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O Estado do Maranhão. São Luís, 12 de janeiro de 2014 - DOMINGO

3

PERFIL

Raimundo Sá, comandante do Batalhão de Choque da PMMA
Fotos/Paulo Soares

“O policial tem que ser um
espelho para a sociedade”
A frente de um dos
batalhões mais temidos e
especializados da Polícia
Militar, o tenente-coronel
Raimundo Sá pauta sua
vida pela honestidade e
pela disciplina, mesma
postura que espera de
seus subordinados, que ele
diz serem como seus filhos

i

Adriano Martins Costa
Da equipe de O Estado

NOME COMPLETO:
Raimundo Nonato Santos Sá

C

atólico, torcedor do
Sampaio Corrêa e do
Fluminense, pai de oito
filhos, avô, casado. O comandante do Batalhão de Choque
da Polícia Militar do Maranhão, Raimundo Nonato Santos Sá, se diz um paizão, mas
daqueles pais bestas que deixam de comprar uma roupa
para si próprio e se rendem ao
pedido de um filho. Mas também é um pai das antigas, que
faz questão que cada um dos
seus rebentos, mesmo o mais
velho com 28 anos, tome a
bênção.
No comando dos 243 homens que compõem o Batalhão de Choque, o tenente-coronel Sá não muda o seu modo de agir e seu temperamento, que aprendeu e adquiriu na
infância: dedicação, compromisso, uma honestidade sem
freios e um temperamento explosivo terminam por moldar
sua trajetória de 27 anos dentro da PM, desde a época em
que era soldado. "Eu sou muito cobrador e acho que para
você cobrar tem que dar o
exemplo. Eu não posso dizer
para o policial que ele tem que
estar às 5h da manhã, se eu
chegar às 9h. Quem tem que
chegar às 4h50 sou eu", exemplifica.
Carreira - Nascido em São
Luís, Sá iniciou sua carreira
militar em 1985, aos 19 anos,
como marinheiro na base Almirante Ari Parreira, no Rio
Grande do Norte. Em 1987, foi
aprovado no concurso público e frequentou o Curso de
Formação de Soldados da PM.
Um ano depois, passou no
Curso de Formação de Sargentos e em 1992 começou a frequentar o Curso de Formação
de Oficiais (CFO). Formado

RAIO-X

PROFISSÃO
Oficial da Polícia Militar
QUALIDADE
Honestidade
DEFEITO
Ter a cabeça quente
ALEGRIA
Família
TRISTEZA
Desigualdade e pobreza no
país
SAUDADE
Do tempo de criança
PLANOS
Contribuir para a melhoria da
PM e galgar postos mais altos
dentro da corporação

O comandante do Batalhão de Choque tem 27 anos de Polícia Militar

em 1995, foi declarado aspirante a oficial PM, um ano depois já era promovido a 2° tenente e em 1998 já era 1° tenente. Promovido capitão em

2005, frequentou o Curso de
Aperfeiçoamento de Oficiais
(CAO), em Alagoas.
Em 2009, se tornou major e
assumiu o comando do 8° Ba-

talhão, novamente promovido
em 2012, dessa vez a tenentecoronel, passou a ser o comandante do Batalhão de
Choque em Janeiro de 2013,
onde se encontra no momento. "Se você entra na instituição direto pela academia
[CFO], você deixa para trás
uma série de dificuldades que
vão te ajudar mais na frente.
Ser soldado, sargento e depois
oficial serviu quando eu cheguei na academia".
Para o tenente-coronel, essa experiência ajuda no trato
que ele tem com seus subordinados, que ele diz que são
como seus filhos. Com base
nisso, ele afirma que faz o que
for possível para que nada
aconteça com nenhum deles,
mas ressalta: se um dos seus
filhos, porventura, fizer alguma coisa errada, aí entra em
ação o que ele chama de con-

forto pedagógico, que dentro
da instituição da Polícia Militar é o Regulamento Disciplinar do Exército (RDE). "Todo
o policial tem que ser um espelho para sociedade. Agora
só posso ser um espelho se tiver uma conduta ilibada. Se
não for assim de nada adianta. Então, tanto dentro de serviço, quanto fora de serviço, o
policial tem que dar exemplo,
dentro do possível, porque nós
não somos Deus, e Deus é que
não tem defeito", afirma.
Falta valorização - Em 27
anos de Polícia Militar, o tenente-coronel Sá se ressente
com a constante falta de valorização que os policiais vêm
tendo, principalmente no reconhecimento das suas ações,
por parte da população e das
autoridades. Sá explica que,
enquanto todos se divertem, a
PM está lá, cumprindo seu dever, mas ninguém se importa,
porque os policiais estão fazendo só a obrigação deles.
"Eu costumo dizer para os
meninos novos que o Réveillon deles é o dia em que ele vai
estar de folga. A PM diz que
nós vamos ter que abdicar de
muita coisa. Durante o Carnaval, por exemplo, todo mundo
se planeja de forma a brincar.
Nós também nos planejamos,
mas para trabalhar", comenta.
"O medo é uma ferramenta boa para que a gente possa
permanecer vivo", acredita. De
acordo com o tenente-coronel
Sá, o policial não deve se eximir do medo, já que a partir do
momento em que isso ocorre,
ele passa a ser irresponsável.
E já foram várias as situações
em que tanto a vida do comandante, quanto a de seus
comandados foram postas em
risco. Ameaças também são
constantes. Mesmo assim, a
responsabilidade que ele tem
com a tropa e com seus familiares o ajuda a seguir.

Comandante quer diálogo com a sociedade
No senso comum, o Batalhão de
Choque da Polícia Militar é chamado para resolver a situação quando a conversa não resolve. Eles já
chegam com armas, disparando e
batendo. Contudo, o tenente-coronel Sá diz que vem tentando implementar uma nova atitude dentro de seu comando, de mais diálogo com a população.
"Hoje, o policial tem uma nova
postura, um novo comportamento, vê a sociedade de forma diferente. Muitos foram ensinados por
oficiais do exército, que nos diziam que todo civil é inimigo e na
verdade não é assim. O teu inimigo é o bandido. E isso é o que o
PM tem aprendido: o inimigo da
polícia é todo aquele que contraria o dispositivo legal. Esse é que
a gente tem que trabalhar com ri-

gor", ressalta.
A orientação nas ações com a
comunidade, por exemplo, é que
antes de qualquer intervenção, o
Choque converse com os envolvidos. "Mas as pessoas, a maioria
delas, não aceita. Querem fazer
manifestações, mas não entendem a situação dos outros. Simplesmente, as pessoas fecham as
vias e ambulâncias não passam,
ônibus não passam. Observem
quantas pessoas que podem morrer por conta de manifestações,
pessoas que tiveram filhos dentro do carro, alguém que passou
o ano procurando o emprego, e
no primeiro dia de trabalho fica
preso numa manifestação. Então,
querem exigir os seus direitos, e
não garantem o direito dos outros?", indaga.

Tenente-coronel Sá não admite nenhum desvio de conduta por parte dos policiais, que devem ser exemplo

“

O policial do
Choque não é
arbitrário. Mas
tem que ser
autêntico, fazer
a coisa de
maneira segura
e dar o
tratamento
devido. Para o
cidadão: bom
dia, boa tarde,
boa noite; para
o meliante:
você está preso"
"Se tiver que
atirar, nós
atiramos, mas
primeiro
atiramos de
arma não letal,
porque
entendemos
que a vida do
ser humano é
importante,
independente
mente do
currículo
negativo que
ele tem"
"A polícia
militar não
forma ninguém
para ser
truculento ou
ladrão. Se um
policial é pego
roubando, não
é porque ele
aprendeu aqui;
ele está apenas
exercendo o
que ele trouxe
lá de fora"

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Comandante do Batalhão de Choque fala sobre carreira e papel da PM

  • 1. O Estado do Maranhão. São Luís, 12 de janeiro de 2014 - DOMINGO 3 PERFIL Raimundo Sá, comandante do Batalhão de Choque da PMMA Fotos/Paulo Soares “O policial tem que ser um espelho para a sociedade” A frente de um dos batalhões mais temidos e especializados da Polícia Militar, o tenente-coronel Raimundo Sá pauta sua vida pela honestidade e pela disciplina, mesma postura que espera de seus subordinados, que ele diz serem como seus filhos i Adriano Martins Costa Da equipe de O Estado NOME COMPLETO: Raimundo Nonato Santos Sá C atólico, torcedor do Sampaio Corrêa e do Fluminense, pai de oito filhos, avô, casado. O comandante do Batalhão de Choque da Polícia Militar do Maranhão, Raimundo Nonato Santos Sá, se diz um paizão, mas daqueles pais bestas que deixam de comprar uma roupa para si próprio e se rendem ao pedido de um filho. Mas também é um pai das antigas, que faz questão que cada um dos seus rebentos, mesmo o mais velho com 28 anos, tome a bênção. No comando dos 243 homens que compõem o Batalhão de Choque, o tenente-coronel Sá não muda o seu modo de agir e seu temperamento, que aprendeu e adquiriu na infância: dedicação, compromisso, uma honestidade sem freios e um temperamento explosivo terminam por moldar sua trajetória de 27 anos dentro da PM, desde a época em que era soldado. "Eu sou muito cobrador e acho que para você cobrar tem que dar o exemplo. Eu não posso dizer para o policial que ele tem que estar às 5h da manhã, se eu chegar às 9h. Quem tem que chegar às 4h50 sou eu", exemplifica. Carreira - Nascido em São Luís, Sá iniciou sua carreira militar em 1985, aos 19 anos, como marinheiro na base Almirante Ari Parreira, no Rio Grande do Norte. Em 1987, foi aprovado no concurso público e frequentou o Curso de Formação de Soldados da PM. Um ano depois, passou no Curso de Formação de Sargentos e em 1992 começou a frequentar o Curso de Formação de Oficiais (CFO). 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Para o tenente-coronel, essa experiência ajuda no trato que ele tem com seus subordinados, que ele diz que são como seus filhos. Com base nisso, ele afirma que faz o que for possível para que nada aconteça com nenhum deles, mas ressalta: se um dos seus filhos, porventura, fizer alguma coisa errada, aí entra em ação o que ele chama de con- forto pedagógico, que dentro da instituição da Polícia Militar é o Regulamento Disciplinar do Exército (RDE). "Todo o policial tem que ser um espelho para sociedade. Agora só posso ser um espelho se tiver uma conduta ilibada. Se não for assim de nada adianta. Então, tanto dentro de serviço, quanto fora de serviço, o policial tem que dar exemplo, dentro do possível, porque nós não somos Deus, e Deus é que não tem defeito", afirma. Falta valorização - Em 27 anos de Polícia Militar, o tenente-coronel Sá se ressente com a constante falta de valorização que os policiais vêm tendo, principalmente no reconhecimento das suas ações, por parte da população e das autoridades. Sá explica que, enquanto todos se divertem, a PM está lá, cumprindo seu dever, mas ninguém se importa, porque os policiais estão fazendo só a obrigação deles. "Eu costumo dizer para os meninos novos que o Réveillon deles é o dia em que ele vai estar de folga. A PM diz que nós vamos ter que abdicar de muita coisa. Durante o Carnaval, por exemplo, todo mundo se planeja de forma a brincar. Nós também nos planejamos, mas para trabalhar", comenta. "O medo é uma ferramenta boa para que a gente possa permanecer vivo", acredita. De acordo com o tenente-coronel Sá, o policial não deve se eximir do medo, já que a partir do momento em que isso ocorre, ele passa a ser irresponsável. 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