1. Paulina Chiziane
Paulina Chiziane
Paulina Chiziane (Manjacaze, Gaza, 4 de Junho 1955) é uma escritora moçambicana.
Paulina Chiziane cresceu nos subúrbios da cidade de Maputo, anteriormente chamada
Lourenço Marques. Nasceu numa família protestante onde se falavam as línguas Chope e
Ronga. Aprendeu a língua portuguesa na escola de uma missão católica. Começou os
estudos de Linguística na Universidade Eduardo Mondlane sem, porém, ter concluído o
curso. Participou activamente à cena política de Moçambique como membro da Frelimo
(Frente de Libertação de Moçambique), na qual militou durante a juventude.[1]
A escritora
declarou, numa entrevista, ter apreendido a arte da militância na Frelimo. Deixou,
todavia, de se envolver na política para se dedicar à escrita e publicação das suas obras.
Entre as razões da sua escolha estava a desilusão com as directivas políticas do partido
Frelimo pós-independência, sobretudo em termos de políticas filo-ocidentais e
ambivalências ideológicas internas do partido, quer pelo que diz respeito às políticas de
mono e poligamia, quer pelas posições de economia política marxista-leninista, ou ainda
pelo que via como suas hipocrisias em relação à liberdade económica da mulher.
Iniciou a sua actividade literária em 1984, com contos publicados na imprensa
moçambicana. Com o seu primeiro livro, Balada de Amor ao Vento, editado em 1990,
tornou-se a primeira mulher moçambicana a publicar um romance.
Paulina vive e trabalha na Zambézia.
2. Índice
[esconder]
• 1 Obras
• 2 Prémios
• 3 Referências
• 4 Bibliografia
• 5 Ligações externas
Obras
• Balada de Amor ao Vento:
o 1.ª edição, 1990.
o Lisboa, Caminho, 2003. ISBN 9789722115575.
• Ventos do Apocalipse:
o Maputo, edição do autor, 1993.
o Lisboa, Caminho, 1999. ISBN 9789722112628.
• O Sétimo Juramento. Lisboa, Caminho, 2000. ISBN 9789722113298.
• Niketche: Uma História de Poligamia:
o Lisboa, Caminho, 2002. ISBN 9789722114769.
o Maputo, Ndjira, 2009, 6ª edição, ISBN 9789024796281.
• O Alegre Canto da Perdiz. Lisboa, Caminho, 2008. ISBN 9789722119764.
Prémios
• Prémio José Craveirinha de 2003, pela obra Niketche: Uma História de
Poligamia
Referências
1. ↑ The Whip of Love: Decolonising the Imposition of Authority in Paulina
Chiziane’s Niketche: Uma História de Poligamia
Bibliografia
• Contracapa da obra Balada de Amor ao Vento.
• Biblioteca Nacional de Portugal, Porbase.
3. Paulina Chiziane
A escritora moçambicana Paulina Chiziane nasceu a 4 de
Junho de 1955, em Manjacaze, província de Gaza, e cresceu nos subúrbios da cidade de
Maputo onde fez os seus estudos. Frequentou o curso de Linguística na Universidade
Eduardo Mondlane sem ter, porém, concluído. Iniciou a sua actividade literária em 1984,
publicando contos na imprensa moçambicana.
Contadora de histórias, arte que aprendeu com a sua avó.
Paulina convida-nos à cumplicidade de histórias que versam sobre as vivências de tempos
difíceis, a esperança, o amor, a mulher e África. O debate entre a tradição e a
modernidade que a autora soube transferir da oralidade para o papel.
A sua colaboração com a Cruz Vermelha de Moçambique, contribuiu para uma
aproximação mais concreta à realidade vivida no país, o que também se reflecte na sua
escrita.
Com o seu primeiro livro, Balada de Amor ao Vento, editado pela autora em 1990,
tornou-se a primeira mulher moçambicana a publicar um romance. Ventos do Apocalipse
(1993), O Sétimo Juramento (2000) e Niketche: Uma História de Poligamia (2002), O
Alegre Canto da Perdiz (2008) são romances da autora.
Nos últimos anos Paulina viveu e trabalhou na Zambézia. Actualmente tem colaborado
com diversas organizações em diferentes províncias de Moçambique e no estrangeiro.
Ei-la:
Dizem que eu sou romancista e que fui a primeira mulher
moçambicana a escrever um romnce Balada do Amor ao Vento, 1990,
mas eu afirmo: sou contadora de estótias e não romancista. Escrevo
livros com muitas estórias, estórias grandes e pequenas. Inspiro-me
nos contos a volta da foguieira, minha primeira escola de arte.
OBRAS EDITADAS
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4. Balada de Amor ao Vento
1.ª Edição, 1990. Maputo, Ndjira 2003.
Esta obra retrata, desde a juventude à idade madura, o cenário em que a Sarnau e o
Mwando, protagonistas desta eloquente estória de amor, percorrem os dias, os meses, os
anos, os encontros e os desencontros, a dolorosa separação, o desespero, o sofrimento, a
alegria, as lágrimas e os sorrisos, numa atmósfera que nos envolve e, nos comove.
«Tu foste para mim vida, angústia, pesadelo. Cantei para ti baladas de amor ao vento.
Eras para mim o mar e eu o teu sal. No abismo, não encontrei a tua mão.»
Mas haverá um reencontro? Serão Sarnau e Mwando capazes de apagar um tão longo e
trágico passado? Existirá ainda para eles um futuro a partilhar?
Voltarás a conseguir esboçar no rosto o teu lindo sorriso, há muito perdido no tempo?
Abrirás enfim os braços para neles abrigares o amor? Ouvirás a melodia que o vento
espalha no universo?
Adaptado da contracapa.
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Ventos do Apocalipse
Edição do autor, 1993; edição da Caminho, 1999.
1.ª edição da Ndjira, 2006.
Guerra, destruição, miséria, sofrimento, humilhação, ódio, superstição, morte. Este é o
cenário dantesco, boscheano, que encontramos nas páginas deste romance. A escritora
consegue levar-nos ao âmago do mais baixo dos mais baixos degraus de degradação do
ser humano.
5. Paulina Chiziane consegue levar-nos ao âmago do mais baixo dos mais baixos degraus de
degradação do ser humano. Com ela percorremos as vinte e uma noites de pesadelo e
tormentos que foi o êxodo dos sobreviventes de uma aldeia.
«Se o homem é a imagem de Deus, então Deus é um refugiado de guerra, magro e com o
ventre farto de fome. Deus tem este nosso aspecto nojento, tem a cor negra da lama e
não toma banho à semelhança de nós outros, condenados da terra. O Diabo, sim, esse
deve ser um janota que segura os freios da vida dos homens que sucumbem.»
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O Sétimo Juramento
Maputo, 1.ª edição, 2000; 4.ª edição, 2009; Ndjira.
A perplexidade de David vai-se tornando nossa, à medida que mergulhamos no mundo
fantástico que Paulina Chiziane nos oferece. Um mundo de feitiços e tabús, de mágia
negra e fantasia, de sonhos e de pesadelos, de luz e de trevas. Um mundo de contrastes e
contradições, em que as forças do bem e do mal travam uma luta contínua e titânica.
«A vida é como a água, nunca esquece o seu caminho.
A água vai para o céu mas volta a cair na terra.
Vai para o subterrâneo mas volta á superficie.
A vida é um eterno ir e voltar. O corpo é apenas uma carcaça onde a alma constrói a
sua morada...»
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Niketche
6. Uma História de Poligamia
Maputo, 1.ª edição, 2002; 6.ª edição, 2009; Ndjira
Casada com Tony há vinte anos, Rami descobre que o marido tem várias mulheres em
outras regiões de Moçambique.
O seu casamento, de «papel passado» e aliança no dedo, resume-se afinal a um irónico
drama de que ela é apenas uma das personagens. Numa procura febril, Rami obriga-se a
conhecer «as outras». O seu marido é um polígamo!
Na via dolorosa que então começa, séculos de tradição e de costumes, a crueldade da vida
e as diferenças abissais de cultura entre o norte e o sul da terra que é sua, esmagam-na. E
só a sabedoria infinita que o sofrimento provoca lhe vai apontando o rumo num labirinto
de emoções, de revelações, de contradições e perigosas ambiguidades.
Niketche, é uma dança de amor e erotismo, é um espelho em que nos vemos e revemos,
mas no qual, seguramente, só alguns de nós admitirão reflectir-se.
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O Alegre Canto da Perdiz
Maputo, Ndjira, 1.ª edição, 2008.
Delfina é uma mulher bonita, «uma negra daquelas que os brancos gostam». A história de
vida desta Delfina, «dos contrates, dos conflitos, das confusões e contradições», é a
história da mulher africana, a história da apocalíptica perda do sonho. Esta mulher
debate-se entre «escolher o caminho do sofrimento», o amor que sente por José dos
Montes, e eliminar a sua raça para ganhar a liberdade», procurando o homem branco que
lhe dará o alimento e o conforto que deseja. Mas o que é o amor para a mulher negra? Na
terra onde as mulheres se casam por encomenda na adolescência? O problema arrasta-se
ao longo do livro, aparentemente sem solução: «viver em dois mundos é o mesmo que
viver em dois corpos, não se pode. Tu és negra, jamais serás branca». Mesmo assim a
mulher negra «procura um filho mulato, para aliviar o negro da sua pele como quem
alivia as roupas de luto».O sufoco das palavras outrora silenciadas, a valentia e a
frontalidade gritam alto nos romances de Paulina Chiziane. Neste diálogo consigo
própria, a conhecida escritora moçambicana, mistura imaginação, fantástico, misticismo,
num retrato poderoso e peculiar da sociedade e da mulher africanas.
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