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ESTUDOS NA PROFECIA
DE MIQUÉIAS
2016
SÉRIE – CONHECENDO OS PROFETAS MENORES
REV. JOÃO RICARDO FERREIRA DE FRANÇA
CENTRO DE ESTUDOS PRESBITERIANO | Rua Manoel
Mascarenhas, 175 – 1º Andar – Barra – Riachão do Jacuípe – BA.
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Sumário
I – QUESTÕES INTRODUTÓRIAS À PROFECIA DE MIQUÉIAS............................ 2
1. O título do Livro.................................................................................................... 2
1.1 – O Nome do Profeta:......................................................................................... 2
1.2 – Quem é Miquéias?........................................................................................... 2
2 . – A Data Da Profecia.............................................................................................. 3
3 – O Tema e Propósito da Pofecia de Miquéias......................................................... 3
3.1 - O Tema da Profecia......................................................................................... 3
3.2 – O Propósito da Profecia................................................................................... 3
II – O MUNDO DO PROFETA MIQUÉIAS .................................................................. 4
2.1 – A situação Religiosa (Miquéias 1.)...................................................................... 4
2.2 – A Injustiça Social presente no tempo do profeta................................................. 5
III – AS DEMANDAS DE YAHWEH CONTRA JUDÁ................................................ 6
3.1 – Primeira Audiência.............................................................................................. 6
3.2 – A Segunda Audiência.......................................................................................... 7
3.3 – O Juízo Pronunciado............................................................................................ 8
3.3.1 – A Corrupção Moral – O fundamento para o juízo (Miquéias 7.1-6)............ 8
3.3.2 – A razão para o Juízo: Os Pecados de Judá e sua ruína (Miquéias 6.8-13) ... 9
IV – A MENSAGEM DE RESTAURAÇÃO E A PROMESSA MESSIÂNICA ........... 9
4.1 – O Arrependimento: Pré-Requisito para a Restauração........................................ 9
4.2 – A promessa Messiânica ..................................................................................... 10
4.3 – O Elemento Escatológico na profecia de Miquéias........................................... 11
REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS.............................................................................. 13
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MIQUEIAS
Rev. João Ricardo Ferreira de França.
I – QUESTÕES INTRODUTÓRIAS À PROFECIA DE MIQUÉIAS:
O Profeta Miquéias é um completo desconhecido no cenário da Igreja Evangélica
Brasileira; não apenas ele, mas todos os profetas menores são de algum modo
negligenciado pela Igreja atual.
A nossa série de estudos nos Profetas Menores tem como objetivo trazer a lume a
profecia do Antigo Testamento nos moldes destes profetas tão desconhecidos pela igreja
de nosso tempo. Esta segunda fase de nossos estudos nos concentraremos nos profetas:
Miquéias, Naum, Habaquque, Sofias com o objetivo de sermos edificados e desafiados
pela mensagem que estes profetas trouxeram para o povo de Deus.
1. O título do Livro:
A primeira informação que precisamos considerar é o nome do Livro que tem por
título Miquéias. Devemos ressaltar que os nomes que os profetas possuem, e geralmente
revelam, a temática da mensagem que será desenvolvida por eles durante o ministério
profético.
1.1 – O Nome do Profeta:
O nome profeta “é uma indagação exclamativa”1
o nome no hebraico é
“ ‫[”מ‬mikah] ao que tudo indica esta é uma forma abreviada, pois, a forma mais longa
“aparece em Juízes 17.1,4”2
“ּ ‫מ‬o”[mikahu] o significado do nome é “quem é como
Yah”3
ou “Quem é como Yahweh”?
1.2 – Quem é Miquéias?
Quem é o profeta Miquéias? A própria profecia nos informa que ele era de
Moresete (1.1) esta parece ser a Moresete-Gate (1.14); e “pode-se inferir que Miquéias
foi contemporâneo mais jovem de Isaías.”4
Este profeta “exerceu o ministério em
Jerusalém sob as gestões de Jotão, Acaz e Ezequias.”5
Quanto a questão da autoria não
1
FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 17.
2
YOUNG, Edward. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964, p.231.
3
FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 17
4
YOUNG, Edward. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964, p.232.
5
STURZ, Richard J. Miquéis In: Baker, David Weston, Obadias, Naum, Habacuque, Sofonias / David
Weston Baker. Jonas / Thomas Desmond Alexander. Miquéias / Richard J. Sturz., Säo Paulo : Vida Nova,
2001., p.156
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há nada de significativo que se oponha a ser a obra lavrada por um único autor. Mas,
alguns eruditos que “só atribuem alguns oráculos ao profeta”.6
Porque nos parece
mensagens fragmentadas, entretanto, os eruditos da alta crítica ignoram que a profecia de
Miquéias só pode ser “bem mais compreendida como uma antologia das mensagens
proféticas”7
que se seguiram durante o mistério profético do mesmo.
2 . – A Data Da Profecia.
O segundo aspecto a ser considerado é a data em que tal profecia veio a ser
proferida ou escrita. Quando observamos as informações contidas no primeiro verso da
profecia que situa o profeta exercendo seu ministério em três reinados. Alguém nos
lembra que:
[...] o primeiro capítulo abrange o Reino do Norte na palavra contra a idolatria
das duas capitais: Jerusalém e Samaria.[...] Não obstante, claro está que o
interesse de Miquéias, como o de Isaías, recai principalmente sobre o Reino do
Sul. E isso indica sem dúvida que a profecia foi entregue ou por volta da queda
de Samaria, em 722 a.C., ou depois dela.8
Devemos ressaltar que o contexto histórico da profecia de Miquéias encontra-se
em textos como 2 Reis 15.17 até o capítulo 20.17 e 2 Crônicas 26 até o capítulo 30 onde
os acontecimentos narrados situam o profeta na data supracitada.
3 – O Tema e Propósito da Pofecia de Miquéias:
Após estabelecermos a identidade e a data tanto do profeta quanto da profecia,
precisamos nos ocupar neste momento no tema e no propósito da profecia.
3.1 - O Tema da Profecia:
A mensagem desenvolvida pelo profeta pode ser sumarizada sob a seguinte
sentença: Yahweh é Juiz e Perdoador benigno.9
Este tema fala-nos da certeza de que em
Deus encontramos justiça em amor.
3.2 – O Propósito da Profecia:
O propósito do livro é certamente denunciar a injustiça social dominante em seu
período. Van Groninguen nos lembra que que este profeta fala contra os sacerdotes (3.11)
6
SICRE, José Luiz. El Profetismo en Israel. Stella / Navarra: Editora Verbo Divino, 1998 ,p.208
7
DILLARD, Raymond B; LOGMAN III, Tremper. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução: Sueli
da Silva Saraiva. São Paulo: Vida Nova, 2006, p.382
8
STURZ, Richard J. Miquéis In: Baker, David Weston, Obadias, Naum, Habacuque, Sofonias / David
Weston Baker. Jonas / Thomas Desmond Alexander. Miquéias / Richard J. Sturz., Säo Paulo : Vida Nova,
2001., p.159
9
FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 20
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especialmente quando “declara os pecados do povo” e a acrescenta “particularmente a
injustiça e opressão dos líderes, ele acusa os sacerdotes de ensinarem por dinheiro.
Embora os sacerdotes recebessem seu sustento das ofertas do povo, eram gananciosos e
injustos. ”10
As injustiças eram as seguintes:
1. A opressão aos fracos (Miquéias 2.1,2)
2. A expulsão das mulheres de seus lares (Miquéias 2.9)
3. Os líderes aceitavam e exerciam o juízo sob subornos (Miquéias 3.2,9-11)
4. Toda sorte de roubos era praticado e a religião era usada para tais práticas
(Miquéias 6.7,8,11,12)
5. E a inversão de valores são posta como alvo condenação profética de Miquéias
(Miquéias 7.2-6)
Na mensagem profética Miquéias ele condena os ricos por desprezarem os pobres
(Miquéias 3.1-3) este tipo de atitude toda a Lei11
dada outrora condena veementemente;
deve-se fazer um alerta, o profeta aqui não está defendendo a chamada teologia da
libertação, onde somente os pobres são alvos da piedade e misericórdia de Deus. A
mensagem redentiva de Deus nas páginas das Escrituras é que tanto o rico como o
pobre carecem da ação misericordiosa de Deus. Este deve ser o nosso pressuposto.
II – O MUNDO DO PROFETA MIQUÉIAS.
2.1 – A situação Religiosa (Miquéias 1.)
O mundo do profeta Miquéias precisa ser avaliado primeiramente no contexto
religioso no qual ele está inserido. O capítulo primeiro de sua profecia revela a perversão
religiosa presente no tempo de nosso profeta conforme lemos nos versos 5 e 7:
Tudo isto por causa da transgressão de Jacó e dos pecados da casa de Israel.
Qual é a transgressão de Jacó? Não é Samaria? E quais os altos de Judá? Não
é Jerusalém? Todas as suas imagens de escultura serão despedaçadas, e todos
os salários de sua impureza serão queimados, e de todos os seus ídolos eu farei
uma ruína, porque do preço da prostituição os ajuntou, e a este preço volverão.
Aqui duas palavras mostram a tônica da situação perversa da vida religiosa desse
povo: Transgressão e Pecado. Alguém nos apresenta um comentário interessante sobre
estes dois termos:
O termo transgressão e pecado descrevem as ofensas que o povo em toda a
parte estava praticando contra o Senhor. A Transgressão é o abuso da
liberdade, passando além dos limites da fidelidade ao Senhor, com ênfase em
todas as formas de idolatria. O pecado dá ênfase especial ao fracasso moral do
10
GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Velho Testamento. Tradução: Cláudio Wagner.
Campinas: Luz para o Caminho, 1995, p.,455
11
Deuteronômio 15.7-10.
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povo, o desvio da justiça e retidão, os pecados da injustiça social, o egoísmo,
a opressão dos pobres, o roubo e a crueldade no tratamento dos fracos e
indefesos.12
Devemos ressaltar que a crise social se dá por causa da crise religiosa. Esta é a
primeira verdade que devemos ter firmada em nossa mente. O pastor Isaltino nos lembra
exatamente esta verdade quando nos lembra que a “nação está socialmente desarranjada
porque sua relação com Deus está errada”.13
O afastar-se de Deus gera toda uma corrupção na vida do povo que apresenta uma
falsa adoração ao todo-poderoso. O pecado de Idolatria era veementemente condenado
nos profetas menores conforme já vimos nos estudos anteriores, aqui nesta profecia não
é diferente.
No capítulo 1.5 lemos: “[...] E quais os altos de Judá? Não é Jerusalém? [...]” na
literatura bíblica esta expressão revela a corrupção litúrgica onde Deus é substituído pelos
ídolos. Os chamados lugares “altos” no Antigo Testamente eram usados para “culto às
divindades ligadas à fertilidade” onde havia o ritual da prostituição feito por uma
“prostituta cultual”14
Este tipo de adoração era comum na vida do povo do pacto.
Devemos nos lembrar que apenas Israel, o Reino do Norte, era entregue à idolatria
conforme nós lemos em 1º Reis 12.27-29. Assim de igual modo esta prática se estendeu
até Judá, cuja a capital, era Jerusalém; estava caminhando nas mesmas pisadas de Israel
cuja capital era Samaria. É exatamente a isso que o texto de Miquéias 6.16 faz menção:
“porque observaste os estatutos de Onri e todas as obras da casa de Acabe e andaste nos
conselhos deles. Por isso, eu farei de ti uma desolação e dos habitantes da tua cidade,
um alvo de vaias; assim, trareis sobre vós o opróbrio dos povos”. Toda a sorte de
perversão agora estava presente na cidade. Isto é possível porque “cultos pervertidos
produzem condutas pervertidas”.15
2.2 – A Injustiça Social presente no tempo do profeta.
Nos tempos do profeta Miquéias as injustiças sociais eram gritantes. Essa
realidade é delineada no capítulo 2 de sua profecia. Há uma forte denúncia contra a elite
social nos tempos em que a profecia fora proferida. Observa-se essa tônica no capítulo
2.1-2: “Ai daqueles que, no seu leito, imaginam a iniqüidade e maquinam o mal! À luz da
alva, o praticam, porque o poder está em suas mãos. Se cobiçam campos, os arrebatam;
12
CRABTREE, A.R. Profetas Menores. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1971, p.134
13
FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 25.
14
BALANCIN, Euclides; STORNIOLO, Ivo. Como Ler o Livro de Miquéias. São Paulo: Edições
Paulinas, 1990, p.14.
15
FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 27.
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se casas, as tomam; assim, fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à
sua herança.”
O tema da injustiça social presente no texto de Miquéias é comum nos profetas
menores. Os poderosos estavam praticando a injustiça de todos os lados. Essa classe
corrupta e iníqua havia se apoderado da nação para cometer os seus pecados.16
Na verdade
a “corrupção impera por todos os lados”, os “poderosos faziam confisco se apropriavam
dos terrenos e das casas dos necessitados, maltratavam as mulheres, e vendiam as crianças
como escravos (2.1-11)”, ainda vala salientar que “as autoridades, em vez de opor-se a
eles, tratavam o povo como carne de matadouro (3.1-4). Os juízes e sacerdotes e profetas,
que deveriam parar as injustiças e denunciá-las, se vendem ao melhor posto (3.9-
11)”17
Harrison acrescenta: “O fato de que toda esta atividade era levada a cabo em uma
atmosfera de falsa religiosidade, para Miquéias, constituía o maior insulto”18
III – AS DEMANDAS DE YAHWEH CONTRA JUDÁ.
Os capítulos 6 e 7 da profecia de Miquéias nos apresentam as demandas de Deus
contra a nação. Nos versos iniciais a linguagem é de um tribunal:
3.1 – Primeira Audiência:
Ouvi, agora, o que diz o SENHOR: Levanta-te, defende a tua causa perante os
montes, e ouçam os outeiros a tua voz. Ouvi, montes, a controvérsia do
SENHOR, e vós, duráveis fundamentos da terra, porque o SENHOR tem
controvérsia com o seu povo e com Israel entrará em juízo. (Miquéias 6.1-
2)
Os elementos da natureza (a criação) são trazidos como pertencentes ao júri. O
Senhor expõe a sua queixa diante desse tribunal. Os cinco primeiros versos temos a fala
de Yahweh, mas o mesmo é interrompido pela resposta apresentada pelo povo:
Com que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus excelso?
Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á o
SENHOR de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu
primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da
minha alma? (Miquéias 6.6-7)
A grande pergunta é como “se apresentar diante do Senhor”? E o povo apresenta
três respostas diante de Yahweh em forma de perguntas:
1. Estaria diante do Senhor com Holocaustos? (vs.6)
2. O Senhor se agradará das muitas ofertas que farei?(vs.7ª)
16
Ibid, 34.
17
SCHOKEL, Alonso Luiz. DIAZ, J.L. Sicre. Los Profetas II, Madrid: Ediciones Cristandad,1980 ,p.1035
18
HARRISON, R.K. Introduccion al Antiguo Testamento – Volume III, Michigan: TELL, 1993 , p.218.
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3. Oferecerei sacríficos humanos pelas minhas transgressões (vs.7b)
Estas três propostas em tom de questionamento imediatamente tem uma reposta
de Yahweh conforme se vê no verso 8: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é
o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes
humildemente com o teu Deus.”.
Deus responde os questionamentos na mesma proporção e com a mesma simetria
valendo-se de três conceitos importantes: Justiça, Amar a Misericórida, humildade. Como
se apresentar diante de Yahweh?
1. O praticar a Justiça: o termo hebraico aqui para justiça é “ ‫פ‬ ׁ
‫ש‬‫[”מ‬mishe
pat]
o termo geralmente é usado para fazer referência a um veredito. O sentido dele
é puramente jurídico. Ligado a questão do cumprimento da lei. O que Deus
espera do povo não primeiramente os sacrifícios, mas especificamente a
prática da justiça requerida da lei.
2. Amar a Misericórdia: o segundo passo é “amar a benevolência”19
o termo
hebraico usado para misericórdia ou benevolência é “ ”[hesed] aqui é uma
referência ao amor pactual. É ter um coração na miséria do outro. O profeta
informa que não se deve apenas ter misericórdia ou benevolência deve-se
amar a hesed . A mensagem do profeta “requer que não apenas a justiça, mas
a bondade seja oferecida aos necessitados, aos miseráveis, aos oprimidos. Ela
abrange todos os atos caridosos. Deve-se agir como Deus age.”20
3. Andar Humildemente com Deus: o verbo andar aqui no hebraico “ְ ”[halak]
tem o sentido que andar na presença de Deus de forma humilde. Reconhecer
a dependência exclusiva de Deus. A palavra humildade aqui “ ‫צ‬”[tsana’] tem
o sentido de humilhar-se. Esta é a forma que o povo do pacto deve andar diante
de Deus com uma postura justa, amando fazer o bem e ter comunhão com
Deus.
3.2 – A Segunda Audiência:
Ainda na segunda parte deste texto de Miquéias 6 encontramos a segunda
audiência entre Deus e o povo pactual que tem se rebelado contra o senhor cometendo
toda sorte de idolatria e de injustiças sociais.
19
FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 38.
20
STURZ, Richard J. Miquéis In: Baker, David Weston, Obadias, Naum, Habacuque, Sofonias / David
Weston Baker. Jonas / Thomas Desmond Alexander. Miquéias / Richard J. Sturz., Säo Paulo : Vida Nova,
2001., p.262-263.
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Nos versos de 9-16 temos a segunda queixa de Deus em relação ao povo de Judá.
O profeta pinta uma imagem assustadora, pois, o povo vem acumulando “tesouro de
impiedade” (vs.10) sendo frutos de balanças enganosas (vs.10-11) e havia muita violência
e falsidade entre o povo (vs.12). Então a demanda do Senhor é apresentada de forma
severa:
Assim, também passarei eu a ferir-te e te deixarei desolada por causa dos teus
pecados. Comerás e não te fartarás; a fome estará nas tuas entranhas;
removerás os teus bens, mas não os livrarás; e aquilo que livrares, eu o
entregarei à espada. Semearás; contudo, não segarás; pisarás a azeitona, porém
não te ungirás com azeite; pisarás a vindima; no entanto, não lhe beberás o
vinho, porque observaste os estatutos de Onri e todas as obras da casa de Acabe
e andaste nos conselhos deles. Por isso, eu farei de ti uma desolação e dos
habitantes da tua cidade, um alvo de vaias; assim, trareis sobre vós o opróbrio
dos povos.
O Reino do Sul, isto é, Judá estava caminhando nos mesmos passos do Reino do
Norte, isto é, Samaria. E a degradação moral estava presente por causa da idolatria que
fora importada da casa de Acabe .
3.3 – O Juízo Pronunciado:
O capítulo 7 apresenta-nos três importantes perspectiva relacionado com a questão
do juízo divino e o povo. Primeiro, revela-nos a corrupção moral da nação, segundo,
apresenta a ruína de Judá por causa de seus pecados, e por fim, uma tônica de misericórdia
sobre o povo caso buscassem o arrependimento.
3.3.1 – A Corrupção Moral – O fundamento para o juízo (Miquéias 7.1-6):
Ai de mim! Porque estou como quando são colhidas as frutas do verão, como
os rabiscos da vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem figos temporãos
que a minha alma deseja. Pereceu da terra o piedoso, e não há entre os homens
um que seja reto; todos espreitam para derramarem sangue; cada um caça a seu
irmão com rede. As suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente; o
príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, o grande fala dos maus
desejos de sua alma, e, assim, todos eles juntamente urdem a trama. O melhor
deles é como um espinheiro; o mais reto é pior do que uma sebe de espinhos.
É chegado o dia anunciado por tuas sentinelas, o dia do teu castigo; aí está a
confusão deles. Não creiais no amigo, nem confieis no companheiro. Guarda
a porta de tua boca àquela que reclina sobre o teu peito. Porque o filho despreza
o pai, a filha se levanta contra a mãe, a nora, contra a sogra; os inimigos do
homem são os da sua própria casa.
Este é o primeiro fundamento que a profecia apresenta para o juízo divino contra
o povo do pacto; vale salientar que a temática do juízo já fora desenvolvida com
propriedade na profecia de Miquéias, pois, ele anuncia o julgamento divino contra os
falsos profetas (3.5). O profeta também anuncia o futuro cativeiro babilônico no capítulo
4.10. Na verdade, o anuncio do cativeiro estava presente desde o primeiro capítulo da
profecia conformes lemos em 1.15-16.
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3.3.2 – A razão para o Juízo: Os Pecados de Judá e sua ruína (Miquéias 6.8-13)
Aqui vemos uma “a mistura de condenação em razão do pecado”21
com a possível
restauração do povo. Nos versos de 8-13 essa mistura é nítida. Deus alerta sobre o juízo
que vem sobre o povo por uma nação inimiga, mas que haverá uma possibilidade de
restauração.
A tônica de juízo se faz presente em todo o livro conforme vemos nos capítulos
3.12: “Portanto, por causa de vós, Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se
tornará em montões de ruínas, e o monte do templo, numa colina coberta de mato.” A
ruína da cidade era algo certo, pois, os pecados do povo conduziriam até esta etapa do
juízo divino. Este é um quadro de total abandono no qual a nação estaria vivendo.
O juízo é preconizado no livro alertando que até os ricos passariam por privações
(Miquéias 6.14-15) devido aos pecados cometidos. E ainda seriam humilhados
profundamente (Miquéias 2.3-4).
IV – A MENSAGEM DE RESTAURAÇÃO E A PROMESSA
MESSIÂNICA.
Agora chegamos ao ponto culminante da profecia de Miquéias, pois, toda a tônica
de Juízo dá lugar também a percepção e a exortação ao arrependimento, na verdadghghe
a restauração prometida necessita da condição de arrepender-se e abandono dos pecados;
dentro desta estrutura temos duas ideias fundamentais. A primeira delas é que o
arrependimento é o pré-requisito para a restauração; e, segunda é que a promessa
messiânica assegura essa restauração.
4.1 – O Arrependimento: Pré-Requisito para a Restauração:
Devemos lembrar que a nação estava profundamente corrupta e mergulhada no
pecado. Alguém nos lembra que “Moralidade e integridade estavam tão degeneradas que
saíram de cena. ”22
A promessa de perdão é assegurada em Miquéias 7 versos 18-20. Aqui de forma
poética e bela é assegurado que o perdão divino é um esquecer nos profundos dos mares
todas as transgressões que povo cometera contra a sua vontade revelada (a lei).
21
STURZ, Richard J. Miquéis In: Baker, David Weston, Obadias, Naum, Habacuque, Sofonias / David
Weston Baker. Jonas / Thomas Desmond Alexander. Miquéias / Richard J. Sturz., Säo Paulo : Vida Nova,
2001., p.270
22
TOW, Timothy, The Minor Prophets, República de Singapura: Far Eastern Bible College, 2001, p.88
www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 10
Entretanto, o arrependimento é algo necessário para que o povo goze da
restauração advinda dessa promessa singular!
Deus ele nunca se lembra de nossos pecados, os nem nesta vida e nem na futura,
mas “não havendo conversão, não há perdão. Não houve arrependimento em Judá.”23
4.2 – A promessa Messiânica:
Neste contexto há uma necessidade de indagar: A profecia de Miquéias tem
alguma conotação messiânica? A figura do Messias prometido se faz presente em seu
conteúdo?
A resposta pode ser encontrada no texto de Miquéias capítulo 5 aqui a profecia é
“relativa ao Messias real” aqui de forma clara temos a noção messiânica presente no texto
da profecia de Miquéias. No verso 2 somos informados que é de “Belém-Efrata” que sairá
aquele que será o governante onde sua origem é desde os “dias da eternidade”.24
O termo
hebraico usado para este que vem “reinar” é “ ‫ש‬‫מ‬”(Mashal) significa “dominador”,
“regente”.
O termo que seria esperado aqui seria o “$l,m,”[melek] rei certamente para
demostrar estar tratando de outra ideia. Focalizando-se única e exclusivamente no
conceito de um libertador divino e humano. O profeta proclama que o agente messiânico,
“o rei divino-humano, que virá de Deus e da linhagem e lugar de nascimento de Davi, é
proclamado por Miquéias como um grandemente ativo mediador do pacto”.25
A obra do Messias é apresentada no verso 4: “Ele se manterá firme e apascentará
o povo na força do SENHOR, na majestade do nome do SENHOR, seu Deus; e eles
habitarão seguros, porque, agora, será ele engrandecido até aos confins da terra. ”
Aprendemos também que a obra do Messias “extrapolará os limites judaicos” e se
estenderá neste mundo.26
O governante messiânico trará libertação ao povo (Miquéias 4.7); ele trará
segurança ao povo (Miquéias 5.4) e será o pastor-regente deste povo e todas as nações
buscarão nele vida e paz (Miquéias 4.2-5).
23
FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 40
24
GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Velho Testamento. Tradução: Cláudio
Wagner. Campinas: Luz para o Caminho, 1995, p.461.
25
Idem
26
FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 53-54.
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Gérard Van Groningem nos apresenta uma relação daquilo que Miquéias
proclama a respeito do Messias:
Ele vem como um Governante
Vem de antes do tempo
É divino
Nasce de mulher em trabalho de parto
Vem da linhagem e cidade de Davi
Ele abre os portões
Ele quebra os laços opressores
Ele reúne os filhos do pacto
Restaura-os como o remanescente do povo escolhido
Permanece firme para governar, dirigir e servi-lo
Pastoreia seu rebanho e o faz habitar em segurança
Permanece soberanamente no controle de todas as forças
Exerce autoridade e poder divinos
Faz as demais nações, grandes ou pequenas, dobrarem-se diante dele
Guia-as a seus caminhos, sua obra e sua adoração.
Ele é a paz, e traz a paz aos seus, de toda tribo, língua e nação.27
4.3 – O Elemento Escatológico na profecia de Miquéias:
Devemos também considerar o elemento escatológico nesta profecia. Aqui vemos
alguns elementos com conotações futuras associadas ao conceito messiânico que já fora
introduzido no texto profético. Podemos destacar os seguintes eventos:
1. O juízo vindouro sobre os dois reinos (Norte e Sul): O exílio era algo certo.
Jerusalém seria destruída e “arada como um campo” (Miquéias 3.12) – e a
motivação bem sabemos aquele povo maquinava o mal, cobiçava campos,
defraudava e adorava ídolos (Miquéias 2.1-3; 5.11-15). O reino do Norte seria
invadido pela Assíria (Miquéias 5.5) e um século depois o reino do Sul seria
levado para a Babilônia (4.10) e os descendentes de Jacó seria espalhados pelas
as nações (Miquéias 5.7,8)
2. A promessa de Retorno do Remanescente do Exílio: Esta promessa possui
implicações escatológicas para o futuro (Miquéias 2.12-13; 4.6-8; 7.15-17).
3. A Profecia descreve o nascimento do Messias em termos claros: Uma parturiente
em Belém e a mãe do futuro Governante do povo. O nascimento humilde e o
27
GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Velho Testamento. Tradução: Cláudio
Wagner. Campinas: Luz para o Caminho, 1995, p.462
www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 12
caráter divino do Messias são apresentados. Sua obra de redenção, de ajuntamento
e estabilizadora é apresentada na terra.
4. A Era do Novo Testamento é profetizada por Miquéias: O povo do pacto é reunido
juntamente com as nações, tornando-se um só povo (Miquéias 4.1-5; 7.15-17)
5. O Estabelecimento do Reino Eterno: O ponto culminante na profecia de Miquéias
está no fato de que sua profecia aponta para o futuro, indicando a questão do reino
Eterno do Messias (Miquéias 4.1-5) neste tempo todos povos, línguas e nações
estarão reunidos debaixo de um único regente. Esse tempo será de prosperidade e
de paz. Yahweh e seu povo viverão em perfeita comunhão.28
A esperança do Povo de Deus sempre foi o Messias que não se limita a cor da
pele, a raça, o sexo ou a nação! A esperança no Cristo é fundamental para alicerçar a fé
da Igreja como um todo, que Deus nos conceda a graça de agradecermos sempre por tão
obra de redenção.
28
Esta seção sobre a escatologia de Miquéias devo integralmente ao texto de Gerard Van Groninguem no
livro Revelação Messiânica do Velho Testamento nas páginas 463-464.
www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 13
REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS
1. BALANCIN, Euclides; STORNIOLO, Ivo. Como Ler o Livro de Miquéias.
São Paulo: Edições Paulinas, 1990, p.14.
2. CRABTREE, A.R. Profetas Menores. Rio de Janeiro: Casa Publicadora
Batista, 1971, p.134
3. Deuteronômio 15.7-10.
4. DILLARD, Raymond B; LOGMAN III, Tremper. Introdução ao Antigo
Testamento. Tradução: Sueli da Silva Saraiva. São Paulo: Vida Nova, 2006.
5. FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011.
6. GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Velho Testamento.
Tradução: Cláudio Wagner. Campinas: Luz para o Caminho, 1995.
7. HARRISON, R.K. Introduccion al Antiguo Testamento – Volume III,
Michigan: TELL, 1993 , p.218.
8. SCHOKEL, Alonso Luiz. DIAZ, J.L. Sicre. Los Profetas II, Madrid: Ediciones
Cristandad,1980 ,p.1035
9. SICRE, José Luiz. El Profetismo en Israel. Stella / Navarra: Editora Verbo
Divino, 1998 ,p.208
10. STURZ, Richard J. Miquéis In: Baker, David Weston, Obadias, Naum,
Habacuque, Sofonias / David Weston Baker. Jonas / Thomas Desmond
Alexander. Miquéias / Richard J. Sturz., Säo Paulo : Vida Nova, 2001.
11. TOW, Timothy, The Minor Prophets, República de Singapura: Far Eastern
Bible College, 2001.
12. YOUNG, Edward. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova,
1964.

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  • 1. ESTUDOS NA PROFECIA DE MIQUÉIAS 2016 SÉRIE – CONHECENDO OS PROFETAS MENORES REV. JOÃO RICARDO FERREIRA DE FRANÇA CENTRO DE ESTUDOS PRESBITERIANO | Rua Manoel Mascarenhas, 175 – 1º Andar – Barra – Riachão do Jacuípe – BA.
  • 2. www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 1 Sumário I – QUESTÕES INTRODUTÓRIAS À PROFECIA DE MIQUÉIAS............................ 2 1. O título do Livro.................................................................................................... 2 1.1 – O Nome do Profeta:......................................................................................... 2 1.2 – Quem é Miquéias?........................................................................................... 2 2 . – A Data Da Profecia.............................................................................................. 3 3 – O Tema e Propósito da Pofecia de Miquéias......................................................... 3 3.1 - O Tema da Profecia......................................................................................... 3 3.2 – O Propósito da Profecia................................................................................... 3 II – O MUNDO DO PROFETA MIQUÉIAS .................................................................. 4 2.1 – A situação Religiosa (Miquéias 1.)...................................................................... 4 2.2 – A Injustiça Social presente no tempo do profeta................................................. 5 III – AS DEMANDAS DE YAHWEH CONTRA JUDÁ................................................ 6 3.1 – Primeira Audiência.............................................................................................. 6 3.2 – A Segunda Audiência.......................................................................................... 7 3.3 – O Juízo Pronunciado............................................................................................ 8 3.3.1 – A Corrupção Moral – O fundamento para o juízo (Miquéias 7.1-6)............ 8 3.3.2 – A razão para o Juízo: Os Pecados de Judá e sua ruína (Miquéias 6.8-13) ... 9 IV – A MENSAGEM DE RESTAURAÇÃO E A PROMESSA MESSIÂNICA ........... 9 4.1 – O Arrependimento: Pré-Requisito para a Restauração........................................ 9 4.2 – A promessa Messiânica ..................................................................................... 10 4.3 – O Elemento Escatológico na profecia de Miquéias........................................... 11 REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS.............................................................................. 13
  • 3. www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 2 MIQUEIAS Rev. João Ricardo Ferreira de França. I – QUESTÕES INTRODUTÓRIAS À PROFECIA DE MIQUÉIAS: O Profeta Miquéias é um completo desconhecido no cenário da Igreja Evangélica Brasileira; não apenas ele, mas todos os profetas menores são de algum modo negligenciado pela Igreja atual. A nossa série de estudos nos Profetas Menores tem como objetivo trazer a lume a profecia do Antigo Testamento nos moldes destes profetas tão desconhecidos pela igreja de nosso tempo. Esta segunda fase de nossos estudos nos concentraremos nos profetas: Miquéias, Naum, Habaquque, Sofias com o objetivo de sermos edificados e desafiados pela mensagem que estes profetas trouxeram para o povo de Deus. 1. O título do Livro: A primeira informação que precisamos considerar é o nome do Livro que tem por título Miquéias. Devemos ressaltar que os nomes que os profetas possuem, e geralmente revelam, a temática da mensagem que será desenvolvida por eles durante o ministério profético. 1.1 – O Nome do Profeta: O nome profeta “é uma indagação exclamativa”1 o nome no hebraico é “ ‫[”מ‬mikah] ao que tudo indica esta é uma forma abreviada, pois, a forma mais longa “aparece em Juízes 17.1,4”2 “ּ ‫מ‬o”[mikahu] o significado do nome é “quem é como Yah”3 ou “Quem é como Yahweh”? 1.2 – Quem é Miquéias? Quem é o profeta Miquéias? A própria profecia nos informa que ele era de Moresete (1.1) esta parece ser a Moresete-Gate (1.14); e “pode-se inferir que Miquéias foi contemporâneo mais jovem de Isaías.”4 Este profeta “exerceu o ministério em Jerusalém sob as gestões de Jotão, Acaz e Ezequias.”5 Quanto a questão da autoria não 1 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 17. 2 YOUNG, Edward. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964, p.231. 3 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 17 4 YOUNG, Edward. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964, p.232. 5 STURZ, Richard J. Miquéis In: Baker, David Weston, Obadias, Naum, Habacuque, Sofonias / David Weston Baker. Jonas / Thomas Desmond Alexander. Miquéias / Richard J. Sturz., Säo Paulo : Vida Nova, 2001., p.156
  • 4. www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 3 há nada de significativo que se oponha a ser a obra lavrada por um único autor. Mas, alguns eruditos que “só atribuem alguns oráculos ao profeta”.6 Porque nos parece mensagens fragmentadas, entretanto, os eruditos da alta crítica ignoram que a profecia de Miquéias só pode ser “bem mais compreendida como uma antologia das mensagens proféticas”7 que se seguiram durante o mistério profético do mesmo. 2 . – A Data Da Profecia. O segundo aspecto a ser considerado é a data em que tal profecia veio a ser proferida ou escrita. Quando observamos as informações contidas no primeiro verso da profecia que situa o profeta exercendo seu ministério em três reinados. Alguém nos lembra que: [...] o primeiro capítulo abrange o Reino do Norte na palavra contra a idolatria das duas capitais: Jerusalém e Samaria.[...] Não obstante, claro está que o interesse de Miquéias, como o de Isaías, recai principalmente sobre o Reino do Sul. E isso indica sem dúvida que a profecia foi entregue ou por volta da queda de Samaria, em 722 a.C., ou depois dela.8 Devemos ressaltar que o contexto histórico da profecia de Miquéias encontra-se em textos como 2 Reis 15.17 até o capítulo 20.17 e 2 Crônicas 26 até o capítulo 30 onde os acontecimentos narrados situam o profeta na data supracitada. 3 – O Tema e Propósito da Pofecia de Miquéias: Após estabelecermos a identidade e a data tanto do profeta quanto da profecia, precisamos nos ocupar neste momento no tema e no propósito da profecia. 3.1 - O Tema da Profecia: A mensagem desenvolvida pelo profeta pode ser sumarizada sob a seguinte sentença: Yahweh é Juiz e Perdoador benigno.9 Este tema fala-nos da certeza de que em Deus encontramos justiça em amor. 3.2 – O Propósito da Profecia: O propósito do livro é certamente denunciar a injustiça social dominante em seu período. Van Groninguen nos lembra que que este profeta fala contra os sacerdotes (3.11) 6 SICRE, José Luiz. El Profetismo en Israel. Stella / Navarra: Editora Verbo Divino, 1998 ,p.208 7 DILLARD, Raymond B; LOGMAN III, Tremper. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução: Sueli da Silva Saraiva. São Paulo: Vida Nova, 2006, p.382 8 STURZ, Richard J. Miquéis In: Baker, David Weston, Obadias, Naum, Habacuque, Sofonias / David Weston Baker. Jonas / Thomas Desmond Alexander. Miquéias / Richard J. Sturz., Säo Paulo : Vida Nova, 2001., p.159 9 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 20
  • 5. www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 4 especialmente quando “declara os pecados do povo” e a acrescenta “particularmente a injustiça e opressão dos líderes, ele acusa os sacerdotes de ensinarem por dinheiro. Embora os sacerdotes recebessem seu sustento das ofertas do povo, eram gananciosos e injustos. ”10 As injustiças eram as seguintes: 1. A opressão aos fracos (Miquéias 2.1,2) 2. A expulsão das mulheres de seus lares (Miquéias 2.9) 3. Os líderes aceitavam e exerciam o juízo sob subornos (Miquéias 3.2,9-11) 4. Toda sorte de roubos era praticado e a religião era usada para tais práticas (Miquéias 6.7,8,11,12) 5. E a inversão de valores são posta como alvo condenação profética de Miquéias (Miquéias 7.2-6) Na mensagem profética Miquéias ele condena os ricos por desprezarem os pobres (Miquéias 3.1-3) este tipo de atitude toda a Lei11 dada outrora condena veementemente; deve-se fazer um alerta, o profeta aqui não está defendendo a chamada teologia da libertação, onde somente os pobres são alvos da piedade e misericórdia de Deus. A mensagem redentiva de Deus nas páginas das Escrituras é que tanto o rico como o pobre carecem da ação misericordiosa de Deus. Este deve ser o nosso pressuposto. II – O MUNDO DO PROFETA MIQUÉIAS. 2.1 – A situação Religiosa (Miquéias 1.) O mundo do profeta Miquéias precisa ser avaliado primeiramente no contexto religioso no qual ele está inserido. O capítulo primeiro de sua profecia revela a perversão religiosa presente no tempo de nosso profeta conforme lemos nos versos 5 e 7: Tudo isto por causa da transgressão de Jacó e dos pecados da casa de Israel. Qual é a transgressão de Jacó? Não é Samaria? E quais os altos de Judá? Não é Jerusalém? Todas as suas imagens de escultura serão despedaçadas, e todos os salários de sua impureza serão queimados, e de todos os seus ídolos eu farei uma ruína, porque do preço da prostituição os ajuntou, e a este preço volverão. Aqui duas palavras mostram a tônica da situação perversa da vida religiosa desse povo: Transgressão e Pecado. Alguém nos apresenta um comentário interessante sobre estes dois termos: O termo transgressão e pecado descrevem as ofensas que o povo em toda a parte estava praticando contra o Senhor. A Transgressão é o abuso da liberdade, passando além dos limites da fidelidade ao Senhor, com ênfase em todas as formas de idolatria. O pecado dá ênfase especial ao fracasso moral do 10 GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Velho Testamento. Tradução: Cláudio Wagner. Campinas: Luz para o Caminho, 1995, p.,455 11 Deuteronômio 15.7-10.
  • 6. www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 5 povo, o desvio da justiça e retidão, os pecados da injustiça social, o egoísmo, a opressão dos pobres, o roubo e a crueldade no tratamento dos fracos e indefesos.12 Devemos ressaltar que a crise social se dá por causa da crise religiosa. Esta é a primeira verdade que devemos ter firmada em nossa mente. O pastor Isaltino nos lembra exatamente esta verdade quando nos lembra que a “nação está socialmente desarranjada porque sua relação com Deus está errada”.13 O afastar-se de Deus gera toda uma corrupção na vida do povo que apresenta uma falsa adoração ao todo-poderoso. O pecado de Idolatria era veementemente condenado nos profetas menores conforme já vimos nos estudos anteriores, aqui nesta profecia não é diferente. No capítulo 1.5 lemos: “[...] E quais os altos de Judá? Não é Jerusalém? [...]” na literatura bíblica esta expressão revela a corrupção litúrgica onde Deus é substituído pelos ídolos. Os chamados lugares “altos” no Antigo Testamente eram usados para “culto às divindades ligadas à fertilidade” onde havia o ritual da prostituição feito por uma “prostituta cultual”14 Este tipo de adoração era comum na vida do povo do pacto. Devemos nos lembrar que apenas Israel, o Reino do Norte, era entregue à idolatria conforme nós lemos em 1º Reis 12.27-29. Assim de igual modo esta prática se estendeu até Judá, cuja a capital, era Jerusalém; estava caminhando nas mesmas pisadas de Israel cuja capital era Samaria. É exatamente a isso que o texto de Miquéias 6.16 faz menção: “porque observaste os estatutos de Onri e todas as obras da casa de Acabe e andaste nos conselhos deles. Por isso, eu farei de ti uma desolação e dos habitantes da tua cidade, um alvo de vaias; assim, trareis sobre vós o opróbrio dos povos”. Toda a sorte de perversão agora estava presente na cidade. Isto é possível porque “cultos pervertidos produzem condutas pervertidas”.15 2.2 – A Injustiça Social presente no tempo do profeta. Nos tempos do profeta Miquéias as injustiças sociais eram gritantes. Essa realidade é delineada no capítulo 2 de sua profecia. Há uma forte denúncia contra a elite social nos tempos em que a profecia fora proferida. Observa-se essa tônica no capítulo 2.1-2: “Ai daqueles que, no seu leito, imaginam a iniqüidade e maquinam o mal! À luz da alva, o praticam, porque o poder está em suas mãos. Se cobiçam campos, os arrebatam; 12 CRABTREE, A.R. Profetas Menores. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1971, p.134 13 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 25. 14 BALANCIN, Euclides; STORNIOLO, Ivo. Como Ler o Livro de Miquéias. São Paulo: Edições Paulinas, 1990, p.14. 15 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 27.
  • 7. www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 6 se casas, as tomam; assim, fazem violência a um homem e à sua casa, a uma pessoa e à sua herança.” O tema da injustiça social presente no texto de Miquéias é comum nos profetas menores. Os poderosos estavam praticando a injustiça de todos os lados. Essa classe corrupta e iníqua havia se apoderado da nação para cometer os seus pecados.16 Na verdade a “corrupção impera por todos os lados”, os “poderosos faziam confisco se apropriavam dos terrenos e das casas dos necessitados, maltratavam as mulheres, e vendiam as crianças como escravos (2.1-11)”, ainda vala salientar que “as autoridades, em vez de opor-se a eles, tratavam o povo como carne de matadouro (3.1-4). Os juízes e sacerdotes e profetas, que deveriam parar as injustiças e denunciá-las, se vendem ao melhor posto (3.9- 11)”17 Harrison acrescenta: “O fato de que toda esta atividade era levada a cabo em uma atmosfera de falsa religiosidade, para Miquéias, constituía o maior insulto”18 III – AS DEMANDAS DE YAHWEH CONTRA JUDÁ. Os capítulos 6 e 7 da profecia de Miquéias nos apresentam as demandas de Deus contra a nação. Nos versos iniciais a linguagem é de um tribunal: 3.1 – Primeira Audiência: Ouvi, agora, o que diz o SENHOR: Levanta-te, defende a tua causa perante os montes, e ouçam os outeiros a tua voz. Ouvi, montes, a controvérsia do SENHOR, e vós, duráveis fundamentos da terra, porque o SENHOR tem controvérsia com o seu povo e com Israel entrará em juízo. (Miquéias 6.1- 2) Os elementos da natureza (a criação) são trazidos como pertencentes ao júri. O Senhor expõe a sua queixa diante desse tribunal. Os cinco primeiros versos temos a fala de Yahweh, mas o mesmo é interrompido pela resposta apresentada pelo povo: Com que me apresentarei ao SENHOR e me inclinarei ante o Deus excelso? Virei perante ele com holocaustos, com bezerros de um ano? Agradar-se-á o SENHOR de milhares de carneiros, de dez mil ribeiros de azeite? Darei o meu primogênito pela minha transgressão, o fruto do meu corpo, pelo pecado da minha alma? (Miquéias 6.6-7) A grande pergunta é como “se apresentar diante do Senhor”? E o povo apresenta três respostas diante de Yahweh em forma de perguntas: 1. Estaria diante do Senhor com Holocaustos? (vs.6) 2. O Senhor se agradará das muitas ofertas que farei?(vs.7ª) 16 Ibid, 34. 17 SCHOKEL, Alonso Luiz. DIAZ, J.L. Sicre. Los Profetas II, Madrid: Ediciones Cristandad,1980 ,p.1035 18 HARRISON, R.K. Introduccion al Antiguo Testamento – Volume III, Michigan: TELL, 1993 , p.218.
  • 8. www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 7 3. Oferecerei sacríficos humanos pelas minhas transgressões (vs.7b) Estas três propostas em tom de questionamento imediatamente tem uma reposta de Yahweh conforme se vê no verso 8: “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus.”. Deus responde os questionamentos na mesma proporção e com a mesma simetria valendo-se de três conceitos importantes: Justiça, Amar a Misericórida, humildade. Como se apresentar diante de Yahweh? 1. O praticar a Justiça: o termo hebraico aqui para justiça é “ ‫פ‬ ׁ ‫ש‬‫[”מ‬mishe pat] o termo geralmente é usado para fazer referência a um veredito. O sentido dele é puramente jurídico. Ligado a questão do cumprimento da lei. O que Deus espera do povo não primeiramente os sacrifícios, mas especificamente a prática da justiça requerida da lei. 2. Amar a Misericórdia: o segundo passo é “amar a benevolência”19 o termo hebraico usado para misericórdia ou benevolência é “ ”[hesed] aqui é uma referência ao amor pactual. É ter um coração na miséria do outro. O profeta informa que não se deve apenas ter misericórdia ou benevolência deve-se amar a hesed . A mensagem do profeta “requer que não apenas a justiça, mas a bondade seja oferecida aos necessitados, aos miseráveis, aos oprimidos. Ela abrange todos os atos caridosos. Deve-se agir como Deus age.”20 3. Andar Humildemente com Deus: o verbo andar aqui no hebraico “ְ ”[halak] tem o sentido que andar na presença de Deus de forma humilde. Reconhecer a dependência exclusiva de Deus. A palavra humildade aqui “ ‫צ‬”[tsana’] tem o sentido de humilhar-se. Esta é a forma que o povo do pacto deve andar diante de Deus com uma postura justa, amando fazer o bem e ter comunhão com Deus. 3.2 – A Segunda Audiência: Ainda na segunda parte deste texto de Miquéias 6 encontramos a segunda audiência entre Deus e o povo pactual que tem se rebelado contra o senhor cometendo toda sorte de idolatria e de injustiças sociais. 19 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 38. 20 STURZ, Richard J. Miquéis In: Baker, David Weston, Obadias, Naum, Habacuque, Sofonias / David Weston Baker. Jonas / Thomas Desmond Alexander. Miquéias / Richard J. Sturz., Säo Paulo : Vida Nova, 2001., p.262-263.
  • 9. www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 8 Nos versos de 9-16 temos a segunda queixa de Deus em relação ao povo de Judá. O profeta pinta uma imagem assustadora, pois, o povo vem acumulando “tesouro de impiedade” (vs.10) sendo frutos de balanças enganosas (vs.10-11) e havia muita violência e falsidade entre o povo (vs.12). Então a demanda do Senhor é apresentada de forma severa: Assim, também passarei eu a ferir-te e te deixarei desolada por causa dos teus pecados. Comerás e não te fartarás; a fome estará nas tuas entranhas; removerás os teus bens, mas não os livrarás; e aquilo que livrares, eu o entregarei à espada. Semearás; contudo, não segarás; pisarás a azeitona, porém não te ungirás com azeite; pisarás a vindima; no entanto, não lhe beberás o vinho, porque observaste os estatutos de Onri e todas as obras da casa de Acabe e andaste nos conselhos deles. Por isso, eu farei de ti uma desolação e dos habitantes da tua cidade, um alvo de vaias; assim, trareis sobre vós o opróbrio dos povos. O Reino do Sul, isto é, Judá estava caminhando nos mesmos passos do Reino do Norte, isto é, Samaria. E a degradação moral estava presente por causa da idolatria que fora importada da casa de Acabe . 3.3 – O Juízo Pronunciado: O capítulo 7 apresenta-nos três importantes perspectiva relacionado com a questão do juízo divino e o povo. Primeiro, revela-nos a corrupção moral da nação, segundo, apresenta a ruína de Judá por causa de seus pecados, e por fim, uma tônica de misericórdia sobre o povo caso buscassem o arrependimento. 3.3.1 – A Corrupção Moral – O fundamento para o juízo (Miquéias 7.1-6): Ai de mim! Porque estou como quando são colhidas as frutas do verão, como os rabiscos da vindima: não há cacho de uvas para chupar, nem figos temporãos que a minha alma deseja. Pereceu da terra o piedoso, e não há entre os homens um que seja reto; todos espreitam para derramarem sangue; cada um caça a seu irmão com rede. As suas mãos estão sobre o mal e o fazem diligentemente; o príncipe exige condenação, o juiz aceita suborno, o grande fala dos maus desejos de sua alma, e, assim, todos eles juntamente urdem a trama. O melhor deles é como um espinheiro; o mais reto é pior do que uma sebe de espinhos. É chegado o dia anunciado por tuas sentinelas, o dia do teu castigo; aí está a confusão deles. Não creiais no amigo, nem confieis no companheiro. Guarda a porta de tua boca àquela que reclina sobre o teu peito. Porque o filho despreza o pai, a filha se levanta contra a mãe, a nora, contra a sogra; os inimigos do homem são os da sua própria casa. Este é o primeiro fundamento que a profecia apresenta para o juízo divino contra o povo do pacto; vale salientar que a temática do juízo já fora desenvolvida com propriedade na profecia de Miquéias, pois, ele anuncia o julgamento divino contra os falsos profetas (3.5). O profeta também anuncia o futuro cativeiro babilônico no capítulo 4.10. Na verdade, o anuncio do cativeiro estava presente desde o primeiro capítulo da profecia conformes lemos em 1.15-16.
  • 10. www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 9 3.3.2 – A razão para o Juízo: Os Pecados de Judá e sua ruína (Miquéias 6.8-13) Aqui vemos uma “a mistura de condenação em razão do pecado”21 com a possível restauração do povo. Nos versos de 8-13 essa mistura é nítida. Deus alerta sobre o juízo que vem sobre o povo por uma nação inimiga, mas que haverá uma possibilidade de restauração. A tônica de juízo se faz presente em todo o livro conforme vemos nos capítulos 3.12: “Portanto, por causa de vós, Sião será lavrada como um campo, e Jerusalém se tornará em montões de ruínas, e o monte do templo, numa colina coberta de mato.” A ruína da cidade era algo certo, pois, os pecados do povo conduziriam até esta etapa do juízo divino. Este é um quadro de total abandono no qual a nação estaria vivendo. O juízo é preconizado no livro alertando que até os ricos passariam por privações (Miquéias 6.14-15) devido aos pecados cometidos. E ainda seriam humilhados profundamente (Miquéias 2.3-4). IV – A MENSAGEM DE RESTAURAÇÃO E A PROMESSA MESSIÂNICA. Agora chegamos ao ponto culminante da profecia de Miquéias, pois, toda a tônica de Juízo dá lugar também a percepção e a exortação ao arrependimento, na verdadghghe a restauração prometida necessita da condição de arrepender-se e abandono dos pecados; dentro desta estrutura temos duas ideias fundamentais. A primeira delas é que o arrependimento é o pré-requisito para a restauração; e, segunda é que a promessa messiânica assegura essa restauração. 4.1 – O Arrependimento: Pré-Requisito para a Restauração: Devemos lembrar que a nação estava profundamente corrupta e mergulhada no pecado. Alguém nos lembra que “Moralidade e integridade estavam tão degeneradas que saíram de cena. ”22 A promessa de perdão é assegurada em Miquéias 7 versos 18-20. Aqui de forma poética e bela é assegurado que o perdão divino é um esquecer nos profundos dos mares todas as transgressões que povo cometera contra a sua vontade revelada (a lei). 21 STURZ, Richard J. Miquéis In: Baker, David Weston, Obadias, Naum, Habacuque, Sofonias / David Weston Baker. Jonas / Thomas Desmond Alexander. Miquéias / Richard J. Sturz., Säo Paulo : Vida Nova, 2001., p.270 22 TOW, Timothy, The Minor Prophets, República de Singapura: Far Eastern Bible College, 2001, p.88
  • 11. www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 10 Entretanto, o arrependimento é algo necessário para que o povo goze da restauração advinda dessa promessa singular! Deus ele nunca se lembra de nossos pecados, os nem nesta vida e nem na futura, mas “não havendo conversão, não há perdão. Não houve arrependimento em Judá.”23 4.2 – A promessa Messiânica: Neste contexto há uma necessidade de indagar: A profecia de Miquéias tem alguma conotação messiânica? A figura do Messias prometido se faz presente em seu conteúdo? A resposta pode ser encontrada no texto de Miquéias capítulo 5 aqui a profecia é “relativa ao Messias real” aqui de forma clara temos a noção messiânica presente no texto da profecia de Miquéias. No verso 2 somos informados que é de “Belém-Efrata” que sairá aquele que será o governante onde sua origem é desde os “dias da eternidade”.24 O termo hebraico usado para este que vem “reinar” é “ ‫ש‬‫מ‬”(Mashal) significa “dominador”, “regente”. O termo que seria esperado aqui seria o “$l,m,”[melek] rei certamente para demostrar estar tratando de outra ideia. Focalizando-se única e exclusivamente no conceito de um libertador divino e humano. O profeta proclama que o agente messiânico, “o rei divino-humano, que virá de Deus e da linhagem e lugar de nascimento de Davi, é proclamado por Miquéias como um grandemente ativo mediador do pacto”.25 A obra do Messias é apresentada no verso 4: “Ele se manterá firme e apascentará o povo na força do SENHOR, na majestade do nome do SENHOR, seu Deus; e eles habitarão seguros, porque, agora, será ele engrandecido até aos confins da terra. ” Aprendemos também que a obra do Messias “extrapolará os limites judaicos” e se estenderá neste mundo.26 O governante messiânico trará libertação ao povo (Miquéias 4.7); ele trará segurança ao povo (Miquéias 5.4) e será o pastor-regente deste povo e todas as nações buscarão nele vida e paz (Miquéias 4.2-5). 23 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 40 24 GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Velho Testamento. Tradução: Cláudio Wagner. Campinas: Luz para o Caminho, 1995, p.461. 25 Idem 26 FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011, p. 53-54.
  • 12. www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 11 Gérard Van Groningem nos apresenta uma relação daquilo que Miquéias proclama a respeito do Messias: Ele vem como um Governante Vem de antes do tempo É divino Nasce de mulher em trabalho de parto Vem da linhagem e cidade de Davi Ele abre os portões Ele quebra os laços opressores Ele reúne os filhos do pacto Restaura-os como o remanescente do povo escolhido Permanece firme para governar, dirigir e servi-lo Pastoreia seu rebanho e o faz habitar em segurança Permanece soberanamente no controle de todas as forças Exerce autoridade e poder divinos Faz as demais nações, grandes ou pequenas, dobrarem-se diante dele Guia-as a seus caminhos, sua obra e sua adoração. Ele é a paz, e traz a paz aos seus, de toda tribo, língua e nação.27 4.3 – O Elemento Escatológico na profecia de Miquéias: Devemos também considerar o elemento escatológico nesta profecia. Aqui vemos alguns elementos com conotações futuras associadas ao conceito messiânico que já fora introduzido no texto profético. Podemos destacar os seguintes eventos: 1. O juízo vindouro sobre os dois reinos (Norte e Sul): O exílio era algo certo. Jerusalém seria destruída e “arada como um campo” (Miquéias 3.12) – e a motivação bem sabemos aquele povo maquinava o mal, cobiçava campos, defraudava e adorava ídolos (Miquéias 2.1-3; 5.11-15). O reino do Norte seria invadido pela Assíria (Miquéias 5.5) e um século depois o reino do Sul seria levado para a Babilônia (4.10) e os descendentes de Jacó seria espalhados pelas as nações (Miquéias 5.7,8) 2. A promessa de Retorno do Remanescente do Exílio: Esta promessa possui implicações escatológicas para o futuro (Miquéias 2.12-13; 4.6-8; 7.15-17). 3. A Profecia descreve o nascimento do Messias em termos claros: Uma parturiente em Belém e a mãe do futuro Governante do povo. O nascimento humilde e o 27 GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Velho Testamento. Tradução: Cláudio Wagner. Campinas: Luz para o Caminho, 1995, p.462
  • 13. www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 12 caráter divino do Messias são apresentados. Sua obra de redenção, de ajuntamento e estabilizadora é apresentada na terra. 4. A Era do Novo Testamento é profetizada por Miquéias: O povo do pacto é reunido juntamente com as nações, tornando-se um só povo (Miquéias 4.1-5; 7.15-17) 5. O Estabelecimento do Reino Eterno: O ponto culminante na profecia de Miquéias está no fato de que sua profecia aponta para o futuro, indicando a questão do reino Eterno do Messias (Miquéias 4.1-5) neste tempo todos povos, línguas e nações estarão reunidos debaixo de um único regente. Esse tempo será de prosperidade e de paz. Yahweh e seu povo viverão em perfeita comunhão.28 A esperança do Povo de Deus sempre foi o Messias que não se limita a cor da pele, a raça, o sexo ou a nação! A esperança no Cristo é fundamental para alicerçar a fé da Igreja como um todo, que Deus nos conceda a graça de agradecermos sempre por tão obra de redenção. 28 Esta seção sobre a escatologia de Miquéias devo integralmente ao texto de Gerard Van Groninguem no livro Revelação Messiânica do Velho Testamento nas páginas 463-464.
  • 14. www.centrodeestudospresbiteriano.blogspot.com 13 REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS 1. BALANCIN, Euclides; STORNIOLO, Ivo. Como Ler o Livro de Miquéias. São Paulo: Edições Paulinas, 1990, p.14. 2. CRABTREE, A.R. Profetas Menores. Rio de Janeiro: Casa Publicadora Batista, 1971, p.134 3. Deuteronômio 15.7-10. 4. DILLARD, Raymond B; LOGMAN III, Tremper. Introdução ao Antigo Testamento. Tradução: Sueli da Silva Saraiva. São Paulo: Vida Nova, 2006. 5. FILHO, Isaltino Gomes Coelho. Os Profetas II. Rio de Janeiro: Juerp, 2011. 6. GRONINGEN, Gerard Van. Revelação Messiânica no Velho Testamento. Tradução: Cláudio Wagner. Campinas: Luz para o Caminho, 1995. 7. HARRISON, R.K. Introduccion al Antiguo Testamento – Volume III, Michigan: TELL, 1993 , p.218. 8. SCHOKEL, Alonso Luiz. DIAZ, J.L. Sicre. Los Profetas II, Madrid: Ediciones Cristandad,1980 ,p.1035 9. SICRE, José Luiz. El Profetismo en Israel. Stella / Navarra: Editora Verbo Divino, 1998 ,p.208 10. STURZ, Richard J. Miquéis In: Baker, David Weston, Obadias, Naum, Habacuque, Sofonias / David Weston Baker. Jonas / Thomas Desmond Alexander. Miquéias / Richard J. Sturz., Säo Paulo : Vida Nova, 2001. 11. TOW, Timothy, The Minor Prophets, República de Singapura: Far Eastern Bible College, 2001. 12. YOUNG, Edward. Introdução ao Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 1964.