Este documento relata uma história real de um servidor do INSS que atendeu um segurado cuja ex-mulher havia falsificado sua certidão de óbito para receber pensão por morte. Ao investigar uma mensagem de erro no sistema, o servidor descobriu que o segurado na verdade estava vivo e apresentou sua própria certidão de óbito anulada. A história mostra os desafios iniciais na carreira do servidor e como ele aprendeu a lidar com situações inesperadas.
INSS 21 ANOS: HISTÓRIA REAL DE UM SEGURADO FALSO MORTO
1. Gerência Executiva do INSS em Cuiabá/MT
Seção de Comunicação Social
PRIMEIRO LUGAR NO CONCURSO DE REDAÇÃO
Só sei que foi assim... INSS 21 anos de muita história
Mal começou o dia já estávamos na Agência da Previdência Social
de uma cidadezinha no interior de Mato Grosso.
Éramos apenas dois servidores, eu e meu amigo, que há apenas
um mês e meio havíamos ingressados na Previdência e que nos
esforçávamos muito pois o nosso querido chefe, responsável por
nos ensinar os conhecimentos necessários para o desenrolar
cotidiano, havia acabado de falecer.
A agência estava lotada, os segurados aguardando a sua vez e nós Rosivânia da Silva
dois empolgados fazendo o melhor atendimento possível. Galego Dias
Chamei a próxima senha, sempre com um sorriso amigável no APS de
rosto para que o atendido pudesse se sentir confortável e à Barra do Garças
vontade. Começa o atendimento e logo o sistema apresenta uma
mensagem: “existe um benefício cujo requerente é o instituidor”. Parabéns por ter
A mensagem insistia em atrapalhar a conclusão da concessão do obtido o primeiro
benefício e a cada vez que eu reiniciava o computador a danada lugar no Concurso
reaparecia. Os conhecimentos ainda eram poucos e aquela de Redação
mensagem aparecia na tela como um inimigo, como um monstro
pronto a me devorar e estragar o meu dia, pois o segurado
preenchia todos os requisitos para a concessão do benefício e
É uma honra tê-la
aguardava ansioso uma resposta. como integrante da
nossa família
De repente, parei para decifrar letra a letra a mensagem inimiga,
raciocinei que se ele era instituidor de um benefício, só poderia
ser pensão por morte ou auxílio- reclusão. Que a sua estrela
possa brilhar
Não poderia ser auxílio-reclusão pois preso ele não estava, se
infinitamente e que
encontrava na minha frente, com os olhinhos brilhantes,
aguardando o resultado de seu requerimento e não em um todos nós
presídio. Quando de repente, num impulso, a pergunta escapou possamos contar
com muita espontaneidade, como uma flecha: com o seu brilho,
- O senhor já morreu? sempre!
- Morri sim, minha filha, mas o juiz já falou que eu estou vivo de novo.
- Como assim? O senhor morreu quando? Morreu de que? Porque? Como foi? Poderia, por
gentileza, me mostrar sua certidão de óbito?
Qual não foi minha surpresa quando o requerente retirou de sua sacolinha a certidão de óbito e
a sentença judicial desconstituindo a certidão de óbito. Pela primeira vez, ao invés de pegar a
certidão de nascimento ou casamento do segurado, ele me entregava sua própria certidão de
óbito. Parecia que eu estava vendo um fan-tas-ma!!!
- Escute aqui, desde o início o senhor já sabia que tinha morrido, estava vendo todo o meu
sufoco para descobrir o que estava acontecendo, me viu ligando e desligando o computador
várias vezes, e mesmo vendo a minha aflição, o senhor não me contou nada de seu
falecimento?!? Me desculpe, mas o senhor merecia era ter morrido mesmo!!! – E caímos na
gargalhada, eu e meu segurado quase morto!
Depois descobrimos que sua ex-mulher havia feito uma falsa certidão de óbito e recebido
pensão por morte por alguns anos. O óbito foi anulado, o meu segurado se aposentou, e ficou
esse atendimento gravado em minhas memórias da Previdência Social. “Só sei que foi assim...
INSS 21 anos de muita história”.
INSS 21 anos: Novos Desafios, Novas Conquistas.