteressadas
pelo sexo do que os seus companheiros. (SILVA e FIGUEIREDO, 2005).
A dispareunia apresenta-se como sendo a patologia mais vulgar ao nível das
dificuldades sexuais experimentadas neste período, em especial nas primíparas. A
idéia de que a dispareunia pode persistir durante alguns meses no pós-parto por
razões de natureza fisiológica levando, concomitantemente, a uma perda do desejo
sexual da mulher é defendida na literatura. Tem sido amplamente sustentado que, o
fato de mulheres experimentarem dor e desconforto durante a penetração, leva a
uma fraca motivação para a atividade sexual coital, diminuindo a sua frequência em
ocasiões subsequentes. Embora a dispareunia se possa desencadear enquanto
fator de patologia física, facilmente se pode tornar num fator de patologia
psicológica. (GOMES, 2009).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluí-se com esta pesquisa que a sexualidade na gravidez pode gerar
alguns conflitos no aspecto psicológico, social, cultural e religioso do casal. Muitos
problemas sexuais podem surgir no período da gestação, pois ocorre a diminuição
do desejo sexual e surgem muitas dúvidas e medos nesta fase.
A maioria das mulheres não consegue diferenciar a sexualidade do ato
sexual, dificultando a vida sexual do casal e tornando-se a vivência insatisfatória. O
desejo sexual das mulheres e homens não se altera durante o período de gestação.
Porém, na gravidez ocorrem alterações físicas e psicológicas, existindo variações do
desejo sexual, mas isso depende da vida social e cultural do casal.
Verifica-se também que existe alteração do tempo, da frequência e das
posições nas relações sexuais. Tanto as gestantes, quanto seus companheiros
associam as complicações da gravidez às relações sexuais.
A sexualidade do casal é quase sempre afetada por dúvidas e medos
angustiantes. O peso da cultura popular e os seus presságios, faz com que os
casais sustentem as suas práticas nas crenças. Os mitos e crenças em torno da
sexualidade na gravidez, a maioria sem fundamento, podem afetar a sexualidade
durante a gravidez.
REFERÊNCIAS
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  • 1. GESTAÇÃO E SEXUALIDADE: REVISÃO DA LITERATURA1 Melissa Rodrigues de Lara2 Kelly Fernanda Rodrigues3 Vanessa Santana da Costa4 RESUMO A sexualidade na gravidez envolve vários aspectos, como por exemplo, a vida social, econômica, psicológica, cultural e religiosa do casal. No período da gestação, o comum é que o desejo sexual do casal diminua devido às transformações físicas e psicológicas pela a qual a mulher passa. Dependendo das condições psicológicas que a mulher apresenta durante a gravidez, o sentimento presente pode ser de satisfação ou de carência. O objetivo deste estudo é avaliar a percepção da gestante sobre a sexualidade, identificando as repercussões da gravidez na sexualidade da mulher. Trata-se de uma pesquisa de caráter bibliográfico através de artigos científicos localizados na base de dados eletrônicos – Literatura Latino-Americana en Ciencias de la Salud (LILACS) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO), livros, monografias, dissertações e artigos da internet. Foram utilizados nesta pesquisa dados científicos que possuíam relação com o tema em questão. Este estudo mostrou que a atividade sexual no período de gravidez, o estado físico e psicológico da gestante, bem como a qualidade da relação marital, parecem exercer um efeito primordial e efetivo no comportamento e sentimentos relativos à sexualidade neste período. Pois o casal passa por diversas transformações e estas podem gerar aspectos positivos e negativos no que diz respeito ao desejo sexual. Palavras-chave: Sexualidade. Gravidez. Transtorno do desejo sexual hipoativo. ABSTRACT Sexuality in pregnancy involves several aspects, for example, religious social, economic, psychological, cultural and family. During pregnancy, it is common that the couple's sexual desire decreases due to physical and psychological transformations by which a woman goes. Depending on the psychological conditions that a woman has during pregnancy, this feeling can be satisfied or grace. The objective of this study is to evaluate the perception of pregnant women about sexuality, identifying the impact of pregnancy on women's sexuality. This is a bibliographical research through scientific articles located at the base of electronic data - Latin American Literature en 1 Artigo apresentado como Trabalho de Conclusão de Curso ao Curso de Mba Enfermagem em Obstetricia – Turma II – Sorocaba – SP da Faculdade de Ensino Superior Santa Bárbara para obtenção do Título de Especialista. 2 Mestre e professora orientadora do Curso de. de Mba Enfermagem em Obstetricia - Turma II – Sorocaba – SP da Faculdade de Ensino Superior Santa Bárbara 3 Enfermeira, Discente do Curso de Mba Enfermagem em Obstetricia – Turma II – Sorocaba. 4 Enfermeira, Discente do Curso Mba Enfermagem em Obstetricia – Turma II – Sorocaba.
  • 2. Ciencias de la Salud ( LILACS ) and Scientific Electronic Library Online (SciELO), books, monographs, dissertations and articles from the internet. Scientific data that had relation to the subject in question were used in this research. This study showed that sexual activity during pregnancy, physical and psychological state of pregnant women, as well as the quality of the marital relationship, seem to play a major and effective effect on behavior and feelings related to sexuality in this period. For the couple undergoes several transformations and these can generate positive and negative aspects with regard to sexual desire. Keywords: Sexuality. Pregnancy. Hypoactive sexual desire disorder. 1 INTRODUÇÃO A atividade sexual humana também envolve uma atividade física ou exercício físico, pois requer o recrutamento de determinados grupos musculares em intensidade e duração diversas e, durante a gestação, esta também requer adaptações. (SACAMORI, 2009). A gravidez marca um processo de intensas transformações na vida da mulher em sua preparação para a maternidade. A gravidez altera o seu senso físico, e exige uma reorganização de vários aspectos de sua identidade, como a relação com o seu corpo, com o pai da criança e com o seu plano de vida. A necessidade de vivenciar adequadamente esse novo momento da vida exige adaptações constantes que podem gerar conflitos, medos, angústias, alternados com momentos de satisfação, alegria e prazer. (VIDO, 2006; GOMES, 2009). A gravidez é um período complexo de alterações fisiológicas e psicológicas com impacto na mulher e na família. As alterações físicas que a mulher experimenta e a necessidade de adaptação ao futuro papel parental atua como fatores de ansiedade em relação ao decurso da gravidez e à sua capacidade como futuras mães. Estes fatores contribuem para que a gravidez exerça uma influência importante na sexualidade feminina verificando-se que ocorrem importantes alterações nas atitudes perante a sexualidade por receio de prejudicar a gravidez ou o bebê. A vivência da sexualidade é ainda influenciada por fatores culturais, educacionais e individuais, dependentes de experiências prévias e da qualidade da relação marital. (MARTINS et al, 2007). A gravidez pode ser entendida como uma fase de crise, que requer uma resposta adaptativa de todos os envolvidos neste processo. O período gestacional exige novas maneiras de equilíbrio diante das alterações que existe nesta fase. Tais
  • 3. alterações associam-se aos ritmos metabólicos e hormonais e ao processo de integração a outra imagem corporal, interferindo tanto no aspecto físico, quanto no emocional. E assim, uma das principais dimensões acometida é a sexualidade (ARAÚJO et al, 2012). A gravidez repercute nos aspectos: social, econômico, emocional e sexual do casal. A sexualidade na gravidez ainda envolve tabus. Sendo a gravidez um processo fisiológico, a mulher não precisa se abster de sua atividade sexual, a não ser quando essa gestação está correndo risco por algum outro fator presente, bem como o exercício de sua sexualidade vai além do ato sexual. (ORIÁ, ALVES e SILVA, 2004). O período de gravidez e pós-parto é caracterizado por mudanças biológicas, psicológicas, relacionais e sociais intensas, que podem ter uma influência direta e indireta na vivência da sexualidade. Este período é uma fase de transição, que implica novos equilíbrios e adaptações, é também um momento particularmente propício a uma nova integração da sexualidade (SILVA e FIGUEIREDO, 2005). 2 A SEXUALIDADE HUMANA Atualmente, a sociedade vive um momento em que as informações relacionadas à sexualidade estão cada vez mais existentes estimulando uma maior participação no prazer sexual. A vida sexual no período da gravidez vai muito além do genital, pois envolve comprometimento e aceitação do outro, com benefícios de grande significância para os dois. O sexo e a sexualidade podem e devem manifestar o erotismo na mulher, mesmo grávida, fazendo com que ela possa continuar se sentindo sexualmente desejada, mesmo com as alterações presentes em seu corpo nesse processo que a tornará mãe. (CAMACHO, VARGENS e PROGIANTI, 2010). Contudo, a realização de estudos acerca do tema proposto se justifica em face da importância de obtenção de matéria que proponham debates elucidatórios e que possam fornecer conteúdo para o melhor conhecimento do assunto. Diante deste contexto, o objetivo desse estudo é realizar uma revisão de literatura científica sobre a sexualidade durante a gravidez procurando especificamente descrever as alterações fisiológicas da gestante e o impacto que estas causam na sexualidade no período gravídico. Como metodologia de trabalho, optou-se por uma pesquisa
  • 4. exploratória de caráter bibliográfico, sendo que o estudo em questão apresentará uma trajetória bibliográfica a ser percorrida e se apoiará nas leituras exploratórias e seletivas do material de pesquisa, contribuindo para o processo de síntese e análise de vários estudos. Contudo, para Figueiredo (2008), a pesquisa exploratória tem o intuito de tornar o problema mais explícito e seu principal objetivo é o aprimoramento de ideias ou descoberta de intuições. Foram utilizados para esta pesquisa, artigos científicos, livros, monografias, dissertações e artigos da internet que retratam na literatura nacional e internacional a sexualidade da mulher no período gestacional. Dos estudos verificados nas bases de dados pesquisadas da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Biblioteca Virtual de Saúde – Ministerio da Saúde (BVS-MS), foram selecionados somente os que possuíam compatibilidade com o tema em questão. A principal trajetória do levantamento bibliográfico realizou-se a partir de consultas a BIREME, Literatura Latino-Americana en Ciencias de la Salud (LILACS) e Scientific Eletronic Library Online (SciELO), respeitando-se o lapso temporal de 10 anos, utilizando-se de referências publicadas no período de 2004 a 2014. Historicamente, o homem sobrevivia da caça, de coleta de frutos e raízes. Para sua organização viviam em grupos isolados, e isso também ocorria para na caça de animais de grande porte. Assim, iniciou-se a formação de uma sociedade. A sociedade primitiva apreciava e valorizava de maneira muito significativa a figura feminina, o culto à fertilidade da mulher e a sexualidade, sendo que estas características eram envolvidas em uma significação mítica sendo a mulher considerada como sagrada e divina. (SANTIAGO, 2012). Com o surgimento de um novo modelo social, onde os papéis de homens e mulheres tornaram-se diferenciados, as identidades sexuais também foram sendo delimitadas e confundidas em seu espaço de ação e de interação. A sexualidade ficou, consequentemente, restrita ao âmbito do privado, passando a ser tratada como assunto do contexto individual, negando-se sua inter-relação com aspectos relativos ao seu exercício mais amplo na sociedade. Importante salientar que os mecanismos biológicos relativos à reprodução não eram conhecidos e acreditava-se que esse atributo estava intrinsecamente relacionado às mulheres. (LOBO, 2005). Para Sacamori (2009) o comportamento do ser humano é determinado pela interação de dois componentes básicos: a natureza (biológico) e a cultura. Toda cultura depende de símbolos, os quais podem ter significados específicos, sendo
  • 5. que é essa capacidade de criar símbolos que diferencia o comportamento humano do animal. A sexualidade não é limitada a comportamentos ou práticas sexuais. Estudiosos ampliam a análise dos aspectos culturais, das dimensões políticas e sociais que envolvem a sexualidade, desvinculando a da reprodução biológica da espécie. Enfatiza-se duas teorias sobre a sexualidade: o essencialismo e o construtivismo social. A teoria essencialista refere que a sexualidade possui aspectos inatos ou naturais e a considera imutável, engessando-a na ordem biológica. Homens e mulheres são providos de atributos diferentes em virtude de suas características anatomofisiológicas. Já, o construtivismo social é constituído de abordagens que problematizam a universalidade dos instintos sexuais. Nesse caso, a orientação, os sentidos e a noção de experiência ou de comportamento sexuais não são passíveis de generalizações. (ZUCCO e MINAYO, 2009). Ainda, segundo Zucco e Minayo (2009) a teoria construtivista associa a sexualidade à ordem da cultura, sugerindo a produção de explicações específicas sobre o tema, relacionadas ou não à reprodução. Na Idade Moderna por volta do século XIV, fica explícito o desenvolvimento da família e a desvalorização da figura feminina no lar. A função reprodutiva do homem começa a possuir papel importante, sendo questionado o seu lugar neste “milagre da geração da vida". As mulheres tornam-se apenas receptoras onde as "sementes da vida" seriam depositadas, possuindo um espaço mais delimitado, com menos direitos e menor autonomia na relação. A era da modernidade fez com que alguns desses aspectos e tabus relacionados à sexualidade tenham mudado, mas muitos ainda insistem em permanecer no imaginário e nas representações sociais que são passadas de geração á geração. (SANTIAGO, 2012). 2.1 Sexualidade na Gravidez A gestação faz parte de um dos aspectos naturais do desenvolvimento da espécie humana, tais como o sexo, a infância, a juventude, a maturidade e a morte. Entretanto, estes aspectos da natureza humana no decorrer da evolução da organização social foram identificados, descritos e valorizados através da grande diversidade cultural da espécie e do processo de civilização de diferentes sociedades. Em termos históricos e simbólicos, construiu-se o famoso “mito do amor
  • 6. materno” na Europa do século XVIII, gerando imenso desconforto para aqueles que sempre consideraram a gestação na cultura burguesa daquela época como algo natural. (SACAMORI, 2009). A sexualidade da mulher sofreu muitas transformações. Ao mesmo tempo em que se torna mãe dos filhos das modernas nações emergentes, também sofre o impacto dos conceitos da sociedade antiga. E, o que era considerado parte da natureza que sempre se fez sem muita reflexão, o sexo, passa a denominar-se sexualidade. (SACAMORI, 2009). São amplas as transformações que a mulher sofre durante a gestação, tais como, transformações anatômicas, fisiológicas, bioquímicas, emocionais e culturais que ocorrem nas mulheres durante a gravidez. (MALAQUIAS e ASSUNÇÃO, 2008). Contudo, não existe nenhum impedimento total para que a vida sexual da gestante permaneça satisfatória. No entanto, também não pode-se afirmar que a sexualidade do casal ocorra como se não houvesse nenhuma mudança no corpo da mulher e na situação vivenciada pelo casal. (MALAQUIAS e ASSUNÇÃO, 2008). A hipotética influência da atividade sexual sobre o feto tem sido um assunto amplamente estudado ao longo dos anos. Vários estudos com grandes séries demonstram que a manutenção da atividade sexual durante a gravidez não acarreta risco aumentado de ruptura prematura de membranas, parto pré-termo, baixo peso ao nascer ou aumento da mortalidade perinatal. Considera-se que a manutenção da vivência da sexualidade numa gravidez normal não implica risco de eventos adversos sendo contributivo para o bem-estar da mulher. (MARTINS et al., 2007). Estudos mostram que 80 a 100% dos casais permanecem sexualmente ativos durante a gestação, e que existe a necessidade de os profissionais de saúde da assistência pré-natal fornecerem informações a respeito das modificações que os casais poderão esperar e as possíveis consequências prejudiciais ao relacionamento sexual neste período. (LEITE et al., 2007). 2.2 Fisiologia da Gravidez Gestação é caracterizada pelo intervalo que ocorre entre a fecundação do óvulo e a expulsão do feto. É o período em que existem adaptações contínuas do organismo materno, tais como, aumento de volume uterino, alterações do sistema circulatório, sistema endócrino, sistema excretor e do trato gastro intestinal mediado
  • 7. por hormônios da mãe e placenta que permitem ao organismo materno reconhecer a presença do feto. (SILVA e TUFANIN, 2013). A fecundação ocorre no pavilhão da trompa, e logo após o ovócito começa a crescer e diferenciar-se. Neste momento, a trompa se encarrega de impulsioná-lo para a cavidade do útero, onde, depois de sete dias ele se fixará no endométrio e continuará em seu processo de crescimento. A espessura da mucosa uterina aumenta de maneira progressiva e assim, permite o aninhamento do ovócito fecundado e sua alimentação. Primeiramente, seu crescimento fará o endométrio abaular-se para dentro da cavidade do útero. Com o decorrer do tempo, ocupará toda a cavidade e por fim exige que o próprio útero aumente de tamanho. A gravidez é caracterizada pelo desenvolvimento e crescimento do ovócito até a condição de feto maduro, ou seja, quando o bebê conseguirá viver fora da cavidade uterina, respirando e alimentando-se sem a ajuda do organismo interno. (SILVA, 2004). 2.3 Hormônios na Gravidez As transformações na gravidez ocorrem essencialmente pelos fatores hormonais e mecânicos. A mulher passa por adaptações fisiológicas, anatômicas, bioquímicas e psicológicas, tendo que se integrar a uma nova imagem corporal. (MALAQUIAS e ASSUNÇÃO, 2008). Conforme relatam Moore e Dalley (2007), a placenta é caracterizada como produtora de hormônios no período gestacional, secretando altas concentrações de estrogênio, progesterona, gonadotrofina coriônica humana e lactogênio placentário. Possui a função de secretar também outros hormônios como hormônio do crescimento, hormônio tireoestimulante adrenocorticotrópico. As dosagens de estrogênio e progesterona elevam progressivamente no decorrer da gestação, sendo que nas primeiras oito semanas aproximadamente, a secreção desses hormônios ocorre pelo corpo lúteo por meio do estímulo do hormônio gonadotrofina coriônica humana. (VANDER, SHERMAN e LUCIANO, 2006). A progesterona é o principal hormônio responsável pela manutenção do feto no decorrer da gravidez. Este hormônio proporciona a manutenção da decídua, impedindo a contratilidade do miométrio, sendo responsável também pelo
  • 8. desenvolvimento das glândulas mamárias para a lactação. (TORTORA e GRABOWSKI, 2006). O estrogênio aumenta o útero e a genitália externa da mãe, estimula o crescimento dos ductos mamários e relaxa os ligamentos pélvicos, o que facilita o parto, pois o aumento de estrógeno estimula a liberação de oxitocina pela hipófise posterior e a síntese de prostaglandinas pela decídua. Essas substâncias provocam a contratilidade do miométrio. A síntese de estrogênio envolve enzimas existentes também nas adrenais e no fígado do feto. (TORTORA e GRABOWSKI, 2006). O lactogênio placentário é um hormônio proteico, de estrutura química similar à da prolactina e da somatotrofina hipofisária. É possível encontrá-lo no plasma da gestante a partir da quarta semana de gestação. Seu efeito é lipolítico, aumentantando a resistência materna à ação da insulina e estimulando o pâncreas na secreção de insulina. Assim, auxilia no crescimento fetal, pois oferece uma quantidade aumentada de glicose e de nutrientes para o feto em desenvolvimento. (TORTORA e GRABOWSKI, 2006). 2.4 Alterações Físicas Em seguida, descrevem-se as alterações físicas que podem influenciar na sexualidade durante a gestação: a. Pele: Durante o período gestacional, é possível perceber três grupos distintos de problemas de pele: a exacerbação de patologias dermatológicas já existentes; o surgimento de dermatoses específicas, próprias do período gestacional e o aparecimento de alterações caracterizadas como fisiológicas. (VERGNANINI, 2005). No primeiro grupo, incluem-se as mulheres que antes da gestação apresentavam alguma patologia dermatológica, dentre elas: dermatite atópica, psoríase, hanseníase, lúpus eritematoso e pênfigo. Estas patologias mostram-se mais sensíveis ao agravamento do que a melhora durante este período, exigindo um maior acompanhamento clínico. (VERGNANINI, 2005). No segundo, estão incluídas as gestantes que são acometidas por dermatoses próprias da gestação. (VERGNANINI, 2005). Pertencem a este grupo: penfigoide gestacional, erupção polimórfica da gravidez, prurido da gravidez e foliculite pruriginosa da gravidez. (ALVES, VARELLA e NOGUEIRA, 2005). Tais patologias podem causar riscos e
  • 9. prejuízos à mãe e ao bebê dependendo da extensão e profundidade das lesões; riscos de infecção; tipo de tratamento utilizado; além das necessidades prejudicadas como sono, alimentação e modificação do estado emocional. (URASAKI, 2010). O terceiro grupo inclui as alterações fisiológicas da pele: alterações pigmentares, estrias, alterações dos pelos e unhas, alterações vasculares e acne. (VERGNANINI, 2005) b. Seios: ficam maiores e mais pesados; os mamilos tornam-se mais escuros e maiores; há sensibilidade maior no início da gestação e geralmente retornam à sensibilidade original em torno dos 4 meses de gestação. Nas mulheres que estão amamentando, pode ocorrer ejeção de leite durante o clímax. (SACAMORI, 2009). c. Aparelho locomotor: ocorrem mudanças nos ângulos de flexão e extensão do quadril, joelho, coluna cervical e na marcha. As mudanças na estática e na dinâmica do esqueleto resultam, muitas vezes, em desconforto ou dor, causando limitações durante a realização das atividades da vida diária. As dificuldades podem ser relacionadas às mudanças na mobilidade do tronco e no controle do movimento, devido ao aumento de massa e dimensões corporais. (MANN et al., 2010). O útero ganha aproximadamente 6 Kg até o final da gestação e seu desenvolvimento resulta em uma protusão abdominal, deslocamento superior do diafragma, mudanças compensatórias na mecânica da coluna vertebral e rotação pélvica. Buscando compensar essa hiperlordose lombar e manter a linha de visão, a gestante aumenta a flexão anterior da coluna cervical, anteriorizando a cabeça, hiperestendendo os joelhos, alargando a base de suporte e transferindo o peso para a região dos calcâneos. (MANN et al., 2010). d. Circulação: as mudanças principais envolvem o aumento da volemia e do débito cardíaco e a diminuição da resistência vascular sistêmica e da reatividade vascular. A volemia começa a aumentar a partir da sexta semana de gestação subindo 30% a 40% em relação aos níveis pré- gravídicos em torno da trigésima segunda a trigésima quarta semana de gestação, mantendo-se constante até o parto, duas a três semanas após o qual volta aos níveis iniciais. (PICON e SÁ, 2005). O débito cardíaco, que é definido como o produto do volume sistólico pela frequência cardíaca, aumenta progressivamente durante a gestação. Começa a se elevar entre a
  • 10. 10ª e a 12ª semana de gestação, atingindo 30% a 50% em relação aos níveis pré-gravídicos até a 32ª semana de gestação. A diminuição da resistência vascular sistêmica também está relacionada a fatores bioquímicos. Além disto, os vasos maternos tornam-se refratários aos efeitos vasoconstritores da angiotensina II, das catecolaminas e de outras substâncias vasopressoras, o que causa a diminuição da reatividade vascular característica da gestação. (PICON e SÁ, 2005). As mudanças hemodinâmicas ocorrem durante a gestação como resultado de uma aumentada necessidade metabólica para o crescimento dos tecidos, assim, veias varicosas podem se desenvolver nas pernas, o que pode deixar essas áreas bastante sensíveis; veias varicosas ainda podem se desenvolver na região vulvar e dentro da vagina tornando a penetração muito desconfortável e às vezes dolorosa; a drenagem linfática e o fluxo sanguíneo para o clitóris podem estar comprometidos, o que torna a região bastante sensível, algumas mulheres podem ficar mais facilmente excitadas e outras não; hemorróidas podem sangrar depois do intercurso vaginal. (SACAMORI, 2009). e. Respiração: ocorre um aumento do esforço muscular respiratório para que haja a respiração normal e em função das modificações na mecânica da respiração a partir da expansão abdominal, ocasionando interferências nas condições de funcionamento da musculatura respiratória. Tal fato é justificado no último trimestre da gestação, onde os músculos abdominais passam por um processo de distensão a fim de propiciar o desenvolvimento uterino, e com isso facilitando a ocorrência da separação dos feixes dos músculos retos abdominais ocasionada pelo enfraquecimento. Cabe destacar ainda a interferência do vetor de força desses músculos pela distensão excessiva diminuindo a força de contração. (SILVA e TUFANIN, 2013). f. Aparelho Gastrointestinal: as manifestações que podem ser apresentadas por gestantes estão náuseas, vômitos e tonturas, pirose, eructação/plenitude gástrica, sialorreia, fraquezas e desmaios, dor abdominal, cólicas, flatulência e obstipação intestinal. As náuseas e vômitos acometem cerca de 50 a 80% das gestantes e, geralmente, terminam por volta da 16ª a 20ª semana. Podem aparecer em qualquer hora do dia, sendo mais comum pela manhã, ao levantar-se. O fator desencadeante deste distúrbio ainda não foi elucidado, mas acredita-se que esteja associado ao aumento da
  • 11. gonadotrofina coriônica humana estrogênio, além da redução da acidez do estômago, do tônus e da motilidade do trato gastrointestinal. (AGUIAR et al., 2013). No que diz respeito especificamente à sexualidade, depois de cinco meses de gestação, algumas mulheres podem experimentar dor em queimação na região baixa do peito depois do orgasmo, condição esta que pode afetar o desejo sexual delas. (SACAMORI, 2009). g. Aparelho Urinário: dentre as mudanças que ocorrem no aparelho urinário pode-se citar a dilatação das pelves renais e ureteres, detectável a partir da sétima semana de gravidez. Essa dilatação progride até o momento do parto e retorna às condições normais até o segundo mês do puerpério. (FIGUEIRÓ- FILHO et al., 2009). A frequência do débito urinário também aumenta com a gestação. Se o casal escolher a posição de quatro para o intercurso, a mulher pode ter a sensação de querer urinar ou sentir pequenos espasmos da bexiga. Algumas mulheres podem até experimentar o orgasmo depois de estimular a bexiga desse jeito. (SACAMORI, 2009). h. Útero: o peso do útero aumenta cerca de 20 vezes durante a gravidez. Sua capacidade terá aumentado de 500 a 1000 vezes e de aproximadamente 10 ml para uma média de 500 ml. (MALAQUIAS e ASSUNÇÃO, 2008). i. Vagina: durante a gestação, há aumento da vascularização, a vulva e a vagina apresentam-se edemaciadas, a mucosa fica mais espessa, ocorre hipertrofia dos músculos, o tecido conjuntivo fica mais frouxo e há intensificação da lubrificação vaginal. (MALAQUIAS e ASSUNÇÃO, 2008). Ocorre um aumento das secreções vaginais durante a gestação o que facilita a penetração. A mulher sente o pênis mais facilmente durante o intercurso. Os homens têm reportado que a secreção vaginal tem um sabor salgado que desaparece depois do orgasmo. No terceiro trimestre as contrações vaginais são fracas, e às vezes espasmos musculares tônicos ocorrem. (SACAMORI, 2009). 2.5 Trimestres Gestacionais A gestação prolonga-se por nove meses do calendário solar, 10 meses do lunar ou aproximadamente 40 semanas. Divide-se em 3 períodos chamados de
  • 12. trimestres. O primeiro trimestre compreende da 1ª a 12ª semanas; o segundo da 13ª a 24ª semanas e o terceiro da 25ª a 40ª semanas de gestação. (VIDO, 2006). 2.5.1 Primeiro trimestre Nessa fase ocorre o que os psicanalistas chamam de regressão emocional. A mulher muda o seu comportamento para criar maior afinidade com o bebê. Fica mais quieta, sonolenta e tende a se afastar um pouco do parceiro porque está o tempo todo pensando nas mudanças que estão por vir. (UNIFESP, 2006). Entre as alterações anatômicas dos órgãos genitais pélvicos capazes de interferir com a sexualidade, as mais importantes referem-se as alterações da lubrificação vaginal. A circulação aumenta a partir do primeiro trimestre, tanto dos plexos vulvares como vaginais, tornando a área extremamente mais irrigada. A alteração da lubrificação vaginal torna a textura da mucosa vaginal mais hiperlubrificada, que por si só seria um aspecto positivo à cópula durante a gestação. O útero aumenta de volume a partir da sétima semana de gestação saindo de um órgão de dimensão de uma pêra. (BERESTEIN, 2006). Assim como a adolescência e a menopausa, a gravidez é considerada como um momento de crise de identidade. A perda dos contornos considerados atraentes pode prejudicar a sua auto-estima em relação à vida sexual. Embora os fatores psicossociais sejam relevantes, os chamados “pequenos sintomas” da gestação, de origem orgânica, podem ter influência no desejo sexual, dentre os quais a mastalgia por engurgitamento venoso e o edema do epitélio vaginal, que deixam o seio e a vagina menos sensíveis ao toque, além do aumento da prolactina, que pode ser um fator de bloqueio de desejo. (BERESTEIN, 2006). 2.5.2 Segundo trimestre A segunda fase da gestação caracteriza-se pelo aumento do desejo sexual na maioria das mulheres. Neste período, geralmente, a mulher já aceita o fato de ser mãe e seu corpo grávido começa a se definir e já pode ver-se livre dos sintomas comuns do primeiro trimestre. O bebê se faz mais presente pelo crescimento da barriga e da intensificação dos movimentos. Esta pode ser a melhor fase da vida afetiva e sexual na gravidez, mas o oposto também pode acontecer. A mulher pode
  • 13. se sentir totalmente preenchida pelo bebê e rejeitar qualquer aproximação do marido. (UNIFESP, 2006). Ao redor dos quatro meses, o feto costuma a ocupar muito mais espaço. O ventre começa a inchar-se, ao redor do quarto ou quinto mês, pode sentir-se ligeiros movimentos do feto. A linha que vai do umbigo até a região púbica também se escurece (linha nigra) e às vezes os pigmentos da pele também escurecem formando uma espécie de mancha no rosto chamado cloasma. Talvez sinta câimbras nas pernas e pés ao despertar, isto pode ser devido à alteração da circulação. Os seios ficam funcionalmente preparados para amamentar. Um pouco depois da décima nona semana os seios podem produzir uma substância amarelada, chamada colostro, ainda não se produz leite. Em muitas mulheres o nariz sangra pelo aumento do volume de sangue e pela congestão nasal ou até pelo aumento dos níveis hormonais. As vezes ocorre o inchaço dos pés, tornozelos, mãos e rosto. Os hormônios da gravidez produzidos pela placenta, especialmente os estrógenos, fazem com que o tecido conjuntivo de todo o corpo retenha líquidos adicionais. Isto serve de apoio para o maior volume de sangue necessário para nutrir a placenta, proteger contra o choque caso haja uma perda brusca de sangue e assegura um fluxo adequado de leite nas primeiras etapas da amamentação. (UNIFESP, 2006). 2.5.3 Terceiro trimestre A barriga já muito grande afeta a auto-estima da mulher, e as preocupações com o parto tomam toda a energia. O marido, por sua vez, tem medo de ferir o bebê ou de precipitar o parto com a relação e tende a não procurar a parceira (UNIFESP, 2006). O útero continua crescendo, chegando no final da trigésima sexta semana ao tamanho de uma melancia. As vezes o bebê pressiona a bexiga, o que faz a mulher sentir que deseja urinar quando não necessita. De vez em quando a gestante sentirá o útero contrair. Acredita-se que essas contrações sem dor (contrações de Braxton- Hicks) fortalecem os músculos uterinos, em preparação para o parto. Pode ocorrer também falta de ar, pois, o útero está pressionando os pulmões e pode ser que o diafragma esteja elevado 2 ou 3 centímetros. (UNIFESP, 2006). 2.6 Função Sexual
  • 14. A disfunção sexual pode ter maior impacto sobre a qualidade de vida da mulher, visto que a diminuição da função sexual pode determinar efeitos danosos sobre sua auto-estima e seus relacionamentos inter-pessoais, com frequente desgaste emocional. Estudos demonstraram haver significante associação entre disfunção sexual e baixos sentimentos de satisfação física e emocional, assim como do bem-estar geral entre mulheres com desordens sexuais. As dificuldades sexuais são comuns entre as mulheres; estima-se que desordens sexuais afetem 20 a 50% delas. (LEITE et al., 2007). A gestação é um período especial no qual a sexualidade geralmente se manifesta de forma diferenciada. Nesse período, as influências psicológicas e socioculturais, somadas a questões orgânicas, podem levar os casais a enriquecer sua vida sexual, ou a reduzir os momentos de prazer a dois. Tradicionalmente, existe a idéia que ocorre alteração do desejo sexual na gravidez. O desejo é experimentado na forma de sensações específicas que levam a pessoa a buscar ou a tornar-se receptiva às experiências sexuais. Assim como existe o desejo, existe a inibição do desejo, que é comum no homem e na mulher, ocorrendo perda de interesse pelo assunto; a pessoa, então, não se entrega à gratificação erótica. (BRANDÃO, 2012). As causas da inibição podem ser físicas, psicológicas ou culturais. Segundo alguns autores, as modificações físicas e psicológicas do casal em decorrência da gravidez tornam comum a diminuição do desejo sexual, não impedindo, contudo, que o casal continue as relações sexuais. As pessoas com inibição do desejo são capazes de ereção peniana ou lubrificação vaginal e orgasmo, porém de modo mecânico, sem grande prazer. Portanto, pode-se pensar que o fato de manter relações sexuais não revela a existência de desejo sexual também no período gestacional. (BRANDÃO, 2012). 2.7 Saúde Sexual na Gravidez A sexualidade ainda é um tema que envolve tabus, especialmente quando relacionada à mulher na qual incidem diversos preconceitos sociais. Tais questões revelam também um déficit de educação sexual, o que complica o lidar com a sexualidade da gestante. (ORIÁ, ALVES e SILVA, 2004).
  • 15. A sexualidade é um dos aspectos da existência que tem importância e características para a sua compreensão e discussão. Assumir a própria sexualidade significa ser responsável pelo próprio corpo, independente das imposições e/ou restrições sociais, pela própria vivência da sexualidade. (VAZ e COELHO, 2010). Estudos mostram, que durante as consultas à gestante, não há orientação sobre a sexualidade na gravidez. Em muitas situações, a mulher desconhece seu próprio corpo, não sabendo como vivenciar as transformações proporcionadas pela gravidez e suas repercussões na sexualidade feminina. Compreendida como uma parte da dimensão humana, a sexualidade envolve vários aspectos da vida, tais como: os aspectos reprodutivos, afetivos e/ou morais, e a partir de um ideal imposto pela sociedade e de uma história singular o indivíduo passa a vivê-la de diferentes maneiras. (ORIÁ, ALVES e SILVA, 2004). 2.8 Sexo na Gravidez Para o casal a gravidez é um período de adaptações em todos os sentidos; adaptações físicas, emocionais, existenciais e também sexuais. É importante ressaltar que a necessidade de adaptação não afeta só a mulher, nessa fase, mas também o homem. Alguns autores costumam dizer, otimistamente, que tudo será como antes e, curiosamente, até melhor. Mas isso pode ser mais uma daquelas atitudes “simpáticas” e que dão popularidade. Portanto, não será sensato negar as contundentes alterações físicas que acontecem na mulher, tais como, o crescimento abdominal, a sensibilidade mamária, a ocorrência nem sempre oportuna de náuseas e vômitos, a maior lubrificação vaginal, entre outros. Todas essas são alterações orgânicas que as mulheres experimentam durante a gestação e que podem influir fortemente na vida sexual do casal, não se tratando de uma interferência por carência de afeto ou de sentimentos, mas por desconforto. No início da gravidez, muitas gestantes manifestam sintomas como náuseas, vômitos, hipersonia e o grande temor do aborto, por acreditarem que o feto ainda não está suficientemente aderido ao útero, e isso compromete sobremodo o desejo sexual. (BRANDÃO, 2012). Algumas mulheres liberam sua sexualidade mais espontaneamente quando grávidas, por vezes experimentando pela primeira vez o orgasmo pleno. Alguns homens chegam a estranhar o comportamento de suas mulheres, pois não condiz
  • 16. com a imagem idealizada da figura materna, "culturalmente assexuada e pura". Passam, assim, a evitar o contato físico como se este fosse pecado e, portanto, inadequado para a situação presente. Do ponto de vista emocional, a mulher pode não se sentir atraente ou feminina, diminuindo com isto sua autoestima. Os homens, por outro lado, não têm alterações orgânicas, mas podem ser afetados por questões emocionais, Essas questões dizem respeito ao planejamento da gravidez, da qualidade prévia da relação entre o casal, da crença e medo de machucar o bebê durante o ato sexual, enfim, são circunstâncias que podem propiciar alguma precariedade da vida sexual. (BALLONE e MOURA, 2008). A sexualidade da mulher na gravidez dependerá, entre outros motivos, de como ela se percebe, se avalia e se valoriza nessa fase. Sentir-se amada e atraente, além da realidade dos fatos de estar sendo, de fato amada e de ser, de fato atraente, além dos esforços de seu companheiro em deixar claro seu sentimento por ela, depende de sua autoestima e de sua afetividade. Pelo lado prático, outro fator que deve ser levado em conta, é a posição com que o coito é realizado. Para que se torne prazeroso, é necessário encontrar o modo e a posição mais cômoda e agradável. Muitas vezes, o tamanho avantajado da barriga na gravidez avançada torna mais difícil ainda esta ou aquela posição. (BRANDÃO, 2012). Dependendo das preferências do companheiro, as alterações na estética corporal da mulher servem como desestímulo à sua libido. Muito embora por amor e respeito algo possa ser dito em sentido contrário, na realidade a perda de atrativos sexuais da mulher, que passa a não corresponder ao modelo cultural “sexualmente atraente", é um importante agravante sobre o desempenho sexual masculino. A partir do terceiro trimestre de gestação, o próprio volume abdominal maior pode influir negativamente no desempenho masculino. A eliminação do colostro, algumas vezes em grandes quantidades, também pode interferir na excitabilidade e no orgasmo, deixando o casal mais confuso e receoso. (BALLONE e MOURA, 2008). Do ponto de vista psicológico, a partir do terceiro trimestre acentua-se ainda mais os movimentos fetais, os quais já podem ser percebidos no contato corporal ou até visíveis. Esses movimentos representam, do ponto de vista psicológico, a presença viva do filho, a interpor-se entre o casal. O temor de prejudicar o filho no momento da penetração vaginal, de provocar um aborto ou desencadear um parto prematuro também é um importantíssimo agravante da sexualidade masculina. Este mesmo temor no final da gestação leva o homem a sugerir posições alternativas de
  • 17. coito, que podem não ser tão prazerosas para a mulher. (BALLONE e MOURA, 2008). 2.9 Sexualidade no Período Pós-Parto Após o parto, recomenda-se um período de abstinência até se recomeçar a vida sexual (aproximadamente de 4 a 6 semanas). No entanto, muitos casais mantêm atividade sexual bem antes disto. A mulher vai apresentar menos desejo sexual devido a alterações hormonais, com aumento da prolactina e também pela exaustão do pós-parto e dos cuidados iniciais com um bebê. (SACAMORI, 2009). As principais mudanças que ocorrem no pós-parto consistem numa diminuição do nível de estrogênios e progesterona, bem como no aumento de prolactina, durante o período de amamentação. Simultaneamente, o tamanho do útero diminui. A mulher experiência frequentemente sequelas perinatais durante as primeiras semanas após o parto. As complicações físicas mais frequentes incluem a mastite e o endométrio puerperal. (SILVA e FIGUEIREDO, 2005). Apesar de existir um número muito limitado de estudos, aquilo que parece acontecer é que, no período pós-parto, os companheiros revelam-se sexualmente mais desinteressados. Contrariamente ao período pré-gravídico, três a quatro meses após o parto, as mulheres, na maioria dos casos, mostram-se mais desinteressadas pelo sexo do que os seus companheiros. (SILVA e FIGUEIREDO, 2005). A dispareunia apresenta-se como sendo a patologia mais vulgar ao nível das dificuldades sexuais experimentadas neste período, em especial nas primíparas. A idéia de que a dispareunia pode persistir durante alguns meses no pós-parto por razões de natureza fisiológica levando, concomitantemente, a uma perda do desejo sexual da mulher é defendida na literatura. Tem sido amplamente sustentado que, o fato de mulheres experimentarem dor e desconforto durante a penetração, leva a uma fraca motivação para a atividade sexual coital, diminuindo a sua frequência em ocasiões subsequentes. Embora a dispareunia se possa desencadear enquanto fator de patologia física, facilmente se pode tornar num fator de patologia psicológica. (GOMES, 2009). 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
  • 18. Concluí-se com esta pesquisa que a sexualidade na gravidez pode gerar alguns conflitos no aspecto psicológico, social, cultural e religioso do casal. Muitos problemas sexuais podem surgir no período da gestação, pois ocorre a diminuição do desejo sexual e surgem muitas dúvidas e medos nesta fase. A maioria das mulheres não consegue diferenciar a sexualidade do ato sexual, dificultando a vida sexual do casal e tornando-se a vivência insatisfatória. O desejo sexual das mulheres e homens não se altera durante o período de gestação. Porém, na gravidez ocorrem alterações físicas e psicológicas, existindo variações do desejo sexual, mas isso depende da vida social e cultural do casal. Verifica-se também que existe alteração do tempo, da frequência e das posições nas relações sexuais. Tanto as gestantes, quanto seus companheiros associam as complicações da gravidez às relações sexuais. A sexualidade do casal é quase sempre afetada por dúvidas e medos angustiantes. O peso da cultura popular e os seus presságios, faz com que os casais sustentem as suas práticas nas crenças. Os mitos e crenças em torno da sexualidade na gravidez, a maioria sem fundamento, podem afetar a sexualidade durante a gravidez. REFERÊNCIAS AGUIAR, R. S.; ARAÚJO, M. A. B.; COSTA, M. A.; AGUIAR, N. Orientações de enfermagem nas adaptações fisiológicas da gestação. Cogitare Enferm., Curitiba, v. 18, n. 3, p. 527-531, 2013. ALVES, G. F.; VARELLA, T. C. N.; NOGUEIRA, L. S. C. Dermatologia e gestação. An Bras Dermatol., Rio de Janeiro, v. 80, n. 2, p. 179-186, 2005. AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Biologia dos organismos. São Paulo: Moderna, 2004. ARAN, M. Os destinos da diferença sexual na cultura contemporânea. Rev Estud Fem. Florianópolis, v. 11, n. 1, p. 399-422, 2003. ARAÚJO, N. M.; SALIM, N. R.; GUALDA, D. M. R.; SILVA, L. C. F. P. Corpo e sexualidade na gravidez. Rev Esc Enferm USP, São Paulo, v. 46, n. 3, p. 552-558, 2012. BALLONE, G. J.; MOURA, E. C. Gravidez e sexualidade. 2008. Disponível em: <http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=141>. Acesso em: 02 mai 2014.
  • 19. BERESTEIN, E. A sexualidade do ciclo gestatório/puerperal. São Caetano do Sul, 2006. Disponível em: <http://www.isexp.com.br/si/site/1008?idioma=portugues>. Acesso em 22 abr 2014. BRANDÃO, R. G. C. O gestar e a vivência da sexualidade: análise dos aspectos comportamentais e da resposta sexual. 2012. 60 f. Monografia. (Graduação em Enfermagem), Universidade Federal do Piauí, Picos, 2012. BRESSAN FILHO, N. P. Modificações gravídicas locais. In: Neme B. Obstetrícia básica. 3. ed. São Paulo: Sarvier, 2005. CAMACHO, K. G.; VARGENS, O. M. C.; PROGIANTI, J. M. Adaptando-se à nova realidade: a mulher grávida e o exercício de sua sexualidade. Rev. Enferm. UERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, p. 32-37, 2010. FIGUEIREDO, N. M. A. Método e metodologia na pesquisa científica. 3 ed. São Paulo: Yendis, 2008. FIGUEIRÓ-FILHO, E. A. et al. Infecção do trato urinário na gravidez: aspectos atuais. FEMINA, Rio de Janeiro, v. 37, n. 3, p. 165-172, 2009. GOMES, M. C. R. Desejo sexual do casal durante a gravidez. 2009. 130 f. Dissertação. (Mestrado em Sexualidade Humana), Faculdade de Medicina de Lisboa, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2009. LEITE, A. P. L. et al. Validação do índice da função sexual feminina em grávidas brasileiras. Rev Bras Ginecol Obstet., Rio de Janeiro, v. 29, n. 8, p. 414-419, 2007. LOBO, M. Uma história universal da fêmea: grandeza e submissão sexual da mulher ao longo dos séculos. São Paulo: Religare, 2005. MALAQUIAS, A. S.; ASSUNÇÃO, M. E. A. Sexualidade na gestação. 2008. 83 f. Monografia. (Graduação em Enfermagem), Universidade do Vale do Itajaí, Biguaçu, 2008. MARTINS, S.; GOUVEIA, R.; CORREIA, S.; NASCIMENTO, C.; SANDES, A. R.; FIGUEIRA, J. et al. Sexualidade na gravidez: influência no bebé? Mitos, atitudes e informação das mães. Rev Port Clin Geral, Lisboa, v. 23, n. 4, p. 369-378, 2007. MANN, L. et al. Alterações biomecânicas durante o período gestacional: uma revisão. Motriz, Rio Claro, v. 16, n. 3, p. 730-741, 2010. MOORE, K. L.; DALLEY, A. F. Anatomia Orientada para a Clínica. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. ORIÁ, M. O. B.; ALVES, M. D. S.; SILVA, R. M. Repercussões da gravidez na sexualidade feminina. Rev Enferm UERJ, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, p. 160-165, 2004.
  • 20. PICON, J. D.; SÁ, A. M. P. O. A. Alterações hemodinâmicas da gravidez. Revista da Sociedade de Cardiologia do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Ano XIV, n. 5, p. 1-2, 2005. SACAMORI, C. Sexualidade na gestação: um olhar das ciências do movimento humano. 2009. 175 f. Dissertação. (Mestrado em Ciências do Movimento Humano), Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, 2009. SANTIAGO, I. M. Sexualidade e gênero: as práticas educativas na educação infantil. 2012. 44 f. Monografia. (Graduação em Pedagogia), Faculdade Cenecista de Capivari, Capivari, 2012. SILVA, A. I.; FIGUEIREDO, B. Sexualidade na gravidez e após o parto. Rev Psiq Clin., São Paulo, v. 25, n. 1, p. 253-264, 2005. SILVA, D. C. S. Alterações fisiológicas em gestantes durante a atividade motora no meio líquido. 2004. 47 f. Monografia. (Especialização em Saúde Publica), Universidade Estácio de Sá, Paulo Afonso, 2004. SILVA, R. C.; TUFANIN, A. T. Alterações respiratórias e biomecânicas durante o terceiro trimestre de gestação: uma revisão de literatura. RESC, Goiânia, v. 3, n. 2, p. 28-31, 2013. TORTORA, G. J.; GRABOWSKI, S. R. Corpo humano: fundamentos de Anatomia e Fisiologia. 6. ed. Porto Alegre: Armed, 2006. UNIFESP – Universidade Federal de São Paulo. As dificuldades comuns em cada fase, São Paulo, 2006. Disponível em: <http://www.unifesp.br/comunicacao/jpta/ed147/assis3.htm>. Acesso em: 27 abr. 2014. URASAKI, M. B. M. Alterações fisiológicas da pele percebidas por gestantes assistidas em serviços públicos de saúde. Acta Paul Enferm., São Paulo, v. 23, n. 4, p. 519-525, 2010. VANDER, A. J.; SHERMAN, J. H.; LUCIANO, D. S. Fisiologia humana: os mecanismos das funções corporais. 9. ed. Rio de Janeiro, Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2006. VERGNANINI, A. L. Dermatopatias. In: Neme B. Obstetrícia básica. 3. ed. São Paulo: Sarvier, 2005. VIDO, M. B. Qualidade de vida na gravidez. 2006. 98 f. Dissertação. (Mestrado em Enfermagem), Universidade Guarulhos, Guarulhos, 2006. ZUCCO, L. P.; MINAYO, M. C. S. Sexualidade feminina em revista(s). Interface - Comunic, Saúde, Educ., Botucatu, v. 13, n. 1, p. 43-54, 2009.