3. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
3
RICARDO
NASCIMENTO –
PRESIDENTE DO
MUNICÍPIO
Eu não me sinto bem
dentro do gabinete.
Serei um autarca que
andarei a falar com as
pessoas porque ser
autarca é estar
próximo das pessoas.
Ricardo Nascimento1
, em
8/11/2013, no “Tribuna”, pág. 6
À direita, imagem da nova ponte da Tabua, inaugurada,
em 22/9/2013, integrando a regularização e canalização
da ribeira da Tabua bem como a reconstrução da ER 227 e
da estrutura sobrante da ponte existente na ER 222, sobre
a ribeira da Tabua.
Leia mais em: http://www.cm-ribeirabrava.pt/
1
Ricardo Nascimento, em cima, acompanhado pela vereadora Natália, num exclusivo para a “Descobrindo”,
é o novo presidente de Câmara da Ribeira Brava, desde o último trimestre de 2013.
4. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
4
O EX-PRESIDENTE, ISMAEL FERNANDES, a terceira personalidade na primeira
foto, da esquerda para a direita, dizia em 2000 que a vila da Ribeira Brava,
pelas suas características singulares, tinha todas as condições para ser uma
pequena grande cidade.
Recorde-se que 2013 foi o último ano do mandato de Ismael Fernandes na
qualidade de presidente do Município:
Este último mandato foi frustrante e angustiante como
consequência da aluvião e da crise, que deitaram por terra muitas
das promessas feitas em 2009.
Numa entrevista concedida em 2013 ao jornalista do Diário de Notícias,
Orlando Drumond, Ismael defendeu, ao despedir-se, a necessidade de uma
melhor promoção das potencialidades turísticas do concelho, reivindicou
uma nova escola ‘secundária’ e sugeriu a criação de um jardim no lugar do
campo de futebol. Admitiu, também, nessa entrevista, que há mais pobreza
no concelho e critica a inércia do comércio na ‘baixa’.
5. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
5
ENQUANTO CELEBRAMOS O PRESENTE PREPARAMOS O FUTURO
Por: Secretário Regional do Plano e Finanças, 06 de maio de 20132
O Concelho da Ribeira Brava completa mais um aniversário, merecedor da
nossa memória e comemoração. Hoje, evocamos os saberes e memórias que
estão no cerne da nossa identidade coletiva e lembramos a perseverança das
gentes, que das dificuldades deslindou soluções.
Recordamos a determinação de um Povo, cujo valor colocou a Ribeira Brava à
frente do seu tempo.
Esclarecido, visionário e empreendedor, soube aproveitar a sua centralidade
para assumir uma importância vital na comunicação entre os diferentes locais
da ilha e traçar o desenvolvimento das suas terras, ao mesmo tempo que
consolidava a influência competitiva do concelho.
Nas celebrações do Dia da Ribeira Brava, evocamos os grandes feitos dos que
nos antecederam e as tradições de todo um povo. Mas estas são
comemorações que, para além de nos permitirem renovar e fortalecer os
laços que nos ligam uns aos outros, proporcionam que se cimentem
consensos e, sobretudo, que se balizem esforços que nos garantam o futuro.
Também na Ribeira Brava tem de existir empenho de todos, por um concelho
moderno, competitivo, sustentável e socialmente coeso. Por um concelho
onde continuemos a gostar de viver e por um futuro que queremos que seja
melhor.
Muito obrigado. Parabéns Ribeira Brava!
2
Dr. José Manuel Ventura Garcês. Extratos do seu discurso na Rª. Brava, em 6 de maio de 2013
6. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
6
SUMÁRIO
Caro leitor, aqui estão os destaques da revista deste ano
(6 de maio de 2014 – VOL. 1 – N.º 12)
Prof. António Pereira nypereira@hotmail.com
1. Contextualização geográfica e histórica
2. Algumas pessoas menos jovens
3. Sabia que…
4. Literatura oral e tradicional (anos 90)
5. Rª. Brava nos jornais regionais (anos 90)
6. Museu Etnográfico
7. A freguesia do Campanário
8. Outras freguesias
9. Banda Municipal
10. Casa do Povo
11. Desporto
12. Economia (I) – Pequenos negócios
13. Escola Básica e Sec. Pe. M. Álvares (EBSPMA)
14. A Fé, a Festa e a Tradição
15. Carnaval 2014
16. Social
17. Economia (II) – Sustentabilidade e reciclagem
18. Obituário – Breve lembrança ao jovem Nelson
19. Centro de Atividades Ocupacionais (CAO)
20. EB1/PE – Rª. Brava – “O Sol dos Bravinhas”
21. Ficha Técnica
7
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33
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57
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170
7. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
7
1. CONTEXTUALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E HISTÓRICA
.
O concelho da Ribeira Brava foi criado pelo
Decreto de 6 de maio de 1914 e a sua sede
elevada à categoria de vila pelo decreto de 26 de
maio de 1928.
Terra onde nasceu o Visconde Francisco Corrêa de
Herédia, ancestral da atual Duquesa de Bragança,
a Ribeira Brava era o mais afamado local da ilha
no que respeitava a mantimentos.
Diziam as crónicas antigas que era dali “donde os
moradores da cidade acham e lhes vai o melhor
trigo, frutas, caças, carne e em mais abundância
que em toda a ilha”.
8. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
8
2. ALGUMAS
PESSOAS MENOS
JOVENS
Introdução
Rª. Brava, 2013/2014:
Da esquerda, em baixo,
para a direita - Sr.
António, também
conhecido por “Sacristão”, Sra. Isabelinha Rezende, de 84 anos, caminhando,
alegremente para a Igreja, numa manhã de um ida de semana e, finalmente,
Sra. Bernardete, de 82 anos de idade, na Rua do Visconde, junto à sua antiga
casa, “a casa da minha mãe…”, como ela nos confidenciou em fevereiro de
2014.
À direita, no final da página., a Sra. Alice, em 14/3/2014, com 82 anos de
idade, atravessando um cruzamento de estradas bem conhecido na Vila. As
outras senhoras e seus acompanhantes, durante um evento de carácter
religioso em 2013. De seguida vamos destacar algumas instituições ligadas a
pessoas menos jovens no concelho:
9. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
9
2.1. Centro de Convívio de Campanário:
No passado, dia 23 de Janeiro de 2014, os alunos do 3º ano do Curso
Tecnológico de Acão Social, da Escola Básica e Secundária Padre Manuel
Álvares, realizaram uma visita de estudo ao Centro de Convívio.
Partiu-se da escola por volta das 15h:00 e chegou-se ao Campanário às
15h:15, com um atraso de cerca de 30 minutos, causado pela avaria de
viatura que nos transportou. Por telefone, o professor apresentou um pedido
de desculpas e justificou o atraso.
À chegada ao Centro de Convívio, o professor apresentou um pedido de
desculpas e justificou o atraso. Devido a este atraso já estava à nossa espera
a “guia” que iria conduzir a visita, Sra. Carmo, pelo Centro de Convívio, pelo
que de imediato os alunos dirigiram-se para a sala principal, onde se
encontravam os idosos ansiosos por nos receber.
10. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
10
2.2. Na Furna – Ribeira Brava funciona um Centro de Convívio, inaugurado
em 8 de setembro de 2009
O Centro de Convívio da Furna, visitado em 2012, pelos alunos do 11º. Ano
do Curso Tecnológico de Ação Social, da EBSPMA, é uma obra do Governo
Regional, na freguesia e concelho da Ribeira Brava, que ascendeu a 530 mil
euros.
11. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
11
A estrutura dá corpo à política governamental, que passa por construir um
centro onde as populações se possam reunir, conviver e ocupar os seus
tempos livres.
Com um serviço vocacionado para o acolhimento de idosos da Ribeira Brava,
o centro comunitário tem como finalidade permitir que estes continuem
ativos, independentes e capazes de garantir a sua autonomia.
Para além de possibilitar o desenvolvimento de atividades lúdico-recreativas,
as novas instalações permitirão assegurar refeições (lanches), prestar
cuidados de higiene pessoal e serviço de tratamento de roupa.
2.3. Centro Social Paroquial São Bento-lar Terceira Idade
No dia 25 de janeiro de 2013, pelas 10:30 horas, o nosso grupo (Domingas,
Jaime, João Gomes e Sérgio) visitou o Centro Social Paroquial São Bento – lar
Terceira Idade, daqui em diante designado, simplesmente, Lar de São Bento,
para a realização de um trabalho de grupo. Este lar tem a capacidade para 24
utentes e neste momento não existem vagas; fizemos várias entrevistas nas
quais participaram: um casal, o Sr. Manuel e a Sra. Albertina, a D. Irene e
Maria Teresa e outros utentes.
Trata-se de uma Instituição Particular de Solidariedade Social, fundada a 11
de Agosto de 1996, pela paróquia da Ribeira Brava. Tem o nome de São
12. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
12
Bento, porque é o padroeiro da Ribeira Brava. Surgiu para debelar problemas
sociais ligados às carências da população mais envelhecida e mais jovem.
Este centro procura apoiar as famílias desenvolvendo-se em lar de idosos,
Centro de Dia e Atividades para Ocupação de Tempos Livres-ATL. Todas estas
valências foram previamente pensadas no sentido de estabelecer um diálogo
mais útil entre as gerações. Toda a vida social do Centro está dependente de
uma estrutura interna, composta por órgãos e equipas profissionais próprias,
e outras que apoiam e colaboram, compostas por vários agentes da
comunidade, como: Centro de Saúde, Câmara Municipal, Segurança Social,
Junta de Freguesia e Paróquia da Ribeira Brava.
Por que razão veio para o Lar?
(Senhora) - Vim para o lar porque cheguei a uma altura que vi que não ia
poder continuar a fazer a vida de casa. Então, fui à Segurança Social pedir
para lá entrar. Mas, a seguir, no outro tempo, eles nunca chamavam para vir
para o Lar, e eu fui lá chamar para vir para o Centro de Dia e puseram-me no
Centro de Dia há mais de um ano. (…vai fazer 3 anos em 2014,
acrescentamos). No primeiro dia do mês de novembro ele foi para o Hospital
e esteve lá até dezembro. Depois veio para aqui. (…a nossa entrevista está a
falar dela e dele, acrescentamos nós).
Então, o primeiro a vir para o Lar foi o senhor Manuel, e só depois é que
veio a senhora. E gosta de estar neste Lar? Sim, eu gosto, porque em casa
estava sozinha. Sentia-me mesmo só. Ao sábado vinha uma rapariga à minha
casa fazer a limpeza mas o resto da semana ficava só. E eu não me sentia
bem.
E o senhor Manuel, sente-se bem em estar cá no Lar?
13. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
13
Sim, gosto de estar aqui.
Sente falta da sua antiga casa?
(Senhora): Eu passo sem a casa. Eu quando morrer não levo a casa. Portanto,
eu estou cá e a casa está lá.
É bem tratada?
Sou mais bem tratada do que se estivesse em casa.
O que gostaria de fazer que agora já não consegue? (…o que gostaria de ter
feito?)
Bordar, limpar a casa, fazer o comer.
O que gostava de fazer quando era criança?
(Senhor): Brincar com os bonecos, carrinhos de madeira…
Mais? E os carrinhos de cana? Também não construía?
(Senhor) Sim, eu gostava de fazer.
Quer dizer alguma coisa que ainda não tenha sido mencionada?
Professor António: Em jeito de lição para estes jovens, o que é que acha que
deviam fazer?
O que é que falta nos nossos dias?
R.: (Senhora) - Eu cá, antes, vinha à missa a São João, mas ao Domingo era a
minha mãe, o meu pai, e os meus irmãos a se arranjar para vir cá para baixo,
para vir para a missa e depois ir para casa fazer o almoço.
Nota da redação: As perguntas (P.) foram feitas pelo aluno João Gomes em 2012.
A Sra. Olga, utente do Lar de S. Bento é
uma das colecionadoras “Descobrindo” e
está sempre disponível para interagir com
os jovens, acompanhada por alguns dos
finalistas do Curso Tecnológico de Ação
Social, 2012/2013, da EBSPMA.
15. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
15
Ribeira Brava, junho de 2013: participação dos utentes do Lar de S. Bento nas
festividades de S. João.
Cantai, Cantai, raparigas
Cantai sempre ao S. João
Porque ele paga as cantigas
Com muito bom coração.
A fonte da devoção
Lá por trás do convento
Fê-la talvez S. João
P´rás vésperas de casamento.
(…)
Não vos canseis raparigas
De cantar ao S. João
Aquelas doces cantigas
Que vos dita o coração.
Quando ouve as rendilheiras
S. João de lá responde –
As raparigas mais lindas
São as de Vila do Conde.
16. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
16
Por:
Diogo.
Domingas
Nádia,
Lisandra
Tatiana,
2011/12 –
-Ação
Social
2.4 - CENTRO SOCIAL
DA SANTÍSSIMA
TRINDADAE DA
TABUA, MADEIRA
Uma experiência
pioneira de
intergeracionalidade
Situado na encosta
íngreme e agreste,
tornou-se
rapidamente na
construção mais
imponente daquela
localidade.
Leia mais em:
http://www.solidariedade.pt
/sartigo/index.php?x=4501
17. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
17
No Lar da Tabua: Sra. Gilda que é muito animada e criativa. Adora cantar
músicas cantigas, despiques madeirenses; fazer trabalhos manuais. Em
termos masculinos, destacamos o Sr. José, mais conhecido por “O Pequenino”.
Imagens
recolhidas
por alunos
da EBSPMA –
Curso
Tecnológico
de Ação
Social,
2011/12.
18. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
18
Aluno Sérgio Tanque, na qualidade
de finalista da EBSPMA, na fase
final do seu projeto desenvolvido
no concelho da Ponta do Sol.
Dedicatória: Dedico este trabalho aos
meus pais, pelo carinho e por tudo o que
fazem por mim, dedico também à minha
diretora de turma professora Luzia
Abreu e ao meu diretor de curso e
orientador de estágio professor António
Pereira pela amizade que foi construída
ao longo de três anos e à minha
monitora e amiga Felisbela Abreu.
Uma dedicatória em especial a uma
pessoa amiga que me orientou e me
ajudou em algumas coisas na realização
deste trabalho.
Assinatura: Sérgio Tanque -2013/5/2, o
“teclista”, na primeira foto à direita.
Aluno Sérgio Tanque, na qualidade
de finalista da EBSPMA, na fase
final do seu projeto desenvolvido
no concelho da Ponta do Sol.
19. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
19
3. SABIA QUE (I) …
As maiores propriedades que os jesuítas possuíam na Madeira
ficavam na zona do Campanário, principalmente na Quinta Grande?
Em 1825 houve graves tumultos na freguesia do Campanário, por
motivos políticos, sendo que a força armada foi chamada a intervir?
Francisco Correia Herédia, o visconde da Ribeira Brava, nascido nesta
freguesia em 1852, integrou diversos movimentos políticos que
provocaram a queda da monarquia em Portugal, tendo tido um final
trágico: foi morto em Lisboa, em 1918, quando era levado para a
prisão com outros presos políticos?
Em 1924, na Ribeira Brava, as repartições públicas foram cercadas
por populares?
Em 1936 verificaram-se desacatos, por causa da criação da Junta de
Laticínios da Madeira e que os produtores de leite e pequenos
fabricantes de manteiga revoltaram-se contra o monopólio da
produção de leite?
Que além do visconde, houve outra personalidade que se destacou
pelos seus feitos: o padre Manuel Álvares?
O VISCONDE DA RIBEIRA BRAVA NO PARLAMENTO
FOTO: "OS TUMULTOS NA ÚLTIMA SESSÃO PARLAMENTAR, em 9 de setembro
de 1905: O Sr. Visconde da Ribeira Brava interpelando o presidente da Câmara
dos Deputados - O Sr. Visconde da Ribeira Brava pedindo a palavra - A agitação
na Câmara".
Fonte: ILUSTRAÇÃO PORTUGUESA, nº 98, de 18 de Setembro de 1905, p. 732
/http://arepublicano.blogspot.pt/2011/12/o-visconde-da-ribeira-brava-no.html
20. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
20
4. LITERATURA ORAL E TRADICIONAL (excertos)3
:
Em alguns casos, existem várias versões do mesmo texto, consoante as
recitações dos informantes.
Mas, em termos gerais, podemos considerar que as variações são mínimas,
como é o caso das da Donzela Guerreira, Bela Infanta e Nau Catrineta4
.
Cada registo escrito segue apenas a intuição natural subjacente às dimensões
fónicas e rítmicas das composições ora recitadas, ora cantadas pelos
informantes, pelo que a tendência normativa é atenuada nalguns casos,
principalmente no âmbito da pronominalização.
A escrita observância da norma prejudica a riqueza poética das sonoridades.
Por outro lado, as questões relacionados com a rima e a métrica não são
tomadas em linha de conta, prevalecendo a intuição e o empirismo:
3
Continua na próxima edição.
4
Ler alguns excertos na próxima edição. Nesta edição damos ênfase a “outros textos” por causa do tema de capa da
Descobrindo.
23. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
23
4.1. Contextualização dos textos sobre a Literatura Tradicional e Oral
A Gaivota de 6 de maio de 2000/Edição Especial
Apresentação: (…) O signatário, orientador de estágio pedagógico,
acompanhou os trabalhos de campo que tiveram lugar principalmente aos
domingos, dia da semana mais conveniente para os informantes, a partir de
janeiro de 1999/2000. Os emissores destes textos, reelaborados pela tradição
oral, são residentes no concelho da Rª. Brava, composto pelas freguesias da
Tabua, Serra de Água, Campanário e Rª. Brava. (…) Os sítios dos Zimbreiros e
Praia (Tabua), da Adega e de S. João (Campanário), o sítio da Laje (Serra de
Água), as Furnas, São Paulo e Espigão (Rª. Brava) foram os forneceram os
textos atuais, mas outros poderão ser recolhidos, pois o filão é grande neste
concelho.
(…) Curioso é o facto de termos encontrado alguns informantes que, para
recitarem ou cantarem as suas versões, preferem fazê-lo enquanto
bordavam, como foi o caso do emissor de uma das versões da “Nau
Catrineta” e de outras peças fixadas. Segundo Jacinto Prado Coelho, é a “Nau
Catrineta” um dos Romances mais antigos da tradição portuguesa e galega,
O exemplar desta Gaivota pertenceu ao
falecido José António Faria, ao qual
dedicamos as páginas 48 a 55, da
presente edição da Descobrindo,
conforme manuscrito à direita.
24. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
24
considerado mesmo “Os Lusíadas” da poesia popular. Julgamos ser peça rara
na região e também já moldada pela “censura” do tempo.
O corpus que agora é divulgado não é exaustivo. É o início de um trabalho que
está quase todo por fazer no concelho. As zonas periféricas da Rª. Brava são
ainda fecundas. Aconselha-se aos recolectores atuais a que persistam e deem
continuidade, com outros, à recolha de novas versões e variantes que hão de
enriquecer o Romantismo Regional, incluso no “pan-hispânico”, contribuirão,
certamente, para a divulgação da nossa terra. (Rafael Vieira)
Literatura Oral e Tradicional - manifestação do imaginário de uma cultura: A
Literatura Oral e Tradicional está viva. Prova disso é o interesse que, também
aqui, desta forma, se manifesta. Se tivermos o cudado de a estudarmos e
preservamos de uma forma englobante, numa perspetiva histórico-cultural,
etno-antropológica, linguística, literária e até musicológica, estaremos a
enriquecer o nosso património regional e nacional, quer ao nível das
tradições, que urge preservar, quer no campo da ciência, essencial à evolução
do conhecimento humano e a uma mais completa compreensão da nossa
existência. (Fernando Figueiredo)
Iniciativa: Clube de Rádio e Jornalismo da EBSPMA (João Carlos Gouveia, coadjuvado
por Ana Bela, José Domingos e José Manuel).
Título: Literatura Oral e Tradicional do Concelho da Rª. Brava
Editorial: (…) O Órgão de Gestão agradece, em particular, o apoio incondicional da
CMRB e, em geral, a todos os que se empenharam para dar asas à gaivota, para que,
em bando, levantasse voo.
Nota de Abertura: (…) O Vereador do Pelouro da Cultura da CMRB (António Neto):
Um bom presente de aniversário para o Município da Rª. Brava e para a EBSPMA. E
mais uma manifestação de que esta não está desligada do seu meio envolvente.
Estão todos de parabéns.
25. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
25
5. RECORTES DE IMPRENSA SOBRE A Rª.
BRAVA, ANOS 90. FONTE: JORNAL e
DIÁRIO DA MADEIRA.
26. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
26
Maio de 2003, no sítio dos Terreiros – Campanário: Agostinha
Fernandes, na altura com 65 anos de idade, quando questionada sobre
como era viver naquele sítio, respondeu: - Não havia luz mas agora já
há. O caminho existe desde 1998. Agora o que falta? Falta a
continuação da ligação viária até à freguesia do Jardim da Serra, no
Estreito de Câmara de Lobos. Se a ligação até ao Estreito fosse
construída o caminho até ao Funchal era mais curto e pagávamos
menos dinheiro.
Naquela altura não foi fácil criar os meus onze filhos. As compras eram
feitas de oito em oito dias, aproveitando a ida à missa. A mercearia
mais próxima ficava a duas horas de distância a pé. Não se comia pão.
Agora, em 2003, existe o carro que nos traz o pão, mas antes não era
assim.
Quando alguém adoecia, era transportado na rede e levado pelos
homens mais fortes ao longo da vereda até chegar ao Campanário,
quando não havia carro. O primeiro carro deste lugar foi adquirido por
um emigrante que teve de ir com a mulher a Jersey ganhar dinheiro…
27. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
27
À esquerda, a artesã Maria Dantas, residente, em maio de 2003, na Rª. Brava,
na altura já tinha realizado restauros, arte sacra, trabalhos com prata,
estanho, cobre, latão e alumínio e fazia bijutaria repleta de movimentos.
Fui descobrindo por mim mesma, disse-nos Celina Coelho, em dezembro de
2012 (à direita e na página seguinte).
28. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
28
CELINA COELHO, a autora
dos objetos cujas imagens
ilustram a presente página,
que vive no sítio da Boa
Morte. Em 2003 Já tinha
feito flores em pano,
cerâmica imperial, costura,
a pinhata (em espanhol:
piñata)5
, arranjos florais
secos e, já nessa altura,
recebia muitas
encomendas.
Quase tudo serve de
inspiração a Celina Coelho,
a artesã madeirense capaz
de transformar o que é
considerado lixo pelo
comum dos mortais em
arte. Para Celina, artista da
Ribeira Brava, tudo serve, desde as escamas e espinhas de peixe, às sementes
de abóbora, cascas de nozes, castanhas, milho em grão, sementes da anona.
5
¿Cuál es el significado de la piñata? Las piñatas tienen su origen en China: al inicio del año chino cada primavera, se llevaba a cabo una
ceremonia en la cual los chinos elaboraban con papel la figura de un animal, la cubrían con papeles de colores y le colgaban herramientas
agrícolas.
(…).http://www.arquideleon.org/formacion-cristiana/formacion-en-general/411-icual-es-el-significado-de-la-pinata-.html [Consultado a
2014/1/19]
29. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
29
6. O MUSEU
6.2. MUSEU ETNOGRÁFICO DA MADEIRA – ARTESANATO MODERNO:
EXPOSIÇÃO DE JOALHARIA, DE CATARINA OLIVAL
Texto: Lídia G. Ferreira (adaptado).
Imagens: Museu Etnográfico da Madeira
6.1. Museu
Etnográfico da
Madeira?
O acervo do
museu integra
uma coleção de
objetos que
abrangem varia-
dos aspetos
sociais, econó-
micos e culturais
do arquipélago
da Madeira,
sendo a
etnografia a área
temática da sua
vocação.
Tutela:
DRAC/Secretaria
Regional de
Cultura, Turismo e
Transportes.
Leia mais em:
http://www.imc-
ip.pt/pt-
PT/rpm/museus_rp
m/direc_regional_
madeira/ContentD
etail.aspx?id=1280
www.facebook.co
m/museuetnografi
co.damadeira
[2014/1/21].
30. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
30
Catarina Olival formou-se em Joalharia Contemporânea na Escola
Engenho e Arte do Porto e desenvolve atualmente trabalhos nessa
área. Em 2013 expôs no Museu Etnográfico da Madeira (Ribeira
Brava).
Foi a sua primeira exposição individual mas a artista tem participado
em vários eventos culturais. A sua coleção – “Olival Joias” – conjuga
duas paixões: a ilha da Madeira, representada nas flores e nos motivos
tradicionais, e a joalharia, arte utilizada para representar esses motivos
simbólicos que identificam o nosso arquipélago.
No Catálogo, gentilmente cedido pelo “Museu”, encontramos, entre
outros objetos, brincos (doiradinha, corriola), alfinete (doiradinha),
pulseira, anel, marcador de livros, pendente, colar (bordado Madeira).
As flores, os desenhos e pontos do Bordado Madeira, o barrete de
vilão ou o barrete de orelhas, a carapuça ou a bota chã são alguns
motivos de inspiração de Catarina Olival.
R. Brava,
2013:
Exposição
de Catarina
Olival
(à esq., no
início desta
página)
31. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
31
6.3. ARTESANATO TRADICIONAL: CONCEIÇÃO, A TECEDEIRA
Em 2013 a turma 12º A, de Ação Social, da
Escola Básica e Secundária Padre Manuel
Álvares, teve autorização para entrevistar a
tecedeira do Museu, Sra. Conceição.
Conceição Gonçalves Pereira é solteira e
vive nos Canhas. Tecedeira, trabalha no
Museu Etnográfico da Madeira, com a
categoria de assistente operacional, há 17
anos:
Quando os turistas vêm cá ao museu
fazem perguntas sobre as linhas, como
funciona o tear, onde vou buscar os
retalhos e perguntam o porquê do branco
e do preto. E esclareço tudo. Por exemplo,
o branco e o preto servem pra dar vida.
Muitos turistas ficam admirados com esta
esta arte e costumam tirar fotografias do
meu trabalho.
Comecei aos 3 anos com a ajuda da avó
que já estava nesta área. A ajuda da
minha mãe foi importante no gosto que
tenho por esta arte.
32. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
32
Enquanto a minha avó urdia, isto é, punha em
ordem os fios da teia, para fazer o tecido, eu
fazia as bonecas de pano (trapos) e, por vezes,
fugia de outras tarefas só para fazer bonecas.
Já fiz tapeçaria e o que dava mais trabalho
era passar uma linha de cada vez. Devido ao
facto de trabalhar há muitos anos nesta arte,
vou ouvindo cada vez menos. É por causa do
barulho destas peças todas quando estou a
trabalhar. Vou passando testemunho às
gerações mais novas, desde que mostrem
interesse. A minha irmã tem interesse em
prosseguir no ofício de tecedeira.
Curiosidades?
As pessoas antigamente só tomavam banho
quando chovia, colocavam baldes para
aproveitar as gotas de água, diziam que vinha
mais limpa que a da fonte.
Tipo de materiais no passado e agora?
São os mesmos, agora com mais tecidos; se
houver ausência de tecidos vou às lojas comprar. As pessoas eram
muito poupadas antigamente.
33. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
33
7. CAMPANÁRIO - A SEGUNDA FREGUESIA MAIS POPULOSA DO CONCELHO
Texto: Luís Drumond6
Fotografias: Diário de Notícias da Madeira/Redação/ Luís M. Fernandez7
,
O Campanário é a segunda
freguesia mais populosa do Concelho
de Ribeira Brava com 4131 habitantes
(censos de 2001), tendo uma área de
cerca de 12km2. A freguesia de
Campanário foi criada a 15 de Maio de
1515, derivando a sua denominação de
dois ilhéus com forma de torres de
igreja (campanários) então existentes
no mar em frente ao território desta
freguesia, dos quais resta apenas um
ilhéu, tendo sido o outro derrubado por
uma tempestade em 1798.
O Campanário pertence desde 1914 ao
concelho de Ribeira Brava, com a
criação do mesmo, no entanto antes
pertencera a Câmara de Lobos (1835-
1914) e ao Funchal (até 1835), tendo
abarcado até a data de 1848 o
território da freguesia de Quinta Grande. O Campanário tem como padroeiro
São Brás, tendo ganho notoriedade na história pela produção de cereais,
especialmente trigo, granjeando o nome de “Celeiro das conquistas” pela
importância que representava no abastecimento alimentar às tropas em
conquista no norte de África.
6
Com pequenas adaptações feitas por nós.
7
Veja-se mais suas pesquisas na página…
34. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
34
Novembro, mês das castanhas!
Ribeira Brava (Chão Boieiro, num chão de castanheiros na subida para a
Trompica, junto aos reservatórios de água), organizado pela Associação
Desportiva do Campanário.
Novembro é popularmente, conhecido pelo “mês das castanhas”, referência
em tempos muito usual nas zonas altas de Campanário, nomeadamente nos
sítios do Lugar da Serra e Terreiros.
É também nestas serras, onde existe um dos maiores soutos (plantação de
castanheiros) da Madeira, composto por muitas árvores centenárias, tendo
sido determinantes no passado, no modo de vida, alimentação e economia
doméstica das populações do Lugar da Serra e Terreiros.
Se o tempo alterou a importância económica dos castanheiros e das
castanhas na zona alta do Campanário, felizmente a paisagem desta grande
extensão de castanheiros permanece única, bela e diferente ao longo de todo
o ano.
Nas serras do Campanário também ganhou notoriedade um castanheiro
pelas dimensões que atingiu. No Elucidário Madeirense faz-se a seguinte
referência: “Em outras épocas houve muitos soutos nesta freguesia,
tornando-se muito conhecido de nacionais e estrangeiros um castanheiro de
agigantadas proporções, cuja gravura se acha reproduzida em muitas obras
que se ocupam da Madeira. Ficava no sítio da Achada e media 10 metros de
circunferência. Carcomido em parte por ação do tempo, tinha na base uma
35. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
35
abertura em forma de porta, que dava acesso a uma cavidade, que podia
contar algumas pessoas.”
Sendo o castanheiro uma árvore de folha caduca (que cai e se renova
ciclicamente), ao longo do ano, este vasto manto de castanheiros que cobre
as serras de Campanário de lés-a-lés, transforma-se nas suas cores, como se
tratasse de um camaleão. Os castanheiros despidos no inverno ganham vida
com o rebentar das tenras folhas verde-claras, adquirindo progressivamente
um tom cada vez mais escuro, salpicado na primavera pelo amarelo claro da
flor do castanheiro. À medida que o outono avança, as cores das folhas
transitam para os tons castanhos, avermelhados e amarelo velho,
regressando novamente ao ponto inicial do ciclo com a imagem destas
majestosas árvores despidas e expostas ao frio do Inverno.
Este é seguramente um lindo quadro para visitar, não num, mas em vários
passeios a pé, no mesmo local, mas sempre diferentes ao longo do ano.
Aventurem-se, valerá a pena!
Associação Desportiva do Campanário – Rª. Brava, 2014/3/7: Cerca de duas dezenas de utentes do
sexo feminino preparando-se para mais uma atividade regular desenvolvida pela Associação.
36. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
36
Cortejo especial
27 de setembro de 2013: de quinta para
sexta, a anteceder o arraial, realiza-se pela
manhã um cortejo singular com dezenas de
populares devotos transportando cestos às
costas cobertos de açucenas, com saída da
Quinta Grande até a capela do Bom
Despacho no Campanário......Intensa vivência tradicional.
Campanário, olhar o futuro com os olhos no passado
O Campanário é uma freguesia pertencente ao concelho de Ribeira Brava, na
Região Autónoma da Madeira. Tem uma área aproximada de 12 KM2
. Esta
freguesia até 1835 estava integrada no concelho do Funchal. Em 1835 foi
criado o Município de Câmara de Lobos que englobou o Campanário até 6 de
maio de 1914, data em que foi criado o concelho da Ribeira Brava.
É composta por 33 sítios: Achada, Adêga, Calçada, Carmo, Chamorra, Chapim,
Corujeira, Cova da Velha, Fajã dos Padres, Fajã Velha, Furnas e Amoreira,
Igreja, Jardim, Lapa e Massapez, Lombo do Romão, Longueira, Lugar da
Ribeira, Lugar da Serra, Palmeira, Pedra Nossa Senhora, Pedregal, Pinheiro,
Porta Nova, Porto da Ribeira, Quebrada, Roda e Massapez, Rodes, São João,
Serrado, Terreiros, Tranqual, Vigia e Voltas.
Leia e veja mais em: http://juntadefreguesiadecampanario.blogspot.pt/
[Acedido a 2014/2/22]
37. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
37
Construção pombalina8
no Campanário?
É verdade, caro leitor. Estas duas imagens
foram captadas por nós em janeiro de
2014 no interior do Campanário Centrum
Clube. Não há outro registo da existência
desta construção na Região Autónoma da
Madeira. Como se explica a existência de
tal tipo de construção pombalina, mais
concretamente a gaiola pombalina
sabendo que:
É conhecida pelo seu engenho e pela sua
adaptabilidade a movimentos devido à sua
elasticidade, conferindo resistência ao conjunto [FRANÇA, 1987].
A descrição técnica da gaiola é muito simples: a sua estrutura é formada por
uma malha ortogonal de frontais, por vigamentos de piso, por frechais e
contrafrechais, juntamente com uma estrutura colocada do lado exterior que
liga as paredes exteriores de alvenaria por peças de madeira (mãos).
A complexidade desta estrutura é responsável pelo travejamento que é a
chave do bom funcionamento sísmico destes edifícios [APPLETON 9, 2008].
Os frontais pombalinos, mais concretamente, são constituídos por elementos
de madeira verticais (prumos), horizontais (travessas) e diagonais (escoras)
8
1750 - 1777, período em que Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, exerceu o cargo
de primeiro-ministro português, sob nomeação de Dom José I.
38. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
38
que se cruzam formando elementos de Cruz de Santo André cujos espaços
são preenchidos por alvenaria9
.
(Continua na próxima edição)
Festa da Flor
9
TEIXEIRA, Maria João da Fonseca (2010), Reabilitação de edifícios pombalinos Análise experimental de
paredes de frontal; Instituto Superior Técnico; pág.21.
Participação da Freguesia de
Campanário em 2013, na
cidade de Funchal.
Festa da Flor, que ocorre na
primavera quando as flores
estão no seu melhor, é um
dos maiores atrativos tanto
para os turistas como para
os próprios madeirenses.
A confeção de tapetes de
rua é uma magnífica
manifestação de arte
popular.
Fotografias: de Rufino (na segunda imagem, de
cima para baixo e para a direita, em interação
com as floristas), num exclusivo para a
Descobrindo.
39. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
39
8. ESPIGÃO, FURNA, TABUA, SERRA DE ÁGUA
O Sítio do Espigão é um local pitoresco, os habitantes gostam de lá viver
apesar das precárias condições de vida.
Alguns emigraram e voltaram, conscientes que aquele é o local que querem
viver o resto de suas vidas.
“Homens, mulheres e crianças todos trabalhavam na agricultura, todos
gostavam de viver no Espigão”.
A agricultura era o meio de rendimento mais utilizado para garantir a
subsistência. São pessoas simples, simpáticas! As casas eram de pedra e teto
de colmo que persistem ao lado de outras com caraterísticas mais modernas.
No Espigão tudo segue a mesma rotina desde trabalhar na fazenda ao cuidar
do gado.
O Natal para as crianças que lá habitavam significa férias e mais tempo para
trabalharem nos campos para ajudarem os pais no rendimento da família.
“M
A
S
C
A
R
A
D
O
S”
Sítio da Furna – Rª Brava: Natal de 2012 e o reviver da antiga tradição
dos “Mascarados”.
40. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
40
Os jovens deste sítio, na atualidade, a nível do básico, estudam na
Escola Básica da Bica do Pau. Tem uma estrada que liga a Furna de
cima à Furna de baixo. Tem boas estradas, rede de abastecimento de
água e eletricidade. Os turistas têm, agora, oportunidade de descobrir
a Furna porque como diziam as autoridades em 2004 “A Furna está
mais urbana”.
Em 2012 um grupo de alunos, do 11º. Ano, da EBSPMA – Curso
Tecnológico de Ação Social visitou a Furna a fim de conhecer a
realidade social do sítio. Interagiu com as pessoas na rua e fez uma
breve visita ao Centro de Dia local. Nas páginas anteriores
desenvolvemos essa particularidade.
Os “Mascarados “da
Furna, 2013.
41. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
41
Tabua, 2014/2/19:
Tabua tem uma superfície de muitos quilómetros quadrados, com uma
população muito dispersa pelos vários sítios. A agricultura representa a sua
principal fonte de riqueza e as suas serras são muito procuradas na época da
caça.
Em época mais afastada a grafia desta palavra era atabua, como se vê em
muitos documentos antigos e no respetivo artigo paroquial. Foi a partir de
1938 que o padre António Francisco Drummond e Vasconcelos alterou a
forma primitiva do vocábulo, começando a escrever Tabua e lendo aos seus
sucessores até ao presente, adotando a nova ortografia. Antigamente havia
muita gente a fazer castanholas, até porque também existiam diversos
grupos de cantares, que predominavam na freguesia, não sendo raras as
vezes que vinham até ao Funchal.
42. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
42
Tabua – Ribeira Brava, 2014/3/10:
“Emília Melício partilhou o álbum de
Teresa do Carmo”.
Em 1914 criou-se o concelho da Ribeira Brava, ficou a freguesia da Tabua fazendo parte
dele tendo então sido desmembrada do concelho da Ponta do Sol. Parece que a origem
do nome desta paróquia se deve à existência de um vegetal que se chama tabua.
43. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
43
Serra de Água: O sítio foi criado há mais de três séculos.
A Serra de Água já foi terra de grandes arvoredos. A madeireira era rainha e
por ali haviam bastantes serras de água, que acabariam por dar o nome à
freguesia. Hoje os arvoredos são poucos. Os incêndios na época destruíram a
maior parte da floresta e muitas delas foram ocupadas por culturas
hortícolas. Árvores de frutas existem algumas, nomeadamente a nogueira e a
ameixeira.
O envelhecimento da população na Serra de Água é o maior problema, sendo
uma das freguesias que tem maior índice de envelhecimento, não só fruto da
emigração mas especialmente uma consequência do êxodo para outras
localidades como Ribeira Brava e Funchal.
44. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
44
Rª. Brava, 2013: a
Banda em diversas
atividades por todo o
concelho: concertos,
festas religiosas e
outras.
45. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
45
O Concelho da Ribeira Brava
completa mais um aniversário, em 6
de maio de 2013. A Banda
Municipal, uma vez mais, esteve nas
cerimónias.
46. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
46
A presença das bandas na sociedade
madeirense foi muito forte. Foi nas zonas
rurais que as bandas mais se evidenciaram no
desenvolvimento cultural das populações.
Eram, na grande maioria dos casos, a única
porta para o mundo da Arte e da Cultura e a
fonte sonora que reunia as pessoas da vila ou
da freguesia nas festas tradicionais que ao
longo do ano se realizavam.
Nestes espaços, onde a terra era dona dos
homens e os absorvia no trabalho e na vida
do dia-a-dia a banda era uma evasão para
todos aqueles que ao fim da tarde
procuravam na sala de ensaio um refúgio e
um sopro de liberdade para os desígnios e
vínculos da colonia.10
A sua principal atração é o cortejo de bandas
pelas ruas da cidade, cada grupo
representando o seu estilo de música. No
final todas as bandas reúnem-se frente à
igreja e tocam juntas um hino numa grande festa para animar os convidados
e o público interessado em geral.
10
Fonte: SARDINHA, Vítor e CAMACHO, Rui (2001, Rostos e Traços das Bandas Filarmónicas Madeirenses; Associação Musical e Cultural
Xarabanda/Direção Regional dos Assuntos Culturais; pág. 9 (adaptado). Continua na próxima edição. O contrato de colonia era um contrato
tendencialmente de longo prazo que tinha a particularidade de o senhorio o poder fazer cessar em qualquer momento com a condição de
mandar avaliar as benfeitorias e proceder ao seu pagamento. (Para saber mais sobre colonia, visite:
http://www4.fe.uc.pt/aphes31/papers/sessao_3d/benedita_camara_paper.pdf).
47. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
47
A Banda Municipal da Ribeira Brava nos anos 70, acompanhada pelo mestre
Tito Abílio da Silva, em primeiro plano, o sexto da esquerda para a direita.
Antigos presidentes da banda: José Manuel dos Santos Gonçalves (anos 70
até 1987); José Manuel Jesus Andrade (1987….), também músico executante
na banda. A lista dos mestres é mais extensa, sendo o mestre Cruz, natural da
R. Brava, o mais antigo, possivelmente desde 189511
.
9. 1. SABIA QUE (II) …
11
SARDINHA, Vítor e CAMACHO, Rui (2001), obra citada; pág. 47
48. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
48
A primeira notícia,
referente a uma atuação da
banda é datada de abril de
1875 e que a sua escritura de
sociedade só foi lavrada em
1877 e distratada12
em 6 de
julho de 1888?13
Uma notícia de 1895
referia-se a uma brilhante
novena de S. Bento mandada
celebrar pela Filarmónica da
Ribeira Brava, a qual tocaria
no arraial e que em 1907
esta banda era regida por
Francisco Faria?
As atuações desta
banda eram constantes nos
arraiais da Ribeira Brava e
que em 1909 o Santíssimo
Sacramento, festejado a 17
de julho, contou com a
presença da filarmónica da
localidade?
No dia 10 de julho de
1909 a celebração da festa
do Espírito Santo contou com
a presença da filarmónica e
que no mesmo ano a mesma
filarmónica atuou na festa de
Nossa Senhora da Ajuda na Serra de Água?
12
Tornar nulo (pacto ou tratado). = DESFAZER., in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa,
http://www.priberam.pt/dlpo/distratar [consultado em 24-02-2014].
13
O ano de 1889 foi o ano oficial da fundação.
Rª. Brava, 6 de maio de 1991: A Banda Municipal
celebrou 102 anos.
Fonte: DNM, 6/5/91, p. VII (especial)
49. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
49
Da obra de João Adriano Ribeiro em 1997, publicada pela Câmara Municipal
da Ponta do Sol – As Bandas da Ponta Do Sol, retiramos, da página 7, as
seguintes citações que nos ajudam a entender a importância deste tema:
Em 1850, surgiu a primeira banda civil na Madeira e entre 1870 e 1875, as
bandas multiplicaram-se pelo meio rural, e foram modificando certos
costumes considerados rudes.
Nos arraiais, salvo raras exceções, apenas o pífano e o tambor alegravam os
camponeses. Desde então, as festas passaram a ser mais atrativas e
participadas, graças às bandas regulares e organizadas… (Continua na próxima edição)
Mas voltemos à Banda da Ribeira Brava:
Fonte: Páginas 288 a 289
da obra Ribeira Brava, de
Ribeiro (1998) (adaptado)
50. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
50
No Caminho da Cruz, bem perto da Vila da R. Brava, encontramos
um antigo tocador de pratos14
. Numa banda ou orquestra, os
tocadores de pratos são o centro, segundo nos disse o Sr.
Leonardo, um dos vários tocadores de pratos que passou pela Banda. Para
chegarmos à sua casa, à pé, passamos por outros caminhos (ver imagens) e
vizinhas simpáticas, entre as quais as senhoras Maria e Arminda, na foto em
em cima. Foi o Leonardo que nos mostrou algumas casas já sem condições de
habitabilidade mas que “escondem” autênticos tesouros arquitétónicos. Na
parte final desta Secção dedicada à Banda Municipal, homenageamos o
falecido professor José António Faria (1954 – 2008), com o apoio da sua
viúva, a senhora Clara Fernandes Faria, moradora na Ribeira Brava.
14
Prato ou címbalo é o nome genérico atribuído a vários instrumentos musicais de percussão, construídos
a partir de uma liga de metal, geralmente, à base de bronze, cobre e/ou prata. Podem ser percutidos com
um par de bastões chamados de baquetas, ou golpeando-se cada um dos pratos contra o outro, deixando-
os depois vibrar livremente, ou ainda abafando a vibração imediatamente após o impacto, de acordo com
o efeito desejado: faz parte dos conjuntos instrumentais populares, as bandas e fanfarras. Originário,
provavelmente, da Mesopotâmia, in http://www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/especial/docs/200712-
dicionariomusica.pdf
.
51. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
51
Em 1996 a Banda Municipal da Rª. Brava era
constituída por 26 elementos, com idades
compreendidas entre os 11 e os 81 anos.
O Diretor Artístico - Mestre da Banda, era,
em 1996, José António Faria.
Clara Faria, viúva
do Maestro Faria,
em 18/3/ 2014.
52. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
52
Prof. Faria, em discurso direto: (…) Fiz seis marchas para a Banda Municipal
da Ribeira Brava. (…) Houve uma evolução na minha escrita musical. No
princípio era por intuição.
Letra: Anónima ribeirabravense.
Arranjo musical: José Faria
54. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
54
José António Faria (1954 -2008) – um dos ex-diretores
artísticos da Banda Municipal da R. Brava. As primeiras
fotografias referem-se à sua qualidade de professor da
EBSPMA em diversas atuações e ensaios com alunos
integrados no projeto “Bandinha”.
Prof. Faria, em discurso direto: O Sr. Raúl Serrão foi o
meu primeiro professor. É uma pessoa à qual devo
muito. Procurei sempre seguir a sua imagem até ganhar
a minha própria personalidade. A pessoa ganha o seu
estilo próprio sem desrespeitar aquilo que aprendeu.
Texto extraído da obra citada, p. 145. Fotografias de Clara Faria.
55. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
55
(Continua na próxima edição)
Prof. Faria, em discurso direto: A harmonia
aprendida no Conservatório, a matemática musical, tem os seus
limites. Só se consegue entrar no mundo da composição
quando, para além dessa matemática, começamos também a
desbobinar a nossa criatividade…
(Ver dedicatória ao Mestre Faria, na Gaivota de 2000 na página 23)
56. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
56
“Encontros Regionais de Bandas”, um evento anual criado para preservar o
importante património musical da Região Autónoma da Madeira (RAM)
Destaque já institucionalizado: Os Encontros Regionais de Bandas
Filarmónicas da Madeira, numa parceria entre a Direção Regional dos
Assuntos Culturais, Câmara Municipal da Ribeira Brava e Associação de
Bandas Filarmónicas da RAM.
Rª. Brava, 6 de maio de 2003: A Banda completou 114 anos.
Fonte: Jornal da Madeira, de 11/5/2003, pág. 25.
57. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
57
10. TRINTA E QUATRO ANOS DA CASA DO POVO
Na Ribeira Brava a
necessidade de divulgar as
múltiplas tradições de um
povo e de preservar a
cultura viva das gentes da terra, bem assim como proporcionar a locais
e visitantes uma verdadeira amostra representativa dos seus bailados,
cantigas e tradições, levaram à formação do Grupo Folclórico e Juvenil
da R. Brava a 26 de julho de 1980 que, desde 1989, passou a
denominar-se Grupo de Folclore da Casa do Povo da R. Brava15
.
Em março de 2014 visitamos parte das instalações. As taças, diplomas,
certificados e outros tipos de troféus são muitos:
Casa do Povo da Ribeira Brava situada na Rua Juvenal José Ferreira.
9350-203 Ribeira Brava.
15
Adaptado de uma investigação de Eleutério Corte, gentilmente cedida à Descobrindo.
Casa do Povo da Rª.
Brava, 6 de março de
2014: O Presidente da
mesma, acompanhado
pelas alunas Tânia Pita e
Catarina Garcês, do Curso
Tecnológico de Ação Social
da EBSPMA, 2013/14
Rª Brava,
28/6/1993-
Grupo das
marchas da
Casa do Povo
da Rª. Brava.
Original de
Clara Faria (a
quinta
marchante,
da esq. p/a
direita, de pé)
59. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
59
Visita à Casa do Povo, em
março de 2014, na
companhia das alunas Tânia
Pita e Catarina, do Curso
Tec. Ação Social. Os Srs.
Pereira e Renato fazem uma
demonstração dos seus
talentos na área de
acordeão/Concertina, de
modo a motivar os jovens
para a importância das
marchas populares.
60. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
60
A dedicatória foi obtida através do Sr. Luciano Canha (na foto à direita, na
pág. anterior), presidente das «Velhas Glórias» (de que Eusébio fazia parte),
que chegaram a pensar vir jogar à Ribeira Brava na inauguração do novo
campo e complexo desportivo. Esta vinda não foi concretizada (devido a
problemas de saúde do Sr. Canha). No entanto, o Sr. Luciano Canha enviou a
dedicatória ao CDRB através do Dr. João Gonçalves (que tinha conhecido em
Timor-Leste).
Filipe Corujeira, 2014/1/7
A data oficial da fundação do Clube Desportivo da Ribeira Brava é 18 de
outubro de 1961, dia da publicação da aprovação dos primeiros estatutos,
embora o clube já existisse muito antes.
À direita: Eusébio e Luciano Cunha, autor
da obra “Clube Desportivo da Ribeira Brava
– o clube e a sua terra”, 2008. Em cima:
Eusébio e Pelé em 1963. Eusébio foi um
futebolista português, nascido em
Moçambique. Falecimento: 2014, Lisboa.
Início de carreira: 1957. Fim de carreira:
1979. Prêmio: Bola de ouro.
Em baixo: Como eram as notas (dinheiro)
em 1942, data de nascimento de Eusébio.
11. DESPORTO
61. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
61
Desde o início da fundação do Concelho da Ribeira Brava, em 1914, o
visconde da Ribeira Brava, Francisco Correia Herédia, o principal
impulsionador da fundação do Concelho em 1914, promoveu diversas
atividades desportivas: torneios de espada, tiro ao alvo, jogos de futebol…
Bibliografia: Ribeiro, João (1998), Clube Desportivo da Ribeira Brava – O clube
e a sua terra (adaptado), Ribeira Brava: pág. 17, 37, 40, 42, 66, 68, 71, 78, 111
e 112.
“Pouco a pouco
começamos a perceber
que 1,50 euro, que
parece pouco dinheiro,
são 300 escudos…",
desabafaram-nos
alguns dos jogadores
mais antigos do
“Clube”.
62. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
62
Primeira equipa oficial do CDRB,
1962-1963. Da esquerda, no
primeiro plano, “Bacalhau”,
“Catrina”, “Bola de Meia”, Barros e
Ferreira; no segundo plano: Irineu,
Câncio, Freitas, Cândido, Carlos e
Martins.
Conjunto Académico João Paulo,
na década de 70: Este conjunto
musical, apesar de muito famoso
na época, chegou a atuar nas
antigas instalações do Clube
Desportivo da Ribeira Brava,
conforme o testemunho de alguns
dos nossos leitores mais velhos.
CDRB (Da
esquerda): Nelson
Martins, Arlindo
Faria, Luís Mendes e
Sidónio Nabo; equipa
de atletismo da
década de setenta;
equipa de
automobilismo da
década de oitenta,
cuja comissão
organizadora era
presidida por José
Luís Andrade
(médico).
63. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
63
Max esteve na Ribeira Brava a convite do CRB, em junho de 1960.
POMBA BRANCA - MAX
Pomba branca pomba branca
Já perdi o teu voar
Naquela terra distante
Toda coberta pelo mar
Pomba branca pomba branca
Já perdi o teu voar
Naquela terra distante
Toda coberta pelo mar
Fui criança e andei descalço
Porque a terra me aquecia…
Por Max e Vasco de Lima Couto. Maximiano de Sousa ou Max (1918 - 1980) foi um cantor
e fadista português, natural da Madeira. A ele se devem êxitos como Noites da Madeira, Bailinho da
Madeira, A Mula da Cooperativa…
No início da página seguinte, imagens captadas na rede social de Michel Vicente: Pedro Abreu,
Abrindo um parêntesis humorístico
(EBSPMA- Dez. 2013: Fotografia de uma
pomba que, voluntariamente,
permaneceu durante alguns minutos na
reprografia da EBSPMA, fazendo
“companhia” às funcionárias daquele
espaço: Manuela, Olga e Clarisse.)
64. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
64
David Simão, João
Martins, Rúben
Viveiros, Filipe Sousa,
Filipe Orlando Gomes,
Djonny Silva, Bruno
Nunes, Fábio Faria,
Pedro Nascimento,
Ronaldo Teixeira, Félix
Pereira e Ricardo
Marques.
20 de abril de 2012
(De Mário Pereira):
Basquetebol, nos
juvenis femininos,
masculinos e no futsal
nos Juniores femininos
e masculinos…nos
cinco primeiros
lugares...é muito!
Assina Prof. Sónia
Nóbrega.
Ainda nesta página,
fotografia de alunos
da EBSPMA na
qualidade de
Campeões Desporto
Escolar 2012/13 -
Basquetebol - Victor
Ferreira, Bernardo
Pestana, João Gomes,
Jimmy Fernandes,
Sónia Nóbrega,
Maurício Barros e
Camilo Fernandes.
Prof. Mário Pereira em
14 de abril de 2013…e
parabéns, também, às
equipas de futsal da
Ribeira Brava!
No canto inferior direito:
EBSPMA, dezembro de
2013: Clube de Xadrez.
65. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
65
Clube Desportivo Ribeira Brava (em cima) -
7/1/2014 - FUTSAL SÉNIOR 2013/2014: Délio
Martins, Marco Martinho, Erick Santos, William
David, Saúl Pestana, Ricardo Pestana, João Pedro
Correia, Samuel Pita, Manuel Abreu, Luís
Pestana e Diogo Pinto.
Dirigente responsável pela Secção: Marco Martinho;
Treinador: Vicente Câmara; Delegado: João;
Massagista: Norberto; Periodicidade dos treinos: duas
vezes por semana; Local: Campo Desportivo da Vila.
Integram a equipa: Ribeirabravenses, pessoas que
residem em São Vicente e outros naturais do
continente mas residem na Ribeira Brava,
profissionalmente ligados ao ensino e a outras áreas,
cujos filhos jogam também no “Ribeira Brava”.
LILIANA FERREIRA (CLUBE JUDO BRAVA) - Campeã Nacional, modalidade de
judo, sub-23, categoria +70kg. Considerando o excelente resultado
desportivo alcançado pela atleta do Clube Judo Brava, ao sagrar-se Campeã
Nacional, na modalidade de judo, sub-23, categoria +70kg, ao dignificar a
Região Autónoma da Madeira e o desporto regional, a Direção Regional de
Juventude e Desporto endereça à atleta, ao Clube, aos seus dirigentes e a
todos os responsáveis por este êxito, as melhores congratulações e uma
palavra de apreço e regozijo, desejando que continuem o bom trabalho e o
trilho de sucesso, em prol do desporto da RAM.
17-06-2013 - SRE / Direção Regional Juventude e Desporto
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(Continua na próxima edição)
CDRB. 1977/1978– Campeão da 2ª Divisão da Madeira -
Da esquerda, de pé: Sidónio, Vítor, Fernando, Manuel,
Luís, João, Fernando (o mesmo da foto à esquerda, com as
faixas de campeão bem nítidas), Câmara, Pedro, Vieira,
“Branco”. No primeiro plano, da esquerda: Santos, Zeca,
Venâncio, Armindo, Basílio, Galileu, Lino e Leonel. Festejos
por o “Ribeira Brava” ter sido, com muito mérito, o novo
campeão da segunda divisão regional, nos finais da
década de setenta.
67. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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12. ECONOMIA - SUCATA, AGRIÃO, CANA-DE-AÇÚCAR E MERCADO
12.1. A ribeira da Rª. Brava ajuda a minimizar a crise?
A recolha de ferro-velho é
altamente rentável e há quem
esteja a faturar acima de meio
milhão de euros por ano, lemos
na comunicação social
madeirense. Desconhecíamos,
contudo, que a ribeira da
Ribeira Brava, bem perto de
nós, trazia no seu leito sucata
suficiente para encher uma
carrinha.
Pois, em maio de 2013,
testemunhamos esta recolha
familiar de sucata junto do leito
da ribeira quase sem água por
ser verão. Confirmamos a
existência desta atividade
económica aqui na parte final
da nossa ribeira.
68. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
68
O que se ganha com a venda desta sucata ajuda para as despesas da família,
nesta altura da crise, disse-nos simpaticamente o pai aqui retratado.
Os restos de ferro na ribeira esgotam rapidamente e é preciso muita
imaginação e ferramentas adequadas - cordas, arame, ganchos e…muita
força nos braços e de vontade – para os localizar, juntar e meter dentro da
viatura, tendo, apenas, como “ajudante”, a filha menor, estudante.
As imagens são elucidativas pelo que dispensam mais palavras da nossa
parte.
Economicamente falando, o negócio é rentável para alguns porque o mesmo
gera lucros (resultados positivos).
O que testemunhamos não era furto e, pelo contrário, era um pequeno
contributo para a limpeza da ribeira, numa luta inconsolável para a
sobrevivência de uma família provavelmente vítima do desemprego.
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12.2. "Noite do
Mercado" atraiu na
Madeira centenas de
pessoas à R. Brava.
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Ribeira Brava,
Madeira, 22 dez
(Lusa) - O
concelho da
Ribeira Brava,
na ilha da
Madeira,
organizou no
sábado, pela
primeira vez, a
"Noite do
Mercado", uma
iniciativa de
promoção dos
produtos
regionais que
teve uma
adesão maior do
que a prevista.
O evento, organizado pela Câmara Municipal do concelho, foi uma
aposta nos produtos regionais madeirenses (veja-se a página anterior).
O vereador da Cultura da Câmara Municipal do concelho, Rui Gouveia,
afirmou à agência Lusa:
"Esta é a primeira experiência que temos na 'Noite do Mercado´
na Ribeira Brava. E é um sucesso, não só pelo número de
feirantes que foi ao evento, mas também pela adesão do
público, veio muita gente"16
.
16
Texto (adaptado) de http://expresso.sapo.pt/noite-do-mercado-atraiu-na-madeira-centenas-de-pessoas-a-
ribeira-brava=f847532#ixzz2tU9kZUXrnph [Acedido a 2014/2/16]. Imagem desta página: Luís Fernadez,
antigo aluno da EBSPMA e do Curso Tecnológico de Ação Social.
71. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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12.3. A recolha de agrião na ribeira na Fajã
Tradição e ciência: Além de saboroso em saladas e sopas, o agrião tem
benefícios nutricionais. Contém fósforo, iodo, ácido fólico, betacaroteno e
vitaminas A, C, B2 e PP. Tradicionalmente era usado como planta medicinal
pelas propriedades estimulantes, depurativas e diuréticas, e também como
complemento no tratamento da diabetes e da anemia. Em sumo com mel
fazia uma mezinha contra a bronquite e a tosse.17
Será por isso que a senhora aqui retratada, na Fajã da Ribeira Brava, em 3 de
novembro de 2013, se encontra concentrada a recolher agrião do rio ou
agrião de água?
12.4. Exemplo do trabalho do corte da cana na Rª. Brava
17
http://activa.sapo.pt/belezaesaude/saudenutricao/2013-07-12-os-beneficios-do-agriao. [Acedido a
2014/3/23].
Vale de Baixo (Rª. Brava), 2014/3/25: “Sim, bebe-se água quando se precisa”, disseram-nos o
Trindade (à esquerda) e o Agostinho.
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72
Por volta de 1440, Açores, Madeira e Cabo Verde tinham uma
produção de cana que abastecia não só a o Continente mas
ainda a Inglaterra, portos de Flandres e algumas cidades da
Itália.
No passado dia 25 de março fomos “descobrir”, no Vale-de-
baixo, na Ribeira Brava, uma atividade económica de corte de
cana, numa propriedade do Sr. Armindo Pestana. Os nossos
agradecimentos aos Srs. que estavam a trabalhar,
nomeadamente os senhores Armindo Agostinho,
Trindade…Aqui ficam as os nossos agradecimentos por nos
terem facilitado a recolha de imagens.
Para onde vai esta cana toda? A resposta dada pelos senhores
foi a seguinte: Ainda vai ser, depois de cortada e agrupada em
molhos, com base num cavalete, colocada num camião, com
destino à Fábrica de Mel de Cana do Ribeiro Seco. Este ano
está a ser muito bom. Não faltaram água e sol para dar boa
cana. Desta e de outra cana da Região, vai sair aguardente,
mel para fabricar bolos e broas.
Vale de Baixo (Rª. Brava),
2014/3/25: Um “bailado”?
Cada qual sabe o que deve
fazer, sem atropelos e as
caninhas para a próxima
colheita já começaram a
crescer, num constante
processo de renovação.
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73
13. QUARENTA ANOS DA EBSPMA – (PARTE I)
QUEM É QUEM?
Içando a bandeira página anterior, a atual
jornalista da SIC, Paula Castanho.
Como começou a sua carreira de jornalismo?
Costumo dizer que começou na escola. Quando
estava no 12.º ano, no Funchal, Madeira, estive
uma temporada no "Diário de Notícias". Mas desde miúda que me
interessava por este mundo e que queria muito fazer televisão. Acabei por
entrar na Universidade Nova de Lisboa e seguir esta área. Seguiu-se um
estágio na RTP, mas acabei por não ficar. Fui ainda colaboradora da Máxima e
trabalhei em duas agências de publicidade, o que foi muito positivo, uma vez
que comecei a perceber melhor o mundo empresarial. Antes do dia 6 de
outubro de 1992, dia da primeira transmissão da SIC, já estava em formação
nesta estação de televisão. Já lá vão 1918
anos ao serviço da SIC.
Mantém ligações ao Alentejo, nomeadamente a Aljustrel?
Sim, mantenho o contato. Saí do Alentejo com 12 anos e fui viver para o
Funchal. Regresso ao Alentejo sempre que posso. Tenho aí família e é a
minha terra. Sempre que me solicitam tenho gosto em colaborar e participar.
Ajudo sempre que me pedem e tenho muito gosto nisso. Como vivi muitos
anos no Funchal, quando me perguntam costumo dizer que sou alentejana e
madeirense.
18
Entrevista feita em 2011.
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75
13.1. De 1974, data da
fundação da Escola, a 2014:
Um pouco de retrospetiva
dos 40 anos de existência,
num exclusivo para a
Descobrindo…
De 1983 em diante.
Imagens: Arquivos da EBSPMA
76. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
76
Em 1983 foi assim. Em cima, na
cantina, a cozinheira, D. Isabel, mãe das
professoras Carmo, que leciona, agora,
na mesma escola e a professora Cristina
(Ponta do Sol), acompanhada pela
então professora de Matemática,
Celeste.
Como era o 6 de maio na década de 80?
Aquele dia era especial, a data mais esperada pelos alunos, porque podiam expor os seus
talentos e os melhores trabalhos desenvolvidos ao longo do ano letivo. Conviviam, brincavam.
A “missa campal” celebrava-se na escola…e os alunos não podiam faltar à missa. Vestiam as
melhores roupas que possuíam.”. Betty (funcionária dos livros de ponto).
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77
As comemorações do 6 de maio eram
diferentes e eram mais divertidas
comparando com a atualidade. Por
exemplo, havia partilha de comidas
feitas pela comunidade escolar
(alunos e professores). Além das
visitas de estudo havia o hábito de se
realizarem excursões.
Zélia (funcionária administrativa)
78. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
78
SABIA QUE (III)…
O 1º diretor da escola
chamava-se Francisco
Simões?
- É uma história muito
complicada, o ministério
da educação teve
dificuldade em arranjar
um diretor para a escola
da Ribeira Brava,”
Francisco Simões: deu o
seu tempo e energia à
nossa vila, pois muitos de
seus colegas tinham
habilitações para o cargo,
mas não queriam
abandonar a sua vida no
Funchal.
- Outra curiosidade:
Em 1973 haveria que
começar uma escola sem
que o edifício onde ela
deveria funcionar
estivesse sido construído.
79. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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Na última foto, à esquerda: Professoras Zé Ventura, Isabel Reis, Orlando Drumond,
jornalista do Diário de Notícias, a fazer a sua reportagem; professora Marília Andrade.
“Não me canso de repetir, porque passei por essa experiência: A comemoração do Dia da
Escola, o 6 de maio, era mais dinâmica, divertida; nesse dia era como se estivéssemos todos
em família”. Betty (funcionária dos livros de ponto).
80. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
80
EBSPMA, maio de 2004
De cima p/baixo, da
esq. p/a dir.: J. Miguel,
Manuel, Sra. Olga,
Celso, Maria Aurora*,
Liliana, prof. Olga
rodeada de alunos no
pátio da escola: “Clube
Cultivar Saúde”.
*Ver página seguinte
EBSPMA, maio de 2004: Nesta imagem, alunos
na fila por uma sopa gostosa acabada de fazer…
84. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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…Esta escola está parecida com um
campo de concentração. Só com algumas
alterações, pois num campo de
concentração podemos fumar e aqui não.
Os professores podem chegar atrasados,
os alunos não, pois espetam-nos logo
uma falta.
Nós não temos direito a falar, somos cães
dominados pelos donos.
Se fazemos o que gostamos somos
punidos pelos superiores.
Temos um campo de voleibol e não nos
dão bolas para jogarmos este desporto.
Somos manipulados. Afinal, em que raio
de democracia estamos?
Queremos ser ouvidos; queremos estar
num lugar onde possamos levar cultura
do meio. Não queremos aprender a ser
dominados para depois dominarmos os
outros. Queremos falar, queremos
mostrar o que aprendemos mas…aqui é
impossível.
Espero que isto mude.
Tony Pereira, 9º. E
85. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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“Gaivota” – Memórias, 6 de maio de 2004: D. Sílvia, a irreverência é
uma caraterística inerente aos jovens de todos os tempos. Na sua
altura, também fizeram atos reprováveis?
“Sílvia”19
”: Nessa altura, os alunos faziam as suas asneiras gostavam de
meter fósforos nas fechaduras, esconder as pastas dos colegas, deixar
os rolos de papel higiénico nas sanitas…Lembro-me, também, que um
aluno na fila do lanche atirou uma maçã a outro colega atingindo-o no
olho, ficando este bastante magoado. Ainda estavam os alunos à
frente da cantina, quando lá chegou a presidente do Conselho Diretivo,
deu-lhe um estalo e não houve mais conversa. Não houve necessidade
de participações, reuniões ou deliberações. O assunto resolveu-se ali!
19
Sílvia Doroteia foi responsável pelos Serviços Administrativos da escola até 2013. Está reformada há menos de um ano.
87. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
87
Alunos professores e outros profissionais, antigos e atuais, em diferentes
atividades, cada qual com a sua especificidade: Bênção das capas, concurso
de beleza, aulas, participação em peças de teatro, noite/dia de mercado,
“madrinha”…Todos são importantes!
Ano
letivo
2004/05
Inauguração dos trabalhos elaborados pelos alunos do
5º e 6º ano da nossa escola, em exposição até ao dia
05 de março de 2014, nas chegadas do aeroporto do
Funchal.
Assina: Prof. Feliz Pereira
88. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
88
EBSPMA, 2013 Comunidade
Educativa na inauguração do
projeto de final de três alunos do
Curso Tecnológico de Ação Social
2012/2013, turma 12º. B - Carla,
Fátima e Gomes - Um “produto”
que foi aplaudido pela maioria
dos utentes.
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89
13.2. FINALISTAS, JORNADAS, MODA E ESPETÁCULOS, 2013
A escola é um lugar para
aprender, crescer e amadurecer
Texto de Alda Almeida20
Nas escolas fazem-se amizades,
descobrem-se os primeiros amores e
amigos. A escola é, muitas vezes,
lugar de tristezas e sorrisos, onde se
desenha a vida e se projetam os
sonhos, se vivem certezas e temem-
se realidades.
20
Presidente do Conselho Executivo da EBSPMA.
Rª. Brava- Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares (EBSPMA),
novembro de 2013 – Festa dos alunos finalistas.
90. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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E é exatamente isso que a nossa escola tem
sido ao longo destes quarenta anos de
história. Para muitos, uma segunda casa, um
lugar de alegrias e aprendizagens, onde
muitos jovens passaram e passam a maior
parte dos seus dias. Um mundo de culturas e
de experiências que se confundem e
interlaçam com as letras, os números, a arte
ou até mesmo a música…
A escola é um pequeno mundo em
transformação…e, hoje, porque é uma data
muito especial para todos nós, uma vez que se
assinala mais um aniversário para a história
desta instituição, quero deixar uma pequena mensagem:
Os próximos tempos trazem alguns receios não só para nós enquanto
escola mas, principalmente, para muitos dos pais dos nossos alunos
aqui presentes. Todos juntos seremos capazes de superar angústias e
desmotivações, com esperança e coragem seremos capazes de
ultrapassar os momentos menos confortáveis que a maior parte está
a viver, mas é importante que todos continuem a acreditar na
formação e educação dos vossos filhos, porque a escola é a chave que
abre a porta do sucesso.
A vida é feita de ciclos e chegará o momento em que a maior parte de vocês
serão recompensados pelos esforços que têm vindo a fazer para manterem
os v/filhos a estudar. Por tudo isto, é preciso acreditar… é preciso vencer os
obstáculos…é preciso continuarem a lutar….Um bem-haja a todos vós!
92. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
92
A Biblioteca Municipal da Ribeira Brava e a
Escola Básica e Secundária Padre Manuel
Álvares promoveram, pela primeira vez, uma
Jornada Cultural. O evento decorreu entre os
dias 27 e 29 de novembro de 2013, na
Biblioteca Municipal.
A organização definiu os seguintes objetivos:
A participação em atividades pedagógicas e
culturais; a sensibilização dos alunos para a
importância da leitura e da escrita na
formação integral do individuo; promover uma
maior interligação e convívio na Comunidade
Educativa…
A
terminar
…
12º- A,
Ação
Social,
em
“TEC”
93. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
93
Rª. Brava, 2013: Mercado – local privilegiado para
venda e compra de artesanato (Sra. Bete e o Prof Élvio,
por exemplo). Bênção das capas: Algumas fotos para
mais tarde recordar, com a participação do Museu.
Muitas gaivotas já passaram por esta avenida, as melhores ficaram para
receber e aquecer o coração daquelas que as visitam. Prof. Cristina Silva, em 21/12/2013.
QUARENTA ANOS DA
EBSPMA – (PARTE II)
94. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
94
13.3. Rª. Brava, 6/5/1997: Um olhar sobre o passado
Por Francisco Simões21
A propósito da horta recordo um episódio difícil de que, provavelmente,
poucos se lembrarão. Quando começamos a produzir os primeiros morangos,
tomates, cenouras, etc, começamos a fazer sumos que depois eram
distribuídos pelos miúdos nos diversos pontos em que estavam a ter aulas.
Acontece que 40 dos 380 meninos que tínhamos na altura manifestaram uma
espécie de alergia (furúnculos?).
Lembro, com agrado, o velho Dr. Pais que, vendo-me entrar no seu
consultório com um desses meninos, me disse com o seu ar de respeito. O
senhor arranjou um sarilho. O senhor não sabe o que está a fazer. De facto eu
não sabia. O Dr. Pais explicou-me então: Estes meninos depois de deixarem de
mamar, comeram milho e batatas e você, de repente, quando eles têm 11, 12
anos, dá-lhes “bombas” de vitaminas… e, agora, é que são elas. A solução é
limpar-lhes os intestinos e depois é preciso uma coisa que não tenho: as
vitaminas necessárias para estabelecer uma plataforma de equilíbrio (…)
E, por isso, começamos a criar os nossos próprios animais para termos ovos,
carne, etc., de tal modo que passamos a ser quase auto-suficientes em
termos alimentares. Chegámos mesmo a produzir mais do que
necessitávamos. Começamos, por isso, o intercâmbio com a Escola
Industrial22
. Trocávamos produtos daqui por açucar, pão, manteiga e outras
coisas até que alguém se assustou e disse não querer nada com esta Escola
que deixava os miúdos andarem pela Vila e não tinha campainha (…).
(Continua na próxima edição)
21
Primeiro Diretor da EBSPMA. Fonte: Suplemento da Gaivota de 1997.
22
Atual Escola Secundária Francisco Franco (Funchal).
95. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
95
13.4. Lembro-me…23
Da alegria que senti ao saber que a Escola da Ribeira Brava abriria
nesse ano (73/74), pois disso dependia eu continuar ou não os meus
estudos. Eram finais de outubro. Tinha feito o 1º. ano no extinto
Externato S. Bento e ir estudar para o Funchal, na minha condição
familiar e económica, era impossível .
Das primeiras aulas. A turma subiu até ao Miradouro, acompanhada
do professor Simões, professor de desenho e diretor da escola, para,
aí, podermos observar e construir a planta da nossa escola – a planta
da vila da Ribeira Brava.
Das disputas entre as turmas para se conseguir a posse da sala.
Estavam a construir a escola, havendo apenas quatro salas prontas. A
sala pertencia à turma que primeiro chegasse à sala ou por decisão
dos professores em consonância com a atividade a desenvolver.
Das primeiras semanas de aulas. Não havia mesas nem cadeiras nas
poucas salas que já estavam prontas. Dentro ou fora da sala de aula
sentávamo-nos no chão, nas bermas dos caminhos ou levadas que
existiam na horta, ou num monte de madeiras usadas na construção,
cujos pregos aguardavam os alunos menos cautelosos. Cadernos
sobre os joelhos e lá íamos escrevendo os nossos apontamentos.
23
Professora Leontina Santos (Presidente do Conselho Executivo em 1998/1999), adaptado da Gaivota nº-
19, de 6 de maio de 1999; pág. 9.
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13.5. As conversas de Martinho Macedo…
I
Com Leontina Santos (2014/2/17)
O espírito de Fernão Capelo Gaivota
A Escola Básica Secundária Padre Manuel Álvares celebra 40 anos de
existência. Foi fundada, formalmente, no ano letivo de 1973/1974, tendo
como primeiro diretor o professor e escultor Francisco Simões. A propósito
do quadragésimo aniversário da Escola vou entrevistar a professora Leontina
Santos, discípula ativa do espírito precursor da instituição, inspirado na obra
de Richard Bach - Fernão Capelo Gaivota.
Entrevistador: Muito boa tarde, senhora professora. Vamos iniciar esta
entrevista recordando algumas experiências significativas que foram
Rª. Brava, 2013 – Jantar das “Gaivotas”, (da esquerda para a direita): Leontina, a
primeira no último plano e Camarata, a quinta, no segundo plano, num exclusivo para a revista
Descobrindo, dão o seu testemunho no ano em que se celebram os cem anos do concelho e
quarenta anos da EBSPMA.
97. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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compondo a sua biografia. Pode ser? Há quanto tempo abraçou o espírito de”
Fernão Capelo Gaivota”? Como foi a descoberta pela vocação do ensino?
Prof.ª Leontina: Boa tarde. O meu nome é Leontina Silva Santos e tenho
cinquenta e quatro anos. As qualificações académicas foram conquistadas de
forma gradual e com muita dedicação. Alcancei o grau de mestre na área da
Filosofia pela Universidade de Braga, extensão do Funchal. Em 1981, nesta
escola, iniciei a atividade docente, antes de possuir a formação universitária.
O percurso académico foi realizado a trabalhar e a estudar simultaneamente.
Quanto às experiências, elas são muitas e diversificadas. Umas são de ordem
privada e familiar, outras de ordem profissional. Inicialmente, no Ensino
Diurno, comecei pelo Segundo Ciclo, seguido do Terceiro Ciclo onde estive
menos tempo e, claro, a maior parte do tempo foi partilhado com os alunos
do nível Secundário. Também passei pela experiência dos vários programas
do Ensino Noturno nos diferentes níveis, desde o Ensino Recorrente até aos
atuais Cursos de Educação e Formação (CEF) e Cursos de Educação e
Formação de Adultos (EFA).
Ao longo destes anos desenvolvi várias atividades e desempenhei múltiplas
funções dentro da escola. Entre aquelas que mais interessam para este
momento, as de ordem profissional, são de realçar: o papel de animadora de
diferentes clubes, abrangendo o teatro, a natureza, aos projetos com as
crianças, por exemplo, A Filosofia para Crianças; o acompanhamento nas
saídas de Visitas de Estudo, dentro e fora da Região Autónoma da Madeira
(RAM); a lecionação enriquecedora nos diferentes níveis escolares; o facto de
ter sido Orientadora de Estágios; o desempenho da função de Coordenadora
dos Diretores de Turma e, em última instância, o momento em que fui
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Presidente da Escola durante dois anos. Tem sido um leque de experiências
que me deixa confortável em relação ao ensino porque muita coisa não é
nova e, ao mesmo tempo, uma atitude crítica em relação a muitas outras.
Entrevistador: Foi uma descoberta exigente mas recompensadora, assente
na dedicação e no espírito de missão. Em 1973/1974 emergiu a Escola Básica
e Secundária Padre Manuel Álvares e o professor escultor Francisco Simões
como primeiro Diretor. A professora Leontina conheceu esta personalidade?
Prof.ª Leontina: Evidentemente. Francisco Simões foi uma figura ímpar que
marcou todos os alunos, especialmente, os primeiros alunos que
frequentaram esta escola, por ter sido o impulsionador e o motivador para
que a escola funcionasse nesse ano, em 1973/1974.
Apesar da instituição não apresentar as melhores condições materiais, ele
achou oportuno começar desde logo as atividades letivas para evitar que a
escola perdesse muitos alunos. Eu seria uma daquelas que teria ficado sem a
escolaridade, na medida em que não tinha as condições para dar
continuidade aos estudos noutro local mais longínquo. Tendo consciência da
realidade precária das famílias e do fato de muitas crianças já terem iniciado
o primeiro ano ou terem feito a Telescola, logo sem condições para
continuarem, Francisco Simões decidiu abraçar este projeto e lançou-o de
uma forma inédita.
Em 1973/1974, antes de ocorrer a Revolução do 25 de Abril, podemos dizer
que o concelho de Ribeira Brava foi pioneiro, por desenvolver uma atitude de
liberdade, respeito, tolerância e diversidade que, olhando hoje, parece
inconcebível que se pudesse ter feito isso antes do 25 de abril, mas
aconteceu. Eu tive a felicidade de ter sido uma dessas alunas e de ter
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99
partilhado com Francisco Simões o espírito e a visão de Fernando Capelo
Gaivota. Nessa época era chamada de Leontina Gaivota, tal como todas as
outras colegas e, desse modo, foi injetado no espírito dos jovens o gosto, a
missão, o esforço e o trabalho, dentro e fora da escola, por um futuro
melhor. Acho fundamental que se voltasse a renovar e incentivar todos esses
valores nos nossos jovens.
Entrevistador: Deduzo das suas palavras a necessidade de reorientar os
jovens no caminho de uma liberdade mais dinâmica e responsável. Como
aluna desta escola, que olhar traz na memória dessa passagem? Como era o
clima escolar, as aulas, enfim, quais foram os traços mais salientes dessa
época?
Prof.ª Leontina: Isso mesmo. Ora, o que eu gostaria de referir,
essencialmente, era o gosto por aprender que animava todos os alunos que
frequentavam a escola. A escolaridade não era obrigatória, por isso os que cá
estavam eram aqueles que queriam, aqueles que insistiram com os
familiares, tal como eu que chorei e bradei para voltar para a escola e que,
assim, aproveitavam ao máximo tudo aquilo que a escola tinha para oferecer.
Também não havia a concorrência de outros meios para chegar determinado
tipo de informação. Efetivamente, a escola tinha um papel privilegiado nessa
época que presentemente não tem. Hoje ela tem fortes concorrentes,
sobretudo do mundo audiovisual.
Nesse tempo vivia-se verdadeiramente um espírito de gosto, de interesse e
de motivação por aprender. Tudo e todos tinham a aprender e a ensinar e
este foi o grande lema de Francisco Simões. Todos os colaboradores de cá de
dentro, desde o senhor João, o antigo agricultor que cuidava da horta, grande
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mestre e professor sem escolaridade, foi professor dos professores e de
todos os alunos. Essa motivação fez com que todos os alunos se
empenhassem em manter, em construir e criar a própria escola.
Começamos por ter quatro salas e cinco turmas. Uma turma ficava sempre ao
relento. Havia uma disputava entre as turmas para ver quem conquistava
primeiramente o espaço de cada sala. Nas primeiras semanas nem cadeiras
havia, apenas o teto e o abrigar do vento porque não havia imobiliário. Foi
uma alegria enorme os carros chegarem com cadeiras e mesas. Nós
ajudamos a descarregar o material e de seguida a montarmos as salas. São
dias e memórias inesquecíveis.
Depois, todo o percurso, dentro e fora da escola, motivado e muito
trabalhado pelo professor Francisco Simões, professor da disciplina de
desenho (hoje com a designação de EVT) que sempre nos ensinou e
incentivou a enquadrar o contexto social em que estávamos inseridos.
Lembro-me que uma das primeiras aulas foi subir até a zona do pico e, a
partir do miradouro, tivemos de desenhar a planta da vila da Ribeira Brava
porque ele defendia que a escola não podia estar desenraizada do seu meio.
Esta iniciativa invulgar foi uma experiência nova para essa época. E neste
espírito nasce o dia da Escola, o dia seis de maio, porque é o aniversário da
fundação do Concelho da Ribeira Brava.
Depois destas práticas surgiram tantos teóricos, pedagogos, livros e
ensinamentos que nos vêm dizer que a escola deve estar em sintonia com o
contexto social onde está inserida. Mas ele não dizia, fazia. E por essa razão
saímos vila abaixo: decoramos paredes e aconteceram aulas em qualquer
espaço, onde fossem possíveis as aprendizagens, quer sentados na esplanada
101. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
101
do café ou no adro da igreja, quer pintando as muralhas do mercado que as
pessoas mais conhecedoras bem se recordam. Apesar de já ter sido demolido
e restaurado, agora, o mercado já não apresenta qualquer vestígio dessas
pinturas. Foi assim que também se fez da vila a Escola, pois qualquer meio é
condição de possibilidade de aprendizagem. Quando Francisco Simões
regressou à Ribeira Brava, passados muitos anos, o professor ficou muito
chocado ao encontrar a escola rodeada por uma vedação enorme, o que
contraria, naturalmente, o espírito de escola como continuidade com o meio
social. Claro que as realidades são diferentes, a realidade social atual oferece
outros perigos aos adolescentes e outras motivações que levou à colocação
da cerca, mas, realmente, o espírito que se viveu na altura é qualquer coisa
que deixa uma saudade enorme.
Entrevistador: Pois, os agentes educativos é que fazem o espírito da escola
apesar das adversidades. Neste contexto, a Escola Básica e Secundária Padre
Manuel Álvares celebra, no dia 6 de maio de 2014, o seu quadragésimo
aniversário, como professora, qual é para si o significado desta data? Pode
referir algumas dificuldades e desafios da sua carreira profissional?
Prof.ª Leontina: Sou realmente uma pessoa apaixonada pela história desta
Escola e já o demonstrei em várias circunstâncias, nomeadamente quando
exerci a função de presidente. Nessa altura tentei agregar os antigos alunos
e, a partir de então, passámos a fazer do seis de maio a data do jantar das
antigas “Gaivotas”. Nesse primeiro encontro marcou presença o Francisco
Simões que se dignou vir à Madeira.
No ano seguinte fazíamos vinte e cinco anos da existência da Escola e foi
decidido assinalar essa data com um pequeno compêndio de algumas
102. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
102
memórias, com a colaboração de vários professores da altura e antigos
alunos. Foi possível, grande parte com a participação do professor escultor
Francisco Simões, compor um pequeno compêndio que realmente perdura
até aos nossos dias e, algumas vezes, utilizado como objeto para agraciar
quem nos visita. Fico um pouco desapontada por não ter havido mais
iniciativas para perpetuar a memória dos melhores ambientes escolares, os
verdadeiros ambientes escolares.
Nos anos posteriores seguiu-se a destruição de muitos vestígios que
marcavam e assinalavam os documentos vivos da história desta Escola. Hoje,
entra-se na nossa Escola e ela parece uma escola igual a todas as outras
porque se apagaram as pegadas, os elos e o espírito reinante nas primeiras
“Gaivotas”. Ainda resistem duas frases nas fachadas da entrada devido ao
esforço que fiz, há uns anos atrás, para que se mantivessem essas frases de
Fernão Capelo Gaivota24
. Sobrevive alguns pequenos vestígios como o nome
da Rua das Sombras e a Avenida das Gaivotas, mas a grande maioria das
pinturas desapareceram e, infelizmente, o novo protótipo da Escola até quer
apagar o nome Padre Manuel Álvares que, mais uma vez, visa suprimir os
vestígios da cultura de uma determinada realidade.
O Padre Manuel Álvares, filho ilustre desta terra, é uma grande figura da
Língua Portuguesa, comparável aos grandes escritores como Luís de Camões,
cuja obra se divulgou mundo além. E agora até se pretende ignorar
24
“Estão cegos? Não conseguirão ver? Não se aperceberão da glória que será quando aprendermos
realmente a voar? Não me interessa o que eles pensam. Mostrar-lhes-ei o que é voar.”
“Tu tens a liberdade de ser tu próprio, o teu verdadeiro eu, aqui e agora; nada se pode interpor no teu
caminho. Essa é a lei da Grande Gaivota, a lei que é.
- Queres dizer que posso voar?
- Quero dizer que és livre?” (Richard Bach, Fernão Capelo Gaivota).
103. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
103
semelhante feito, apagando o seu nome de uma instituição tão importante
numa comunidade como é a Escola. Para mim, o quadragésimo aniversário
deve ser assinalado com toda a pompa e circunstância, não só por respeito à
memória do passado mas, sobretudo, para reavivar determinados valores
que possam tocar, sensibilizar e voltar a despertar o gosto pela Escola.
Entrevistador: A Escola vive das suas referências, da sua história e identidade
próprias. No ano passado foi apresentado o projeto de uma nova escola
secundária. Parece que apenas os concelhos de Ribeira Brava e Porto Santo
foram os únicos que não renovaram as escolas secundárias. Qual é a sua
opinião sobre esta promessa?
Prof.ª Leontina: Ora, uma escola nova! Não sei se será uma escola nova ou
serão apenas paredes novas. Muitas vezes uma escola nova reporta-se
apenas a salas, mesas e cadeiras novas. Eu sonhava, sempre sonhei que a
Ribeira Brava voltaria a ser pioneira em termos escolares como já foi há
quarenta anos atrás, com uma “Escola Nova”. Fomos exemplo para os
pedagogos, fomos exemplo para os professores do ensino básico do
continente, mais do que para os da Madeira, infelizmente.
Fiquei um pouco dececionada por saber que a mudança passará pela
renovação das paredes. Vamos continuar com a mesma circunstância de que
existem disciplinas que vão ter de ser administradas, repetidamente, fora
daqui, caso da Educação Física, colocando os alunos em situações
desagradáveis como as situações de chuva e mau tempo, os perigos
rodoviários, entre outros. Além disso, ainda não conheço o interior deste
projeto, mas se se repetir o que tem vindo a acontecer com as últimas
104. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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construções escolares, esta será mais um copy e paste (copiar e colar) igual a
tantos outros, sem qualquer caraterística que a diferencie.
Gostaria que a minha escola tivesse capacidade para agregar os alunos num
só turno, que não houvesse dois turnos a funcionar porque isso nunca produz
bons efeitos. Não há medida nenhuma que o Ministério venha a
implementar, que vá dar o fruto pretendido nas condições em que nós
trabalhamos, numa escola a três turnos, onde a funcionária tem de controlar
os espaços e esgueirar-se, durante cinco minutos, para poder fazer a limpeza
ou poder arejar uma sala. Este é um dos vários problemas. A questão
essencial é que a escola deveria disponibilizar uma oferta diversificada aos
alunos e isso só é possível quando trabalhamos apenas num turno. Num
segundo turno, os alunos escolheriam entre as diversas atividades
extracurriculares aquelas que pretendiam frequentar sem qualquer tipo de
constrangimento.
O ideal seria conceber atividades para aqueles que têm mais limitações no
processo de aprendizagem e outras iniciativas mais exigentes para aqueles
que têm um ritmo de aprendizagem mais avançado. A Escola pode ser uma
fonte de enriquecimento dentro dessa natureza, permitindo, essencialmente,
que a equipa docente tivesse a possibilidade de ter momentos de trabalho
interdisciplinar, pois, só assim se obtém os verdadeiros frutos no ensino. Este
ensino compartimentado, esta dificuldade dos professores se reunirem e,
sempre que o fazem, tem de ser em horários pós-laborais, traduz, de facto, a
desmotivação e o prejuízo para a vida profissional de qualquer docente. Um
professor que entre na escola às oito, com aulas na parte da manhã e na
parte da tarde, e depois ainda tem uma reunião às dezanove ou às vinte
105. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
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horas, evidentemente que a sua motivação para trabalhar é nula, antes pelo
contrário, sente-se cansado e revoltado, como é óbvio. Assim, não vamos a
lugar nenhum.
Entrevistador: Muito interessante a sua visão da nova escola. Antes do
imóvel urge promover um diálogo alargado sobre as ideias quem devem
orientar a construção, a organização e a vida da Escola Secundária do
concelho. Agora, no papel de presidente da escola, tendo presente a sua
experiência, quais foram os aspetos mais relevantes?
Prof.ª Leontina: Muito bem, a minha passagem pela direção desta Escola não
foi uma experiência inédita, pois já tinha assumido funções no Conselho
Diretivo da Escola Básica da Ponta do Sol. Mas, no caso concreto destes dois
anos à frente desta Escola, o que mais me desagradou foi realmente o
excesso de burocracia.
Em muitos casos, o cargo de direção da escola cinge-se muito mais ao papel
de um funcionário a executar tarefas burocráticas do que propriamente a
assumir a função de direção, sobretudo nas circunstâncias em que a escola se
encontrava: superlotada, na altura com quase dois mil alunos, com
problemas disciplinares que se avizinhavam, desde então vividos com uma
certa gravidade. Uma das coisas em que me empenhei, com o apoio do
Conselho Pedagógico e outros meios, foi a implementação de um
Regulamento Interno onde pudesse travar essa escalada de indisciplina,
entretanto, barrado com a questão da legislação em termos gerais e com o
Estatuto do Estudante. Certas coisas não foram possíveis de desenvolver e
isso contrariou-me um pouco e desmotivou para continuar à frente da escola.
Contribuiu também uma grande razão que foi o meu envolvimento num
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outro projeto social, onde mais direta e facilmente consigo chegar às pessoas,
sem tanta interposição burocrática, como é o caso do ensino em Portugal.
Entrevistador: Portanto, a burocracia suga a energia vital das pessoas e das
instituições. Uma escola viva e social exige disciplina e desburocratização por
parte das direções. Rodando um pouco o ponteiro indagador, tem alguma
ideia sobre o novo modelo de avaliação da classe docente?
Prof.ª Leontina: Relativamente ao novo modelo, creio que é mais um
modelo. Modelos perfeitos de avaliação julgo que não existem, mas este é
mais um para preencher papel e mostrar à opinião pública que existe um
modelo de avaliação. Não me sinto confortável a tecer algumas críticas
porque também não tenho o modelo alternativo que me diga: deve ser desta
ou daquela maneira com clareza, com exatidão, objetivamente. No entanto,
penso que ele deveria ser sentido mais por dentro, que perpassasse o tecido
escolar, e não devesse ficar à mercê, exclusivamente, de um professor para
tecer a avaliação.
Nesse processo deveriam constar, antes de mais, os dados recolhidos em
Conselho de Turma, onde mais claramente se manifesta a dinâmica
pedagógica que um professor implementa dentro de uma sala com os seus
alunos, do que simplesmente uma avaliação assente num documento escrito,
em linguagem pedagógica e didática muito correta, mas que no fundo pouco
ou nada avalia. E assistir a uma ou duas aulas também poderá ser igual a
quase nada, comparativamente à avaliação consciente do trabalho complexo
do professor.
Talvez fosse mais exequível e rigorosa uma grelha onde o professor fosse
registando o seu processo de trabalho ao longo do ano com algumas metas,
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107
uma ferramenta não excessivamente pormenorizada nem burocrática. O
parecer deveria contemplar as informações dos outros colegas de grupo e
dos Conselhos de Turma, que resultaria numa avaliação feita por uma equipa
e não apenas a visão de uma pessoa. Acho que o modelo vigente, centrado
num só avaliador e apoiado num documento descritivo ou em duas aulas
assistidas deixa muito a desejar.
Entrevistador: Na realidade parece um modelo de avaliação demasiado
redutor, tanto na forma como no conteúdo. Avançando agora para o mundo
da política, segundo julgo saber, também teve uma breve passagem por esta
área da ação humana. Como agente política o que lhe apraz recordar sobre o
centenário do concelho de Ribeira Brava25
? Quais foram as transformações
mais marcantes e o que nos deve fazer correr?
Prof.ª Leontina: Como não consigo ficar parada, também fiz a experiência de
participar de outra forma na sociedade, embora a docência também seja uma
forma de contributo social. A política permite uma interferência mais direta
na realidade social. Ao longo de quatro anos, um mandato, participei como
vereadora, não a tempo inteiro, apenas com assento nas reuniões, mas que
me deu realmente uma noção de como é que funciona a máquina por detrás
daquilo que nós, munícipes, nos apercebemos da realidade. Não gostaria de
detalhar pormenores dessa fase para não ferir suscetibilidades. E não dei
continuidade por falta de perfil da minha pessoa para encaixar no sistema
como estava montado.
25
O Concelho de Ribeira Brava foi criado a 6 de maio de 1914, graças às iniciativas do visconde Francisco
Correia de Herédia (1852-1918).
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108
Mas, olhando para o 6 de maio, eu vivo-o muito mais como professora do
que como munícipe. O seis de maio é, efetivamente, o dia do concelho de
Ribeira Brava mas, o dia mais celebrado pela população, é o dia de São Pedro,
29 de junho, e podíamos dizer que mais de sessenta por cento dos
ribeirabravenses desconhece o que é que se celebra no dia de 6 de maio.
Para quem foi aluna e professora desta Escola, o seis de maio ganhou uma
força muito grande. Este entusiasmo vem provar, novamente, a atitude e a
perspetiva do professor Francisco Simões de que a Escola não vive de costas
viradas para a comunidade. Pelo contrário, transformou a vila da Ribeira
Brava, a dinâmica do município na dinâmica própria da Escola, convergindo
os dois polos na celebração da Nossa Festa. E aqui, mais uma vez, a Escola da
Ribeira Brava, foi precursora em instituir o 6 de maio como seu dia,
enquadrando-se nas raízes da comunidade onde está inserida. Foi assim que
o seis de maio entrou na minha vida de uma forma indelével.
Quanto ao centenário do concelho e às transformações ocorridas durante
este século, é claro que muita coisa aconteceu e não apenas nesta parte da
Ilha. Todas as transformações e melhorias de qualidade de vida que a
Madeira assistiu, essencialmente, após o 25 de Abril de 1974, e neste caso,
de forma particular no Concelho da Ribeira Brava, também se assiste a um
desenvolvimento pouco harmonioso. Desenvolveu-se ou centralizou-se a
atenção em determinados aspetos e negligenciou-se outros. Mas a sociedade
é um todo.
Eu concebo a sociedade como um ser vivo em que o desenvolvimento dos
membros faz-se em simultâneo e, a Ribeira Brava, poderíamos dizer, que em
termos culturais, ficou muito negligenciada, isto é, ficou muito pouco
109. Revista Descobrindo, Edição n.º 12
109
alimentada. Quem esteve à frente dos destinos deu mais comida a um filho
do que a outro e, assim, um desenvolveu-se mais do que outro. Agora, temos
uma realidade um pouco andrógena, com pernas e braços disformes, logo a
necessidade do reajustamento. A atualidade impõe limar algumas assimetrias
e valorizar todas as dimensões de uma sociedade. Essa valorização das
dimensões de uma sociedade, às vezes, não envolve grande investimento
financeiro. E em muitas situações, basta ter espírito aberto, recetividade, e
desenvolver a cooperação entre os munícipes. Existem muitas pequenas
coisas que fazem a diferença no desenvolvimento harmonioso de uma
comunidade.
Entrevistador: De facto, as decisões quando são demasiado estreitas
depauperam e atrofiam a realidade social. Penso que ainda tem algum tempo
para uma última pergunta. Outrora os jovens seguiam os exemplos dos mais
adultos, hoje a grande inspiração parece emanar de inúmeras fontes,
sobretudo as mais mediáticas. Ora, neste contexto, consegue indicar alguma
obra (livro, personalidade, filme) que possa servir de referência para a malta
mais jovem?
Prof.ª Leontina: Eu costumo mostrar aos meus alunos três grandes livros que
marcaram a minha formação. São livros pequenos, de fácil leitura e acessíveis
a qualquer pessoa. Um deles inevitavelmente é o Fernão Capelo Gaivota de
Richard Bach.
Foi o primeiro grande livro que me marcou e que contribuiu imenso para a
minha personalidade: o não ficar quieta à espera que as coisas aconteçam é o
espírito do Fernão Capelo Gaivota. Acho que ele deveria ser fortemente
incentivado, divulgado e trabalhado nas escolas por que vem muito de