2. SISTEMA CIRCULATÓRIO SANGUÍNEO
O sistema circulatório sanguíneo é constituído por:
o fluído circulante – o sangue;
o órgão propulsor – o coração;
os vasos sanguíneos, que asseguram a distribuição do sangue
a todas as partes do corpo.
3. Sangue
Fluído, de cor vermelha, constituído por uma parte líquida – o plasma sanguíneo
– e por células ou seus fragmentos – elementos figurados do sangue.
Estes últimos incluem:
os glóbulos vermelhos,
hemácias ou eritrócitos;
os glóbulos brancos ou
leucócitos;
as plaquetas ou trombócitos.
Figura 1. Constituintes do sangue: (A) glóbulos vermelhos, (B) plaquetas, (C) glóbulos brancos e
(D) plasma.
5. Constituintes Características Funções
Transporte dos elementos
figurados do sangue, de
É constituído por água, sais
nutrientes, de produtos de
minerais, substâncias
Plasma excreção e de hormonas; tem um
orgânicas (glícidos, lípidos,
sanguíneo papel regulador na distribuição do
vitaminas e proteínas) e
calor por todo o corpo e na
hormonas.
coagulação do sangue (devido a
proteínas, como o fibrinogénio).
Células em forma de disco
bicôncavo, que não possuem
núcleo (eliminado no decurso
Transporte de gases: oxigénio e
Eritrócitos da sua formação).
algum dióxido de carbono.
Apresentam cor vermelha
devido à presença de
hemoglobina (proteína)
6. Constituintes Características Funções
Pequenos corpúsculos, anucleados,
Plaquetas provenientes da fragmentação de células Coagulação do sangue.
especializadas.
Células incolores, com forma irregular e
cujo núcleo apresenta formas
diversificadas.
Alguns apresentam a capacidade de
emitir pseudópodes (prolongamentos Defesa do organismo.
Leucócitos
citoplasmáticos) e de envolver e digerir
partículas estranhas - fagocitose. Têm
também a capacidade de mudar de
forma, o que lhes permite abandonar os
capilares sanguíneos – diapedese.
7. Vasos sanguíneos
No ser humano, o sangue
circula em vasos sanguíneos
de vários tipos, com
constituição e diâmetros
diferentes, a saber:
Artérias;
Arteríolas;
Capilares;
Vénulas;
Veias.
Figura 3. Vasos sanguíneos.
8. Artérias
Vasos que transportam o sangue
proveniente do coração.
Têm paredes espessas e elásticas para
aguentar a pressão do sangue quando é
bombeado.
Ramificam-se em vasos de menor
diâmetro – as arteríolas.
Por convenção são representadas a
vermelho por transportarem sangue rico
em oxigénio – sangue arterial.
A artéria pulmonar é uma exceção porque
transporta sangue proveniente do coração Figura 4. Artérias (vasos sanguíneos
para os pulmões pobre em oxigénio. representados a vermelho).
9. Capilares
Vasos de menor calibre. As
suas paredes, constituídas
por uma única camada de
células, são permeáveis o
que permite a troca de
várias substâncias (oxigé-
nio, dióxido de carbono,
nutrientes, entre outros)
com as células.
Estabelecem a ligação
entre as arteríolas e as
vénulas.
Figura 5. Troca de substâncias com as células.
10. Veias
Vasos responsáveis pelo transporte de
sangue para o coração.
Têm paredes menos espessas e elásticas
do que as artérias.
Resultam da união de vasos de menor
diâmetro – as vénulas.
As veias de maior diâmetro, têm válvulas
venosas para impedir que o sangue
retroceda.
Por convenção são representadas a azul
por transportarem sangue pobre em
oxigénio – sangue venoso.
Figura 6. Veias (vasos sanguíneos A veia pulmonar é uma exceção porque
representados a azul). transporta sangue arterial dos pulmões
para o coração.
11. Coração
Órgão muscular responsável por bombear o sangue a todas as partes do
corpo. Encontra-se situado na cavidade torácica, entre os pulmões,
ligeiramente deslocado para a esquerda.
Figura 7. Localização e morfologia externa do
coração.
13. O sangue circula das aurículas
para os ventrículos através de um
orifício que contém uma válvula
auriculoventricular cuja função é
impedir o refluxo de sangue para as
aurículas. A válvula do lado direito Figura 9. Válvula tricúspide (A) e bicúspide (B).
chama-se tricúspide (com três pre-
gas membranosas) e a do lado esquerdo bicúspide ou mitral (com duas
pregas membranosas ).
Os ventrículos estão separados pelo septo interventricular que impede a
mistura de sangue dos dois ventrículos.
Entre os ventrículos e as artérias localizam-se as válvulas sigmoides ou
semilunares que impedem o retorno de sangue ao coração.
14. O miocárdio é o tecido muscular cardíaco cujo fornecimento de
sangue é assegurado pelas artérias coronárias.
As contrações do miocárdio permitem que o sangue seja bombeado
para todas as partes do corpo.
Apresenta diferentes espessuras nos ventrículos e nas aurículas, a
saber:
Nas aurículas, a espessura do miocárdio é inferior à dos
ventrículos, o que lhe confere uma menor capacidade de
contração.
A espessura do miocárdio no ventrículo esquerdo é superior à do
direito, o que lhe confere maior capacidade de contração.
Estas diferenças estão relacionadas com a distância a ser percorrida
pelo sangue que é impulsionado.
15. SÍSTOLE AURICULAR
O miocárdio das
Ciclo cardíaco
Válvulas semilunares
aurículas contrai e
Encontram-se fechadas.
expulsa o resto do
sangue para os
ventrículos.
Válvulas
auriculoventriculares
DIÁSTOLE GERAL
Encontram-se abertas
Período em que todo o coração se
para que o sangue passe
encontra relaxado. O sangue enche as
totalmente para os
aurículas e, parcialmente, os ventrículos.
ventrículos., fechando-
se depois, impedindo o
seu retrocesso.
Válvulas semilunares
Encontram-se fechadas. SÍSTOLE VENTRICULAR
O miocárdio dos
ventrículos contrai. O
sangue é expulso do
coração, entrando nas
artérias.
Válvulas semilunares
Encontram-se abertas,
Válvulas
permitindo a saída do
auriculoventriculares
sangue para fora do
Encontram-se abertas
coração.
permitindo a passagem
do sangue para os
ventrículos. Válvulas auriculoventriculares
Encontram-se fechadas,
impedindo que o sangue
Figura 10. Ciclo cardíaco. retroceda para as aurículas.
16. Durante o ciclo cardíaco o coração produz dois ruídos característicos
que podem ser ouvidos por auscultação com um estetoscópio, a saber:
• O 1.º corresponde ao encerramento das válvulas
auriculoventriculares e marca o início da sístole ventricular;
• O 2.º é produzido pelo fecho das válvulas semilunares e marca o
início da diástole geral.
Figura 11. Estetoscópio.
17. Pressão sanguínea
Os ventrículos ao contraírem-se bombeiam o
sangue, com grande pressão, para os vasos
sanguíneos. À pressão ou força exercida pelo
sangue sobre os vasos sanguíneos dá-se o
nome de pressão sanguínea.
Quando essa pressão se faz sentir nas paredes
das artérias designa-se pressão arterial. Esta
mede-se através de um aparelho designado
Figura 12. Esfigmomanómetro.
por esfigmomanómetro.
Na parede das artérias, esta pressão atinge o valor máximo - pressão
arterial máxima (sistólica) – quando ocorre a sístole ventricular e o valor
mínimo - pressão arterial mínima (diastólica) - quando o coração relaxa
(diástole geral).
18. Figura 13. Variação da pressão sanguínea. Figura 14. Veia.
Nos capilares sanguíneos a pressão é baixa e o sangue circula lentamente
para permitir as trocas de substâncias. Para além disso, a baixa pressão
sanguínea nas veias podia impossibilitar o regresso do sangue ao coração.
Contudo tal situação não ocorre devido às válvulas venosas e à contração
dos músculos próximos.
19. Circulação Sistémica
A circulação sistémica ou grande circulação é responsável pela irrigação
sanguínea a todo o organismo, à exceção dos pulmões.
Outras
Ventrículo Capilares ao nível dos
Artéria aorta artérias e
esquerdo tecidos/órgãos
arteríolas
Aurícula Vénulas e
Veias cavas
direita veias
Figura 15. Circulação sistémica.
20. Circulação Pulmonar
A circulação pulmonar ou pequena
circulação é responsável pela
reoxigenação do sangue e pela irrigação
dos pulmões.
Figura 16. Circulação pulmonar.
Outras
Ventrículo Artéria Capilares ao nível dos
artérias e
direito pulmonar alvéolos pulmonares
arteríolas
Aurícula Veias Vénulas e
esquerda pulmonares veias
21. Algumas perturbações do sistema circulatório
Aterosclerose;
Hipertensão arterial;
Angina de peito;
Enfarte do miocárdio;
Acidente vascular cerebral (AVC).
A B C
D
Figura 17. A – aterosclerose; B – angina de peito; C - enfarte do miocárdio; D – AVC.
Nota: A causa mais frequente da angina de peito e do enfarte do miocárdio é a
aterosclerose tal como se encontra representado em B e C.
22. Atitudes promotoras de saúde cardiovascular
Não fumar;
Controlar o peso;
Fazer uma alimentação pobre em gorduras e em sal;
Se tem diabetes, controlar o
nível de açúcar no sangue;
Vigiar regularmente a
tensão arterial;
Praticar exercício físico mo-
derado com regularidade;
Consultar periodicamente o
médico.
Figura 18. Atitudes promotoras de saúde.
23. SISTEMA CIRCULATÓRIO LINFÁTICO
O sistema circulatório linfático é constituído por:
o fluído – a linfa;
os vasos linfáticos;
os gânglios linfáticos;
Amígdalas, baço, entre outros.
Todos os órgãos linfoides recebem células a partir
do timo e da medula óssea.
(Consultar p. 107 do manual escolar)
Figura 19. Alguns constituintes do sistema linfático.
24. O sistema circulatório linfático tem várias funções, das quais se destacam:
Intervenção na defesa do organismo, pois os microrganismos, algumas
células cancerosas e outros corpos estranhos são filtrados nos gânglios
linfáticos. Por outro lado, os glóbulos brancos presentes na linfa
conseguem eliminar substâncias estranhas por fagocitose.
Absorção, ao nível do intestino delgado, e transporte de lípidos, vitaminas
lipossolúveis e outras substâncias até ao sangue;
Equilíbrio hídrico, através da drenagem do excesso de linfa intersticial
presente nos tecidos.
25. Linfa
A linfa é um fluído, de cor
levemente esbranquiçada, consti-
tuído por plasma e glóbulos
brancos provenientes dos capilares
sanguíneos.
A linfa pode ser classificada em:
Linfa intersticial – líquido que se
encontra nos espaços intersticiais
(existentes entre as células).
Linfa circulante – líquido que
circula no interior dos vasos
linfáticos. Tem origem na linfa
intersticial que é drenada para os
capilares linfáticos. Figura 20. Linfa.
26. Os capilares linfáticos reúnem-se
e formam vasos linfáticos de
maiores dimensões que se ligam
às veias perto do coração (veias
subclávias), devolvendo assim os
constituintes da linfa à circulação
sanguínea.
Figura 21. Retorno da linfa à corrente sanguínea.
27. SISTEMA RESPIRATÓRIO
O sistema respiratório tem
como funções a troca e o
transporte de oxigénio do
meio externo para o meio
interno - corrente san-
guínea - e a eliminação de
dióxido de carbono da
corrente sanguínea para o
meio externo.
Figura 22. Relação entre os sistemas circulatório e respiratório.
28. O sistema respiratório é constituído por:
Pulmões, onde se realizam as trocas gasosas;
Vias respiratórias, que estabelecem a comunicação entre os
pulmões e o exterior. Nelas o ar inspirado é aquecido, filtrado
e humedecido.
As vias respiratórias são:
As fossas nasais;
A faringe;
A laringe;
A traqueia;
Os brônquios e
Os bronquíolos.
29. O ar pode entrar nas vias respiratórias pelo nariz ou pela boca,
embora o nariz seja o órgão fisiologicamente adaptado a esta função,
uma vez que permite o aquecimento do ar e a sua purificação.
Segue o seu trajeto pela faringe e pela laringe. Esta última abre num
tubo, a traqueia, que por sua vez se ramifica em dois brônquios
entrando, cada um deles, num pulmão.
Figura 23. Sistema respiratório.
30. Fossas nasais
Faringe
Duas cavidades que comunicam com o exterior
Canal comum aos sistemas digestivo e através dos orifícios nasais, revestidos
respiratório que, neste último, estabelece a internamente por células secretoras de muco e
comunicação entre as fossas nasais, a cavidade por células ciliadas.
bocal e a laringe.
Laringe
Brônquios
Traqueia
Pulmão
Diafragma
Músculo responsável pela compressão e
distensão dos pulmões e que permite a
inspiração e a expiração. Separa a cavidade
Figura 24. Constituição do sistema respiratório. abdominal da torácica.
31. Laringe
Canal que estabelece a comu-
nicação entre a faringe e a
traqueia. Possui à entrada a
epiglote (que impede a
passagem de alimentos para
dentro da laringe) e, no seu
interior, as cordas vocais.
Traqueia
Estrutura tubular constituída
por anéis cartilagíneos
incompletos na parte posterior Brônquios
(zona de contacto com o
Canais formados por anéis cartilagíneos e
esófago), e por músculos. O
internamente por uma mucosa com células
interior deste órgão é formado
secretoras e ciliadas. Resultam da divisão da
por uma mucosa formada por
traqueia.
células secretoras de muco e
por células com cílios que
conduzem o ar até aos Bronquíolos
pulmões. Tubos finos que apresentam dilatações na
extremidade – sacos alveolares – e
possuem um revestimento interno
semelhante ao dos brônquios.
Figura 25. Algumas vias respiratórias.
32. Pulmões – Órgãos com um aspeto esponjoso localizados na caixa
torácica, sob proteção do esterno, vértebras e coluna vertebral. Estão
envolvidos por uma dupla membrana denominada pleura. Contêm
inúmeros alvéolos pulmonares.
Os alvéolos pulmonares são
pequenas bolsas recobertas
por capilares sanguíneos.
Apresentam paredes
formadas por uma única
camada de células.
Figura 26. Alvéolos pulmonares.
33. Ventilação pulmonar
A ventilação pulmonar corresponde à renovação de ar nos
pulmões e é assegurada por movimentos respiratórios que
resultam:
Na entrada de ar nos pulmões – inspiração;
Na saída de ar dos pulmões – expiração.
À alternância dos movimentos de inspiração e expiração dá-
se o nome de ciclo respiratório.
34. Inspiração
O diafragma contrai-se e baixa, o esterno é
projetado; as costelas movem-se para fora e para
cima.
Aumenta o volume da caixa torácica.
Os pulmões dilatam e aumentam de volume.
A pressão dentro dos pulmões diminui, ficando
menor que a pressão atmosférica.
O ar atmosférico entra para os pulmões através
Figura 27. Inspiração. das vias respiratórias.
35. Expiração
O diafragma, o esterno e as costelas regressam à
sua posição inicial.
Diminui o volume da caixa torácica.
Os pulmões diminuem de volume.
A pressão dentro dos pulmões aumenta, ficando
maior que a pressão atmosférica.
O ar sai dos pulmões para o exterior através das
Figura 28. Expiração. vias respiratórias.
37. As trocas gasosas entre os alvéolos pulmonares e os capilares
sanguíneos designam-se por hematose pulmonar.
Durante a hematose, o oxigénio atravessa a parede dos
alvéolos e dos capilares sanguíneos e combina-se com a
hemoglobina das hemácias. Ao mesmo tempo o dióxido de
carbono transportado pelo sangue faz o percurso inverso,
misturando-se com o ar alveolar.
O processo que possibilita a deslocação de gases dos locais
onde a sua pressão é elevada para os locais onde a sua
pressão é baixa designa-se de difusão.
38. Algumas perturbações do sistema respiratório
Asma;
B
Pneumonia;
Cancro do pulmão.
A
Figura 30. A – asma; B – pneumonia.
39. Atitudes promotoras de saúde respiratória
Não fumar;
Cobrir a boca e o nariz, sempre que se espirre ou tussa;
Evitar lugar densamente frequentados, as multidões e os lugares
pouco ventilados;
Manter boas condições ambientais e um adequado sistema de
ventilação nos espaços interiores.
Praticar exercício físico moderado com regularidade;
Consultar periodicamente o médico.
FIM.