1. Na floresta de Sariã, viviam animais de todos os portes e temperamentos. Depois de um
prolongado Verão, deflagrou na floresta um pavoroso e incontrolável incêndio. À
medida que o fogo invadia o seu interior, os moradores de Sariã fugiam espavoridos. Os
mais vagarosos eram alcançados pelo fogo e acabavam perecendo. Vendo o que se
passava, um passarinho viu-se numa situação de verdadeiro desespero... mas não
perdeu muito tempo. Saiu a voar em direcção ao rio, onde mergulhou para depois pairar
sobre as chamas e com a água conservada nas penas, aspergia o fogo, na tentativa de
apagá-lo. Ia ao rio e voltava incessantemente, repetindo essa fatigante operação
dezenas e dezenas de vezes. Tudo era inútil, porque as labaredas continuavam. O
passarinho, entretanto, não desistia.
Uma raposa indolente perguntou-lhe num tom irónico:
- Ó companheiro, que desmedida tolice é essa?! Então tu achas que com essas poucas
gotinhas de água, vais conseguir apagar o volumoso incêndio?
- Bem sei que a minha contribuição é insignificante e fraca diante das colunas de fogo
que aniquilam a nossa querida floresta – disse o passarinho - Não posso, porém, fazer
mais do que faço. Estou só a fazer a minha parte, entendes?
A raposa emocionada olhou para o passarinho e sorriu. De imediato foi passar a palavra
a todos os outros animais que ainda estavam na floresta. Unidos, dirigiram-se para o rio
e iniciaram a batalha contra o fogo.