- O documento discute as perspectivas da avaliação das aprendizagens em contextos online, comparando abordagens tradicionais versus inovadoras.
- Há uma ênfase na importância de uma avaliação contínua e formativa que valorize o processo de construção do conhecimento ao invés de apenas medir resultados.
- Ferramentas online como blogs, fóruns e portfólios podem promover uma avaliação mais rica quando utilizadas para compartilhar ideias e receber feedback.
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perspectivas
Lurdes Martins e Teresa Rafael
"Trabalhar com avaliação é importante, no sentido de que a entendamos vinculada a uma
prática educacional necessária para que se saiba como se está, enquanto aluno, professor e
conjunto da Escola; o que já se conseguiu avançar, como se vai vencer o que não foi superado
e como essa prática será mobilizadora para os alunos, para os professores, para os pais."
Ana Maria Avela Saul A Avaliação Educacional Publicação: Série Idéias n. 22. São Paulo: FDE,
1994 http://www.crmariocovas.sp.gov.br/int_a.php?t=019
Profissionalmente, avaliar deve significar entender o processo atual, os resultados de suas falhas
e sucessos, relacionando isso às metas futuras e, planejar ações que conduzam a uma melhoria
profissional, tanto individual, quanto coletiva.
http://www.serhcm.com/noticia/34/o-que-e-avaliacao-360
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Lurdes Martins e Teresa Rafael
Resumo:
Palavras-chave: avaliação; EaD; ensino online
Com a chegada dos computadores, está mudando a maneira de condução das
pesquisas, de construção do conhecimento, a natureza das organizações e dos
serviços, implicando novos métodos de produção do conhecimento e, principalmente,
seu manejo criativo e crítico. Tudo isso nos leva a reforçar a importância das
instrumentações electrónicas e o uso de redes telemáticas na educação, de novos
ambientes de aprendizagem informatizados que possibilitem novas estratégias de
ensino/aprendizagem, como instrumentos capazes de aumentar a motivação, a
concentração e a autonomia, permitindo ao aluno a manipulação da representação
e a organização do conhecimento.
Maria Cândida Moraes O PARADIGMA EDUCACIONAL EMERGENTE: implicações
na formação do professor e nas práticas pedagógicas
www.rbep.inep.gov.br/index.php/emaberto/article/view/1053/955
Nas últimas décadas, a introdução das novas tecnologias de comunicação e informação,
assim como de aprendizagem suportada por ambientes virtuais, tem propiciado e favorecido o
aparecimento de experiências inovadoras em contextos online, particularmente no que diz
respeito à questão da avaliação.
A pouco e pouco verificou-se o progressivo abandono das tradicionais abordagens
pedagógicas que colocavam a tónica na transmissão pura e simplesmente ”reprodutora” de
conteúdos /conhecimentos em favor de uma nova situação educacional virada sobretudo para a
construção realizada pelo indivíduo, através de uma pedagogia “activa, criativa, dinâmica,
encorajadora, apoiada na descoberta, na investigação e no diálogo”
Assim, em vez de uma educação circunscrita ao espaço escolar começou a
perspectivar-se um tipo de educação mais ligado ao indivíduo enquanto parte constituinte e
“motora” de um mundo no qual se integram também de pleno direito os saberes escolares
Mas se o avanço tecnológico possibilitou uma nova realidade educacional: o ensino
mediado por computador; se a oferta de Educação a Distância apoiada por Ambientes Virtuais
de Aprendizagem (AVAs) se tem expandido rapidamente como resposta à crescente
necessidade de formação continua a que a sociedade tem sido sujeita de uma forma cada vez
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mas acelerada, tal não significa que o simples emprego da tecnologia computacional na
educação constitua a fórmula para o sucesso. Velhas questões como a avaliação continuam a
colocar-se de forma cada vez mais pertinente e a velocidade na exigência de respostas as
problemas colocados acompanha o progresso,
A “transposição” de técnicas tradicionais para o EAD terá pois constituído um dos
aspectos que de forma mais imediata revelou a inoperância de certos sistemas de ensino,
principalmente em cursos à distância.
Face a problemáticas já “tradicionais” urgiu então procurar entender e encontrar
soluções que se enquadráveis nas novas realidades socioculturais, desta feita considerando as
“mais-valias” tecnológicas que longe de se constituírem como tal, quando mal aplicadas se
podiam revelar “fonte de problemas”.
É que a avaliação em Educação a Distância apresenta algumas particularidades contendo em si
novos aspectos a avaliar nomeadamente no que respeita à logística de implementação, que
implica também a avaliação de tutores, das estratégias de ensino-aprendizagem e do próprio
“material didáctico.
A questão da avaliação é uma das perguntas iniciais que se colocam ao tutor/
professor em EaD: como, quando e o que avaliar?
Considerar-se-á pois que um aspecto essencial do ensino online encontra os seus
alicerces nas tarefas e actividades que permitem uma avaliação contínua suportada pelo uso de
tecnologias.
A avaliação é um dos aspectos que tem sido alvo de diversas focagens, tendo já sido
perspectivada como uma transposição para contexto online de práticas reproduzidas no ensino
tradicional presencial.
Assim,
- para os behavioristas, o computador reproduz o automatismo da resposta
transmitida face a um estímulo dado, evidenciando o contributo da autonomia do
aluno;
- para a visão mais marcadamente empirista, a aprendizagem tem como fim a
transmissão de conteúdos e avaliar é medir a quantidade de informação retida e
repetida pelo aluno;
- para Piaget, a perspectiva será construtivista, salientando o conhecimento como
construção activa, daí que avaliar seja acompanhar um processo, em que o aluno tem
um papel activo, revelando capacidades diversas ( de autoria, se crítica, de trabalhar
individualmente ou em grupo) numa “educação problematizadora”.
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As pedagogias mais tradicionais têm destacado o papel do professor, representado
como uma figura infalível, que estabelece um processo comunicativo e de ensino aprendizagem
unidirecccional, que “treina” o aluno, pela repetição e transferência passiva de conhecimentos,
para uma postura acrítica e autómata. Transposta esta perspectiva para o EaD, surge um
professor que treina os seus alunos tarefas a realizar em tempo real, suportada por máquinas,
com uma avaliação sustentada na resolução de testes de escolha múltipla, condutor para um
processo que Primo (2005) designou como “interacção reactiva” que “depende da
previsibilidade e da automação nas trocas”. Nesta perspectiva, valoriza-se a reprodução, nos
testes, dos recursos a que o aluno teve acesso, mas sem uma intervenção criativa ou crítica
deste último.
Contrária a esta visão, Freire (2001) concebeu uma “educação problematizadora”. Os
problemas contextualizados e integrados na vida dos alunos estão alicerçados na busca de
soluções relevantes para estes, daí que, mais do que o produto, se valorize o processo.
Nesta perspectiva, Primo (2005) concebe o conceito de “interacção mútua”,o
relacionamento dos intervenientes vai-se definindo ao longo do processo, fruto de eventos
interactivos, da dinâmica e da negociação de todos os intervenientes. Várias ferramentas
podem se utilizadas para dinamizar a interactividade, capacidade de negociação, de debater e
dialogar: fóruns, salas de chat, mensagens instantâneas, blogs, agregadores, listas de discussão,
envolvendo desta forma os aprendentes na construção do seu saber.
Também o portefólio é perspectivado como como um sistema de avaliação integrado
no processo de ensino aprendizagem online. Através de um conjunto de evidências, permite
acompanhar o processo de aprendizagem desenvolvido pelo aluno permitindo por um lado ao
aluno demonstrar que está a prender e simultaneamente ao professor seguir a evolução do
aluno. É nesta perspectiva que os blogues podem ser adaptados a um contexto educativo
online, veiculando o processo de construção do saber, contribuindo para a construção de uma
comunidade de saber e para uma maior interacção entre os alunos e o professor, promovendo
uma avaliação do processo de construção do conhecimento e consciencializando o aluno para
o percurso realizado ao longo do curso online. inc
O professor, promotor de uma avaliação contínua das aprendizagens, pode propor ao
aluno outros percursos igualmente exequíveis e motivadores: artigos que registem a pesquisa e
visão/reflexão crítica do aluno, elaboração de bibliografias anotadas, de resenhas críticas, de
comentários e intervenções problematizadoras, que são promotoras da construção do saber e
da consciencialização do aluno relativamente à sua posição e expressão dos seus argumentos
face às intervenções dos seus colegas. Para o sucesso destas actividades educativas online
também contribuem os chats, as listas de discussão e os fóruns, pois através da argumentação
escrita o aluno partilha de forma transparente a sua opinião, os seus argumentos, as suas
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reflexões e, ao torná-los públicos, junto do professor e dos seus pares, reforça o cuidado na
revisão, na correcção, no carácter lógico dos argumentos e mesmo na estética do seu texto.
Por isso, a construção do saber na rede deve ser valorizada, numa avaliação contínua
que resulta da participação e contributo de todos os intervenientes, desenvolvendo-se ao
longo do curso online uma variedade de actividades – blogues, debates, fóruns, chats –
acompanhados e avaliados pelo professor e quanto maior for a participação e a partilha
transparente das leituras, dos recursos, dos argumentos nos fóruns e discussões do grupo
tanto mais rico será o percurso educativo do(s) aluno(s).
Em jeito de balanço final relativo à questão da avaliação da aprendizagem em contextos
educativos, deve ser destacado o papel das TIC enquanto “problematizador” das mesmas sobretudo
pela reflexão que gerou em torno da avaliação e das potencialidades e constrangimentos decorrentes
da adopção de práticas do ensino presencial no EaD, valorizando práticas inovadoras e investigação à
volta destas questões.
Esta reflexão evidencia a importância conferida à planificação e estruturação do curso que
poderá promover, no aluno, uma visão holística do percurso a realizar, dando-lhe uma ideia global do
caminho a percorrer, que este irá registar virtualmente no portefólio digital (ou no seu blogue utilizado
com o mesmo objectivo).
Nestas práticas podem, no entanto, surgir alguns entraves relacionados com o constante e
imprescindível feedback do professor ao longo do processo, para que o aluno possa readaptar o seu
conhecimento de forma correcta, completando o círculo do diálogo entre os intervenientes e
promovendo uma avaliação contínua e formativa.
A construção do saber na rede deve, por isso, ser valorizada numa avaliação contínua
resultante da participação e contributo de todos os intervenientes, desenvolvendo ao longo do curso
online uma variedade de actividades – blogues, debates, fóruns, chats entre outros – acompanhadas e
avaliadas pelo professor. Quanto maior for a participação e a partilha transparente das leituras, dos
recursos, dos argumentos nos fóruns e discussões do grupo, tanto mais rico será o percurso educativo
do(s) aluno(s)- Prática colaborativa
O uso da Informática na avaliação do indivíduo ou do grupo por meio de
projetos partilhados permite a visualização e a análise do processo e não só do
resultado, ou seja, durante o desenvolvimento dos projetos, trocas ficam
registradas por meio de mensagens, de imagens, de textos. É possível, tanto
para o professor como para o próprio aluno, ver cada etapa da produção, passo
a passo, registrando assim o processo de construção
Fagundes et al (1999, p. 24)cit por Primo
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Recursos:
BARBERÀ, E. (2006) “Aportaciones de la tecnología a la e-Evaluación”. RED. Revista de Educación a Distancia,
Año V. Número monográfico VI. http://www.um.es/ead/red/M6/
BARBERÀ, E. (2005) “La Evaluacion de competencias complejas: La prática del Portafolio” Educera, octubre-
diciembre, año, vol.9, número 031 Acessível em: http://redalyc.uaemex.mx/redalyc/pdf/356/35603110.pdf
BARBERÀ, E.,(2006) et al “Portfolio electrónico: desarrollo de competencia profesionales en la red1 acessível
em: http://www.uoc.edu/rusc/3/2/dt/esp/barbera_bautista_espasa_guasch.pdf
PRIMO, Alex (2006) "Avaliação em processos de educação problematizadora online". In: Marco Silva; Edméa
Santos. (Org.). Avaliação da aprendizagem em educação online. São Paulo: Loyola, v. , p. 38-49.
http://www6.ufrgs.br/limc/PDFs/EAD5.pdf
CLAUDE SPRINGER;ÉVALUER LES APPRENTISSAGES DANS LES ENVIRONNEMENTS NUMÉRIQUES
www.scribd.com/people/documents/31491-sprincloogle
Josianne Basque, Kim Dao, Julien ContaminesL’apprentissage « situé » dans les cours en ligne : le
cas du colloque scientifique virtuel (CSV) hal.archives-ouvertes.fr/docs/00/03/17/76/PDF/14.pdf
Luís Valente e Paula Escudeiro ; ] Avaliação da Aprendizagem em Ambientes Online ; e-
repository.tecminho.uminho.pt/.../Avaliação+da+Aprendizagem+em+Ambientes+Online.pdf
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