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E-mail: comissaonjp@gmail.com ● Site: www.ecclesia.pt/cnjp
Comissão Nacional Justiça e Paz
FRATERNIDADE, FUNDAMENTO E CAMINHO PARA A PAZ
Reflexão conjunta da Comissão Nacional Justiça e Paz e Comissões Diocesanas
A Comissão Nacional as Comissões Diocesanas Justiça e Paz subscritoras, na sequência da
intenção manifestada no encontro de Fátima e interpeladas pela riqueza da Mensagem do Papa
Francisco para o Dia Mundial da Paz de 2014, entendem tecer algumas reflexões:
1. Em Portugal, como de resto em muitos locais do mundo, o sofrimento dos outros, que são nossos
irmãos, entra-nos pela porta dentro e endurece os nossos corações tornando-nos indiferentes. Esta
«globalização da indiferença» tem que ser combatida, no interior das nossas comunidades cristãs e
não só. Nem o sofrimento nem a dor são virtuais. Jesus Cristo deu-nos um Mandamento Novo: «Que
vos ameis uns aos outros como Eu vos Amei». Quem ama não tolera o sofrimento alheio, qualquer
que seja a sua origem É urgente, portanto, um regresso à mensagem evangélica e à defesa da
dignidade humana por todos os cristãos.
2. Na Europa e em Portugal não existem situações de guerra, mas há conflitos armados sangrentos
noutras partes do mundo que não podem ser esquecidos. Alguns destes conflitos prolongam-se há já
vários anos, mas outros regressam ou irrompem inesperadamente. É preciso não nos habituarmos às
situações de guerra e pressionar os poderes políticos com vista à sua resolução. Por outro lado, é
dever dos países que não têm conflitos armados conceder refúgio aos que fogem de condições
extremamente penosas, quando não com risco da própria vida. A Europa e Portugal estão muito
longe de acolherem com generosidade os refugiados de guerra. Há a convicção que o número de
refugiados tem vindo a aumentar. É necessário lutar para que seja garantido que os refugiados não
sejam considerados descartáveis e que sejam apoiadas activamente as Organizações que trabalham
em sua defesa.
3. As dificuldades económicas têm gerado fenómenos preocupantes de migração populacional em
situação irregular e às quais, por vezes, aparecem associados, os fenómenos de tráfico de seres
humanos. Em Portugal estão monitorizados alguns destes casos. O Papa tem-se referido a elas, nesta
Mensagem e noutras intervenções. Mesmo que o país viva uma situação económica e financeira
difícil, estes nossos irmãos não podem ser esquecidos. Para acorrer às situações que diariamente são
relatadas pelos media serão insuficientes actuações a nível nacional e impõe-se a adopção de uma
verdadeira estratégia europeia de coordenação do acolhimento e de partilha dos custos envolvidos
Face à gravidade dos problemas, há que encontrar soluções justas e equilibradas, reflectindo e
promovendo a discussão destes temas e estando atento às situações locais degradantes que precisam
de ser denunciadas.
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E-mail: comissaonjp@gmail.com ● Site: www.ecclesia.pt/cnjp
4. A pobreza e a excessiva desigualdade dos rendimentos põem a paz em perigo. É também
relativamente a estas situações que o Papa faz apelo à “vocação à fraternidade e a possibilidade da
sua traição”. Daí que seja tão importante relembrar o lugar ocupado pelo princípio do destino
universal dos bens no desenvolvimento das acções a empreender para lutar contra situações de
injustiça. A pobreza e as desigualdades de rendimentos estão a aumentar a nível europeu e em
Portugal, o que se traduz numa negação da fraternidade. «A fraternidade gera paz social porque cria
um equilíbrio entre liberdade e justiça, entre responsabilidade pessoal e solidariedade, entre bem
dos indivíduos e bem comum», refere a Mensagem do Papa Francisco. É nossa obrigação estar
presente junto dos mais desfavorecidos e lutar para que as suas necessidades imediatas sejam
satisfeitas e não esquecer as causas geradoras das desigualdades, as quais tem que ser removidas a
prazo.
5. “As sucessivas crises económicas devem levar a repensar adequadamente os modelos de
desenvolvimento económico e a mudar os estilos de vida”. Esta convicção expressa na Mensagem, dá
continuidade à doutrina já referida nas encíclicas Populorum Progressio e Solicitudo Rei Socialis,
designadamente no que se deve entender por desenvolvimento integral e por solidariedade.
Há que revisitar estas encíclicas, pese embora algumas actualizações que entretanto deverão ter
lugar. A reflexão ai decorrente permitirá encontrar caminhos para a construção de uma sociedade à
medida da dignidade humana e recusar modelos económicos e sociais onde poucos se alimentam em
mesas fartas e a grande maioria se contenta com as migalhas que caem da mesa. Como é referido:
«Isto implica não deixar-se guiar pela avidez do lucro e pela sede de poder» De facto, não se pode
pactuar com políticas que visam quase exclusivamente resolução de problemas financeiros e
cumprimento de metas estabelecidas por entidades externas e não dar prioridade a politicas que
visem o desenvolvimento integral das pessoas e dos povos.
6. A sustentabilidade ambiental também está relacionada com a fraternidade, uma vez que se
reconhece que «a fraternidade ajuda a cultivar a natureza». Um ambiente saudável e equilibrado
ajuda os seres humanos a serem mais irmãos. Dominar a terra, conforme se refere no Livro do
Génesis, não quer dizer destruir a terra. Todos temos a obrigação de impedir que poderes públicos ou
económicos, comentam atentados à «Mãe Natureza» ameaçando o presente e tornando o futuro
inviável. Esta é uma área que não pode ser considerada pelos cristãos como pouco importante.
Em conclusão destas constatações e reflexões, a Comissão Nacional e as Comissões Justiça e Paz
Diocesanas assumem o compromisso continuar a aprofundar o conteúdo da Mensagem do Papa Francisco
para o Dia Mundial da Paz e de tudo fazer para que a sociedade portuguesa se torne mais fraterna, e
assim, mais justa e pacífica.

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