SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 7
Paulina Chiziane
Paulina Chiziane
Paulina Chiziane (Manjacaze, Gaza, 4 de Junho 1955) é uma escritora moçambicana.
Paulina Chiziane cresceu nos subúrbios da cidade de Maputo, anteriormente chamada
Lourenço Marques. Nasceu numa família protestante onde se falavam as línguas Chope e
Ronga. Aprendeu a língua portuguesa na escola de uma missão católica. Começou os
estudos de Linguística na Universidade Eduardo Mondlane sem, porém, ter concluído o
curso. Participou activamente à cena política de Moçambique como membro da Frelimo
(Frente de Libertação de Moçambique), na qual militou durante a juventude.[1]
A escritora
declarou, numa entrevista, ter apreendido a arte da militância na Frelimo. Deixou,
todavia, de se envolver na política para se dedicar à escrita e publicação das suas obras.
Entre as razões da sua escolha estava a desilusão com as directivas políticas do partido
Frelimo pós-independência, sobretudo em termos de políticas filo-ocidentais e
ambivalências ideológicas internas do partido, quer pelo que diz respeito às políticas de
mono e poligamia, quer pelas posições de economia política marxista-leninista, ou ainda
pelo que via como suas hipocrisias em relação à liberdade económica da mulher.
Iniciou a sua actividade literária em 1984, com contos publicados na imprensa
moçambicana. Com o seu primeiro livro, Balada de Amor ao Vento, editado em 1990,
tornou-se a primeira mulher moçambicana a publicar um romance.
Paulina vive e trabalha na Zambézia.
Índice
[esconder]
• 1 Obras
• 2 Prémios
• 3 Referências
• 4 Bibliografia
• 5 Ligações externas
Obras
• Balada de Amor ao Vento:
o 1.ª edição, 1990.
o Lisboa, Caminho, 2003. ISBN 9789722115575.
• Ventos do Apocalipse:
o Maputo, edição do autor, 1993.
o Lisboa, Caminho, 1999. ISBN 9789722112628.
• O Sétimo Juramento. Lisboa, Caminho, 2000. ISBN 9789722113298.
• Niketche: Uma História de Poligamia:
o Lisboa, Caminho, 2002. ISBN 9789722114769.
o Maputo, Ndjira, 2009, 6ª edição, ISBN 9789024796281.
• O Alegre Canto da Perdiz. Lisboa, Caminho, 2008. ISBN 9789722119764.
Prémios
• Prémio José Craveirinha de 2003, pela obra Niketche: Uma História de
Poligamia
Referências
1. ↑ The Whip of Love: Decolonising the Imposition of Authority in Paulina
Chiziane’s Niketche: Uma História de Poligamia
Bibliografia
• Contracapa da obra Balada de Amor ao Vento.
• Biblioteca Nacional de Portugal, Porbase.
Paulina Chiziane
A escritora moçambicana Paulina Chiziane nasceu a 4 de
Junho de 1955, em Manjacaze, província de Gaza, e cresceu nos subúrbios da cidade de
Maputo onde fez os seus estudos. Frequentou o curso de Linguística na Universidade
Eduardo Mondlane sem ter, porém, concluído. Iniciou a sua actividade literária em 1984,
publicando contos na imprensa moçambicana.
Contadora de histórias, arte que aprendeu com a sua avó.
Paulina convida-nos à cumplicidade de histórias que versam sobre as vivências de tempos
difíceis, a esperança, o amor, a mulher e África. O debate entre a tradição e a
modernidade que a autora soube transferir da oralidade para o papel.
A sua colaboração com a Cruz Vermelha de Moçambique, contribuiu para uma
aproximação mais concreta à realidade vivida no país, o que também se reflecte na sua
escrita.
Com o seu primeiro livro, Balada de Amor ao Vento, editado pela autora em 1990,
tornou-se a primeira mulher moçambicana a publicar um romance. Ventos do Apocalipse
(1993), O Sétimo Juramento (2000) e Niketche: Uma História de Poligamia (2002), O
Alegre Canto da Perdiz (2008) são romances da autora.
Nos últimos anos Paulina viveu e trabalhou na Zambézia. Actualmente tem colaborado
com diversas organizações em diferentes províncias de Moçambique e no estrangeiro.
Ei-la:
Dizem que eu sou romancista e que fui a primeira mulher
moçambicana a escrever um romnce Balada do Amor ao Vento, 1990,
mas eu afirmo: sou contadora de estótias e não romancista. Escrevo
livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me
nos contos a volta da foguieira, minha primeira escola de arte.
OBRAS EDITADAS
_______________________________________________________
Balada de Amor ao Vento
1.ª Edição, 1990. Maputo, Ndjira 2003.
Esta obra retrata, desde a juventude à idade madura, o cenário em que a Sarnau e o
Mwando, protagonistas desta eloquente estória de amor, percorrem os dias, os meses, os
anos, os encontros e os desencontros, a dolorosa separação, o desespero, o sofrimento, a
alegria, as lágrimas e os sorrisos, numa atmósfera que nos envolve e, nos comove.
«Tu foste para mim vida, angústia, pesadelo. Cantei para ti baladas de amor ao vento.
Eras para mim o mar e eu o teu sal. No abismo, não encontrei a tua mão.»
Mas haverá um reencontro? Serão Sarnau e Mwando capazes de apagar um tão longo e
trágico passado? Existirá ainda para eles um futuro a partilhar?
Voltarás a conseguir esboçar no rosto o teu lindo sorriso, há muito perdido no tempo?
Abrirás enfim os braços para neles abrigares o amor? Ouvirás a melodia que o vento
espalha no universo?
Adaptado da contracapa.
______________________________________________________
Ventos do Apocalipse
Edição do autor, 1993; edição da Caminho, 1999.
1.ª edição da Ndjira, 2006.
Guerra, destruição, miséria, sofrimento, humilhação, ódio, superstição, morte. Este é o
cenário dantesco, boscheano, que encontramos nas páginas deste romance. A escritora
consegue levar-nos ao âmago do mais baixo dos mais baixos degraus de degradação do
ser humano.
Paulina Chiziane consegue levar-nos ao âmago do mais baixo dos mais baixos degraus de
degradação do ser humano. Com ela percorremos as vinte e uma noites de pesadelo e
tormentos que foi o êxodo dos sobreviventes de uma aldeia.
«Se o homem é a imagem de Deus, então Deus é um refugiado de guerra, magro e com o
ventre farto de fome. Deus tem este nosso aspecto nojento, tem a cor negra da lama e
não toma banho à semelhança de nós outros, condenados da terra. O Diabo, sim, esse
deve ser um janota que segura os freios da vida dos homens que sucumbem.»
___________________________________________________
O Sétimo Juramento
Maputo, 1.ª edição, 2000; 4.ª edição, 2009; Ndjira.
A perplexidade de David vai-se tornando nossa, à medida que mergulhamos no mundo
fantástico que Paulina Chiziane nos oferece. Um mundo de feitiços e tabús, de mágia
negra e fantasia, de sonhos e de pesadelos, de luz e de trevas. Um mundo de contrastes e
contradições, em que as forças do bem e do mal travam uma luta contínua e titânica.
«A vida é como a água, nunca esquece o seu caminho.
A água vai para o céu mas volta a cair na terra.
Vai para o subterrâneo mas volta á superficie.
A vida é um eterno ir e voltar. O corpo é apenas uma carcaça onde a alma constrói a
sua morada...»
______________________________________________________
Niketche
Uma História de Poligamia
Maputo, 1.ª edição, 2002; 6.ª edição, 2009; Ndjira
Casada com Tony há vinte anos, Rami descobre que o marido tem várias mulheres em
outras regiões de Moçambique.
O seu casamento, de «papel passado» e aliança no dedo, resume-se afinal a um irónico
drama de que ela é apenas uma das personagens. Numa procura febril, Rami obriga-se a
conhecer «as outras». O seu marido é um polígamo!
Na via dolorosa que então começa, séculos de tradição e de costumes, a crueldade da vida
e as diferenças abissais de cultura entre o norte e o sul da terra que é sua, esmagam-na. E
só a sabedoria infinita que o sofrimento provoca lhe vai apontando o rumo num labirinto
de emoções, de revelações, de contradições e perigosas ambiguidades.
Niketche, é uma dança de amor e erotismo, é um espelho em que nos vemos e revemos,
mas no qual, seguramente, só alguns de nós admitirão reflectir-se.
_______________________________________________________
O Alegre Canto da Perdiz
Maputo, Ndjira, 1.ª edição, 2008.
Delfina é uma mulher bonita, «uma negra daquelas que os brancos gostam». A história de
vida desta Delfina, «dos contrates, dos conflitos, das confusões e contradições», é a
história da mulher africana, a história da apocalíptica perda do sonho. Esta mulher
debate-se entre «escolher o caminho do sofrimento», o amor que sente por José dos
Montes, e eliminar a sua raça para ganhar a liberdade», procurando o homem branco que
lhe dará o alimento e o conforto que deseja. Mas o que é o amor para a mulher negra? Na
terra onde as mulheres se casam por encomenda na adolescência? O problema arrasta-se
ao longo do livro, aparentemente sem solução: «viver em dois mundos é o mesmo que
viver em dois corpos, não se pode. Tu és negra, jamais serás branca». Mesmo assim a
mulher negra «procura um filho mulato, para aliviar o negro da sua pele como quem
alivia as roupas de luto».O sufoco das palavras outrora silenciadas, a valentia e a
frontalidade gritam alto nos romances de Paulina Chiziane. Neste diálogo consigo
própria, a conhecida escritora moçambicana, mistura imaginação, fantástico, misticismo,
num retrato poderoso e peculiar da sociedade e da mulher africanas.
__________________________________________________
PRÉMIOS
Prémio José Craveirinha de 2003, pela obra romance Niketche.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

1ª série Ensino Médio - POSITIVO - Literatura - Unidade 1
1ª série Ensino Médio - POSITIVO - Literatura - Unidade 1 1ª série Ensino Médio - POSITIVO - Literatura - Unidade 1
1ª série Ensino Médio - POSITIVO - Literatura - Unidade 1 Faell Vasconcelos
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismoterceirob
 
LÍNGUA PORTUGUESA | SEMANA 33 | 3ª SÉRIE | GÊNEROS TEXTUAIS E SUAS FINALIDADES
LÍNGUA PORTUGUESA | SEMANA 33 | 3ª SÉRIE | GÊNEROS TEXTUAIS E SUAS FINALIDADESLÍNGUA PORTUGUESA | SEMANA 33 | 3ª SÉRIE | GÊNEROS TEXTUAIS E SUAS FINALIDADES
LÍNGUA PORTUGUESA | SEMANA 33 | 3ª SÉRIE | GÊNEROS TEXTUAIS E SUAS FINALIDADESJhonatanCesar6
 
Diferenças entre texto dissertativo argumentativo e artigo de opinião
Diferenças entre texto dissertativo argumentativo e artigo de opiniãoDiferenças entre texto dissertativo argumentativo e artigo de opinião
Diferenças entre texto dissertativo argumentativo e artigo de opiniãoElaine Maia
 
Literaturas Africanas de Língua Portuguesa
Literaturas Africanas de Língua PortuguesaLiteraturas Africanas de Língua Portuguesa
Literaturas Africanas de Língua PortuguesaJirede Abisai
 
Linguagem objetiva e subjetiva
Linguagem objetiva e subjetivaLinguagem objetiva e subjetiva
Linguagem objetiva e subjetivaValdeci Lopes
 
Literatura no ENEM
Literatura no ENEMLiteratura no ENEM
Literatura no ENEMYasmin Matos
 
O Modernismo em Portugal - Movimento Literário
O Modernismo em Portugal - Movimento LiterárioO Modernismo em Portugal - Movimento Literário
O Modernismo em Portugal - Movimento LiterárioCeber Alves
 
Analise sobre o poema ''Poética'' de Manuel Bandeira
Analise sobre o poema ''Poética'' de Manuel BandeiraAnalise sobre o poema ''Poética'' de Manuel Bandeira
Analise sobre o poema ''Poética'' de Manuel BandeiraMayara Maia
 
Simbolismo no brasil
Simbolismo no brasilSimbolismo no brasil
Simbolismo no brasilDon Veneziani
 
Romantismo no Brasil
Romantismo no BrasilRomantismo no Brasil
Romantismo no BrasilCrisBiagio
 
Competências avaliadas na redação do ENEM
Competências avaliadas na redação do ENEMCompetências avaliadas na redação do ENEM
Competências avaliadas na redação do ENEMma.no.el.ne.ves
 
O gênero textual entrevista
O gênero textual   entrevistaO gênero textual   entrevista
O gênero textual entrevistaRenally Arruda
 

Mais procurados (20)

1ª série Ensino Médio - POSITIVO - Literatura - Unidade 1
1ª série Ensino Médio - POSITIVO - Literatura - Unidade 1 1ª série Ensino Médio - POSITIVO - Literatura - Unidade 1
1ª série Ensino Médio - POSITIVO - Literatura - Unidade 1
 
Pré modernismo
Pré modernismoPré modernismo
Pré modernismo
 
Apresentacao literatura africana
Apresentacao literatura africanaApresentacao literatura africana
Apresentacao literatura africana
 
LÍNGUA PORTUGUESA | SEMANA 33 | 3ª SÉRIE | GÊNEROS TEXTUAIS E SUAS FINALIDADES
LÍNGUA PORTUGUESA | SEMANA 33 | 3ª SÉRIE | GÊNEROS TEXTUAIS E SUAS FINALIDADESLÍNGUA PORTUGUESA | SEMANA 33 | 3ª SÉRIE | GÊNEROS TEXTUAIS E SUAS FINALIDADES
LÍNGUA PORTUGUESA | SEMANA 33 | 3ª SÉRIE | GÊNEROS TEXTUAIS E SUAS FINALIDADES
 
Diferenças entre texto dissertativo argumentativo e artigo de opinião
Diferenças entre texto dissertativo argumentativo e artigo de opiniãoDiferenças entre texto dissertativo argumentativo e artigo de opinião
Diferenças entre texto dissertativo argumentativo e artigo de opinião
 
Literaturas Africanas de Língua Portuguesa
Literaturas Africanas de Língua PortuguesaLiteraturas Africanas de Língua Portuguesa
Literaturas Africanas de Língua Portuguesa
 
A hora da estrela
A hora da estrelaA hora da estrela
A hora da estrela
 
Linguagem objetiva e subjetiva
Linguagem objetiva e subjetivaLinguagem objetiva e subjetiva
Linguagem objetiva e subjetiva
 
Aulas Redação: Competência 4
Aulas Redação: Competência 4Aulas Redação: Competência 4
Aulas Redação: Competência 4
 
Literatura no ENEM
Literatura no ENEMLiteratura no ENEM
Literatura no ENEM
 
Gêneros Textuais.ppt
Gêneros Textuais.pptGêneros Textuais.ppt
Gêneros Textuais.ppt
 
O Modernismo em Portugal - Movimento Literário
O Modernismo em Portugal - Movimento LiterárioO Modernismo em Portugal - Movimento Literário
O Modernismo em Portugal - Movimento Literário
 
Analise sobre o poema ''Poética'' de Manuel Bandeira
Analise sobre o poema ''Poética'' de Manuel BandeiraAnalise sobre o poema ''Poética'' de Manuel Bandeira
Analise sobre o poema ''Poética'' de Manuel Bandeira
 
Simbolismo no brasil
Simbolismo no brasilSimbolismo no brasil
Simbolismo no brasil
 
Segunda geração do modernismo
Segunda geração do modernismoSegunda geração do modernismo
Segunda geração do modernismo
 
Romantismo no Brasil
Romantismo no BrasilRomantismo no Brasil
Romantismo no Brasil
 
Competências avaliadas na redação do ENEM
Competências avaliadas na redação do ENEMCompetências avaliadas na redação do ENEM
Competências avaliadas na redação do ENEM
 
Realismo no brasil
Realismo no brasilRealismo no brasil
Realismo no brasil
 
O gênero textual entrevista
O gênero textual   entrevistaO gênero textual   entrevista
O gênero textual entrevista
 
Modernismo em Portugal
Modernismo em PortugalModernismo em Portugal
Modernismo em Portugal
 

Semelhante a Paulina chiziane

Semelhante a Paulina chiziane (20)

Literaturas africanas contemporâneas: o texto lendo o contexto.
Literaturas africanas contemporâneas: o texto lendo o contexto.Literaturas africanas contemporâneas: o texto lendo o contexto.
Literaturas africanas contemporâneas: o texto lendo o contexto.
 
Principais obras de Mia couto
Principais obras de Mia couto   Principais obras de Mia couto
Principais obras de Mia couto
 
Obras de Mia couto
Obras de Mia couto  Obras de Mia couto
Obras de Mia couto
 
O ralidade e linguagem poetica em josé craveirinha
O ralidade e linguagem poetica em josé craveirinhaO ralidade e linguagem poetica em josé craveirinha
O ralidade e linguagem poetica em josé craveirinha
 
Antologia poética
Antologia poéticaAntologia poética
Antologia poética
 
José Craveirinha
José CraveirinhaJosé Craveirinha
José Craveirinha
 
Poesia do século XX- 4
Poesia do século XX- 4Poesia do século XX- 4
Poesia do século XX- 4
 
Adélia Prado
Adélia PradoAdélia Prado
Adélia Prado
 
Sinopses livros janeiro
Sinopses livros janeiroSinopses livros janeiro
Sinopses livros janeiro
 
Mar Me Quer Resumo E Personagens
Mar Me Quer   Resumo E PersonagensMar Me Quer   Resumo E Personagens
Mar Me Quer Resumo E Personagens
 
Moçambique
MoçambiqueMoçambique
Moçambique
 
Lacos de-familia
Lacos de-familiaLacos de-familia
Lacos de-familia
 
O Rio de Vinicius de Moraes
O Rio de Vinicius de MoraesO Rio de Vinicius de Moraes
O Rio de Vinicius de Moraes
 
O riode vinicius
O riode viniciusO riode vinicius
O riode vinicius
 
2º momento modernista poema
2º momento modernista   poema2º momento modernista   poema
2º momento modernista poema
 
Modernismo 2ª fase (Poesia)
Modernismo  2ª fase (Poesia)Modernismo  2ª fase (Poesia)
Modernismo 2ª fase (Poesia)
 
Lygia Fagundes Telles
Lygia Fagundes TellesLygia Fagundes Telles
Lygia Fagundes Telles
 
Resumo lacos-de-familia
Resumo lacos-de-familiaResumo lacos-de-familia
Resumo lacos-de-familia
 
Ana Julia
Ana JuliaAna Julia
Ana Julia
 
1981 (poesia).doc
1981 (poesia).doc1981 (poesia).doc
1981 (poesia).doc
 

Paulina chiziane

  • 1. Paulina Chiziane Paulina Chiziane Paulina Chiziane (Manjacaze, Gaza, 4 de Junho 1955) é uma escritora moçambicana. Paulina Chiziane cresceu nos subúrbios da cidade de Maputo, anteriormente chamada Lourenço Marques. Nasceu numa família protestante onde se falavam as línguas Chope e Ronga. Aprendeu a língua portuguesa na escola de uma missão católica. Começou os estudos de Linguística na Universidade Eduardo Mondlane sem, porém, ter concluído o curso. Participou activamente à cena política de Moçambique como membro da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), na qual militou durante a juventude.[1] A escritora declarou, numa entrevista, ter apreendido a arte da militância na Frelimo. Deixou, todavia, de se envolver na política para se dedicar à escrita e publicação das suas obras. Entre as razões da sua escolha estava a desilusão com as directivas políticas do partido Frelimo pós-independência, sobretudo em termos de políticas filo-ocidentais e ambivalências ideológicas internas do partido, quer pelo que diz respeito às políticas de mono e poligamia, quer pelas posições de economia política marxista-leninista, ou ainda pelo que via como suas hipocrisias em relação à liberdade económica da mulher. Iniciou a sua actividade literária em 1984, com contos publicados na imprensa moçambicana. Com o seu primeiro livro, Balada de Amor ao Vento, editado em 1990, tornou-se a primeira mulher moçambicana a publicar um romance. Paulina vive e trabalha na Zambézia.
  • 2. Índice [esconder] • 1 Obras • 2 Prémios • 3 Referências • 4 Bibliografia • 5 Ligações externas Obras • Balada de Amor ao Vento: o 1.ª edição, 1990. o Lisboa, Caminho, 2003. ISBN 9789722115575. • Ventos do Apocalipse: o Maputo, edição do autor, 1993. o Lisboa, Caminho, 1999. ISBN 9789722112628. • O Sétimo Juramento. Lisboa, Caminho, 2000. ISBN 9789722113298. • Niketche: Uma História de Poligamia: o Lisboa, Caminho, 2002. ISBN 9789722114769. o Maputo, Ndjira, 2009, 6ª edição, ISBN 9789024796281. • O Alegre Canto da Perdiz. Lisboa, Caminho, 2008. ISBN 9789722119764. Prémios • Prémio José Craveirinha de 2003, pela obra Niketche: Uma História de Poligamia Referências 1. ↑ The Whip of Love: Decolonising the Imposition of Authority in Paulina Chiziane’s Niketche: Uma História de Poligamia Bibliografia • Contracapa da obra Balada de Amor ao Vento. • Biblioteca Nacional de Portugal, Porbase.
  • 3. Paulina Chiziane A escritora moçambicana Paulina Chiziane nasceu a 4 de Junho de 1955, em Manjacaze, província de Gaza, e cresceu nos subúrbios da cidade de Maputo onde fez os seus estudos. Frequentou o curso de Linguística na Universidade Eduardo Mondlane sem ter, porém, concluído. Iniciou a sua actividade literária em 1984, publicando contos na imprensa moçambicana. Contadora de histórias, arte que aprendeu com a sua avó. Paulina convida-nos à cumplicidade de histórias que versam sobre as vivências de tempos difíceis, a esperança, o amor, a mulher e África. O debate entre a tradição e a modernidade que a autora soube transferir da oralidade para o papel. A sua colaboração com a Cruz Vermelha de Moçambique, contribuiu para uma aproximação mais concreta à realidade vivida no país, o que também se reflecte na sua escrita. Com o seu primeiro livro, Balada de Amor ao Vento, editado pela autora em 1990, tornou-se a primeira mulher moçambicana a publicar um romance. Ventos do Apocalipse (1993), O Sétimo Juramento (2000) e Niketche: Uma História de Poligamia (2002), O Alegre Canto da Perdiz (2008) são romances da autora. Nos últimos anos Paulina viveu e trabalhou na Zambézia. Actualmente tem colaborado com diversas organizações em diferentes províncias de Moçambique e no estrangeiro. Ei-la: Dizem que eu sou romancista e que fui a primeira mulher moçambicana a escrever um romnce Balada do Amor ao Vento, 1990, mas eu afirmo: sou contadora de estótias e não romancista. Escrevo livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me nos contos a volta da foguieira, minha primeira escola de arte. OBRAS EDITADAS _______________________________________________________
  • 4. Balada de Amor ao Vento 1.ª Edição, 1990. Maputo, Ndjira 2003. Esta obra retrata, desde a juventude à idade madura, o cenário em que a Sarnau e o Mwando, protagonistas desta eloquente estória de amor, percorrem os dias, os meses, os anos, os encontros e os desencontros, a dolorosa separação, o desespero, o sofrimento, a alegria, as lágrimas e os sorrisos, numa atmósfera que nos envolve e, nos comove. «Tu foste para mim vida, angústia, pesadelo. Cantei para ti baladas de amor ao vento. Eras para mim o mar e eu o teu sal. No abismo, não encontrei a tua mão.» Mas haverá um reencontro? Serão Sarnau e Mwando capazes de apagar um tão longo e trágico passado? Existirá ainda para eles um futuro a partilhar? Voltarás a conseguir esboçar no rosto o teu lindo sorriso, há muito perdido no tempo? Abrirás enfim os braços para neles abrigares o amor? Ouvirás a melodia que o vento espalha no universo? Adaptado da contracapa. ______________________________________________________ Ventos do Apocalipse Edição do autor, 1993; edição da Caminho, 1999. 1.ª edição da Ndjira, 2006. Guerra, destruição, miséria, sofrimento, humilhação, ódio, superstição, morte. Este é o cenário dantesco, boscheano, que encontramos nas páginas deste romance. A escritora consegue levar-nos ao âmago do mais baixo dos mais baixos degraus de degradação do ser humano.
  • 5. Paulina Chiziane consegue levar-nos ao âmago do mais baixo dos mais baixos degraus de degradação do ser humano. Com ela percorremos as vinte e uma noites de pesadelo e tormentos que foi o êxodo dos sobreviventes de uma aldeia. «Se o homem é a imagem de Deus, então Deus é um refugiado de guerra, magro e com o ventre farto de fome. Deus tem este nosso aspecto nojento, tem a cor negra da lama e não toma banho à semelhança de nós outros, condenados da terra. O Diabo, sim, esse deve ser um janota que segura os freios da vida dos homens que sucumbem.» ___________________________________________________ O Sétimo Juramento Maputo, 1.ª edição, 2000; 4.ª edição, 2009; Ndjira. A perplexidade de David vai-se tornando nossa, à medida que mergulhamos no mundo fantástico que Paulina Chiziane nos oferece. Um mundo de feitiços e tabús, de mágia negra e fantasia, de sonhos e de pesadelos, de luz e de trevas. Um mundo de contrastes e contradições, em que as forças do bem e do mal travam uma luta contínua e titânica. «A vida é como a água, nunca esquece o seu caminho. A água vai para o céu mas volta a cair na terra. Vai para o subterrâneo mas volta á superficie. A vida é um eterno ir e voltar. O corpo é apenas uma carcaça onde a alma constrói a sua morada...» ______________________________________________________ Niketche
  • 6. Uma História de Poligamia Maputo, 1.ª edição, 2002; 6.ª edição, 2009; Ndjira Casada com Tony há vinte anos, Rami descobre que o marido tem várias mulheres em outras regiões de Moçambique. O seu casamento, de «papel passado» e aliança no dedo, resume-se afinal a um irónico drama de que ela é apenas uma das personagens. Numa procura febril, Rami obriga-se a conhecer «as outras». O seu marido é um polígamo! Na via dolorosa que então começa, séculos de tradição e de costumes, a crueldade da vida e as diferenças abissais de cultura entre o norte e o sul da terra que é sua, esmagam-na. E só a sabedoria infinita que o sofrimento provoca lhe vai apontando o rumo num labirinto de emoções, de revelações, de contradições e perigosas ambiguidades. Niketche, é uma dança de amor e erotismo, é um espelho em que nos vemos e revemos, mas no qual, seguramente, só alguns de nós admitirão reflectir-se. _______________________________________________________ O Alegre Canto da Perdiz Maputo, Ndjira, 1.ª edição, 2008. Delfina é uma mulher bonita, «uma negra daquelas que os brancos gostam». A história de vida desta Delfina, «dos contrates, dos conflitos, das confusões e contradições», é a história da mulher africana, a história da apocalíptica perda do sonho. Esta mulher debate-se entre «escolher o caminho do sofrimento», o amor que sente por José dos Montes, e eliminar a sua raça para ganhar a liberdade», procurando o homem branco que lhe dará o alimento e o conforto que deseja. Mas o que é o amor para a mulher negra? Na terra onde as mulheres se casam por encomenda na adolescência? O problema arrasta-se ao longo do livro, aparentemente sem solução: «viver em dois mundos é o mesmo que viver em dois corpos, não se pode. Tu és negra, jamais serás branca». Mesmo assim a mulher negra «procura um filho mulato, para aliviar o negro da sua pele como quem alivia as roupas de luto».O sufoco das palavras outrora silenciadas, a valentia e a frontalidade gritam alto nos romances de Paulina Chiziane. Neste diálogo consigo própria, a conhecida escritora moçambicana, mistura imaginação, fantástico, misticismo, num retrato poderoso e peculiar da sociedade e da mulher africanas. __________________________________________________
  • 7. PRÉMIOS Prémio José Craveirinha de 2003, pela obra romance Niketche.