10. Abril 2005
Academia Competition Higienópolis,
Lembro de quando esse termo academia começou a circular por aqui.
Era final dos anos 70 e quase nada existia como tal, algumas casas ou galpões
começavam a se adaptar à nova era da prática esportiva em grupo. Minhas
experiências como frequentador desses primeiros espaços era bastante
limitada, como a própria proposta esportiva. Em 83, fui convidado a projetar,
creio, a primeira academia de ginástica construída para esse fim em São
Paulo. Deixaríamos de lado as adaptações mal feitas em imóveis sem qualquer
vocação, para iniciarmos na cidade a nova onda, que logo se tornaria um
mercado extremamente abrangente.
Assim nasceu a Competition. O terreno resultava da demolição de um velho
casarão em Higienópolis, que apesar da característica predominantemente
residencial, apresentava nesse ponto já grande diversidade de serviços.
Lembrar de tudo isso, certamente, me enche de orgulho. Não tomo como meu
o mérito exclusivo de tanto acerto, mas da parceria que nasceu na ocasião,
onde eu, respondendo pelas questões de arquitetura(em seu pleno
significado), e os proprietários, engenheiros de formação, todos obcecados
por qualidade, lentamente, nos vimos comprometidos com esse trabalho que
até hoje perdura. Não houve um único ano que eu não tenha trabalhado pela
academia e é desse compromisso que quero falar.
Duas outras já surgiram nessas duas décadas(além da sede administrativa), e
com mais experiência e mais recursos pude trabalhar nesses projetos e vê-los
realizados, com muito mais tecnologia. Consequentemente, tanto a unidade
Oscar Freire quanto a Paulista já nasceram quase "famosas". Para meu deleite,
esses dois projetos tiveram sua arquitetura amplamente divulgada, o que,
pelo público que essa veiculação atinge, me trouxe sempre muito prestígio...
Mas a pioneira prosseguia no semi-anonimato arquitetônico. Uma grande
ampliação aconteceu há alguns anos, garantindo melhor fluxo interno e
ampliando atividades. Externamente, porém, pouco se modificou
A obra, que agora festejamos, foi mais radical e traz à fachada toda a
modernização interna que pretendíamos comunicar. Obras de intervenção
11. nunca foram simples, se tratando de logística com os espaços em
funcionamento, ainda menos. Porém, as etapas que se sucederam e a
maestria com que foram executadas surpreenderam até mesmo seus
freqüentadores, que, pouco a pouco, foram se dando conta da nova
academia que estavam recebendo. As fotos falam melhor do projeto, e
uma visita ao local certamente ilustrará as razões para tanto festejo, mas
é de relação de trabalho que quero continuar falando.
Muito vi sair de meu escritório nesses anos de atividade. Nunca fiz, de
fato, distinção entre projetos mais ou menos estimulantes, mas nenhum
outro, como esse Projeto Competition, me trouxe tantos ensinamentos
ao longo da carreira. Aprendizado em vários aspectos: o primeiro, com
certeza, se deu na relação respeitosa e de mútua admiração, consolidada
nesses anos, entre contratante e contratado. Isso não é tão comum e o
restante surgiu daí. Muito foi experimentado, muito foi testado, materiais
foram pesquisados, desenhos foram feitos ilimitadamente, profissionais
foram solicitados ao extremo, cores e formas discutidas
incessantemente... Mas nada se tornou exaustivo, injustificado ou
desperdiçado. Tudo se estabeleceu como processo natural de evolução
de uma idéia nascida há muito. Não houve contratações isoladas, mas
uma parceria que extrapola o próprio escopo do trabalho de projeto.
Existe confiança mútua no trabalho pretendido.
É importante, sim, escrever sobre isso. Nesse momento em que a
arquitetura se tornou matéria tão abstrata, não só pelos resultados
insípidos, mas sobretudo pela dispersão de seus conceitos básicos e pela
fragilidade que se tornou corriqueira nas contratações de seu conteúdo,
é fundamental celebrarmos tantos anos de prestação prazerosa de
serviços. A maioridade profissional da Competition é continuamente
avaliada por seus alunos e a minha me enche de entusiasmada
responsabilidade. Não é fácil ser arquiteto, mas é extremamente
gratificante podermos olhar para a própria trajetória e ver que ela se
confunde com a de obras e empresas que fizeram diferença nessa
cidade. Parabéns Competition, que tenha muitos anos mais de vida!
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17. “Constantemente somos solicitados a desenvolver
soluções para adequar uma nova modalidade, um novo
serviço, ou somente uma renovação visual, como no fresco
cenário da piscina da unidade Paulista; ou na sala Kids,
desenhada para nossos clientes de amanhã; ou mesmo no
exclusivo acervo de mobiliário ultra-específico, presente a
toda hora, e sempre urgente.” 2008
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50. Competition Paulista - Rua Cincinato Braga - Anexo 2013
Podemos confessar grande contentamento com o resultado, não só do
projeto, mas também da esmerada execução, importante citar isso
nessa época em que qualidade de obra não tem sido considerada um
item de primeiríssima necessidade. São somente dois pavimentos com
uma quadra de futebol na cobertura, e o edifício abriga algumas
atividades complementares e necessárias à academia.
O objetivo maior do empreendimento era criar um parque extra de
estacionamento para beneficiar os frequentadores e por isso todo o
terreno foi tratado como jardim e não como garagem. O prédio tem
circulação de pedestres externa e interna, sendo a de fora através
varandas protegidas por peitoris leves metálicos e complementadas por
elementos corridos de iluminação homogênea.
Tivemos a liberdade de desenhar livremente os painéis madeirados que
definem graficamente o edifício, usando laminado TS por toda a
fachada; sombreando e resguardando convenientemente as atividades
internas e amenizando a carga térmica de ar condicionado. Toda a
estrutura é aparente em concreto e quase nenhum adorno adicional foi
colocado.
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69. Nosso projeto da Academia Competition Oscar Freire completou vinte
anos e também nesse ano, a primeira unidade, em Higienópolis, chegou
aos trinta. A unidade Paulista já tem quinze anos.
Parece uma eternidade, mas vem passando muito rápido.
Nestes anos todos, como usuários felizes, parceiros incondicionais e
autores de todos os projetos, devemos confessar que sempre tivemos
total liberdade para ousar, tentar e testar tudo que é possível.
Muita novidade está ainda por acontecer em cada uma das três
unidades, por essa razão, estamos sempre entusiasmados e mobilizados
com essas modernizações, ampliações e invenções.
Se podemos falar de projetos que não são estáticos ou engessados,
certamente podemos garantir que esse é um dos mais libertos.
Parabéns, Competition! Abril 2014
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87. ARQdonini | ARQrevistas | ARQlógico | Homify | Competition
Textos Marco Donini
Fotos Chico Zelesnikar, Marco Donini
e Rochelle Costi (unidade Oscar Freire)
Edição Cynthia
media
ARCOweb
Marco Donini: Academia de ginástica Competition, São Paulo
TRANSPARÊNCIA REVELA TÉCNICA CONSTRUTIVA
Galeria da Arquitetura ANEXO ACADEMIA COMPETITION PAULISTA