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UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA -
PIBID/CH/UEPB
E E E F M P R O F. J O S É S O A R E S D E C A R VA L H O – G U A R A B I R A - P B




 BOLSISTAS:
 Ana Lenita Pereira, Elaine Carla Martins, Geisy Kelly dos Santos, Jobson
 Soares da Silva e Valdeci João da Silva.
Humor, desenho, literatura e produção de texto: Millôr Fernandes,
um gênio do humor em Língua Portuguesa
MILLÔR FERNANDES
1923 – 2012

 Considerado um dos maiores chargistas e jornalistas da imprensa brasileira do século XX.
 Millôr Fernandes iniciou sua carreira na revista O Cruzeiro, antes mesmo do veículo ser
 adquirido por Chateaubriand, quando se tornaria numa das mais importantes revistas da
 história do Brasil, Trabalhou em diversos jornais e revistas de grande relevância como a
 revista Veja, Jornal do Brasil, Jornal O Dia, Folha de São Paulo, entre outros trabalhos.
 Autodidata, desenvolvia um humor expressado por meio de desenhos e pinturas despojadas; e
 textos criativos e avançados para o seu tempo .Millôr se considerava um escritor sem estilo,
 conquistou a crítica e a opinião pública, e tratava seus editores de igual para igual. Iniciou no
 jornalismo em 1938, aos 15 anos de idade, no cargo de contínuo e repaginador de “O
 Cruzeiro”, retornaria à revista no ano de 1943, ao lado de Frederico Chateaubriand, quando
 criou a sua coluna “Pif-Paf” com textos e desenhos. Além de artigos e charges, se aventurou
 na dramaturgia escrevendo roteiros para o teatro e cinema. Em 1949, assinaria seu primeiro
 roteiro cinematográfico, “Modelo 19”, que recebeu o Prêmio Governador do Estado de São
 Paulo.
HUMOR, DESENHO, LITERATURA E PRODUÇÃO DE TEXTO:
MILLÔR FERNANDES,
ALGUNS PENSAMENTOS DE MILLÔR FERNANDES


"Brasil, país do faturo".
"Os horários para os candidatos políticos na TV visam a uma total
liberdade de expressão. Mas tudo que vimos, até agora, foi uma absoluta
dificuldade de se exprimir".
"A diferença entre existir e viver é mais ou menos dez salários mínimos"
"Antigamente, para ser um grande escritor, era preciso saber ler e
escrever. Hoje, basta ser adotado nas escolas".
"Quem não lê é mais analfabeto do que quem não sabe ler".
"Certos dias tem 100 anos".
"Toda regra tem exceção. Uma frase que carrega sua própria contradição".
"O político profissional jamais tem medo do escuro. Tem medo é da
claridade".
ALGUMAS FÁBULAS DE MILLÔR FERNANDES

  O Caracol e a Pitanga

  Há dois dias o caracol galgava lentamente o tronco da pitangueira,
  subindo e parando, parando e subindo. Quarenta e oito horas de
  esforço tranqüilo, de caminhar quase filosófico. De repente, enquanto
  ele fazia mais um movimento para avançar, desceu pelo tronco,
  apressadamente, no seu passo fustigado e ágil, uma formiga-maluca,
  dessas que vão e vêm mais rápidas que coelho em desenho animado.
  Parou um instantinho, olhou zombeteira o caracol e disse: "Volta, volta,
  velho! Que é que você vai fazer lá em cima? Não é tempo de pitanga".
  "Vou indo, vou indo"- respondeu calmamente o caracol. - "quando eu
  chegar lá em cima vai ser tempo de pitanga".
Na fronteira da esperança




O guarda parou o carro na barreira da Nova República.
- Parabéns! – disse ele ao motorista do carro. – Acaba de ganhar o prêmio
de um milhão de cruzeiros!
É o milésimo motorista que entra na nova estrada do Progresso e da
Liberdade. O que é que o senhor pretende fazer com esse dinheiro?
- Eu? – respondeu o motorista. – A primeira coisa que vou fazer é comprar
uma carteira de motorista.
- Não presta atenção nesse idiota, não! – gritou a mulher que estava ao
lado do motorista. – Ele vem bebendo desde que entramos na estrada; já
está completamente bêbado!
- Bêbado não, sua idiota! – falou a velha que estava no fundo do carro. –
Se meu filho estivesse bêbado, não tinha conseguido roubar o carro.
- Magnífico o bom humor de vocês! – disse o guarda. – Podem ir. Boa
viagem!
MORAL: TODA REPRESSÃO TEM SUA COTA DE PERMISSIVIDADE.
ALGUNS POEMAS DE MILLÔR

     Monólogo Madrigal Maquiavélico

     Minha mão martelando machucou minha mulher.
     Mandei medicá-la mas minha mulher morreu.
     Maria Matos Martins, minha mulher, morreu.
     Minha mão malvada!
     Martelo mortal.
     Mequetrefes maldosos mexericam.
     Multidão malícia morte maneira minha mulher mineira.
     Mas matarei murmúrios mandando montar mausoléu magnata.
     Memória minha mulher mulata.
     Majestoso monumento mortal.
     Mostrará minha mágoa matrimonial.
     Mármore marota mensagem.
     Mausoléu monumental malandragem.
     Malandragem mercenária.
     Mistificando morte minha mulher milionária.
Reflexão sobre a reflexão
Terrível é o pensar.
Eu penso tanto
E me canso tanto com meu pensamento
Que às vezes penso em não pensar jamais.
Mas isto requer ser bem pensado
Pois se penso demais
Acabo despensando tudo que pensava antes
E se não penso
Fico pensando nisso o tempo todo.
Poemeu muito na onda com Eira & com Beira
Pô, nós, trabalhadores
Só fazendo besteira,
Nós, do povão,
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  • 1. UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA - PIBID/CH/UEPB E E E F M P R O F. J O S É S O A R E S D E C A R VA L H O – G U A R A B I R A - P B BOLSISTAS: Ana Lenita Pereira, Elaine Carla Martins, Geisy Kelly dos Santos, Jobson Soares da Silva e Valdeci João da Silva.
  • 2. Humor, desenho, literatura e produção de texto: Millôr Fernandes, um gênio do humor em Língua Portuguesa
  • 3. MILLÔR FERNANDES 1923 – 2012 Considerado um dos maiores chargistas e jornalistas da imprensa brasileira do século XX. Millôr Fernandes iniciou sua carreira na revista O Cruzeiro, antes mesmo do veículo ser adquirido por Chateaubriand, quando se tornaria numa das mais importantes revistas da história do Brasil, Trabalhou em diversos jornais e revistas de grande relevância como a revista Veja, Jornal do Brasil, Jornal O Dia, Folha de São Paulo, entre outros trabalhos. Autodidata, desenvolvia um humor expressado por meio de desenhos e pinturas despojadas; e textos criativos e avançados para o seu tempo .Millôr se considerava um escritor sem estilo, conquistou a crítica e a opinião pública, e tratava seus editores de igual para igual. Iniciou no jornalismo em 1938, aos 15 anos de idade, no cargo de contínuo e repaginador de “O Cruzeiro”, retornaria à revista no ano de 1943, ao lado de Frederico Chateaubriand, quando criou a sua coluna “Pif-Paf” com textos e desenhos. Além de artigos e charges, se aventurou na dramaturgia escrevendo roteiros para o teatro e cinema. Em 1949, assinaria seu primeiro roteiro cinematográfico, “Modelo 19”, que recebeu o Prêmio Governador do Estado de São Paulo.
  • 4.
  • 5.
  • 6.
  • 7.
  • 8.
  • 9. HUMOR, DESENHO, LITERATURA E PRODUÇÃO DE TEXTO: MILLÔR FERNANDES,
  • 10.
  • 11. ALGUNS PENSAMENTOS DE MILLÔR FERNANDES "Brasil, país do faturo". "Os horários para os candidatos políticos na TV visam a uma total liberdade de expressão. Mas tudo que vimos, até agora, foi uma absoluta dificuldade de se exprimir". "A diferença entre existir e viver é mais ou menos dez salários mínimos" "Antigamente, para ser um grande escritor, era preciso saber ler e escrever. Hoje, basta ser adotado nas escolas". "Quem não lê é mais analfabeto do que quem não sabe ler". "Certos dias tem 100 anos". "Toda regra tem exceção. Uma frase que carrega sua própria contradição". "O político profissional jamais tem medo do escuro. Tem medo é da claridade".
  • 12. ALGUMAS FÁBULAS DE MILLÔR FERNANDES O Caracol e a Pitanga Há dois dias o caracol galgava lentamente o tronco da pitangueira, subindo e parando, parando e subindo. Quarenta e oito horas de esforço tranqüilo, de caminhar quase filosófico. De repente, enquanto ele fazia mais um movimento para avançar, desceu pelo tronco, apressadamente, no seu passo fustigado e ágil, uma formiga-maluca, dessas que vão e vêm mais rápidas que coelho em desenho animado. Parou um instantinho, olhou zombeteira o caracol e disse: "Volta, volta, velho! Que é que você vai fazer lá em cima? Não é tempo de pitanga". "Vou indo, vou indo"- respondeu calmamente o caracol. - "quando eu chegar lá em cima vai ser tempo de pitanga".
  • 13. Na fronteira da esperança O guarda parou o carro na barreira da Nova República. - Parabéns! – disse ele ao motorista do carro. – Acaba de ganhar o prêmio de um milhão de cruzeiros! É o milésimo motorista que entra na nova estrada do Progresso e da Liberdade. O que é que o senhor pretende fazer com esse dinheiro? - Eu? – respondeu o motorista. – A primeira coisa que vou fazer é comprar uma carteira de motorista. - Não presta atenção nesse idiota, não! – gritou a mulher que estava ao lado do motorista. – Ele vem bebendo desde que entramos na estrada; já está completamente bêbado! - Bêbado não, sua idiota! – falou a velha que estava no fundo do carro. – Se meu filho estivesse bêbado, não tinha conseguido roubar o carro. - Magnífico o bom humor de vocês! – disse o guarda. – Podem ir. Boa viagem! MORAL: TODA REPRESSÃO TEM SUA COTA DE PERMISSIVIDADE.
  • 14. ALGUNS POEMAS DE MILLÔR Monólogo Madrigal Maquiavélico Minha mão martelando machucou minha mulher. Mandei medicá-la mas minha mulher morreu. Maria Matos Martins, minha mulher, morreu. Minha mão malvada! Martelo mortal. Mequetrefes maldosos mexericam. Multidão malícia morte maneira minha mulher mineira. Mas matarei murmúrios mandando montar mausoléu magnata. Memória minha mulher mulata. Majestoso monumento mortal. Mostrará minha mágoa matrimonial. Mármore marota mensagem. Mausoléu monumental malandragem. Malandragem mercenária. Mistificando morte minha mulher milionária.
  • 15. Reflexão sobre a reflexão Terrível é o pensar. Eu penso tanto E me canso tanto com meu pensamento Que às vezes penso em não pensar jamais. Mas isto requer ser bem pensado Pois se penso demais Acabo despensando tudo que pensava antes E se não penso Fico pensando nisso o tempo todo. Poemeu muito na onda com Eira & com Beira Pô, nós, trabalhadores Só fazendo besteira, Nós, do povão, Só marcando bobeira, Enquanto a elite toda É conscientizada Pelo Gabeira