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RUI ALEXANDRE HORTA VIEIRA
Relatório Final de Estágio na
Equipa do Clube Atlético Riachense
na Época 2014-2015
Conceptualização do modelo de jogo –
Operacionalização de um modelo de treino de
acordo com o modelo de jogo adoptado
Orientador: Professor Doutor Jorge Castelo
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Faculdade de Educação Física e Desporto
Lisboa
2015
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 2
RUI ALEXANDRE HORTA VIEIRA
Relatório Final de Estágio na Equipa
do Clube Atlético Riachense na
Época 2014-2015
Conceptualização do modelo de jogo –
Operacionalização de um modelo de treino de acordo
com o modelo de jogo adoptado
Orientador: Professor Doutor Jorge Castelo
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Faculdade de Educação Física e Desporto
Lisboa
2015
Relatório final do ramo profissionalizante especialmente
elaborado para a obtenção do grau de mestre em treino
desportivo com especialização na área do futebol
conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades
e Tecnologias
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 3
Agradecimentos
Para a elaboração deste trabalho, tornou-se imprescindível a colaboração e o apoio de
algumas pessoas, sem as quais não seria possível concretiza-lo e às quais não podia deixar de
agradecer.
À Faculdade de Educação Física e Desporto, por proporcionar neste mestrado aos seus
discentes a oportunidade de aumentar o seu conhecimento geral e específico relacionado com
o treino desportivo de futebol.
Ao Professor Doutor Jorge Proença, diretor do Curso de Mestrado em Treino Desportivo, que
mostrou sempre grande disponibilidade e sabedoria, mas também pela transmissão das mais
variadas experiencias que viveu na área do treino desportivo que são muito importantes para
quem está no início do seu percurso.
Ao Professor Doutor Jorge Castelo pela orientação deste trabalho, apoio, disponibilidade e
ensinamentos transmitidos no decorrer do Mestrado, que me permitiram alargar os meus
horizontes neste fenómeno que que é o futebol.
Ao Clube Atlético Riachense pela oportunidade que me deu para realizar o estágio no seu
plantel sénior e por ter acreditado em mim mesmo na fase mais complicada da sua história.
A todos os treinadores e colegas de licenciatura e mestrado com quem já tive o privilégio e o
prazer de trabalhar e estudar, pela troca de saberes, amizade e companheirismo demonstradas,
que têm tornado esta experiência tão enriquecedora e especial.
Aos colegas da equipa técnica que serviu o Clube Atlético Riachense nesta época desportiva,
por acreditarem no meu valor, e por diariamente contribuírem para a minha evolução pessoal
e profissional.
Um agradecimento a todos os jogadores que tive e que tenho. Foi com eles que pude
experienciar muitas coisas. Errar e acertar e, consequentemente, solidificar ideias. Agradeço
também as amizades que ficaram e que guardo comigo sempre nesta caminhada.
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 4
Ao Filipe Campos e ao Rúben Silva pelo companheirismo, amizade, partilha, sorrisos mas
também dor partilhados desde o início desta caminhada. A vossa amizade é um pilar muito
importante neste caminho.
À minha família, com referência especial os meus Pais, os meus irmãos e os meus sobrinhos,
pelo carinho, apoio e incentivo e a quem tudo devo.
Aquela pessoa que me conhece como ninguém. Sabe o que preciso e o que penso. Conhece as
angústias e convive com a paixão imensa pelo futebol. Pela sua compreensão, presença e
apoio constante ao longo de toda esta etapa. Esteve sempre do meu lado, mesmo não estando
muitas vezes. Obrigado Mónica.
A todos estes e mais alguns que contribuíram e participaram direta ou indirectamente neste
processo… os meus mais sinceros agradecimentos!
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 5
Resumo
O presente relatório foi efectuado na equipa do Clube Atlético Riachense
(seguidamente descrita pela sigla CAR), ao longo da época desportiva 2014/2015, dentro de
um contexto de futebol amador que tinha por competições o Campeonato Nacional de
Seniores – Série F e a Taça de Portugal.
O relatório tem como objectivo principal a concretização de uma rigorosa e profunda
análise ao processo de treino da equipa, discriminando os métodos de treino utilizados numa
relação de proximidade constante com o modelo de jogo adoptado pela equipa, bem como a
periodização para a época desportiva em causa e a análise do processo competitivo. Neste
sentido para além da apresentação quantitativa dos resultados obtidos, sob a forma de
percentagens relativas, existirá também uma preocupação em fundamentar o trabalho
realizado, em função dos períodos de trabalho planeados, reflectindo sobre os conteúdos
abordados na revisão da literatura efectuada assim com o seu enquadramento no contexto de
actuação específico que caracterizou este grupo de trabalho ao longo da época desportiva.
Deste modo, pretende-se perceber quais os métodos de treino predominantes, quais os
principais factores que contribuem para essa predominância relativa, que elementos inerentes
ao funcionamento normal de uma equipa de futebol são mais influentes numa possível
alteração circunstancial da metodologia de treino adoptada e de que forma se pode contrariar
possíveis problemas, utilizando e explorando as vastas virtudes conceptuais que os métodos
de treino nos oferecem.
Na análise da dimensão horizontal os Métodos Específicos de Preparação são os
métodos com mais percentagem de utilização com 50%, seguido dos Métodos de Preparação
Geral com 31% e por último os Métodos Específicos de Preparação Geral com 19%.
No que diz respeito à dimensão vertical os Métodos de Preparação Geral são os
métodos mais utilizados apresentando uma percentagem de 31%, de seguida temos os
exercícios Competitivos com 29% e por fim os exercícios de manutenção da posse de bola
com 13%.
Palavras-chave: Futebol, planeamento, métodos de treino, modelo de jogo, planificação
conceptual, estratégica e tática
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 6
Abstract
This report was made in the team Club Atlético Riachense (hereinafter described by
CAR acronym), along the sports season 2014/2015, within a context that amateur football,
which had the competitions the National Senior Championship - F and the Portuguese Cup.
The report aims to implement a rigorous and thorough analysis to the team's training
process, detailing the training methods used in a constant close relationship with the game
model adopted by the team as well as the timeline for the sports season in cause and the
analysis of the competitive process. In this sense beyond the quantitative presentation of
results as relative percentages, there will also be a concern to support the work done on the
basis of planned work periods, reflecting on the content covered in the literature review
performed well with your framework in the context of specific policy that characterized the
working group along of the season. Thus, we intend to understand what the predominant
training methods, which are the main factors contributing to this relative predominance which
elements inherent in the normal operation of a football team are more influential in a possible
change in the circumstances of the training methodology adopted and how can counteract
potential problems, using and exploring the vast conceptual virtues that training methods offer
us.
In the analysis of the horizontal dimension the preparation of Specific methods are
methods with more percentage of use with 50%, followed by General Preparation Methods
with 31% and finally the Specific Methods of Preparation General with 19%.
With respect to the vertical dimension of General methods of preparation are the
methods most commonly used having a proportion of 31%, then we have Competitive
exercises with 29% and finally the ball possession exercises of 13%.
Keywords: Football, planning, training methods, game model, conceptual planning, strategic
and tactical
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 7
Résumé
Ce rapport a été rendu dans l'équipe du Club Atlético Riachense (ci-après décrit par la
RCA acronyme), le long de la saison sportive 2014/2015, dans un contexte de football
amateur, qui avait les compétitions du Championnat national senior - F et de la série de la
Coupe De Portugal.
Le rapport vise à mettre en œuvre une analyse rigoureuse et approfondie au processus
de formation de l'équipe, détaillant les méthodes de formation utilisées dans une relation
étroite et permanente avec le modèle de jeu adoptée par l'équipe ainsi que le calendrier de la
saison sportive en cause et l'analyse du processus concurrentiel. En ce sens, au-delà de la
présentation quantitative des résultats en pourcentages relatifs, il y aura aussi une
préoccupation pour soutenir le travail effectué sur la base des périodes de travail prévues,
réfléchir sur le contenu couvert dans la revue de la littérature réalisée bien avec votre cadre
dans le contexte d'une politique spécifique qui caractérise le groupe de travail le long de la
saison. Ainsi, nous avons l'intention de comprendre ce que les méthodes de formation
prédominants, qui sont les principaux facteurs contribuant à cette prédominance relative quels
éléments inhérents à l'exploitation normale d'une équipe de football sont plus influente dans
un éventuel changement dans les circonstances de la méthodologie de formation adopté et
Comment peut contrecarrer les problèmes potentiels, en utilisant et en explorant les vastes
vertus conceptuels que les méthodes de formation nous offrent.
Dans l'analyse de la dimension horizontale de la préparation des méthodes spécifiques
sont des méthodes de plus le pourcentage d'utilisation de 50%, suivie par des méthodes
générales de préparation avec 31% et enfin les méthodes spécifiques de préparation générale
avec 19%.
En ce qui concerne la dimension verticale de méthodes générales de préparation sont
les méthodes les plus couramment utilisés ayant une proportion de 31%, alors que nous avons
des exercices compétitifs avec 29% et enfin la balle exercices de manutention de 13%.
Mots-clés: Football, la planification, les méthodes de formation, modèle de jeu, la
planification conceptuelle, stratégiques et tactiques
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
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Lista de Abreviaturas e Símbolos
GR – Guarda-redes
DL – Defesa lateral
DE – Defesa esquerdo
DD – Defesa direito
DC- Defesa central
MC – Médio centro
MD – Médio defensivo
MO – Médio Ofensivo
PL - Ponta-de-lança
AV – Avançados
LE – Lateral esquerdo
LD – Lateral direito
CAR – Clube Atlético Riachense
MPG – Métodos de preparação geral
MEPG – Métodos específicos de preparação geral
MEP – Métodos específicos de preparação
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
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Índice Geral
Agradecimentos..........................................................................................................................3
Resumo.......................................................................................................................................5
Abstract.......................................................................................................................................6
Résumé .......................................................................................................................................7
Lista de Abreviaturas e Símbolos...............................................................................................8
Índice de Tabelas......................................................................................................................12
Índice de Figuras ......................................................................................................................13
1 - Introdução............................................................................................................................15
Capitulo I – Análise do Contexto da Época Desportiva 2014-2015.........................................19
2 - Caracterização Geral do Clube............................................................................................20
2.1 - Caracterização da Equipa/Jogadores................................................................................21
2.2 - Caracterização da Equipa Técnica ...................................................................................22
2.3 - Caracterização do Contexto Competitivo ........................................................................23
2.4 - Objectivos Competitivos..................................................................................................27
2.5 - Caracterização das condições estruturais .........................................................................27
Capitulo II – Modelo de Jogo...................................................................................................28
3 – Planificação Conceptual .....................................................................................................29
3.1 – Modelo de jogo Clube Atlético Riachense: Princípios e rotinas fundamentais ..............34
3.1.1 - Sistemas de jogo........................................................................................................34
3.1.2 - Organização dinâmica ...............................................................................................34
3.1.3 - Organização fixa........................................................................................................50
3.2 - Planificação Estratégica ...................................................................................................54
3.3 - Planificação tática ............................................................................................................57
Capitulo III – Modelo de Preparação .......................................................................................60
4 – Modelo de treino.................................................................................................................61
4.1 - Condicionantes/ Constrangimentos dos exercícios específicos....................................66
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
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5 - Classificação dos métodos de treino para o futebol ............................................................83
5.1 - Métodos de preparação geral (MPG)........................................................................86
5.2. Métodos específicos de preparação geral (MEPG)........................................................87
5.2.1. Aperfeiçoamento das ações específicas do jogo (Descontextualizados) ................87
5.2.2. Manutenção da posse de bola..................................................................................88
5.2.3. Organizados em circuito..........................................................................................88
5.2.4. Lúdicos/Recreativos................................................................................................89
5.3. Métodos específicos de preparação (MEP)....................................................................89
5.3.1 Finalização (Concretização do objetivo do jogo).....................................................90
6.3.2. Potenciação das missões táticas dos jogadores no quadro de organização da equipa
(Metaespecializados).........................................................................................................91
6.3.3. Desenvolvimento de padrões ou rotinas de jogo (Padronizados) ...........................91
6.3.4. Sincronização das ações dos jogadores pertencentes a um mesmo sector, bem como
a sua interação com os demais sectores da equipa (Setoriais e intersetoriais)..................91
6.3.5. Desenvolvimento de esquemas táticos....................................................................92
6.3.6. Competitivos com diferentes escalas de aproximação à realidade .........................93
Capitulo IV – Apresentação e discussão dos resultados...........................................................96
1 - Análise Global – Análise global aos métodos de treino utilizados ao longo da época
desportiva .................................................................................................................................97
1.1. Dimensão horizontal......................................................................................................97
1.2. Dimensão vertical ........................................................................................................100
Resistência Específica.........................................................................................................106
2 - Análise Macro – Comparação dos métodos de treino utilizados entre o período pré
competitivo e período competitivo.........................................................................................118
3 - Análise Micro - Número e Tipo de Microciclos e Sessões de Treino...............................122
4 - Análise Micro – Definição de um microciclo tipo, representativo dos métodos de treino
mais utilizados para cada dia semanal....................................................................................123
4.1 - Microciclos representativos dos métodos de treino mais utilizados ..........................129
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 11
4.1.1 - Microciclo tipo com 2 momentos de competição................................................129
5 - Conclusões ........................................................................................................................130
Bibliografia.............................................................................................................................135
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Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 12
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Caracterização dos jogadores que representaram a equipa do CAR ao longo da
época desportiva 2014-2015.....................................................................................................21
Tabela 2 - Plantel da equipa do CAR na época desportiva 2014-2015....................................22
Tabela 3 - Equipas Participantes no Campeonato Nacional de Seniores – Série F..................25
Tabela 4 - Classificação da primeira fase do Campeonato Nacional de Seniores – Série F ....25
Tabela 5 - Calendarização do campeonato nacional de seniores – série F com a definição dos
graus de dificuldade de cada jogo (F - Fácil; D – Difícil; MD – Muito difícil) de modo a
definir o planeamento semanal.................................................................................................26
Tabela 6 - Calendarização da Taça de Portugal .......................................................................26
Tabela 7 - Relações numéricas, espaços de atividade, áreas de atividade e valores médios de
espaço de atividade por jogador (Adaptado de Castelo, 2010 cit. por Correia, 2013).............76
Tabela 8 - Taxonomias classificativas de exercícios de treino de futebol (adaptado de Faria,
2010).........................................................................................................................................84
Tabela 9 - Subdivisões dos métodos de treino manutenção posse de bola (Adaptado Castelo,
2009).........................................................................................................................................88
Tabela 10 - Subdivisões dos métodos de treino de finalização (concretização do objetivo do
jogo) (adaptado de Castelo, 2009)............................................................................................90
Tabela 11 - Subdivisões dos métodos de treino sectoriais (adaptado de Castelo, 2009) .........92
Tabela 12 - Subdivisões dos métodos de treino competitivos (adaptado de Castelo, 2009)....93
Tabela 13 - Organização dos métodos de treino e as suas Dimensões (adaptado de Almeida,
2014).........................................................................................................................................95
Tabela 14 - Análise global: Resultados da dimensão horizontal..............................................99
Tabela 15 - Análise global: Resultados da dimensão vertical................................................101
Tabela 16 - Comparação geral período pré competitivo com período competitivo...............118
Tabela 17 - Resumo dos diferentes exercícios analisados e os momentos mais apropriados
para a sua aplicação relativamente aos dias que compõem o microciclo de preparação da
equipa. Adaptado de Castelo (2009) ......................................................................................127
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Índice de Figuras
Figura 1 – Nº de competições oficiais realizadas na época 2014-2015 -------------------------- 24
Figura 2 – Modelo de jogo CAR: Sistema de jogo principal ------------------------------------- 34
Figura 3 – Modelo de jogo CAR: Construção das ações ofensivas ------------------------------ 36
Figura 4 – Modelo de jogo CAR: Construção das ações ofensivas (b) -------------------------- 37
Figura 5 – Modelo de jogo CAR: Construção das ações ofensivas (c) -------------------------- 38
Figura 6 – Modelo de jogo CAR: Criação de situações de finalização (a) ---------------------- 39
Figura 7 – Modelo de jogo CAR: Criação de situações de finalização (b) --------------------- 40
Figura 8 – Modelo de jogo CAR: Criação de situações de finalização (c) ---------------------- 41
Figura 9 – Modelo de jogo CAR: Finalização (a) ------------------------------------------------- 42
Figura 10 – Modelo de jogo CAR: Transição defensiva ------------------------------------------ 44
Figura 11 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (a) ----------------------------------- 45
Figura 12 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (b) ----------------------------------- 46
Figura 13 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (c) ----------------------------------- 46
Figura 14 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (d) ----------------------------------- 47
Figura 15 – Modelo de jogo CAR: Transição Ofensiva ------------------------------------------- 49
Figura 16 – Modelo de jogo CAR: Cantos ofensivos --------------------------------------------- 50
Figura 17 – Modelo de jogo CAR: Livres laterais ofensivos ------------------------------------- 51
Figura 18 – Modelo de jogo CAR: Cantos defensivos -------------------------------------------- 52
Figura 19 – Modelo de jogo CAR: Livres Laterais Defensivos ---------------------------------- 53
Figura 20 – Modelo de jogo CAR: Sistema de Jogo Alternativo -------------------------------- 54
Figura 21 - Como emerge a coordenação e controlo do acoplamento percepção-ação a partir
da interacção dos constrangimentos (tarefa-envolvimento-praticante) (adaptado de Araújo,
2005) --------------------------------------------------------------------------------------------------- 82
Figura 22 - Organograma da taxonomia classificativa de exercícios de treino para o futebol
(adaptado Castelo, 2009) ----------------------------------------------------------------------------- 99
Figura 23 – Análise global: Percentagens relativas dimensão horizontal ----------------------- 99
Figura 24 – Análise global: Percentagens relativas dimensão vertical ------------------------- 101
Figura 25 – Análise global: Percentagens relativas subdivisões dos métodos de preparação
geral -------------------------------------------------------------------------------------------------- 104
Figura 26 – Análise global: Distribuição das capacidades motoras pelos dias do microciclo
semanal ----------------------------------------------------------------------------------------------- 108
Figura 27 – Análise global: percentagens relativas subdivisões dos métodos competitivos- 110
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Figura 28 – Análise global: percentagens relativas subdivisões dos métodos competitivos- 113
Figura 29 – Métodos para manutenção da posse de bola (espaços reduzidos – objetivos
táticos) ----------------------------------------------------------------------------------------------- 114
Figura 30 – Análise global: Percentagens relativas das subdivisões dos métodos setoriais- 116
Figura 31 - Métodos de treino setoriais: Exemplo exercício sobre dois ou três setores de jogo -
----------------------------------------------------------------------------------------------------------116
Figura 32 – Análise global: Percentagens relativas das subdivisões dos métodos de finalização
--------------------------------------------------------------------------------------------------------- 117
Figura 33 - Métodos de treino de finalização: Exemplo - exercício em espaço reduzido com
número reduzido de jogadores ---------------------------------------------------------------------- 117
Figura 34 – Comparação entre período pré competitivo e competitivo ------------------------ 119
Figura 35 – Análise macro: Percentagens relativas dimensão horizontal --------------------- 120
Figura 36 – Análise Macro: Percentagens relativas subdivisões métodos específicos de
preparação -------------------------------------------------------------------------------------------- 121
Figura 37 – Número de treinos efetuados por microciclo --------------------------------------- 122
Figura 38 – Volume total de dias de treino discriminados pela distância à competição ----- 123
Figura 39 – Caraterização geral tipologia microciclo competitivo (distribuição
treino/competição/folgas) -------------------------------------------------------------------------- 124
Figura 40 – Caraterização geral tipologia microciclo pré competitivo (distribuição
treino/competição/folgas) -------------------------------------------------------------------------- 124
Figura 41 – Percentagens relativas métodos de treino num microciclo tipo (Dimensão vertical)
--------------------------------------------------------------------------------------------------------- 125
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
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1 - Introdução
Os jogos desportivos colectivos caracterizam-se, entre outros factores, pela
predominância da aciclicidade técnica, por solicitações e efeitos acumulativos, morfológicos-
funcionais e motores e por uma intensa participação psíquica (Teodorescu, 2003).
O futebol é provavelmente o desporto mais popular do mundo. Apesar da sua natureza
universal e a sua história se estender à mais de cem anos, ainda existem muitas incertezas
quanto às suas exigências multidimensionais (fisiológicas, psicológicas, biomecânicas) e,
portanto, quanto ao planeamento do treino ideal. Na verdade, este jogo é muito complexo,
porque o terreno de jogo é substancialmente grande (cerca de 100 x 60 m), a bola é controlada
com os pés e com a cabeça e podem haver interacções com os onze companheiros de equipa e
entre os onze adversários, quase todos com diferentes papéis no jogo (Aguiar, Botelho, Lago,
Maças & Sampaio, 2012).
O futebol é um jogo desportivo colectivo, no qual os jogadores estão agrupados numa
relação de adversidade – rivalidade desportiva, numa luta incessante pela conquistada posse
da bola com o objectivo de a introduzir o maior número de vezes na baliza adversária e evitá-
los na sua própria baliza, com vista à obtenção da vitória (Castelo, 2009). O mesmo autor,
refere que no decurso da sua existência, esta modalidade tem sido ensinada, treinada e
investigada, à luz de diferentes perspectivas, as quais deixam perceber concepções diversas a
propósito do conteúdo do jogo e das características que o ensino e o treino devem assumir, na
procura da eficácia. O desenrolar do jogo de Futebol encerra um conjunto diversificado de
situações momentâneas do jogo que por si só, representam uma sucessão de acontecimentos
imprevisíveis. Os jogadores perante as situações – problema que lhes sucedem no decorrer do
jogo, têm de tomar decisões certas no meio uma grande imprevisibilidade. Perante isto, é
necessário que o processo de intervenção (Treino) decorra cada vez mais da reflexão metódica
e organizada da análise competitiva do conteúdo do jogo, ajustando-se e adaptando-se a essa
realidade. Este contexto orienta irremediavelmente a forma de encarar a prática, não sendo
esta reduzida à “simples” alternância entre a carga (esforço) e descanso (regeneração). Daí a
necessidade desta assentar numa base teórica – prática formulada e fundamentada a partir da
análise do seu conteúdo, pois só assim, podemos intervir eficientemente nessa realidade
competitiva. De forma a elaborar uma actividade metodológica – sistemática e diferenciada, e
definir igualmente os fundamentos pedagógicos do seu ensino (Castelo, 2009). Além da
relação de oposição entre as equipas em confronto, existe uma relação de cooperação entre os
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 16
elementos da mesma equipa, cooperação essa que ocorre num contexto aleatório e volátil que
traduz a essência do jogo (Garganta & Pinto, 1994).
Apesar do jogo de futebol ter uma aparente simplicidade na sua finalidade, marcar
golo e evitar golo, este contém em si uma ampla e complexa variedade de variáveis quer do
domínio técnico, táctico, físico, psicológico e social que se condicionam mutuamente,
complica-se ainda mais pela variedade de estratégias pré-estabelecidas e através da aplicação
de medidas tácticas, consequentes das alterações previstas ou não, que ocorrem durante um
jogo (Castelo, 2009).
O termo “Treino” na concepção de Weineck (1999) ,é utilizado em diferentes
contextos com o significado de “exercício”, cuja finalidade é o aperfeiçoamento em
determinada área.
O Treino Desportivo é “um processo organizado e conduzido com base, em princípios
científicos que visa estimular modificações funcionais e morfológicas no organismo para
elevar a capacidade de rendimento do desportista.” (Barbanti, 1997). A preparação física,
técnico-táctica, intelectual, psíquica e moral do desportista, através de exercícios físicos, é
definida como "Treino Desportivo", que constitui a forma principal da preparação do atleta,
mas não os esgota (Matvéiev, 1990).
No treino de futebol "parece de toda a conveniência que, os planos de treino sejam
traçados de acordo com princípios científicos" (Barbanti, 2001). O treino tem uma natureza
planeada e sistemática. O que nos permite considerar importante o estudo do planeamento do
treino desportivo (Harre, 1975).
O planeamento do treino não é inovação, nem descoberta russa como proclamam
alguns entusiastas. Este existe, para preparação dos atletas, desde os Jogos Olímpicos da
Antiguidade (Bompa, 2002). O termo planeamento corresponde à arte de empregar a ciência
na estruturação de programas de treino (Bompa, 2002). É a acção de prever, através de planos,
os possíveis acontecimentos, perspectivando determinados objectivos, sendo utilizado
normalmente para descrever antecipadamente (gráfica e mentalmente) o conteúdo, a
progressão, as variações e demais condições do treino (Silva, 1998). Do ponto de vista da
metodologia do treino, parece ser fundamental planear e organizar racionalmente o processo
de preparação desportiva para um atleta/equipa alcançar resultados de elevado nível.
Nesta perspectiva, o planeamento do treino é nuclear para o treinador (Bompa, 2002),
na medida em que, contribui para um maior controlo do processo e para a rentabilização do
tempo, do espaço e das condições materiais (Garganta, 1993). Na planificação devemos
ordenar os objectivos e respectivas tarefas para os conseguir. Dentro dos objectivos de
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
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rendimento máximo existem os imediatos (a curto prazo) para cumprir e, igualmente, os de
longo prazo.
O processo de organização e planeamento do treino, contemplado em estreita relação
com a performance em competição parece ser um dos procedimentos operacionais da função
do treinador, mais determinantes na tentativa de alcançar o sucesso desportivo. De acordo
com Proença (1986), ao organizarmos o processo estamos a retirar-lhe o carácter casuístico,
substituindo-o por uma sistematização e ordenamento prévio; ao planearmos estamos a definir
objetivos, programar a intervenção provável, inventariar e mobilizar os meios necessários e
estabelecer formas de regulação ou mecanismos de controlo, dando forma e transmitindo
conteúdo à organização.
Carraveta (2001) refere que são determinantes em equipas de Futebol de alto
rendimento a planificação rigorosa e detalhada das actividades, a aplicação racional dos
procedimentos de treino, o controlo e também a análise das realizações e execuções. A ordem
e a interacção dos factores de natureza táctica, técnica, física e psicológica determinam o
sucesso competitivo das equipas. Rowbottom (2003) afirma que o Plano de Treino é a chave
do desempenho atlético óptimo. Um Plano de Treino bem elaborado, visando a evolução
metodológica, deve ser flexível e poderá sofrer ajustes ao longo da época desportiva
(Caballero & José, 1999) em função das necessidades e imponderáveis que vão surgindo,
embora mantendo a sua essência fundamental em busca dos objectivos (Garganta, 1991). A
abordagem aleatória e sem objectivo deve ser eliminada e nada deve acontecer por acidente,
mas com um propósito (Bompa, 2002). Contudo, o percurso adaptativo que o atleta/equipa
seguem, pode ser corrigido caso necessário, para que se alcance os objectivos previstos (Silva,
1998). Conhecer as dificuldades que existem para atingir altos rendimentos desportivos,
também nos torna mais preparados e permite uma abordagem de melhor qualidade, diante da
complexidade que é a elaboração de um planeamento bem concebido (Barbanti, 1997).
Segundo (Garganta, 1991) o acto de previamente descrever e minuciosamente organizar as
condições de treino, os objectivos a atingir, os meios e métodos a aplicar, significa planear ou
planificar. Deste modo, torna-se possível assegurar o mais elevado rendimento desportivo na
competição (João Garganta, 1993). O processo de planeamento possui uma pauta de
procedimentos que pode variar em função do nível da equipa/atleta, das características da
modalidade, dos objectivos previstos e do perfil de quem o realiza (Silva, 1998). O mesmo
autor considera, ainda, que alguns pontos comuns a todas as orientações podem ser
formulados: estudo prévio; definição de objectivos; calendário de competições e
programação, sendo a última possível de subdivisão em três fases: delimitação das estruturas
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intermédias (periodização); determinação dos meios de treino; determinação e distribuição
das cargas de treino.
O treinador deve evidenciar a “competência do tempo” permitindo o seu uso através
de uma gestão eficiente. Neste sentido importa portanto escolher e adotar os meios e métodos
mais eficazes e mais estimulantes que correspondam às necessidade específicas da equipa e
dos seus praticantes dentro do seu contexto de atuação, sabendo-se que são diversos e
diversificados os fatores que determinam o sucesso desportivo (Meinberg, 2002).
É objetivo deste trabalho reflectir sobre a temática relacionada com a utilização e
distribuição dos métodos e meios de treino em futebol ao longo da época desportiva. Para
isso, será feita uma análise rigorosa ao processo de planeamento de treino da equipa sénior do
Clube Atlético Riachense na época desportiva 2014-2015, recorrendo ao auxilio da taxonomia
de classificação de exercícios de treino para o futebol criada por Castelo (2009).
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Capitulo I – Análise do Contexto da
Época Desportiva 2014-2015
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
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2 - Caracterização Geral do Clube
O Clube Atlético Riachense é um clube multidesportivo fundado no dia 1 de Janeiro
de 1932, apesar de existirem registos que apontem para que em 1927 já existisse um
movimento de alguns jovens que se organizavam para a prática desportiva da modalidade de
futebol e que demonstraram desde ai vontade de criar um clube formalmente. Nos primeiros
anos de existência o clube passou por algumas dificuldades directivas, estando mesmo num
período de hibernação entre 1937 e 1942 devido à falta de interessados em assumir o
comando directivo do clube, que tinha o atletismo como principal modalidade na altura
devido à inexistência de um campo de futebol, o que obrigava o clube a andar sempre a
realizar deslocações para jogar. A 7 de Maio de 1944 foi inaugurado o Campo de Jogos
Coronel Mário Cunha do Atlético Club Riachense que só em 1945 mudou o nome para o
actual, Clube Atlético Riachense. O Campo de Jogo Coronel Mário Cunha é utilizado pela
equipa sénior em treinos e jogos, sendo que as equipas de formação treinam e competem no
Parque Desportivo de Casais Castelos cedido em 2008 por um prazo de dez anos pelo Clube
Desportivo Cultural e Recreativo de Casais Castelos.
A primeira competição da Associação de Futebol de Santarém em que o Atlético
participou foi o campeonato distrital de juniores da época de 1948/1949. O primeiro título
surge na época de 1980/1981 com a equipa de juniores a ser campeã distrital e a permitir ao
clube participar pela terceira vez no campeonato nacional de juniores.
Aproveitando o entusiasmo da boa carreira de juniores nas época anteriores, o Atlético
forma uma equipa sénior para participar na Segunda Divisão Distrital de Santarém na época
de 1958/1959. Na época de 1994/1995 o C.A. Riachense sobe pela primeira vez à Terceira
Divisão Nacional. O clube conta com tês conquistas do principal escalão do futebol distrital
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da Associação de Futebol de Santarém, três Taças do Ribatejo e duas Supertaças Dr. António
Alves Vieira, três participações na Terceira Divisão Nacional e duas participações no
Campeonato Nacional de Seniores. Na Taça de Portugal o Atlético chegou três vezes à Quarta
Eliminatória, sendo eliminados em 1988/1989 pelo Sport Lisboa e Benfica, em 1996/1997
pelo FC Tirsense e em 2014/2015 pelo FC Paços de Ferreira.
Ao longo da sua história o Clube Atlético Riachense contou também com uma equipa
de Futebol Feminino, Futsal Feminino, Futsal Masculino, Andebol, Atletismo, Ténis de mesa,
Hóquei em patins, Ginástica, Ciclismo, Patinagem artística, Pesca desportiva, Lutas
amadoras, Judo e Xadrez. Na actualidade o Atlético tem em actividade no Futebol quatro
equipas (Benjamins Sub-10, Benjamins Sub-11, Infantis e Juvenis), uma equipa sénior de
Futsal masculino e, conta com cerca de 60 atletas na modalidade de atletismo divididos por
todos os escalões de formação.
2.1 - Caracterização da Equipa/Jogadores
O número de jogadores do plantel do CAR foi variando ao longo da época, sendo que no
Campeonato Nacional de Seniores podem existir transferências até ao inicio das fases de
manutenção ou subida.
Tabela 1 - Caracterização dos jogadores que representaram a equipa do CAR ao longo da época desportiva 2014-2015
Número de jogadores utilizados em
jogos oficiais durante a época
desportiva
26
Guarda-redes - 4 Defesas - 8 Médios - 9 Avançados - 5
Média Idades – 25,27 Nacionalidades: Portuguesa
Proveniência dos
jogadores
Escalões jovens: 4
Outros Clubes: 7
Sem clube: 3
CA Riachense: 12
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Tabela 2 - Plantel da equipa do CAR na época desportiva 2014-2015
Nome Proveniência Pos.
Jogador A Riachense GR
Jogador B Riachense (Jr) GR
Jogador C Fazendense GR
Jogador D Riachense DD
Jogador E Riachense (Jr) DD
Jogador F Riachense DE
Jogador G Riachense DC
Jogador H Riachense DC
Jogador I Fontainhas DC
Jogador J Riachense DC
Jogador L Riachense MCD
Jogador M Torres Novas MCD
Jogador N Riachense MC
Jogador O Fazendense MC
Jogador P U. Leiria (Jr) MC
Jogador Q Riachense MC
Jogador R Fátima MO
Jogador S Odivelas MO
Jogador T Riachense PL
Jogador U Riachense PL
Jogador V U. Leiria (Jr) PL
Jogador X Mação PL
Jogador Z Riachense PL
Jogador AA Sem clube DC
Jogador AB Sem clube MC
Jogador AC Sem clube GR
2.2 - Caracterização da Equipa Técnica
A equipa técnica era constituída por quatro treinadores; Um treinador principal, dois
treinadores adjuntos (sendo eu um deles) e um treinador responsável pelo treino dos guarda-
redes. As funções de observação e análise do jogo eram realizadas por mim também.
No dia 28 de Novembro assumi as funções de Treinador Principal da equipa um dia
após a demissão dos restantes elementos da equipa técnica, ficando durante 7 semanas a
equipa técnica constituída por um Treinador Principal (eu) e um treinador de guarda-redes.
No dia 12 de Janeiro a equipa técnica passou a ser constituída por um Treinador Principal
(eu), dois treinadores adjuntos e um treinador de guarda redes, sendo que as funções de
observação e análise do jogo passaram a ser desempenhadas por um dos treinadores adjuntos.
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A dinâmica de funcionamento da operacionalização e reflexão sobre os treinos era
feita através da colaboração de todos os elementos do plantel, mas relativamente ao
planeamento era realizado na íntegra pelo Treinador Principal. A reflexão sobre a competição
era realizada antes do primeiro treino da semana através de uma conversa informal no
balneário pertencente aos elementos da equipa técnica.
Para além da equipa técnica referida em cima, o plantel dispunha de um departamento
logístico composto por duas pessoas cujas responsabilidades eram: organização de todo o tipo
de documentos, gerir os meios de transporte e também os locais onde se realizavam as
refeições antes dos jogos tal como eram a ligação entre a equipa técnica e a direção do clube.
O departamento de equipamentos era composto por uma pessoa que tinha como função a
manutenção dos balneários e limpeza e organização dos equipamentos. O departamento
médico era composto por dois massagistas, que iam intercalando a sua presença nos treinos e
na competição de acordo com a sua disponibilidade.
2.3 - Caracterização do Contexto Competitivo
A equipa do CAR disputou na época 2014/2015 duas competições: Campeonato
Nacional de Seniores (Série F) e a Taça de Portugal. Foram realizados 22 jogos oficiais,
distribuídos pelas duas competições anteriormente referidas.
O Campeonato Nacional de Seniores é o 3º escalão do sistema de ligas de futebol de
Portugal e entrou em vigor na época de 2013/2014 para substituir as II e III Divisões. Esta
competição é disputada por 80 equipas. Participaram na edição inaugural, os três clubes
despromovidos da Segunda Liga, 39 clubes que transitaram da II Divisão, clubes que
transitaram da III Divisão e 19 clubes promovidos dos Campeonatos Distritais.
Este campeonato é dividido em oito séries de dez equipas distribuídas por ordenação
latitudinal, à exceção das equipas da Madeira (colocadas alternadamente nas séries mais a
Norte) e dos Açores (colocadas alternadamente nas séries mais a Sul). Os clubes são
distribuídos numa 1ª fase por oito grupos de dez equipas, disputando duas voltas, em que os
dois primeiros classificados de cada série ganham lugar numa 2ª fase para decidir quem
ascende à Segunda Liga. Essa 2ª fase tem dois grupos de oito equipas. Os vencedores
ascendem diretamente, juntamente com um dos 2 classificados, a apurar numa eliminatória a
duas mãos. Os restantes oito de cada série agrupam-se em oito séries de oito equipas cada,
também a duas voltas. Os dois últimos de cada série descem aos Campeonatos Distritais. Os
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clubes classificados em sexto lugar realizam uma eliminatória a duas mãos, que decide os
restantes quatro clubes despromovidos.
Figura 1 – Nº de competições oficiais realizadas na época 2014-2015
18
4
0
5
10
15
20
CNS - Série F Taça de Portugal
Número de competições oficiais
realizados
Número de jogo oficiais
realizados
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Tabela 3 - Equipas Participantes no Campeonato Nacional de Seniores – Série F
Tabela 4 - Classificação da primeira fase do Campeonato Nacional de Seniores – Série F
Posição Equipa Pontos
1 Caldas 36
2 Mafra 36
3 U. Leiria 33
4 Sertanense 31
5 Eléctrico 29
6 Torreense 28
7 Alcanenense 23
8 Fátima 17
9 Atl. Riachense 7
10 Atl. Ouriense 5
União Desportiva de Leiria
Sertanense Futebol Clube
Sport Clube União Torreense
Clube Atlético Ouriense
Atlético Clube Alcanenense
Caldas Sport Clube
Centro Desportivo de Fátima
Clube Desportivo de Mafra
Eléctrico Futebol Clube
Equipas Participantes no Campeonato Nacional de
Seniores - Série F
Clube Altético Riachense
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Tabela 5 - Calendarização do campeonato nacional de seniores – série F com a definição dos graus de dificuldade de cada
jogo (F - Fácil; D – Difícil; MD – Muito difícil) de modo a definir o planeamento semanal.
1ª Volta 2ª Volta
Data
Adversári
o
Local
Tipo
Resultado
Alcançado
Data
Adversári
o
Local
Tipo
Resultado
Alcançado
24/ago Mafra C MD D D 16/nov Mafra F MD D D
31/ago Eléctrico F D D D 30/nov Eléctrico C D D E
14/set Alcanenense C D V D 07/dez Alcanenense F MD E D
21/set Sertanense F D D D 14/dez Sertanense C D D E
05/out Torreense C MD E D 21/dez Torreense F MD D D
12/out Fátima F D V E 28/dez Fátima C F V D
26/out Ouriense C F V E 04/jan Ouriense F F V V
02/nov Caldas F MD E D 11/jan Caldas C D E D
09/nov U. Leiria C MD D D 18/jan U. Leiria F MD D D
Pontos Esperados Pontos Esperados
11 8
Pontos alcançados Pontos Alcançados
2 5
Tabela 6 - Calendarização da Taça de Portugal
Data Adversário Local Resultado
06/set São João de Ver C 4-3
28/set Praiense C 3-2 (a.p.)
19/out SB Castelo Branco C 2-1
23/nov Paços de Ferreira F 9-0
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2.4 - Objectivos Competitivos
Para a época desportiva de 2014/2015 os objetivos do Clube Atlético Riachense foram
definidos como: assegurar a manutenção no Campeonato Nacional de Seniores e, na Taça de
Portugal a direção impôs como objetivo chegar à terceira eliminatória, mas a equipa técnica
definiu como objetivo para esta competição alcançar a 2ª eliminatória.
2.5 - Caracterização das condições estruturais
Como referido na caracterização do clube, o Clube Atlético Riachense dispões de um
campo de jogos de relvado natural onde a equipa sénior realiza toda a preparação ao longo da
época e também onde disputa os jogos. O Campo Coronel Mário Cunha tem a lotação
máxima definida em 6000 pessoas, sendo que não existem cadeiras na bancada. Durante a
presente época desportiva foi instalada uma cobertura na bancada central. O fato de o plantel
sénior treinar e jogar sempre no mesmo local levou durante a época a alguns
constrangimentos relacionados com o espaço disponível para treinar devido ao estado da
relva, que por vezes não se encontrava apta para ser utilizada nas sessões de treino. O estádio
dispõe de três balneários, um para a equipa da casa que é dividido em três partes: vestiário,
zona de duches e jacúzi e gabinete médico; o balneário da equipa visitante que é composto
por duas partes: vestiário e zona de duche; e o balneário referente à equipa de arbitragem.
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
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Capitulo II – Modelo de Jogo
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
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3 – Planificação Conceptual
A planificação conceptual é definida pelo estabelecimento de um conjunto de linhas
gerais e especificas que, procuram direcionar e orientar a trajetória da organização da equipa
no futuro próximo. Nesta dimensão, a planificação conceptual exprime-se no modelo de jogo
da equipa, o qual é consubstanciado: (i) a partir da análise organizacional da equipa no
presente, (ii) pela concepção de jogo por parte do treinador, na qual se incluem as tendências
evolutivas do próprio jogo e, (iii) pela definição das orientações do trabalho da equipa e, as
vias para atingir os efeitos pretendidos. Em ultima análise, a planificação conceptual
pressupõe o estabelecimento das concepções mais eficientes do jogo, capazes de valorizar e
potenciar os níveis de prontidão dos jogadores. Concluindo, estas concepções derivam das
tendências evolutivas do jogo ao nível Mundial, do nível de prestação desportiva dos
jogadores que fazem parte da equipa e da capacidade intelectual, da predição e criatividade do
treinador (Castelo, 2009).
A planificação conceptual, consubstancia-se essencialmente no conhecimento do
trajeto e, da forma de organização da equipa que, se pretende implementar num futuro
próximo, isto é, como se pretende que esta jogue. Este fato traduz os seguintes quatro aspetos
fundamentais: (i) potenciar uma forma específica de expressão tática, (ii) facilitar uma forma
específica de interpretação do jogo, (iii) elevar os níveis de responsabilidade dos jogadores e,
(iv) melhorar a comunicação entre o treinador e os jogadores (Castelo, 2009).
O modelo de jogo pode ser entendido como a acção elaborada e construída
intencionalmente de modo a tornar inteligível um fenómeno complexo, isto é, o uso de
modelo como meios para ajudarem a perceber a realidade e a descodifica-la (Le Moigne, 1994
cit. por Castelo, 2015a). Com efeito, a forma de compreendermos inteligentemente um
sistema complexo é tentar modelá-lo na medida em que nos encontramos na presença de um
processo: (i) interactivo, visto que os jogadores que o constituem atuam numa relação de
reciprocidade, (ii) global, porque o valor da equipa pode ser maior ou menor do que a soma
dos valores individuais dos jogadores que a constituem, (iii) complexo, já que existe uma
abundância de relações entre os elementos em jogo, (iv) antecipativo, porque cria a ideia de
uma realidade inexistente a partir de uma existente, bem como os pressupostos para a atingir e
(v) organizado, porque a sua estrutura e funcionalidade se configuram tendo em conta as
relações de cooperação e de oposição, estabelecidas no respeito por princípios e regras em
função de finalidades e objetivos (Garganta e Gréhaigne, 1999 cit. por Castelo, 2015a). O
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
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modelo é definido por uma construção teórica que reproduz todo um sistema de relações
consubstanciado pelos elementos constituintes de uma realidade. Partindo desta definição o
modelo será sempre uma criação teórica personalizada daquilo que cada um de nós
percepciona pela observação e análise do jogo, transformando-o em conhecimento. Os
conhecimentos e as experiências adquiridas ao longo do tempo, corporalizadas pela
imaginação, criatividade e intuição, originam uma referência ideológica essencial na
concepção de modos simplificados e sintetizados da realidade complexa do jogo de futebol
(Castelo, 2015a).
A importância da criação de um modelo de jogo reside no fato de, ao reunir-se os seus
elementos específicos, estabelecemos um triplo objetivo: (i) compreendê-los melhor, quando
estes são analisados isoladamente uns dos outros (visão analítica do problema), (ii)
estabelecer hipóteses sobre o comportamento de conjunto, isto é, as interdependências dos
seus elementos (visão estrutural do problema) e, (iii) tentar prever as suas modificações
(reacções) em função da variabilidade das conjecturas que promovem a emergência de novas
inter-relações, permitindo avaliar processos e respectivos resultados (visão prospectiva do
problema) (Castelo, 2015a). Para todos os efeitos, a partir de um modelo, tenta-se definir e
reproduzir todo o conjunto de relações que se estabelecem entre os elementos de uma
determinada realidade, ou seja, procura-se criar uma rede de inter-relações entre os elementos
de um conjunto, com o objetivo de compreender as diversas relações que são estabelecidas.
Contudo, o modelo de jogo é uma criação antecipativa baseada numa interpretação de
significados e valores por parte do treinador relativamente à realidade, tenha esta uma elevada
ou reduzida semelhança ou exactidão. Esta criação de um futuro estará constantemente a ser
visualizada e monitorizada, estabelecendo as coordenadas de onde estamos, onde
pretendemos chegar e o mapa que traça o caminho para lá chegar. Numa procura constante de
uma melhor qualidade de jogo da equipa, agindo de modo eficaz às condições de
variabilidade e incerteza derivadas da luta competitiva. Apesar das linhas mestras, o modelo
de jogo sendo um conjectura, está sistematicamente aberto a novas ideias, a novos acrescentos
fomentando constantes patamares de desenvolvimento e aperfeiçoamento (Castelo, 2015a).
O modelo de jogo parte de uma ideia ou concepção de jogo que se baseia em
construções simbólicas, através das quais e, simultaneamente se: (a) define um projecto de
acção individual (missões táticas especificas) e coletivas (projecto coletivo de jogo), (b)
promove ferramentas operacionais especificas que direcionam os efeitos do processo de treino
numa direção e, (c) avalia a interacção treino/competição em função da sua eficácia, através
da análise diagnóstica e prognóstica dos jogos efectuados (Castelo, 2015a). O modelo de jogo
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
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não pára na contemplação e organização das ideias de jogo, este continua na
operacionalização dessa concepção. Logo, quanto maior for o grau de correspondência entre
os modelos utilizados e a forma específica de jogar da equipa, melhores e mais eficazes são os
seus efeitos (Queiroz, 1986 cit. por Castelo, 2015a).
A construção de um modelo de jogo deve suportar-se: (i) nos conhecimentos evoluídos
e exequíveis, bem como, da experiência acumulada por parte do treinador, (ii) na análise
cultural relativamente ao passado histórico do clube, bem como dos seus recursos humanos e
económicos, (iii) no recrutamento e da avaliação do desempenho desportivo dos jogadores,
bem como das suas margens de progressão e, por último, (iv) na optimização do processo de
treino, escolhendo-se criteriosamente os meios operacionais para a sua efectivação. Logo,
uma das competências e perícias técnico/profissionais do treinador é criar modelos criativos e
adaptados à realidade que o envolve (Castelo, 2015a).
Uma equipa de futebol tem de estar dotada de uma vontade focada numa finalidade
específica. Assim, cada jogador necessita de ter uma ideia e uma percepção global de como
funciona o conjunto, sendo esta proporcionada pelo treinador. Deste modo o jogador saberá
onde se encaixa, que missão tática irá desempenhar no quadro da organização dinâmica da
equipa, bem como o seu contributo a favor do colectivo e com quem deverá interactuar de
modo preferencial. Todo o comportamento humano baseia-se no facto de ter um propósito na
realização das suas decisões/ações na direção de uma finalidade suportada numa consciência
de si mesmo (Castelo, 2015a).
O modelo de jogo proporciona a cada jogador e à equipa na sua globalidade, a
possibilidade de recorrera um código específico de leitura de cada realidade situacional que se
desenvolve perante os seus olhos. Este código perceptual identifica e engloba os múltiplos e
diversos fatores pertinentes que constituem a realidade competitiva, conjugando-os e
relacionando-os uns com os outros. Nesta perspectiva, uma forma específica de interpretação
do jogo referencia um sentido e uma partilha de intenções e significados (Castelo, 2015a).
O modelo consubstancia-se numa conjuntura de jogo, fundada em regras de decisão e
ação através das quais, pontifica o modo particular de jogar de uma equipa, isto é, uma
identidade tática própria e comum a todos os jogadores. A intervenção do treinador na
construção de um modelo de jogo para a equipa regula e potencia, no mesmo momento, uma
forma específica de jogo (Castelo, 2015a).
A dimensão estrutural do modelo de jogo é definida pelo enquadramento posicional
dos jogadores no terreno de jogo e paralelamente, pelas funções táticas gerais e especificas
distribuídas a esses mesmos jogadores. Com efeito, a estrutura de uma equipa exprime-se por
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
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um dispositivo tático que determina o arranjo posicional dos jogadores racionalizando o
espaço de jogo. Ajudando-os a compreenderem e a operacionalizarem as suas funções táticas,
bem como as suas responsabilidades no plano individual e coletivo. Partindo de um conceito
de interdependência comportamental agindo como membros solidários dentro de uma equipa.
Esta solidariedade e interdependência comportamental significa que todos os jogadores se
ajustam de forma a constituírem um todo (equipa), com um sentido e identidade própria
(estabelecido pelo modelo de jogo). Quando se verifica a alteração de um dos seus elementos,
observa-se inevitavelmente um reajustamento dinâmico de todos os outros (Castelo, 2015a).
A dimensão funcional do modelo de jogo é representada pela coordenação
(sincronização) comportamental dos jogadores e pelo ritmo de execução das suas ações
tático/técnicas. Racionalizando-as e sequenciando-as através do estudo e do treino
enquadrados num dispositivo estrutural de base, denominado sistema de jogo. Todo o trabalho
coletivo desenvolvido pela equipa deve obedecer a uma lógica, a qual estabelece o modo e o
grau de colaboração (cooperação) e coordenação entre as diferentes missões táticas atribuídas
a cada jogador. Com efeito, a articulação das tarefas individuais dentro de um grupo sectorial
restrito e a articulação dos diferentes setores da equipa visam possibilitar, em função do
modelo de jogo, dos objetivos estratégicos de jogo e dos contextos situacionais momentâneos,
desde que os jogadores possam assumir comportamentos de segurança, de equilíbrio entre
risco e a segurança ou de risco (Castelo, 2015a).
A dimensão relacional do modelo de jogo é definida pela criação de uma linguagem
comum no seio da equipa, a qual é suportada pela implementação de um conjunto de linhas
orientadoras do pensamento tático dos jogadores (também denominadas de regras de decisão)
as quais, visam a resolução operativa, isto é, tático/técnica dos diferentes contextos
situacionais que o jogo exige. O princípio do jogo marca o sentido tático fundamental da ação
dos jogadores perante a situação de jogo, atendendo à estrutura e funcionalidade da equipa.
Em função do conceito formulado, evidenciam-se duas questões recorrentes e fulcrais: (i) a
primeira refere-se à importância do estabelecimento de uma linguagem comum seio da
organização dinâmica da equipa, de modo que todos os seus elementos utilizem o mesmo
“dialecto” podendo, no entanto, exprimirem-se num estilo diferente e (ii) a segunda
(decorrente da primeira) exprime a essencialidade de se construírem regras racionais de
decisão (heurísticas), que suportam o pensamento tático dos jogadores na resolução das
diferentes situações de jogo. Estas regras são consideradas como referências, nas quais se
apoiam as ligações comuns de todos os espíritos, da compreensão e da eficácia das ações
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
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tático/técnicas, sendo potencializadas pela criatividade e improvisação que determinam em
ultima análise, a elevação do nível de jogo da equipa (Castelo, 2015a).
O modelo de jogo deve ser sempre perspectivado como uma viagem e nunca uma
paragem. Assim, se por qualquer razão uma determinada equipa pensa ter atingido o seu
modelo de jogo, então poderemos dizer que esta está irremediavelmente ultrapassada. No
futebol, como em muitas situações da vida quotidiana, querer ser do seu tempo é, estar
desactualizado perante os factos da realidade presente (Castelo,2015a)
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
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3.1 – Modelo de jogo Clube Atlético Riachense: Princípios e
rotinas fundamentais
3.1.1 - Sistemas de jogo
Sistema de jogo principal: 1-4-4-2
Sistema de jogo alternativo: 1-5-3-2
Figura 2 – Modelo de jogo CAR: Sistema de jogo principal
3.1.2 - Organização dinâmica
Organização ofensiva
Princípios gerais:
- Procurar situações de ataque rápido ou contra ataque. Explorar a desorganização da linha
defensiva após a recuperação da posse de bola. Explorar as costas da linha defensiva através
de passes longos.
- Em ataque organizado dar preferência ao futebol em largura.
- Movimento de apoio e de ruptura dos avançados. Um dos avançados deve realizar um
movimento de aproximação ao portador da bola e o outro um movimento de ruptura para os
corredores laterais.
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
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- Losango como referência para os posicionamentos ofensivos dos médios na sua relação com
os avançados. Os jogadores devem sair das suas linhas normais de funcionamento, mas
mantendo os mesmos vértices do losango em que o “6” corresponde ao vértice mais recuado,
o “7” e o “8” aos vértices da segunda linha e o “10” ao vértice mais avançado. Caso o “7”
realize um movimento exterior para o corredor lateral, o “8” deve realizar um movimento
interior na direcção do “7”, e o “6” e o “10” devem ajustar os posicionamentos mantendo a
estrutura do losango. O “6” não deve ultrapassar a linha do “7” e do “8” mantendo sempre um
posicionamento recuado na estrutura do losango.
Construção das acções ofensivas
- 1ª Fase construção: 2 defesas centrais abertos pelas linhas laterais da grande área, defesas
laterais profundos (muito perto da linha média da equipa), um médio (“6”) entre os defesas
centrais para construção, os outros 3 médios a ocuparem o espaço central (“10” recua
formando uma linha de três com o “7” e o “8”), na procura de linhas de passe. Os 2
avançados, procuram dar o máximo de profundidade possível junto da linha defensiva do
adversário e, posteriormente realizam movimentos alternados de apoio e de ruptura (corredor
lateral) procurando aproveitar o espaço nas costas dos defesas laterais contrários.
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Figura 3 – Modelo de jogo CAR: Construção das ações ofensivas
- Circulação segura da bola procurando jogo exterior numa 1ª fase, procurando
movimentações sem bola que libertem espaço nos corredores laterais da defesa adversária;
- Quando a bola entra no corredor lateral (Defesa lateral) este deve receber orientado para a
baliza adversária, e realizam movimentos os dois avançados da equipa e o “10” procurando o
espaço nas costas da defesa para a realização de um passe longo do defesa lateral adversário;
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Figura 4 – Modelo de jogo CAR: Construção das ações ofensivas (b)
-Trocas de posição entre o PL do lado da bola e “10”: movimento de apoio do avançado na
procura de recepção da bola em zona difícil de controlar e movimento de ruptura do “10” no
espaço deixado livre ou apoio para combinação com movimento em profundidade do defesa
lateral;
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Figura 5 – Modelo de jogo CAR: Construção das ações ofensivas (c)
- Em caso de existir espaço de progressão para o Defesa Lateral, este deve procurar avançar
no terreno pelo corredor lateral.
Criação de situações de finalização
Princípios gerais:
- Procurar vantagens numéricas, espaciais e temporais que permitam à equipa penetrar em
condições vantajosas na zona defensiva do adversário;
- Aumento da velocidade e mobilidade ofensiva no momento de criação do desequilíbrio e
maior liberdade para situações de 1x1;
- A maior mobilidade ofensiva deve procurar destabilizar a organização contrária. O atleta
poderá criar espaços que podem ser utilizados por ele próprio (habilidade individual) ou criar
espaços para os seus colegas de equipa utilizarem aproveitando os aclaramentos gerados;
- Relações predominantes: (1) PL – PL realiza uma desmarcação de apoio para receber e jogar
entre linhas e aclarar espaço exterior para entrada de DL, com o médio centro do lado onde se
encontra a bola como apoio frontal ao PL e é este que decide se existem condições para passar
no corredor lateral para o movimento do defesa lateral que recebe em largura para explorar
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situações de 1x1; (2) Em caso de não existir uma desmarcação de apoio do PL, o DL deve
temporizar através de uma condução de bola ou protecção da mesma, esperando a
sobreposição do MC para o corredor lateral que recebe em largura para explorar situações de
1x1; (3) Movimento do PL no corredor lateral para receber passe longo em largura do DL
com desmarcação de apoio do MC do lado onde se encontra a bola.
Figura 6 – Modelo de jogo CAR: Criação de situações de finalização (a)
- Esta fase do processo ofensivo desenrola-se preferencialmente pelos corredores laterais.
Sempre que o DL tem espaço para progredir deve faze-lo sendo que o PL do lado onde se
encontra a bola deve realizar uma desmarcação de apoio para poder receber a bola quando a
equipa adversária pressionar o DL. Após o PL receber a bola um dos MC deve realizar uma
desmarcação de apoio e após receber a bola deve fazer um passe longo para as costas da
defesa no corredor lateral para a subida do DL.
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Figura 7 – Modelo de jogo CAR: Criação de situações de finalização (b)
- Caso o PL não realize uma desmarcação de apoio, o DL deve temporizar a jogada
conduzindo a bola ou protegendo a mesma do adversário e é o MC do lado da bola que é
responsável por realizar uma sobreposição ao DL para o corredor lateral e receber a bola no
espaço.
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Figura 8 – Modelo de jogo CAR: Criação de situações de finalização (c)
- A terceira opção é realizada através de uma desmarcação do PL para o corredor lateral, para
as costas do DL adversário e o DL através de um passe longo tenta colocar a bola no espaço
para o PL;
- A equipa evolui no terreno de forma compacta e apoiada; os DCs e MD têm um papel
importante nas acções de variação do centro de jogo através preferencialmente de passes
curtos e médios (frontais quando possível).
Finalização
Princípios gerais:
-Procurar vantagens numéricas, espaciais e temporais que permitam à equipa penetrar em
condições vantajosas na zona defensiva do adversário;
- Aumento da velocidade e mobilidade ofensiva no momento de criação do desequilíbrio e
maior liberdade para situações de 1x1;
- Explorar a qualidade, criatividade e velocidade dos jogadores, potenciando a sua capacidade,
quer em acções individuais (1x1 interior para remate ou 1x1
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exterior para cruzamento) quer em combinações a 2 ou 3 jogadores (triângulo
DL-MC/MO-PL);
- Procurar cruzamentos para a grande área, alternando entre bolas aéreas procurando os PL ou
então através de cruzamento rasteiro efectuado perto da linha de fundo para a entrada da
grande área;
- Ocupação racional dos espaços de finalização de modo a cobrir os três espaços de baliza (1º
poste, 2º poste e zona central da baliza). Esta ocupação deve ser realizada em linhas
diferentes, de modo a que o cruzamento tenha sempre um destino possível. Os PL devem
realizar um movimento em cruz, sendo que o PL do lado da bola deve fazer um movimento
para o segundo poste e o PL do lado contrário à bola deve realizar um movimento para o
primeiro poste. O MO ou um MC no caso de o MO estar no corredor lateral deve ocupar a
zona da grande penalidade. Não existe muita liberdade para os jogadores permutarem de
posições.
Figura 9 – Modelo de jogo CAR: Finalização (a)
A segunda vaga do ataque que suporta a primeira linha, é constituída pelos dois
médios que devem aproximar-se da grande área, permitindo soluções para variar o centro de
jogo, soluções para um cruzamento rasteiro e procurar ganhar a 2ª bola. Os DC e o MD não
participam nesta acção sendo que o DL do lado contrário à bola deve progredir de modo a ser
opção em caso de variação do centro de jogo. O DL do lado da bola relaciona-se com o PL e
MC/MO na procura de desequilíbrios na estrutura adversária;
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- O GR, DCs e MD devem procurar encurtar os espaços entre os sectores, compactando a
equipa na sua fase ofensiva.
Transição defensiva
Princípios gerais:
- A equipa deve ter a capacidade de interpretar, compreender e de tomar a decisão em
função de cada situação no menor espaço temporal possível;
- É necessária uma rápida mudança de comportamentos e de mentalidade;
- Os DCs e o MD devem estar em todos os momentos do jogo bem posicionados. Os
dois DCs e o MD ocupam uma posição no meio campo ou mais à frente em caso de não haver
jogadores adversários;
- Deve existir uma reacção rápida sobre o portador da bola e as linhas de passe
próximas, principalmente as que possam possibilitar uma progressão no terreno de jogo. Esta
reacção deve ser feita pelos jogadores mais próximos da bola de modo a poder recuperar a
mesma rapidamente, provocar um erro no adversário ou obrigar o adversário a jogar para uma
linha mais recuada evitando a progressão;
- Os DLs devem procurar recuar rapidamente para as suas posições tal como o MC
mais longe do centro de jogo deve realizar um movimento diagonal interior fechando o
corredor central reduzindo a profundidade do seu posicionamento;
- Caso a equipa adversária consiga sair da pressão ou a nossa equipa cometa um erro,
em igualdade ou inferioridade numérica e não havendo possibilidade de recuperação da posse
de bola ou pressão ao portador, a equipa deve tentar temporizar para que se proceda uma
reorganização da organização defensiva (recorrer a uma falta com interrupção de jogo caso
necessário).
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Figura 10 – Modelo de jogo CAR: Transição defensiva
Organização defensiva
Uma ideia de base do nosso modelo, respeitante ao processo defensivo, prende-se no
facto de a equipa dar a iniciativa do jogo ao adversário, recuando as suas linhas e jogando
com um bloco baixo, de modo a obrigar o adversário a subir no terreno e criar espaço nas
costas da sua linha defensiva
Princípios gerais:
- Estrategicamente e de uma forma geral, defendemos sempre no sentido de conduzir
os jogadores da equipa adversária a subir no terreno e conceder-nos espaço para tirar
vantagem nas transições defesa-ataque.
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Figura 11 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (a)
- Toda a equipa deve recuar as suas linhas sendo que a primeira linha de pressão é
realizada pelos dois PLs na zona do meio campo, usando a linha do meio campo como
referência par ao início da pressão (em todo o meio campo defensivo é realizada uma pressão
agressiva ao portador da bola). O PL mais próximo da bola realiza uma pressão no sentido de
recuperar a bola e o outro PL faz uma cobertura defensiva ao mesmo. Quando um PL se
desloca ao corredor lateral para pressionar o portador da bola, o outro deve fechar o corredor
central e, caso a defesa contrária varie o centro de jogo, estes devem trocar de funções, saindo
na pressão o PL que estava a fechar o corredor central e o PL que estava a pressionar passa a
fechar o corredor central.
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Figura 12 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (b)
- O quarteto do meio campo deve procurar fechar o corredor central em coberturas
constantes. O MO deve realizar uma cobertura defensiva interior ao PL que realiza a pressão
sobre o portador da bola, o MC do lado da bola deve procurar fechar o corredor lateral e o
MC do lado contrário à bola deve realizar uma cobertura ao MO, quanto ao MD este deve
procurar manter um posicionamento mais fixo no corredor central à frente da linha defensiva.
Figura 13 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (c)
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- A defesa deve assumir uma única linha que bascula conforme o centro de jogo,
aproximando de um corredor lateral e abrindo o corredor lateral oposto, seja qual for o
corredor lateral onde se encontra a bola e, em caso de a o centro de jogo se encontrar no
corredor central a linha defensiva fecha o corredor central com os quatro defesas bem
próximos, reduzindo o espaço intra-sectorial.
- É o DC do lado da bola o responsável por realizar a cobertura defensiva ao DL do
seu lado, sendo que o MD deve ocupar o espaço deixado pelo DC quando este realizar o
movimento de cobertura do DL no corredor lateral;
Figura 14 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (d)
- Criação e manutenção de triângulos defensivos como uma referência que deve
orientar os ajustes posicionais defensivos, assegurando constantemente as coberturas
defensivas;
- O método defensivo escolhido é a zona. Cada jogador deve constantemente realizar
boas coberturas defensivas e equilíbrios, marcar o espaço e não o adversário e assumir uma
constante responsabilidade de manter um bom posicionamento individual. As referências
zonais utilizadas são a bola, o colega, o espaço de jogo e o adversário.
- Em processo defensivo e com o bloco baixo, a equipa procura recuperar a bola no
meio campo defensivo sem definição de uma micro zona, considerando todo o meio campo
defensivo como a zona onde a equipa deve ter uma atitude mais pressionante sobre o portador
da bola.
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- Só deverá ser realizada uma subida do bloco defensivo no terreno de jogo quando
acontecer um dos estímulos identificados pelo grupo (passe aéreo para um defesa ou um
adversário a receber a bola de costas para o jogo). A equipa deve retirar quase toda a
profundidade do jogo quando a bola se encontra sem pressão para evitar a utilização da equipa
adversária dos espaços nas costas da linha defensiva.
- Por norma apenas o número “6” defende dentro da grande área quando ocupa a
posição do DC que saiu em cobertura num dos corredores laterais. Os outros três médios
defendem fora da grande área, sendo responsáveis pela segunda bola e por também procurar
as transições ofensivas. Os médios só devem entrar na grande área quando é necessário um
acompanhamento de um adversário da sua zona que realiza uma desmarcação de ruptura,
sendo que neste momento a marcação passa a ser individual e o jogador deve acompanhar o
movimento do adversário até ao fim. Nestes momentos os outros dois médios efectuam os
ajustes necessários para manter o equilíbrio. A resposta colectiva e individual a outros
movimentos dos adversários que não de ruptura deverá ser de manutenção posicional,
acompanhando os adversários na sua zona de acção até ele entrar na zona de acção de outro
colega;
- Quando o guarda-redes adversário tem a posse de bola, a equipa deve aproveitar esse
momento para recuar no terreno e organizar-se no seu meio campo defensivo. Caso o GR se
preparar para construir de forma longa, a equipa deve retirar profundidade e compactar as
suas linhas em largura e profundidade de modo a poder de forma agressiva e competitiva
poder disputar a primeira e a segunda bola;
- Se a posse de bola estiver nos DCs a equipa deverá manter o bloco baixo, fechando o
corredor central, orientando o jogo para os corredores laterais. Quando a bola se encontra num
DL a equipa deve procurar evitar a sua progressão, obrigando a equipa a variar o centro de
jogo ou a realizar um passe longo. Quando a bola sai da pressão (bola aberta) e o DL se
prepara para realizar um passe longo a equipa deve retirar profundidade e compactar as suas
linhas em largura e profundidade de modo a poder de forma agressiva e competitiva poder
disputar a primeira e a segunda bola. Os médios são responsáveis por evitar o jogo entre
linhas da equipa adversária.
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Transição ofensiva
Princípios gerais:
- Explorar sempre a oportunidade de atacar uma possível desorganização defensiva
momentânea da equipa adversária através de situações de ataque rápido ou contra-ataque;
Para isso será necessária uma rápida mudança de atitude e mentalidade da fase defensiva para
a ofensiva;
- O aspecto mais importante deste momento do jogo, é a diminuição do tempo de
transição. Ao recuperar a bola o atleta deve tomar a decisão entre realizar um ataque rápido ou
ataque posicional, sendo que a prioridade será sempre procurar uma situação de ataque rápido
ou contra ataque. Após a recuperação da bola o jogador deve decidir rápido em ir para a
frente.
- As referências para realizar a transição rápida são os dois PLs.
- No momento em que a equipa recupera a bola o avançado do corredor onde a bola
foi recuperada deve procurar uma desmarcação de ruptura para o corredor lateral para que a
bola seja passada através de um passe longo para as costas da defesa contrária. Se a bola for
recebida de costas através de um passe rasteiro, o PL deve procurar temporizar esperando uma
desmarcação de ruptura de um colega no corredor lateral.
Figura 15 – Modelo de jogo CAR: Transição Ofensiva
Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo
Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 50
- Não foram definidos mais movimentos ofensivos para reagir à recuperação da bola,
sendo que a preocupação dos jogadores deve ser a de colocar a bola no corredor lateral na
zona nas costas da defesa contrária, sem diferenciar a recuperação de bola por pressão ou por
intercepção.
- Em caso de defesa, o GR deve procurar rapidamente realizar um passe longo procurando o
espaço nas costas da defesa contrária.
3.1.3 - Organização fixa
A equipa não tem movimento pré-definidos nos esquemas tácticos ofensivos e assume
um comportamento de marcação homem a homem nos esquemas tácticos defensivos.
Esquemas tácticos: Cantos ofensivos
Sem posicionamentos básicos pré-estabelecidos nos cantos ofensivos: 4 jogadores na
área, 2 a bater, 2 fora da área e 2 atrás. Os dois jogadores decidem se realizam um canto curto
ou canto directo para a grande área. Em caso de canto curto os jogadores devem procurar uma
sobreposição antes de efectuar o cruzamento.
Figura 16 – Modelo de jogo CAR: Cantos ofensivos
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Esquemas tácticos: Livres laterais ofensivos
Sem posicionamentos básicos pré-estabelecidos nos livres laterais ofensivos: 4/5
jogadores na área, 1 a bater com apoio do DL para combinação, 1 fora da área e 2/3 atrás. A
equipa deve procurar efectuar sempre cruzamento utilizando o DL apenas para retirar um
defesa da grande área.
Figura 17 – Modelo de jogo CAR: Livres laterais ofensivos
Esquemas tácticos: Cantos defensivos
Sem posicionamentos básicos pré-estabelecidos nos cantos defensivos pois a marcação
é realizada homem a homem, apenas um homem defende à zona (primeiro poste): 7 homens
na grande área e 2 à entrada da grande área. Um jogador fica na linha do meio campo de
modo a servir como referência para uma transição ofensiva. Em caso de canto curto do
adversário, um dos homens que está à entrada da grande área é o responsável por realizar a
pressão ao portador da bola.
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Figura 18 – Modelo de jogo CAR: Cantos defensivos
Esquemas tácticos: Livres laterais defensivos
Sem posicionamentos básicos pré-estabelecidos nos livres laterais defensivos pois a marcação
é realizada homem a homem. Os jogadores devem procurar montar uma linha defensiva
utilizando a linha da grande área como referência e em caso de a barreira estar recuada em
relação à linha da grande área, a linha defensiva deve recuar até à linha da barreira. A barreira
é formada por 2 jogadores e todos os restantes elementos realizam marcação individual aos
jogadores adversários. A equipa não deixa nenhuma referência ofensiva para a transição
ofensiva.
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Figura 19 – Modelo de jogo CAR: Livres Laterais Defensivos
Sistema de Jogo Alternativo
Em contextos esporádicos, dependendo da análise do binómio situacional – (resultado
momentâneo do jogo/ tempo disponível para jogar), ou dependendo do tipo de adversário
(primeiros classificados) a equipa numa tentativa de proporcionar uma maior segurança
defensiva, optou por uma vertente táctico-estratégica que assumia uma postura
comportamental de maior segurança. A mudança para um sistema de jogo de GR + 3 defesas
+ 5 médios + 2 avançados, tinha como principal objectivo dotar a equipa de uma maior
capacidade defensiva retirando profundidade.
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Figura 20 – Modelo de jogo CAR: Sistema de Jogo Alternativo
3.2 - Planificação Estratégica
A planificação estratégica é consubstanciada pela elaboração de planos plausíveis de
intervenção que, se traduzem em modificações pontuais e temporárias da expressão tática de
base da equipa, isto é, da sua funcionalidade geral. Estas alterações são realizadas em função
dos conhecimentos e do estudo das condições objetivas, sobre as quais, se realizará a futura
confrontação desportiva. Toda a planificação estratégica pressupõe um conjunto de operações
lógicas integradas que, permitem dar à organização dinâmica do jogo, as melhores condições,
para atingir os objetivos competitivos (Castelo, 2009).
A natureza da planificação estratégica radica-se nos seguintes fatos na: (i)
conceptualização de cenários de jogo e, (ii) criação de condições favoráveis à resolução das
situações de jogo (Castelo, 2009).
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Conceptualizar cenários de jogo
A natureza da planificação estratégica, passa pela análise de hipóteses alternativas
acerca de cenários que, poderão suceder durante a competição. Desta forma, é possível
preparar a equipa para intervir adequadamente a cada um desses cenários. Todavia importa
reforçar que, temos de aceitar a incerteza e a aleatoriedade, tentar compreende-las e integra-
las no raciocínio que formula uma estratégia. Assim, todo o treinador deve preparar todo o
treinador deve preparar a sua equipa para a competição estabelecendo cenários possíveis de
acontecerem. Um exemplo bem ilustrativo do que foi referido, deriva da composição do
banco de suplentes, para a qual se estabelece uma composição básica constituída por um
guarda-redes, um defesa, um médio e um avançado, com o intuito de cobrir todas as
necessidades fundamentais da equipa. Os restantes elementos são escolhidos em função das
opções táticas determinadas pelo plano de jogo, que pode ter um caráter eminentemente
ofensivo ou defensivo, isto é, no caso do resultado momentâneo do jogo for negativo quando
se esperava positivo, ser positivo e ter-se de suportar o ímpeto da equipa adversária, ser
positivo mas tem-se de marcar mais golos e outros (Castelo, 2009).
Criar condições favoráveis à resolução das situações de jogo
Quando os jogadores são alertados para as condições objectivas da futura competição
e, especialmente, para as particularidades deste ou daquele adversário, a sua perceção e
análise da situação encontra-se favoravelmente influenciada, facilitando e acelerando a uma
intervenção adequada. No entanto há que ter presente, a possibilidade de variação sistemática
de resolução tático/técnica das situações de jogo realizada pela equipa adversária. Estas
variações reduzem consideravelmente a coerência dos acontecimentos devido, logicamente,
ao aumento do número de elementos possíveis de serem manipulados pelos seus jogadores.
Logo, quanto maior for a variabilidade de resolução tático/técnica por parte da equipa
adversária, mais difíceis e complexas serão os mecanismos de deteção e identificação
reveladores dos índices pertinentes da situação (Castelo, 2009).
O treinador deve ter atenção a três aspetos na conceptualização de uma planificação
estratégica: (i) conhecimento da equipa adversária, (ii) terreno de jogo e , (iii) circunstâncias
em que a competição irá desenrolar.
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Ter um conhecimento correto das potencialidades (pontos fortes), tentando minimizá-
los e das vulnerabilidades (pontos fracos) para tirar partido destes. No fundo, o que se
pretende com a observação/análise da equipa adversária, é identificar e simplificar a sua
organização de jogo. Desmontando o seu modelo de jogo, eliminando os aspetos de ordem
casuística e, analisando os fatores que derivam claramente de uma ordem organizacional que,
estabelece as bases fundamentais do jogo dessa equipa. Neste domínio, o conhecimento
relativo à equipa adversária incidirá essencialmente entre outros aspetos: (i) à colocação de
base dos jogadores no terreno de jogo, (ii) às normas gerais de organização tanto do ataque
como da defesa, (iii) às diferentes ações tático/técnicas individuais e coletivas, e a sua
utilização durante o jogo, (iv) à “filosofia” de jogo da equipa, (v) aos coordenadores de jogo,
(vi) às soluções das situações de bola parada, (vii) às atitudes e comportamentos sócio-
psicológicos dos jogadores e da equipa no seu conjunto em situações de adversidade e, (viii)
ao tipo de relação com o árbitro e os árbitros assistentes (Castelo, 2009).
No que se refere há análise do terreno de jogo, importa atender aos seguintes aspetos:
(i) jogar em casa ou fora, (ii) às dimensões do campo, em termos de largura e profundidade,
(iii) às suas condições: relvado, pelado, seco, molhado, encharcado, etc., (iv) às condições
climatéricas especificas (posição do sol e vento por exemplo), (v) à luz artificial caso, o jogo
se dispute à noite e (vi) ao tipo de bolas normalmente utilizadas pelo adversário (Castelo,
2009).
Importa analisar as circunstâncias da competição, compilando os seguintes aspetos: (i)
à classificação das duas equipas em confronto, (ii) à necessidade de ganhar o jogo, (iii) às
entrevistas (diretores, treinadores, jogadores, etc.), (iv) às condições climatéricas (chuva,
vento, calor), (v) ao árbitro – critérios subjacentes ao seu trabalho, (vi) ao público - apoiantes
ou não e, (vii) ao nível de rivalidade entre as equipas (Castelo, 2009).
A planificação estratégica pode ser dividida pelas seguintes oito etapas: (1) a recolha
de dados), (2) a comparação das equipas, (3) elaboração do plano estratégico/tático, (4) a
reunião de reconhecimento da equipa adversária, (5) a elaboração do programa de preparação
para o ciclo de treino, (6) a experimentação do plano estratégico/tático, (7) a preparação da
equipa nas horas que antecedem o jogo e, (8) a reunião de análise do jogo (Castelo, 2009).
Em relação à planificação estratégica da nossa equipa, é possível apontar algumas
divergências com o modelo proposto em cima. A recolha de dados foi realizada por um
treinador adjunto, no caso era eu. Foi feita uma observação/análise de cada adversário e
através dessa mesma observação foi realizado um relatório sobre a equipa adversária e
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entregue ao treinador principal no dia da primeira sessão de treino (terça-feira), sempre antes
da mesma se realizar. Apesar de existir um relatório da equipa adversária, por opção da
equipa técnica este era usado apenas na construção da palestra que antecedia a competição. O
programa de preparação para o ciclo de treino era definido pelo treinador principal e não
sofria alterações de acordo com os aspetos salientados no relatório.
Em relação à preparação da equipa nas horas que antecedem o jogo, a concentração da
equipa era marcada para os jogos em casa uma hora e quarenta e cinco minutos antes da
competição e para os jogos fora, procurava-se marcar uma hora que permitisse estar no local
do jogo uma hora e quarenta e cinco minutos antes da competição também. A reunião de
preparação para o jogo era realizada no balneário, começando com uma palestra dirigida pelo
treinador principal. Nesta intervenção o treinador procurava salientar a importância do jogo,
definir a estratégia para este jogo, expor as informações sobre o adversário e por fim motivar
a equipa para o jogo. O aquecimento era realizado pelos treinadores adjuntos sendo que os
guarda-redes aqueciam sem a presença de um treinador adjunto por opção da equipa técnica.
As últimas palavras antes do jogo eram dadas no balneário, onde o grupo se unia num circulo
com as mãos dadas e o treinador principal procurava transmitir palavras de incentivo,
passando depois a palavra ao capitão de equipa que dirigia ao grupo uma última mensagem.
Não era realizado nenhum programa de regresso à calma no final do jogo.
3.3 - Planificação tática
As equipas em confronto direto, formam duas entidades coletivas que, congeminam,
planificam e coordenam as suas ações para agir uma contra a outra, cujos comportamentos são
influenciados pelas relações antagónicas de ataque/defesa. Para isso, cooperam entre si em
condições de oposição, visando a desorganização da cooperação da equipa adversária. O jogo
desenvolve-se através de situações, cuja natureza é de carácter problemática e contextual, em
que o desempenho dos jogadores, está estritamente relacionado com a capacidade destes: (i)
responderem de forma eficaz às constantes modificações resultantes da regularidade e da
aleatoriedade situacional que, se desenvolvem à sua volta e, em se, (ii) organizarem, com
vista a atingirem os objetivos, que de outra forma seriam impossíveis. Uma eficiente
organização, tem um potencial de realização infinitamente maior, do que teria um jogador
agindo, de forma isolada. Para a sua eficaz concretização, utilizam-se duas dimensões: uma de
carácter estratégico e, outra de carácter tático, as quais, são dirigidas para o mesmo fim: a
vitória Castelo (2009).
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Relatório do modelo de jogo do Clube Atlético Riachense

  • 1. RUI ALEXANDRE HORTA VIEIRA Relatório Final de Estágio na Equipa do Clube Atlético Riachense na Época 2014-2015 Conceptualização do modelo de jogo – Operacionalização de um modelo de treino de acordo com o modelo de jogo adoptado Orientador: Professor Doutor Jorge Castelo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Educação Física e Desporto Lisboa 2015
  • 2. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 2 RUI ALEXANDRE HORTA VIEIRA Relatório Final de Estágio na Equipa do Clube Atlético Riachense na Época 2014-2015 Conceptualização do modelo de jogo – Operacionalização de um modelo de treino de acordo com o modelo de jogo adoptado Orientador: Professor Doutor Jorge Castelo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias Faculdade de Educação Física e Desporto Lisboa 2015 Relatório final do ramo profissionalizante especialmente elaborado para a obtenção do grau de mestre em treino desportivo com especialização na área do futebol conferido pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
  • 3. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 3 Agradecimentos Para a elaboração deste trabalho, tornou-se imprescindível a colaboração e o apoio de algumas pessoas, sem as quais não seria possível concretiza-lo e às quais não podia deixar de agradecer. À Faculdade de Educação Física e Desporto, por proporcionar neste mestrado aos seus discentes a oportunidade de aumentar o seu conhecimento geral e específico relacionado com o treino desportivo de futebol. Ao Professor Doutor Jorge Proença, diretor do Curso de Mestrado em Treino Desportivo, que mostrou sempre grande disponibilidade e sabedoria, mas também pela transmissão das mais variadas experiencias que viveu na área do treino desportivo que são muito importantes para quem está no início do seu percurso. Ao Professor Doutor Jorge Castelo pela orientação deste trabalho, apoio, disponibilidade e ensinamentos transmitidos no decorrer do Mestrado, que me permitiram alargar os meus horizontes neste fenómeno que que é o futebol. Ao Clube Atlético Riachense pela oportunidade que me deu para realizar o estágio no seu plantel sénior e por ter acreditado em mim mesmo na fase mais complicada da sua história. A todos os treinadores e colegas de licenciatura e mestrado com quem já tive o privilégio e o prazer de trabalhar e estudar, pela troca de saberes, amizade e companheirismo demonstradas, que têm tornado esta experiência tão enriquecedora e especial. Aos colegas da equipa técnica que serviu o Clube Atlético Riachense nesta época desportiva, por acreditarem no meu valor, e por diariamente contribuírem para a minha evolução pessoal e profissional. Um agradecimento a todos os jogadores que tive e que tenho. Foi com eles que pude experienciar muitas coisas. Errar e acertar e, consequentemente, solidificar ideias. Agradeço também as amizades que ficaram e que guardo comigo sempre nesta caminhada.
  • 4. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 4 Ao Filipe Campos e ao Rúben Silva pelo companheirismo, amizade, partilha, sorrisos mas também dor partilhados desde o início desta caminhada. A vossa amizade é um pilar muito importante neste caminho. À minha família, com referência especial os meus Pais, os meus irmãos e os meus sobrinhos, pelo carinho, apoio e incentivo e a quem tudo devo. Aquela pessoa que me conhece como ninguém. Sabe o que preciso e o que penso. Conhece as angústias e convive com a paixão imensa pelo futebol. Pela sua compreensão, presença e apoio constante ao longo de toda esta etapa. Esteve sempre do meu lado, mesmo não estando muitas vezes. Obrigado Mónica. A todos estes e mais alguns que contribuíram e participaram direta ou indirectamente neste processo… os meus mais sinceros agradecimentos!
  • 5. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 5 Resumo O presente relatório foi efectuado na equipa do Clube Atlético Riachense (seguidamente descrita pela sigla CAR), ao longo da época desportiva 2014/2015, dentro de um contexto de futebol amador que tinha por competições o Campeonato Nacional de Seniores – Série F e a Taça de Portugal. O relatório tem como objectivo principal a concretização de uma rigorosa e profunda análise ao processo de treino da equipa, discriminando os métodos de treino utilizados numa relação de proximidade constante com o modelo de jogo adoptado pela equipa, bem como a periodização para a época desportiva em causa e a análise do processo competitivo. Neste sentido para além da apresentação quantitativa dos resultados obtidos, sob a forma de percentagens relativas, existirá também uma preocupação em fundamentar o trabalho realizado, em função dos períodos de trabalho planeados, reflectindo sobre os conteúdos abordados na revisão da literatura efectuada assim com o seu enquadramento no contexto de actuação específico que caracterizou este grupo de trabalho ao longo da época desportiva. Deste modo, pretende-se perceber quais os métodos de treino predominantes, quais os principais factores que contribuem para essa predominância relativa, que elementos inerentes ao funcionamento normal de uma equipa de futebol são mais influentes numa possível alteração circunstancial da metodologia de treino adoptada e de que forma se pode contrariar possíveis problemas, utilizando e explorando as vastas virtudes conceptuais que os métodos de treino nos oferecem. Na análise da dimensão horizontal os Métodos Específicos de Preparação são os métodos com mais percentagem de utilização com 50%, seguido dos Métodos de Preparação Geral com 31% e por último os Métodos Específicos de Preparação Geral com 19%. No que diz respeito à dimensão vertical os Métodos de Preparação Geral são os métodos mais utilizados apresentando uma percentagem de 31%, de seguida temos os exercícios Competitivos com 29% e por fim os exercícios de manutenção da posse de bola com 13%. Palavras-chave: Futebol, planeamento, métodos de treino, modelo de jogo, planificação conceptual, estratégica e tática
  • 6. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 6 Abstract This report was made in the team Club Atlético Riachense (hereinafter described by CAR acronym), along the sports season 2014/2015, within a context that amateur football, which had the competitions the National Senior Championship - F and the Portuguese Cup. The report aims to implement a rigorous and thorough analysis to the team's training process, detailing the training methods used in a constant close relationship with the game model adopted by the team as well as the timeline for the sports season in cause and the analysis of the competitive process. In this sense beyond the quantitative presentation of results as relative percentages, there will also be a concern to support the work done on the basis of planned work periods, reflecting on the content covered in the literature review performed well with your framework in the context of specific policy that characterized the working group along of the season. Thus, we intend to understand what the predominant training methods, which are the main factors contributing to this relative predominance which elements inherent in the normal operation of a football team are more influential in a possible change in the circumstances of the training methodology adopted and how can counteract potential problems, using and exploring the vast conceptual virtues that training methods offer us. In the analysis of the horizontal dimension the preparation of Specific methods are methods with more percentage of use with 50%, followed by General Preparation Methods with 31% and finally the Specific Methods of Preparation General with 19%. With respect to the vertical dimension of General methods of preparation are the methods most commonly used having a proportion of 31%, then we have Competitive exercises with 29% and finally the ball possession exercises of 13%. Keywords: Football, planning, training methods, game model, conceptual planning, strategic and tactical
  • 7. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 7 Résumé Ce rapport a été rendu dans l'équipe du Club Atlético Riachense (ci-après décrit par la RCA acronyme), le long de la saison sportive 2014/2015, dans un contexte de football amateur, qui avait les compétitions du Championnat national senior - F et de la série de la Coupe De Portugal. Le rapport vise à mettre en œuvre une analyse rigoureuse et approfondie au processus de formation de l'équipe, détaillant les méthodes de formation utilisées dans une relation étroite et permanente avec le modèle de jeu adoptée par l'équipe ainsi que le calendrier de la saison sportive en cause et l'analyse du processus concurrentiel. En ce sens, au-delà de la présentation quantitative des résultats en pourcentages relatifs, il y aura aussi une préoccupation pour soutenir le travail effectué sur la base des périodes de travail prévues, réfléchir sur le contenu couvert dans la revue de la littérature réalisée bien avec votre cadre dans le contexte d'une politique spécifique qui caractérise le groupe de travail le long de la saison. Ainsi, nous avons l'intention de comprendre ce que les méthodes de formation prédominants, qui sont les principaux facteurs contribuant à cette prédominance relative quels éléments inhérents à l'exploitation normale d'une équipe de football sont plus influente dans un éventuel changement dans les circonstances de la méthodologie de formation adopté et Comment peut contrecarrer les problèmes potentiels, en utilisant et en explorant les vastes vertus conceptuels que les méthodes de formation nous offrent. Dans l'analyse de la dimension horizontale de la préparation des méthodes spécifiques sont des méthodes de plus le pourcentage d'utilisation de 50%, suivie par des méthodes générales de préparation avec 31% et enfin les méthodes spécifiques de préparation générale avec 19%. En ce qui concerne la dimension verticale de méthodes générales de préparation sont les méthodes les plus couramment utilisés ayant une proportion de 31%, alors que nous avons des exercices compétitifs avec 29% et enfin la balle exercices de manutention de 13%. Mots-clés: Football, la planification, les méthodes de formation, modèle de jeu, la planification conceptuelle, stratégiques et tactiques
  • 8. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 8 Lista de Abreviaturas e Símbolos GR – Guarda-redes DL – Defesa lateral DE – Defesa esquerdo DD – Defesa direito DC- Defesa central MC – Médio centro MD – Médio defensivo MO – Médio Ofensivo PL - Ponta-de-lança AV – Avançados LE – Lateral esquerdo LD – Lateral direito CAR – Clube Atlético Riachense MPG – Métodos de preparação geral MEPG – Métodos específicos de preparação geral MEP – Métodos específicos de preparação
  • 9. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 9 Índice Geral Agradecimentos..........................................................................................................................3 Resumo.......................................................................................................................................5 Abstract.......................................................................................................................................6 Résumé .......................................................................................................................................7 Lista de Abreviaturas e Símbolos...............................................................................................8 Índice de Tabelas......................................................................................................................12 Índice de Figuras ......................................................................................................................13 1 - Introdução............................................................................................................................15 Capitulo I – Análise do Contexto da Época Desportiva 2014-2015.........................................19 2 - Caracterização Geral do Clube............................................................................................20 2.1 - Caracterização da Equipa/Jogadores................................................................................21 2.2 - Caracterização da Equipa Técnica ...................................................................................22 2.3 - Caracterização do Contexto Competitivo ........................................................................23 2.4 - Objectivos Competitivos..................................................................................................27 2.5 - Caracterização das condições estruturais .........................................................................27 Capitulo II – Modelo de Jogo...................................................................................................28 3 – Planificação Conceptual .....................................................................................................29 3.1 – Modelo de jogo Clube Atlético Riachense: Princípios e rotinas fundamentais ..............34 3.1.1 - Sistemas de jogo........................................................................................................34 3.1.2 - Organização dinâmica ...............................................................................................34 3.1.3 - Organização fixa........................................................................................................50 3.2 - Planificação Estratégica ...................................................................................................54 3.3 - Planificação tática ............................................................................................................57 Capitulo III – Modelo de Preparação .......................................................................................60 4 – Modelo de treino.................................................................................................................61 4.1 - Condicionantes/ Constrangimentos dos exercícios específicos....................................66
  • 10. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 10 5 - Classificação dos métodos de treino para o futebol ............................................................83 5.1 - Métodos de preparação geral (MPG)........................................................................86 5.2. Métodos específicos de preparação geral (MEPG)........................................................87 5.2.1. Aperfeiçoamento das ações específicas do jogo (Descontextualizados) ................87 5.2.2. Manutenção da posse de bola..................................................................................88 5.2.3. Organizados em circuito..........................................................................................88 5.2.4. Lúdicos/Recreativos................................................................................................89 5.3. Métodos específicos de preparação (MEP)....................................................................89 5.3.1 Finalização (Concretização do objetivo do jogo).....................................................90 6.3.2. Potenciação das missões táticas dos jogadores no quadro de organização da equipa (Metaespecializados).........................................................................................................91 6.3.3. Desenvolvimento de padrões ou rotinas de jogo (Padronizados) ...........................91 6.3.4. Sincronização das ações dos jogadores pertencentes a um mesmo sector, bem como a sua interação com os demais sectores da equipa (Setoriais e intersetoriais)..................91 6.3.5. Desenvolvimento de esquemas táticos....................................................................92 6.3.6. Competitivos com diferentes escalas de aproximação à realidade .........................93 Capitulo IV – Apresentação e discussão dos resultados...........................................................96 1 - Análise Global – Análise global aos métodos de treino utilizados ao longo da época desportiva .................................................................................................................................97 1.1. Dimensão horizontal......................................................................................................97 1.2. Dimensão vertical ........................................................................................................100 Resistência Específica.........................................................................................................106 2 - Análise Macro – Comparação dos métodos de treino utilizados entre o período pré competitivo e período competitivo.........................................................................................118 3 - Análise Micro - Número e Tipo de Microciclos e Sessões de Treino...............................122 4 - Análise Micro – Definição de um microciclo tipo, representativo dos métodos de treino mais utilizados para cada dia semanal....................................................................................123 4.1 - Microciclos representativos dos métodos de treino mais utilizados ..........................129
  • 11. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 11 4.1.1 - Microciclo tipo com 2 momentos de competição................................................129 5 - Conclusões ........................................................................................................................130 Bibliografia.............................................................................................................................135
  • 12. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 12 Índice de Tabelas Tabela 1 - Caracterização dos jogadores que representaram a equipa do CAR ao longo da época desportiva 2014-2015.....................................................................................................21 Tabela 2 - Plantel da equipa do CAR na época desportiva 2014-2015....................................22 Tabela 3 - Equipas Participantes no Campeonato Nacional de Seniores – Série F..................25 Tabela 4 - Classificação da primeira fase do Campeonato Nacional de Seniores – Série F ....25 Tabela 5 - Calendarização do campeonato nacional de seniores – série F com a definição dos graus de dificuldade de cada jogo (F - Fácil; D – Difícil; MD – Muito difícil) de modo a definir o planeamento semanal.................................................................................................26 Tabela 6 - Calendarização da Taça de Portugal .......................................................................26 Tabela 7 - Relações numéricas, espaços de atividade, áreas de atividade e valores médios de espaço de atividade por jogador (Adaptado de Castelo, 2010 cit. por Correia, 2013).............76 Tabela 8 - Taxonomias classificativas de exercícios de treino de futebol (adaptado de Faria, 2010).........................................................................................................................................84 Tabela 9 - Subdivisões dos métodos de treino manutenção posse de bola (Adaptado Castelo, 2009).........................................................................................................................................88 Tabela 10 - Subdivisões dos métodos de treino de finalização (concretização do objetivo do jogo) (adaptado de Castelo, 2009)............................................................................................90 Tabela 11 - Subdivisões dos métodos de treino sectoriais (adaptado de Castelo, 2009) .........92 Tabela 12 - Subdivisões dos métodos de treino competitivos (adaptado de Castelo, 2009)....93 Tabela 13 - Organização dos métodos de treino e as suas Dimensões (adaptado de Almeida, 2014).........................................................................................................................................95 Tabela 14 - Análise global: Resultados da dimensão horizontal..............................................99 Tabela 15 - Análise global: Resultados da dimensão vertical................................................101 Tabela 16 - Comparação geral período pré competitivo com período competitivo...............118 Tabela 17 - Resumo dos diferentes exercícios analisados e os momentos mais apropriados para a sua aplicação relativamente aos dias que compõem o microciclo de preparação da equipa. Adaptado de Castelo (2009) ......................................................................................127
  • 13. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 13 Índice de Figuras Figura 1 – Nº de competições oficiais realizadas na época 2014-2015 -------------------------- 24 Figura 2 – Modelo de jogo CAR: Sistema de jogo principal ------------------------------------- 34 Figura 3 – Modelo de jogo CAR: Construção das ações ofensivas ------------------------------ 36 Figura 4 – Modelo de jogo CAR: Construção das ações ofensivas (b) -------------------------- 37 Figura 5 – Modelo de jogo CAR: Construção das ações ofensivas (c) -------------------------- 38 Figura 6 – Modelo de jogo CAR: Criação de situações de finalização (a) ---------------------- 39 Figura 7 – Modelo de jogo CAR: Criação de situações de finalização (b) --------------------- 40 Figura 8 – Modelo de jogo CAR: Criação de situações de finalização (c) ---------------------- 41 Figura 9 – Modelo de jogo CAR: Finalização (a) ------------------------------------------------- 42 Figura 10 – Modelo de jogo CAR: Transição defensiva ------------------------------------------ 44 Figura 11 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (a) ----------------------------------- 45 Figura 12 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (b) ----------------------------------- 46 Figura 13 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (c) ----------------------------------- 46 Figura 14 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (d) ----------------------------------- 47 Figura 15 – Modelo de jogo CAR: Transição Ofensiva ------------------------------------------- 49 Figura 16 – Modelo de jogo CAR: Cantos ofensivos --------------------------------------------- 50 Figura 17 – Modelo de jogo CAR: Livres laterais ofensivos ------------------------------------- 51 Figura 18 – Modelo de jogo CAR: Cantos defensivos -------------------------------------------- 52 Figura 19 – Modelo de jogo CAR: Livres Laterais Defensivos ---------------------------------- 53 Figura 20 – Modelo de jogo CAR: Sistema de Jogo Alternativo -------------------------------- 54 Figura 21 - Como emerge a coordenação e controlo do acoplamento percepção-ação a partir da interacção dos constrangimentos (tarefa-envolvimento-praticante) (adaptado de Araújo, 2005) --------------------------------------------------------------------------------------------------- 82 Figura 22 - Organograma da taxonomia classificativa de exercícios de treino para o futebol (adaptado Castelo, 2009) ----------------------------------------------------------------------------- 99 Figura 23 – Análise global: Percentagens relativas dimensão horizontal ----------------------- 99 Figura 24 – Análise global: Percentagens relativas dimensão vertical ------------------------- 101 Figura 25 – Análise global: Percentagens relativas subdivisões dos métodos de preparação geral -------------------------------------------------------------------------------------------------- 104 Figura 26 – Análise global: Distribuição das capacidades motoras pelos dias do microciclo semanal ----------------------------------------------------------------------------------------------- 108 Figura 27 – Análise global: percentagens relativas subdivisões dos métodos competitivos- 110
  • 14. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 14 Figura 28 – Análise global: percentagens relativas subdivisões dos métodos competitivos- 113 Figura 29 – Métodos para manutenção da posse de bola (espaços reduzidos – objetivos táticos) ----------------------------------------------------------------------------------------------- 114 Figura 30 – Análise global: Percentagens relativas das subdivisões dos métodos setoriais- 116 Figura 31 - Métodos de treino setoriais: Exemplo exercício sobre dois ou três setores de jogo - ----------------------------------------------------------------------------------------------------------116 Figura 32 – Análise global: Percentagens relativas das subdivisões dos métodos de finalização --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 117 Figura 33 - Métodos de treino de finalização: Exemplo - exercício em espaço reduzido com número reduzido de jogadores ---------------------------------------------------------------------- 117 Figura 34 – Comparação entre período pré competitivo e competitivo ------------------------ 119 Figura 35 – Análise macro: Percentagens relativas dimensão horizontal --------------------- 120 Figura 36 – Análise Macro: Percentagens relativas subdivisões métodos específicos de preparação -------------------------------------------------------------------------------------------- 121 Figura 37 – Número de treinos efetuados por microciclo --------------------------------------- 122 Figura 38 – Volume total de dias de treino discriminados pela distância à competição ----- 123 Figura 39 – Caraterização geral tipologia microciclo competitivo (distribuição treino/competição/folgas) -------------------------------------------------------------------------- 124 Figura 40 – Caraterização geral tipologia microciclo pré competitivo (distribuição treino/competição/folgas) -------------------------------------------------------------------------- 124 Figura 41 – Percentagens relativas métodos de treino num microciclo tipo (Dimensão vertical) --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 125
  • 15. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 15 1 - Introdução Os jogos desportivos colectivos caracterizam-se, entre outros factores, pela predominância da aciclicidade técnica, por solicitações e efeitos acumulativos, morfológicos- funcionais e motores e por uma intensa participação psíquica (Teodorescu, 2003). O futebol é provavelmente o desporto mais popular do mundo. Apesar da sua natureza universal e a sua história se estender à mais de cem anos, ainda existem muitas incertezas quanto às suas exigências multidimensionais (fisiológicas, psicológicas, biomecânicas) e, portanto, quanto ao planeamento do treino ideal. Na verdade, este jogo é muito complexo, porque o terreno de jogo é substancialmente grande (cerca de 100 x 60 m), a bola é controlada com os pés e com a cabeça e podem haver interacções com os onze companheiros de equipa e entre os onze adversários, quase todos com diferentes papéis no jogo (Aguiar, Botelho, Lago, Maças & Sampaio, 2012). O futebol é um jogo desportivo colectivo, no qual os jogadores estão agrupados numa relação de adversidade – rivalidade desportiva, numa luta incessante pela conquistada posse da bola com o objectivo de a introduzir o maior número de vezes na baliza adversária e evitá- los na sua própria baliza, com vista à obtenção da vitória (Castelo, 2009). O mesmo autor, refere que no decurso da sua existência, esta modalidade tem sido ensinada, treinada e investigada, à luz de diferentes perspectivas, as quais deixam perceber concepções diversas a propósito do conteúdo do jogo e das características que o ensino e o treino devem assumir, na procura da eficácia. O desenrolar do jogo de Futebol encerra um conjunto diversificado de situações momentâneas do jogo que por si só, representam uma sucessão de acontecimentos imprevisíveis. Os jogadores perante as situações – problema que lhes sucedem no decorrer do jogo, têm de tomar decisões certas no meio uma grande imprevisibilidade. Perante isto, é necessário que o processo de intervenção (Treino) decorra cada vez mais da reflexão metódica e organizada da análise competitiva do conteúdo do jogo, ajustando-se e adaptando-se a essa realidade. Este contexto orienta irremediavelmente a forma de encarar a prática, não sendo esta reduzida à “simples” alternância entre a carga (esforço) e descanso (regeneração). Daí a necessidade desta assentar numa base teórica – prática formulada e fundamentada a partir da análise do seu conteúdo, pois só assim, podemos intervir eficientemente nessa realidade competitiva. De forma a elaborar uma actividade metodológica – sistemática e diferenciada, e definir igualmente os fundamentos pedagógicos do seu ensino (Castelo, 2009). Além da relação de oposição entre as equipas em confronto, existe uma relação de cooperação entre os
  • 16. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 16 elementos da mesma equipa, cooperação essa que ocorre num contexto aleatório e volátil que traduz a essência do jogo (Garganta & Pinto, 1994). Apesar do jogo de futebol ter uma aparente simplicidade na sua finalidade, marcar golo e evitar golo, este contém em si uma ampla e complexa variedade de variáveis quer do domínio técnico, táctico, físico, psicológico e social que se condicionam mutuamente, complica-se ainda mais pela variedade de estratégias pré-estabelecidas e através da aplicação de medidas tácticas, consequentes das alterações previstas ou não, que ocorrem durante um jogo (Castelo, 2009). O termo “Treino” na concepção de Weineck (1999) ,é utilizado em diferentes contextos com o significado de “exercício”, cuja finalidade é o aperfeiçoamento em determinada área. O Treino Desportivo é “um processo organizado e conduzido com base, em princípios científicos que visa estimular modificações funcionais e morfológicas no organismo para elevar a capacidade de rendimento do desportista.” (Barbanti, 1997). A preparação física, técnico-táctica, intelectual, psíquica e moral do desportista, através de exercícios físicos, é definida como "Treino Desportivo", que constitui a forma principal da preparação do atleta, mas não os esgota (Matvéiev, 1990). No treino de futebol "parece de toda a conveniência que, os planos de treino sejam traçados de acordo com princípios científicos" (Barbanti, 2001). O treino tem uma natureza planeada e sistemática. O que nos permite considerar importante o estudo do planeamento do treino desportivo (Harre, 1975). O planeamento do treino não é inovação, nem descoberta russa como proclamam alguns entusiastas. Este existe, para preparação dos atletas, desde os Jogos Olímpicos da Antiguidade (Bompa, 2002). O termo planeamento corresponde à arte de empregar a ciência na estruturação de programas de treino (Bompa, 2002). É a acção de prever, através de planos, os possíveis acontecimentos, perspectivando determinados objectivos, sendo utilizado normalmente para descrever antecipadamente (gráfica e mentalmente) o conteúdo, a progressão, as variações e demais condições do treino (Silva, 1998). Do ponto de vista da metodologia do treino, parece ser fundamental planear e organizar racionalmente o processo de preparação desportiva para um atleta/equipa alcançar resultados de elevado nível. Nesta perspectiva, o planeamento do treino é nuclear para o treinador (Bompa, 2002), na medida em que, contribui para um maior controlo do processo e para a rentabilização do tempo, do espaço e das condições materiais (Garganta, 1993). Na planificação devemos ordenar os objectivos e respectivas tarefas para os conseguir. Dentro dos objectivos de
  • 17. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 17 rendimento máximo existem os imediatos (a curto prazo) para cumprir e, igualmente, os de longo prazo. O processo de organização e planeamento do treino, contemplado em estreita relação com a performance em competição parece ser um dos procedimentos operacionais da função do treinador, mais determinantes na tentativa de alcançar o sucesso desportivo. De acordo com Proença (1986), ao organizarmos o processo estamos a retirar-lhe o carácter casuístico, substituindo-o por uma sistematização e ordenamento prévio; ao planearmos estamos a definir objetivos, programar a intervenção provável, inventariar e mobilizar os meios necessários e estabelecer formas de regulação ou mecanismos de controlo, dando forma e transmitindo conteúdo à organização. Carraveta (2001) refere que são determinantes em equipas de Futebol de alto rendimento a planificação rigorosa e detalhada das actividades, a aplicação racional dos procedimentos de treino, o controlo e também a análise das realizações e execuções. A ordem e a interacção dos factores de natureza táctica, técnica, física e psicológica determinam o sucesso competitivo das equipas. Rowbottom (2003) afirma que o Plano de Treino é a chave do desempenho atlético óptimo. Um Plano de Treino bem elaborado, visando a evolução metodológica, deve ser flexível e poderá sofrer ajustes ao longo da época desportiva (Caballero & José, 1999) em função das necessidades e imponderáveis que vão surgindo, embora mantendo a sua essência fundamental em busca dos objectivos (Garganta, 1991). A abordagem aleatória e sem objectivo deve ser eliminada e nada deve acontecer por acidente, mas com um propósito (Bompa, 2002). Contudo, o percurso adaptativo que o atleta/equipa seguem, pode ser corrigido caso necessário, para que se alcance os objectivos previstos (Silva, 1998). Conhecer as dificuldades que existem para atingir altos rendimentos desportivos, também nos torna mais preparados e permite uma abordagem de melhor qualidade, diante da complexidade que é a elaboração de um planeamento bem concebido (Barbanti, 1997). Segundo (Garganta, 1991) o acto de previamente descrever e minuciosamente organizar as condições de treino, os objectivos a atingir, os meios e métodos a aplicar, significa planear ou planificar. Deste modo, torna-se possível assegurar o mais elevado rendimento desportivo na competição (João Garganta, 1993). O processo de planeamento possui uma pauta de procedimentos que pode variar em função do nível da equipa/atleta, das características da modalidade, dos objectivos previstos e do perfil de quem o realiza (Silva, 1998). O mesmo autor considera, ainda, que alguns pontos comuns a todas as orientações podem ser formulados: estudo prévio; definição de objectivos; calendário de competições e programação, sendo a última possível de subdivisão em três fases: delimitação das estruturas
  • 18. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 18 intermédias (periodização); determinação dos meios de treino; determinação e distribuição das cargas de treino. O treinador deve evidenciar a “competência do tempo” permitindo o seu uso através de uma gestão eficiente. Neste sentido importa portanto escolher e adotar os meios e métodos mais eficazes e mais estimulantes que correspondam às necessidade específicas da equipa e dos seus praticantes dentro do seu contexto de atuação, sabendo-se que são diversos e diversificados os fatores que determinam o sucesso desportivo (Meinberg, 2002). É objetivo deste trabalho reflectir sobre a temática relacionada com a utilização e distribuição dos métodos e meios de treino em futebol ao longo da época desportiva. Para isso, será feita uma análise rigorosa ao processo de planeamento de treino da equipa sénior do Clube Atlético Riachense na época desportiva 2014-2015, recorrendo ao auxilio da taxonomia de classificação de exercícios de treino para o futebol criada por Castelo (2009).
  • 19. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 19 Capitulo I – Análise do Contexto da Época Desportiva 2014-2015
  • 20. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 20 2 - Caracterização Geral do Clube O Clube Atlético Riachense é um clube multidesportivo fundado no dia 1 de Janeiro de 1932, apesar de existirem registos que apontem para que em 1927 já existisse um movimento de alguns jovens que se organizavam para a prática desportiva da modalidade de futebol e que demonstraram desde ai vontade de criar um clube formalmente. Nos primeiros anos de existência o clube passou por algumas dificuldades directivas, estando mesmo num período de hibernação entre 1937 e 1942 devido à falta de interessados em assumir o comando directivo do clube, que tinha o atletismo como principal modalidade na altura devido à inexistência de um campo de futebol, o que obrigava o clube a andar sempre a realizar deslocações para jogar. A 7 de Maio de 1944 foi inaugurado o Campo de Jogos Coronel Mário Cunha do Atlético Club Riachense que só em 1945 mudou o nome para o actual, Clube Atlético Riachense. O Campo de Jogo Coronel Mário Cunha é utilizado pela equipa sénior em treinos e jogos, sendo que as equipas de formação treinam e competem no Parque Desportivo de Casais Castelos cedido em 2008 por um prazo de dez anos pelo Clube Desportivo Cultural e Recreativo de Casais Castelos. A primeira competição da Associação de Futebol de Santarém em que o Atlético participou foi o campeonato distrital de juniores da época de 1948/1949. O primeiro título surge na época de 1980/1981 com a equipa de juniores a ser campeã distrital e a permitir ao clube participar pela terceira vez no campeonato nacional de juniores. Aproveitando o entusiasmo da boa carreira de juniores nas época anteriores, o Atlético forma uma equipa sénior para participar na Segunda Divisão Distrital de Santarém na época de 1958/1959. Na época de 1994/1995 o C.A. Riachense sobe pela primeira vez à Terceira Divisão Nacional. O clube conta com tês conquistas do principal escalão do futebol distrital
  • 21. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 21 da Associação de Futebol de Santarém, três Taças do Ribatejo e duas Supertaças Dr. António Alves Vieira, três participações na Terceira Divisão Nacional e duas participações no Campeonato Nacional de Seniores. Na Taça de Portugal o Atlético chegou três vezes à Quarta Eliminatória, sendo eliminados em 1988/1989 pelo Sport Lisboa e Benfica, em 1996/1997 pelo FC Tirsense e em 2014/2015 pelo FC Paços de Ferreira. Ao longo da sua história o Clube Atlético Riachense contou também com uma equipa de Futebol Feminino, Futsal Feminino, Futsal Masculino, Andebol, Atletismo, Ténis de mesa, Hóquei em patins, Ginástica, Ciclismo, Patinagem artística, Pesca desportiva, Lutas amadoras, Judo e Xadrez. Na actualidade o Atlético tem em actividade no Futebol quatro equipas (Benjamins Sub-10, Benjamins Sub-11, Infantis e Juvenis), uma equipa sénior de Futsal masculino e, conta com cerca de 60 atletas na modalidade de atletismo divididos por todos os escalões de formação. 2.1 - Caracterização da Equipa/Jogadores O número de jogadores do plantel do CAR foi variando ao longo da época, sendo que no Campeonato Nacional de Seniores podem existir transferências até ao inicio das fases de manutenção ou subida. Tabela 1 - Caracterização dos jogadores que representaram a equipa do CAR ao longo da época desportiva 2014-2015 Número de jogadores utilizados em jogos oficiais durante a época desportiva 26 Guarda-redes - 4 Defesas - 8 Médios - 9 Avançados - 5 Média Idades – 25,27 Nacionalidades: Portuguesa Proveniência dos jogadores Escalões jovens: 4 Outros Clubes: 7 Sem clube: 3 CA Riachense: 12
  • 22. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 22 Tabela 2 - Plantel da equipa do CAR na época desportiva 2014-2015 Nome Proveniência Pos. Jogador A Riachense GR Jogador B Riachense (Jr) GR Jogador C Fazendense GR Jogador D Riachense DD Jogador E Riachense (Jr) DD Jogador F Riachense DE Jogador G Riachense DC Jogador H Riachense DC Jogador I Fontainhas DC Jogador J Riachense DC Jogador L Riachense MCD Jogador M Torres Novas MCD Jogador N Riachense MC Jogador O Fazendense MC Jogador P U. Leiria (Jr) MC Jogador Q Riachense MC Jogador R Fátima MO Jogador S Odivelas MO Jogador T Riachense PL Jogador U Riachense PL Jogador V U. Leiria (Jr) PL Jogador X Mação PL Jogador Z Riachense PL Jogador AA Sem clube DC Jogador AB Sem clube MC Jogador AC Sem clube GR 2.2 - Caracterização da Equipa Técnica A equipa técnica era constituída por quatro treinadores; Um treinador principal, dois treinadores adjuntos (sendo eu um deles) e um treinador responsável pelo treino dos guarda- redes. As funções de observação e análise do jogo eram realizadas por mim também. No dia 28 de Novembro assumi as funções de Treinador Principal da equipa um dia após a demissão dos restantes elementos da equipa técnica, ficando durante 7 semanas a equipa técnica constituída por um Treinador Principal (eu) e um treinador de guarda-redes. No dia 12 de Janeiro a equipa técnica passou a ser constituída por um Treinador Principal (eu), dois treinadores adjuntos e um treinador de guarda redes, sendo que as funções de observação e análise do jogo passaram a ser desempenhadas por um dos treinadores adjuntos.
  • 23. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 23 A dinâmica de funcionamento da operacionalização e reflexão sobre os treinos era feita através da colaboração de todos os elementos do plantel, mas relativamente ao planeamento era realizado na íntegra pelo Treinador Principal. A reflexão sobre a competição era realizada antes do primeiro treino da semana através de uma conversa informal no balneário pertencente aos elementos da equipa técnica. Para além da equipa técnica referida em cima, o plantel dispunha de um departamento logístico composto por duas pessoas cujas responsabilidades eram: organização de todo o tipo de documentos, gerir os meios de transporte e também os locais onde se realizavam as refeições antes dos jogos tal como eram a ligação entre a equipa técnica e a direção do clube. O departamento de equipamentos era composto por uma pessoa que tinha como função a manutenção dos balneários e limpeza e organização dos equipamentos. O departamento médico era composto por dois massagistas, que iam intercalando a sua presença nos treinos e na competição de acordo com a sua disponibilidade. 2.3 - Caracterização do Contexto Competitivo A equipa do CAR disputou na época 2014/2015 duas competições: Campeonato Nacional de Seniores (Série F) e a Taça de Portugal. Foram realizados 22 jogos oficiais, distribuídos pelas duas competições anteriormente referidas. O Campeonato Nacional de Seniores é o 3º escalão do sistema de ligas de futebol de Portugal e entrou em vigor na época de 2013/2014 para substituir as II e III Divisões. Esta competição é disputada por 80 equipas. Participaram na edição inaugural, os três clubes despromovidos da Segunda Liga, 39 clubes que transitaram da II Divisão, clubes que transitaram da III Divisão e 19 clubes promovidos dos Campeonatos Distritais. Este campeonato é dividido em oito séries de dez equipas distribuídas por ordenação latitudinal, à exceção das equipas da Madeira (colocadas alternadamente nas séries mais a Norte) e dos Açores (colocadas alternadamente nas séries mais a Sul). Os clubes são distribuídos numa 1ª fase por oito grupos de dez equipas, disputando duas voltas, em que os dois primeiros classificados de cada série ganham lugar numa 2ª fase para decidir quem ascende à Segunda Liga. Essa 2ª fase tem dois grupos de oito equipas. Os vencedores ascendem diretamente, juntamente com um dos 2 classificados, a apurar numa eliminatória a duas mãos. Os restantes oito de cada série agrupam-se em oito séries de oito equipas cada, também a duas voltas. Os dois últimos de cada série descem aos Campeonatos Distritais. Os
  • 24. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 24 clubes classificados em sexto lugar realizam uma eliminatória a duas mãos, que decide os restantes quatro clubes despromovidos. Figura 1 – Nº de competições oficiais realizadas na época 2014-2015 18 4 0 5 10 15 20 CNS - Série F Taça de Portugal Número de competições oficiais realizados Número de jogo oficiais realizados
  • 25. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 25 Tabela 3 - Equipas Participantes no Campeonato Nacional de Seniores – Série F Tabela 4 - Classificação da primeira fase do Campeonato Nacional de Seniores – Série F Posição Equipa Pontos 1 Caldas 36 2 Mafra 36 3 U. Leiria 33 4 Sertanense 31 5 Eléctrico 29 6 Torreense 28 7 Alcanenense 23 8 Fátima 17 9 Atl. Riachense 7 10 Atl. Ouriense 5 União Desportiva de Leiria Sertanense Futebol Clube Sport Clube União Torreense Clube Atlético Ouriense Atlético Clube Alcanenense Caldas Sport Clube Centro Desportivo de Fátima Clube Desportivo de Mafra Eléctrico Futebol Clube Equipas Participantes no Campeonato Nacional de Seniores - Série F Clube Altético Riachense
  • 26. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 26 Tabela 5 - Calendarização do campeonato nacional de seniores – série F com a definição dos graus de dificuldade de cada jogo (F - Fácil; D – Difícil; MD – Muito difícil) de modo a definir o planeamento semanal. 1ª Volta 2ª Volta Data Adversári o Local Tipo Resultado Alcançado Data Adversári o Local Tipo Resultado Alcançado 24/ago Mafra C MD D D 16/nov Mafra F MD D D 31/ago Eléctrico F D D D 30/nov Eléctrico C D D E 14/set Alcanenense C D V D 07/dez Alcanenense F MD E D 21/set Sertanense F D D D 14/dez Sertanense C D D E 05/out Torreense C MD E D 21/dez Torreense F MD D D 12/out Fátima F D V E 28/dez Fátima C F V D 26/out Ouriense C F V E 04/jan Ouriense F F V V 02/nov Caldas F MD E D 11/jan Caldas C D E D 09/nov U. Leiria C MD D D 18/jan U. Leiria F MD D D Pontos Esperados Pontos Esperados 11 8 Pontos alcançados Pontos Alcançados 2 5 Tabela 6 - Calendarização da Taça de Portugal Data Adversário Local Resultado 06/set São João de Ver C 4-3 28/set Praiense C 3-2 (a.p.) 19/out SB Castelo Branco C 2-1 23/nov Paços de Ferreira F 9-0
  • 27. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 27 2.4 - Objectivos Competitivos Para a época desportiva de 2014/2015 os objetivos do Clube Atlético Riachense foram definidos como: assegurar a manutenção no Campeonato Nacional de Seniores e, na Taça de Portugal a direção impôs como objetivo chegar à terceira eliminatória, mas a equipa técnica definiu como objetivo para esta competição alcançar a 2ª eliminatória. 2.5 - Caracterização das condições estruturais Como referido na caracterização do clube, o Clube Atlético Riachense dispões de um campo de jogos de relvado natural onde a equipa sénior realiza toda a preparação ao longo da época e também onde disputa os jogos. O Campo Coronel Mário Cunha tem a lotação máxima definida em 6000 pessoas, sendo que não existem cadeiras na bancada. Durante a presente época desportiva foi instalada uma cobertura na bancada central. O fato de o plantel sénior treinar e jogar sempre no mesmo local levou durante a época a alguns constrangimentos relacionados com o espaço disponível para treinar devido ao estado da relva, que por vezes não se encontrava apta para ser utilizada nas sessões de treino. O estádio dispõe de três balneários, um para a equipa da casa que é dividido em três partes: vestiário, zona de duches e jacúzi e gabinete médico; o balneário da equipa visitante que é composto por duas partes: vestiário e zona de duche; e o balneário referente à equipa de arbitragem.
  • 28. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 28 Capitulo II – Modelo de Jogo
  • 29. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 29 3 – Planificação Conceptual A planificação conceptual é definida pelo estabelecimento de um conjunto de linhas gerais e especificas que, procuram direcionar e orientar a trajetória da organização da equipa no futuro próximo. Nesta dimensão, a planificação conceptual exprime-se no modelo de jogo da equipa, o qual é consubstanciado: (i) a partir da análise organizacional da equipa no presente, (ii) pela concepção de jogo por parte do treinador, na qual se incluem as tendências evolutivas do próprio jogo e, (iii) pela definição das orientações do trabalho da equipa e, as vias para atingir os efeitos pretendidos. Em ultima análise, a planificação conceptual pressupõe o estabelecimento das concepções mais eficientes do jogo, capazes de valorizar e potenciar os níveis de prontidão dos jogadores. Concluindo, estas concepções derivam das tendências evolutivas do jogo ao nível Mundial, do nível de prestação desportiva dos jogadores que fazem parte da equipa e da capacidade intelectual, da predição e criatividade do treinador (Castelo, 2009). A planificação conceptual, consubstancia-se essencialmente no conhecimento do trajeto e, da forma de organização da equipa que, se pretende implementar num futuro próximo, isto é, como se pretende que esta jogue. Este fato traduz os seguintes quatro aspetos fundamentais: (i) potenciar uma forma específica de expressão tática, (ii) facilitar uma forma específica de interpretação do jogo, (iii) elevar os níveis de responsabilidade dos jogadores e, (iv) melhorar a comunicação entre o treinador e os jogadores (Castelo, 2009). O modelo de jogo pode ser entendido como a acção elaborada e construída intencionalmente de modo a tornar inteligível um fenómeno complexo, isto é, o uso de modelo como meios para ajudarem a perceber a realidade e a descodifica-la (Le Moigne, 1994 cit. por Castelo, 2015a). Com efeito, a forma de compreendermos inteligentemente um sistema complexo é tentar modelá-lo na medida em que nos encontramos na presença de um processo: (i) interactivo, visto que os jogadores que o constituem atuam numa relação de reciprocidade, (ii) global, porque o valor da equipa pode ser maior ou menor do que a soma dos valores individuais dos jogadores que a constituem, (iii) complexo, já que existe uma abundância de relações entre os elementos em jogo, (iv) antecipativo, porque cria a ideia de uma realidade inexistente a partir de uma existente, bem como os pressupostos para a atingir e (v) organizado, porque a sua estrutura e funcionalidade se configuram tendo em conta as relações de cooperação e de oposição, estabelecidas no respeito por princípios e regras em função de finalidades e objetivos (Garganta e Gréhaigne, 1999 cit. por Castelo, 2015a). O
  • 30. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 30 modelo é definido por uma construção teórica que reproduz todo um sistema de relações consubstanciado pelos elementos constituintes de uma realidade. Partindo desta definição o modelo será sempre uma criação teórica personalizada daquilo que cada um de nós percepciona pela observação e análise do jogo, transformando-o em conhecimento. Os conhecimentos e as experiências adquiridas ao longo do tempo, corporalizadas pela imaginação, criatividade e intuição, originam uma referência ideológica essencial na concepção de modos simplificados e sintetizados da realidade complexa do jogo de futebol (Castelo, 2015a). A importância da criação de um modelo de jogo reside no fato de, ao reunir-se os seus elementos específicos, estabelecemos um triplo objetivo: (i) compreendê-los melhor, quando estes são analisados isoladamente uns dos outros (visão analítica do problema), (ii) estabelecer hipóteses sobre o comportamento de conjunto, isto é, as interdependências dos seus elementos (visão estrutural do problema) e, (iii) tentar prever as suas modificações (reacções) em função da variabilidade das conjecturas que promovem a emergência de novas inter-relações, permitindo avaliar processos e respectivos resultados (visão prospectiva do problema) (Castelo, 2015a). Para todos os efeitos, a partir de um modelo, tenta-se definir e reproduzir todo o conjunto de relações que se estabelecem entre os elementos de uma determinada realidade, ou seja, procura-se criar uma rede de inter-relações entre os elementos de um conjunto, com o objetivo de compreender as diversas relações que são estabelecidas. Contudo, o modelo de jogo é uma criação antecipativa baseada numa interpretação de significados e valores por parte do treinador relativamente à realidade, tenha esta uma elevada ou reduzida semelhança ou exactidão. Esta criação de um futuro estará constantemente a ser visualizada e monitorizada, estabelecendo as coordenadas de onde estamos, onde pretendemos chegar e o mapa que traça o caminho para lá chegar. Numa procura constante de uma melhor qualidade de jogo da equipa, agindo de modo eficaz às condições de variabilidade e incerteza derivadas da luta competitiva. Apesar das linhas mestras, o modelo de jogo sendo um conjectura, está sistematicamente aberto a novas ideias, a novos acrescentos fomentando constantes patamares de desenvolvimento e aperfeiçoamento (Castelo, 2015a). O modelo de jogo parte de uma ideia ou concepção de jogo que se baseia em construções simbólicas, através das quais e, simultaneamente se: (a) define um projecto de acção individual (missões táticas especificas) e coletivas (projecto coletivo de jogo), (b) promove ferramentas operacionais especificas que direcionam os efeitos do processo de treino numa direção e, (c) avalia a interacção treino/competição em função da sua eficácia, através da análise diagnóstica e prognóstica dos jogos efectuados (Castelo, 2015a). O modelo de jogo
  • 31. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 31 não pára na contemplação e organização das ideias de jogo, este continua na operacionalização dessa concepção. Logo, quanto maior for o grau de correspondência entre os modelos utilizados e a forma específica de jogar da equipa, melhores e mais eficazes são os seus efeitos (Queiroz, 1986 cit. por Castelo, 2015a). A construção de um modelo de jogo deve suportar-se: (i) nos conhecimentos evoluídos e exequíveis, bem como, da experiência acumulada por parte do treinador, (ii) na análise cultural relativamente ao passado histórico do clube, bem como dos seus recursos humanos e económicos, (iii) no recrutamento e da avaliação do desempenho desportivo dos jogadores, bem como das suas margens de progressão e, por último, (iv) na optimização do processo de treino, escolhendo-se criteriosamente os meios operacionais para a sua efectivação. Logo, uma das competências e perícias técnico/profissionais do treinador é criar modelos criativos e adaptados à realidade que o envolve (Castelo, 2015a). Uma equipa de futebol tem de estar dotada de uma vontade focada numa finalidade específica. Assim, cada jogador necessita de ter uma ideia e uma percepção global de como funciona o conjunto, sendo esta proporcionada pelo treinador. Deste modo o jogador saberá onde se encaixa, que missão tática irá desempenhar no quadro da organização dinâmica da equipa, bem como o seu contributo a favor do colectivo e com quem deverá interactuar de modo preferencial. Todo o comportamento humano baseia-se no facto de ter um propósito na realização das suas decisões/ações na direção de uma finalidade suportada numa consciência de si mesmo (Castelo, 2015a). O modelo de jogo proporciona a cada jogador e à equipa na sua globalidade, a possibilidade de recorrera um código específico de leitura de cada realidade situacional que se desenvolve perante os seus olhos. Este código perceptual identifica e engloba os múltiplos e diversos fatores pertinentes que constituem a realidade competitiva, conjugando-os e relacionando-os uns com os outros. Nesta perspectiva, uma forma específica de interpretação do jogo referencia um sentido e uma partilha de intenções e significados (Castelo, 2015a). O modelo consubstancia-se numa conjuntura de jogo, fundada em regras de decisão e ação através das quais, pontifica o modo particular de jogar de uma equipa, isto é, uma identidade tática própria e comum a todos os jogadores. A intervenção do treinador na construção de um modelo de jogo para a equipa regula e potencia, no mesmo momento, uma forma específica de jogo (Castelo, 2015a). A dimensão estrutural do modelo de jogo é definida pelo enquadramento posicional dos jogadores no terreno de jogo e paralelamente, pelas funções táticas gerais e especificas distribuídas a esses mesmos jogadores. Com efeito, a estrutura de uma equipa exprime-se por
  • 32. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 32 um dispositivo tático que determina o arranjo posicional dos jogadores racionalizando o espaço de jogo. Ajudando-os a compreenderem e a operacionalizarem as suas funções táticas, bem como as suas responsabilidades no plano individual e coletivo. Partindo de um conceito de interdependência comportamental agindo como membros solidários dentro de uma equipa. Esta solidariedade e interdependência comportamental significa que todos os jogadores se ajustam de forma a constituírem um todo (equipa), com um sentido e identidade própria (estabelecido pelo modelo de jogo). Quando se verifica a alteração de um dos seus elementos, observa-se inevitavelmente um reajustamento dinâmico de todos os outros (Castelo, 2015a). A dimensão funcional do modelo de jogo é representada pela coordenação (sincronização) comportamental dos jogadores e pelo ritmo de execução das suas ações tático/técnicas. Racionalizando-as e sequenciando-as através do estudo e do treino enquadrados num dispositivo estrutural de base, denominado sistema de jogo. Todo o trabalho coletivo desenvolvido pela equipa deve obedecer a uma lógica, a qual estabelece o modo e o grau de colaboração (cooperação) e coordenação entre as diferentes missões táticas atribuídas a cada jogador. Com efeito, a articulação das tarefas individuais dentro de um grupo sectorial restrito e a articulação dos diferentes setores da equipa visam possibilitar, em função do modelo de jogo, dos objetivos estratégicos de jogo e dos contextos situacionais momentâneos, desde que os jogadores possam assumir comportamentos de segurança, de equilíbrio entre risco e a segurança ou de risco (Castelo, 2015a). A dimensão relacional do modelo de jogo é definida pela criação de uma linguagem comum no seio da equipa, a qual é suportada pela implementação de um conjunto de linhas orientadoras do pensamento tático dos jogadores (também denominadas de regras de decisão) as quais, visam a resolução operativa, isto é, tático/técnica dos diferentes contextos situacionais que o jogo exige. O princípio do jogo marca o sentido tático fundamental da ação dos jogadores perante a situação de jogo, atendendo à estrutura e funcionalidade da equipa. Em função do conceito formulado, evidenciam-se duas questões recorrentes e fulcrais: (i) a primeira refere-se à importância do estabelecimento de uma linguagem comum seio da organização dinâmica da equipa, de modo que todos os seus elementos utilizem o mesmo “dialecto” podendo, no entanto, exprimirem-se num estilo diferente e (ii) a segunda (decorrente da primeira) exprime a essencialidade de se construírem regras racionais de decisão (heurísticas), que suportam o pensamento tático dos jogadores na resolução das diferentes situações de jogo. Estas regras são consideradas como referências, nas quais se apoiam as ligações comuns de todos os espíritos, da compreensão e da eficácia das ações
  • 33. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 33 tático/técnicas, sendo potencializadas pela criatividade e improvisação que determinam em ultima análise, a elevação do nível de jogo da equipa (Castelo, 2015a). O modelo de jogo deve ser sempre perspectivado como uma viagem e nunca uma paragem. Assim, se por qualquer razão uma determinada equipa pensa ter atingido o seu modelo de jogo, então poderemos dizer que esta está irremediavelmente ultrapassada. No futebol, como em muitas situações da vida quotidiana, querer ser do seu tempo é, estar desactualizado perante os factos da realidade presente (Castelo,2015a)
  • 34. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 34 3.1 – Modelo de jogo Clube Atlético Riachense: Princípios e rotinas fundamentais 3.1.1 - Sistemas de jogo Sistema de jogo principal: 1-4-4-2 Sistema de jogo alternativo: 1-5-3-2 Figura 2 – Modelo de jogo CAR: Sistema de jogo principal 3.1.2 - Organização dinâmica Organização ofensiva Princípios gerais: - Procurar situações de ataque rápido ou contra ataque. Explorar a desorganização da linha defensiva após a recuperação da posse de bola. Explorar as costas da linha defensiva através de passes longos. - Em ataque organizado dar preferência ao futebol em largura. - Movimento de apoio e de ruptura dos avançados. Um dos avançados deve realizar um movimento de aproximação ao portador da bola e o outro um movimento de ruptura para os corredores laterais.
  • 35. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 35 - Losango como referência para os posicionamentos ofensivos dos médios na sua relação com os avançados. Os jogadores devem sair das suas linhas normais de funcionamento, mas mantendo os mesmos vértices do losango em que o “6” corresponde ao vértice mais recuado, o “7” e o “8” aos vértices da segunda linha e o “10” ao vértice mais avançado. Caso o “7” realize um movimento exterior para o corredor lateral, o “8” deve realizar um movimento interior na direcção do “7”, e o “6” e o “10” devem ajustar os posicionamentos mantendo a estrutura do losango. O “6” não deve ultrapassar a linha do “7” e do “8” mantendo sempre um posicionamento recuado na estrutura do losango. Construção das acções ofensivas - 1ª Fase construção: 2 defesas centrais abertos pelas linhas laterais da grande área, defesas laterais profundos (muito perto da linha média da equipa), um médio (“6”) entre os defesas centrais para construção, os outros 3 médios a ocuparem o espaço central (“10” recua formando uma linha de três com o “7” e o “8”), na procura de linhas de passe. Os 2 avançados, procuram dar o máximo de profundidade possível junto da linha defensiva do adversário e, posteriormente realizam movimentos alternados de apoio e de ruptura (corredor lateral) procurando aproveitar o espaço nas costas dos defesas laterais contrários.
  • 36. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 36 Figura 3 – Modelo de jogo CAR: Construção das ações ofensivas - Circulação segura da bola procurando jogo exterior numa 1ª fase, procurando movimentações sem bola que libertem espaço nos corredores laterais da defesa adversária; - Quando a bola entra no corredor lateral (Defesa lateral) este deve receber orientado para a baliza adversária, e realizam movimentos os dois avançados da equipa e o “10” procurando o espaço nas costas da defesa para a realização de um passe longo do defesa lateral adversário;
  • 37. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 37 Figura 4 – Modelo de jogo CAR: Construção das ações ofensivas (b) -Trocas de posição entre o PL do lado da bola e “10”: movimento de apoio do avançado na procura de recepção da bola em zona difícil de controlar e movimento de ruptura do “10” no espaço deixado livre ou apoio para combinação com movimento em profundidade do defesa lateral;
  • 38. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 38 Figura 5 – Modelo de jogo CAR: Construção das ações ofensivas (c) - Em caso de existir espaço de progressão para o Defesa Lateral, este deve procurar avançar no terreno pelo corredor lateral. Criação de situações de finalização Princípios gerais: - Procurar vantagens numéricas, espaciais e temporais que permitam à equipa penetrar em condições vantajosas na zona defensiva do adversário; - Aumento da velocidade e mobilidade ofensiva no momento de criação do desequilíbrio e maior liberdade para situações de 1x1; - A maior mobilidade ofensiva deve procurar destabilizar a organização contrária. O atleta poderá criar espaços que podem ser utilizados por ele próprio (habilidade individual) ou criar espaços para os seus colegas de equipa utilizarem aproveitando os aclaramentos gerados; - Relações predominantes: (1) PL – PL realiza uma desmarcação de apoio para receber e jogar entre linhas e aclarar espaço exterior para entrada de DL, com o médio centro do lado onde se encontra a bola como apoio frontal ao PL e é este que decide se existem condições para passar no corredor lateral para o movimento do defesa lateral que recebe em largura para explorar
  • 39. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 39 situações de 1x1; (2) Em caso de não existir uma desmarcação de apoio do PL, o DL deve temporizar através de uma condução de bola ou protecção da mesma, esperando a sobreposição do MC para o corredor lateral que recebe em largura para explorar situações de 1x1; (3) Movimento do PL no corredor lateral para receber passe longo em largura do DL com desmarcação de apoio do MC do lado onde se encontra a bola. Figura 6 – Modelo de jogo CAR: Criação de situações de finalização (a) - Esta fase do processo ofensivo desenrola-se preferencialmente pelos corredores laterais. Sempre que o DL tem espaço para progredir deve faze-lo sendo que o PL do lado onde se encontra a bola deve realizar uma desmarcação de apoio para poder receber a bola quando a equipa adversária pressionar o DL. Após o PL receber a bola um dos MC deve realizar uma desmarcação de apoio e após receber a bola deve fazer um passe longo para as costas da defesa no corredor lateral para a subida do DL.
  • 40. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 40 Figura 7 – Modelo de jogo CAR: Criação de situações de finalização (b) - Caso o PL não realize uma desmarcação de apoio, o DL deve temporizar a jogada conduzindo a bola ou protegendo a mesma do adversário e é o MC do lado da bola que é responsável por realizar uma sobreposição ao DL para o corredor lateral e receber a bola no espaço.
  • 41. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 41 Figura 8 – Modelo de jogo CAR: Criação de situações de finalização (c) - A terceira opção é realizada através de uma desmarcação do PL para o corredor lateral, para as costas do DL adversário e o DL através de um passe longo tenta colocar a bola no espaço para o PL; - A equipa evolui no terreno de forma compacta e apoiada; os DCs e MD têm um papel importante nas acções de variação do centro de jogo através preferencialmente de passes curtos e médios (frontais quando possível). Finalização Princípios gerais: -Procurar vantagens numéricas, espaciais e temporais que permitam à equipa penetrar em condições vantajosas na zona defensiva do adversário; - Aumento da velocidade e mobilidade ofensiva no momento de criação do desequilíbrio e maior liberdade para situações de 1x1; - Explorar a qualidade, criatividade e velocidade dos jogadores, potenciando a sua capacidade, quer em acções individuais (1x1 interior para remate ou 1x1
  • 42. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 42 exterior para cruzamento) quer em combinações a 2 ou 3 jogadores (triângulo DL-MC/MO-PL); - Procurar cruzamentos para a grande área, alternando entre bolas aéreas procurando os PL ou então através de cruzamento rasteiro efectuado perto da linha de fundo para a entrada da grande área; - Ocupação racional dos espaços de finalização de modo a cobrir os três espaços de baliza (1º poste, 2º poste e zona central da baliza). Esta ocupação deve ser realizada em linhas diferentes, de modo a que o cruzamento tenha sempre um destino possível. Os PL devem realizar um movimento em cruz, sendo que o PL do lado da bola deve fazer um movimento para o segundo poste e o PL do lado contrário à bola deve realizar um movimento para o primeiro poste. O MO ou um MC no caso de o MO estar no corredor lateral deve ocupar a zona da grande penalidade. Não existe muita liberdade para os jogadores permutarem de posições. Figura 9 – Modelo de jogo CAR: Finalização (a) A segunda vaga do ataque que suporta a primeira linha, é constituída pelos dois médios que devem aproximar-se da grande área, permitindo soluções para variar o centro de jogo, soluções para um cruzamento rasteiro e procurar ganhar a 2ª bola. Os DC e o MD não participam nesta acção sendo que o DL do lado contrário à bola deve progredir de modo a ser opção em caso de variação do centro de jogo. O DL do lado da bola relaciona-se com o PL e MC/MO na procura de desequilíbrios na estrutura adversária;
  • 43. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 43 - O GR, DCs e MD devem procurar encurtar os espaços entre os sectores, compactando a equipa na sua fase ofensiva. Transição defensiva Princípios gerais: - A equipa deve ter a capacidade de interpretar, compreender e de tomar a decisão em função de cada situação no menor espaço temporal possível; - É necessária uma rápida mudança de comportamentos e de mentalidade; - Os DCs e o MD devem estar em todos os momentos do jogo bem posicionados. Os dois DCs e o MD ocupam uma posição no meio campo ou mais à frente em caso de não haver jogadores adversários; - Deve existir uma reacção rápida sobre o portador da bola e as linhas de passe próximas, principalmente as que possam possibilitar uma progressão no terreno de jogo. Esta reacção deve ser feita pelos jogadores mais próximos da bola de modo a poder recuperar a mesma rapidamente, provocar um erro no adversário ou obrigar o adversário a jogar para uma linha mais recuada evitando a progressão; - Os DLs devem procurar recuar rapidamente para as suas posições tal como o MC mais longe do centro de jogo deve realizar um movimento diagonal interior fechando o corredor central reduzindo a profundidade do seu posicionamento; - Caso a equipa adversária consiga sair da pressão ou a nossa equipa cometa um erro, em igualdade ou inferioridade numérica e não havendo possibilidade de recuperação da posse de bola ou pressão ao portador, a equipa deve tentar temporizar para que se proceda uma reorganização da organização defensiva (recorrer a uma falta com interrupção de jogo caso necessário).
  • 44. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 44 Figura 10 – Modelo de jogo CAR: Transição defensiva Organização defensiva Uma ideia de base do nosso modelo, respeitante ao processo defensivo, prende-se no facto de a equipa dar a iniciativa do jogo ao adversário, recuando as suas linhas e jogando com um bloco baixo, de modo a obrigar o adversário a subir no terreno e criar espaço nas costas da sua linha defensiva Princípios gerais: - Estrategicamente e de uma forma geral, defendemos sempre no sentido de conduzir os jogadores da equipa adversária a subir no terreno e conceder-nos espaço para tirar vantagem nas transições defesa-ataque.
  • 45. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 45 Figura 11 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (a) - Toda a equipa deve recuar as suas linhas sendo que a primeira linha de pressão é realizada pelos dois PLs na zona do meio campo, usando a linha do meio campo como referência par ao início da pressão (em todo o meio campo defensivo é realizada uma pressão agressiva ao portador da bola). O PL mais próximo da bola realiza uma pressão no sentido de recuperar a bola e o outro PL faz uma cobertura defensiva ao mesmo. Quando um PL se desloca ao corredor lateral para pressionar o portador da bola, o outro deve fechar o corredor central e, caso a defesa contrária varie o centro de jogo, estes devem trocar de funções, saindo na pressão o PL que estava a fechar o corredor central e o PL que estava a pressionar passa a fechar o corredor central.
  • 46. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 46 Figura 12 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (b) - O quarteto do meio campo deve procurar fechar o corredor central em coberturas constantes. O MO deve realizar uma cobertura defensiva interior ao PL que realiza a pressão sobre o portador da bola, o MC do lado da bola deve procurar fechar o corredor lateral e o MC do lado contrário à bola deve realizar uma cobertura ao MO, quanto ao MD este deve procurar manter um posicionamento mais fixo no corredor central à frente da linha defensiva. Figura 13 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (c)
  • 47. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 47 - A defesa deve assumir uma única linha que bascula conforme o centro de jogo, aproximando de um corredor lateral e abrindo o corredor lateral oposto, seja qual for o corredor lateral onde se encontra a bola e, em caso de a o centro de jogo se encontrar no corredor central a linha defensiva fecha o corredor central com os quatro defesas bem próximos, reduzindo o espaço intra-sectorial. - É o DC do lado da bola o responsável por realizar a cobertura defensiva ao DL do seu lado, sendo que o MD deve ocupar o espaço deixado pelo DC quando este realizar o movimento de cobertura do DL no corredor lateral; Figura 14 – Modelo de jogo CAR: Organização defensiva (d) - Criação e manutenção de triângulos defensivos como uma referência que deve orientar os ajustes posicionais defensivos, assegurando constantemente as coberturas defensivas; - O método defensivo escolhido é a zona. Cada jogador deve constantemente realizar boas coberturas defensivas e equilíbrios, marcar o espaço e não o adversário e assumir uma constante responsabilidade de manter um bom posicionamento individual. As referências zonais utilizadas são a bola, o colega, o espaço de jogo e o adversário. - Em processo defensivo e com o bloco baixo, a equipa procura recuperar a bola no meio campo defensivo sem definição de uma micro zona, considerando todo o meio campo defensivo como a zona onde a equipa deve ter uma atitude mais pressionante sobre o portador da bola.
  • 48. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 48 - Só deverá ser realizada uma subida do bloco defensivo no terreno de jogo quando acontecer um dos estímulos identificados pelo grupo (passe aéreo para um defesa ou um adversário a receber a bola de costas para o jogo). A equipa deve retirar quase toda a profundidade do jogo quando a bola se encontra sem pressão para evitar a utilização da equipa adversária dos espaços nas costas da linha defensiva. - Por norma apenas o número “6” defende dentro da grande área quando ocupa a posição do DC que saiu em cobertura num dos corredores laterais. Os outros três médios defendem fora da grande área, sendo responsáveis pela segunda bola e por também procurar as transições ofensivas. Os médios só devem entrar na grande área quando é necessário um acompanhamento de um adversário da sua zona que realiza uma desmarcação de ruptura, sendo que neste momento a marcação passa a ser individual e o jogador deve acompanhar o movimento do adversário até ao fim. Nestes momentos os outros dois médios efectuam os ajustes necessários para manter o equilíbrio. A resposta colectiva e individual a outros movimentos dos adversários que não de ruptura deverá ser de manutenção posicional, acompanhando os adversários na sua zona de acção até ele entrar na zona de acção de outro colega; - Quando o guarda-redes adversário tem a posse de bola, a equipa deve aproveitar esse momento para recuar no terreno e organizar-se no seu meio campo defensivo. Caso o GR se preparar para construir de forma longa, a equipa deve retirar profundidade e compactar as suas linhas em largura e profundidade de modo a poder de forma agressiva e competitiva poder disputar a primeira e a segunda bola; - Se a posse de bola estiver nos DCs a equipa deverá manter o bloco baixo, fechando o corredor central, orientando o jogo para os corredores laterais. Quando a bola se encontra num DL a equipa deve procurar evitar a sua progressão, obrigando a equipa a variar o centro de jogo ou a realizar um passe longo. Quando a bola sai da pressão (bola aberta) e o DL se prepara para realizar um passe longo a equipa deve retirar profundidade e compactar as suas linhas em largura e profundidade de modo a poder de forma agressiva e competitiva poder disputar a primeira e a segunda bola. Os médios são responsáveis por evitar o jogo entre linhas da equipa adversária.
  • 49. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 49 Transição ofensiva Princípios gerais: - Explorar sempre a oportunidade de atacar uma possível desorganização defensiva momentânea da equipa adversária através de situações de ataque rápido ou contra-ataque; Para isso será necessária uma rápida mudança de atitude e mentalidade da fase defensiva para a ofensiva; - O aspecto mais importante deste momento do jogo, é a diminuição do tempo de transição. Ao recuperar a bola o atleta deve tomar a decisão entre realizar um ataque rápido ou ataque posicional, sendo que a prioridade será sempre procurar uma situação de ataque rápido ou contra ataque. Após a recuperação da bola o jogador deve decidir rápido em ir para a frente. - As referências para realizar a transição rápida são os dois PLs. - No momento em que a equipa recupera a bola o avançado do corredor onde a bola foi recuperada deve procurar uma desmarcação de ruptura para o corredor lateral para que a bola seja passada através de um passe longo para as costas da defesa contrária. Se a bola for recebida de costas através de um passe rasteiro, o PL deve procurar temporizar esperando uma desmarcação de ruptura de um colega no corredor lateral. Figura 15 – Modelo de jogo CAR: Transição Ofensiva
  • 50. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 50 - Não foram definidos mais movimentos ofensivos para reagir à recuperação da bola, sendo que a preocupação dos jogadores deve ser a de colocar a bola no corredor lateral na zona nas costas da defesa contrária, sem diferenciar a recuperação de bola por pressão ou por intercepção. - Em caso de defesa, o GR deve procurar rapidamente realizar um passe longo procurando o espaço nas costas da defesa contrária. 3.1.3 - Organização fixa A equipa não tem movimento pré-definidos nos esquemas tácticos ofensivos e assume um comportamento de marcação homem a homem nos esquemas tácticos defensivos. Esquemas tácticos: Cantos ofensivos Sem posicionamentos básicos pré-estabelecidos nos cantos ofensivos: 4 jogadores na área, 2 a bater, 2 fora da área e 2 atrás. Os dois jogadores decidem se realizam um canto curto ou canto directo para a grande área. Em caso de canto curto os jogadores devem procurar uma sobreposição antes de efectuar o cruzamento. Figura 16 – Modelo de jogo CAR: Cantos ofensivos
  • 51. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 51 Esquemas tácticos: Livres laterais ofensivos Sem posicionamentos básicos pré-estabelecidos nos livres laterais ofensivos: 4/5 jogadores na área, 1 a bater com apoio do DL para combinação, 1 fora da área e 2/3 atrás. A equipa deve procurar efectuar sempre cruzamento utilizando o DL apenas para retirar um defesa da grande área. Figura 17 – Modelo de jogo CAR: Livres laterais ofensivos Esquemas tácticos: Cantos defensivos Sem posicionamentos básicos pré-estabelecidos nos cantos defensivos pois a marcação é realizada homem a homem, apenas um homem defende à zona (primeiro poste): 7 homens na grande área e 2 à entrada da grande área. Um jogador fica na linha do meio campo de modo a servir como referência para uma transição ofensiva. Em caso de canto curto do adversário, um dos homens que está à entrada da grande área é o responsável por realizar a pressão ao portador da bola.
  • 52. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 52 Figura 18 – Modelo de jogo CAR: Cantos defensivos Esquemas tácticos: Livres laterais defensivos Sem posicionamentos básicos pré-estabelecidos nos livres laterais defensivos pois a marcação é realizada homem a homem. Os jogadores devem procurar montar uma linha defensiva utilizando a linha da grande área como referência e em caso de a barreira estar recuada em relação à linha da grande área, a linha defensiva deve recuar até à linha da barreira. A barreira é formada por 2 jogadores e todos os restantes elementos realizam marcação individual aos jogadores adversários. A equipa não deixa nenhuma referência ofensiva para a transição ofensiva.
  • 53. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 53 Figura 19 – Modelo de jogo CAR: Livres Laterais Defensivos Sistema de Jogo Alternativo Em contextos esporádicos, dependendo da análise do binómio situacional – (resultado momentâneo do jogo/ tempo disponível para jogar), ou dependendo do tipo de adversário (primeiros classificados) a equipa numa tentativa de proporcionar uma maior segurança defensiva, optou por uma vertente táctico-estratégica que assumia uma postura comportamental de maior segurança. A mudança para um sistema de jogo de GR + 3 defesas + 5 médios + 2 avançados, tinha como principal objectivo dotar a equipa de uma maior capacidade defensiva retirando profundidade.
  • 54. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 54 Figura 20 – Modelo de jogo CAR: Sistema de Jogo Alternativo 3.2 - Planificação Estratégica A planificação estratégica é consubstanciada pela elaboração de planos plausíveis de intervenção que, se traduzem em modificações pontuais e temporárias da expressão tática de base da equipa, isto é, da sua funcionalidade geral. Estas alterações são realizadas em função dos conhecimentos e do estudo das condições objetivas, sobre as quais, se realizará a futura confrontação desportiva. Toda a planificação estratégica pressupõe um conjunto de operações lógicas integradas que, permitem dar à organização dinâmica do jogo, as melhores condições, para atingir os objetivos competitivos (Castelo, 2009). A natureza da planificação estratégica radica-se nos seguintes fatos na: (i) conceptualização de cenários de jogo e, (ii) criação de condições favoráveis à resolução das situações de jogo (Castelo, 2009).
  • 55. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 55 Conceptualizar cenários de jogo A natureza da planificação estratégica, passa pela análise de hipóteses alternativas acerca de cenários que, poderão suceder durante a competição. Desta forma, é possível preparar a equipa para intervir adequadamente a cada um desses cenários. Todavia importa reforçar que, temos de aceitar a incerteza e a aleatoriedade, tentar compreende-las e integra- las no raciocínio que formula uma estratégia. Assim, todo o treinador deve preparar todo o treinador deve preparar a sua equipa para a competição estabelecendo cenários possíveis de acontecerem. Um exemplo bem ilustrativo do que foi referido, deriva da composição do banco de suplentes, para a qual se estabelece uma composição básica constituída por um guarda-redes, um defesa, um médio e um avançado, com o intuito de cobrir todas as necessidades fundamentais da equipa. Os restantes elementos são escolhidos em função das opções táticas determinadas pelo plano de jogo, que pode ter um caráter eminentemente ofensivo ou defensivo, isto é, no caso do resultado momentâneo do jogo for negativo quando se esperava positivo, ser positivo e ter-se de suportar o ímpeto da equipa adversária, ser positivo mas tem-se de marcar mais golos e outros (Castelo, 2009). Criar condições favoráveis à resolução das situações de jogo Quando os jogadores são alertados para as condições objectivas da futura competição e, especialmente, para as particularidades deste ou daquele adversário, a sua perceção e análise da situação encontra-se favoravelmente influenciada, facilitando e acelerando a uma intervenção adequada. No entanto há que ter presente, a possibilidade de variação sistemática de resolução tático/técnica das situações de jogo realizada pela equipa adversária. Estas variações reduzem consideravelmente a coerência dos acontecimentos devido, logicamente, ao aumento do número de elementos possíveis de serem manipulados pelos seus jogadores. Logo, quanto maior for a variabilidade de resolução tático/técnica por parte da equipa adversária, mais difíceis e complexas serão os mecanismos de deteção e identificação reveladores dos índices pertinentes da situação (Castelo, 2009). O treinador deve ter atenção a três aspetos na conceptualização de uma planificação estratégica: (i) conhecimento da equipa adversária, (ii) terreno de jogo e , (iii) circunstâncias em que a competição irá desenrolar.
  • 56. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 56 Ter um conhecimento correto das potencialidades (pontos fortes), tentando minimizá- los e das vulnerabilidades (pontos fracos) para tirar partido destes. No fundo, o que se pretende com a observação/análise da equipa adversária, é identificar e simplificar a sua organização de jogo. Desmontando o seu modelo de jogo, eliminando os aspetos de ordem casuística e, analisando os fatores que derivam claramente de uma ordem organizacional que, estabelece as bases fundamentais do jogo dessa equipa. Neste domínio, o conhecimento relativo à equipa adversária incidirá essencialmente entre outros aspetos: (i) à colocação de base dos jogadores no terreno de jogo, (ii) às normas gerais de organização tanto do ataque como da defesa, (iii) às diferentes ações tático/técnicas individuais e coletivas, e a sua utilização durante o jogo, (iv) à “filosofia” de jogo da equipa, (v) aos coordenadores de jogo, (vi) às soluções das situações de bola parada, (vii) às atitudes e comportamentos sócio- psicológicos dos jogadores e da equipa no seu conjunto em situações de adversidade e, (viii) ao tipo de relação com o árbitro e os árbitros assistentes (Castelo, 2009). No que se refere há análise do terreno de jogo, importa atender aos seguintes aspetos: (i) jogar em casa ou fora, (ii) às dimensões do campo, em termos de largura e profundidade, (iii) às suas condições: relvado, pelado, seco, molhado, encharcado, etc., (iv) às condições climatéricas especificas (posição do sol e vento por exemplo), (v) à luz artificial caso, o jogo se dispute à noite e (vi) ao tipo de bolas normalmente utilizadas pelo adversário (Castelo, 2009). Importa analisar as circunstâncias da competição, compilando os seguintes aspetos: (i) à classificação das duas equipas em confronto, (ii) à necessidade de ganhar o jogo, (iii) às entrevistas (diretores, treinadores, jogadores, etc.), (iv) às condições climatéricas (chuva, vento, calor), (v) ao árbitro – critérios subjacentes ao seu trabalho, (vi) ao público - apoiantes ou não e, (vii) ao nível de rivalidade entre as equipas (Castelo, 2009). A planificação estratégica pode ser dividida pelas seguintes oito etapas: (1) a recolha de dados), (2) a comparação das equipas, (3) elaboração do plano estratégico/tático, (4) a reunião de reconhecimento da equipa adversária, (5) a elaboração do programa de preparação para o ciclo de treino, (6) a experimentação do plano estratégico/tático, (7) a preparação da equipa nas horas que antecedem o jogo e, (8) a reunião de análise do jogo (Castelo, 2009). Em relação à planificação estratégica da nossa equipa, é possível apontar algumas divergências com o modelo proposto em cima. A recolha de dados foi realizada por um treinador adjunto, no caso era eu. Foi feita uma observação/análise de cada adversário e através dessa mesma observação foi realizado um relatório sobre a equipa adversária e
  • 57. Rui Alexandre Horta Viera - Conceptualização do modelo de jogo Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias- Faculdade de Educação Física e Desporto 57 entregue ao treinador principal no dia da primeira sessão de treino (terça-feira), sempre antes da mesma se realizar. Apesar de existir um relatório da equipa adversária, por opção da equipa técnica este era usado apenas na construção da palestra que antecedia a competição. O programa de preparação para o ciclo de treino era definido pelo treinador principal e não sofria alterações de acordo com os aspetos salientados no relatório. Em relação à preparação da equipa nas horas que antecedem o jogo, a concentração da equipa era marcada para os jogos em casa uma hora e quarenta e cinco minutos antes da competição e para os jogos fora, procurava-se marcar uma hora que permitisse estar no local do jogo uma hora e quarenta e cinco minutos antes da competição também. A reunião de preparação para o jogo era realizada no balneário, começando com uma palestra dirigida pelo treinador principal. Nesta intervenção o treinador procurava salientar a importância do jogo, definir a estratégia para este jogo, expor as informações sobre o adversário e por fim motivar a equipa para o jogo. O aquecimento era realizado pelos treinadores adjuntos sendo que os guarda-redes aqueciam sem a presença de um treinador adjunto por opção da equipa técnica. As últimas palavras antes do jogo eram dadas no balneário, onde o grupo se unia num circulo com as mãos dadas e o treinador principal procurava transmitir palavras de incentivo, passando depois a palavra ao capitão de equipa que dirigia ao grupo uma última mensagem. Não era realizado nenhum programa de regresso à calma no final do jogo. 3.3 - Planificação tática As equipas em confronto direto, formam duas entidades coletivas que, congeminam, planificam e coordenam as suas ações para agir uma contra a outra, cujos comportamentos são influenciados pelas relações antagónicas de ataque/defesa. Para isso, cooperam entre si em condições de oposição, visando a desorganização da cooperação da equipa adversária. O jogo desenvolve-se através de situações, cuja natureza é de carácter problemática e contextual, em que o desempenho dos jogadores, está estritamente relacionado com a capacidade destes: (i) responderem de forma eficaz às constantes modificações resultantes da regularidade e da aleatoriedade situacional que, se desenvolvem à sua volta e, em se, (ii) organizarem, com vista a atingirem os objetivos, que de outra forma seriam impossíveis. Uma eficiente organização, tem um potencial de realização infinitamente maior, do que teria um jogador agindo, de forma isolada. Para a sua eficaz concretização, utilizam-se duas dimensões: uma de carácter estratégico e, outra de carácter tático, as quais, são dirigidas para o mesmo fim: a vitória Castelo (2009).