1. PATRÍCIO, MOREIRA, VALENTE & ASSOCIADOS member of
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Grupo Sporting Clube de Portugal
ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DA SITUAÇÃO PATRIMONIAL
01.08.1998 A 26.03.2011
Sede:
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- Capital Social 160.000 euros
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ÍNDICE
SUMÁRIO EXECUTIVO
I. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 1
1. OBJECTIVOS ........................................................................................................................................ 2
2. ÂMBITO ............................................................................................................................................... 2
2.1. Nível da análise .......................................................................................................................... 2
.
2.2. Empresas que compõem o Grupo Sporting ............................................................................... 3
2.3. Período analisado ....................................................................................................................... 3
3. METODOLOGIA ................................................................................................................................... 4
4. MATERIALIDADE ................................................................................................................................. 5
5. LIMITAÇÕES ........................................................................................................................................ 5
II. VISÃO GERAL DAS CONTAS CONSOLIDADAS ........................................................................................... 8
1. EVOLUÇÃO DO BALANÇO ................................................................................................................... 8
2. EVOLUÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS .......................................................................... 10
3. EVOLUÇÃO DOS CASH FLOWS ANUAIS ............................................................................................. 14
III. ANÁLISE PARCELAR DAS CONTAS CONSOLIDADAS ............................................................................... 18
1. EVOLUÇÃO DO BALANÇO ................................................................................................................. 18
1.1. Imobilizado corpóreo ............................................................................................................... 18
1.2. Imobilizado incorpóreo ............................................................................................................ 28
1.3. Dívidas de financiamento ......................................................................................................... 42
1.4. Diferimentos e provisões.......................................................................................................... 45
1.5. Outras contas do Balanço ........................................................................................................ 47
.
2. CONTAS DE RESULTADOS ................................................................................................................. 49
2.1. Vendas e Prestações de serviços .............................................................................................. 49
2.2. Resultados extraordinários....................................................................................................... 51
2.3. Custos com o pessoal ............................................................................................................... 56
2.4. Fornecimentos e serviços externos .......................................................................................... 60
2.5. Amortizações ............................................................................................................................ 63
2.6. Juros e outros custos de financiamento .................................................................................. 64
.
2.7. Outras rubricas de Resultados.................................................................................................. 65
IV. RESUMO DOS ASPECTOS MAIS RELEVANTES COM IMPACTO ECONÓMICO-‐FINANCEIRO QUE
OCORRERAM EM CADA MANDATO ...................................................................................................... 68
V. HIPOTECAS, GARANTIAS, PENHORES, OUTROS ÓNUS E LITÍGIOS ........................................................ 72
1. HIPOTECAS, GARANTIAS, PENHORES E OUTROS ÓNUS .................................................................... 72
2. LITÍGIOS
............................................................................................................................................. 74
VI. PRINCIPAIS CONTRATOS EM VIGOR ...................................................................................................... 76
VII. CONCLUSÕES ........................................................................................................................................ 77
.
LISTA DOS QUADROS..................................................................................................................................... 80
LISTA DOS GRÁFICOS ..................................................................................................................................... 81
BALANÇO CONSOLIDADO DE 1999 E DE 2010 .............................................................................................. 82
DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS CONSOLIDADOS DE 1999 A 2010 ......................................................... 83
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GRUPO SPORTING CLUBE DE PORTUGAL
01.08.1998 A 26.03.2011
SUMÁRIO EXECUTIVO
O Relatório de que este documento é o Sumário Executivo foi elaborado nos termos da proposta
apresentada com data de 3/6/2011, tendo como objectivo apresentar a evolução da situação
patrimonial do Grupo Sporting, numa perspectiva financeira consolidada, no período decorrente
entre 1 de Agosto de 1998 e 26 de Março de 2011, evidenciando as variações anuais
materialmente relevantes das várias rubricas do Balanço e da Demonstração de Resultados
consolidados e suas implicações ao nível da origem/aplicação de fundos.
Este período foi estendido a 1995 no caso do Imobilizado Corpóreo e Incorpóreo, às rubricas mais
relevantes do Activo. Na análise temporal efectuada, teve-‐se em consideração os períodos de
reporte inerentes a cada mandato directivo.
Os trabalhos efectuados apoiaram-‐se nas contas individuais das várias empresas que compõem o
Grupo Sporting, com base nas quais foram elaboradas Contas Consolidadas anuais, preparadas
por empresa de consultadoria externa. Essas demonstrações financeiras consolidadas, que só
foram elaboradas a partir da época 1998-‐1999, não incluíram a preparação da Demonstração de
Fluxos de Caixa consolidada. Face a essa limitação, elaborámos uma Demonstração de Fluxos de
Caixa consolidada pelo método indirecto, apoiada nos Balanços de cada ano e nas respectivas
Demonstrações de Resultados, que abrange as épocas 1999-‐2000 a 2009-‐2010.
A análise efectuada reparte-‐se em 3 grandes áreas: rubricas do Balanço, da Demonstração de
Resultados e dos Fluxos de Tesouraria.
1. Evolução das principais contas do Balanço de 1999 a 2010
O Imobilizado Corpóreo aumentou em 86 milhões de euros, de 50 para 134 milhões de euros
em valores líquidos. Entre 1998 e 2010 foram investidos 183 milhões de euros na Academia e
no novo Estádio (incluindo todo o complexo desportivo e de lazer Alvalade XXI, tendo-‐se
recebido 35 milhões de euros de subsídios e 135 milhões de euros de vendas de terrenos e
direitos de superfície referentes à parte alienada do Alvalade XXI -‐ Health Club, Edifício
Grupo
Sporting integra o Estádio, Museu, Multidesportivo, Academia além de outras parcelas de
terreno onde, de entre as quais, está previsto ser edificado o futuro pavilhão
multidesportivo.
O Imobilizado Incorpóreo, que se compõe essencialmente dos passes dos jogadores de
futebol profissional, diminuiu no período em 11 milhões de euros (valores líquidos em 2010).
O saldo resultante de todas as operações de investimento em imobilizado incorpóreo,
relacionadas com aquisições (197 milhões de euros) e vendas (157 milhões de euros) dos
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passes de jogadores entre 01.08.1998 e 26.03.2011 foi negativo em cerca de 41 milhões de
euros.
Dívidas de financiamento -‐ nesta rubrica observa-‐se o maior acréscimo: 217 milhões de
euros. Tal representa um aumento médio de cerca de 20 milhões de euros por ano, tendo o
endividamento do Grupo Sporting mais do que quintuplicado em 12 anos. O endividamento
bancário surge com valores mais expressivos sobretudo a partir de 2001, ano em que se
iniciaram as obras de construção do novo Estádio e do complexo Alvalade XXI. Em 2006 o
endividamento atingiu o valor máximo, com cerca de 277 milhões de euros, que foi
praticamente retomado em 2011, se adicionarmos a emissão de 55 milhões de euros de
obrigações convertíveis em acções emitidas na época 2010/2011 , que se vencem
em 2016. Nesta data, o Grupo Sporting terá que equacionar a sua posição de controlo sobre
a SAD. O património imobiliário encontra-‐se hipotecado, servindo de garantia aos
empréstimos contratados.
Os Resultados Acumulados negativos agravaram-‐se em 175 milhões de euros nos últimos 12
anos, o que representa uma média anual de 16 milhões de euros de prejuízos por ano desde
1999. Como consequência desta acumulação de prejuízos ao longo dos anos, o Capital
Próprio do Grupo Sporting, que era positivo em 11 milhões de euros em 1999, atingiu em
2010 o valor negativo de 183 milhões de euros, o mais baixo de sempre, evidenciando uma
situação de falência técnica em termos consolidados.
2. Evolução das principais contas da Demonstração de Resultados de 1999 a 2010 e suas causas
subjacentes
Vendas e prestações de serviços apresentando em 1999 o valor de 20 milhões de euros,
estes proveitos aumentaram especialmente em 2004 (44 milhões de euros), com um
aumento considerável das receitas de bilheteira, que triplicaram nesse ano, com a
inauguração do novo Estádio. Após 2004 as Vendas e Prestações de Serviços apresentaram
estabilidade ou pequenos crescimentos anuais, até ao valor máximo de 51 milhões de euros
em 2008. Nos dois últimos anos verificaram-‐se decréscimos anuais de 2 milhões de euros,
tendo-‐se atingido os 47 milhões de euros em 2010, com uma redução média de 2 milhões de
euros /ano.
Proveitos extraordinários e outros estas duas rubricas confundem-‐se em conceito, pois no
decorrer dos vários anos do período, registaram-‐se algumas mais-‐valias com os passes de
isando estas duas rubricas em
conjunto, que se compõem em grande parte pelas mais-‐valias obtidas nas vendas dos passes
dos jogadores, concluímos que o ano de 2007 foi o mais elevado, logo seguido por 2004 e
2003. Globalmente, os resultados extraordinários contribuíram de forma positiva para os
resultados líquidos do Grupo Sporting, cifrando-‐se em cerca de 150 milhões de euros nos
últimos 12 anos (1999-‐2010). Para aquele valor contribuíram principalmente as mais-‐valias
obtidas com a venda dos passes dos jogadores, que representaram cerca de 70% (106
milhões de euros ) dos resultados extraordinários.
Proveitos suplementares trata-‐se essencialmente dos proveitos provenientes das
comparticipações da UEFA pela presença nas competições europeias. São rendimentos com
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certa irregularidade, com valores máximos em 2001 e 2009, que advêm maioritariamente da
presença do Clube nestas competições. Em acumulado, os prémios totais auferidos pelo
Sporting pela participação em competições europeias durante os últimos 12 anos (1999-‐
2010) atingiram o montante de 39 milhões de euros, valor que representa cerca de 9% do
total dos proveitos normais (bilheteira, quotização, publicidade, televisão e outros) obtidos
pelo Grupo Sporting no mesmo período.
Custos com o pessoal nestes gastos estão incluídas as remunerações de todo o pessoal das
diversas empresas do grupo e respectivos encargos sociais, incluindo os jogadores
profissionais. Houve uma tendência de crescimento até 2003-‐2004, tendo-‐se a partir dessa
data mantido perto dos 30 milhões de euros anuais. Cerca de 75% dos gastos com pessoal
são encargos com jogadores e treinadores. Os custos com directores e administradores
representaram anualmente desde 2003 cerca de 2 milhões de euros, da ordem de metade
dos gastos com o restante pessoal administrativo.
Fornecimentos e serviços externos estes custos têm demonstrado tendência crescente,
com excepção de ligeiras reduções em 2003 e 2005. Estabilizaram nos 21 milhões de euros
em 2009 e 2010. Foi, no decorrer dos anos, a 2ª ou 3ª maior rubrica da estrutura de custos
do Grupo Sporting. A sua evolução tem sido em crescimento, tendo os seus valores dobrado
em 12 anos. Dentro dos FSEs a rubrica mais importante são os honorários, que têm
acompanhado, proporcionalmente, com excepção de 2003, a progressão dos gastos gerais
em FSEs.
Amortizações estes custos subdividem-‐se em amortizações do Imobilizado Corpóreo
(edifícios) e do Imobilizado Incorpóreo (passes dos jogadores). A sua irregularidade ao longo
dos anos é motivada pelas amortizações dos passes dos jogadores. Relativamente ao
imobilizado corpóreo, foram normalmente utilizadas as taxas máximas fiscais permitidas. As
amortizações dos passes dos jogadores são efectuadas proporcionalmente aos anos dos
contratos efectuados com cada jogador.
Juros e encargos financeiros esta rubrica comporta todos os juros de empréstimos de
financiamento, incluindo também os juros de leasings. Estes custos têm sido cada vez mais
importantes nos resultados, atingido o seu valor máximo em 2007, com 17 milhões de euros,
ano em que as taxas de juro estiveram especialmente altas no mercado, baixando depois
significativamente. Em 2010, esta rubrica apresentava um total de encargos no valor de 11
milhões de euros.
Resultados líquidos anuais Todos os anos foram apurados prejuízos, com excepção de
2007, que apresentou um lucro de 6,5 milhões de euros graças aos proveitos extraordinários
apurados (incluindo outros proveitos operacionais) de 37 milhões de euros (inclui a alienação
do passe do jogador Nani com uma mais-‐valia de 24,2 milhões de euros). O ano em que os
resultados líquidos foram mais negativos foi o último (2010), que apresentou um prejuízo de
38 milhões de euros. Uma análise global à evolução dos Resultados -‐ quase sempre negativos
-‐ do Grupo Sporting evidencia que, com a estrutura de custos existente, os prejuízos se têm
vindo a revelar inevitáveis em anos em que os proveitos extraordinários da venda de passes
de jogadores são baixos (2009 e 2010) ou as receitas gerais se revelem menos dinâmicas
(2001 a 2003).
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3. Evolução dos fluxos de tesouraria
Os últimos 11 anos foram, em termos de tesouraria, desequilibrados, gerando necessidades
globais neste domínio de 214 milhões de euros. Parte foi gerada nos primeiros anos pelo
investimento corpóreo mas, em acumulado, elas são principalmente da responsabilidade do
investimento incorpóreo (passes de jogadores). A persistência do recurso a empréstimos
levou a que o montante dos juros degradasse a situação de tesouraria, alcançando, só os
juros no inteiro período, mais de metade das necessidades de tesouraria acumuladas. Tal
condicionalismo determinou o recurso a novos empréstimos para fazer face, parcialmente,
ao pagamento dos juros dos próprios empréstimos.
4. Situação económico-‐financeira das contas consolidadas causas mais relevantes
O Grupo Sporting apresenta uma Situação Líquida negativa (-‐183 milhões de euros), que se
agravou nos 12 anos analisados em -‐171 milhões de euros, e que já praticamente atingiu em
2010, em valor absoluto, o valor do Activo líquido. As dívidas de financiamento atingem
agora 276 milhões de euros (incluindo as VMOCs Valores Mobiliários Obrigatoriamente
Convertíveis), valor que representa o dobro do Activo Fixo, assumidamente uma estrutura
económico-‐financeira desajustada.
As causas mais relevantes que levaram a esta situação, evidenciada nas contas consolidadas
do Grupo Sporting, foram as seguintes:
Resultados líquidos negativos consolidados em quase todas as épocas, motivados por uma
Margem Bruta do Futebol Profissional (Proveitos da actividade desportiva +/-‐ valias na venda
de passes -‐ custos com pessoal relativos a jogadores e treinadores amortizações de
jogadores e treinadores) em média 35 milhões de euros abaixo do ponto crítico, pelo
aumento gradual dos Fornecimentos e Serviços Externos e por Encargos financeiros
elevados.
Fluxos de tesouraria negativos em quase todas as épocas, consubstanciado num deficit
crónico de tesouraria acumulado que se cifrou em cerca de 214 milhões de euros em 11 anos
(2000 a 2010), ou seja, quase 20 milhões de euros por ano, justificado por 3 razões básicas: o
Investimento líquido em passes de jogadores, o Investimento líquido em imobilizado
corpóreo, e o Cash flow operacional negativo na maioria das épocas.
Elevado nível de financiamento, devido ao deficit crónico de tesouraria, que gerou um
empréstimo total de cerca de 276 milhões de euros, representando um agravamento no
passivo de 230 milhões de euros em 12 anos. Esta situação produziu custos adicionais em
juros de financiamento que ultrapassam largamente a margem bruta gerada pelo futebol
profissional. O acordo bancário firmado com os bancos neste contexto condicionou a gestão
de tesouraria por meio de dações em pagamento de receitas de patrocínio, publicidade,
televisão e outras cobranças a clientes.
A fundamentação das considerações globais atrás apresentadas neste Sumário Executivo encontra-‐se
vertida no Relatório detalhado elaborado.
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I. INTRODUÇÃO
O presente Relatório foi elaborado nos termos da proposta apresentada ao Sporting Clube de
Portugal com data de 3/6/2011, tendo em vista dar cumprimento ao trabalho de análise
descritiva e factual da evolução da situação patrimonial do Grupo Sporting ao longo do período
decorri ivro B emitido em 31/7/2000, reportando a
31/5/95) e até à data da tomada de posse do novo Conselho Directivo (27/03/2011). A análise foi
estendida ao exercício de 1995, nos casos em que tenham ocorrido variações patrimoniais
materialmente relevantes.
Este documento compõe-‐se de duas partes: o Relatório Principal, apresentado em papel e em
formato digital do qual é parte integrante o presente texto -‐ e os Anexos, que são entregues
apenas em formato digital. Todos os valores incluídos em ambas as partes deste documento estão
expressos em preços correntes. Admitindo a eventual divulgação pública do texto do Relatório,
neste não são explicitados nominalmente quaisquer pessoas singulares sobre cujos rendimentos
tenha recaído a nossa análise, nomeadamente na rubrica Remunerações de Pessoal.
Visto que o período contabilístico nas contas das empresas do Grupo está definido de acordo com
o conceito de época desportiva, o ano contabilístico decorre de 1 de Julho a 30 de Junho do ano
seguinte. Sendo assim, quando no texto deste Relatório se refere as contas de um determinado
ano, deve ler-‐se as contas cuja data do respectivo período de reporte termina nesse ano. Quando
nos referirmos, por exemplo, às contas da época 2009-‐2010, dizemos que se trata das contas de
2010.
Quando os gráficos apresentados incluem séries anuais de valores, incluímos informação acerca
dos Conselhos Directivos vigentes em cada época, através duma linha do tempo suplementar no
fundo do gráfico. Como o início e término dos mandatos não coincide com o início e término dos
períodos a que se refere a informação financeira, que coincide (com as excepções indicadas no
ponto 5 g) deste Capítulo), com a época desportiva decorrente entre 1 de Julho e 30 de Junho,
incluímos o nome do Presidente do Conselho Directivo até ao final da última época a que
presidiu.
A grande maioria dos elementos contabilísticos que utilizámos está mencionada na anterior
nomenclatura do Plano Oficial de Contabilidade (POC), utilizada nas contas das empresas do
Grupo Sporting até Junho de 2010 inclusive. Em consequência, e porque este Relatório se destina
a uma panóplia de utilizadores muito variada, alguns dos quais estarão eventualmente mais
familiarizados com os termos contabilísticos há muito conhecidos dos utilizadores das
informações financeiras elaboradas com base no POC, do que com a nomenclatura contabilística
agora utilizada em conexão com o Sistema de Normalização Contabilística (SNC) e Normas
Internacionais de Relato Financeiro (IFRS), optámos por empregar neste relatório
preferencialmente os termos contabilísticos utilizados em POC.
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1. OBJECTIVOS
A finalidade deste documento é apresentar informação que permita fácil leitura para qualquer
destinatário, privilegiando a elaboração de gráficos e quadros, numa perspectiva financeira e
numa base anual, com ênfase na origem e na aplicação dos fundos, tendo em apreço o
incremento/redução do activo face ao incremento/redução do passivo e, quando relevante, os
ganhos ou perdas do exercício.
A análise levada a cabo tem como objectivo apresentar a evolução da situação patrimonial do
Grupo Sporting numa perspectiva financeira consolidada, evidenciando as variações anuais
materialmente relevantes das várias rubricas do Balanço e da Demonstração de Resultados
consolidados. As operações que se anulam, por consolidação, entre as empresas do Grupo
Sporting, apenas serão consideradas quando a sua existência for importante para explicar
situações concretas e significativas detectadas nas contas consolidadas.
Não é objectivo deste trabalho tecer considerações de ordem avaliativa à gestão do Grupo
Sporting no decorrer das várias épocas desportivas e dos respectivos Conselhos Directivos
durante os anos em análise. Nas páginas que se seguem, e nos respectivos Anexos, serão
encontrados apenas factos, associados a valores financeiros, que tenham sido relevantes para a
explicação do que foi a evolução da situação económica e financeira do Grupo Sporting.
Também não foi é propósito deste trabalho efectuar uma auditoria à documentação que serviu de
base aos registos contabilísticos das contas do Grupo Sporting. As contas das empresas do Grupo
foram auditadas em todos os anos por Revisores Oficiais de Contas e, no caso da SAD, também
por um Auditor Externo, além das normais e periódicas análises efectuadas pela Administração
Fiscal. No entanto, quando necessário e apropriado, requeremos a documentação comprovativa
dos factos detectados, justificando um melhor aprofundamento.
2. ÂMBITO
2.1. Nível da análise
O exame efectuado assentou objectivamente nas principais rubricas do activo e passivo
consolidados, designadamente, imobilizado corpóreo, activo incorpóreo (plantel aquisição e
venda de direitos desportivos dos jogadores profissionais de futebol), passivo perante instituições
de crédito e demais credores, além de outras rubricas que, pela sua materialidade, o justificaram.
Efectuou-‐se ainda uma análise do resultado líquido consolidado e da evolução das suas principais
componentes nos respectivos exercícios, incluindo subsídios.
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2.2. Empresas que compõem o Grupo Sporting
No quadro abaixo explicitam-‐se as empresas que consolidaram no Grupo Sporting no decorrer
dos vários anos da análise, com indicação da natureza da sua actividade, data de constituição e de
encerramento, quando aplicável.
QUADRO 1 Perímetro do grupo Sporting
Nº Siglas EMPRESAS ACTIVIDADE Motivo Notas
Início Fim
Empresas que consolidam pelo método integral
1 SCP Sporting Clube de Portugal 01-‐Jul-‐1906
2 SCS Sporting -‐ Comércio e Serviços, SA. 17-‐Mar-‐1997 28-‐Jun-‐2011 Por Fusão (d)
3 SCPlaneamento S.C.P. -‐ Soc. de Construção e Planeamento, SA. 17-‐Mar-‐1997 (a)
4 Construz Construz -‐ Promoção Imobiliária, SA. 17-‐Mar-‐1997
5 Q.ta Alvalade Soc. de Promoção Imobiliária Quinta de Alvalade, SA. 17-‐Mar-‐1997
6 ta Soc. de Promoção Imobiliária Quinta das Raposeiras, SA. 17-‐Mar-‐1997
Q. Raposeiras
7 Lote Dourado Soc. de Promoção Imobiliária Lote Dourado, SA. 17-‐Mar-‐1997
09-‐Abr-‐1998 Venda de 49%
8 Q.ta Loureiro Soc. de Promoção Imobiliária Quinta do Loureiro, SA. 17-‐Mar-‐1997
15-‐Jan-‐1999 Venda de 51%
9 EJA Estádio José de Alvalade, SA. 30-‐Jun-‐1997 20-‐Abr-‐2011 Dissolução
10 SGPS Sporting -‐ SGPS, SA. 30-‐Jun-‐1997
11 SAD Sporting Clube de Portugal-‐Futebol, SAD. 28-‐Out-‐1997
12 Sporting Seguros Sporting Seguros, Mediadora de Seguros, Lda. 30-‐Mai-‐2001
13 SCom Sporting.Com -‐ Empresa de Comunicação, SA 29-‐Jun-‐2001 20-‐Abr-‐2011 Dissolução
14 SCGE Sporting -‐ Consultadoria e Gestão Empresarial, SA. 10-‐Out-‐2001 20-‐Abr-‐2011 Dissolução
15 Multimédia Sporting Multimédia, SA. 19-‐Dez-‐2001
SPM
16 Sporting Património e Marketing, SA. 20-‐Dez-‐2001
(Ex-‐NEJA)
17 Verdiblanc I Soc. Imobiliária VERDIBLANC I, SA. 09-‐Mar-‐2004
18 Verdiblanc II Soc. Imobiliária VERDIBLANC II, SA. 09-‐Mar-‐2004
19 Verdiblanc III Soc. Imobiliária VERDIBLANC III, SA. 09-‐Mar-‐2004
20 Verdiblanc IV Soc. Imobiliária VERDIBLANC IV, SA. 09-‐Mar-‐2004
21 DE Desporto e Espectáculo, SA. 30-‐Jun-‐2004 30-‐Jun-‐2005 Por Fusão (b)
22 Reciklado Reciklado-‐Exploração de Empreendimentos Turísticos, SA. 23-‐Ago-‐2007
Empresa que não consolida pelo método integral
23 SPGis SPGis-‐Planeamento e Gestão de Estacionamento, SA. 11-‐Nov-‐1996 20-‐Jul-‐2005 Venda de 49,5% (c )
Notas:
(a) Sociedade criada em 29-‐Ago-‐1977 esteve inactiva até 17-‐Mar-‐1997.
(b) Fusão por incorporação na Sporting Comércio e Serviços.
(c ) O Sporting Club Portugal detem actualmente 0,5% da SPGis.
(d) Fusão por incorporação na Sporting SAD.
2.3. Período analisado
A nossa análise cobriu o período decorrente entre 1 de Agosto de 1998 e 26 de Março de 2011.
Este período foi estendido a 1995 no caso do Imobilizado Corpóreo e Incorpóreo, as rubricas mais
relevantes do Activo. O Capítulo IV e os pontos 1.1 e 1.2 do Capítulo III abrangerão este período
suplementar de anos.
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3. METODOLOGIA
Os dados de base do trabalho efectuado são as contas individuais das várias empresas que
compõem o Grupo Sporting, nos seus respectivos Balanços, Demonstrações de Resultados,
Anexos, Balancetes e Extractos de contas anuais. Estes elementos serviram de base à elaboração
anual das Contas Consolidadas, compostas por Balanços, Demonstrações de Resultados e
respectivos Anexos. Estas demonstrações financeiras consolidadas foram preparadas por empresa
de consultadoria externa ao Grupo Sporting.
Tivemos também acesso aos mapas de consolidação elaborados por aquela consultora, conforme
foram entregues ao Sporting no decorrer dos vários anos de análise. Estes mapas apenas incluem
as anulações gerais de operações dentro do Grupo, não sendo normalmente discriminativos para
contas abaixo de 2 dígitos.
A metodologia seguida, tendo em conta os elementos acima referidos que nos foram
disponibilizados, seguiu as seguintes fases:
a) Com base nos Balanços e Demonstrações de Resultados consolidados anuais, elaborámos
mapas anuais evolutivos para os Balanços e as Demonstrações de Resultados consolidados,
nos quais se evidenciam as diferenças anuais detectadas entre as várias rubricas do Balanço e
da Demonstração de Resultados. Foi também elaborado o mesmo tipo de mapas para as
contas individuais de todas as sociedades que compõem o Grupo Sporting.
b) A partir da análise desses mapas, detectaram-‐se as rubricas materialmente mais relevantes,
bem como aquelas em que se verificaram maiores variações anuais, distinguindo-‐se entre as
que se anulam entre as empresas do Grupo Sporting e as que têm influência significativa nos
valores consolidados.
c) Tendo em conta o levantamento efectuado em b), analisaram-‐se as principais variações
ocorridas e suas implicações ao nível da origem/aplicação de fundos, do incremento/redução
de activos ou passivos e dos rendimentos ou gastos do exercício.
d) Quando necessário e apropriado, recorreu-‐se à consulta da documentação de base dos
registos contabilísticos efectuados, tais como facturas, contratos e outra documentação
comprovativa dos factos detectados de maior significado.
e) Na análise temporal efectuada, foi-‐se tendo em consideração os períodos de reporte inerentes
a cada mandato directivo.
f) Foram efectuadas periodicamente reuniões com o Grupo de Trabalho, para acompanhamento
do desenvolvimento das acções em curso, tendo em vista o seu enquadramento nos objectivos
previamente estabelecidos. Realizaram-‐se diversas reuniões com aquele Grupo, antes da
apresentação deste Relatório final.
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g) Por último, retiraram-‐se as principais conclusões do levantamento efectuado e da análise das
diversas situações detectadas, que se encontram resumidas no Capítulo VII deste relatório.
4. MATERIALIDADE
Na primeira reunião havida com o Grupo de Trabalho, foram definidos os limites de materialidade
para a análise preconizada. Os valores que estiveram na base dos limites de materialidade
estabelecidos foram os seguintes:
Total do Activo Líquido do Balanço Consolidado do Grupo Sporting a 30/06/2010 -‐ 192,9
m .
Limites de materialidade normalmente praticados em auditoria -‐ entre 0,5% e 2,5% do Activo.
A partir dos elementos acima, estabeleceram-‐se os seguintes limites de materialidade nas acções
a desenvolver no decorrer das análises a efectuar:
Limite mínimo, abaixo do qual não se fez análise -‐ 1 milhão de .
Limite máximo, acima do qual sempre se fez análise -‐ 5 milhões de .
Entre 1 e 5 milhões de euros, as análises a efectuar foram decididas pontualmente, de acordo
com a natureza dos elementos envolvidos.
Ficou também definido que, sempre que necessário e relevante, devido à natureza da informação
financeira requerida, se efectuariam análises abaixo de 1 milhão de euros em casos devidamente
justificados, à medida que a informação financeira fosse examinada. De facto, no decorrer dos
exames efectuados, este limite foi muitas vez e, nalguns casos, mesmo a
abaixo.
5. LIMITAÇÕES
Foram várias as limitações com que deparámos, tanto no início como no decorrer do nosso
trabalho. No entanto, embora algumas delas dificultassem a obtenção dos elementos
indispensáveis à efectiva execução dos exames em vista, nenhumas delas inviabilizaram de forma
significativa as acções necessárias à prossecução geral dos objectivos definidos. Sintetizamos em
seguida as principais limitações encontradas, inerentes aos elementos apresentados:
a) No decorrer dos cerca de 15 anos do período em análise, foram utilizados 3 softwares de
contabilidade diferentes pelas várias empresas do Grupo Sporting. De 1992 a 2003, foi usado o
SWAP (AS400), sendo que, entre 1997 e 2003, foi também empregue
apuramento das contas a Junho. Após 2003 passou-‐se a utilizar o GIAF.
Este facto dificultou as análises temporais, cujas séries, por nós elaboradas, tiveram que ser
reformatadas para o tipo de informações disponibilizado pelo software mais moderno
utilizado, implicando verificações adicionais quanto à integridade dos dados envolvidos. Nessa
transformação, ter-‐se-‐ão perdido algumas informações cujas especificações não puderam ser
utilizadas no que diz respeito às informações financeiras correspondentes ao software mais
antigo.
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b) Também no que diz respeito ao Software de gestão de pessoal, no decorrer dos 15 anos
analisados, foram utilizados 2 diferentes programas de salários, e nem sempre
simultaneamente para todas as empresas. Até 2000 para a EJA e SAD utilizou-‐se o Primavera e
nos anos seguintes o SWAP (AS400) até 2003. Depois, passou a ser empregue o GIAF. Nas
restantes empresas utilizou-‐se o SWAP (AS400) até 2003 e depois, o GIAF. Também a
inexistência de um código identificador de cada funcionário único e comum a todas as
empresas e softwares, dificultou a análise de informação cruzada para os diferentes exercícios,
para as diversas empresas, de forma a detectar o total de rendimentos auferidos por cada
interveniente, independentemente da(s) empresa(s) em que foi processado.
c) No caso das sociedades que eram propriedade do Grupo Sporting, e que foram vendidas no
decorrer do período de análise, não pudemos consultar a documentação de origem dos
movimentos contabilísticos dos vários anos, pois os respectivos dossiers contabilísticos, com
toda a inerente documentação, foram entregues aos novos proprietários. Estão neste caso as
sociedades Quinta do Loureiro, SA e S. P. GIS, SA.
d) Só existem demonstrações financeiras consolidadas elaboradas a partir da época 1998-‐99. Este
facto limitou, nessa medida, a nossa análise dos períodos anteriores àquela época. Desta
forma, nesse período, procedemos à análise das rubricas do Balanço e Demonstração de
Resultados em que as duplicações provenientes das operações entre empresas do Grupo se
apresentaram de fácil de detecção. Damos informação acerca do âmbito desta limitação em
cada um dos pontos deste relatório a que a mesma se refere.
e) Outra limitação relacionada com as contas consolidadas, é o facto de que os mapas de
consolidação que nos foram facultados, elaborados por uma consultora externa, apenas dão
informação acerca das anulações gerais de operações entre as empresas do Grupo, não sendo
normalmente discriminativos para contas abaixo de 2 dígitos. Este facto limitou a que se
procedesse a uma abordagem mais profunda às rubricas de custos e proveitos das épocas mais
recuadas.
f) Relativamente à data em que emitimos este Relatório, as contas consolidadas respeitantes à
época de 2010-‐11 não estavam ainda elaboradas. Este facto, acrescido da dificuldade do corte
de operações a 27 de Março de 2011, limitou-‐nos a análise relativa a 2011, na qual
procedemos ao exame do Activo Incorpóreo (jogadores), Imobilizado Corpóreo, Empréstimos
de Instituições Financeiras e outras rubricas, sobretudo do Balanço, em que as duplicações
provenientes das operações entre empresas do Grupo sejam inexistentes, ou de detecção
implícita. A análise da conta de Remunerações do Pessoal foi também estendida a essa data.
g) No decorrer do período em análise, o conceito de época desportiva, na base da qual estão
elaboradas as contas com respeito às datas de fecho do balanço, mudou na época de 2003-‐04.
Até 2002-‐03 inclusive, o ano contabilístico estava definido entre 1 de Agosto e 31 de Julho. A
época 2003-‐04 foi a primeira em que o ano contabilístico passou a ser definido entre 1 de
Julho e 30 de Junho. Os elementos financeiros incluídos nas séries temporais que
apresentamos incluem apenas 11 meses na época de 2003-‐04. Por outro lado, nas épocas
anteriores a 1996-‐97, as contas fechavam a 31 de Dezembro de cada ano. O ano de 1996 foi o
último em que se fecharam contas a 31 de Dezembro. As contas do período seguinte
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abrangeram apenas 7 meses, de 1 de Janeiro a 31 de Julho de 1997. Estas épocas não fazem
porém parte das contas consolidadas, e só serão analisadas pontualmente.
h) Antes de 2003 inclusive, todos os elementos (extractos, balancetes) foram fornecidos apenas
em papel, pois o software da época não converte os elementos para ficheiros digitais de forma
fiável. Em consequência, todos os elementos utilizados para esse período obrigaram-‐nos à sua
digitalização, implicando conferências suplementares e perda de alguma informação que,
doutra forma, poderia ter sido utilizada nas pesquisas efectuadas.
i) A par das limitações acima encontradas, houve que converter Escudos para Euros para os
valores referentes aos anos anteriores a 2002, sendo que a conversão não foi efectuada no
mesmo ano para todas as empresas do Grupo.
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II. VISÃO GERAL DAS CONTAS CONSOLIDADAS
Neste Capítulo, apresentamos uma visão geral das contas consolidadas, que abrangem o período
que tem início na época de 1998-‐1999, e termina na época de 2009-‐2010, que são
respectivamente a primeira época contabilística com contas consolidadas preparadas e a última
com contas consolidadas elaboradas até à data da elaboração deste Relatório.
O objectivo é efectuarmos um levantamento geral, por comparação entre as demonstrações
financeiras dos exercícios dos vários períodos envolvidos, das questões mais relevantes nas
contas consolidadas do Grupo Sporting, tanto ao nível dos principais itens do Balanço, como nas
componentes mais relevantes da Demonstração de Resultados.
Pela análise das variações ao nível da evolução dos Fluxos Consolidados de Caixa, que elaborámos
a partir das demonstrações financeiras consolidas anuais, obteremos informações
complementares que nos ajudarão a confirmar as conclusões extraídas a partir da análise
comparativa dos Balanços e das Demonstrações de Resultados.
Após a elaboração desta análise genérica levada a cabo neste Capítulo, estaremos em condições
de passar ao exame detalhado das componentes do Balanço e da Demonstração de Resultados
com maior influência nas contas e nos resultados do Grupo. Essa análise detalhada é efectuada no
Capítulo III.
1. EVOLUÇÃO DO BALANÇO
O gráfico seguinte foi construído comparando os Balanços Consolidados de 1999 e 2010 (página
82), que são, como atrás dissemos, o primeiro ano e o último ano com contas consolidadas
preparados até ao momento. Foram colocadas lado a lado as respectivas rubricas do Activo,
Passivo e Situação Líquida.
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GRÁFICO 1 Balanços consolidados comparados
Grupo Sporting
ACTIVO CAPITAL PRÓPRIO E PASSIVO
500
Milhões de
400
57
55
300
200
22
263
18
12 134 26
100
50 46
47 44 25
36 8 8
-‐
(41)
0
(100) (216)
(200)
(300)
1999 2010 1999 2010
Imob. Incorpóreas Líq. Imob. Corpóreas Líq. Dívidas de terceiros e Outros
Capital Social Reservas Resultados acumulados
Dívidas de Financiamento Fornecedores e Outros Credores Diferimentos e Provisões
Nota:
No Anexo são apresentados os Balanços Consolidados de todos os anos do período, bem como todos os respectivos
Balanços individuais de todas as empresas do Grupo.
Uma análise detalhada à evolução das diferentes rubricas acima leva-‐nos às seguintes conclusões:
O Imobilizado Corpóreo aumentou em 84 milhões de euros, de 50 para 134 milhões de euros
em valores líquidos. Analisaremos a evolução desta rubrica no Capítulo III, ponto 1.1 deste
relatório, incluindo, entre outros factores, a construção do novo Estádio José de Alvalade.
O Imobilizado Incorpóreo, que se compõe essencialmente dos passes dos jogadores de futebol
profissional, diminuiu em 11 milhões de euros significando
que a 30 de Junho de 2010 a equipa de futebol profissional estava contabilizada por menos
24% que em 1999. A evolução desta rubrica ao longo dos anos é explicada no Capítulo III,
ponto 1.2 deste Relatório.
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Dívidas de financiamento (conta 23 POC + leasings) é a rubrica em que se observa um maior
acréscimo: 217 milhões de euros (passando de 46 . Tal representa um
aumento médio de cerca de 24 milhões de euros por ano, tendo o endividamento do Grupo
Sporting mais do que quintuplicado em 12 anos. A evolução desta rubrica ao longo dos anos e
a relação dos credores envolvidos são analisadas em detalhe no Capítulo III, ponto 1.3 deste
Relatório.
A rubrica Diferimentos (Proveitos Diferidos e Acréscimos de Custos) e Provisões revela
também um acréscimo expressivo: 39 milhões de euros, o que representa mais do triplo em 12
anos. Porque neste campo se incluem os recebimentos antecipados de contratos de
prestações de serviços a terceiros, como receitas de publicidade, televisão e outros, dedicámos
o ponto 1.4 do Capítulo III deste Relatório à análise deste montante.
Os Resultados Acumulados negativos agravaram-‐se em 175 milhões de euros no período em
análise, o que representa uma média anual de 16 milhões de euros de prejuízos por ano desde
1999. Para entendermos melhor as causas subjacentes a esta evolução, apresentamos no
ponto 2 deste Capítulo a evolução das principais rubricas das contas de resultados de 1999 a
2010.
Como consequência desta acumulação de prejuízos ao longo dos anos, o Capital Próprio do
Grupo Sporting, que era positivo em 12 milhões de euros em 1999, atingiu em 2010 o valor
negativo de 183 milhões de euros, o mais baixo de sempre. Esta situação de falência técnica
em termos consolidados é agravada pelo facto do valor negativo do Capital Próprio do Grupo
ultrapassar em 13 milhões de euros, em valor absoluto, o montante do Imobilizado Líquido
total (imóveis + passes dos jogadores).
2. EVOLUÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADOS
No gráfico seguinte podemos observar qual foi a evolução das principais rubricas das contas de
resultados consolidados, de 1999 a 2010 (página 83). Este gráfico evidencia o detalhe do que
ocorreu no período de tempo considerado, de forma a que possamos determinar as causas
principais que provocaram os resultados negativos acumulados de 216 milhões de euros
evidenciados no Balanço de 2010.
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GRÁFICO 2 Evolução da Demonstração de Resultados consolidados
Grupo Sporting
Milhões de
120
100 7
10
80
27
22 5
60 13
7 7 8 10
19 9
40 7 21
18
20 10
46 45 49 51 49 47
20 44
32 27
20 24 26
-‐
0 (10) (12) (14) (16) (13) (19) (16) (17) (19) (20) (21) (21)
(20) (15)
(24)
(29) (30) (26) (23)
(16) (34) (27) (27) (25) (28) (28)
(40)
(17)
(8) (18) (14)
(22) (21) (23) (17)
(60) (22) (26) (18) (22)
(14) (13) (11)
(5) (8)
(7) (14) (17)
(10) (15)
(80) (11)
(16) (11)
(25)
(30)
(26) (15) (23)
(100) (26)
(38)
(120)
(140)
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010
Jos é J. E.
Di a s da Cunha Soa re s Fra nco
Roque tte Be tte ncourt
Vendas e Prestações de Serviços Proveitos Suplementares Outros Proveitos Proveitos Extraordinários
FSE Custos com pessoal Amortizações Ajustamentos+Provisões
Juros e Enc. Fin. Líquidos Custos Extraordinários Resultado Líquido do Exercício Outros Custos
Notas:
1-‐ O Resultado Líquido do Exercício não inclui os Interesses Minoritários.
2-‐ No Anexo são apresentadas as Demonstrações de Resultados Consolidados de todos os anos do período, bem como todas as
respectivas Demonstrações de Resultados individuais de todas as empresas do Grupo.
A análise ao gráfico acima, leva-‐nos às seguintes conclusões:
Vendas e prestações de serviços apresentando em 1999 o valor de 20 milhões de euros,
estes proveitos aumentaram especialmente em 2004 (44
estabilidade ou pequenos crescimentos, até ao valor máximo de 51 milhões de euros em 2008.
Nos dois últimos anos verificaram-‐se decréscimos anuais de 2 milhões de euros, tendo-‐se
atingido os 47 milhões de euros em 2010. A evolução desta rubrica é examinada em detalhe
no ponto 2.1 do Capítulo III deste Relatório.
Proveitos extraordinários e outros estas duas rubricas confundem-‐se em conceito, pois no
decorrer dos vários anos da série, os critérios de classificação contabilístic
-‐valias com os passes de
Analisando estas duas rubricas em conjunto, que se compõem em grande parte pelas mais-‐
valias obtidas nas vendas dos passes dos jogadores, concluímos que o ano de 2007 foi o mais
frutuoso, logo seguido por 2004 e 2003. Note-‐se que nos três últimos anos, os proveitos
extraordinários obtidos foram muito diminutos, sendo especialmente reduzidos em 2010 (2
milhões de euros).
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É feita uma análise detalhada a estas rubricas no ponto 2.2 do Capítulo III deste Relatório. As
mais-‐valias específicas provenientes da venda dos passes de jogadores, são detalhadas no
ponto 1.2 do mesmo Capítulo III. Por outro lado, as que são derivadas da venda de imobilizado
corpóreo, são analisadas em pormenor no ponto 1.1 desse mesmo Capítulo.
Proveitos suplementares trata-‐se essencialmente dos proveitos provenientes das
comparticipações da UEFA pela presença nas competições europeias. São rendimentos com
certa irregularidade, com valores máximos em 2001 e 2009, que advêm maioritariamente da
presença do Clube nestas competições.
Custos com o pessoal nestes gastos estão incluídas as remunerações de todo o pessoal das
diversas empresas do grupo e respectivos encargos sociais, incluindo os jogadores
profissionais. De realçar que 2002 foi o ano em que estes custos tiveram o seu valor máximo,
com 34 milhões de euros. O ano mais baixo após 1999 foi o de 2006 (23 Estes custos têm-‐
se mantido, após essa data, perto dos 30 milhões de euros anuais. No ponto 2.3 do Capítulo III
analisam-‐se em detalhe estes custos, bem como no ponto 1.2 desse mesmo Capítulo quando
se trate dos jogadores de futebol profissional.
Fornecimentos e serviços externos estes custos têm demonstrado tendência crescente, com
excepção de ligeiras reduções em 2003 e 2005. Estabilizaram nos 21 milhões de euros em 2009
e 2010. São analisados em pormenor no ponto 2.4 do Capítulo III deste Relatório.
Amortizações estes custos subdividem-‐se em amortizações do Imobilizado Corpóreo
(edifícios) e do Imobilizado Incorpóreo (passes dos jogadores). A sua irregularidade ao longo
dos anos é motivada pelas amortizações dos passes dos jogadores. Relativamente ao
imobilizado corpóreo, foram normalmente utilizadas as taxas máximas fiscais permitidas. As
amortizações dos passes dos jogadores são efectuadas proporcionalmente aos anos dos
contratos efectuados com cada jogador. Podem ser encontrados detalhes acerca dos gastos
com os passes dos jogadores e respectivas amortizações no ponto 1.2 do Capítulo III deste
Relatório, e acerca das restantes amortizações, no ponto 2.5 do mesmo Capítulo.
Juros e encargos financeiros esta rubrica comporta todos os juros de empréstimos de
financiamento, incluindo também os juros de leasings. Como se verifica no gráfico, estes
custos têm sido cada vez mais importantes nos resultados, atingido o seu valor máximo em
2007, com 17 milhões de euros. Este foi o único ano em que e apesar deste valor dos
encargos financeiros as contas consolidadas apresentaram lucro. Este foi também um ano
em que as taxas de juro estiveram especialmente altas no mercado, imediatamente antes da
crise financeira mundial, que despoletou em 2008, ano em que as taxas de juro baixaram
significativamente no mercado nacional e internacional. Em 2010, esta rubrica apresentava um
total de encargos no valor de 11 milhões de euros. Nos pontos 1.3 e 2.6 do Capítulo III deste
Relatório é examinada especificamente esta rubrica.
Resultados líquidos anuais a parte vermelha do gráfico está sempre presente em todos os
anos, na última linha, com excepção de 2007. Isto significa que, como resultado da gestão
anual do Grupo Sporting, todos os anos foram apurados prejuízos, com excepção de 2007, que
apresentou um lucro de 6,5 milhões de euros graças aos proveitos extraordinários apurados
(incluindo outros proveitos operacionais) de 37 milhões de euros (ponto 2.2 do Capítulo III).
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2010 foi o ano em que os resultados líquidos negativos atingiram o seu valor mais elevado, da
ordem de 38 milhões de euros. Os 2 últimos anos, cuja soma de prejuízos atinge 64 milhões de
euros, são responsáveis por mais de 1/3 dos resultados negativos acumulados nos últimos 12
anos. Também o período de 2001 a 2003 apresentou prejuízos anuais na ordem dos 25 a 30
milhões de euros. Esses 3 anos apresentaram um prejuízo conjunto de 81 milhões de euros, o
que representa cerca de metade do total dos prejuízos acumulados durante o período
analisado.
Em resumo, e fazendo uma análise geral à evolução dos Resultados -‐ quase sempre negativos -‐ do
Grupo Sporting concluímos que, com a estrutura de custos apresentada, os prejuízos se têm vindo
a revelar inevitáveis em anos em que os proveitos extraordinários da venda de passes de
jogadores sejam baixos (2009 e 2010), ou as receitas gerais se revelem menos dinâmicas (2001 a
2003).
O gráfico abaixo mostra qual foi a evolução da estrutura de custos nos últimos 12 anos (preços
correntes). Nota-‐se que os custos com o pessoal mantêm a mesma posição na estrutura, tendo os
Fornecimentos e Serviços Externos aumentado um pouco (+2%) o seu peso financeiro. A principal
diferença está nas Amortizações, que diminuíram em importância (-‐8%), em contrapartida dos
Juros de financiamento, que passaram a pesar 13% nos custos (+6%).
GRÁFICO 3 Evolução da estrutura de custos
Com a actual estrutura de custos, e face à natureza dos vários gastos aí incluídos, deve ser
explicitado que, a variável que acaba por ser mais susceptível de ser controlada pela gestão são as
amortizações do imobilizado incorpóreo (passes dos jogadores) e respectivos salários.
A evolução desta componente patrimonial (imobilizado incorpóreo jogadores), pelas
implicações financeiras directas que determina, teve influência marcante na evolução dos
resultados e na estrutura financeira do Grupo Sporting nos anos em análise, entre 1999 e 2010.
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