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JUSTIÇA RESTAURATIVA NAS
ESCOLAS DE BELO HORIZONTE
ORIENTAÇÕES PARA A CRIAÇÃO E
FUNCIONAMENTO DOS NÓS NAS ESCOLAS1
1 Essas orientações foram construídas pelo Comitê-Gestor do Programa NÓS, a fim de facilitar e alinhar a criação e o funcionamento dos Núcleos para Orientação e Solução
de Conflitos Escolares em todas as escolas que aderiram ao programa.
O QUE SÃO OS NÓS?
Os NÓS são os Núcleos para Orientação e
Solução de Conflitos Escolares que devem
ser criados nas escolas municipais2
e estadu-
ais da rede pública de ensino de Belo Ho-
rizonte que aderiram ao PROGRAMA NÓS
Programa Justiça Restaurativa (JR) nas
Escolas de Belo Horizonte3
, com a finalida-
de de prevenir e solucionar conflitos escola-
res dentro da própria escola, promovendo a
cultura de paz e incentivando novas formas
de comunicação não violenta e restaurativa
entre todos.
2 Nas escolas municipais, os NÓS poderão ser cha-
mados Câmaras de Práticas Restaurativas.
3 Participam desta iniciativa, por meio de um termo de
cooperação técnica, a Secretaria de Estado da Educa-
ção, a Secretaria Municipal de Educação de Belo Hori-
zonte, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o Minis-
tério Público do Estado de Minas Gerais e a Faculdade
de Direito da UFMG.
QUEMINTEGRAOSNÓS?
Os NÓS – Núcleos para Orientação e So-
lução de Conflitos Escolares são integra-
dos por representantes da comunidade es-
colar indicados pelas diretorias das escolas,
dentre professores, supervisores, auxilia-
res e demais colaboradores, pais, alunos,
ex-alunos e outras pessoas relacionadas à
rotina de cada escola, incluindo os agentes
da Guarda Municipal de Belo Horizonte, os
quais, depois de capacitados através do cur-
so promovido pelo PROGRAMA NÓS, são
credenciados a atuar como AGENTES DE
JUSTIÇA RESTAURATIVA NAS ESCOLAS.
Os agentes são voluntários, e a atuação
nos NÓS instalados em suas escolas será
integrada às respectivas jornadas laborais,
assim como o tempo dedicado ao curso de
formação; aqueles que não são servidores
públicos participam do NÓS como voluntá-
rios, sem direito a qualquer remuneração.
QUANTAS PESSOAS DE-
VEM INTEGRAR O NÓS
EM CADA ESCOLA?
O programa preconiza que cada escola tenha
5 (cinco) agentes credenciados para integrar
o NÓS. Contudo, caso a sua escola tenha
apenas um agente, este será considerado in-
tegrante do NÓS e eventual apoio do qual ele
necessite para atuar com abordagens e pro-
cessos restaurativos poderá ser solicitado a
membros do NÓS de outras escolas ou à co-
ordenação do PROGRAMA NÓS na SMED
(e-mail: dpin.smed@pbh.gov.br e telefones
(31) 3277-8855/8663) ou SEE (e-mail direi-
toshumanos@educacao.mg.gov.br e telefo-
ne (31) 3915-3522), conforme o caso.
Oportunamente, as escolas que tiverem me-
nos de 5 (cinco) agentes certificados pode-
rão inscrever outros colaboradores para fa-
zerem o curso de formação em novas turmas
a serem constituídas, de modo que todas as
escolas interessadas possam ter seus núcle-
os completos.
QUALQUER PESSOA
PODE INTEGRAR O NÓS?
É importante que a escola tenha conhecimen-
to prévio das regras, objetivos e metodologia
do PROGRAMA NÓS, para que a decisão de
aderir a ele seja tomada com base no desejo
voluntário de participar do programa e fazer
valer o investimento despendido para a capa-
citação dos agentes e criação dos núcleos.
No momento de convidar os agentes que fa-
rão o curso e integrarão o núcleo, cada es-
cola deve ter o cuidado de escolher pessoas
que efetivamente queiram exercer a função
de AGENTE DE JUSTICA RESTAURATIVA
NAS ESCOLAS e que reúnam algumas ca-
racterísticas, tais como:
•	 vínculos fortes com a escola;
•	 desejo de contribuir voluntariamente para
a melhoria do ambiente escolar;
•	 protagonismo e liderança junto à comuni-
dade escolar;
•	 disponibilidade para participar;
•	 capacidade de lidar com diversidades;
•	 habilidade de comunicação;
•	 expectativa de permanecer na comunida-
de escolar durante algum tempo, visando
a dar continuidade ao programa.
O NÓS NECESSITA DE
UM ESPAÇO FÍSICO NA
ESCOLA?
Em cada escola, o NÓS pode ter um espaço
físico especial e é desejável que esse lugar
seja próprio e construído de maneira colabo-
rativa pela comunidade escolar. Esse espaço
pode ser uma mesa, uma sala de aula, uma
sala de apoio, uma sala da coordenação pe-
dagógica, uma quadra esportiva, um “canto”,
e a comunidade escolar deve ser envolvida
na sua montagem, com a confecção de ma-
teriais, peças, cartazes etc., bem como na
sua inauguração, a ser celebrada e divulga-
da na escola. Sugere-se o uso da logo e da
arte do programa para a identificação desse
espaço. Recomenda-se, também, que a ins-
talação do NÓS em sua escola seja lavrada
em ata escolar.
Caso não seja possível destinar um espaço
físico específico, o NÓS não deixará de exis-
tir por causa disso.
O importante é que o NÓS exista na alma
e no coração de sua comunidade escolar,
e ele pode utilizar-se de espaços comuns
às demais atividades da escola, como, por
exemplo, salas de aula, sala da coordenação
pedagógica, ginásio, quadra esportiva, refei-
tório, auditório, pátio etc., conforme a dispo-
nibilidade em cada momento.
OQUEONÓS PODEFAZER?
O NÓS – Núcleo para Orientação e Solu-
ção de Conflitos Escolares se destina a
aplicar a Justiça Restaurativa nas escolas.
A Justiça Restaurativa, como movimen-
to social, propõe uma visão de justiça que
visa a atender às necessidades de todos e a
construir comunidades que vivam de manei-
ra menos violenta e mais conectada, integra-
da e colaborativa.
Sendo assim, os integrantes do NÓS, espon-
taneamente ou mediante demanda, podem,
exemplificativa e não taxativamente:
•	 contribuir com a inclusão de práticas res-
taurativas no Projeto Político-Pedagógi-
co da escola e, no caso da RME, incluir
essas práticas no Plano de Convivência
Escolar;
•	 fazer atividades com enfoque restaurativo
com turmas, grupos de alunos ou algum
aluno;
•	 promover e incentivar a realização de Cír-
culos de Construção de Paz Não-Confliti-
vos para diversas finalidades (celebrar iní-
cios ou encerramentos de ano ou período
letivo, importantes momentos da escola,
conquistas, formaturas etc; superar mo-
mentos difíceis; construir regras de convi-
vência na escola ou nas turmas; abordar
temas importantes; dialogar; integrar ou
reintegrar algum membro da comunidade
escolar; fortalecer vínculos comunitários
com o fim de priorizar a boa conexão en-
tre escola-família-comunidade; fazer reu-
niões de pais, reuniões de professores e
conselhos de classe; abordar conteúdos
pedagógicos etc.);
•	 promover oficinas distintas com enfoque
restaurativo (oficinas de Comunicação
Não-Violenta; oficinas de empatia; ofici-
nas de atividades colaborativas etc.);
•	 receber, diretamente ou por encaminha-
mento, alunos, pais, professores e tra-
balhadores da escola para resolução de
conflitos escolares, com o uso de pro-
cessos restaurativos, como Círculos de
Construção de Paz Conflitivos e proces-
sos de Mediação;
•	 promover ações que visem a democrati-
zar a escola e a tornar democráticos os
espaços escolares;
•	 outras atividades correlatas.
O QUE É O CÍRCULO DE
CONSTRUÇÃO DE PAZ?
O Círculo de Construção de Paz é um pro-
cesso técnico de Justiça Restaurativa, sem-
pre voluntário, que, como método, possui
elementos essenciais e fases a serem se-
guidas para que o diálogo ocorra de maneira
estruturada, com o auxílio de um ou mais fa-
cilitadores devidamente capacitados.
O Círculo de Construção de Paz é um dos
métodos de Justiça Restaurativa. Embora
algumas pessoas confundam a Justiça Res-
taurativa com o Círculo, este é, na verdade,
apenas um dos métodos de Justiça Restau-
rativa. É considerado um dos métodos mais
integralmente restaurativos, pois ele envolve
vítima (pessoa que sofre um dano), ofensor
(pessoa que causa um dano) e comunidade.
O Círculo de Construção de Paz que foi apre-
sentado aos AGENTES DE JUSTIÇA RES-
TAURATIVA NAS ESCOLAS formados pelo
PROGRAMA NÓS é um processo restaurati-
vo que utiliza a metodologia proposta por Kay
Pranis e pode ser usado não apenas para
resolver conflitos (Círculo de Construção de
Paz Conflitivo), mas também para diversas
outras finalidades (Círculo de Construção de
Paz Não-Conflitivo, para celebração, constru-
ção de vínculos, fortalecimento de vínculos,
construção de regras, superação de trauma,
apoio, luto, tomada de decisões, reintegra-
ção ou integração de algum membro da co-
munidade etc.).
QUAIS SÃO OS ELEMENTOS
ESTRUTURAIS DOS CÍRCULOS
DE CONSTRUÇÃO DE PAZ?
•	 Sentar em Círculo;
•	 Peça de Centro;
•	 Objeto da Palavra;
•	 Facilitador(es);
•	 Cerimônias de abertura e fechamento;
•	 Consenso.
QUAIS AS PRINCIPAIS ETAPAS
DOS CÍRCULOS DE CONSTRU-
ÇÃO DE PAZ NÃO-CONFLITIVOS?
Como apresentado aos agentes formados
pelo PROGRAMA NÓS, as principais etapas
do processo dos Círculos de Construção de
Paz Não-Conflitivos são:
1.	 Boas-vindas: apresentação do processo,
do espaço, do objeto da fala e do centro;
2.	 Cerimônia de abertura;
3.	 Check in: apresentação e sentimento;
4.	 Construção de valores;
5.	 Construção de diretrizes;
6.	 Contação de histórias;
7.	 Perguntas relacionadas à finalidade da-
quele círculo, a depender do tipo de cír-
culo (de compreensão, de apoio, de cele-
bração etc.);
8.	 Check out;
9.	 Cerimônia de encerramento.
QUAIS AS PRINCIPAIS ETAPAS
DOS CÍRCULOS DE CONSTRU-
ÇÃO DE PAZ CONFLITIVOS?
Como apresentado aos agentes formados
pelo PROGRAMA NÓS, as principais etapas
do processo dos Círculos de Construção de
Paz Conflitivos são:
Pré-círculo: o chamado pré-círculo é uma
reunião que os facilitadores fazem com cada
um dos envolvidos diretamente no conflito,
com as pessoas que eles indicam para parti-
ciparem do círculo e com eventuais integran-
tes da comunidade que o facilitador entenda
que possam participar. Nessa reunião, o fa-
cilitador deve: escutar a narrativa dos fatos,
conforme a versão da pessoa que os está
contando; identificar seus sentimentos e suas
necessidades; esclarecer o que é o processo
do Círculo de Construção de Paz e como ele
ocorre, confirmando a vontade daquela pes-
soa de dele participar.
Círculo:
1.	 Boas-vindas: apresentação do processo,
do espaço, do objeto da fala e do centro;
2.	 Cerimônia de abertura;
3.	 Check in: apresentação e sentimento;
4.	 Construção de valores;
5.	 Construção de diretrizes;
6.	 Contação de histórias;
7.	 Perguntas relacionadas à finalidade da-
quele círculo, a depender do tipo de cír-
culo (de compreensão, de apoio, de cele-
bração etc.);
8.	 Exploração do problema - sentimentos -
impactos;
9.	 Entendendo as necessidades: geração
de planos;
10.	Acordo (plano de ação ou plano restaura-
tivo) ou não acordo;
11.	Check out;
12.	Cerimônia de encerramento.
Pós-círculo:
o pós-círculo é um outro encontro em forma
de círculo, que segue as mesmas etapas de
1 a 7 descritas acima, podendo usar, inclusi-
ve, os mesmos valores e diretrizes já cons-
truídos no círculo. Após a etapa 7, deve ser
feita, pelo facilitador, a checagem de como
está sendo cumprido o acordo eventualmen-
te construído no círculo, seguindo-se, poste-
riormente, para as etapas 11 e 12 acima.
O QUE É A MEDIAÇÃO DE
CONFLITOS ESCOLARES?
A mediação é um outro processo técnico e
inteiramente voluntário, que pode ser consi-
derado um processo de Justiça Restaurati-
va. Desse modo, ele será conduzido por um
mediador ou por uma dupla de mediadores
e pode ser utilizado para tratar de conflitos
que envolvam de duas a três pessoas. É um
processo que envolve menos pessoas e não
traz a participação de apoiadores dos envol-
vidos diretamente no conflito ou da comuni-
dade, razão pela qual é considerado um pro-
cesso com menor amplitude restaurativa. A
mediação tem fases a serem seguidas:
Pré-mediação:
conversa individual para criar confiança e se-
gurança no procedimento. O mediador (ou os
mediadores) escutará(ão) a pessoa sobre o
caso, procurando entender o(s) fato(s) con-
creto(s) sem avaliações, os seus sentimentos
e as suas necessidades. Após essa escuta
inicial, o mediador proporá a mediação, es-
clarecendo sobre a voluntariedade, o sigilo, o
respeito e a busca do consenso. Repete-se a
pré-mediação com o(s) outro(s) envolvido(s)
no conflito. É importante verificar se há uma
concordância mínima sobre os fatos ocorri-
dos e, se não houver, o conflito não deve ser
mediado. Havendo a concordância de todos,
a mediação segue com os passos seguintes.
Mediação propriamente dita:
Abertura da Mediação pelo mediador (expli-
cação sobre a sua imparcialidade, sobre a
voluntariedade, o sigilo, o respeito e a busca
do consenso); aberturas dos participantes
(relato da história concreta do conflito, sem
julgamentos). Posteriormente, o mediador
faz um resumo do que ouviu, procurando
identificar os sentimentos, os interesses e
as necessidades subjacentes às posições
de cada participante. Depois de os partici-
pantes confirmarem ou reafirmarem os fatos
resumidos, bem como os seus sentimentos
e necessidades, o mediador os auxilia na
busca do consenso, procurando clarificar as
ações concretas que precisam ser realiza-
das voluntariamente para a satisfação dos
interesses de todos e a sua corresponsabi-
lização, podendo ser construído um acordo
entre as partes.
QUAIS DOCUMENTOS
DEVEM SER GUARDA-
DOS PELO NÓS?
Recomenda-se que o NÓS de sua escola te-
nha um arquivo físico ou digital onde devem
ser guardados:
•	 registros de todas as atividades, tais como
abordagens ou processos restaurativos,
oficinas etc., com data em que ocorreram
e sucinta descrição;
•	 acordos advindos de processos de Cír-
culos de Construção de Paz ou de Me-
diação que são sigilosos e não devem
ser divulgados, salvo quando assim for
requisitado pela SMED, SEE, Comitê-
Gestor do NÓS, Ministério Público ou
Poder Judiciário, para fins de estatística
ou informação.
OS CÍRCULOS DE CONSTRU-
ÇÃO DE PAZ CONFLITIVOS E
OS PROCESSOS DE MEDIAÇÃO
AFASTAM AS PENALIDADES
ESCOLARES OU IMPEDEM QUE
SE ACIONE A GUARDA MUNICI-
PAL OU A POLÍCIA MILITAR?
As escolas têm autonomia para deliberar so-
bre isso.
O PROGRAMA NÓS foi pensado para (re)
empoderar as escolas e permitir que os con-
flitos escolares sejam tratados pela própria
comunidade escolar, pois acredita-se que
no seu seio tais conflitos podem ser maneja-
dos e resolvidos de maneira mais satisfatória
para todos. A finalidade do programa não é
poupar trabalho às polícias, ao Ministério pú-
blico ou ao Poder Judiciário, e sim construir
cidadãos e comunidades mais responsáveis,
respeitosos e colaborativos.
O uso de abordagens e processos restau-
rativos por uma comunidade traz como con-
sequência o sentido de pertencimento de
todos àquela comunidade. Assim, o uso de
tais abordagens e processos pela escola
pode aumentar o sentido de pertencimento
de todos a esta e, consequentemente, incre-
mentar o respeito e o cuidado com a escola
e seus membros. A potencialização do sen-
timento de pertencimento à comunidade es-
colar reforça a tendência do ser humano em
respeitar e cuidar daquilo que é seu, produ-
zindo a melhoria da convivência escolar.
Propõe-se que o NÓS trate o conflito esco-
lar dentro da própria escola, fazendo crescer,
cada vez mais, o respeito dos membros da
comunidade escolar ao poder da escola, que
é o poder COM todos os seus integrantes.
Enfim, pretende-se potencializar, nas esco-
las públicas, o que Paulo Freire denomina de
pedagogia dialógica, sendo esta a base de
uma boa convivência humana.
É POSSÍVEL ADERIR AO
NÓS AQUALQUER TEMPO?
O termo de cooperação técnica (TCT) que
institui o NÓS foi assinado em 28 de feve-
reiro de 2018 e tem prazo de vigência de 5
(cinco) anos. Dessa forma, as escolas que
ainda não aderiram ao NÓS terão a possibili-
dade de fazê-lo ao longo da vigência do TCT,
inscrevendo seus agentes nas novas turmas
a serem constituídas pelo Comitê - Gestor do
programa, a depender da demanda e da dis-
ponibilidade dos tutores e financeira.
Além de possibilitar a adesão de novas esco-
las, as novas turmas também terão a finalida-
de de complementar o NÓS nas escolas que,
embora tenham aderido desde o primeiro mo-
mento, não conseguiram alcançar e manter o
número de 5 (cinco) agentes certificados.
COMO TIRAR DÚVIDAS RELATIVAS
AO NÓS E FAZER CONTATO?
Qualquer dúvida relativa ao PROGRAMA NÓS e/ou à sua execução na sua escola pode ser
solucionada através de contato preferencialmente com a Secretaria Municipal de Educação ou
Secretaria Estadual de Educação, ou diretamente com o Comitê-Gestor do programa.
SMED: e-mail: dpin.smed@pbh.gov.br; telefones: 3277-8855/8663.
SEE: e-mail: direitoshumanos@educacao.mg.gov.br; telefone (31) 3915-3522.
COMITÊ-GESTOR DO PROGRAMA NÓS: e-mail: comitegestornos@gmail.com.
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  • 2. O QUE SÃO OS NÓS? Os NÓS são os Núcleos para Orientação e Solução de Conflitos Escolares que devem ser criados nas escolas municipais2 e estadu- ais da rede pública de ensino de Belo Ho- rizonte que aderiram ao PROGRAMA NÓS Programa Justiça Restaurativa (JR) nas Escolas de Belo Horizonte3 , com a finalida- de de prevenir e solucionar conflitos escola- res dentro da própria escola, promovendo a cultura de paz e incentivando novas formas de comunicação não violenta e restaurativa entre todos. 2 Nas escolas municipais, os NÓS poderão ser cha- mados Câmaras de Práticas Restaurativas. 3 Participam desta iniciativa, por meio de um termo de cooperação técnica, a Secretaria de Estado da Educa- ção, a Secretaria Municipal de Educação de Belo Hori- zonte, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, o Minis- tério Público do Estado de Minas Gerais e a Faculdade de Direito da UFMG. QUEMINTEGRAOSNÓS? Os NÓS – Núcleos para Orientação e So- lução de Conflitos Escolares são integra- dos por representantes da comunidade es- colar indicados pelas diretorias das escolas, dentre professores, supervisores, auxilia- res e demais colaboradores, pais, alunos, ex-alunos e outras pessoas relacionadas à rotina de cada escola, incluindo os agentes da Guarda Municipal de Belo Horizonte, os quais, depois de capacitados através do cur- so promovido pelo PROGRAMA NÓS, são credenciados a atuar como AGENTES DE JUSTIÇA RESTAURATIVA NAS ESCOLAS. Os agentes são voluntários, e a atuação nos NÓS instalados em suas escolas será integrada às respectivas jornadas laborais, assim como o tempo dedicado ao curso de formação; aqueles que não são servidores públicos participam do NÓS como voluntá- rios, sem direito a qualquer remuneração. QUANTAS PESSOAS DE- VEM INTEGRAR O NÓS EM CADA ESCOLA? O programa preconiza que cada escola tenha 5 (cinco) agentes credenciados para integrar o NÓS. Contudo, caso a sua escola tenha apenas um agente, este será considerado in- tegrante do NÓS e eventual apoio do qual ele necessite para atuar com abordagens e pro- cessos restaurativos poderá ser solicitado a membros do NÓS de outras escolas ou à co- ordenação do PROGRAMA NÓS na SMED (e-mail: dpin.smed@pbh.gov.br e telefones (31) 3277-8855/8663) ou SEE (e-mail direi- toshumanos@educacao.mg.gov.br e telefo- ne (31) 3915-3522), conforme o caso. Oportunamente, as escolas que tiverem me- nos de 5 (cinco) agentes certificados pode- rão inscrever outros colaboradores para fa- zerem o curso de formação em novas turmas a serem constituídas, de modo que todas as escolas interessadas possam ter seus núcle- os completos.
  • 3. QUALQUER PESSOA PODE INTEGRAR O NÓS? É importante que a escola tenha conhecimen- to prévio das regras, objetivos e metodologia do PROGRAMA NÓS, para que a decisão de aderir a ele seja tomada com base no desejo voluntário de participar do programa e fazer valer o investimento despendido para a capa- citação dos agentes e criação dos núcleos. No momento de convidar os agentes que fa- rão o curso e integrarão o núcleo, cada es- cola deve ter o cuidado de escolher pessoas que efetivamente queiram exercer a função de AGENTE DE JUSTICA RESTAURATIVA NAS ESCOLAS e que reúnam algumas ca- racterísticas, tais como: • vínculos fortes com a escola; • desejo de contribuir voluntariamente para a melhoria do ambiente escolar; • protagonismo e liderança junto à comuni- dade escolar; • disponibilidade para participar; • capacidade de lidar com diversidades; • habilidade de comunicação; • expectativa de permanecer na comunida- de escolar durante algum tempo, visando a dar continuidade ao programa. O NÓS NECESSITA DE UM ESPAÇO FÍSICO NA ESCOLA? Em cada escola, o NÓS pode ter um espaço físico especial e é desejável que esse lugar seja próprio e construído de maneira colabo- rativa pela comunidade escolar. Esse espaço pode ser uma mesa, uma sala de aula, uma sala de apoio, uma sala da coordenação pe- dagógica, uma quadra esportiva, um “canto”, e a comunidade escolar deve ser envolvida na sua montagem, com a confecção de ma- teriais, peças, cartazes etc., bem como na sua inauguração, a ser celebrada e divulga- da na escola. Sugere-se o uso da logo e da arte do programa para a identificação desse espaço. Recomenda-se, também, que a ins- talação do NÓS em sua escola seja lavrada em ata escolar. Caso não seja possível destinar um espaço físico específico, o NÓS não deixará de exis- tir por causa disso. O importante é que o NÓS exista na alma e no coração de sua comunidade escolar, e ele pode utilizar-se de espaços comuns às demais atividades da escola, como, por exemplo, salas de aula, sala da coordenação pedagógica, ginásio, quadra esportiva, refei- tório, auditório, pátio etc., conforme a dispo- nibilidade em cada momento.
  • 4. OQUEONÓS PODEFAZER? O NÓS – Núcleo para Orientação e Solu- ção de Conflitos Escolares se destina a aplicar a Justiça Restaurativa nas escolas. A Justiça Restaurativa, como movimen- to social, propõe uma visão de justiça que visa a atender às necessidades de todos e a construir comunidades que vivam de manei- ra menos violenta e mais conectada, integra- da e colaborativa. Sendo assim, os integrantes do NÓS, espon- taneamente ou mediante demanda, podem, exemplificativa e não taxativamente: • contribuir com a inclusão de práticas res- taurativas no Projeto Político-Pedagógi- co da escola e, no caso da RME, incluir essas práticas no Plano de Convivência Escolar; • fazer atividades com enfoque restaurativo com turmas, grupos de alunos ou algum aluno; • promover e incentivar a realização de Cír- culos de Construção de Paz Não-Confliti- vos para diversas finalidades (celebrar iní- cios ou encerramentos de ano ou período letivo, importantes momentos da escola, conquistas, formaturas etc; superar mo- mentos difíceis; construir regras de convi- vência na escola ou nas turmas; abordar temas importantes; dialogar; integrar ou reintegrar algum membro da comunidade escolar; fortalecer vínculos comunitários com o fim de priorizar a boa conexão en- tre escola-família-comunidade; fazer reu- niões de pais, reuniões de professores e conselhos de classe; abordar conteúdos pedagógicos etc.); • promover oficinas distintas com enfoque restaurativo (oficinas de Comunicação Não-Violenta; oficinas de empatia; ofici- nas de atividades colaborativas etc.); • receber, diretamente ou por encaminha- mento, alunos, pais, professores e tra- balhadores da escola para resolução de conflitos escolares, com o uso de pro- cessos restaurativos, como Círculos de Construção de Paz Conflitivos e proces- sos de Mediação; • promover ações que visem a democrati- zar a escola e a tornar democráticos os espaços escolares; • outras atividades correlatas. O QUE É O CÍRCULO DE CONSTRUÇÃO DE PAZ? O Círculo de Construção de Paz é um pro- cesso técnico de Justiça Restaurativa, sem- pre voluntário, que, como método, possui elementos essenciais e fases a serem se- guidas para que o diálogo ocorra de maneira estruturada, com o auxílio de um ou mais fa- cilitadores devidamente capacitados. O Círculo de Construção de Paz é um dos métodos de Justiça Restaurativa. Embora
  • 5. algumas pessoas confundam a Justiça Res- taurativa com o Círculo, este é, na verdade, apenas um dos métodos de Justiça Restau- rativa. É considerado um dos métodos mais integralmente restaurativos, pois ele envolve vítima (pessoa que sofre um dano), ofensor (pessoa que causa um dano) e comunidade. O Círculo de Construção de Paz que foi apre- sentado aos AGENTES DE JUSTIÇA RES- TAURATIVA NAS ESCOLAS formados pelo PROGRAMA NÓS é um processo restaurati- vo que utiliza a metodologia proposta por Kay Pranis e pode ser usado não apenas para resolver conflitos (Círculo de Construção de Paz Conflitivo), mas também para diversas outras finalidades (Círculo de Construção de Paz Não-Conflitivo, para celebração, constru- ção de vínculos, fortalecimento de vínculos, construção de regras, superação de trauma, apoio, luto, tomada de decisões, reintegra- ção ou integração de algum membro da co- munidade etc.). QUAIS SÃO OS ELEMENTOS ESTRUTURAIS DOS CÍRCULOS DE CONSTRUÇÃO DE PAZ? • Sentar em Círculo; • Peça de Centro; • Objeto da Palavra; • Facilitador(es); • Cerimônias de abertura e fechamento; • Consenso. QUAIS AS PRINCIPAIS ETAPAS DOS CÍRCULOS DE CONSTRU- ÇÃO DE PAZ NÃO-CONFLITIVOS? Como apresentado aos agentes formados pelo PROGRAMA NÓS, as principais etapas do processo dos Círculos de Construção de Paz Não-Conflitivos são: 1. Boas-vindas: apresentação do processo, do espaço, do objeto da fala e do centro; 2. Cerimônia de abertura; 3. Check in: apresentação e sentimento; 4. Construção de valores; 5. Construção de diretrizes; 6. Contação de histórias; 7. Perguntas relacionadas à finalidade da- quele círculo, a depender do tipo de cír- culo (de compreensão, de apoio, de cele- bração etc.); 8. Check out; 9. Cerimônia de encerramento.
  • 6. QUAIS AS PRINCIPAIS ETAPAS DOS CÍRCULOS DE CONSTRU- ÇÃO DE PAZ CONFLITIVOS? Como apresentado aos agentes formados pelo PROGRAMA NÓS, as principais etapas do processo dos Círculos de Construção de Paz Conflitivos são: Pré-círculo: o chamado pré-círculo é uma reunião que os facilitadores fazem com cada um dos envolvidos diretamente no conflito, com as pessoas que eles indicam para parti- ciparem do círculo e com eventuais integran- tes da comunidade que o facilitador entenda que possam participar. Nessa reunião, o fa- cilitador deve: escutar a narrativa dos fatos, conforme a versão da pessoa que os está contando; identificar seus sentimentos e suas necessidades; esclarecer o que é o processo do Círculo de Construção de Paz e como ele ocorre, confirmando a vontade daquela pes- soa de dele participar. Círculo: 1. Boas-vindas: apresentação do processo, do espaço, do objeto da fala e do centro; 2. Cerimônia de abertura; 3. Check in: apresentação e sentimento; 4. Construção de valores; 5. Construção de diretrizes; 6. Contação de histórias; 7. Perguntas relacionadas à finalidade da- quele círculo, a depender do tipo de cír- culo (de compreensão, de apoio, de cele- bração etc.); 8. Exploração do problema - sentimentos - impactos; 9. Entendendo as necessidades: geração de planos; 10. Acordo (plano de ação ou plano restaura- tivo) ou não acordo; 11. Check out; 12. Cerimônia de encerramento. Pós-círculo: o pós-círculo é um outro encontro em forma de círculo, que segue as mesmas etapas de 1 a 7 descritas acima, podendo usar, inclusi- ve, os mesmos valores e diretrizes já cons- truídos no círculo. Após a etapa 7, deve ser feita, pelo facilitador, a checagem de como está sendo cumprido o acordo eventualmen- te construído no círculo, seguindo-se, poste- riormente, para as etapas 11 e 12 acima. O QUE É A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS ESCOLARES? A mediação é um outro processo técnico e inteiramente voluntário, que pode ser consi- derado um processo de Justiça Restaurati- va. Desse modo, ele será conduzido por um mediador ou por uma dupla de mediadores e pode ser utilizado para tratar de conflitos que envolvam de duas a três pessoas. É um processo que envolve menos pessoas e não traz a participação de apoiadores dos envol-
  • 7. vidos diretamente no conflito ou da comuni- dade, razão pela qual é considerado um pro- cesso com menor amplitude restaurativa. A mediação tem fases a serem seguidas: Pré-mediação: conversa individual para criar confiança e se- gurança no procedimento. O mediador (ou os mediadores) escutará(ão) a pessoa sobre o caso, procurando entender o(s) fato(s) con- creto(s) sem avaliações, os seus sentimentos e as suas necessidades. Após essa escuta inicial, o mediador proporá a mediação, es- clarecendo sobre a voluntariedade, o sigilo, o respeito e a busca do consenso. Repete-se a pré-mediação com o(s) outro(s) envolvido(s) no conflito. É importante verificar se há uma concordância mínima sobre os fatos ocorri- dos e, se não houver, o conflito não deve ser mediado. Havendo a concordância de todos, a mediação segue com os passos seguintes. Mediação propriamente dita: Abertura da Mediação pelo mediador (expli- cação sobre a sua imparcialidade, sobre a voluntariedade, o sigilo, o respeito e a busca do consenso); aberturas dos participantes (relato da história concreta do conflito, sem julgamentos). Posteriormente, o mediador faz um resumo do que ouviu, procurando identificar os sentimentos, os interesses e as necessidades subjacentes às posições de cada participante. Depois de os partici- pantes confirmarem ou reafirmarem os fatos resumidos, bem como os seus sentimentos e necessidades, o mediador os auxilia na busca do consenso, procurando clarificar as ações concretas que precisam ser realiza- das voluntariamente para a satisfação dos interesses de todos e a sua corresponsabi- lização, podendo ser construído um acordo entre as partes. QUAIS DOCUMENTOS DEVEM SER GUARDA- DOS PELO NÓS? Recomenda-se que o NÓS de sua escola te- nha um arquivo físico ou digital onde devem ser guardados: • registros de todas as atividades, tais como abordagens ou processos restaurativos, oficinas etc., com data em que ocorreram e sucinta descrição; • acordos advindos de processos de Cír- culos de Construção de Paz ou de Me- diação que são sigilosos e não devem ser divulgados, salvo quando assim for requisitado pela SMED, SEE, Comitê- Gestor do NÓS, Ministério Público ou Poder Judiciário, para fins de estatística ou informação.
  • 8. OS CÍRCULOS DE CONSTRU- ÇÃO DE PAZ CONFLITIVOS E OS PROCESSOS DE MEDIAÇÃO AFASTAM AS PENALIDADES ESCOLARES OU IMPEDEM QUE SE ACIONE A GUARDA MUNICI- PAL OU A POLÍCIA MILITAR? As escolas têm autonomia para deliberar so- bre isso. O PROGRAMA NÓS foi pensado para (re) empoderar as escolas e permitir que os con- flitos escolares sejam tratados pela própria comunidade escolar, pois acredita-se que no seu seio tais conflitos podem ser maneja- dos e resolvidos de maneira mais satisfatória para todos. A finalidade do programa não é poupar trabalho às polícias, ao Ministério pú- blico ou ao Poder Judiciário, e sim construir cidadãos e comunidades mais responsáveis, respeitosos e colaborativos. O uso de abordagens e processos restau- rativos por uma comunidade traz como con- sequência o sentido de pertencimento de todos àquela comunidade. Assim, o uso de tais abordagens e processos pela escola pode aumentar o sentido de pertencimento de todos a esta e, consequentemente, incre- mentar o respeito e o cuidado com a escola e seus membros. A potencialização do sen- timento de pertencimento à comunidade es- colar reforça a tendência do ser humano em respeitar e cuidar daquilo que é seu, produ- zindo a melhoria da convivência escolar. Propõe-se que o NÓS trate o conflito esco- lar dentro da própria escola, fazendo crescer, cada vez mais, o respeito dos membros da comunidade escolar ao poder da escola, que é o poder COM todos os seus integrantes. Enfim, pretende-se potencializar, nas esco- las públicas, o que Paulo Freire denomina de pedagogia dialógica, sendo esta a base de uma boa convivência humana. É POSSÍVEL ADERIR AO NÓS AQUALQUER TEMPO? O termo de cooperação técnica (TCT) que institui o NÓS foi assinado em 28 de feve- reiro de 2018 e tem prazo de vigência de 5 (cinco) anos. Dessa forma, as escolas que ainda não aderiram ao NÓS terão a possibili- dade de fazê-lo ao longo da vigência do TCT, inscrevendo seus agentes nas novas turmas a serem constituídas pelo Comitê - Gestor do programa, a depender da demanda e da dis- ponibilidade dos tutores e financeira. Além de possibilitar a adesão de novas esco- las, as novas turmas também terão a finalida- de de complementar o NÓS nas escolas que, embora tenham aderido desde o primeiro mo- mento, não conseguiram alcançar e manter o número de 5 (cinco) agentes certificados.
  • 9. COMO TIRAR DÚVIDAS RELATIVAS AO NÓS E FAZER CONTATO? Qualquer dúvida relativa ao PROGRAMA NÓS e/ou à sua execução na sua escola pode ser solucionada através de contato preferencialmente com a Secretaria Municipal de Educação ou Secretaria Estadual de Educação, ou diretamente com o Comitê-Gestor do programa. SMED: e-mail: dpin.smed@pbh.gov.br; telefones: 3277-8855/8663. SEE: e-mail: direitoshumanos@educacao.mg.gov.br; telefone (31) 3915-3522. COMITÊ-GESTOR DO PROGRAMA NÓS: e-mail: comitegestornos@gmail.com.