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à procura de soluções inovadoras
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT
NÚMERO 05 - AGOSTO 2013
entrevistado da edição
Conversamos com Flávio
Luciano, especialista em
inovação tecnológica,
sobre a evolução
de P&D no País
gestão de P&D
Pesquisadores
analisam ameaças
e desafios da área.
Aumento de recursos é
citado como prioridade
O que vem por aí
Conheça dois projetos
de P&D ainda em
análise, um deles
ligado ao Programa
Smart Grid Light
Projetos de P&D da light
Software simula impactoSoftware simula impactoSoftware
da geração distribuída na
rede da concessionária
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT2 PUCR I O
Contato: Prof. Marley Maria B.R. Vellasco Tel. (21) 3527-1630
marley@ele.puc-rio.br | www.ele.puc-rio.br/lira
a
Sistemas inteligentes de apoio à decisão, previsão de séries
temporais, otimização, data/web/text mining e automação.
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 3
Mensagem do presidente
	 Nesta 5ª edição da Revista Sa-
ber, buscamos focar totalmente no tema
Pesquisa & Desenvolvimento e no enorme
ganho auferido para o setor elétrico. Es-
colhemos o VII Congresso de Inovação Tec-
nológica em Energia Elétrica (CITENEL), rea-
lizado no Rio de Janeiro, para o lançamento
da revista por ser um evento que retrata a
relevância desse tema para o setor.
	 A divulgação de resultados do Pro-
grama de P&D da Light, regulado pela ANEEL,
demonstra a sua sinergia com várias ações da
empresa, sendo hoje uma importante ferra-
menta para alavancar os desafios da compa-
nhia e de todo o setor elétrico.
	 Desde a obrigatoriedade de in-
vestimentos em P&D a partir da Lei Federal
9.991/2000, a empresa vem ampliando suas
apostas em inovação como forma de vencer
alguns gaps tecnológicos e buscando sempre
parceiros que estejam voltados ao alcance de
resultados promissores para o nosso cliente,
que é o principal financiador do Programa
de P&D e deve ser beneficiado cada vez mais
com tecnologias de ponta.
	 A Light tem fortalecido a questão
regulatória, buscando atuar de forma sinér-
gica com o também regulado Programa de
Eficiência Energética. A concessionária em-
prega os recursos de acordo com os crité-
rios vigentes e foca em projetos inovadores
e plenamente alinhados com os rumos do
negócio, que têm aplicação direta na em-
presa e no setor.
	 A inovação no setor elétrico pode
se tornar um diferencial competitivo, deixan-
do um grande legado para produtos e proces-
sos que impactam diretamente a melhoria da
qualidade do serviço ao cliente. O papel da
concessionária também tem sido de indutora
de inovações para o setor, fomentando o cam-
po investigatório junto a seus parceiros da aca-
demia, consultoria e centros de pesquisa.
	 O ambiente corporativo tem gran-
de necessidade de dar total atenção às ten-
dências do ambiente externo, e o P&D pos-
sibilita esse monitoramento constante,
acompanhando o dinamismo do mercado e
deixando a empresa numa posição de van-
guarda tecnológica. Nesse sentido, o P&D
emerge para contribuir com a inovação e
com todas as questões que permeiam a sus-
tentabilidade, o desenvolvimento do capital
humano, a gestão do conhecimento e a oti-
mização de recursos.
	 Esta revista apresenta para todos os
envolvidos, direta ou indiretamente, com o
tema P&D um extrato do que tem sido reali-
zado, implantado e planejado nessa área.
Paulo Roberto Pinto
Presidente da Light
fotoPAULAKOSSATZ
no
05 - aGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT4
sumário
DIRETORIA DA LIGHT
DIRETOR PRESIDENTE
Paulo Roberto Pinto
DIRETOR DE COMUNICAÇÃO
Luiz Otavio Ziza Mota Valadares
DIRETOR DE GESTÃO EMPRESARIAL
Paulo Carvalho Filho
DIRETOR DE FINANÇAS E RELAÇÕES COM INVESTIDORES
João Batista Zolini Carneiro
DIRETOR DE ENERGIA E NOVOS NEGÓCIOS
Evandro Leite Vasconcelos
DIRETOR DE DISTRIBUIÇÃO
Ricardo Rocha
DIRETORA DE GENTE
Andreia Junqueira
DIRETOR JURÍDICO
Fernando Fagundes
SABER | REVISTA DE PESQUISA E
DESENVOLVIMENTO DA LIGHT
SUPERINTENDÊNCIA DE DISTRIBUIÇÃO MT/BT
Gustavo Alencar
GERÊNCIA DE SISTEMAS TÉCNICOS E INOVAÇÃO
Bruno Ceotto
GESTÃO DO PROGRAMA DE P&D
José Tenorio B. Junior
CONTATO pesquisa.desenvolvimento@light.com.br
SUPERINTENDÊNCIA DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL
Oscar Guerra
COORDENAÇÃO DE COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL E NOVAS MÍDIAS
Jordana Garcia
CONTATO jordana.garcia@light.com.br
REPORTAGEM, TEXTO E EDIÇÃO
Massi Comunicação
JORNALISTA RESPONSÁVEL
Viviane Massi - MTB 7149/MG
COLABORAÇÃO
Fátima Ribas
REVISÃO
Agnes Rissardo
PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO
Quadratta Comunicação e Design
FOTOGRAFIAS
Humberto Teski
INFOGRÁFICOS
Diogo Torres
COMERCIAL
Regina Rei
IMPRESSÃO
Stilgraf
TIRAGEM
2.000
Paraanunciar
CONTATO (21) 2211- 2563
Para especialista em P&D,
programas da área estão
evoluindo, mas ainda é
preciso envolver a indústria.
EnTrEviSTaDO Da EDiçÃO
6
Pesquisadores apontam
ameaças e desafios para os
programas de P&D das
concessionárias.
GESTÃO DE P&D
12
como a companhia está
avaliando os impactos da
geração distribuída em sua
rede elétrica.
PrOjETOS DE P&D Da LiGhT
20
Confira, nesta edição,
quatro artigos produzidos por
pesquisadores e profissionais
envolvidos em projetos
de P&D da light.
arTiGOS ciEnTíficOS
54
P&D da light prepara novos
projetos em busca de soluções
inovadoras para melhorar
serviços de energia e
relacionamento com o cliente.
O quE vEm POr aí
50
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 5
no
05 - aGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT6
no
05 - aGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT6
EnTrEviSTaDO Da EDiçÃO
P&D ontem, hoje e amanhã
Especialista em inovação tecnológica, Flávio Luciano
analisa os últimos 15 anos de pesquisa e desenvolvimento
no País e afirma: “estamos evoluindo em direção
à melhoria de resultados”
fLáviO LucianO DE SOuza,
cOnSuLTOr na árEa DE P&D,
aLém DE aDvOGaDO E fiLÓSOfO
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 7REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 7
EnTrEviSTaDO Da EDiçÃO
cos importantes. Como avaliar o segmento
de P&D de lá para cá?
Flávio luciano: Heráclito de Éfeso já dizia,
há mais de 2.500 anos, que “tudo é em trans-
formação”. Lavoisier, século XVIII, modernizou
para:“na natureza, nada se cria, nada se perde,
tudo se transforma”. Houve o Manual de 2008
e já há o de 2012. Se vamos de quatro em qua-
tro anos, pelo menos seguiremos o ciclo tem-
poral de Copa do Mundo e Olimpíadas. Evi-
dentemente,arespostacorretaéqueestamos,
sim, evoluindo em direção à melhoria de resul-
tados para o processo de inovação relaciona-
do ao setor elétrico brasileiro. Mas será que
estamos evoluindo na velocidade adequada?
Países mais desenvolvidos estão em patama-
res mais elevados do que o nosso e avançam
em velocidade maior do que a nossa. Precisa-
mos acelerar o alcance de resultados e levar ao
mercado produtos resultantes de nossos pro-
jetos de P&D para mudar tal quadro.
saber: A obrigatoriedade de investimen-
tos em P&D, a partir de 2000, com a Lei 9.991,
inaugurou um novo processo para as conces-
sionárias do setor elétrico. Como essa exigên-
cia foi recebida pelo setor e quais foram su-
Formado em Engenharia Elétrica pela Escola
de Engenharia da Universidade Federal Flu-
minense (UFF) e pós-graduado pela COPPE/
UFFRJ, Flávio Luciano de Souza também é ad-
vogado e filósofo. Autor da obra P&D – Pes-
quisa e Desenvolvimento no Setor Elétrico – A
caminho da Inovação, o ex-coordenador do
P&D da Light nos dois primeiros anos da im-
plantação do programa e, atualmente, con-
sultor na área conversou com a Revista Sa-
ber. Leia a seguir.
saber: Por que distinguir criatividade de
inovação?
Flávio luciano de souza:Diz-seseropovo
brasileiro criativo, daí vocacionado à inovação.
Talvez não seja obrigatoriamente assim. Criati-
vidade deve ser vista como algo espontâneo,
quase intuitivo. A capacidade de apontar so-
luções rápidas, inusitadas para problemas que
se apresentem. A inovação, particularmente se
o conceito é aplicado ao processo industrial,
exige também foco, disciplina. De outra forma:
se a criatividade desponta com um viés anár-
quico, a inovação exige método, organização.
A pré-existência da criatividade em uma socie-
dade pode ser canalizada para a inovação, mas
sozinha não garante sucesso à inovação.Tanto
que povos considerados como não tão criati-
vos quanto o brasileiro têm alcançado elevado
grau de inovação tecnológica e industrial, jus-
tamente devido às características de organiza-
ção de conhecimentos, polarização de inten-
ções e foco em resultados.
saber: A legislação em vigor, a criação da
ANEEL e o Manual de P&D em 2008 são mar-
Desde a origem do processo, os Programas de
P&D e EE se entrelaçam, o que, de certa forma,
só se tem fortalecido com o tempo. A ANEEL
há muito fundiu os dois programas em uma
única Superintendência e muitas distribuidoras já
adotam o formato.
no
05 - aGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT8
no
05 - aGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT8
EnTrEviSTaDO Da EDiçÃO
as consequências no dia a dia dos P&Ds em
curso?
Flávio luciano: Em realidade, mesmo antes
da Lei 9.991/00, a ANEEL, adotando uma inter-
pretação de contratos de concessão, a partir de
1998, já obrigava algumas empresas a investir
em P&D e Eficiência Energética (EE). Aliás, des-
de a origem do processo, os Programas de
P&D e EE se entrelaçam, o que, de certa for-
ma, só se tem fortalecido com o tempo. A
ANEEL há muito fundiu os dois programas em
uma única Superintendência e muitas distri-
buidoras já adotam o formato. Os efeitos da
legislação citada são óbvios, pois as conces-
sionárias que até então, raríssimas exceções,
simplesmente não investiam em P&D e Ino-
vação Tecnológica, passaram a fazê-lo. Inicial-
mente consideravam tais esforços como uma
obrigação desagradável, um estorvo, que não
lhes restava opção senão cumprir, mas que lo-
go evoluiria para uma conscientização de que
surgia uma real possibilidade de melhoria na
qualidade da prestação de serviços a seus
clientes e, principalmente, uma real oportuni-
dade de negócio. Isso se aplica indistintamen-
te a empresas privatizadas ou não.
saber: Com que objetivo as empresas inves-
tem em inovação? Em prol de um projeto na-
cional ou para satisfazer suas próprias neces-
sidades imediatas?
Flávio luciano: Em um ambiente com-
petitivo, as empresas têm que se preocupar,
sim, em investir em pesquisas que melhorem
seus próprios serviços e resultados, com refle-
xos imediatos para a população estabelecida
em sua área de concessão. E é óbvia a conclu-
são de que os resultados a que uma empre-
sa chega são perfeitamente aproveitáveis por
outras do mesmo setor, respeitados, quando
aplicáveis, os direitos de propriedade da solu-
ção. Não esqueçamos de que outros formatos
existem, como as verbas do CT-Energ e talvez
a recente iniciativa do Inova Energia, vocacio-
nados a soluções de problemas de alcance se-
torial. Mas é importante ressaltar que qual-
quer produto de projeto de P&D que chegue
ao mercado acarretará benefícios não só para
a concessionária, mas também para a econo-
mia em geral, pois influirá na criação de pos-
tos de trabalho, arrecadação de impostos e
melhorias nos serviços prestados à sociedade.
saber: A criação da ANEEL também merece
destaque na história de P&D no País. A Agên-
cia tem conseguido cumprir seus papéis de
supervisão e fiscalização aos programas de
P&D? Que contribuições ela já deu ao fomen-
to da pesquisa no Brasil?
Flávio luciano: No que diz respeito ao se-
tor elétrico, a ANEEL tem sido clara prota-
gonista na história do P&D. Ela tem sob sua
égide os projetos de P&D, realizados ou em
realização, diretamente gerenciados por em-
presas prestadoras de serviços de geração e
transporte de energia elétrica. Se fizermos
uma analogia com a Química, a ela não cabe-
Em um ambiente competitivo, as empresas
têm que se preocupar, sim, em investir em
pesquisas que melhorem seus próprios
serviços e resultados.
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 9
no
05 - aGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT10
no
05 - aGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT10
ria o papel de reagente, mas de catalisador no
processo, fazendo justamente o papel de su-
pervisão e fiscalização. Não o faz sem peca-
do. No passado, o esforço se direcionava a ter
um quantitativo de pessoas capazes de aten-
der à totalidade da demanda de serviços ine-
rentes a tais funções, mas, de alguns anos pa-
ra cá, frustrada a possibilidade de contratação
de pessoal suficiente, a ANEEL tem optado
por terceirizar parte de suas atividades com
avaliadores ad hoc e auditorias de programas
e projetos. Há vantagens e desvantagens de-
correntes de tal opção, mas é forçoso reco-
nhecer: ela advém de uma situação de fato.
saber: A crescente conscientização para
preservação dos recursos naturais e a bus-
ca por adoção de práticas sustentáveis den-
tro das empresas do setor elétrico têm impac-
to direto nos programas de P&D. Esse cenário
amplia o espectro para projetos?
Flávio luciano: Sim. Por exemplo, a ge-
ração de energia a partir de fontes menos
agressivas ao meio ambiente é demanda
crescente da sociedade, indicando ser real
necessidade para a preservação da vida futu-
ra em condições aceitáveis em nosso planeta.
É ainda tema extremamente promissor para
a engenharia nacional, particularmente para
pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos.
saber: A matriz energética tende a se diver-
sificar com as fontes renováveis. O setor elé-
trico brasileiro deve mesmo apostar nessas
novas formas de produzir energia?
Flávio luciano: Creio que tal discussão já
está ultrapassada no momento em que o Bra-
sil se dispõe a se fazer presente no cenário
econômico mundial. Tudo indica que fontes
renováveis são o futuro irrecorrível para aten-
dimento às demandas de energia pela huma-
nidade. E podemos nele ingressar agora ou
esperar que outros realizem os desenvolvi-
mentos necessários para, então, comprarmos
soluções prontas, a preços exorbitantes. Revi-
ver o passado seria aceitar a vocação ao está-
gio de subdesenvolvimento nacional.
saber: Como o senhor avalia, atualmente,
o envolvimento da indústria em projetos de
P&D, cujo objetivo seria levar o produto final
à fase de comercialização?
Flávio luciano: Ainda é fraco, aquém de
qualquer expectativa razoável. Ou melhora
ou estaremos próximos do destino de “sim-
ples coleção de boas intenções”. No entanto,
parcela relevante das concessionárias tam-
bém tem um dever de casa a ser feito, que é o
de, dentro de suas realidades, estabelecer in-
fraestrutura de P&D e Inovação Tecnológica
com quadro de pessoal experiente no assun-
to e com níveis de decisão adequados ao bom
EnTrEviSTaDO Da EDiçÃO
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 11REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 11
Ou a participação da indústria melhora ou
estaremos próximos do destino de ‘simples
coleção de boas intenções’.
desempenho das atividades inerentes ao pla-
nejamento, acompanhamento de projetos,
internalização de resultados e, importante no
caso, esgotamento de oportunidades de in-
dustrialização/comercialização de produtos
advindos de seus esforços de P&D e Inovação
Tecnológica.Tal observação se evidencia prin-
cipalmente se considerarmos os elevados va-
lores e riscos inerentes ao cumprimento das
obrigações normativas junto à ANEEL.
saber: O que o governo poderia fazer para
assegurar maior envolvimento da indústria?
Flávio luciano: Uma possível face para o
que discutimos é a econômica, cabendo ao
Estado criar mecanismos de renúncia tributá-
ria, poder de compra, subvenção e financia-
mento eficientes, o que em verdade vem sen-
do tentado – FINEP, BNDES, Lei do Bem, etc –,
mas, se não ocorreu real engajamento da in-
dústria, é porque há falhas. Outra face seria
a da segurança – econômica, política, jurídi-
ca – e aqui se apresenta o verdadeiro Calca-
nhar de Aquiles: a fúria legiferante do Estado
brasileiro, que nos mantém sob permanente
insegurança e, via de consequência, provo-
ca ojeriza a investimentos e aversão ao capi-
tal de risco. Somos um País em que, quando
algo novo se apresenta, logo pensamos em
criar uma nova norma que o alcance, em vez
de verificar se alguma norma existente já não
é remédio adequado, ainda que sob um prin-
cípio do Direito: o da analogia.
saber: Em 2012, a ANEEL divulgou o novo ma-
nual de P&D. Essa versão traz como principal
mudança o fim da avaliação inicial de projetos.
Quais os impactos para os programas de P&D?
Flávio luciano: A real motivação da emis-
são do Manual de 2012, a meu ver, foi real-
mente a eliminação da fase de avaliação ini-
cial, caracteristicamente a saída de quem
não deveria ter entrado no Manual de 2008.
A avaliação inicial tendia a ser, equivocada-
mente, considerada um cinto de segurança,
algo como uma “bengala psicológica” para
possíveis insucessos que poderiam advir da
avaliação final dos projetos. Também no tópi-
co relativo à propriedade intelectual e sua co-
mercialização, foram feitas modificações que
são de mérito discutível, tendo a ANEEL, tal-
vez, atuado com ardor excessivo.
saber: O País investe o suficiente em P&D?
Flávio luciano: Não. E não me refiro somen-
te ao setor elétrico. Essa conclusão é irrefutá-
vel, bastando considerar que, historicamente,
nenhum dos 16 Fundos Setoriais existentes,
criados única e exclusivamente para arrecadar
e distribuir recursos para sustentar esforços de
P&D e InovaçãoTecnológica dos diferentes se-
tores produtivos, conseguiu aplicar a totalida-
de de recursos arrecadados. Na realidade, fo-
ram contingenciados dois terços do devido.
Ou, em outros termos, foi aplicado apenas um
terço dos recursos arrecadados nas finalidades
precípuas para as quais foram recolhidos.
EnTrEviSTaDO Da EDiçÃO
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT12
GESTÃO DE P&D
O P&D na atualidade:
desafios e ameaças
Ampliação de recursos, novas plataformas tecnológicas e
possibilidade de mudança na legislação se destacam nos
debates sobre pesquisa e desenvolvimento no País
	 Aevoluçãoconstantedosinvestimen-
tos em P&D tem sido prioridade irrestrita nas
economias de mercado que encaram a pesqui-
sa científica e tecnológica como uma estraté-
gia incontestável de ganhos de competitivida-
de produtiva, portanto de geração de riqueza,
desenvolvimento socioeconômico e bem-es-
tar social. Estudos realizados na Universidade
de Princeton, nos Estados Unidos, confirmam
existir uma relação direta entre a produtivida-
de das empresas exportadoras com o nível de
investimento em pesquisa e desenvolvimento.
A inovação induz ao crescimento e à dinâmica
da economia na medida em que introduz no-
vos produtos e processos, agregando eficiên-
cia operacional aos setores econômicos.
	 Ampliar os recursos destinados a P&D
e aprimorar as políticas públicas de estímulo
à inovação constituem alguns dos desafios a
serem vivenciados pelo Brasil nos próximos
anos. “A fragilidade do sistema de inovação
pode ser medida pelo inexpressivo percentual
que é convertido em P&D. O País destina 1,1%
do PIB (Produto Interno Bruto) à área de pes-
quisa e desenvolvimento, percentual ligei-
ramente superior aos 0,9% na África do Sul.
A título de comparação, os países que inte-
gram a Organização para Cooperação e De-
senvolvimento Econômico (OCDE) investem
2,3% do PIB em P&D”, destaca o coordenador
do Grupo de Pesquisa Metrologia para Quali-
dade e Inovação da PUC-Rio e PhD pela Stan-
ford University, Maurício Nogueira Frota, para
quem esse patamar de investimento é insufi-
ciente para superar os desafios das metas de
desenvolvimento traçadas pela ANEEL, pelas
concessionárias de energia elétrica e pelos
centros de pesquisa no País.
	 Essa ineficiência da conversão da
pesquisa em inovação não deve tão somen-
te ser responsabilizada às políticas públicas.
A fragilidade do sistema de inovação pode
ser medida pelo inexpressivo percentual que
é convertido em P&D. O País destina 1,1% do
PIB (Produto Interno Bruto) à área de pesquisa
e desenvolvimento, percentual ligeiramente
superior aos 0,9% na África do Sul. Os países que
integram a OCDE investem 2,3% do PIB em P&D.
Maurício Nogueira Frota | PUC-Rio
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 13
GESTÃO DE P&D
É também inerente ao próprio fenômeno da
inovação, já que a atividade de P&D constitui
parte de um complexo mecanismo cultural
de redução da incerteza associada ao proces-
so de geração de conhecimento e desenvol-
vimento tecnológico. “Embora o Brasil, que
participa com 1,9% do PIB mundial, contri-
bua com, aproximadamente, 1,7% da produ-
ção mundial de artigos científicos, o total de
patentes depositadas – indicador de inovação
– representa apenas 0,2% das patentes reque-
ridas no escritório de patentes americano. E
mais: enquanto apenas 1,4 doutores são for-
mados no Brasil por mil habitantes, a Alema-
nha produz 15,4”, acrescenta Maurício Frota.
Fomento à pesquisa
	 Desde 2000, a partir da Lei 9.991, a
ANEEL vem fomentando a pesquisa e o de-
senvolvimento de produtos inovadores no
País. Apesar de baixos, os investimentos que
migraram para os centros de pesquisa e uni-
versidades contribuíram com infraestrutu-
ra laboratorial e formação de pesquisadores
em diversas áreas do conhecimento, benefi-
ciando notadamente o setor elétrico. “O pro-
grama de P&D da ANEEL proporcionou às
principais universidades do Rio de Janeiro a
criação e, principalmente, a manutenção de
grupos de pesquisa que, consolidados, têm
contribuído para superar os constantes desa-
fios impostos pela modernização e sofistica-
ção do setor. Sem esta importante fonte de
fomento, sustentá-los se torna inviável, pois,
sem recursos, não há como competir com as
ofertas de emprego do mercado fora das uni-
versidades”, alerta Henrique de Oliveira Hen-
riques, professor coordenador do Laboratório
de Transmissão e Distribuição da Universida-
de Federal Fluminense (UFF).
	 O professor destaca ainda a quali-
dade na formação dos alunos de graduação
e pós-graduação, muitos deles das próprias
concessionárias de energia elétrica, que foi
aperfeiçoada, atendendo aos interesses e às
necessidades das empresas contratantes de
P&D. Além disso, os investimentos têm incen-
tivado a produção de artigos científicos e a
continuidade de pesquisas já realizadas.
	 A pesquisa não deveria encontrar
barreiras territoriais, e os investimentos em
P&D não deveriam ficar restritos às áreas de
concessão das empresas na visão de especia-
listas no tema. “Para o desenvolvimento de
outras regiões do Brasil, carentes de infraes-
trutura para pesquisa e inovação, as parce-
rias e o intercâmbio de pesquisadores têm se
mauríciofrota,dapuc-rio
LEI9.991/2000:Dispõesobrea
realizaçãodeinvestimentosem
pesquisaedesenvolvimentoeem
eficiênciaenergéticaporparte
dasempresasconcessionárias,
permissionáriaseautorizadasdo
setordeenergiaelétrica.
no
05 - aGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT14
mostrado um excelente caminho, com me-
lhor aproveitamento dos recursos emprega-
dos e bons resultados. Desta forma, baseado
na experiência brasileira em P&D proporcio-
nada pela ANEEL, é imprescindível manter,
sem as restrições geográficas que inibem a
cooperação multi-institucional, o nível de in-
vestimento nas universidades brasileiras situ-
adas em grandes centros de pesquisa”, defen-
de Henrique Henriques.
Em dez anos de P&D, a ANEEL aper-
feiçoou suas formas de fomento, criando pro-
gramas que financiam a inovação, a exemplo
do Inova Energia, que resultou de parceria
entre FINEP e BNDES. Mas, por outro lado, há
ameaças aos recursos destinados a P&D, e são
elas que preocupam atualmente. “Diante da
escassez de recursos para o setor, a comu-
nidade científica tem vivenciado insatisfa-
ções em cascata: presenciou a redução do
percentual de 0,25% para 0,20%, que via-
bilizou, em 2004, por força da Lei 10.847, a
criação da Empresa de Pesquisa Energética
(EPE); tem protestado contra os repetidos
contingenciamentos dos recursos repassa-
dos ao Fundo Nacional de Desenvolvimen-
to Científico e Tecnológico, do Ministério
da Ciência e Tecnologia (FNDC/MCT); frus-
trou-se ao não ver implementada a medida
proposta pela Lei 11.465, de 2007, que pre-
via resgatar de 0,2% para 0,3% o percentu-
al do investimento obrigatório em P&D, ori-
ginalmente assegurado pela Lei 9.991/2000;
e igualmente frustrantes foram as reedições
dessas medidas legais com a Lei 11.465,
que postergou a decisão para 2011, seguida
da Lei 12.212, de 2010, que, para total des-
crédito da comunidade, a empurrou para
2016”, relembra Maurício Frota.
Segundo ele, é absolutamente la-
mentável presenciar tamanha manobra polí-
tica sobre a mais nobre fonte de financiamen-
to responsável pela modernização e inovação
do setor, fonte motora de consolidação e ma-
nutenção dos grupos de pesquisa em univer-
sidades e centros de pesquisa. “Uma ameaça
inadmissível não apenas pelo papel que de-
sempenha no fortalecimento do sistema bra-
sileiro de inovação, mas, principalmente, por
essa fonte de financiamento originar-se de
recursos públicos assegurados na conta de
luz do consumidor final, que espera se bene-
ficiar da melhoria dos serviços que devem re-
sultar da inovação do setor”, acrescenta.
O pesquisador vai além e afirma que
a ameaça parece não ter fim, referindo-se ao
recém-anunciado Projeto de Lei 4.267/12,
cuja proposta evita o resgate do índice de
0,3% da receita operacional líquida como in-
PrOfESSOrhEnriquEDEOLivEirahEnriquES,Dauff
GESTÃO DE P&D
INOVAENErGIA:Novoprogramade
fomentoàpesquisanosetorelétrico,
cujosrecursosserãofinanciadospor
fINEP,BNDESeANEEL.
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 15
vestimento em P&D adiado para 2016. E, ain-
da mais preocupante e inconsistente, o pro-
jeto fragmenta o dispositivo legal de repasse
dos recursos assegurados pela Lei 9.991 para
concentrar um maior volume de recursos de
P&D em uma região do País em detrimento de
outra, onde existe maior concentração de uni-
versidades e centros de pesquisa.
	 Para Maurício Frota, estabelecer co-
tas além das que já foram estabelecidas na
lei vigente é deixar de reconhecer a excelên-
cia das instituições e dos grupos de pesquisa
já consolidados no Brasil. “Concentrar recur-
sos em uma área ou região é criar condições
para que não se consiga aplicar os já limita-
dos recursos que a Lei 9.991 disponibiliza pa-
ra P&D, estreitando ainda mais o funil que li-
mita a transformação de seus resultados em
inovação tecnológica”, complementa.
	
Novas plataformas tecnológicas
	 Os desafios não estão apenas asso-
ciados à necessidade de ampliação dos in-
vestimentos, mas também às novas plata-
formas tecnológicas que estão surgindo. O
setor elétrico passa, atualmente, por um mo-
mento de forte transformação, o que pode
ser constatado pela irreversível digitalização
dos sistemas, equipamentos e processos.
“Se, por um lado, isso abre infinitas possibili-
dades e benefícios em termos de operação,
manutenção, confiabilidade e segurança,
por outro surgem importantes desafios na
integração de novas plataformas tecnológi-
cas, sistemas de informação e comunicação,
automação e controle, bem como na for-
mação e capacitação profissional”, comenta
Gilson Paulillo, pesquisador da área de De-
senvolvimento de Negócios/Energia, do Ins-
tituto Eldorado.
	 Essa mudança de paradigma pode
ser medida pela agregação das plataformas
de TI e Telecom à rede elétrica convencio-
nal, transformando-as em redes inteligentes,
o que permite o uso em larga escala de fon-
tes renováveis – como a solar e a eólica –, a
integração de veículos elétricos, a automação
plena de equipamentos e dispositivos de re-
de, a gestão em tempo real do consumo por
meio de medidores inteligentes, entre outros
benefícios para o setor.
	 Nesse contexto, por meio do Pro-
grama de P&D, o setor elétrico encontra im-
portantes desafios nas áreas de qualidade da
energia, geração distribuída, eficiência ener-
gética, redes inteligentes, proteção, entre ou-
tras, representadas por temas e inovações
relacionadas às tecnologias emergentes, a
exemplo das tecnologias de Big Data, Inter-
net of Things, Realidade Aumentada, Cloud
Computing. “Nesse ambiente, o maior desa-
fio é a geração de produtos associados a ca-
da uma dessas fronteiras, de forma a fechar
o ciclo de inovação tecnológica, um dos pila-
res do Programa de P&D da ANEEL. Por isso,
destaco o importante papel dos institutos de
pesquisa nesse ambiente, que por meio da
experiência e do conhecimento de suas equi-
pes multidisciplinares, bem como da proxi-
midade com a indústria, têm alcançado resul-
tado e reconhecimento no desenvolvimento
de produtos inovadores”, conclui o pesquisa-
dor do Instituto Eldorado.
GESTÃO DE P&D
BIGDATA:Éumtermoutilizado
paradescreverocrescimento,a
disponibilidadeeousoexponencial
deinformaçõesestruturadasenão
estruturadas.Conceitoaplicado
emTI,seufocoécapacidade
dearmazenamentodedadose
velocidade.
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT16
Sinergias entre
os Programas de P&D e EE
Auditoria conjunta, coordenação de GTs na ABRADEE
e busca de recursos na FINEP unem ainda mais
as duas áreas da Light
	 Em diversas ocasiões, os Programas
de P&D e Eficiência Energética (EE) trabalham
em conjunto, em total sinergia, sempre bus-
cando melhorar o desempenho e a eficiência
da gestão e dos resultados desses dois pro-
gramas na Light.
	 Um exemplo é a parceria que vem pe-
la frente na auditoria dos projetos já concluí-
dos. A ANEEL aprovou e publicou, em junho
deste ano, o novo Manual de Procedimentos
Previamente Acordados para Auditoria Contá-
bil e Financeira dos Projetos, Planos e Progra-
mas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e
Eficiência Energética (EE). O documento cria re-
gras diferenciadas de auditagem para projetos
que foram concluídos, mas nunca auditados.
	 De acordo com José Tenório Jú-
nior, coordenador do P&D da Light, a deter-
minação da ANEEL vai exigir o resgate de to-
da uma documentação que há tempos não é
manuseada pela equipe.“Atualmente, a audi-
toria dos projetos em andamento corre dia a
dia, mas há um passivo que ficou sem ser au-
ditado e que agora deverá ser resgatado tan-
to por P&D como EE”, comenta Tenório.
	 Para facilitar e agilizar este trabalho
de levantamento e auditagem, P&D e EE vão
atuar em conjunto. “A sinergia entre os dois
programas vai nos fortalecer, porque vamos
otimizar tempo, recursos financeiros e mão
de obra ao contratar, por exemplo, a mesma
empresa para realizar a auditoria exigida pela
ANEEL”, explica o coordenador do P&D.
	 “As regras do Manual de Auditoria da
ANEEL são praticamente as mesmas tanto pa-
ra o Programa de EE como para o P&D. E isso
melhora o desempenho das ações envolvidas,
diminuindo o esforço de contratação e possi-
bilitando aprendizados comuns com os dois
processos por meio da identificação, seleção
e conferência de documentação necessária a
ambos”, completa Antonio Raad, coordenador
do PEE, na Light.
	 As regras para auditoria de proces-
sos concluídos já estão em vigor. E as áreas
de P&D e EE devem começar a trabalhar nisso
nos próximos meses.
	
Coordenadores na ABRADEE
	 A sinergia entre P&D e PEE se esten-
de às iniciativas externas. José Tenório Jú-
nior e Antonio Raad são coordenadores dos
grupos de trabalho de suas respectivas áreas
GESTÃO DE P&D
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 17
na Associação Brasileira de Distribuidores de
Energia Elétrica (ABRADEE). Concessionárias
de todo o Brasil participam destes grupos.
	 Na ABRADEE, os grupos de P&D e
PEE discutem questões regulatórias do am-
biente externo que podem afetar os progra-
mas e definem estratégias para mitigar riscos
para a concessionária e o setor elétrico.
	 “Nosso papel é trocar experiências
com outras concessionárias e, com isso, che-
gar às melhores práticas de gestão para con-
dução dos programas”, acrescenta Tenório.
	 O papel da coordenação é estimular a
participação de todos, criar pautas de proble-
mas estratégicos, organizar ações conjuntas e
buscar sinergias. Segundo Raad, um dos desa-
fioséequilibrarasatividadesdosProgramasde
P&D e EE da Light com as atividades dos GTs da
ABRADEE. “As demandas regulatórias exigem
uma estrutura cada vez mais robusta, com de-
dicação quase que integral”, acrescenta.
PARCERIA também na FINEP
	 Recentemente, P&D e EE submete-
ram à avaliação da FINEP - Agência Brasilei-
ra da Inovação, que financia estudos e proje-
tos no País, um projeto de geração de energia
em comunidades a partir de resíduos urba-
nos, inaugurando uma nova modalidade de
busca de recursos não reembolsáveis para o
financiamento de seus projetos.
	 A iniciativa, alinhada ao conceito de
sustentabilidade e inovação, vai complemen-
tar o bem-sucedido Projeto Light Recicla, que
transforma lixo recolhido em descontos na
conta de energia. “Esse é um projeto inova-
dor, uma sinergia natural entre a pesquisa e
a aplicação, inerente aos Programas de P&D e
EE”, destaca Tenório.
	 Do investimento total estimado do
projeto, 70% viriam da FINEP e os outros 30%,
de recursos regulados dos Programas de P&D
e EE. O resultado preliminar desta avaliação
acontece em 10 de setembro deste ano.
	 Para Antonio Raad, “este projeto de
geração de energia está sedimentado em ba-
ses sustentáveis e reforça a atuação da Light
nas comunidades pacificadas”.
	 Essa sinergia entre as duas áreas
mostra que os projetos de P&D encontram
terreno fértil no PEE, promovendo sua plena
utilização e muitos benefícios para a Light e
seus clientes.
fotohumbertoteski
GESTÃO DE P&D
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT18
Novos recursos para
o Smart Grid Light
Concessionária busca apoio no Inova Energia
para dar continuidade às ações do programa
	 A FINEP – Agência Brasileira da Inova-
ção, o BNDES e a ANEEL anunciaram este ano
um Acordo de CooperaçãoTécnica para a cria-
ção do Plano de Apoio à InovaçãoTecnológica
no Setor Elétrico: o Inova Energia. O orçamen-
to será de R$ 3 bilhões, dos quais R$ 1,2 bilhão
da FINEP, R$ 1,2 bilhão do BNDES e R$ 600 mi-
lhões da ANEEL, para os anos de 2013 a 2016.
	 O plano tem como objetivo o fomen-
to e a seleção de planos de negócios que con-
templem atividades de pesquisa, desenvolvi-
mento, engenharia e absorção tecnológica;
produção e comercialização de produtos; e
processos e serviços inovadores. Com isso, o
Inova Energia contribuirá para o desenvolvi-
mento de empresas e tecnologias brasileiras
da cadeia produtiva de redes elétricas inteli-
gentes, energia solar e eólica, veículos híbri-
dos e eficiência energética veicular.
	 O Programa Smart Grid Light está
concorrendo a esses recursos. Segundo o con-
sultor da Light, Ricardo Loss Vincens, o Inova
Energia enquadra-se na estratégia de inova-
ção da companhia. Desta forma, a decisão de
pleitear os recursos foi tomada naturalmente,
considerando inclusive as parcerias atuais e fu-
turas, assim como a forma e o volume dos re-
cursos necessários a projetos dessa natureza.
	 Foi desenvolvido um plano de negó-
cios para os próximos dez anos para implan-
tação da tecnologia com protocolo aberto
IPv6 (Internet Protocol version 6) para 2 mi-
lhões de medidores inteligentes, mil religa-
dores de rede aérea de distribuição e 4 mil
Finalidades do Inova Energia
• Apoiar o desenvolvimento e a difusão de dispositivos eletrônicos, microeletrônicos, sis-
temas, soluções integradas e padrões para implementação de redes elétricas inteligen-
tes (Smart Grids) no Brasil.
• Apoiar as empresas brasileiras no desenvolvimento e domínio tecnológico das cadeias
produtivas das seguintes energias renováveis alternativas: solar fotovoltaica, termossolar
e eólica para geração de energia elétrica.
• Apoiar iniciativas que promovam o desenvolvimento de integradores e adensamento
da cadeia de componentes na produção de veículos híbridos/elétricos, preferencialmen-
te a etanol, e melhoria de eficiência energética de veículos automotores no País.
• Aumentar a coordenação das ações de fomento e aprimorar a integração dos instru-
mentos de apoio financeiro disponíveis.
GESTÃO DE P&D
PROTOCOLOABERTOIPV6:
Protocolopadronizadoparaacessoà
internetouIP-InternetProtocol,com
maiorcapacidadedeendereçamento
esegurançadedados.Éaversão
utilizadamundialmenteporredes
corporativasparagerenciaro
acessoadesktopsedispositivos
móveiscomonotebooks,tabletse
smartphones.
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 19
câmaras subterrâneas, possibilitando o com-
partilhamento da mesma rede inteligente
por sistemas AMI-Telemedição e DA-Automa-
ção de Redes de Distribuição.
Devido a essas características e esca-
la, esse projeto será pioneiro na América Lati-
na e um dos 20 primeiros no mundo.
As principais vantagens e benefícios
para a companhia são a redução de perdas co-
merciais e os ganhos em eficiência operacional.
“Essa iniciativa é fundamental para o setor elé-
trico e, em especial, para os projetos de smart
grid das concessionárias, pois agrega esforços
daANEEL,FINEPeBNDESnomesmoprograma,
aproximando institutos de ciência e tecnologia,
universidades e fornecedores de equipamen-
tos e sistemas de software”, defendeVincens.
Os resultados dos pedidos de finan-
ciamento devem sair em novembro de 2013.
Fase atual DO sMart griD ligHt
A Light possui 300 mil medidores
com telemedição GPRS, 1,7 mil pontos de au-
tomação em redes subterrâneas com comu-
nicação RF Mesh e mil religadores em redes
aéreas com comunicação GPRS. Cerca de 50-
54% do faturamento e 20-24% das ações de
corte religação da Light passam pelo sistema
de telemedição, com integração total e auto-
mática com o Sistema Comercial SAP_CCS.
A Light decidiu investir de forma
significativa em redes inteligentes adotan-
do a tendência mundial de IoT (Internet das
Coisas). Dispositivos inteligentes como te-
lefones, PDAs e tablets, carros, TVs, geladei-
ras, fornos, roupas, óculos, GPS, marca-pas-
so cardíaco serão conectados na rede web.
Desta forma, medidores, chaves e religado-
res utilizados nas redes de energia elétrica
também seguirão a mesma filosofia, adotan-
do as mesmas tecnologias web, com os Pro-
tocolos Abertos IPv4/IPv6, que fazem parte
desta tendência.
DisPOniBiliDaDe De recursOs POr instituiÇÃO/PrOgraMa
Instituição
FINEP
BNDES
ANEEL
Total
Valor (R$)
1,2 bilhão
1,2 bilhão
600 milhões
3 bilhões
Programa
Inova Brasil
Subvenção Econômica
Cooperativo ICT/Empresa
Renda variável
Crédito
BNDES Funtec
Instrumentos de renda variável
Recursos de P&D obrigatórios
ricarDOLOSSvincEnS,cOnSuLTOrDaLiGhTnOPrOGramaSmarTGriD
GESTÃO DE P&D
rFmESh:Sistemadecomunicação
emrádiofrequênciaRfcom
configuraçãoemrede(mesh),noqual
cadadispositivointeligentepossui
interfacesougateways:medidores,
roteadores,religadores,chaves,entre
outros.Émuitomaisrobustoecom
maiordisponibilidadedoqueseus
similares,porissoestásendoadotado
pelasempresasqueutilizamRedes
Inteligentes.
SISTEmACOmErCIALSAP_CCS:
Softwareintegradoparaatendimento
comercialaosclientesdaLightem
agências,centrosdeatendimento
telefônico,internet,quiosqueseoutros
canaisdeacesso,bemcomopara
faturamentoecobrança.
no
05 - aGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT20
Projetos de
P&D da light
Nada é permanente, tudo se transforma. Se bem empregado,
o conhecimento traz ganhos incalculáveis para a humanidade,
modificando a forma como vemos o mundo e como vivemos
nele. Ao longo desses anos, o Programa de P&D da Light vem
empreendendo mudanças a partir de projetos inovadores,
transformando, para melhor, processos, metodologias e produtos.
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 21
PrOjETOS DE P&D Da LiGhT
impactos da geração
distribuída
Simulight avalia absorção de novos modelos
pela rede da Light
Nos últimos anos, no Brasil e no
mundo, começaram a ser utilizadas as mais
variadas fontes de energia. Além da hidráu-
lica, obtida por meio da água, há também a
energia solar; eólica, proveniente dos ventos;
das marés, oriunda das correntes marítimas; a
biomassa, produzida a partir de matéria orgâ-
nica; entre outras.
Cada vez mais, a Light se vê obrigada
a lidar com essas fontes alternativas de ener-
gia interferindo em sua rede. Esses novos en-
trantes, como usinas eólicas, células a com-
bustível e casas com painel fotovoltaico, em
um futuro breve, estarão totalmente integra-
dos à rede da Light, provocando impactos
que precisam ser mensurados e avaliados.
Segundo o engenheiro especialis-
ta em Planejamento de Sistemas Elétricos da
Light, Carlos Eduardo Vizeu Pontes, foi com o
objetivo de avaliar o impacto que as fontes al-
ternativas vão provocar na rede que o P&D
da concessionária desenvolveu o Simulight.
“Este projeto foi motivado pelo aumento da
penetração da geração distribuída no siste-
ma da Light. Em alguns casos, podem ocor-
rer acordos entre as partes, e a distribuidora
passa a operar o empreendimento de gera-
ção distribuída”, acrescenta Vizeu.
A futura entrada de novas fontes de
energia poderá afetar a operação da rede
elétrica de forma distinta. O Simulight está
se capacitando para lidar com as mudanças
e as novas demandas. Para entender melhor
o impacto dessas novas fontes de energia é
preciso saber que as redes de distribuição
não foram concebidas originalmente para
receber a conexão de geração distribuída,
favorecida por vários fatores, entre eles in-
centivos governamentais para o uso de fon-
tes renováveis.
Glauco Taranto, professor da COPPE
da Universidade Federal do Rio de Janeiro
fotohUmBErTOTESKI
GErAÇÃODISTrIBUÍDA:éa
produçãodeenergiaelétrica
provenientedeempreendimentos
deagentesconcessionários,
permissionáriosouautorizados,
conectadosdiretamentenosistema
elétricodedistribuição.Normalmente,
éageraçãodocliente.
CÉLULASACOmBUSTÍVEL:
Célulaseletroquímicasemquesão
consumidosumagenteredutor
(combustível)eumagenteoxidante
(comburente),comoobjetivodegerar
energiaelétrica.
no
05 - aGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT22
no
05 - aGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT22
PrOjETOS DE P&D Da LiGhT
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 23REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 23
PrOjETOS DE P&D Da LiGhT
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT24
(UFRJ) e coordenador do projeto na universi-
dade, conta que a pesquisa foi motivada pelo
racionamento de energia que houve no Brasil
em 2001. “Naquela época, qualquer empresa
que construísse um gerador para colocar no
sistema era muito bem-vinda, porque estava
faltando energia. Atualmente, a conexão da
geração distribuída também é aceitável, mas
por outros motivos, como, por exemplo, por
uma maior utilização das fontes limpas e re-
nováveis”, explica.
Rede equilibrada e protegida
	 Depois do período de racionamen-
to, cresceu a demanda por conexões de ge-
ração distribuída. “Surgiu daí a ideia de se
pensar em um software que pudesse fazer
uma análise desses novos entrantes nas re-
des da Light. Essa ferramenta evoluiu e ad-
quiriu uma modelagem trifásica sem simi-
lares no mercado nacional, para estudos de
estabilidade”, detalha o professor da COPPE.
	Os softwares que existiam no Brasil
só faziam análise do sistema monofásico e
essa limitação não ajudava quando a Light
precisava conhecer a dinâmica das três fa-
ses: monofásica, bifásica e trifásica. “A aná-
lise trifásica é importante nos sistemas de
distribuição de energia elétrica por não ha-
ver garantia de que as três fases estejam ba-
lanceadas. Simplificando: cada fase alimenta
uma quantidade diferente de carga”, esclare-
ce o professor Taranto.
	 A falta de sincronismo entre a rede
da Light e os geradores de energia dos clien-
tes pode desestabilizar o sistema e provocar
uma queda de energia de grandes propor-
ções.“O Simulight identifica o problema com
antecedência, simula virtualmente uma ação
para resolvê-lo e a equipe sai em campo com
todas as diretrizes para agir de forma rápida e
segura”, completa Vizeu.
	 ComodesenvolvimentodoSimulight,
a Light consegue manter a rede equilibrada e
protegida, fazendo com que a presença des-
ses novos entrantes de geração distribuída
ocorra de forma adequada à concessionária
e imperceptível aos clientes.
	 Outras concessionárias do setor elé-
trico e universidades brasileiras estão interes-
sadas na ferramenta. Professores da COPPE
ministraram um curso de extensão sobre as-
pectos de dinâmica, proteção e controle do
sistema de distribuição na presença de gera-
ção distribuída.“Engenheiros de diversas em-
presas do setor utilizaram o Simulight como
ferramenta de aprendizado e gostaram do
que viram”, conta Djalma Falcão, profes-
sor do Programa de Engenharia Elétrica da
COPPE/UFRJ e colaborador do projeto na
universidade.
O Simulight identifica o problema com
antecedência, simula virtualmente uma ação
para resolvê-lo e a equipe sai em campo
com todas as diretrizes para agir de
forma rápida e segura.
Carlos Eduardo Vizeu | Gerente do projeto na Light
Projetos dE P&D da Light
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 25
Subsolo planejado e organizado
	 Atualmente, as redes subterrâne-
as atendem às áreas mais vitais das cidades
do Rio de Janeiro e Belo Horizonte: os cen-
tros urbanos, onde se concentram os espaços
comerciais, financeiros e turísticos. Conside-
rando o desafio que é o suprimento a essas
regiões, Light e Cemig decidiram que era ho-
ra de elaborar uma proposta de reformulação
de todos os critérios de planejamento, proje-
ção e padronização das redes subterrâneas.
Assim nasceu esse P&D, batizado de“Alterna-
tivas de aprimoramento tecnológico das atu-
ais e futuras redes de distribuição subterrâne-
as de energia elétrica”.
	 No Brasil, atualmente, não existem
leis que normatizem a ocupação ordenada
do subsolo. Embaixo da terra, encontram-
-se um emaranhado de redes: elétrica, tele-
fonia, água, gás, esgoto. Todas juntas, sem
nenhum ordenamento. Essa forma de ocu-
pação desordenada dificulta ações no sub-
solo, como, por exemplo, quando há a ne-
cessidade de se fazer qualquer tipo de
manutenção ou conserto. São cabos, fios
e equipamentos misturados, podendo até
causar acidentes. Portanto, um dos produ-
tos desse P&D é uma proposta de ordena-
mento, fruto de uma pesquisa internacio-
nal feita a partir da observação de normas
estrangeiras sobre o tema.
	 “Esse projeto é uma proposta de or-
denamento e normatização do subsolo. É ino-
vador porque estabelece normas de ocupa-
ção que ainda não existem. Estamos tentando
produzir regras que possam ser obedeci-
das por todas as concessionárias que preci-
sam do subsolo para disponibilizar serviços
à sociedade. Entre as propostas deste projeto
de P&D está a realização de obras conjuntas
com as outras empresas, porque se atuamos
de forma sincronizada, reduzimos o impacto
de nossa interferência na vida urbana e evita-
mos problemas técnicos”, detalha Luiz Eduar-
do Vaz, gerente deste projeto na Light.
	 Este P&D começou há dois anos,
quando um encontro reuniu Light e Cemig,
uma das empresas parceiras do projeto.“Está-
vamos fazendo um mergulho nos problemas
do subterrâneo. A Cemig já estava com uma
Juntas, Light e Cemig propõem ocupação ordenada
para as redes subterrâneas em suas áreas de concessão
Só vamos conseguir reduzir os custos
operacionais do subsolo quando tivermos um
padrão comum de construções. Hoje, no mundo,
os bons empreendimentos só sobrevivem
porque atuam de forma padronizada.
Marcelo Marques Nascimento | Cemig
Projetos dE P&D da Light
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT26
proposta de reformular todos os critérios de
planejamento, de projetos e de padrões de
rede subterrânea. Notamos uma experiência
muito grande na Light. Então, propus que fi-
zéssemos esse trabalho em conjunto, mas a
ideia de que fosse um projeto de P&D veio da
Light”, conta Marcelo Marques Nascimento,
da Cemig.
	 Para os especialistas, parece claro
que o futuro das concessionárias depende de
padrões de construção comuns a todas, por-
que eles resultam na otimização dos custos.
Marcelo Marques enfatiza: “Só vamos conse-
guir reduzir os custos operacionais do subso-
lo quando tivermos esse padrão comum de
construção. Nossa infraestrutura necessita de
um enterramento de serviços compartilhado.
Hoje, no mundo, os bons empreendimentos
sobrevivem porque atuam de forma padroni-
zada. Esse P&D tem, além da questão técnica,
dimensões econômicas e políticas”.
NOVAS ÁREAS COM REDE SUBTERRÂNEA
	 É ponto pacífico que as redes sub-
terrâneas, além de mais seguras porque pro-
tegem a população de possíveis choques
elétricos, tornam o ambiente mais agradá-
vel visualmente, valorizando todo o entor-
no. Já existem, no Brasil, iniciativas pontuais
fotohumbertoteski
Projetos dE P&D da Light
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 27
de conversão espontânea. “No Rio Cidade, a
Prefeitura patrocinou conversões para fazer
uma revitalização da área urbana. A região
do Porto, que está sendo revitalizada, terá
apenas redes subterrâneas de energia elétri-
ca. Atualmente, é importante que todos os
projetos de modernização sejam desenvol-
vidos contemplando esse aspecto”, observa
Luiz Eduardo.
	 A sociedade é cada vez mais depen-
dente da energia elétrica. Interrupções na ge-
ração e distribuição de energia, as quais, às
vezes, são inevitáveis, causam transtornos e
perdas de riqueza. As redes elétricas subter-
râneas são mais confiáveis porque não estão
sujeitas às condições climáticas.
	 Segundo o engenheiro da Light,
Bruno Ramos Sodré, há novas áreas sendo
convertidas para redes subterrâneas, e o tra-
balho leva em conta alguns critérios: deman-
da, carga da região, características do local,
entre outros.
	 No Brasil, o tema das redes subterrâ-
neas ficou esquecido por um tempo e este-
ve restrito a um grupo de especialistas. Esse
P&D surgiu da necessidade de se repensar as
redes subterrâneas como uma alternativa pa-
ra garantir a qualidade do serviço.
	 O sócio-diretor da empresa paulis-
ta executora do projeto, a Sinapsis Inovação
em Energia, Antonio Paulo da Cunha, está
entusiasmado com esse P&D. “As redes sub-
terrâneas são uma alternativa viável em vá-
rios casos. Nosso trabalho é analisar quando
ela é justificável tecnicamente e, a partir daí,
qual é a melhor forma de ser implantada.
O compartilhamento das obras com outras
empresas que utilizam o subsolo, certamen-
te, vai contribuir ainda mais para que faça-
mos uma conversão muito mais eficiente e
organizada. Trabalhando em conjunto, será
possível reduzir as escavações e os impac-
tos civis, bem como facilitar as operações de
manutenção, que custam caro para as con-
cessionárias”, defende ele.
	 Esse P&D é um projeto de caráter
metodológico e pretende disponibilizar uma
metodologia que servirá não apenas para Li-
ght e Cemig, mas também para o setor elétri-
co como um todo.
Proposta de ocupação ordenada
do subsolo em pista de rolamento:
cortetransversal de uma rua
indicando a disposição dos
serviços essenciais sob o solo,
como eletricidade,telefonia,água,
esgoto e gás.
REGIÃODOPORTO:ÁreadoRiode
Janeiroqueestásendorevitalizada
pelaPrefeitura,cujoprojetourbano
estásendoconsideradoumdosmaiores
emcursonoBrasilatualmente.Em
2013,houveainauguraçãodoMuseu
deArtedoRio(MAR)naregião.
Projetos dE P&D da Light
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT28
De bem com a justiça
Jurídico da Light mais perto
de entender as incidências processuais
	 O que provoca a abertura de proces-
sos jurídicos em uma empresa? Para respon-
der a essa pergunta, Fernando Pires Mello,
Carolina Teixeira Nicolau e Reinaldo Castro
Souza uniram-se em torno de um projeto P&D
para desenvolver um software que ganhou
nome e sobrenome: PREPRO JUR, um sistema
com modelos estatísticos de previsão de en-
trada de processos jurídicos na companhia.
	 Esse projeto partiu dos questiona-
mentos em relação à altíssima demanda do
Judiciário contra a Light. Eram processos que
contestavam valores de contas, interrupção
de energia e vários outros serviços. “Consi-
deramos que o Jurídico é um termômetro da
parte operacional da empresa, é a resposta
da sociedade ao serviço prestado pela con-
cessionária. E, claro, quanto mais processos,
mais prejuízo à Light”, comenta Fernando Pi-
res Mello, gerente Jurídico da Light e idealiza-
dor do projeto.
	O software considera fatores externos
e internos para a incidência processual. Por
exemplo, quando aumenta o calor, as pes-
soas ligam com mais frequência seus apare-
lhos de ar condicionado. Consequentemente,
a conta de luz aumenta. Será que esse fator
externo gera mais ações na justiça? E quando
a Light executa uma atividade em campo, co-
mo o corte de energia de um cliente inadim-
plente? Essa atitude gera processo? As per-
guntas eram muitas, e a empresa precisava
ter as respostas.
	 Carolina Nicolau, gerente do projeto
na Light, conta que os motivos dos processos
judiciais eram muitos. Portanto, resolveram
escolher os cinco mais comuns e focar ne-
les para criar um padrão de análise: reclama-
ção sobre fatura, interrupção não programa-
da, reclamação sobre corte, reclamação sobre
negativação e eventuais fraudes de energia.
fotohumbertoteski
Projetos dE P&D da Light
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 29
	 “Começamos a fazer uma busca den-
tro da empresa, coletando indicadores. Mar-
camos reuniões com as áreas de cobrança e
operação, por exemplo, com o objetivo de
entender todo o procedimento. As áreas pas-
savam mensalmente para nós todos os indi-
cadores que solicitávamos”, acrescenta Ca-
rolina. Dessas reuniões, saíram informações
que serviram como base para a criação de um
modelo estatístico, desenvolvido pela PUC-
-Rio, parceira no projeto.
	 “Unimos o‘advoguês’com dados es-
tatísticos. Quando começamos a nos falar,
constatamos que o Departamento Jurídico
havia coletado um número de dados surpre-
endente, isto é, a matéria-prima para se esta-
belecer qualquer estatística, qualquer funda-
mento”, diz Reinaldo Souza, coordenador do
projeto de P&D na PUC-Rio.
	 Para o coordenador, o caráter inova-
dor desse P&D está na originalidade da sua
metodologia. “As técnicas aplicadas se ba-
seiam em situações quantitativas para enten-
der questões qualitativas. Usamos os núme-
ros para explicar o comportamento de uma
sociedade”, acrescenta Reinaldo.
	 Ações judiciais geram custos, e as
empresas precisam fazer uma previsão orça-
mentária incluindo também gastos proces-
suais. A separação de recursos para pagar as
demandas de um processo se chama provi-
sionamento. O software criado pelo P&D con-
segue estudar o histórico de processos com
características similares e avaliar as perdas re-
ais. Em seis meses de uso, a Light deixou de
colocar na conta de provisão R$ 5,5 milhões.
E isso em um projeto que custou R$ 400 mil.
O CÉU É O LIMITE
	 O banco de dados coletado para es-
se projeto de P&D pode ser usado para outros
fins. Segundo Reinaldo, pode-se estudar, por
exemplo, os escritórios que a Light contrata,
avaliando desempenho, resultados, retorno
financeiro para a empresa, etc.
	 Fernando Mello reforça o caráter ino-
vador do P&D:“Não há registro, dentro do se-
tor elétrico, de uma ferramenta capaz de de-
terminar as razões de uma ação judicial nem
quais ajustes podem ser feitos nos procedi-
mentos internos para reduzir o número de
processos na justiça”.
	 O P&D da Light criou uma ferramen-
ta que conta uma história, que guarda in-
formações importantes, que gera conheci-
mento útil no planejamento de longo prazo.
“Podemos afirmar sem modéstia que foi de-
senvolvido um produto original, inovador e
altamente rentável para a Light”, conclui Rei-
naldo Souza.
FernandoMello,doJurídico,utilizaoPREPROJUR: modelosestatísticos
de previsão de entrada de processos jurídicos na companhia
Projetos dE P&D da Light
no
05 - aGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT30
sustentável e econômico
Óleo biodegradável é atóxico, bom trocador de calor
e mantém as características isolantes contra curto-circuito
Mais um projeto de P&D pensado a
partir de conceitos de sustentabilidade não
é uma coincidência. Na Light, a preocupação
com o meio ambiente está presente em mui-
tos dos seus projetos inovadores.
“O objetivo desse projeto foi desen-
volver um óleo biodegradável para ser usado
em cabos com isolamento a óleo das linhas
subterrâneas de transmissão. Pensamos tam-
bém em um aditivo que torna biodegradável
o óleo DDB, atualmente usado nos cabos”, es-
clarece Luiz Henrique Antunes, gerente deste
P&D na Light.
Esse óleo, isolante e biodegradável,
é capaz de substituir o óleo DDB sem prejuí-
zo para as empresas do setor elétrico, o que o
torna, além de inovador, um produto com re-
torno de investimento garantido.
De acordo com Luiz Henrique, “são
vários os benefícios desse produto. O mais
óbvio é que ele não é agressivo à nature-
za e nem tóxico para quem trabalha direta-
mente com ele. Mas o produto se torna ain-
da mais relevante considerando a escassez
do óleo DDB no mercado, o que vem difi-
cultando a manutenção dos cabos subterrâ-
neos utilizados no sistema da Light. A pro-
dução desse óleo tornará a concessionária
autossuficiente”.
O DDB é um óleo com várias utili-
dades, inclusive para o setor elétrico, mas as
portas estão quase se fechando para as em-
O ÓLEO aPrOvaDO nOS PrimEirOSTESTES
Embora, atualmente, a intenção seja atender
à Light, todas as empresas que precisam de
um óleo com as características de isolante e
trocador de calor vão se interessar.
Rodrigo Correa | UFRJ
ÓLEODDB:Óleoisolantesintéticoà
basedehidrocarbonetosaromáticos
utilizadoemcabossubterrâneosque
transmitemenergiaelétrica,cuja
funçãoéisolaromesmoquandopor
elepassaumcorrenteelétrica.
PrOjETOS DE P&D Da LiGhT
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 31
presas do setor de energia porque os fabri-
cantes têm mais lucro com outros segmen-
tos. Esse fato acarretou aumento de custos
com o DDB para a Light.
	 Sustentável, eficiente e econômi-
co, o óleo fruto do P&D contou com a par-
ceria de um dos maiores centros acadêmi-
cos do País. Rodrigo Correa, professor do
Instituto de Química da Universidade Fe-
deral do Rio de Janeiro (UFRJ) e coorde-
nador do projeto de P&D na universidade,
explica como foi o processo de pesquisa:
“Partimos de óleos naturais e fizemos mo-
dificações químicas para que atendessem
às especificações necessárias, ou seja, te-
ria que ser um óleo não condutor de ele-
tricidade, biodegradável, isolante e bom
trocador de calor”, explica o pesquisador
da UFRJ.
	 A Light usa cabos de 138 KV, unida-
de de medida de tensão, sendo que 01 KV re-
presenta 1.000 Volts. O óleo funciona trocan-
do calor e isolando os cabos. Se aquecerem
demais, diminuem a capacidade de transmis-
são de energia elétrica e acarretam danos ao
sistema e perdas para a empresa e os consu-
midores. O óleo já foi aprovado nos primeiros
testes em laboratório.
	 Rodrigo Correa está entusiasmado
com o projeto. “Embora, atualmente, a in-
tenção seja atender à Light, todas as empre-
sas que precisam de um óleo com as carac-
terísticas de isolante e trocador de calor vão
se interessar. E não estou falando somen-
te de concessionárias do setor elétrico, mas
também de qualquer indústria, do Brasil e
do mundo”.
	 Além do novo óleo, também está
sendo desenvolvido um aditivo biodegradá-
vel para ser usado em casos de emergência,
como um vazamento do DDB. O aditivo evita
uma possível contaminação do solo.
COMPATIBILIDADE GARANTIDA
	 Outra característica importante des-
se óleo biodegradável é sua compatibilida-
de com o óleo DDB, em uso atualmente nos
cabos da Light. “Em caso de vazamento, po-
demos injetar o óleo novo em nossos cabos.
Mesmo misturado ao óleo DDB, ele continua
com as mesmas características anteriores”,
ressalta o gerente do projeto na Light, Fellipe
Thalhofer.
	 Segundo ele, esse produto de P&D
vai contribuir muito para que a empresa atin-
ja seus objetivos em relação ao nível de sus-
tentabilidade, um dos compromissos mais
importantes da Light.
fotohumbertoteski
Projetos dE P&D da Light
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT32
Equipamentos
de segurança rastreados
Sistema que aprimora distribuição, devolução e
descarte de EPIs e EPCs está pronto para testes
	 Previsto para ser apresentado
durante o 8º SENSE (Seminário Nacio-
nal de Segurança e Saúde no Setor Elé-
trico Brasileiro), em setembro, o projeto
de P&D que criou um sistema de rastre-
amento de equipamentos individuais e
coletivos de proteção está em sua fase
final, pronto para ser testado em condi-
ções reais.
	 Desenvolvido em parceria com a
Fundação COGE (FUNCOGE) e Universi-
dade Federal Fluminense (UFF), o siste-
ma, que inclui um software também ino-
vador, substitui o controle manual de
distribuição, devolução e descarte des-
ses equipamentos, aprimorando as me-
didas de Segurança do Trabalho dentro
da companhia. “Esse P&D é um grande
avanço em termos de Segurança do Tra-
balho. O gerente da área terá um contro-
le eficiente e não precisará mais se pre-
ocupar se algum funcionário está saindo
a campo sem os equipamentos ou se al-
gum deles não está em condições ade-
quadas de uso. E até mesmo com os tes-
tes dielétricos em dia”, destaca Cesar
Vianna Moreira, gerente de Segurança e
Saúde no Trabalho da FUNCOGE.
ETIQUETAS DE RADIOFREQUÊNCIA
	 Cada equipamento da Light possui-
rá uma etiqueta de radiofrequência, conten-
do informações sobre condições operativas,
confiabilidade, prazo de ensaios, manuten-
ção, entre outras e cuja leitura será feita por
um coletor de dados. Entre os equipamentos,
vale destacar os principais: capacete, óculos,
uniforme retardante à chama, manga e luva
isolante de borracha, botina, ferramenta Y35
e detector de tensão. Os equipamentos asso-
ciados aos veículos também serão rastreados,
como varas de manobra e telescópica.
	 De acordo com a FUNCOGE, há dois
pedidos de patente no Instituto Nacional de
Propriedade Intelectual (INPI) para esse pro-
jeto: um relacionado à técnica do conjunto
do sistema e outro referente à forma de ade-
são da etiqueta ao equipamento. “Esse P&D
é totalmente inovador. Nem mesmo os EUA
possuem sistemas para rastrear e controlar os
ensaios elétricos de seus equipamentos de
segurança, inclusive os isolantes, como luvas
e mangas. A tecnologia que criamos, certa-
mente, vai estimular outras empresas do se-
tor a seguirem o mesmo caminho”, acrescen-
ta Moreira.
TESTESDIELÉTRICOS:Testesde
tensãoelétricaaplicadaconforme
asclassesdosequipamentos.
Destinadosagarantirasegurançado
equipamento/material,confirmandoa
eficáciadoseuisolamento.Realizados
normalmenteaofinaldafabricaçãoe
periodicamente.
FERRAMENTAY35:Alicate/
ferramentahidráulicautilizada
peloseletricistasderedeparafazer
compressãoemluvasdeemenda
traçãototal(tipocompressão).
Utilizadaemredesdebaixaemédia
tensão,emcabosdeaté400mm2
,com
capacidademáximade12toneladas
(pressãomáximadeoperação).
Projetos dE P&D da Light
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 33
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT34
Distribuição planejada
e administrada
Sistema de gestão da rede melhora qualidade, confiabilidade
e eficiência econômica no fornecimento de energia
	 A Light é uma empresa distribuido-
ra de energia com, aproximadamente, quatro
milhões de clientes e uma rede de distribui-
ção que chega perto dos 52 mil Km de exten-
são. Para uma correta operação do sistema de
distribuição de energia elétrica, as tensões e
correntes ao longo da rede devem respeitar
limites preestabelecidos para minimizar per-
das e sobrecargas.
	 Por esta razão, o P&D da Light criou
um projeto para desenvolver uma ferramenta
de apoio aos trabalhos de planejamento da
rede elétrica da concessionária, executados
pela equipe da Gerência de Planejamento e
Estudos, denominada Sistema PAD: Planeja-
mento e Análise da Distribuição.
	 Engenheiro da Light e gerente do
projeto, Rodrigo Moreira Romano explica
que o sistema possui várias redes interliga-
das. “São milhões de circuitos alimentando
residências, comércios, indústrias. Em caso
de um problema em um deles, o PAD conse-
gue simular manobras e gerar um ótimo pla-
no de reconfiguração do ponto de vista elé-
trico”, detalha Romano.
	 O P&D criou um software com pla-
taforma web que integra todas as funciona-
lidades de cálculo e disponibiliza ferramen-
tas gerais de relatórios, impressão e interface
gráfica. Essa ferramenta acessa e carrega os
dados disponíveis das redes. Segundo Roma-
no, o principal benefício está na construção
de um software nacional, modelado a partir
das regras que regem o mercado brasileiro
e adequado ao uso corporativo, garantindo:
melhoria da qualidade, confiabilidade e efi-
ciência econômica na expansão da distribui-
ção e fornecimento de energia; redução de
novos investimentos em geração de energia
em função das perdas técnicas; e substituição
de importação.
	
PREVENDO A DEMANDA DE ENERGIA
	 O processo de planejamento de ex-
pansão da rede com ajuda do Sistema PAD
inicia-se com a importação da rede elétrica
da Light para a base de dados do sistema. Fei-
Em caso de problema em um dos circuitos,
o PAD simula manobras e gera
um ótimo plano de reconfiguração.
Rodrigo Romano | Light
Projetos dE P&D da Light
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 35
fotohumbertoteski
EstateladoPAD,cedidapelaAXXIOM,
mostraaredeelétricadeuma
determinadaregião,selecionadae
indicadapelosnomesdas
localidades.Ascoresdistinguemos
alimentadores.Jáossímbolos
geométricosrepresentamos
componentesdarede:subestações,
transformadores,caixasde
inspeção,interligadores,chavesECD,
chavesKS,entreoutroselementos.
to isso, o PAD disponibiliza essa base para as
intervenções técnicas, sendo possível alterar
informações elétricas dos nós; manobrar cha-
ves; incluir, alterar ou excluir componentes de
rede; e criar subestações inteiras.
	 André Passos, da AXXIOM, empre-
sa responsável pela implantação da ferra-
menta, explica que a referência para a de-
finição das modificações a serem feitas é a
previsão do crescimento de demanda de
energia. O Sistema PAD permite a criação de
vários cenários de evolução de carga ano a
ano, fornecendo ao usuário a possibilidade
de verificar o desempenho da rede quando
submetida a cada um deles. “Identificado o
risco de não atendimento à demanda, ações
de reconfiguração e/ou expansão são pro-
gramadas”, acrescenta.
	 Além disso, análises anteriores po-
dem ser reutilizadas na produção de um novo
estudo, permitindo ganho de tempo e com-
partilhamento de conhecimento. Dessa for-
ma, é possível elaborar um planejamento de
forma eficiente e consistente.
	 O Sistema PAD nasceu para substi-
tuir uma ferramenta ainda em uso pela Light:
o software PRAO. Ele permite uma expansão
do número de usuários sem a necessidade
de novos investimentos nas estações de tra-
balho. “Basta cadastrar um novo usuário e o
acesso é imediato via internet”, acrescenta
André Passos, da AXXIOM.
	 Para o Sistema PAD entrar em
ação, segundo Romano, falta apenas um
servidor para comportá-lo. A partir daí, a
Light dará início à Era PAD, uma era de oti-
mização das configurações de suas redes
de distribuição.
PRAO:Softwarefrancêsutilizadoaté
entãopelaLight,masquesemostrou
incompatívelcomaversãodosistema
operacionaladotadopelacompanhia.
Projetos dE P&D da Light
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT36
Limpeza dos trocadores de calor
sem interrupção da geração
Solução inovadora elimina paradas técnicas
para manutenção de hidrogeradores
	 O processo de limpeza dos trocado-
res de calor utilizados para resfriar os man-
cais dos geradores de uma usina hidrelétrica
é uma tarefa que pode interromper a geração
e consumir alguns dias de manutenção. O im-
pacto econômico dessas paradas técnicas
para manutenção é altíssimo. Comumente, a
presença de microrganismos na água utiliza-
da como fluido de trabalho dos trocadores de
calor utilizados para refrigerar os equipamen-
tos acessórios da usina causa danos e perdas
de carga severas, que comprometem a efici-
ência global do sistema de geração.
	 Para superar esses problemas na
operação diária das máquinas, esse proje-
to de P&D está desenvolvendo uma solução
inovadora para eliminar a necessidade de pa-
radas técnicas dos trocadores de calor. A al-
ternativa tecnológica proposta visa mitigar
os efeitos nocivos dos resíduos contaminan-
tes presentes nas águas utilizadas no sistema
de refrigeração dos hidrogeradores da Usina
Hidrelétrica Fontes Nova, de propriedade da
Light, localizada no município de Piraí, região
Sul Fluminense do estado.
	 “A remoção dos resíduos oriun-
dos da água bruta associada a uma limpe-
za mais simples, eficaz e sem interrupção
de geração de energia são as grandes ino-
vações desse projeto”, destaca Gilson Valen-
te, engenheiro da Light e gerente do proje-
to pela concessionária.
	 As paradas técnicas para manuten-
ção provocam transtornos à concessionária.
A interrupção de um único dia de geração
de apenas uma das três turbinas instaladas
na Usina Fontes Nova significa interrupção
do fornecimento de 1.056 MWh, o que cor-
responde ao consumo de energia de 70,8 fa-
mílias durante um mês – o consumo de ener-
gia mensal de uma família é da ordem de
14.9 MWh. Cifras que, convertidas para valo-
res monetários, indicam um impacto econô-
MANCAL:Éumapartedaestrutura
mecânicadestinadaacomportarum
eixogirante,cujoobjetivoéapoiare
diminuiroatritoentreesteeixoea
estrutura.
TROCADORDECALOR:Também
chamadodePermutadordeCalor,
éumdispositivoqueviabilizaa
transferênciadeenergiatérmica,por
exemplocalor,deformaeficientede
ummeioparaoutro.Ostrocadores
são,normalmente,separadospor
placasoufeixesdetubosparalelos.
NaUsinaHidrelétricadeFontesNovas,
hádoistipos:umpararesfriaroóleo
–fluidorefrigerantedosmancaisdas
turbinashidráulicas–eoutropara
resfriaroarquerefrigeraosmancais
dosgeradoresacopladosàturbina.
Projetos dE P&D da Light
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 37
mico da ordem de R$ 360 mil por dia, calcula-
dos com base na tarifa média residencial.
	 A Usina Fontes Nova é alimentada
por águas do Reservatório de Ribeirão de La-
jes e do Rio Paraíba do Sul. Ela utiliza cerca
de 445 milhões de metros cúbicos de água
para geração de energia elétrica. Segundo
os pesquisadores do Programa de Pós-Gra-
duação em Metrologia para Qualidade e Ino-
vação da PUC-Rio, responsáveis pelo desen-
volvimento do projeto, não são as águas do
Paraíba do Sul que provocam as incrusta-
ções nos trocadores de calor, mas as do Re-
servatório de Lajes, cujos microrganismos
crescem em colônias de rápida reprodução
e obstruem as passagens internas dos troca-
dores de calor. Trata-se do fenômeno deno-
minado Biofouling.
	 O estudo da eficiência dos trocado-
res de calor que fazem uso dessas águas foi
objeto de pesquisa em um projeto anterior
de P&D, desenvolvido pelos pesquisadores da
PUC-Rio. Nesse projeto, eles estudaram a efi-
cácia de um dispositivo eletrônico antifouling,
disponível comercialmente, que expõe o es-
coamento da água de refrigeração a um cam-
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT38
po elétrico para inibir o indesejável processo
de incrustação. Combaseemexperimentosre-
alizados in loco, sob diversas condições de ope-
ração e diferentes sazonalidades das águas de
alimentação, a pesquisa mostrou que, embora
a aplicação do campo elétrico no escoamento
possa contribuir para mitigar os mecanismos de
formação de biofouling nos trocadores de calor,
essatécnicadelimpezanãoeliminaoproblema.
	 “No contexto do novo projeto de
P&D, estamos propondo uma técnica que
possibilite um sistema de reversão do fluxo
de água nos trocadores de calor sem a neces-
sidade de paralisação das turbinas, forçando
a passagem de esferas abrasivas pelas tubu-
lações internas dos trocadores, removendo
assim as incrustações ainda em seu estado
incipiente de formação”, explica o pesquisa-
dor da PUC-Rio, Maurício Frota, que é o coor-
denador do projeto de P&D na universidade.
EM FASE DE TESTES
	 O sistema de reversão de fluxo e in-
jeção de esferas no circuito primário da água
de refrigeração já foi projetado e encontra-se
em construção nos laboratórios do Programa
de Pós-Graduação em Metrologia para Quali-
dade e Inovação da PUC-Rio. Concluída a fase
de testes e estanqueidade do trocador de ca-
lor, o sistema será utilizado em condições re-
ais de operação na Usina Fontes Nova.
	 As esferas foram construídas com ex-
clusividade para os trocadores de calor da usi-
na da Light por uma empresa especializada
da Austrália: a BalltechAustralia PTY Ltd.
	 Na avaliação dos pesquisadores da
PUC-Rio, Maurício Frota e Epifânio Mamani,
são grandes as expectativas em relação a es-
se projeto inovador de P&D. “Os resultados
poderão não apenas resolver o problema da
Usina Fontes Nova, mas sinalizar alternativas
tecnológicas para outras hidrelétricas bra-
sileiras que porventura experimentam pro-
blemas similares”.
GilsonValente:engenheiro da Light e gerente do projeto
A remoção dos resíduos oriundos da água bruta
associada a uma limpeza mais simples, eficaz e
sem interrupção de geração de energia são as
grandes inovações desse projeto.
Gilson Valente | Gerente do projeto na Light
esferaSabrasivas:Possuem
24mmdediâmetroesãofeitasde
materialesponjosonãoaderentee
recobertascommicroesferasabrasivas.
Projetos dE P&D da Light
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 39
Para manter-se à frente no mercado, a Light conta
com um software, desenvolvido pela GT2 Energia,
que faz previsões de até 5 anos para novas tecnologias
no setor. É uma forma automática de realizar cálculos,
possível para várias metodologias de previsão. Assim,
a Light sempre sabe como o seu negócio vai evoluir,
o que permite um planejamento eficaz e muito mais
preciso. A GT2 Energia cria soluções inovadoras e
de alto conteúdo tecnológico para o setor de energia,
mineração, siderurgia, petroquímico, exploração
de petróleo e outros usuários finais de energia.
• Análise termoeconômica;
• Anteprojeto e engenharia básica;
• Avaliação de empreendimentos;
• Consultorias;
• Controle e automação;
• Desenvolvimento de softwares customizados;
• Due diligence;
• Especificação de equipamentos;
• Estudos de viabilidade técnica e econômica;
• Fluxogramas de engenharia e de processos;
• Pareceres técnicos;
• Projetos conceituais e básicos de centrais termelétricas
e de instalações de cogeração;
• Simulação de esquemas térmicos e elétricos;
• Treinamentos.
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NOSSOS SERVIÇOS
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT40
Todos em um
	 Na Light, estratégia e sustentabi-
lidade são áreas integradas. A sustentabili-
dade está inserida na missão e na visão da
empresa. Regiane Monteiro de Abreu, es-
pecialista em Sustentabilidade da Gerência
de Estratégia e Sustentabilidade da Light,
endossa: “A evolução das questões rela-
cionadas à sustentabilidade fez com que a
companhia passasse a valorizar o relaciona-
mento com os públicos interno e externo, a
prestação de contas por parte da empresa e
a transparência em suas atividades”.
	 Atualmente, todas as empresas com
uma boa prática de sustentabilidade preci-
sam produzir relatórios compostos por diver-
sos indicadores de avaliação. Quem geren-
cia esses dados se vê com uma ampla gama
de informações que se cruzam e resultam em
novas informações.
	 Em busca de uma solução que crias-
se um indicador único de sustentabilidade
dentro da Light, o projeto de P&D desen-
volveu um software inovador capaz de ge-
renciar os inúmeros indicadores e gerar, a
partir deles, um indicador único para a con-
cessionária, indicando seu grau de susten-
tabilidade. O sistema faz uso da Teoria dos
Conjuntos Fuzzy para quantificar a opinião
qualitativa de especialistas.
	 São muitos os relatórios para uma
empresa do setor elétrico. O GRI (Global Re-
porting Iniciative), por exemplo, é um deles.
É um padrão internacional de relatório anu-
al consolidado de gestão e desempenho so-
cioambiental, composto por mais de 100 in-
dicadores de sustentabilidade empresarial. O
GRI é feito para o Grupo Light. A ANEEL, por
sua vez, exige um relatório de responsabili-
dade socioambiental para cada concessão da
Light: um para a distribuidora e outro para a
geradora.“Existe uma infinidade de relatórios
e, no final, estávamos lidando com cerca de
dois mil indicadores. Era difícil avaliar o grau
de sustentabilidade da Light. Nós precisáva-
P&D cria software para
calcular índice único de sustentabilidade
Projetos dE P&D da Light
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 41
mos nos organizar para melhor gerenciar”,
conta Regiane.
	 Para compreender a importância
desse projeto de P&D, é preciso considerar
que, para se alcançar um índice único de sus-
tentabilidade da empresa, a Gerência de Es-
tratégia e Sustentabilidade precisava se de-
bruçar sobre todas as informações geradas
pela Light. São vários especialistas e, muitas
vezes, as opiniões têm um caráter subjetivo,
como, por exemplo, a relevância de um deter-
minado indicador. A lógica fuzzy deu um va-
lor numérico a essa subjetividade.
	 O caráter inovador está na forma
com que o sistema reúne as opiniões de vá-
rios especialistas sobre vários indicadores
de vários relatórios, cruzando todas elas e
chegando a um único número. E mais: a fer-
ramenta tem um módulo que relaciona as
ações que poderão melhorar um indicador
que esteja com resultado insatisfatório. Por
meio desse módulo, é possível assinalar as
ações mais relevantes e os custos associa-
dos, permitindo melhor gerenciamento da
sustentabilidade.
	 “Temos as diretrizes estratégicas
da empresa, que é para onde queremos
caminhar. O sistema ajuda no acompa-
nhamento dessas estratégias, permitindo
a identificação e o monitoramento dos in-
dicadores relacionados a cada uma delas”,
acrescenta Regiane.
OLHANDO EM VOLTA
	 Novas abordagens utilizadas pe-
la companhia estão alinhadas ao concei-
to de sustentabilidade. A concessionária
sabe que favorecendo o desenvolvimento
da área de concessão – ampliando o aces-
so à energia elétrica de boa qualidade, por
exemplo – estará contribuindo para o cres-
cimento sustentável.
	 Um dos focos da Light nos últimos
anos tem sido a atuação nas Unidades de
Polícia Pacificadora (UPPs). É uma parceria
com o Governo do Estado que retoma áre-
as antes dominadas pelo tráfico e milícias.
“Nessas comunidades, os níveis de perda e
inadimplência eram muito altos. Nós não
conseguíamos entrar nas comunidades por
causa da violência. Hoje, recuperamos a re-
de elétrica e fazemos ações de eficiência
energética, trocando lâmpadas, por exem-
plo, para reduzir a conta, e o cliente ter con-
dição de pagá-la”, avalia a especialista em
Sustentabilidade.
	 Outra ação exitosa para adequar
a conta do cliente à sua capacidade de
pagamento é o Light Recicla. Com o pro-
jeto, os moradores recolhem material re-
ciclável, que antes era considerado lixo, e
entregam nos ecopontos da Light. O pe-
so da coleta é revertido em descontos na
conta de energia.
	 Outras empresas do setor elétrico
já perceberam a importância de um sistema
como esse e já demonstraram interesse em
implantá-lo.
	 “Na Light, a sustentabilidade é uma
das frentes do plano estratégico da empre-
sa. É a garantia de que a gestão da Light está
comprometida com as práticas sustentáveis
no Brasil e no mundo”, finaliza.
LÓGICAFUZZY:Aocontrárioda
lógicaconvencional,utilizaaideiade
quetodasascoisas–temperatura,
altura,velocidade–admitemgraus
depertinências.Trata-se,portanto,de
umconceitomatemáticoutilizadopara
aproximaradecisãocomputacional
dadecisãohumana,deformaque
elanãoseresumaapenasaum“sim”
ouum“não”,mastambémadecisões
abstratas,dotipo“umpoucomais”,
“talvezsim”,entreoutrastantas
variáveis.
Projetos dE P&D da Light
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT42
Mais controle sobre as perdas
	 Christine Auguste Pimenta e Carlos
José Ribas d`Ávida aguardam com ansiedade
a chegada do mês de setembro, quando será
testado um equipamento que promete facili-
tar muito o trabalho de quem sai em campo
para detectar possíveis fraudes ou falhas na
rede elétrica da Light.
	 Christine é engenheira de campo
da Gerência de Redes Subterrâneas de Mé-
dia Tensão. Ela conta que esse projeto de P&D
foi motivado pela necessidade de se detec-
tar fraudes em áreas residenciais de alto con-
sumo de energia, como os grandes condomí-
nios espalhados pela cidade do Rio de Janeiro.
	 “Todos esses condomínios são ali-
mentados por redes subterrâneas e para in-
vestigar desvios de energia, ou qualquer
outro problema, é necessário abrir vários
buracos até encontrar o problema. Isso, cla-
ro, acarreta muita dor de cabeça aos clientes,
que, em sua maioria, não são os responsáveis
diretos, mas têm que lidar com escavações
em seus jardins, as quais, muitas vezes, se re-
velavam infrutíferas”, explica.
	 Esse novo equipamento tem a ca-
pacidade de validar uma planta de distribui-
ção para clientes residenciais de baixa tensão
e também investigar falhas em uma linha de
distribuição de média tensão.
	 Carlos José, professor de Enge-
nharia Eletrônica da Escola Politécnica
da Universidade Federal do Rio de Janei-
ro (UFRJ), onde está sendo desenvolvido
o produto de P&D, explica que o equipa-
mento funciona enviando um sinal de in-
vestigação em uma linha de distribuição
de baixa ou média tensão. “Assim, é pos-
sível identificar falhas ou derivações inde-
vidas através do retorno das reflexões ao
longo da linha”, acrescenta.
	 Capaz de tornar o processo de
identificação mais preciso e menos susce-
tível a ruídos, o equipamento portátil foi
desenvolvido para uso em campo e para
Equipamento portátil investiga derivações indevidas
e falhas na rede elétrica
Projetos dE P&D da Light
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 43
exibir os resultados da análise no local da
medida. Colocado próximo à descida do
transformador, o equipamento estimula a
linha encaminhando um pulso de investi-
gação. Esse pulso vai e retorna, mostran-
do a que distância, em metros, está a de-
rivação em relação ao ponto de onde o
pulso partiu.
	 Carlos José completa: “Caso haja
nessa linha alguma ligação não documenta-
da, clandestina, ela é identificada na tela do
equipamento. É possível comparar as deri-
vações exibidas na tela com as que estão na
planta original de distribuição de energia.
Os técnicos descobrem, então, que não esta-
va previsto nenhum tipo de ligação naquele
ponto, constituindo, portanto, uma ligação ir-
regular”.
OPERANDO EM LINHAS ENERGIZADAS
	 Além de tornar possível refe-
renciar cada derivação nas linhas de ali-
mentação das unidades residenciais e
estabelecer o quanto está distante do
transformador, o equipamento tem mais
uma característica que faz dele um pro-
duto inovador: opera em linhas energi-
zadas, ou seja, não há necessidade de se
desligar a energia para o trabalho dos
técnicos da Light, vantagem para a em-
presa e para os clientes.
	 Segundo Christine, existem outros
equipamentos que fazem análises seme-
lhantes, mas operam em linhas não ener-
gizadas.
	 O equipamento, com previsão de
ser testado em setembro e concluído em
dezembro, vai revolucionar o setor elé-
trico. José Carlos enxerga um futuro pro-
missor. “Esse P&D é altamente comercia-
lizável. Ele pode ser usado em qualquer
linha e em qualquer situação de inves-
tigação. Por exemplo, nas linhas de mé-
dia tensão quando acontece uma falha
ou uma interrupção. O equipamento po-
de identificar qualquer alteração subter-
rânea”, arremata.
	 Hoje, em relação aos cabos de mé-
dia tensão, a Light usa laboratórios móveis
para localizar problemas com mais rapidez.
É fácil imaginar o quanto esse equipamento
inovador, de simples manuseio, leve, portá-
til e que trabalha sem riscos em linhas ener-
gizadas, vai facilitar o dia a dia de quem sai
em campo.
Christine Pimenta,da light,e Carlos José,professor de Engenharia
Eletrônica da Escola Politécnica da UFRJ
Projetos dE P&D da Light
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT44
Mais potência,
mesma infraestrutura
Novos cabos condutores otimizam
uso das linhas de transmissão
	 As Linhas de Transmissão Aéreas
(LTAs) são a forma mais simples de transfe-
rir energia elétrica de um lugar a outro. Elas
são fundamentais para disponibilizar, em
diversos pontos da cidade, a energia gera-
da nas usinas. O objetivo desse projeto de
P&D foi buscar cabos condutores que pu-
dessem transmitir maior potência nas li-
nhas já existentes.
	 José Benedito Costa Araújo, enge-
nheiro de campo sênior da Gerência de Pro-
jeto e Construção da Alta Tensão da Light,
explica: “Nossas linhas estão cada vez mais
dentro dos centros urbanos e existe muita
dificuldade de se obter faixas de servidão
para se constituir novas linhas de transmis-
são, em função da crescente preocupação
com o meio ambiente. Faixas de segurança
precisam ser preservadas para novas cons-
truções. Então, a saída é utilizar as linhas
existentes da melhor forma possível. Mas
chega um momento em que, mesmo refor-
çando as estruturas, não conseguimos mais
transmitir a potência que se precisa. Foi as-
sim que começamos a busca por um cabo
condutor que tivesse as mesmas caracterís-
ticas mecânicas dos condutores convencio-
nais, mas com capacidade de transmissão
de potência redobrada”.
	 Esse projeto faz parte de um gru-
po de pesquisas que estuda a adoção de
soluções que permitam transferir mais
energia elétrica em uma mesma faixa, sem
colocar em risco qualquer distância de se-
gurança para a população. Esse tipo de ca-
bo condutor para as LTAs já é usado no ex-
terior, mas muito pouco aplicado no Brasil.
Atualmente, o parque de transmissão de
energia elétrica no Brasil é considerado
um dos maiores do mundo, o que obriga
as concessionárias a aumentarem a capa-
cidade de suas linhas.
Projetos dE P&D da Light
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 45REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 45
PrOjETOS DE P&D Da LiGhT
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT46
	 Gilson Santos, engenheiro e parcei-
ro do projeto pela ENELTEC – Engenharia Elé-
trica e Tecnologia, empresa responsável pe-
la consultoria e pesquisa do comportamento
do cabo instalado, descreve o cabo inovador
como um condutor de alumínio termorresis-
tente com núcleo de fibra de carbono, que
possui duas diferenças relevantes em rela-
ção aos cabos de alumínio com alma de aço
(CAA), empregados nas linhas de transmissão
brasileiras.“A primeira diferença é a utilização
da fibra de carbono em substituição ao aço. E
a segunda, a adoção de alumínio termorresis-
tente”, destaca.
	 Essas duas características permitem
a operação do cabo em temperaturas muito
mais elevadas do que as comumente empre-
gadas, sem aumento significativo da flecha.
“Como o núcleo é de fibra de carbono, esse
alongamento é quase zero, porque a fibra de
carbono tem essa característica. Quando vo-
cê instala um cabo de fibra de carbono em
uma linha de transmissão, ele praticamente
não desce”, complementa o engenheiro da
Light.
	 Esse tipo de cabo ainda tem a van-
tagem de permitir aumento de potência sem
aumento de peso às torres, quando compa-
rado com um cabo equivalente CAA. Segun-
do José Benedito, isso significa que, na subs-
tituição de um pelo outro, a capacidade da
linha é aumentada sem ser necessário refor-
çar as estruturas existentes ou mesmo adi-
cionar novas.
	 Esse projeto também foi desenvol-
vido em parceria com a Nexans Brasil, fabri-
cante global de cabos condutores. Sidnei
Ueda, engenheiro da empresa, conta que o
projeto, inédito no Brasil, teve como objeti-
vo a recapacitação de uma linha existente,
praticamente dobrando sua capacidade de
transmissão. “Esperamos, com esse projeto,
ter contribuído significativamente no desen-
volvimento de novas tecnologias para as li-
nhas de transmissão”.
	 Atualmente, já existe um cabo insta-
lado em uma das principais linhas-tronco da
Light, em um trecho experimental de, aproxi-
madamente, 750 metros de extensão, locali-
zado em Jardim América, adjacente à Via Du-
tra. Até o momento, pouco mais de um ano e
meio após a instalação, não há qualquer re-
gistro de problemas, segundo Gilson Santos.
“As distâncias de segurança em relação aos
obstáculos embaixo da linha puderam ser, in-
clusive, aumentadas”.
	 A fase final do projeto será a insta-
lação de dispositivos de monitoramento de
temperatura e vibração mecânica dos novos
cabos, a fim de sempre compará-los às solu-
ções tradicionalmente empregadas. Esse pro-
jeto pretende deixar na Light o mesmo co-
nhecimento que hoje a empresa possui em
relação aos cabos convencionais.
flecha:Adistânciaverticalentreo
pontodefixaçãodeumcabonatorree
seupontomaisbaixo.
Projetos dE P&D da Light
Novo cabo condutor que será usado nas linhas detransmissão
da Light,produzido pela Nexans
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 47
Projetos do P&D da Light
Campinas | Brasília | Porto Alegre
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT48
De olho no mercado
Ferramenta avalia comportamento do consumidor
e prevê consumo cinco anos à frente
	 Qual impacto a adoção de tecnolo-
gias mais eficientes produzirá na rede da Li-
ght? Para responder a essa pergunta e plane-
jar o futuro, a companhia já conta com um
software que avalia previamente o comporta-
mento do consumidor e como irá se compor-
tar diante de tantas novidades tecnológicas.
Esse sistema é fruto de um projeto de P&D
desenvolvido em parceria com a GT2 Energia,
com colaboração da ICF Internacional.
	 Segundo Maria Young, gerente do
projeto na Light, o objetivo desse P&D foi
o desenvolvimento de uma ferramenta de
previsão do impacto de inserção de novas
tecnologias no mercado da Light no pra-
zo de cinco anos. Durante o projeto, os pes-
quisadores levantaram dados sobre o uso
de equipamentos elétricos pelas classes de
consumo residencial, comercial, industrial,
poder público e iluminação pública. A partir
dos resultados, foram construídos perfis pa-
ra as cinco classes.
	 Sandro Barros, coordenador técnico
do projeto na GT2 Energia, empresa desen-
volvedora do software, destaca as caracterís-
ticas da ferramenta. “Ela é capaz de realizar
previsões de mercado utilizando séries his-
tóricas de adoção de novas tecnologias. Ava-
liamos os mercados dentro e fora do Brasil,
porque nas tecnologias mais recentes o his-
tórico tem que vir de mercados mais madu-
ros”, explica.
	 As séries históricas contam como
o perfil de uma determinada área muda em
função de novas tecnologias adotadas.“Essas
informações de comportamento e inovação
tecnológica são lidas pelo software e projeta-
das cinco anos à frente, para que a Light en-
tenda como o mercado vai evoluir”, comple-
menta Sandro Barros.
MUDANÇAS DE CONSUMO
	 O mercado de equipamentos eletro-
eletrônicos e eletrodomésticos, por exemplo,
evolui muito rapidamente. Modelos mudam
ICFINTERNACIONAL:Empresalíder
nasáreasdegestão,tecnologiae
implantaçãodepolíticaspúblicas.
Desenvolvesoluçõesparacomplexos
problemasdeenergia,meioambiente,
gestãodeemergência,comunidadese
transportes.
Projetos dE P&D da Light
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 49
suas características ao longo do tempo, e o
que era pouco procurado pelos consumido-
res pode, de um dia para o outro, ter um au-
mento significativo de demanda.
	 “Existem equipamentos que entram
no mercado com um comportamento linear
nos primeiros anos e depois começam a cres-
cer. É preciso combinar os dois modelos para
entender a curva de consumo. O software faz
a leitura dos dois históricos e combina ambos
para obter um cenário mais realista”, detalha
Maria Young, da Light.
	 Essa ferramenta inovadora faz com
que a Light ganhe tempo na produção de no-
vos cenários e na definição de um modelo de
previsão mais adequado a cada tecnologia
que entra no mercado de energia elétrica.
	 “O fato de podermos rodar vários
modelos rapidamente e escolher o que me-
lhor se adapta, naquele momento, à simula-
ção feita pelos técnicos é uma grande ino-
vação. Hoje, nosso software analisa a série
histórica, roda diversos modelos simultanea-
mente e indica o melhor”, acrescenta Sandro
Barros, da GT2 Energia.
	 Essa ferramenta está há oito meses
em funcionamento e, como possui código
aberto, a Light pode inserir novas metodolo-
gias quando achar necessário.
O software é capaz de realizar previsões de
mercado utilizando séries históricas de adoção
de novas tecnologias.
Sandro Barros | GT2 Energia
Projetos dE P&D da Light
no
05 - aGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT50
O que vem por aí
no P&D da light
As demandas por novas soluções são permanentes. Por isso, o
Programa de P&D está sempre atento às necessidades da companhia,
seja em processos, metodologias ou produtos. Novas ideias chegam
o tempo todo, e o desafio é selecionar aquelas que estejam de
acordo com as diretrizes estratégias da concessionária. A seguir,
dois importantes projetos ainda em estágio embrionário, mas que
prometem grandes ganhos para a Light e o setor elétrico em geral.
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 51
No
05 - AGO 2013
REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT52
Self-healing e base
de redes inteligentes
Área de P&D prepara novos projetos para
cumprir metas de aprimoramento de serviços de energia
	 Empreender melhorias na Light e,
consequentemente, na qualidade dos servi-
ços ofertados a partir de produtos inovado-
res é o principal objetivo da área de P&D. Sem
tirar o foco dos projetos em andamento, o
programa também está de olho no futuro, se
preparando para novos desafios e novas de-
mandas no setor elétrico.
	 Um desses desafios é o restabeleci-
mento dos circuitos de forma automática. Tu-
do indica que isso será possível com o que os
pesquisadores denominam algoritmo de self-
-healing, um tipo de metodologia.
	 “Localizar um curto-circuito ou de-
feito na rede demora algum tempo. Se usar-
mos um algoritmo de recomposição au-
tomática de circuito, nós conseguiremos
restabelecer uma parte dessa carga de for-
ma remota, sem que haja necessidade de in-
tervir na rede”, explica Luiz Carlos Menezes
Direito, gerente de Tecnologia, Medição e
Automação da Light.
	 Segundo Direito, com o algoritmo, a
operação será automática. “A ferramenta vai
localizar a falha, isolá-la e realimentar o que
for possível, escolhendo a melhor configura-
ção e levando em consideração os níveis de
tensão de fornecimento, carregamento e per-
das técnicas. A ideia desse novo projeto de
P&D é, portanto, restabelecer um trecho de
carga o mais rápido possível”, acrescenta.
	 Se há um trecho de carga que não
sofreu a influência direta de um defeito, por
que deixá-lo sem energia? A tecnologia vai
transferir temporariamente essa carga para
outro alimentador enquanto esse trecho es-
tiver impedido. Resolvido o impedimento, a
carga é devolvida a ele.
O QUE VEM POR AÍ NO P&D DA LIGHT
Luiz Carlos Menezes Direito,gerente deTecnologia,
Medição e Automação da Light
ALGORITMOSELF-HEALING:
Self-healing,natraduçãoparao
português,significaautorreparo.É
umatecnologiaquereconfigurao
fornecimentodeenergiadeforma
automáticapormeiodealgoritmos
inteligentes.
revista_light_05
revista_light_05
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revista_light_05

  • 1. à procura de soluções inovadoras REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT NÚMERO 05 - AGOSTO 2013 entrevistado da edição Conversamos com Flávio Luciano, especialista em inovação tecnológica, sobre a evolução de P&D no País gestão de P&D Pesquisadores analisam ameaças e desafios da área. Aumento de recursos é citado como prioridade O que vem por aí Conheça dois projetos de P&D ainda em análise, um deles ligado ao Programa Smart Grid Light Projetos de P&D da light Software simula impactoSoftware simula impactoSoftware da geração distribuída na rede da concessionária
  • 2. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT2 PUCR I O Contato: Prof. Marley Maria B.R. Vellasco Tel. (21) 3527-1630 marley@ele.puc-rio.br | www.ele.puc-rio.br/lira a Sistemas inteligentes de apoio à decisão, previsão de séries temporais, otimização, data/web/text mining e automação.
  • 3. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 3 Mensagem do presidente Nesta 5ª edição da Revista Sa- ber, buscamos focar totalmente no tema Pesquisa & Desenvolvimento e no enorme ganho auferido para o setor elétrico. Es- colhemos o VII Congresso de Inovação Tec- nológica em Energia Elétrica (CITENEL), rea- lizado no Rio de Janeiro, para o lançamento da revista por ser um evento que retrata a relevância desse tema para o setor. A divulgação de resultados do Pro- grama de P&D da Light, regulado pela ANEEL, demonstra a sua sinergia com várias ações da empresa, sendo hoje uma importante ferra- menta para alavancar os desafios da compa- nhia e de todo o setor elétrico. Desde a obrigatoriedade de in- vestimentos em P&D a partir da Lei Federal 9.991/2000, a empresa vem ampliando suas apostas em inovação como forma de vencer alguns gaps tecnológicos e buscando sempre parceiros que estejam voltados ao alcance de resultados promissores para o nosso cliente, que é o principal financiador do Programa de P&D e deve ser beneficiado cada vez mais com tecnologias de ponta. A Light tem fortalecido a questão regulatória, buscando atuar de forma sinér- gica com o também regulado Programa de Eficiência Energética. A concessionária em- prega os recursos de acordo com os crité- rios vigentes e foca em projetos inovadores e plenamente alinhados com os rumos do negócio, que têm aplicação direta na em- presa e no setor. A inovação no setor elétrico pode se tornar um diferencial competitivo, deixan- do um grande legado para produtos e proces- sos que impactam diretamente a melhoria da qualidade do serviço ao cliente. O papel da concessionária também tem sido de indutora de inovações para o setor, fomentando o cam- po investigatório junto a seus parceiros da aca- demia, consultoria e centros de pesquisa. O ambiente corporativo tem gran- de necessidade de dar total atenção às ten- dências do ambiente externo, e o P&D pos- sibilita esse monitoramento constante, acompanhando o dinamismo do mercado e deixando a empresa numa posição de van- guarda tecnológica. Nesse sentido, o P&D emerge para contribuir com a inovação e com todas as questões que permeiam a sus- tentabilidade, o desenvolvimento do capital humano, a gestão do conhecimento e a oti- mização de recursos. Esta revista apresenta para todos os envolvidos, direta ou indiretamente, com o tema P&D um extrato do que tem sido reali- zado, implantado e planejado nessa área. Paulo Roberto Pinto Presidente da Light fotoPAULAKOSSATZ
  • 4. no 05 - aGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT4 sumário DIRETORIA DA LIGHT DIRETOR PRESIDENTE Paulo Roberto Pinto DIRETOR DE COMUNICAÇÃO Luiz Otavio Ziza Mota Valadares DIRETOR DE GESTÃO EMPRESARIAL Paulo Carvalho Filho DIRETOR DE FINANÇAS E RELAÇÕES COM INVESTIDORES João Batista Zolini Carneiro DIRETOR DE ENERGIA E NOVOS NEGÓCIOS Evandro Leite Vasconcelos DIRETOR DE DISTRIBUIÇÃO Ricardo Rocha DIRETORA DE GENTE Andreia Junqueira DIRETOR JURÍDICO Fernando Fagundes SABER | REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT SUPERINTENDÊNCIA DE DISTRIBUIÇÃO MT/BT Gustavo Alencar GERÊNCIA DE SISTEMAS TÉCNICOS E INOVAÇÃO Bruno Ceotto GESTÃO DO PROGRAMA DE P&D José Tenorio B. Junior CONTATO pesquisa.desenvolvimento@light.com.br SUPERINTENDÊNCIA DE COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL Oscar Guerra COORDENAÇÃO DE COMUNICAÇÃO INSTITUCIONAL E NOVAS MÍDIAS Jordana Garcia CONTATO jordana.garcia@light.com.br REPORTAGEM, TEXTO E EDIÇÃO Massi Comunicação JORNALISTA RESPONSÁVEL Viviane Massi - MTB 7149/MG COLABORAÇÃO Fátima Ribas REVISÃO Agnes Rissardo PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO Quadratta Comunicação e Design FOTOGRAFIAS Humberto Teski INFOGRÁFICOS Diogo Torres COMERCIAL Regina Rei IMPRESSÃO Stilgraf TIRAGEM 2.000 Paraanunciar CONTATO (21) 2211- 2563 Para especialista em P&D, programas da área estão evoluindo, mas ainda é preciso envolver a indústria. EnTrEviSTaDO Da EDiçÃO 6 Pesquisadores apontam ameaças e desafios para os programas de P&D das concessionárias. GESTÃO DE P&D 12 como a companhia está avaliando os impactos da geração distribuída em sua rede elétrica. PrOjETOS DE P&D Da LiGhT 20 Confira, nesta edição, quatro artigos produzidos por pesquisadores e profissionais envolvidos em projetos de P&D da light. arTiGOS ciEnTíficOS 54 P&D da light prepara novos projetos em busca de soluções inovadoras para melhorar serviços de energia e relacionamento com o cliente. O quE vEm POr aí 50
  • 5. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 5
  • 6. no 05 - aGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT6 no 05 - aGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT6 EnTrEviSTaDO Da EDiçÃO P&D ontem, hoje e amanhã Especialista em inovação tecnológica, Flávio Luciano analisa os últimos 15 anos de pesquisa e desenvolvimento no País e afirma: “estamos evoluindo em direção à melhoria de resultados” fLáviO LucianO DE SOuza, cOnSuLTOr na árEa DE P&D, aLém DE aDvOGaDO E fiLÓSOfO
  • 7. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 7REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 7 EnTrEviSTaDO Da EDiçÃO cos importantes. Como avaliar o segmento de P&D de lá para cá? Flávio luciano: Heráclito de Éfeso já dizia, há mais de 2.500 anos, que “tudo é em trans- formação”. Lavoisier, século XVIII, modernizou para:“na natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. Houve o Manual de 2008 e já há o de 2012. Se vamos de quatro em qua- tro anos, pelo menos seguiremos o ciclo tem- poral de Copa do Mundo e Olimpíadas. Evi- dentemente,arespostacorretaéqueestamos, sim, evoluindo em direção à melhoria de resul- tados para o processo de inovação relaciona- do ao setor elétrico brasileiro. Mas será que estamos evoluindo na velocidade adequada? Países mais desenvolvidos estão em patama- res mais elevados do que o nosso e avançam em velocidade maior do que a nossa. Precisa- mos acelerar o alcance de resultados e levar ao mercado produtos resultantes de nossos pro- jetos de P&D para mudar tal quadro. saber: A obrigatoriedade de investimen- tos em P&D, a partir de 2000, com a Lei 9.991, inaugurou um novo processo para as conces- sionárias do setor elétrico. Como essa exigên- cia foi recebida pelo setor e quais foram su- Formado em Engenharia Elétrica pela Escola de Engenharia da Universidade Federal Flu- minense (UFF) e pós-graduado pela COPPE/ UFFRJ, Flávio Luciano de Souza também é ad- vogado e filósofo. Autor da obra P&D – Pes- quisa e Desenvolvimento no Setor Elétrico – A caminho da Inovação, o ex-coordenador do P&D da Light nos dois primeiros anos da im- plantação do programa e, atualmente, con- sultor na área conversou com a Revista Sa- ber. Leia a seguir. saber: Por que distinguir criatividade de inovação? Flávio luciano de souza:Diz-seseropovo brasileiro criativo, daí vocacionado à inovação. Talvez não seja obrigatoriamente assim. Criati- vidade deve ser vista como algo espontâneo, quase intuitivo. A capacidade de apontar so- luções rápidas, inusitadas para problemas que se apresentem. A inovação, particularmente se o conceito é aplicado ao processo industrial, exige também foco, disciplina. De outra forma: se a criatividade desponta com um viés anár- quico, a inovação exige método, organização. A pré-existência da criatividade em uma socie- dade pode ser canalizada para a inovação, mas sozinha não garante sucesso à inovação.Tanto que povos considerados como não tão criati- vos quanto o brasileiro têm alcançado elevado grau de inovação tecnológica e industrial, jus- tamente devido às características de organiza- ção de conhecimentos, polarização de inten- ções e foco em resultados. saber: A legislação em vigor, a criação da ANEEL e o Manual de P&D em 2008 são mar- Desde a origem do processo, os Programas de P&D e EE se entrelaçam, o que, de certa forma, só se tem fortalecido com o tempo. A ANEEL há muito fundiu os dois programas em uma única Superintendência e muitas distribuidoras já adotam o formato.
  • 8. no 05 - aGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT8 no 05 - aGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT8 EnTrEviSTaDO Da EDiçÃO as consequências no dia a dia dos P&Ds em curso? Flávio luciano: Em realidade, mesmo antes da Lei 9.991/00, a ANEEL, adotando uma inter- pretação de contratos de concessão, a partir de 1998, já obrigava algumas empresas a investir em P&D e Eficiência Energética (EE). Aliás, des- de a origem do processo, os Programas de P&D e EE se entrelaçam, o que, de certa for- ma, só se tem fortalecido com o tempo. A ANEEL há muito fundiu os dois programas em uma única Superintendência e muitas distri- buidoras já adotam o formato. Os efeitos da legislação citada são óbvios, pois as conces- sionárias que até então, raríssimas exceções, simplesmente não investiam em P&D e Ino- vação Tecnológica, passaram a fazê-lo. Inicial- mente consideravam tais esforços como uma obrigação desagradável, um estorvo, que não lhes restava opção senão cumprir, mas que lo- go evoluiria para uma conscientização de que surgia uma real possibilidade de melhoria na qualidade da prestação de serviços a seus clientes e, principalmente, uma real oportuni- dade de negócio. Isso se aplica indistintamen- te a empresas privatizadas ou não. saber: Com que objetivo as empresas inves- tem em inovação? Em prol de um projeto na- cional ou para satisfazer suas próprias neces- sidades imediatas? Flávio luciano: Em um ambiente com- petitivo, as empresas têm que se preocupar, sim, em investir em pesquisas que melhorem seus próprios serviços e resultados, com refle- xos imediatos para a população estabelecida em sua área de concessão. E é óbvia a conclu- são de que os resultados a que uma empre- sa chega são perfeitamente aproveitáveis por outras do mesmo setor, respeitados, quando aplicáveis, os direitos de propriedade da solu- ção. Não esqueçamos de que outros formatos existem, como as verbas do CT-Energ e talvez a recente iniciativa do Inova Energia, vocacio- nados a soluções de problemas de alcance se- torial. Mas é importante ressaltar que qual- quer produto de projeto de P&D que chegue ao mercado acarretará benefícios não só para a concessionária, mas também para a econo- mia em geral, pois influirá na criação de pos- tos de trabalho, arrecadação de impostos e melhorias nos serviços prestados à sociedade. saber: A criação da ANEEL também merece destaque na história de P&D no País. A Agên- cia tem conseguido cumprir seus papéis de supervisão e fiscalização aos programas de P&D? Que contribuições ela já deu ao fomen- to da pesquisa no Brasil? Flávio luciano: No que diz respeito ao se- tor elétrico, a ANEEL tem sido clara prota- gonista na história do P&D. Ela tem sob sua égide os projetos de P&D, realizados ou em realização, diretamente gerenciados por em- presas prestadoras de serviços de geração e transporte de energia elétrica. Se fizermos uma analogia com a Química, a ela não cabe- Em um ambiente competitivo, as empresas têm que se preocupar, sim, em investir em pesquisas que melhorem seus próprios serviços e resultados.
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  • 10. no 05 - aGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT10 no 05 - aGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT10 ria o papel de reagente, mas de catalisador no processo, fazendo justamente o papel de su- pervisão e fiscalização. Não o faz sem peca- do. No passado, o esforço se direcionava a ter um quantitativo de pessoas capazes de aten- der à totalidade da demanda de serviços ine- rentes a tais funções, mas, de alguns anos pa- ra cá, frustrada a possibilidade de contratação de pessoal suficiente, a ANEEL tem optado por terceirizar parte de suas atividades com avaliadores ad hoc e auditorias de programas e projetos. Há vantagens e desvantagens de- correntes de tal opção, mas é forçoso reco- nhecer: ela advém de uma situação de fato. saber: A crescente conscientização para preservação dos recursos naturais e a bus- ca por adoção de práticas sustentáveis den- tro das empresas do setor elétrico têm impac- to direto nos programas de P&D. Esse cenário amplia o espectro para projetos? Flávio luciano: Sim. Por exemplo, a ge- ração de energia a partir de fontes menos agressivas ao meio ambiente é demanda crescente da sociedade, indicando ser real necessidade para a preservação da vida futu- ra em condições aceitáveis em nosso planeta. É ainda tema extremamente promissor para a engenharia nacional, particularmente para pesquisas e desenvolvimentos tecnológicos. saber: A matriz energética tende a se diver- sificar com as fontes renováveis. O setor elé- trico brasileiro deve mesmo apostar nessas novas formas de produzir energia? Flávio luciano: Creio que tal discussão já está ultrapassada no momento em que o Bra- sil se dispõe a se fazer presente no cenário econômico mundial. Tudo indica que fontes renováveis são o futuro irrecorrível para aten- dimento às demandas de energia pela huma- nidade. E podemos nele ingressar agora ou esperar que outros realizem os desenvolvi- mentos necessários para, então, comprarmos soluções prontas, a preços exorbitantes. Revi- ver o passado seria aceitar a vocação ao está- gio de subdesenvolvimento nacional. saber: Como o senhor avalia, atualmente, o envolvimento da indústria em projetos de P&D, cujo objetivo seria levar o produto final à fase de comercialização? Flávio luciano: Ainda é fraco, aquém de qualquer expectativa razoável. Ou melhora ou estaremos próximos do destino de “sim- ples coleção de boas intenções”. No entanto, parcela relevante das concessionárias tam- bém tem um dever de casa a ser feito, que é o de, dentro de suas realidades, estabelecer in- fraestrutura de P&D e Inovação Tecnológica com quadro de pessoal experiente no assun- to e com níveis de decisão adequados ao bom EnTrEviSTaDO Da EDiçÃO
  • 11. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 11REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 11 Ou a participação da indústria melhora ou estaremos próximos do destino de ‘simples coleção de boas intenções’. desempenho das atividades inerentes ao pla- nejamento, acompanhamento de projetos, internalização de resultados e, importante no caso, esgotamento de oportunidades de in- dustrialização/comercialização de produtos advindos de seus esforços de P&D e Inovação Tecnológica.Tal observação se evidencia prin- cipalmente se considerarmos os elevados va- lores e riscos inerentes ao cumprimento das obrigações normativas junto à ANEEL. saber: O que o governo poderia fazer para assegurar maior envolvimento da indústria? Flávio luciano: Uma possível face para o que discutimos é a econômica, cabendo ao Estado criar mecanismos de renúncia tributá- ria, poder de compra, subvenção e financia- mento eficientes, o que em verdade vem sen- do tentado – FINEP, BNDES, Lei do Bem, etc –, mas, se não ocorreu real engajamento da in- dústria, é porque há falhas. Outra face seria a da segurança – econômica, política, jurídi- ca – e aqui se apresenta o verdadeiro Calca- nhar de Aquiles: a fúria legiferante do Estado brasileiro, que nos mantém sob permanente insegurança e, via de consequência, provo- ca ojeriza a investimentos e aversão ao capi- tal de risco. Somos um País em que, quando algo novo se apresenta, logo pensamos em criar uma nova norma que o alcance, em vez de verificar se alguma norma existente já não é remédio adequado, ainda que sob um prin- cípio do Direito: o da analogia. saber: Em 2012, a ANEEL divulgou o novo ma- nual de P&D. Essa versão traz como principal mudança o fim da avaliação inicial de projetos. Quais os impactos para os programas de P&D? Flávio luciano: A real motivação da emis- são do Manual de 2012, a meu ver, foi real- mente a eliminação da fase de avaliação ini- cial, caracteristicamente a saída de quem não deveria ter entrado no Manual de 2008. A avaliação inicial tendia a ser, equivocada- mente, considerada um cinto de segurança, algo como uma “bengala psicológica” para possíveis insucessos que poderiam advir da avaliação final dos projetos. Também no tópi- co relativo à propriedade intelectual e sua co- mercialização, foram feitas modificações que são de mérito discutível, tendo a ANEEL, tal- vez, atuado com ardor excessivo. saber: O País investe o suficiente em P&D? Flávio luciano: Não. E não me refiro somen- te ao setor elétrico. Essa conclusão é irrefutá- vel, bastando considerar que, historicamente, nenhum dos 16 Fundos Setoriais existentes, criados única e exclusivamente para arrecadar e distribuir recursos para sustentar esforços de P&D e InovaçãoTecnológica dos diferentes se- tores produtivos, conseguiu aplicar a totalida- de de recursos arrecadados. Na realidade, fo- ram contingenciados dois terços do devido. Ou, em outros termos, foi aplicado apenas um terço dos recursos arrecadados nas finalidades precípuas para as quais foram recolhidos. EnTrEviSTaDO Da EDiçÃO
  • 12. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT12 GESTÃO DE P&D O P&D na atualidade: desafios e ameaças Ampliação de recursos, novas plataformas tecnológicas e possibilidade de mudança na legislação se destacam nos debates sobre pesquisa e desenvolvimento no País Aevoluçãoconstantedosinvestimen- tos em P&D tem sido prioridade irrestrita nas economias de mercado que encaram a pesqui- sa científica e tecnológica como uma estraté- gia incontestável de ganhos de competitivida- de produtiva, portanto de geração de riqueza, desenvolvimento socioeconômico e bem-es- tar social. Estudos realizados na Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, confirmam existir uma relação direta entre a produtivida- de das empresas exportadoras com o nível de investimento em pesquisa e desenvolvimento. A inovação induz ao crescimento e à dinâmica da economia na medida em que introduz no- vos produtos e processos, agregando eficiên- cia operacional aos setores econômicos. Ampliar os recursos destinados a P&D e aprimorar as políticas públicas de estímulo à inovação constituem alguns dos desafios a serem vivenciados pelo Brasil nos próximos anos. “A fragilidade do sistema de inovação pode ser medida pelo inexpressivo percentual que é convertido em P&D. O País destina 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto) à área de pes- quisa e desenvolvimento, percentual ligei- ramente superior aos 0,9% na África do Sul. A título de comparação, os países que inte- gram a Organização para Cooperação e De- senvolvimento Econômico (OCDE) investem 2,3% do PIB em P&D”, destaca o coordenador do Grupo de Pesquisa Metrologia para Quali- dade e Inovação da PUC-Rio e PhD pela Stan- ford University, Maurício Nogueira Frota, para quem esse patamar de investimento é insufi- ciente para superar os desafios das metas de desenvolvimento traçadas pela ANEEL, pelas concessionárias de energia elétrica e pelos centros de pesquisa no País. Essa ineficiência da conversão da pesquisa em inovação não deve tão somen- te ser responsabilizada às políticas públicas. A fragilidade do sistema de inovação pode ser medida pelo inexpressivo percentual que é convertido em P&D. O País destina 1,1% do PIB (Produto Interno Bruto) à área de pesquisa e desenvolvimento, percentual ligeiramente superior aos 0,9% na África do Sul. Os países que integram a OCDE investem 2,3% do PIB em P&D. Maurício Nogueira Frota | PUC-Rio
  • 13. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 13 GESTÃO DE P&D É também inerente ao próprio fenômeno da inovação, já que a atividade de P&D constitui parte de um complexo mecanismo cultural de redução da incerteza associada ao proces- so de geração de conhecimento e desenvol- vimento tecnológico. “Embora o Brasil, que participa com 1,9% do PIB mundial, contri- bua com, aproximadamente, 1,7% da produ- ção mundial de artigos científicos, o total de patentes depositadas – indicador de inovação – representa apenas 0,2% das patentes reque- ridas no escritório de patentes americano. E mais: enquanto apenas 1,4 doutores são for- mados no Brasil por mil habitantes, a Alema- nha produz 15,4”, acrescenta Maurício Frota. Fomento à pesquisa Desde 2000, a partir da Lei 9.991, a ANEEL vem fomentando a pesquisa e o de- senvolvimento de produtos inovadores no País. Apesar de baixos, os investimentos que migraram para os centros de pesquisa e uni- versidades contribuíram com infraestrutu- ra laboratorial e formação de pesquisadores em diversas áreas do conhecimento, benefi- ciando notadamente o setor elétrico. “O pro- grama de P&D da ANEEL proporcionou às principais universidades do Rio de Janeiro a criação e, principalmente, a manutenção de grupos de pesquisa que, consolidados, têm contribuído para superar os constantes desa- fios impostos pela modernização e sofistica- ção do setor. Sem esta importante fonte de fomento, sustentá-los se torna inviável, pois, sem recursos, não há como competir com as ofertas de emprego do mercado fora das uni- versidades”, alerta Henrique de Oliveira Hen- riques, professor coordenador do Laboratório de Transmissão e Distribuição da Universida- de Federal Fluminense (UFF). O professor destaca ainda a quali- dade na formação dos alunos de graduação e pós-graduação, muitos deles das próprias concessionárias de energia elétrica, que foi aperfeiçoada, atendendo aos interesses e às necessidades das empresas contratantes de P&D. Além disso, os investimentos têm incen- tivado a produção de artigos científicos e a continuidade de pesquisas já realizadas. A pesquisa não deveria encontrar barreiras territoriais, e os investimentos em P&D não deveriam ficar restritos às áreas de concessão das empresas na visão de especia- listas no tema. “Para o desenvolvimento de outras regiões do Brasil, carentes de infraes- trutura para pesquisa e inovação, as parce- rias e o intercâmbio de pesquisadores têm se mauríciofrota,dapuc-rio LEI9.991/2000:Dispõesobrea realizaçãodeinvestimentosem pesquisaedesenvolvimentoeem eficiênciaenergéticaporparte dasempresasconcessionárias, permissionáriaseautorizadasdo setordeenergiaelétrica.
  • 14. no 05 - aGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT14 mostrado um excelente caminho, com me- lhor aproveitamento dos recursos emprega- dos e bons resultados. Desta forma, baseado na experiência brasileira em P&D proporcio- nada pela ANEEL, é imprescindível manter, sem as restrições geográficas que inibem a cooperação multi-institucional, o nível de in- vestimento nas universidades brasileiras situ- adas em grandes centros de pesquisa”, defen- de Henrique Henriques. Em dez anos de P&D, a ANEEL aper- feiçoou suas formas de fomento, criando pro- gramas que financiam a inovação, a exemplo do Inova Energia, que resultou de parceria entre FINEP e BNDES. Mas, por outro lado, há ameaças aos recursos destinados a P&D, e são elas que preocupam atualmente. “Diante da escassez de recursos para o setor, a comu- nidade científica tem vivenciado insatisfa- ções em cascata: presenciou a redução do percentual de 0,25% para 0,20%, que via- bilizou, em 2004, por força da Lei 10.847, a criação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE); tem protestado contra os repetidos contingenciamentos dos recursos repassa- dos ao Fundo Nacional de Desenvolvimen- to Científico e Tecnológico, do Ministério da Ciência e Tecnologia (FNDC/MCT); frus- trou-se ao não ver implementada a medida proposta pela Lei 11.465, de 2007, que pre- via resgatar de 0,2% para 0,3% o percentu- al do investimento obrigatório em P&D, ori- ginalmente assegurado pela Lei 9.991/2000; e igualmente frustrantes foram as reedições dessas medidas legais com a Lei 11.465, que postergou a decisão para 2011, seguida da Lei 12.212, de 2010, que, para total des- crédito da comunidade, a empurrou para 2016”, relembra Maurício Frota. Segundo ele, é absolutamente la- mentável presenciar tamanha manobra polí- tica sobre a mais nobre fonte de financiamen- to responsável pela modernização e inovação do setor, fonte motora de consolidação e ma- nutenção dos grupos de pesquisa em univer- sidades e centros de pesquisa. “Uma ameaça inadmissível não apenas pelo papel que de- sempenha no fortalecimento do sistema bra- sileiro de inovação, mas, principalmente, por essa fonte de financiamento originar-se de recursos públicos assegurados na conta de luz do consumidor final, que espera se bene- ficiar da melhoria dos serviços que devem re- sultar da inovação do setor”, acrescenta. O pesquisador vai além e afirma que a ameaça parece não ter fim, referindo-se ao recém-anunciado Projeto de Lei 4.267/12, cuja proposta evita o resgate do índice de 0,3% da receita operacional líquida como in- PrOfESSOrhEnriquEDEOLivEirahEnriquES,Dauff GESTÃO DE P&D INOVAENErGIA:Novoprogramade fomentoàpesquisanosetorelétrico, cujosrecursosserãofinanciadospor fINEP,BNDESeANEEL.
  • 15. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 15 vestimento em P&D adiado para 2016. E, ain- da mais preocupante e inconsistente, o pro- jeto fragmenta o dispositivo legal de repasse dos recursos assegurados pela Lei 9.991 para concentrar um maior volume de recursos de P&D em uma região do País em detrimento de outra, onde existe maior concentração de uni- versidades e centros de pesquisa. Para Maurício Frota, estabelecer co- tas além das que já foram estabelecidas na lei vigente é deixar de reconhecer a excelên- cia das instituições e dos grupos de pesquisa já consolidados no Brasil. “Concentrar recur- sos em uma área ou região é criar condições para que não se consiga aplicar os já limita- dos recursos que a Lei 9.991 disponibiliza pa- ra P&D, estreitando ainda mais o funil que li- mita a transformação de seus resultados em inovação tecnológica”, complementa. Novas plataformas tecnológicas Os desafios não estão apenas asso- ciados à necessidade de ampliação dos in- vestimentos, mas também às novas plata- formas tecnológicas que estão surgindo. O setor elétrico passa, atualmente, por um mo- mento de forte transformação, o que pode ser constatado pela irreversível digitalização dos sistemas, equipamentos e processos. “Se, por um lado, isso abre infinitas possibili- dades e benefícios em termos de operação, manutenção, confiabilidade e segurança, por outro surgem importantes desafios na integração de novas plataformas tecnológi- cas, sistemas de informação e comunicação, automação e controle, bem como na for- mação e capacitação profissional”, comenta Gilson Paulillo, pesquisador da área de De- senvolvimento de Negócios/Energia, do Ins- tituto Eldorado. Essa mudança de paradigma pode ser medida pela agregação das plataformas de TI e Telecom à rede elétrica convencio- nal, transformando-as em redes inteligentes, o que permite o uso em larga escala de fon- tes renováveis – como a solar e a eólica –, a integração de veículos elétricos, a automação plena de equipamentos e dispositivos de re- de, a gestão em tempo real do consumo por meio de medidores inteligentes, entre outros benefícios para o setor. Nesse contexto, por meio do Pro- grama de P&D, o setor elétrico encontra im- portantes desafios nas áreas de qualidade da energia, geração distribuída, eficiência ener- gética, redes inteligentes, proteção, entre ou- tras, representadas por temas e inovações relacionadas às tecnologias emergentes, a exemplo das tecnologias de Big Data, Inter- net of Things, Realidade Aumentada, Cloud Computing. “Nesse ambiente, o maior desa- fio é a geração de produtos associados a ca- da uma dessas fronteiras, de forma a fechar o ciclo de inovação tecnológica, um dos pila- res do Programa de P&D da ANEEL. Por isso, destaco o importante papel dos institutos de pesquisa nesse ambiente, que por meio da experiência e do conhecimento de suas equi- pes multidisciplinares, bem como da proxi- midade com a indústria, têm alcançado resul- tado e reconhecimento no desenvolvimento de produtos inovadores”, conclui o pesquisa- dor do Instituto Eldorado. GESTÃO DE P&D BIGDATA:Éumtermoutilizado paradescreverocrescimento,a disponibilidadeeousoexponencial deinformaçõesestruturadasenão estruturadas.Conceitoaplicado emTI,seufocoécapacidade dearmazenamentodedadose velocidade.
  • 16. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT16 Sinergias entre os Programas de P&D e EE Auditoria conjunta, coordenação de GTs na ABRADEE e busca de recursos na FINEP unem ainda mais as duas áreas da Light Em diversas ocasiões, os Programas de P&D e Eficiência Energética (EE) trabalham em conjunto, em total sinergia, sempre bus- cando melhorar o desempenho e a eficiência da gestão e dos resultados desses dois pro- gramas na Light. Um exemplo é a parceria que vem pe- la frente na auditoria dos projetos já concluí- dos. A ANEEL aprovou e publicou, em junho deste ano, o novo Manual de Procedimentos Previamente Acordados para Auditoria Contá- bil e Financeira dos Projetos, Planos e Progra- mas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e Eficiência Energética (EE). O documento cria re- gras diferenciadas de auditagem para projetos que foram concluídos, mas nunca auditados. De acordo com José Tenório Jú- nior, coordenador do P&D da Light, a deter- minação da ANEEL vai exigir o resgate de to- da uma documentação que há tempos não é manuseada pela equipe.“Atualmente, a audi- toria dos projetos em andamento corre dia a dia, mas há um passivo que ficou sem ser au- ditado e que agora deverá ser resgatado tan- to por P&D como EE”, comenta Tenório. Para facilitar e agilizar este trabalho de levantamento e auditagem, P&D e EE vão atuar em conjunto. “A sinergia entre os dois programas vai nos fortalecer, porque vamos otimizar tempo, recursos financeiros e mão de obra ao contratar, por exemplo, a mesma empresa para realizar a auditoria exigida pela ANEEL”, explica o coordenador do P&D. “As regras do Manual de Auditoria da ANEEL são praticamente as mesmas tanto pa- ra o Programa de EE como para o P&D. E isso melhora o desempenho das ações envolvidas, diminuindo o esforço de contratação e possi- bilitando aprendizados comuns com os dois processos por meio da identificação, seleção e conferência de documentação necessária a ambos”, completa Antonio Raad, coordenador do PEE, na Light. As regras para auditoria de proces- sos concluídos já estão em vigor. E as áreas de P&D e EE devem começar a trabalhar nisso nos próximos meses. Coordenadores na ABRADEE A sinergia entre P&D e PEE se esten- de às iniciativas externas. José Tenório Jú- nior e Antonio Raad são coordenadores dos grupos de trabalho de suas respectivas áreas GESTÃO DE P&D
  • 17. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 17 na Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (ABRADEE). Concessionárias de todo o Brasil participam destes grupos. Na ABRADEE, os grupos de P&D e PEE discutem questões regulatórias do am- biente externo que podem afetar os progra- mas e definem estratégias para mitigar riscos para a concessionária e o setor elétrico. “Nosso papel é trocar experiências com outras concessionárias e, com isso, che- gar às melhores práticas de gestão para con- dução dos programas”, acrescenta Tenório. O papel da coordenação é estimular a participação de todos, criar pautas de proble- mas estratégicos, organizar ações conjuntas e buscar sinergias. Segundo Raad, um dos desa- fioséequilibrarasatividadesdosProgramasde P&D e EE da Light com as atividades dos GTs da ABRADEE. “As demandas regulatórias exigem uma estrutura cada vez mais robusta, com de- dicação quase que integral”, acrescenta. PARCERIA também na FINEP Recentemente, P&D e EE submete- ram à avaliação da FINEP - Agência Brasilei- ra da Inovação, que financia estudos e proje- tos no País, um projeto de geração de energia em comunidades a partir de resíduos urba- nos, inaugurando uma nova modalidade de busca de recursos não reembolsáveis para o financiamento de seus projetos. A iniciativa, alinhada ao conceito de sustentabilidade e inovação, vai complemen- tar o bem-sucedido Projeto Light Recicla, que transforma lixo recolhido em descontos na conta de energia. “Esse é um projeto inova- dor, uma sinergia natural entre a pesquisa e a aplicação, inerente aos Programas de P&D e EE”, destaca Tenório. Do investimento total estimado do projeto, 70% viriam da FINEP e os outros 30%, de recursos regulados dos Programas de P&D e EE. O resultado preliminar desta avaliação acontece em 10 de setembro deste ano. Para Antonio Raad, “este projeto de geração de energia está sedimentado em ba- ses sustentáveis e reforça a atuação da Light nas comunidades pacificadas”. Essa sinergia entre as duas áreas mostra que os projetos de P&D encontram terreno fértil no PEE, promovendo sua plena utilização e muitos benefícios para a Light e seus clientes. fotohumbertoteski GESTÃO DE P&D
  • 18. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT18 Novos recursos para o Smart Grid Light Concessionária busca apoio no Inova Energia para dar continuidade às ações do programa A FINEP – Agência Brasileira da Inova- ção, o BNDES e a ANEEL anunciaram este ano um Acordo de CooperaçãoTécnica para a cria- ção do Plano de Apoio à InovaçãoTecnológica no Setor Elétrico: o Inova Energia. O orçamen- to será de R$ 3 bilhões, dos quais R$ 1,2 bilhão da FINEP, R$ 1,2 bilhão do BNDES e R$ 600 mi- lhões da ANEEL, para os anos de 2013 a 2016. O plano tem como objetivo o fomen- to e a seleção de planos de negócios que con- templem atividades de pesquisa, desenvolvi- mento, engenharia e absorção tecnológica; produção e comercialização de produtos; e processos e serviços inovadores. Com isso, o Inova Energia contribuirá para o desenvolvi- mento de empresas e tecnologias brasileiras da cadeia produtiva de redes elétricas inteli- gentes, energia solar e eólica, veículos híbri- dos e eficiência energética veicular. O Programa Smart Grid Light está concorrendo a esses recursos. Segundo o con- sultor da Light, Ricardo Loss Vincens, o Inova Energia enquadra-se na estratégia de inova- ção da companhia. Desta forma, a decisão de pleitear os recursos foi tomada naturalmente, considerando inclusive as parcerias atuais e fu- turas, assim como a forma e o volume dos re- cursos necessários a projetos dessa natureza. Foi desenvolvido um plano de negó- cios para os próximos dez anos para implan- tação da tecnologia com protocolo aberto IPv6 (Internet Protocol version 6) para 2 mi- lhões de medidores inteligentes, mil religa- dores de rede aérea de distribuição e 4 mil Finalidades do Inova Energia • Apoiar o desenvolvimento e a difusão de dispositivos eletrônicos, microeletrônicos, sis- temas, soluções integradas e padrões para implementação de redes elétricas inteligen- tes (Smart Grids) no Brasil. • Apoiar as empresas brasileiras no desenvolvimento e domínio tecnológico das cadeias produtivas das seguintes energias renováveis alternativas: solar fotovoltaica, termossolar e eólica para geração de energia elétrica. • Apoiar iniciativas que promovam o desenvolvimento de integradores e adensamento da cadeia de componentes na produção de veículos híbridos/elétricos, preferencialmen- te a etanol, e melhoria de eficiência energética de veículos automotores no País. • Aumentar a coordenação das ações de fomento e aprimorar a integração dos instru- mentos de apoio financeiro disponíveis. GESTÃO DE P&D PROTOCOLOABERTOIPV6: Protocolopadronizadoparaacessoà internetouIP-InternetProtocol,com maiorcapacidadedeendereçamento esegurançadedados.Éaversão utilizadamundialmenteporredes corporativasparagerenciaro acessoadesktopsedispositivos móveiscomonotebooks,tabletse smartphones.
  • 19. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 19 câmaras subterrâneas, possibilitando o com- partilhamento da mesma rede inteligente por sistemas AMI-Telemedição e DA-Automa- ção de Redes de Distribuição. Devido a essas características e esca- la, esse projeto será pioneiro na América Lati- na e um dos 20 primeiros no mundo. As principais vantagens e benefícios para a companhia são a redução de perdas co- merciais e os ganhos em eficiência operacional. “Essa iniciativa é fundamental para o setor elé- trico e, em especial, para os projetos de smart grid das concessionárias, pois agrega esforços daANEEL,FINEPeBNDESnomesmoprograma, aproximando institutos de ciência e tecnologia, universidades e fornecedores de equipamen- tos e sistemas de software”, defendeVincens. Os resultados dos pedidos de finan- ciamento devem sair em novembro de 2013. Fase atual DO sMart griD ligHt A Light possui 300 mil medidores com telemedição GPRS, 1,7 mil pontos de au- tomação em redes subterrâneas com comu- nicação RF Mesh e mil religadores em redes aéreas com comunicação GPRS. Cerca de 50- 54% do faturamento e 20-24% das ações de corte religação da Light passam pelo sistema de telemedição, com integração total e auto- mática com o Sistema Comercial SAP_CCS. A Light decidiu investir de forma significativa em redes inteligentes adotan- do a tendência mundial de IoT (Internet das Coisas). Dispositivos inteligentes como te- lefones, PDAs e tablets, carros, TVs, geladei- ras, fornos, roupas, óculos, GPS, marca-pas- so cardíaco serão conectados na rede web. Desta forma, medidores, chaves e religado- res utilizados nas redes de energia elétrica também seguirão a mesma filosofia, adotan- do as mesmas tecnologias web, com os Pro- tocolos Abertos IPv4/IPv6, que fazem parte desta tendência. DisPOniBiliDaDe De recursOs POr instituiÇÃO/PrOgraMa Instituição FINEP BNDES ANEEL Total Valor (R$) 1,2 bilhão 1,2 bilhão 600 milhões 3 bilhões Programa Inova Brasil Subvenção Econômica Cooperativo ICT/Empresa Renda variável Crédito BNDES Funtec Instrumentos de renda variável Recursos de P&D obrigatórios ricarDOLOSSvincEnS,cOnSuLTOrDaLiGhTnOPrOGramaSmarTGriD GESTÃO DE P&D rFmESh:Sistemadecomunicação emrádiofrequênciaRfcom configuraçãoemrede(mesh),noqual cadadispositivointeligentepossui interfacesougateways:medidores, roteadores,religadores,chaves,entre outros.Émuitomaisrobustoecom maiordisponibilidadedoqueseus similares,porissoestásendoadotado pelasempresasqueutilizamRedes Inteligentes. SISTEmACOmErCIALSAP_CCS: Softwareintegradoparaatendimento comercialaosclientesdaLightem agências,centrosdeatendimento telefônico,internet,quiosqueseoutros canaisdeacesso,bemcomopara faturamentoecobrança.
  • 20. no 05 - aGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT20 Projetos de P&D da light Nada é permanente, tudo se transforma. Se bem empregado, o conhecimento traz ganhos incalculáveis para a humanidade, modificando a forma como vemos o mundo e como vivemos nele. Ao longo desses anos, o Programa de P&D da Light vem empreendendo mudanças a partir de projetos inovadores, transformando, para melhor, processos, metodologias e produtos.
  • 21. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 21 PrOjETOS DE P&D Da LiGhT impactos da geração distribuída Simulight avalia absorção de novos modelos pela rede da Light Nos últimos anos, no Brasil e no mundo, começaram a ser utilizadas as mais variadas fontes de energia. Além da hidráu- lica, obtida por meio da água, há também a energia solar; eólica, proveniente dos ventos; das marés, oriunda das correntes marítimas; a biomassa, produzida a partir de matéria orgâ- nica; entre outras. Cada vez mais, a Light se vê obrigada a lidar com essas fontes alternativas de ener- gia interferindo em sua rede. Esses novos en- trantes, como usinas eólicas, células a com- bustível e casas com painel fotovoltaico, em um futuro breve, estarão totalmente integra- dos à rede da Light, provocando impactos que precisam ser mensurados e avaliados. Segundo o engenheiro especialis- ta em Planejamento de Sistemas Elétricos da Light, Carlos Eduardo Vizeu Pontes, foi com o objetivo de avaliar o impacto que as fontes al- ternativas vão provocar na rede que o P&D da concessionária desenvolveu o Simulight. “Este projeto foi motivado pelo aumento da penetração da geração distribuída no siste- ma da Light. Em alguns casos, podem ocor- rer acordos entre as partes, e a distribuidora passa a operar o empreendimento de gera- ção distribuída”, acrescenta Vizeu. A futura entrada de novas fontes de energia poderá afetar a operação da rede elétrica de forma distinta. O Simulight está se capacitando para lidar com as mudanças e as novas demandas. Para entender melhor o impacto dessas novas fontes de energia é preciso saber que as redes de distribuição não foram concebidas originalmente para receber a conexão de geração distribuída, favorecida por vários fatores, entre eles in- centivos governamentais para o uso de fon- tes renováveis. Glauco Taranto, professor da COPPE da Universidade Federal do Rio de Janeiro fotohUmBErTOTESKI GErAÇÃODISTrIBUÍDA:éa produçãodeenergiaelétrica provenientedeempreendimentos deagentesconcessionários, permissionáriosouautorizados, conectadosdiretamentenosistema elétricodedistribuição.Normalmente, éageraçãodocliente. CÉLULASACOmBUSTÍVEL: Célulaseletroquímicasemquesão consumidosumagenteredutor (combustível)eumagenteoxidante (comburente),comoobjetivodegerar energiaelétrica.
  • 22. no 05 - aGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT22 no 05 - aGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT22 PrOjETOS DE P&D Da LiGhT
  • 23. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 23REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 23 PrOjETOS DE P&D Da LiGhT
  • 24. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT24 (UFRJ) e coordenador do projeto na universi- dade, conta que a pesquisa foi motivada pelo racionamento de energia que houve no Brasil em 2001. “Naquela época, qualquer empresa que construísse um gerador para colocar no sistema era muito bem-vinda, porque estava faltando energia. Atualmente, a conexão da geração distribuída também é aceitável, mas por outros motivos, como, por exemplo, por uma maior utilização das fontes limpas e re- nováveis”, explica. Rede equilibrada e protegida Depois do período de racionamen- to, cresceu a demanda por conexões de ge- ração distribuída. “Surgiu daí a ideia de se pensar em um software que pudesse fazer uma análise desses novos entrantes nas re- des da Light. Essa ferramenta evoluiu e ad- quiriu uma modelagem trifásica sem simi- lares no mercado nacional, para estudos de estabilidade”, detalha o professor da COPPE. Os softwares que existiam no Brasil só faziam análise do sistema monofásico e essa limitação não ajudava quando a Light precisava conhecer a dinâmica das três fa- ses: monofásica, bifásica e trifásica. “A aná- lise trifásica é importante nos sistemas de distribuição de energia elétrica por não ha- ver garantia de que as três fases estejam ba- lanceadas. Simplificando: cada fase alimenta uma quantidade diferente de carga”, esclare- ce o professor Taranto. A falta de sincronismo entre a rede da Light e os geradores de energia dos clien- tes pode desestabilizar o sistema e provocar uma queda de energia de grandes propor- ções.“O Simulight identifica o problema com antecedência, simula virtualmente uma ação para resolvê-lo e a equipe sai em campo com todas as diretrizes para agir de forma rápida e segura”, completa Vizeu. ComodesenvolvimentodoSimulight, a Light consegue manter a rede equilibrada e protegida, fazendo com que a presença des- ses novos entrantes de geração distribuída ocorra de forma adequada à concessionária e imperceptível aos clientes. Outras concessionárias do setor elé- trico e universidades brasileiras estão interes- sadas na ferramenta. Professores da COPPE ministraram um curso de extensão sobre as- pectos de dinâmica, proteção e controle do sistema de distribuição na presença de gera- ção distribuída.“Engenheiros de diversas em- presas do setor utilizaram o Simulight como ferramenta de aprendizado e gostaram do que viram”, conta Djalma Falcão, profes- sor do Programa de Engenharia Elétrica da COPPE/UFRJ e colaborador do projeto na universidade. O Simulight identifica o problema com antecedência, simula virtualmente uma ação para resolvê-lo e a equipe sai em campo com todas as diretrizes para agir de forma rápida e segura. Carlos Eduardo Vizeu | Gerente do projeto na Light Projetos dE P&D da Light
  • 25. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 25 Subsolo planejado e organizado Atualmente, as redes subterrâne- as atendem às áreas mais vitais das cidades do Rio de Janeiro e Belo Horizonte: os cen- tros urbanos, onde se concentram os espaços comerciais, financeiros e turísticos. Conside- rando o desafio que é o suprimento a essas regiões, Light e Cemig decidiram que era ho- ra de elaborar uma proposta de reformulação de todos os critérios de planejamento, proje- ção e padronização das redes subterrâneas. Assim nasceu esse P&D, batizado de“Alterna- tivas de aprimoramento tecnológico das atu- ais e futuras redes de distribuição subterrâne- as de energia elétrica”. No Brasil, atualmente, não existem leis que normatizem a ocupação ordenada do subsolo. Embaixo da terra, encontram- -se um emaranhado de redes: elétrica, tele- fonia, água, gás, esgoto. Todas juntas, sem nenhum ordenamento. Essa forma de ocu- pação desordenada dificulta ações no sub- solo, como, por exemplo, quando há a ne- cessidade de se fazer qualquer tipo de manutenção ou conserto. São cabos, fios e equipamentos misturados, podendo até causar acidentes. Portanto, um dos produ- tos desse P&D é uma proposta de ordena- mento, fruto de uma pesquisa internacio- nal feita a partir da observação de normas estrangeiras sobre o tema. “Esse projeto é uma proposta de or- denamento e normatização do subsolo. É ino- vador porque estabelece normas de ocupa- ção que ainda não existem. Estamos tentando produzir regras que possam ser obedeci- das por todas as concessionárias que preci- sam do subsolo para disponibilizar serviços à sociedade. Entre as propostas deste projeto de P&D está a realização de obras conjuntas com as outras empresas, porque se atuamos de forma sincronizada, reduzimos o impacto de nossa interferência na vida urbana e evita- mos problemas técnicos”, detalha Luiz Eduar- do Vaz, gerente deste projeto na Light. Este P&D começou há dois anos, quando um encontro reuniu Light e Cemig, uma das empresas parceiras do projeto.“Está- vamos fazendo um mergulho nos problemas do subterrâneo. A Cemig já estava com uma Juntas, Light e Cemig propõem ocupação ordenada para as redes subterrâneas em suas áreas de concessão Só vamos conseguir reduzir os custos operacionais do subsolo quando tivermos um padrão comum de construções. Hoje, no mundo, os bons empreendimentos só sobrevivem porque atuam de forma padronizada. Marcelo Marques Nascimento | Cemig Projetos dE P&D da Light
  • 26. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT26 proposta de reformular todos os critérios de planejamento, de projetos e de padrões de rede subterrânea. Notamos uma experiência muito grande na Light. Então, propus que fi- zéssemos esse trabalho em conjunto, mas a ideia de que fosse um projeto de P&D veio da Light”, conta Marcelo Marques Nascimento, da Cemig. Para os especialistas, parece claro que o futuro das concessionárias depende de padrões de construção comuns a todas, por- que eles resultam na otimização dos custos. Marcelo Marques enfatiza: “Só vamos conse- guir reduzir os custos operacionais do subso- lo quando tivermos esse padrão comum de construção. Nossa infraestrutura necessita de um enterramento de serviços compartilhado. Hoje, no mundo, os bons empreendimentos sobrevivem porque atuam de forma padroni- zada. Esse P&D tem, além da questão técnica, dimensões econômicas e políticas”. NOVAS ÁREAS COM REDE SUBTERRÂNEA É ponto pacífico que as redes sub- terrâneas, além de mais seguras porque pro- tegem a população de possíveis choques elétricos, tornam o ambiente mais agradá- vel visualmente, valorizando todo o entor- no. Já existem, no Brasil, iniciativas pontuais fotohumbertoteski Projetos dE P&D da Light
  • 27. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 27 de conversão espontânea. “No Rio Cidade, a Prefeitura patrocinou conversões para fazer uma revitalização da área urbana. A região do Porto, que está sendo revitalizada, terá apenas redes subterrâneas de energia elétri- ca. Atualmente, é importante que todos os projetos de modernização sejam desenvol- vidos contemplando esse aspecto”, observa Luiz Eduardo. A sociedade é cada vez mais depen- dente da energia elétrica. Interrupções na ge- ração e distribuição de energia, as quais, às vezes, são inevitáveis, causam transtornos e perdas de riqueza. As redes elétricas subter- râneas são mais confiáveis porque não estão sujeitas às condições climáticas. Segundo o engenheiro da Light, Bruno Ramos Sodré, há novas áreas sendo convertidas para redes subterrâneas, e o tra- balho leva em conta alguns critérios: deman- da, carga da região, características do local, entre outros. No Brasil, o tema das redes subterrâ- neas ficou esquecido por um tempo e este- ve restrito a um grupo de especialistas. Esse P&D surgiu da necessidade de se repensar as redes subterrâneas como uma alternativa pa- ra garantir a qualidade do serviço. O sócio-diretor da empresa paulis- ta executora do projeto, a Sinapsis Inovação em Energia, Antonio Paulo da Cunha, está entusiasmado com esse P&D. “As redes sub- terrâneas são uma alternativa viável em vá- rios casos. Nosso trabalho é analisar quando ela é justificável tecnicamente e, a partir daí, qual é a melhor forma de ser implantada. O compartilhamento das obras com outras empresas que utilizam o subsolo, certamen- te, vai contribuir ainda mais para que faça- mos uma conversão muito mais eficiente e organizada. Trabalhando em conjunto, será possível reduzir as escavações e os impac- tos civis, bem como facilitar as operações de manutenção, que custam caro para as con- cessionárias”, defende ele. Esse P&D é um projeto de caráter metodológico e pretende disponibilizar uma metodologia que servirá não apenas para Li- ght e Cemig, mas também para o setor elétri- co como um todo. Proposta de ocupação ordenada do subsolo em pista de rolamento: cortetransversal de uma rua indicando a disposição dos serviços essenciais sob o solo, como eletricidade,telefonia,água, esgoto e gás. REGIÃODOPORTO:ÁreadoRiode Janeiroqueestásendorevitalizada pelaPrefeitura,cujoprojetourbano estásendoconsideradoumdosmaiores emcursonoBrasilatualmente.Em 2013,houveainauguraçãodoMuseu deArtedoRio(MAR)naregião. Projetos dE P&D da Light
  • 28. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT28 De bem com a justiça Jurídico da Light mais perto de entender as incidências processuais O que provoca a abertura de proces- sos jurídicos em uma empresa? Para respon- der a essa pergunta, Fernando Pires Mello, Carolina Teixeira Nicolau e Reinaldo Castro Souza uniram-se em torno de um projeto P&D para desenvolver um software que ganhou nome e sobrenome: PREPRO JUR, um sistema com modelos estatísticos de previsão de en- trada de processos jurídicos na companhia. Esse projeto partiu dos questiona- mentos em relação à altíssima demanda do Judiciário contra a Light. Eram processos que contestavam valores de contas, interrupção de energia e vários outros serviços. “Consi- deramos que o Jurídico é um termômetro da parte operacional da empresa, é a resposta da sociedade ao serviço prestado pela con- cessionária. E, claro, quanto mais processos, mais prejuízo à Light”, comenta Fernando Pi- res Mello, gerente Jurídico da Light e idealiza- dor do projeto. O software considera fatores externos e internos para a incidência processual. Por exemplo, quando aumenta o calor, as pes- soas ligam com mais frequência seus apare- lhos de ar condicionado. Consequentemente, a conta de luz aumenta. Será que esse fator externo gera mais ações na justiça? E quando a Light executa uma atividade em campo, co- mo o corte de energia de um cliente inadim- plente? Essa atitude gera processo? As per- guntas eram muitas, e a empresa precisava ter as respostas. Carolina Nicolau, gerente do projeto na Light, conta que os motivos dos processos judiciais eram muitos. Portanto, resolveram escolher os cinco mais comuns e focar ne- les para criar um padrão de análise: reclama- ção sobre fatura, interrupção não programa- da, reclamação sobre corte, reclamação sobre negativação e eventuais fraudes de energia. fotohumbertoteski Projetos dE P&D da Light
  • 29. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 29 “Começamos a fazer uma busca den- tro da empresa, coletando indicadores. Mar- camos reuniões com as áreas de cobrança e operação, por exemplo, com o objetivo de entender todo o procedimento. As áreas pas- savam mensalmente para nós todos os indi- cadores que solicitávamos”, acrescenta Ca- rolina. Dessas reuniões, saíram informações que serviram como base para a criação de um modelo estatístico, desenvolvido pela PUC- -Rio, parceira no projeto. “Unimos o‘advoguês’com dados es- tatísticos. Quando começamos a nos falar, constatamos que o Departamento Jurídico havia coletado um número de dados surpre- endente, isto é, a matéria-prima para se esta- belecer qualquer estatística, qualquer funda- mento”, diz Reinaldo Souza, coordenador do projeto de P&D na PUC-Rio. Para o coordenador, o caráter inova- dor desse P&D está na originalidade da sua metodologia. “As técnicas aplicadas se ba- seiam em situações quantitativas para enten- der questões qualitativas. Usamos os núme- ros para explicar o comportamento de uma sociedade”, acrescenta Reinaldo. Ações judiciais geram custos, e as empresas precisam fazer uma previsão orça- mentária incluindo também gastos proces- suais. A separação de recursos para pagar as demandas de um processo se chama provi- sionamento. O software criado pelo P&D con- segue estudar o histórico de processos com características similares e avaliar as perdas re- ais. Em seis meses de uso, a Light deixou de colocar na conta de provisão R$ 5,5 milhões. E isso em um projeto que custou R$ 400 mil. O CÉU É O LIMITE O banco de dados coletado para es- se projeto de P&D pode ser usado para outros fins. Segundo Reinaldo, pode-se estudar, por exemplo, os escritórios que a Light contrata, avaliando desempenho, resultados, retorno financeiro para a empresa, etc. Fernando Mello reforça o caráter ino- vador do P&D:“Não há registro, dentro do se- tor elétrico, de uma ferramenta capaz de de- terminar as razões de uma ação judicial nem quais ajustes podem ser feitos nos procedi- mentos internos para reduzir o número de processos na justiça”. O P&D da Light criou uma ferramen- ta que conta uma história, que guarda in- formações importantes, que gera conheci- mento útil no planejamento de longo prazo. “Podemos afirmar sem modéstia que foi de- senvolvido um produto original, inovador e altamente rentável para a Light”, conclui Rei- naldo Souza. FernandoMello,doJurídico,utilizaoPREPROJUR: modelosestatísticos de previsão de entrada de processos jurídicos na companhia Projetos dE P&D da Light
  • 30. no 05 - aGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT30 sustentável e econômico Óleo biodegradável é atóxico, bom trocador de calor e mantém as características isolantes contra curto-circuito Mais um projeto de P&D pensado a partir de conceitos de sustentabilidade não é uma coincidência. Na Light, a preocupação com o meio ambiente está presente em mui- tos dos seus projetos inovadores. “O objetivo desse projeto foi desen- volver um óleo biodegradável para ser usado em cabos com isolamento a óleo das linhas subterrâneas de transmissão. Pensamos tam- bém em um aditivo que torna biodegradável o óleo DDB, atualmente usado nos cabos”, es- clarece Luiz Henrique Antunes, gerente deste P&D na Light. Esse óleo, isolante e biodegradável, é capaz de substituir o óleo DDB sem prejuí- zo para as empresas do setor elétrico, o que o torna, além de inovador, um produto com re- torno de investimento garantido. De acordo com Luiz Henrique, “são vários os benefícios desse produto. O mais óbvio é que ele não é agressivo à nature- za e nem tóxico para quem trabalha direta- mente com ele. Mas o produto se torna ain- da mais relevante considerando a escassez do óleo DDB no mercado, o que vem difi- cultando a manutenção dos cabos subterrâ- neos utilizados no sistema da Light. A pro- dução desse óleo tornará a concessionária autossuficiente”. O DDB é um óleo com várias utili- dades, inclusive para o setor elétrico, mas as portas estão quase se fechando para as em- O ÓLEO aPrOvaDO nOS PrimEirOSTESTES Embora, atualmente, a intenção seja atender à Light, todas as empresas que precisam de um óleo com as características de isolante e trocador de calor vão se interessar. Rodrigo Correa | UFRJ ÓLEODDB:Óleoisolantesintéticoà basedehidrocarbonetosaromáticos utilizadoemcabossubterrâneosque transmitemenergiaelétrica,cuja funçãoéisolaromesmoquandopor elepassaumcorrenteelétrica. PrOjETOS DE P&D Da LiGhT
  • 31. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 31 presas do setor de energia porque os fabri- cantes têm mais lucro com outros segmen- tos. Esse fato acarretou aumento de custos com o DDB para a Light. Sustentável, eficiente e econômi- co, o óleo fruto do P&D contou com a par- ceria de um dos maiores centros acadêmi- cos do País. Rodrigo Correa, professor do Instituto de Química da Universidade Fe- deral do Rio de Janeiro (UFRJ) e coorde- nador do projeto de P&D na universidade, explica como foi o processo de pesquisa: “Partimos de óleos naturais e fizemos mo- dificações químicas para que atendessem às especificações necessárias, ou seja, te- ria que ser um óleo não condutor de ele- tricidade, biodegradável, isolante e bom trocador de calor”, explica o pesquisador da UFRJ. A Light usa cabos de 138 KV, unida- de de medida de tensão, sendo que 01 KV re- presenta 1.000 Volts. O óleo funciona trocan- do calor e isolando os cabos. Se aquecerem demais, diminuem a capacidade de transmis- são de energia elétrica e acarretam danos ao sistema e perdas para a empresa e os consu- midores. O óleo já foi aprovado nos primeiros testes em laboratório. Rodrigo Correa está entusiasmado com o projeto. “Embora, atualmente, a in- tenção seja atender à Light, todas as empre- sas que precisam de um óleo com as carac- terísticas de isolante e trocador de calor vão se interessar. E não estou falando somen- te de concessionárias do setor elétrico, mas também de qualquer indústria, do Brasil e do mundo”. Além do novo óleo, também está sendo desenvolvido um aditivo biodegradá- vel para ser usado em casos de emergência, como um vazamento do DDB. O aditivo evita uma possível contaminação do solo. COMPATIBILIDADE GARANTIDA Outra característica importante des- se óleo biodegradável é sua compatibilida- de com o óleo DDB, em uso atualmente nos cabos da Light. “Em caso de vazamento, po- demos injetar o óleo novo em nossos cabos. Mesmo misturado ao óleo DDB, ele continua com as mesmas características anteriores”, ressalta o gerente do projeto na Light, Fellipe Thalhofer. Segundo ele, esse produto de P&D vai contribuir muito para que a empresa atin- ja seus objetivos em relação ao nível de sus- tentabilidade, um dos compromissos mais importantes da Light. fotohumbertoteski Projetos dE P&D da Light
  • 32. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT32 Equipamentos de segurança rastreados Sistema que aprimora distribuição, devolução e descarte de EPIs e EPCs está pronto para testes Previsto para ser apresentado durante o 8º SENSE (Seminário Nacio- nal de Segurança e Saúde no Setor Elé- trico Brasileiro), em setembro, o projeto de P&D que criou um sistema de rastre- amento de equipamentos individuais e coletivos de proteção está em sua fase final, pronto para ser testado em condi- ções reais. Desenvolvido em parceria com a Fundação COGE (FUNCOGE) e Universi- dade Federal Fluminense (UFF), o siste- ma, que inclui um software também ino- vador, substitui o controle manual de distribuição, devolução e descarte des- ses equipamentos, aprimorando as me- didas de Segurança do Trabalho dentro da companhia. “Esse P&D é um grande avanço em termos de Segurança do Tra- balho. O gerente da área terá um contro- le eficiente e não precisará mais se pre- ocupar se algum funcionário está saindo a campo sem os equipamentos ou se al- gum deles não está em condições ade- quadas de uso. E até mesmo com os tes- tes dielétricos em dia”, destaca Cesar Vianna Moreira, gerente de Segurança e Saúde no Trabalho da FUNCOGE. ETIQUETAS DE RADIOFREQUÊNCIA Cada equipamento da Light possui- rá uma etiqueta de radiofrequência, conten- do informações sobre condições operativas, confiabilidade, prazo de ensaios, manuten- ção, entre outras e cuja leitura será feita por um coletor de dados. Entre os equipamentos, vale destacar os principais: capacete, óculos, uniforme retardante à chama, manga e luva isolante de borracha, botina, ferramenta Y35 e detector de tensão. Os equipamentos asso- ciados aos veículos também serão rastreados, como varas de manobra e telescópica. De acordo com a FUNCOGE, há dois pedidos de patente no Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) para esse pro- jeto: um relacionado à técnica do conjunto do sistema e outro referente à forma de ade- são da etiqueta ao equipamento. “Esse P&D é totalmente inovador. Nem mesmo os EUA possuem sistemas para rastrear e controlar os ensaios elétricos de seus equipamentos de segurança, inclusive os isolantes, como luvas e mangas. A tecnologia que criamos, certa- mente, vai estimular outras empresas do se- tor a seguirem o mesmo caminho”, acrescen- ta Moreira. TESTESDIELÉTRICOS:Testesde tensãoelétricaaplicadaconforme asclassesdosequipamentos. Destinadosagarantirasegurançado equipamento/material,confirmandoa eficáciadoseuisolamento.Realizados normalmenteaofinaldafabricaçãoe periodicamente. FERRAMENTAY35:Alicate/ ferramentahidráulicautilizada peloseletricistasderedeparafazer compressãoemluvasdeemenda traçãototal(tipocompressão). Utilizadaemredesdebaixaemédia tensão,emcabosdeaté400mm2 ,com capacidademáximade12toneladas (pressãomáximadeoperação). Projetos dE P&D da Light
  • 33. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 33
  • 34. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT34 Distribuição planejada e administrada Sistema de gestão da rede melhora qualidade, confiabilidade e eficiência econômica no fornecimento de energia A Light é uma empresa distribuido- ra de energia com, aproximadamente, quatro milhões de clientes e uma rede de distribui- ção que chega perto dos 52 mil Km de exten- são. Para uma correta operação do sistema de distribuição de energia elétrica, as tensões e correntes ao longo da rede devem respeitar limites preestabelecidos para minimizar per- das e sobrecargas. Por esta razão, o P&D da Light criou um projeto para desenvolver uma ferramenta de apoio aos trabalhos de planejamento da rede elétrica da concessionária, executados pela equipe da Gerência de Planejamento e Estudos, denominada Sistema PAD: Planeja- mento e Análise da Distribuição. Engenheiro da Light e gerente do projeto, Rodrigo Moreira Romano explica que o sistema possui várias redes interliga- das. “São milhões de circuitos alimentando residências, comércios, indústrias. Em caso de um problema em um deles, o PAD conse- gue simular manobras e gerar um ótimo pla- no de reconfiguração do ponto de vista elé- trico”, detalha Romano. O P&D criou um software com pla- taforma web que integra todas as funciona- lidades de cálculo e disponibiliza ferramen- tas gerais de relatórios, impressão e interface gráfica. Essa ferramenta acessa e carrega os dados disponíveis das redes. Segundo Roma- no, o principal benefício está na construção de um software nacional, modelado a partir das regras que regem o mercado brasileiro e adequado ao uso corporativo, garantindo: melhoria da qualidade, confiabilidade e efi- ciência econômica na expansão da distribui- ção e fornecimento de energia; redução de novos investimentos em geração de energia em função das perdas técnicas; e substituição de importação. PREVENDO A DEMANDA DE ENERGIA O processo de planejamento de ex- pansão da rede com ajuda do Sistema PAD inicia-se com a importação da rede elétrica da Light para a base de dados do sistema. Fei- Em caso de problema em um dos circuitos, o PAD simula manobras e gera um ótimo plano de reconfiguração. Rodrigo Romano | Light Projetos dE P&D da Light
  • 35. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 35 fotohumbertoteski EstateladoPAD,cedidapelaAXXIOM, mostraaredeelétricadeuma determinadaregião,selecionadae indicadapelosnomesdas localidades.Ascoresdistinguemos alimentadores.Jáossímbolos geométricosrepresentamos componentesdarede:subestações, transformadores,caixasde inspeção,interligadores,chavesECD, chavesKS,entreoutroselementos. to isso, o PAD disponibiliza essa base para as intervenções técnicas, sendo possível alterar informações elétricas dos nós; manobrar cha- ves; incluir, alterar ou excluir componentes de rede; e criar subestações inteiras. André Passos, da AXXIOM, empre- sa responsável pela implantação da ferra- menta, explica que a referência para a de- finição das modificações a serem feitas é a previsão do crescimento de demanda de energia. O Sistema PAD permite a criação de vários cenários de evolução de carga ano a ano, fornecendo ao usuário a possibilidade de verificar o desempenho da rede quando submetida a cada um deles. “Identificado o risco de não atendimento à demanda, ações de reconfiguração e/ou expansão são pro- gramadas”, acrescenta. Além disso, análises anteriores po- dem ser reutilizadas na produção de um novo estudo, permitindo ganho de tempo e com- partilhamento de conhecimento. Dessa for- ma, é possível elaborar um planejamento de forma eficiente e consistente. O Sistema PAD nasceu para substi- tuir uma ferramenta ainda em uso pela Light: o software PRAO. Ele permite uma expansão do número de usuários sem a necessidade de novos investimentos nas estações de tra- balho. “Basta cadastrar um novo usuário e o acesso é imediato via internet”, acrescenta André Passos, da AXXIOM. Para o Sistema PAD entrar em ação, segundo Romano, falta apenas um servidor para comportá-lo. A partir daí, a Light dará início à Era PAD, uma era de oti- mização das configurações de suas redes de distribuição. PRAO:Softwarefrancêsutilizadoaté entãopelaLight,masquesemostrou incompatívelcomaversãodosistema operacionaladotadopelacompanhia. Projetos dE P&D da Light
  • 36. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT36 Limpeza dos trocadores de calor sem interrupção da geração Solução inovadora elimina paradas técnicas para manutenção de hidrogeradores O processo de limpeza dos trocado- res de calor utilizados para resfriar os man- cais dos geradores de uma usina hidrelétrica é uma tarefa que pode interromper a geração e consumir alguns dias de manutenção. O im- pacto econômico dessas paradas técnicas para manutenção é altíssimo. Comumente, a presença de microrganismos na água utiliza- da como fluido de trabalho dos trocadores de calor utilizados para refrigerar os equipamen- tos acessórios da usina causa danos e perdas de carga severas, que comprometem a efici- ência global do sistema de geração. Para superar esses problemas na operação diária das máquinas, esse proje- to de P&D está desenvolvendo uma solução inovadora para eliminar a necessidade de pa- radas técnicas dos trocadores de calor. A al- ternativa tecnológica proposta visa mitigar os efeitos nocivos dos resíduos contaminan- tes presentes nas águas utilizadas no sistema de refrigeração dos hidrogeradores da Usina Hidrelétrica Fontes Nova, de propriedade da Light, localizada no município de Piraí, região Sul Fluminense do estado. “A remoção dos resíduos oriun- dos da água bruta associada a uma limpe- za mais simples, eficaz e sem interrupção de geração de energia são as grandes ino- vações desse projeto”, destaca Gilson Valen- te, engenheiro da Light e gerente do proje- to pela concessionária. As paradas técnicas para manuten- ção provocam transtornos à concessionária. A interrupção de um único dia de geração de apenas uma das três turbinas instaladas na Usina Fontes Nova significa interrupção do fornecimento de 1.056 MWh, o que cor- responde ao consumo de energia de 70,8 fa- mílias durante um mês – o consumo de ener- gia mensal de uma família é da ordem de 14.9 MWh. Cifras que, convertidas para valo- res monetários, indicam um impacto econô- MANCAL:Éumapartedaestrutura mecânicadestinadaacomportarum eixogirante,cujoobjetivoéapoiare diminuiroatritoentreesteeixoea estrutura. TROCADORDECALOR:Também chamadodePermutadordeCalor, éumdispositivoqueviabilizaa transferênciadeenergiatérmica,por exemplocalor,deformaeficientede ummeioparaoutro.Ostrocadores são,normalmente,separadospor placasoufeixesdetubosparalelos. NaUsinaHidrelétricadeFontesNovas, hádoistipos:umpararesfriaroóleo –fluidorefrigerantedosmancaisdas turbinashidráulicas–eoutropara resfriaroarquerefrigeraosmancais dosgeradoresacopladosàturbina. Projetos dE P&D da Light
  • 37. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 37 mico da ordem de R$ 360 mil por dia, calcula- dos com base na tarifa média residencial. A Usina Fontes Nova é alimentada por águas do Reservatório de Ribeirão de La- jes e do Rio Paraíba do Sul. Ela utiliza cerca de 445 milhões de metros cúbicos de água para geração de energia elétrica. Segundo os pesquisadores do Programa de Pós-Gra- duação em Metrologia para Qualidade e Ino- vação da PUC-Rio, responsáveis pelo desen- volvimento do projeto, não são as águas do Paraíba do Sul que provocam as incrusta- ções nos trocadores de calor, mas as do Re- servatório de Lajes, cujos microrganismos crescem em colônias de rápida reprodução e obstruem as passagens internas dos troca- dores de calor. Trata-se do fenômeno deno- minado Biofouling. O estudo da eficiência dos trocado- res de calor que fazem uso dessas águas foi objeto de pesquisa em um projeto anterior de P&D, desenvolvido pelos pesquisadores da PUC-Rio. Nesse projeto, eles estudaram a efi- cácia de um dispositivo eletrônico antifouling, disponível comercialmente, que expõe o es- coamento da água de refrigeração a um cam-
  • 38. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT38 po elétrico para inibir o indesejável processo de incrustação. Combaseemexperimentosre- alizados in loco, sob diversas condições de ope- ração e diferentes sazonalidades das águas de alimentação, a pesquisa mostrou que, embora a aplicação do campo elétrico no escoamento possa contribuir para mitigar os mecanismos de formação de biofouling nos trocadores de calor, essatécnicadelimpezanãoeliminaoproblema. “No contexto do novo projeto de P&D, estamos propondo uma técnica que possibilite um sistema de reversão do fluxo de água nos trocadores de calor sem a neces- sidade de paralisação das turbinas, forçando a passagem de esferas abrasivas pelas tubu- lações internas dos trocadores, removendo assim as incrustações ainda em seu estado incipiente de formação”, explica o pesquisa- dor da PUC-Rio, Maurício Frota, que é o coor- denador do projeto de P&D na universidade. EM FASE DE TESTES O sistema de reversão de fluxo e in- jeção de esferas no circuito primário da água de refrigeração já foi projetado e encontra-se em construção nos laboratórios do Programa de Pós-Graduação em Metrologia para Quali- dade e Inovação da PUC-Rio. Concluída a fase de testes e estanqueidade do trocador de ca- lor, o sistema será utilizado em condições re- ais de operação na Usina Fontes Nova. As esferas foram construídas com ex- clusividade para os trocadores de calor da usi- na da Light por uma empresa especializada da Austrália: a BalltechAustralia PTY Ltd. Na avaliação dos pesquisadores da PUC-Rio, Maurício Frota e Epifânio Mamani, são grandes as expectativas em relação a es- se projeto inovador de P&D. “Os resultados poderão não apenas resolver o problema da Usina Fontes Nova, mas sinalizar alternativas tecnológicas para outras hidrelétricas bra- sileiras que porventura experimentam pro- blemas similares”. GilsonValente:engenheiro da Light e gerente do projeto A remoção dos resíduos oriundos da água bruta associada a uma limpeza mais simples, eficaz e sem interrupção de geração de energia são as grandes inovações desse projeto. Gilson Valente | Gerente do projeto na Light esferaSabrasivas:Possuem 24mmdediâmetroesãofeitasde materialesponjosonãoaderentee recobertascommicroesferasabrasivas. Projetos dE P&D da Light
  • 39. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 39 Para manter-se à frente no mercado, a Light conta com um software, desenvolvido pela GT2 Energia, que faz previsões de até 5 anos para novas tecnologias no setor. É uma forma automática de realizar cálculos, possível para várias metodologias de previsão. Assim, a Light sempre sabe como o seu negócio vai evoluir, o que permite um planejamento eficaz e muito mais preciso. A GT2 Energia cria soluções inovadoras e de alto conteúdo tecnológico para o setor de energia, mineração, siderurgia, petroquímico, exploração de petróleo e outros usuários finais de energia. • Análise termoeconômica; • Anteprojeto e engenharia básica; • Avaliação de empreendimentos; • Consultorias; • Controle e automação; • Desenvolvimento de softwares customizados; • Due diligence; • Especificação de equipamentos; • Estudos de viabilidade técnica e econômica; • Fluxogramas de engenharia e de processos; • Pareceres técnicos; • Projetos conceituais e básicos de centrais termelétricas e de instalações de cogeração; • Simulação de esquemas térmicos e elétricos; • Treinamentos. www.gt2.com.br | contato@gt2.com.br | (21) 3203 0565 / 0566 / 0567 | Fax (21) 3203 0564 ENTRE EM CONTATO COM A GT2 E CONHEÇA AS SOLUÇÕES IDEAIS PARA O SEU NEGÓCIO. SURPRESAS SÃO MUITO BOAS. MAS QUANDO O ASSUNTO É O SEU NEGÓCIO, É MELHOR ESTAR SEMPRE PREPARADO. NOSSOS SERVIÇOS
  • 40. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT40 Todos em um Na Light, estratégia e sustentabi- lidade são áreas integradas. A sustentabili- dade está inserida na missão e na visão da empresa. Regiane Monteiro de Abreu, es- pecialista em Sustentabilidade da Gerência de Estratégia e Sustentabilidade da Light, endossa: “A evolução das questões rela- cionadas à sustentabilidade fez com que a companhia passasse a valorizar o relaciona- mento com os públicos interno e externo, a prestação de contas por parte da empresa e a transparência em suas atividades”. Atualmente, todas as empresas com uma boa prática de sustentabilidade preci- sam produzir relatórios compostos por diver- sos indicadores de avaliação. Quem geren- cia esses dados se vê com uma ampla gama de informações que se cruzam e resultam em novas informações. Em busca de uma solução que crias- se um indicador único de sustentabilidade dentro da Light, o projeto de P&D desen- volveu um software inovador capaz de ge- renciar os inúmeros indicadores e gerar, a partir deles, um indicador único para a con- cessionária, indicando seu grau de susten- tabilidade. O sistema faz uso da Teoria dos Conjuntos Fuzzy para quantificar a opinião qualitativa de especialistas. São muitos os relatórios para uma empresa do setor elétrico. O GRI (Global Re- porting Iniciative), por exemplo, é um deles. É um padrão internacional de relatório anu- al consolidado de gestão e desempenho so- cioambiental, composto por mais de 100 in- dicadores de sustentabilidade empresarial. O GRI é feito para o Grupo Light. A ANEEL, por sua vez, exige um relatório de responsabili- dade socioambiental para cada concessão da Light: um para a distribuidora e outro para a geradora.“Existe uma infinidade de relatórios e, no final, estávamos lidando com cerca de dois mil indicadores. Era difícil avaliar o grau de sustentabilidade da Light. Nós precisáva- P&D cria software para calcular índice único de sustentabilidade Projetos dE P&D da Light
  • 41. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 41 mos nos organizar para melhor gerenciar”, conta Regiane. Para compreender a importância desse projeto de P&D, é preciso considerar que, para se alcançar um índice único de sus- tentabilidade da empresa, a Gerência de Es- tratégia e Sustentabilidade precisava se de- bruçar sobre todas as informações geradas pela Light. São vários especialistas e, muitas vezes, as opiniões têm um caráter subjetivo, como, por exemplo, a relevância de um deter- minado indicador. A lógica fuzzy deu um va- lor numérico a essa subjetividade. O caráter inovador está na forma com que o sistema reúne as opiniões de vá- rios especialistas sobre vários indicadores de vários relatórios, cruzando todas elas e chegando a um único número. E mais: a fer- ramenta tem um módulo que relaciona as ações que poderão melhorar um indicador que esteja com resultado insatisfatório. Por meio desse módulo, é possível assinalar as ações mais relevantes e os custos associa- dos, permitindo melhor gerenciamento da sustentabilidade. “Temos as diretrizes estratégicas da empresa, que é para onde queremos caminhar. O sistema ajuda no acompa- nhamento dessas estratégias, permitindo a identificação e o monitoramento dos in- dicadores relacionados a cada uma delas”, acrescenta Regiane. OLHANDO EM VOLTA Novas abordagens utilizadas pe- la companhia estão alinhadas ao concei- to de sustentabilidade. A concessionária sabe que favorecendo o desenvolvimento da área de concessão – ampliando o aces- so à energia elétrica de boa qualidade, por exemplo – estará contribuindo para o cres- cimento sustentável. Um dos focos da Light nos últimos anos tem sido a atuação nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs). É uma parceria com o Governo do Estado que retoma áre- as antes dominadas pelo tráfico e milícias. “Nessas comunidades, os níveis de perda e inadimplência eram muito altos. Nós não conseguíamos entrar nas comunidades por causa da violência. Hoje, recuperamos a re- de elétrica e fazemos ações de eficiência energética, trocando lâmpadas, por exem- plo, para reduzir a conta, e o cliente ter con- dição de pagá-la”, avalia a especialista em Sustentabilidade. Outra ação exitosa para adequar a conta do cliente à sua capacidade de pagamento é o Light Recicla. Com o pro- jeto, os moradores recolhem material re- ciclável, que antes era considerado lixo, e entregam nos ecopontos da Light. O pe- so da coleta é revertido em descontos na conta de energia. Outras empresas do setor elétrico já perceberam a importância de um sistema como esse e já demonstraram interesse em implantá-lo. “Na Light, a sustentabilidade é uma das frentes do plano estratégico da empre- sa. É a garantia de que a gestão da Light está comprometida com as práticas sustentáveis no Brasil e no mundo”, finaliza. LÓGICAFUZZY:Aocontrárioda lógicaconvencional,utilizaaideiade quetodasascoisas–temperatura, altura,velocidade–admitemgraus depertinências.Trata-se,portanto,de umconceitomatemáticoutilizadopara aproximaradecisãocomputacional dadecisãohumana,deformaque elanãoseresumaapenasaum“sim” ouum“não”,mastambémadecisões abstratas,dotipo“umpoucomais”, “talvezsim”,entreoutrastantas variáveis. Projetos dE P&D da Light
  • 42. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT42 Mais controle sobre as perdas Christine Auguste Pimenta e Carlos José Ribas d`Ávida aguardam com ansiedade a chegada do mês de setembro, quando será testado um equipamento que promete facili- tar muito o trabalho de quem sai em campo para detectar possíveis fraudes ou falhas na rede elétrica da Light. Christine é engenheira de campo da Gerência de Redes Subterrâneas de Mé- dia Tensão. Ela conta que esse projeto de P&D foi motivado pela necessidade de se detec- tar fraudes em áreas residenciais de alto con- sumo de energia, como os grandes condomí- nios espalhados pela cidade do Rio de Janeiro. “Todos esses condomínios são ali- mentados por redes subterrâneas e para in- vestigar desvios de energia, ou qualquer outro problema, é necessário abrir vários buracos até encontrar o problema. Isso, cla- ro, acarreta muita dor de cabeça aos clientes, que, em sua maioria, não são os responsáveis diretos, mas têm que lidar com escavações em seus jardins, as quais, muitas vezes, se re- velavam infrutíferas”, explica. Esse novo equipamento tem a ca- pacidade de validar uma planta de distribui- ção para clientes residenciais de baixa tensão e também investigar falhas em uma linha de distribuição de média tensão. Carlos José, professor de Enge- nharia Eletrônica da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janei- ro (UFRJ), onde está sendo desenvolvido o produto de P&D, explica que o equipa- mento funciona enviando um sinal de in- vestigação em uma linha de distribuição de baixa ou média tensão. “Assim, é pos- sível identificar falhas ou derivações inde- vidas através do retorno das reflexões ao longo da linha”, acrescenta. Capaz de tornar o processo de identificação mais preciso e menos susce- tível a ruídos, o equipamento portátil foi desenvolvido para uso em campo e para Equipamento portátil investiga derivações indevidas e falhas na rede elétrica Projetos dE P&D da Light
  • 43. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 43 exibir os resultados da análise no local da medida. Colocado próximo à descida do transformador, o equipamento estimula a linha encaminhando um pulso de investi- gação. Esse pulso vai e retorna, mostran- do a que distância, em metros, está a de- rivação em relação ao ponto de onde o pulso partiu. Carlos José completa: “Caso haja nessa linha alguma ligação não documenta- da, clandestina, ela é identificada na tela do equipamento. É possível comparar as deri- vações exibidas na tela com as que estão na planta original de distribuição de energia. Os técnicos descobrem, então, que não esta- va previsto nenhum tipo de ligação naquele ponto, constituindo, portanto, uma ligação ir- regular”. OPERANDO EM LINHAS ENERGIZADAS Além de tornar possível refe- renciar cada derivação nas linhas de ali- mentação das unidades residenciais e estabelecer o quanto está distante do transformador, o equipamento tem mais uma característica que faz dele um pro- duto inovador: opera em linhas energi- zadas, ou seja, não há necessidade de se desligar a energia para o trabalho dos técnicos da Light, vantagem para a em- presa e para os clientes. Segundo Christine, existem outros equipamentos que fazem análises seme- lhantes, mas operam em linhas não ener- gizadas. O equipamento, com previsão de ser testado em setembro e concluído em dezembro, vai revolucionar o setor elé- trico. José Carlos enxerga um futuro pro- missor. “Esse P&D é altamente comercia- lizável. Ele pode ser usado em qualquer linha e em qualquer situação de inves- tigação. Por exemplo, nas linhas de mé- dia tensão quando acontece uma falha ou uma interrupção. O equipamento po- de identificar qualquer alteração subter- rânea”, arremata. Hoje, em relação aos cabos de mé- dia tensão, a Light usa laboratórios móveis para localizar problemas com mais rapidez. É fácil imaginar o quanto esse equipamento inovador, de simples manuseio, leve, portá- til e que trabalha sem riscos em linhas ener- gizadas, vai facilitar o dia a dia de quem sai em campo. Christine Pimenta,da light,e Carlos José,professor de Engenharia Eletrônica da Escola Politécnica da UFRJ Projetos dE P&D da Light
  • 44. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT44 Mais potência, mesma infraestrutura Novos cabos condutores otimizam uso das linhas de transmissão As Linhas de Transmissão Aéreas (LTAs) são a forma mais simples de transfe- rir energia elétrica de um lugar a outro. Elas são fundamentais para disponibilizar, em diversos pontos da cidade, a energia gera- da nas usinas. O objetivo desse projeto de P&D foi buscar cabos condutores que pu- dessem transmitir maior potência nas li- nhas já existentes. José Benedito Costa Araújo, enge- nheiro de campo sênior da Gerência de Pro- jeto e Construção da Alta Tensão da Light, explica: “Nossas linhas estão cada vez mais dentro dos centros urbanos e existe muita dificuldade de se obter faixas de servidão para se constituir novas linhas de transmis- são, em função da crescente preocupação com o meio ambiente. Faixas de segurança precisam ser preservadas para novas cons- truções. Então, a saída é utilizar as linhas existentes da melhor forma possível. Mas chega um momento em que, mesmo refor- çando as estruturas, não conseguimos mais transmitir a potência que se precisa. Foi as- sim que começamos a busca por um cabo condutor que tivesse as mesmas caracterís- ticas mecânicas dos condutores convencio- nais, mas com capacidade de transmissão de potência redobrada”. Esse projeto faz parte de um gru- po de pesquisas que estuda a adoção de soluções que permitam transferir mais energia elétrica em uma mesma faixa, sem colocar em risco qualquer distância de se- gurança para a população. Esse tipo de ca- bo condutor para as LTAs já é usado no ex- terior, mas muito pouco aplicado no Brasil. Atualmente, o parque de transmissão de energia elétrica no Brasil é considerado um dos maiores do mundo, o que obriga as concessionárias a aumentarem a capa- cidade de suas linhas. Projetos dE P&D da Light
  • 45. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 45REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 45 PrOjETOS DE P&D Da LiGhT
  • 46. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT46 Gilson Santos, engenheiro e parcei- ro do projeto pela ENELTEC – Engenharia Elé- trica e Tecnologia, empresa responsável pe- la consultoria e pesquisa do comportamento do cabo instalado, descreve o cabo inovador como um condutor de alumínio termorresis- tente com núcleo de fibra de carbono, que possui duas diferenças relevantes em rela- ção aos cabos de alumínio com alma de aço (CAA), empregados nas linhas de transmissão brasileiras.“A primeira diferença é a utilização da fibra de carbono em substituição ao aço. E a segunda, a adoção de alumínio termorresis- tente”, destaca. Essas duas características permitem a operação do cabo em temperaturas muito mais elevadas do que as comumente empre- gadas, sem aumento significativo da flecha. “Como o núcleo é de fibra de carbono, esse alongamento é quase zero, porque a fibra de carbono tem essa característica. Quando vo- cê instala um cabo de fibra de carbono em uma linha de transmissão, ele praticamente não desce”, complementa o engenheiro da Light. Esse tipo de cabo ainda tem a van- tagem de permitir aumento de potência sem aumento de peso às torres, quando compa- rado com um cabo equivalente CAA. Segun- do José Benedito, isso significa que, na subs- tituição de um pelo outro, a capacidade da linha é aumentada sem ser necessário refor- çar as estruturas existentes ou mesmo adi- cionar novas. Esse projeto também foi desenvol- vido em parceria com a Nexans Brasil, fabri- cante global de cabos condutores. Sidnei Ueda, engenheiro da empresa, conta que o projeto, inédito no Brasil, teve como objeti- vo a recapacitação de uma linha existente, praticamente dobrando sua capacidade de transmissão. “Esperamos, com esse projeto, ter contribuído significativamente no desen- volvimento de novas tecnologias para as li- nhas de transmissão”. Atualmente, já existe um cabo insta- lado em uma das principais linhas-tronco da Light, em um trecho experimental de, aproxi- madamente, 750 metros de extensão, locali- zado em Jardim América, adjacente à Via Du- tra. Até o momento, pouco mais de um ano e meio após a instalação, não há qualquer re- gistro de problemas, segundo Gilson Santos. “As distâncias de segurança em relação aos obstáculos embaixo da linha puderam ser, in- clusive, aumentadas”. A fase final do projeto será a insta- lação de dispositivos de monitoramento de temperatura e vibração mecânica dos novos cabos, a fim de sempre compará-los às solu- ções tradicionalmente empregadas. Esse pro- jeto pretende deixar na Light o mesmo co- nhecimento que hoje a empresa possui em relação aos cabos convencionais. flecha:Adistânciaverticalentreo pontodefixaçãodeumcabonatorree seupontomaisbaixo. Projetos dE P&D da Light Novo cabo condutor que será usado nas linhas detransmissão da Light,produzido pela Nexans
  • 47. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 47 Projetos do P&D da Light Campinas | Brasília | Porto Alegre
  • 48. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT48 De olho no mercado Ferramenta avalia comportamento do consumidor e prevê consumo cinco anos à frente Qual impacto a adoção de tecnolo- gias mais eficientes produzirá na rede da Li- ght? Para responder a essa pergunta e plane- jar o futuro, a companhia já conta com um software que avalia previamente o comporta- mento do consumidor e como irá se compor- tar diante de tantas novidades tecnológicas. Esse sistema é fruto de um projeto de P&D desenvolvido em parceria com a GT2 Energia, com colaboração da ICF Internacional. Segundo Maria Young, gerente do projeto na Light, o objetivo desse P&D foi o desenvolvimento de uma ferramenta de previsão do impacto de inserção de novas tecnologias no mercado da Light no pra- zo de cinco anos. Durante o projeto, os pes- quisadores levantaram dados sobre o uso de equipamentos elétricos pelas classes de consumo residencial, comercial, industrial, poder público e iluminação pública. A partir dos resultados, foram construídos perfis pa- ra as cinco classes. Sandro Barros, coordenador técnico do projeto na GT2 Energia, empresa desen- volvedora do software, destaca as caracterís- ticas da ferramenta. “Ela é capaz de realizar previsões de mercado utilizando séries his- tóricas de adoção de novas tecnologias. Ava- liamos os mercados dentro e fora do Brasil, porque nas tecnologias mais recentes o his- tórico tem que vir de mercados mais madu- ros”, explica. As séries históricas contam como o perfil de uma determinada área muda em função de novas tecnologias adotadas.“Essas informações de comportamento e inovação tecnológica são lidas pelo software e projeta- das cinco anos à frente, para que a Light en- tenda como o mercado vai evoluir”, comple- menta Sandro Barros. MUDANÇAS DE CONSUMO O mercado de equipamentos eletro- eletrônicos e eletrodomésticos, por exemplo, evolui muito rapidamente. Modelos mudam ICFINTERNACIONAL:Empresalíder nasáreasdegestão,tecnologiae implantaçãodepolíticaspúblicas. Desenvolvesoluçõesparacomplexos problemasdeenergia,meioambiente, gestãodeemergência,comunidadese transportes. Projetos dE P&D da Light
  • 49. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 49 suas características ao longo do tempo, e o que era pouco procurado pelos consumido- res pode, de um dia para o outro, ter um au- mento significativo de demanda. “Existem equipamentos que entram no mercado com um comportamento linear nos primeiros anos e depois começam a cres- cer. É preciso combinar os dois modelos para entender a curva de consumo. O software faz a leitura dos dois históricos e combina ambos para obter um cenário mais realista”, detalha Maria Young, da Light. Essa ferramenta inovadora faz com que a Light ganhe tempo na produção de no- vos cenários e na definição de um modelo de previsão mais adequado a cada tecnologia que entra no mercado de energia elétrica. “O fato de podermos rodar vários modelos rapidamente e escolher o que me- lhor se adapta, naquele momento, à simula- ção feita pelos técnicos é uma grande ino- vação. Hoje, nosso software analisa a série histórica, roda diversos modelos simultanea- mente e indica o melhor”, acrescenta Sandro Barros, da GT2 Energia. Essa ferramenta está há oito meses em funcionamento e, como possui código aberto, a Light pode inserir novas metodolo- gias quando achar necessário. O software é capaz de realizar previsões de mercado utilizando séries históricas de adoção de novas tecnologias. Sandro Barros | GT2 Energia Projetos dE P&D da Light
  • 50. no 05 - aGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT50 O que vem por aí no P&D da light As demandas por novas soluções são permanentes. Por isso, o Programa de P&D está sempre atento às necessidades da companhia, seja em processos, metodologias ou produtos. Novas ideias chegam o tempo todo, e o desafio é selecionar aquelas que estejam de acordo com as diretrizes estratégias da concessionária. A seguir, dois importantes projetos ainda em estágio embrionário, mas que prometem grandes ganhos para a Light e o setor elétrico em geral.
  • 51. REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT 51
  • 52. No 05 - AGO 2013 REVISTA DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DA LIGHT52 Self-healing e base de redes inteligentes Área de P&D prepara novos projetos para cumprir metas de aprimoramento de serviços de energia Empreender melhorias na Light e, consequentemente, na qualidade dos servi- ços ofertados a partir de produtos inovado- res é o principal objetivo da área de P&D. Sem tirar o foco dos projetos em andamento, o programa também está de olho no futuro, se preparando para novos desafios e novas de- mandas no setor elétrico. Um desses desafios é o restabeleci- mento dos circuitos de forma automática. Tu- do indica que isso será possível com o que os pesquisadores denominam algoritmo de self- -healing, um tipo de metodologia. “Localizar um curto-circuito ou de- feito na rede demora algum tempo. Se usar- mos um algoritmo de recomposição au- tomática de circuito, nós conseguiremos restabelecer uma parte dessa carga de for- ma remota, sem que haja necessidade de in- tervir na rede”, explica Luiz Carlos Menezes Direito, gerente de Tecnologia, Medição e Automação da Light. Segundo Direito, com o algoritmo, a operação será automática. “A ferramenta vai localizar a falha, isolá-la e realimentar o que for possível, escolhendo a melhor configura- ção e levando em consideração os níveis de tensão de fornecimento, carregamento e per- das técnicas. A ideia desse novo projeto de P&D é, portanto, restabelecer um trecho de carga o mais rápido possível”, acrescenta. Se há um trecho de carga que não sofreu a influência direta de um defeito, por que deixá-lo sem energia? A tecnologia vai transferir temporariamente essa carga para outro alimentador enquanto esse trecho es- tiver impedido. Resolvido o impedimento, a carga é devolvida a ele. O QUE VEM POR AÍ NO P&D DA LIGHT Luiz Carlos Menezes Direito,gerente deTecnologia, Medição e Automação da Light ALGORITMOSELF-HEALING: Self-healing,natraduçãoparao português,significaautorreparo.É umatecnologiaquereconfigurao fornecimentodeenergiadeforma automáticapormeiodealgoritmos inteligentes.