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MANDATOS ELEITORAIS E CICLOS POLÍTICOS ORÇAMENTÁRIOS:
EVIDÊNCIAS DOS ESTADOS BRASILEIROS
RESUMO
A literatura sobre ciclos políticos orçamentários aponta para existências de vários fatores
condicionantes à existência e intensidade dos ciclos, dentre eles o mandato eleitoral. Parte-se
do pressuposto que os gestores aptos a concorrer à reeleição possuem maiores incentivos para
manipular variáveis fiscais em períodos eleitorais. Nesse sentido, o objetivo da pesquisa
consistiu em averiguar a influência do mandato eleitoral sobre a política fiscal dos governos
estaduais brasileiros. As variáveis dependentes consistem nos gastos públicos apontados pela
literatura como passíveis de manipulação em períodos eleitorais. Já as variáveis
independentes de interesse consistem em 2 dummies que indicam se o governador está no
primeiro mandato (PM) e se o gestor está no primeiro mandato e o ano é eleitoral (PMAE). A
amostra foi composta pelos 26 estados brasileiros no período de 2003 a 2014, compreendendo
três ciclos eleitorais. Utilizou-se como metodologia a técnica de regressão com dados em
painel com efeitos fixos. A estatística descritiva revelou que as variações dos gastos nos anos
eleitorais em relação à média dos três primeiros anos de mandato dos governos cujos gestores
estão no primeiro mandato diferem estatisticamente daqueles que estão no segundo mandato.
Os modelos econométricos revelaram que a variável PM exerce influência negativa e
significativa sobre os investimentos e a variável PMAE exerce influência positiva sobre esse
mesmo grupo de gastos. A pesquisa concluiu que o fator mandato eleitoral influencia, de
forma significativa, apenas os investimentos. Os sinais dos parâmetros estimados permitem
concluir que os gestores que exercem o primeiro mandato e estão em anos eleitorais alteram a
composição dos gastos públicos em direção aos investimentos.
Palavras-chave: Ciclos políticos orçamentários; Mandatos eleitorais; Gastos públicos.

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Resumo

  • 1. 1 MANDATOS ELEITORAIS E CICLOS POLÍTICOS ORÇAMENTÁRIOS: EVIDÊNCIAS DOS ESTADOS BRASILEIROS RESUMO A literatura sobre ciclos políticos orçamentários aponta para existências de vários fatores condicionantes à existência e intensidade dos ciclos, dentre eles o mandato eleitoral. Parte-se do pressuposto que os gestores aptos a concorrer à reeleição possuem maiores incentivos para manipular variáveis fiscais em períodos eleitorais. Nesse sentido, o objetivo da pesquisa consistiu em averiguar a influência do mandato eleitoral sobre a política fiscal dos governos estaduais brasileiros. As variáveis dependentes consistem nos gastos públicos apontados pela literatura como passíveis de manipulação em períodos eleitorais. Já as variáveis independentes de interesse consistem em 2 dummies que indicam se o governador está no primeiro mandato (PM) e se o gestor está no primeiro mandato e o ano é eleitoral (PMAE). A amostra foi composta pelos 26 estados brasileiros no período de 2003 a 2014, compreendendo três ciclos eleitorais. Utilizou-se como metodologia a técnica de regressão com dados em painel com efeitos fixos. A estatística descritiva revelou que as variações dos gastos nos anos eleitorais em relação à média dos três primeiros anos de mandato dos governos cujos gestores estão no primeiro mandato diferem estatisticamente daqueles que estão no segundo mandato. Os modelos econométricos revelaram que a variável PM exerce influência negativa e significativa sobre os investimentos e a variável PMAE exerce influência positiva sobre esse mesmo grupo de gastos. A pesquisa concluiu que o fator mandato eleitoral influencia, de forma significativa, apenas os investimentos. Os sinais dos parâmetros estimados permitem concluir que os gestores que exercem o primeiro mandato e estão em anos eleitorais alteram a composição dos gastos públicos em direção aos investimentos. Palavras-chave: Ciclos políticos orçamentários; Mandatos eleitorais; Gastos públicos.