1. 1REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2014
Ribeirão Preto SP
Junho - 2014
Ano 7 - Nº 72
R$ 10,00
Sicoob SP promove workshop para detalhar Plano Agrícola e Pecuário
Fertilizantes foliares corrigem deficiências nutricionais
da planta e ajudam a melhorar a qualidade do canavial
CADERNO TERRA & CIA: Minianimais conquistam mercado e a atenção de produtores em SP e MG
PRODUTIVIDADE
De olho na
Maior do mundo: Fenasucro
terá 550 expositores e espera
receber 33 mil visitantes
Energias: Serviços podem
transformar Ribeirão Preto em
Vale do Silício do pré-sal
Benefício: Lei Federal garante
suspensão do processo de
execução de dívidas rurais
3. 3REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2014
Q
uando o nosso país foi anunciado como sede da Copa do Mundo deste ano, começou
uma corrida contra o tempo para tirar o atraso não só na construção de novos estádios,
já que a maioria dos que existiam no país estava aos cacos, mas para garantir obras fun-
damentais de infraestrutura, na malha viária, portos e aeroportos, não fazer feio aos olhos da
Fifa nem dos turistas. Foi preciso acelerar principalmente as obras de mobilidade urbana e não
atravancar os dividendos econômicos trazidos pelos que estão chegando ao maior evento es-
portivo do planeta.
Apesar da maquiagem feita em muitos dos empreendimentos, para não deixar transpare-
cer a falta de planejamento, o que provocou a não obediência aos cronogramas iniciais e até a
não entrega de projetos prometidos, o Brasil tem chamado a atenção pela receptividade aos di-
ferentes povos, pela alegria com que supera os obstáculos cotidianos e pela garra em não deixar
a peteca cair. O resultado é uma Copa do Mundo que tem despertado para a percepção de que a
cultura nacional não é composta apenas de corrupção e exploração sexual. Mas da diversidade
dos costumes regionais, do encanto com a natureza exuberante, das belezas forjadas pelo clima
tropical, da disposição de sua gente em criar, inovar, experimentar.
A abertura da Copa do Mundo, por exemplo, em que um paraplégico, com a ajuda da tec-
nologia – um exoesqueleto desenvolvido pela equipe do pesquisador Miguel Nicolelis –, deu o
chute inicial, é um exemplo de que os esforços para transformar o Brasil em potência mundial
em outras áreas não são poucos. Mas, para isso, é preciso que haja o envolvimento de diver-
sas esferas – entenda-se poder público, iniciativa privada e cidadãos comuns, preparados por
meio da Educação.
Nesses aspectos, a zona rural tem nos dado um bom exemplo há muitos e muitos anos.
A agricultura, com seus avanços surpreendentes em produtividade, tem sido a fiel da balança
comercial brasileira, resultado dos expressivos desempenhos acumulados no mercado interna-
cional nas últimas décadas. E este cenário tem tudo para ser ainda mais pujante, já que o país
desponta como potencial produtor de alimentos para um mundo em que já habitam sete bilhões
de habitantes.
Além de comida, as nações demandam energia renovável, o que o Brasil parece, tam-
bém, ter de sobra. Não só fontes, mas tecnologias para produzi-la. Os protocolos ambientais
que tornam urgente a adoção de combustíveis alternativos, como o etanol, representam, para o
país, algo semelhante como o direito de sediar uma Copa do Mundo no ramo energético. Mas,
a exemplo do futebol, é necessário correr contra o tempo, fazendo
as reformas necessárias, assumindo compromissos, com o enga-
jamento de todos os agentes envolvidos. A diferença, nesse caso,
é que não pode haver espaço para improvisos malfeitos. Do contrá-
rio, é iminente o risco de sair atrás no placar e não haver tempo su-
ficiente para virar o jogo.
Expediente
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Redação
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Reportagem: Marcela Servano
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Maniero Ismael e Ricardo Varrichio.
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Carta ao leitor
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Vencer no campo da tecnologia
Divulgação/BioenergéticaAroeira
Para que a sucroenergia vença a corrida por novos mercados, é preciso
o engajamento não só do setor, mas de representantes da esfera pública
8. Sumário
10
14
15
18
22
24
28
30
Portal CanaMix
- PIB da agropecuária cresce e
supera média de outros setores
- Barralcool lança livro com
receitas de 16 sobremesas
- Fundação Jalles Machado
promove 8º Concurso de Redação
- Programa da Dow AgroSciences
capacita 1.300 participantes
- Odebrecht Agroindustrial implanta
programa para formar jovens em MS
Marketing Canavieiro
- John Deere é eleita, pelo 4º ano,
uma das melhores
empresas para trabalhar
- Usinas Itamarati substituem
hot stamp por Codificadoras
Markem-Imaje
- Alltech oferece soluções para
enfrentar estresses climáticos
Pecuária
- Pequenos notáveis
Opinião
- Como o marketing e a
educação podem ajudar
na educação do produtor?
- Aprimoramento do
ensino de defesa vegetal
38
40
44
49
Gestão de Negócios
- A Copa dos impostos
Espaço Datagro
- Queda no frete do
transporte de açúcar
Petróleo & Energias Renováveis
- Vale do Silício do pré-sal
Opinião
- Setor sucroenergético:
alternativa limpa à crise energética
- Cana-de-açúcar:
em que pé estamos?
Capa
- A inovação dos foliares
Nordeste em Foco
- Rumos aos 80 anos:
desafios para
continuar caminhando
Conjuntura
- Paralisação judicial
Eventos
- Fenasucro: 90% dos
espaços vendidos
- 2º Workshop de Crédito Rural:
Sicoob SP detalha plano
- Seminário da Indústria:
Produtividade é palavra-chave
Divulgação/Fenasucro
10. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201410
Gestão de Negócios
A Copa dos impostos
Ricardo Varrichio, diretor da PwC
Brasil e especialista em gestão
tributária de empresas do agronegócio
E
m tempos de Copa do Mundo e de
previsões sobre quem será o gran-
de vencedor, alguns estudos seriam
capazes de revelar quem levantaria a taça
de campeão em setores específicos essen-
ciais ao desenvolvimento.
No campo dos tributos, a Copa das
Copas poderia então ser denominada de
“Copa dos impostos”, onde seria revela-
da nessa ficção a classificação das nações
competidoras de acordo com o melhor de-
sempenho fiscal entre as economias que
participarão do campeonato.
O estudo “Paying Taxes 2014 —
The global Picture”, realizado pela PwC,
pelo Banco Mundial e pelo IFC (Internatio-
nal Finance Corporation), investiga e com-
para os regimes fiscais de 189 economias
mundiais e fornece um ranking das melho-
res e piores economias tributárias do mun-
do, levando-se em consideração o núme-
ro de tributos, quantidade de horas gastas
para atendimento das obrigações acessó-
rias e total da carga tributária.
A reprodução desse ranking no cha-
veamento da Copa do Mundo de 2014 traz
uma alegoria em tempos de futebol que tem
o objetivo de chamar a atenção para o se-
vero regime tributário de muitos países e
para a antiga discussão sobre a reforma tri-
butária necessária para que seja estimulada
a economia. O vencedor nas disputas do
chaveamento é o que possuir melhor posi-
ção no ranking.
O resultado impressiona, mas infeliz-
mente não surpreende. A seleção brasilei-
ra não passaria sequer da primeira fase do
Mundial e seria derrotada pelas seleções da
Croácia e México. Apenas ganharia o jogo
contra Camarões, que ocupa a 180ª po-
sição entre as 189 economias mundiais
estudadas.
Não é uma surpresa porque o país da
Copa possui um dos mais onerosos, com-
plexos e burocráticos regimes tributários de
todo o mundo. A carga tributária é altíssima
e são necessárias 2.600 horas anuais para
o preenchimento de registros e declarações
fiscais onde se esperava um número bas-
tante reduzido de horas, face o grau avan-
çado de informatização do Fisco.
Nesse cenário, todos saem perden-
do. O país, que cresce muito menos do que
seus concorrentes mundiais, o empresá-
rio, que deixa boa parte dos lucros no “cus-
to Brasil”, e o consumidor, que paga par-
te dessa conta com até 40% de toda a sua
renda bruta.
As estatísticas não são animado-
ras. Além do fraco desempenho na Copa
dos impostos, o Brasil também seria o pior
classificado no ranking em qualquer con-
fronto direto com as nações detentoras dos
outros títulos mundiais.
A grande final do dia 13 de julho se-
ria disputada entre Suíça e Inglaterra (con-
siderando os dados mapeados do Reino
Unido contido no “Paying Taxes 2014 —
The global Picture”, que considera a Ingla-
terra, Irlanda do Norte, Escócia e País de
Gales), numa disputadíssima batalha para
se consagrar como o país mais bem po-
sicionado sob a ótica tributária dentre to-
das as nações que participam da Copa do
Mundo.
O vencedor? Certamente não é o
Brasil.
É preciso repensar as políticas tribu-
tárias brasileiras e o custo que envolve cen-
tenas de horas incorridas no atendimento à
legislação fiscal. A retomada do crescimen-
to econômico passa pela remodelagem do
sistema tributário brasileiro. Enquanto se
prolongar esse debate, o país perde. Por
isso, é preciso planejar uma gestão tribu-
tária eficiente para não ser mero expecta-
dor desse jogo.
14. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201414
Queda no frete do transporte de açúcar
Com informações da
assessoria de imprensa
“O
frete de transporte de açúcar
para o porto ficou mais com-
petitivo”. Assim afirmou Pli-
nio Nastari, presidente da Datagro Con-
sultoria, indicando que, em maio, o frete
médio para transporte de açúcar no es-
tado de S. Paulo para o Porto de San-
tos registrou queda de 8%, em compara-
ção com o mês anterior, e queda de 7,8%
em relação ao preço praticado no mes-
mo período de 2013, atingindo R$ 84,35
por tonelada.
A redução foi possível, entre outros
fatores, por causa das melhorias no Por-
to de Santos, que refletiram na logística
do transporte de açúcar. Entre as medidas
adotadas este ano para o maior porto do
Brasil, um dos destaques foi o agendamen-
to da chegada de veículos aos terminais,
que contribuiu para diminuir o congestio-
namento na região periférica do porto. Se-
gundo Nastari, “como resultado, o tempo
médio de espera de um caminhão caiu de
nove horas para cerca de 5,5 horas”.
te da Datagro Consultoria indicou, ainda,
que, apesar do clima seco ter favorecido
o ritmo de plantio, tratos culturais e co-
lheita, as canas a serem colhidas no ul-
timo terço da safra estão sofrendo a fal-
ta de umidade. Segundo a consultoria, a
safra 14/15 de cana-de-açúcar na região
Centro-Sul deverá apresentar uma redu-
ção de 7,1% em termos da oferta total de
ATR, açúcar e etanol avaliados em uma
base comum. A moagem de cana é es-
timada, na região Centro-Sul, em 560,5
milhões de toneladas.
Além do Brasil, outros países tam-
bém podem ter suas produções afetadas
pelo clima. É o caso de Índia, Tailandia e
México. Segundo Nastari, durante a sa-
fra mundial de 14/15, que corre entre ou-
tubro e setembro, a Datagro estima que
o consumo deverá superar a produção
mundial em 2,46 milhões de toneladas.
Este será o primeiro ano, dos últimos cin-
co, em que o mercado estaria indicando
um déficit, ao invés de superávit. Em ja-
neiro, a estimativa indicava um déficit de
1,61 milhão de toneladas.
Outro fator que influenciou foi a re-
dução das chuvas, o que aumentou a efi-
ciência do escoamento e diminuiu o con-
gestionamento no pátio do porto. “O frete
entre Ribeirão Preto e Santos atingiu, em
maio, R$ 82,07 por tonelada, uma redu-
ção de 8,5% em relação ao mês de abril
deste ano”.
Produção de açúcar – O presiden-
Em maio, o frete médio para transporte de açúcar no estado
de S. Paulo para o Porto de Santos registrou queda de 8%
Nastari afirma que transporte ficou mais competitivo
por causa de melhorias executadas no Porto de Santos
Divulgação/Datagro
Divulgação/UsinaSãoJosédaEstiva
16. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201416
Petróleo & Energias Renováveis
Expansão do pré-sal pode ser significativa para região de Ribeirão Preto, que tem centros de excelência educacional e qualidade nos serviços
Vale do Silício do pré-sal
Consultor diz que prestação de serviços, indústrias de peças, centros logísticos
e biocombustíveis são oportunidades para a região de Ribeirão Preto
Com informações da assessoria
de imprensa AEAARP
O
engenheiro Ricardo Salomão,
especialista no setor de petró-
leo e gás, afirma que os centros
de excelência educacional e a qualida-
de dos serviços prestados por empre-
sas de vários setores podem se conver-
ter em oportunidades de negócios para o
interior de São Paulo durante a explora-
ção do pré-sal.
“A existência de boas escolas
em todos os níveis posiciona esta re-
gião como um ‘Vale do Silício’ em ter-
mos de prestação de serviços em geral.
E a exploração do pré-sal demanda servi-
ços de todos os tipos, muitos dos quais
podem ser prestados à distância. A po-
sição geográfica do prestador não dimi-
nui suas chances de concorrer”, explica.
O Vale do Silício é uma região da Cali-
fórnia, nos Estados Unidos, que, desde a
década de 1950, recebe empresas com
o objetivo de gerar inovações científicas
e tecnológicas.
Salomão vai ministrar palestra na
Associação de Engenharia, Arquitetura e
Agronomia de Ribeirão Preto (AEAARP)
no dia 19 de agosto, sob o tema “Pers-
pectivas e oportunidades do mercado de
óleo, gás, biocombustíveis e energia”.
Ele é diretor do Grupo Cronus Empresas.
Foi gerente da Universidade Petrobras,
diretor da Transportadora Associada de
Gás (TAG), da Transportadora Brasilei-
ra do Gasoduto Brasil Bolívia (TBG), com
sólida carreira desenvolvida em várias
áreas da Petrobras e Transpetro (enge-
nharia, manutenção, fusões e aquisições
e no setor naval).
Em sua avaliação, os biocombus-
ArquivoCanaMix
17. 17REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2014
Ricardo Salomão
afirma que
biocombustíveis
podem se posicionar
no mercado, apesar
do cenário convergir
para os fósseis
ticipação em projetos de plantas indus-
triais. “A grande maioria dos projetos é
importada, sem transferência de tecno-
logia”. Outra questão que ele também
vai abordar na palestra refere-se à qua-
lificação profissional. “O problema se
agravou na medida em que há um nú-
mero cada vez mais frequente de lacu-
nas deixadas pela educação formal nos
ensinos fundamental e médio, particular-
mente nas disciplinas de Português, Ma-
temática e Ciências, que dificultam até
mesmo a própria capacitação interna nas
empresas”.
SERVIÇO
Palestra “Perspectivas e oportunidades do mercado de óleo, gás, biocom-
bustíveis e energia” – Ricardo Salomão
Data: 19 de agosto
Horário: 19h30
Local: AEAARP (Rua João Penteado, 2.237)
Entrada gratuita
tíveis têm chance de se
posicionar no merca-
do, mesmo no cenário
em que tudo parece con-
vergir para os combustí-
veis fósseis. “O segmen-
to de biocombustíveis
constitui-se em um ne-
gócio à parte dentro da
indústria de energia. Partindo do etanol
(de onde tudo se originou) até o biodie-
sel (que pode ser obtido de várias fon-
tes renováveis), este segmento evoluiu
muito e, atualmente, pode-se dizer que
representa uma rota de negócios extre-
mamente atraente, interna e externa-
mente, principalmente pelo seu perfil de
sustentabilidade”.
Para o desenvolvimento econômi-
co do país, Salomão afirma que “infeliz-
mente, a engenharia brasileira vem se de-
parando com problemas que passaram a
ser estruturais”. Um deles é a pouca par-
Divulgação/Cronus
18. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201418
meio do lançamento de programas de in-
centivo ao desenvolvimento científico e
tecnológico na área de produção de bio-
gás. Exemplo disso é o P&D 014/2012,
da Agência Nacional de Energia Elétrica
(ANEEL), que prevê o investimento de R$
476 milhões, nos próximos três anos, na
instalação de 33,7 MW em usinas de ge-
ração de energia elétrica a partir do bio-
gás de resíduos e efluentes líquidos.
Outro meio de incentivo que o go-
verno tem dado à geração de energia a
partir do biogás é a política de isenção
de impostos no mercado livre de energia.
Enquanto a energia elétrica gerada a par-
tir de biogás é considerada 100% verde
e conta com 100% de isenção de TUSD/
TUST (Tarifa de Uso do Sistema de Dis-
tribuição/Tarifas de Uso do Sistema de
Transmissão), a cogeração pela queima
do bagaço, a energia eólica e as peque-
nas centrais hidrelétricas (PCHs) con-
tam com 50% de desconto. Na prática, o
governo dá este prêmio às geradoras de
energia a partir do biogás para cada me-
gawatt gerado. É que o Estado já se deu
conta do retorno e do impacto a curto,
médio e longo prazo do investimento nas
energias verdes.
*Engenheiro, é diretor
da GEO Energética
Opinião
Setor sucroenergético: alternativa limpa à crise energética
*Evaldo Fabian
O
Brasil possui uma das matri-
zes energéticas mais limpas do
mundo. Números da International
Energy Agency revelam que o índice de
energia renovável utilizada no país den-
tro da matriz energética é maior do que
em todo o mundo: 35% contra 13,5% no
planeta. Nos Estados Unidos, é de ape-
nas 4,3%.
A rica matéria-prima que se en-
contra entre os resíduos do setor sucro-
energético, por exemplo, abre um mar de
novas possibilidades para a geração de
energia limpa. Estudo apresentado em ju-
nho pelo professor Dr. Marcos Fava Ne-
ves, da FEA/USP de Ribeirão Preto, SP,
mapeia este mercado e revela que, na sa-
fra 2013/14, o segmento identificou um
PIB (Produto Interno Bruto) de US$ 43,3
bilhões, aumento de 44% na comparação
com a safra 2008/09.
O Brasil produz, anualmente, 450
milhões de toneladas de resíduos de ca-
na-de-açúcar, hoje ainda subutilizados. O
volume é quatro vezes maior que a quan-
tidade de resíduos de lixo urbano gera-
do a cada ano por toda a população bra-
sileira. Não há outro país no mundo que
se equipare ao Brasil em potencial para
geração de energia a partir de resíduos
da cana-de-açúcar. Por suas condições
naturais e extensas plantações de cana
nas mais de 400 usinas de açúcar e eta-
nol – e, certamente, devido aos avanços
técnicos e tecnológicos relacionados ao
setor sucroenergético –, o Brasil é o úni-
co país onde a totalidade dos resíduos da
cana-de açúcar pode gerar energia equi-
valente à produzida pela Usina Hidrelétri-
ca de Itaipu.
Isso já é parte da realidade brasi-
leira e é neste sentido que acreditamos
que o Brasil pode se tornar referência
para o mundo. Longe de ser a única solu-
ção para a atual crise energética do país,
o processamento dos resíduos da cana
para geração de biogás e, posteriormen-
te, de energia elétrica é certamente uma
alternativa que tende a ter grande im-
pacto para o setor energético. Tomando
como base o processo natural da biodi-
gestão, pesquisadores brasileiros de di-
versas áreas do conhecimento uniram
suas competências e, após uma década
de trabalho, conseguiram atingir a escala
comercial de produção de biogás a par-
tir desses resíduos. Por meio de um pro-
cesso 100% limpo, já é possível produzir
energia 100% verde sem o uso de terras
e matérias-primas nobres, mas onde a
terra já foi trabalhada e com os resíduos
da produção de açúcar e etanol.
A evolução natural já em curso é
a conversão deste biogás resultante da
biodigestão controlada em biometano e o
uso dele para substituir o diesel de toda
a frota das usinas. Quando esta meta for
atingida, o etanol produzido por tais usi-
nas alcançará uma redução de 95% na
emissão de gases do efeito estufa frente
a um combustível fóssil, tornando-se, as-
sim, o primeiro combustível líquido car-
bono neutro, conforme comprovaram
estudos do Centro Nacional de Referên-
cia em Biomassa (CenBio) da USP, so-
bre o uso de biometano como combustí-
vel. O potencial do setor sucroenergético
na produção de energia verde pode ser
estendido para toda a agroindústria, na
medida em que avançarem as pesquisas
sobre a biodigestão controlada de seus
resíduos, que, para esta nova indústria
que surge, a da biomassa, são matérias-
-primas preciosas.
Sintonizado com os mais recen-
tes avanços na área, o governo brasileiro
tem demonstrado reconhecimento a es-
sas novas tendências e alternativas, por
20. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201420
Opinião
*Marcelo Maniero Ismael
A
tualmente, mais de 47% de toda
energia utilizada no Brasil vêm
de fontes renováveis, sendo o
setor sucroenergético responsável por
18% do total consumido no país. A ca-
na-de-açúcar é a matéria-prima que tra-
duz essa relevância com a produção de
etanol e bioeletricidade. Ocupamos a se-
gunda colocação na produção mundial
de etanol, com 20% de mercado, e re-
presentamos um quinto das exportações
mundiais. E temos aqui o maior progra-
ma de substituição por energia limpa no
mundo em contraponto à base fóssil.
Embora esses índices apontados
pela União da Indústria de Cana-de-Açú-
car (Unica) sejam favoráveis, eviden-
ciando a potência do segmento, o setor
sucroenergético merece atenção para a
retomada de seu crescimento, que tem
sido bastante afetada desde a crise eco-
nômica internacional de 2008.
Hoje, a produção conta com inú-
meros desafios, relacionados à expan-
são da cultura, inovações em infraes-
trutura, redução de custos e políticas
governamentais. Nos canaviais, a pa-
lavra de ordem continuará sendo o au-
mento de produtividade, ou seja, produ-
zir mais toneladas por hectare.
Do ponto de vista de inovações
agrícolas, os desafios têm se acentu-
ado em função de condições climáti-
cas, rentabilidade e produção sustentá-
vel. Para que se tenha uma ideia, nos
últimos seis anos, o Brasil quase do-
brou sua área cultivada, período em que
a preocupação era ter grandes ganhos
em escala, expansão dos canaviais e
quantidade da matéria-prima. Essa épo-
ca foi marcada também pela baixa quali-
dade das mudas de cana, aparecimento
paramos com uma política de favore-
cimento à gasolina, que é, indiscutivel-
mente, mais poluente. Ainda se referindo
ao etanol, é importante lembrar que este
combustível apresenta menos emissões
de gases tóxicos, é rentável (e pode ser
ainda mais), além de grande gerador de
emprego e de renda, o que faz dele uma
fonte de energia mais sustentável.
Dessa forma, fica evidente que o
setor sucroenergético tem feito sua lição
dentro da usina, mas ainda necessita de
mais incentivos para sair definitivamen-
te da crise e conquistar um espaço mais
amplo frente à comunidade internacional
aliado à otimização de investimentos.
*Diretor de Negócios Especialidades
da Unidade de Proteção de
Cultivos da BASF para o Brasil
Cana-de-açúcar: em que pé estamos?
de pragas e doenças na
planta e no solo. Mais
uma vez, todos esses
fatores, incluindo a falta
de modernização, têm
tido um impacto na pro-
dutividade do setor.
Para alterar esse
quadro, é de extrema
importância que novas
tecnologias no cam-
po auxiliem o produ-
tor na relação custo-
-benefício. Para atender
a esse mercado e coo-
perar para o seu desen-
volvimento, a indústria
de agroquímicos, por
exemplo, já oferece so-
luções de manejo que
colaboram para um de-
sempenho superior da
cana, levando em con-
sideração preço, com-
petitividade e produtividade. O uso de
fungicidas na cultura é uma novida-
de, algo inimaginável há alguns anos, e
que tem trazido ganhos e incrementos.
O desenvolvimento de mudas sadias,
com o aumento da qualidade dos vi-
veiros de cana-de-açúcar, também for-
talece o segmento, já que prevê áreas
comerciais com plantio de melhor qua-
lidade. Já é possível também mapear os
canaviais para detecção de áreas mais
produtivas por meio de georreferencia-
mento, entre outras novas soluções dis-
poníveis e consideradas indispensáveis.
Embora este cenário pareça por
vezes obscuro, o Brasil ainda mantém
um alto potencial para fornecimento de
subprodutos de cana, em especial o eta-
nol, seja para consumo próprio ou para
exportações. Entretanto, ainda nos de-
22. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201422
Capa
A inovação
dos foliares
Eles estão cada vez mais presentes na adubação, melhorando a
nutrição das plantas e, consequentemente, a qualidade dos canaviais
Os fertilizantes foliares
são aplicados nas folhas
e no tratamento de
toletes, fornecendo macro
e micronutrientes
Texto: Marcela Servano
Fotos: Divulgação/Yara Brasil
O
setor sucroenergético passou por
enormes avanços nós últimos
anos, que vão desde o plantio da
cana-de-açúcar até a entrega dos produ-
tos finais, passando por moagem e co-
lheita. Uma das recentes novidades está
relacionada à adubação. São os chama-
dos fertilizantes foliares, cada vez mais
presentes na produção dos canaviais.
Mas você sabe o que são eles? E por
que eles ajudam na produtividade? A es-
pecialista sênior em Produtos, Pesquisa
e Inovação da empresa Yara Brasil, Lívia
Tiraboschi, explica como esses produtos
estão modificando o cenário agrícola nas
regiões canavieiras.
Segundo Lívia, os fertilizantes fo-
liares são aplicados nas folhas e no tra-
tamento de toletes, fornecendo macro e
micronutrientes, e visam suprir os mo-
mentos de pico de absorção das plantas,
servindo também para prevenir ou corri-
gir as deficiências de nutrientes. A apli-
cação no momento em que a planta mais
precisa proporciona uma nutrição ade-
quada e balanceada, o que resulta em
uma maior produção de ATR. As defici-
ências de micronutrientes podem não ser
visíveis no campo, como no caso de zin-
co ou cobre, mas limitam a produtivida-
de e geram perda de rentabilidade aos
agricultores. Assim, o uso destes micro-
nutrientes via foliar ou via toletes garan-
te o suprimento antes que a deficiência
ocorra.
A Yara Brasil, que tem fábrica de
fertilizantes foliares na Inglaterra, possui
a linha YaraVita, utilizada não só para a
cana, mas para outras culturas agrícolas.
A linha é composta de produtos formula-
dos com alta tecnologia, maximizando a
eficiência, a segurança e o efeito residu-
al das aplicações. Foi desenvolvido para
fornecer nutrientes equilibrando o progra-
ma de adubação e melhorando a nutrição
das plantas, além da qualidade do cana-
vial. O produto é utilizado em tratamento
de toletes dentro do Programa Nutricio-
nal Longevita, que traz, como benefícios,
o aumento de longevidade e produtivida-
de da lavoura.
A especialista destaca a importân-
cia destes produtos para o cultivo. “A
adubação foliar é importante para pre-
23. 23REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2014
venir deficiências de micronutrientes na
cultura de cana e pode ser aplicado como
complemento aos fertilizantes via solo,
deixando as plantas mais bem nutridas, o
que proporciona um aumento de produti-
vidade”. Os foliares recomendados para
a cana devem ter formulação especial
para melhor aproveitamento, como agen-
tes adesivos e outros que facilitam a apli-
cação em tanque pulverizador.
Devido a isso, ainda de acor-
do com Lívia, o mercado tem cresci-
do a cada ano, impulsionado pelo maior
conhecimento dos produtores sobre a
tecnologia.
Mercado tem crescido a
cada ano, impulsionado pelo
maior conhecimento dos
produtores sobre a tecnologia
24. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201424
Rumos aos 80 anos:
desafios para continuar caminhando
Nordeste em Foco
Texto: *Alexandre Andrade Lima
Fotos: Divulgação/AFCP
M
uitos caminhos já foram trilha-
dos neste percurso histórico de
70 anos de existência da As-
sociação dos Fornecedores de Cana de
Pernambuco (AFCP), com altos e bai-
xos, no decorrer de tal experiência orga-
nizativa e representativa da classe cana-
vieira do estado. Todavia, é reservada a
todos nós, contemporâneos fornecedo-
res e plantadores de cana, a missão de
darmos prosseguimento nesta belíssi-
ma e exitosa trajetória. O desafio se es-
tende aos funcionários e colaboradores
da associação. Assim, avaliamos que os
próximos dez anos serão de grandes de-
safios para a manutenção do segmento.
Portanto, uma minuciosa análise do que
se avizinha precisa ser feita para, juntos,
nos prepararmos para enfrentar tal res-
ponsabilidade, que se aproxima e interes-
sa a todos os que ainda investem e que-
rem a permanência da cultura canavieira.
A perspectiva para os próximos
dez anos precisa ser coerente com a atu-
al realidade do Brasil. E esta é bastan-
te caótica devido à ausência de políticas
públicas do Governo Federal no setor su-
corenergético, gerando o cenário de crise
aguda e incertezas. Por este motivo, in-
felizmente, não acreditamos que o novo
período será de crescimento, mas tam-
bém não implica dizer que será um de-
sastre automaticamente, mesmo esta
sendo uma catástrofe anunciada em fun-
ções dos equívocos do governo em rela-
ção à falta de política de médio e longo
prazo para o etanol. Avaliamos, portan-
to, que serão necessários muito vigor,
união, articulação e mobilização da clas-
se para manter nossa produção estável.
Será preciso criatividade para bus-
carmos alternativas para baixar o nos-
so custo de produção, bastante alto em
comparação com a produção da região
Alexandre Andrade Lima: “Infelizmente, não
acreditamos que o novo período será de
crescimento, mas também não implica dizer
que será um desastre automaticamente”
Todos os presidentes vivos da AFCP, que completou 70 anos de existência e
tem inúmeros desafios diante do atual cenário do setor sucroenergético
26. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201426
Dirigentes e funcionários da AFCP: Uma das metas é buscar formas para que o produtor nordestino seja competitivo sem precisar de subvenção do governo
do Centro-Sul do Brasil. A iniciativa de to-
dos é indispensável para tentarmos ser
competitivos neste novo momento his-
tórico. Para manter a produção está-
vel, será preciso buscarmos investimen-
tos em irrigação. Não há outro meio de
aumentarmos a produtividade. Aliado a
isso, ainda será necessário buscar no-
vas tecnologias, a exemplo de novos ti-
pos de cana mais resistentes à estiagem
da região. Será preciso investir em canas
transgênicas, o que o governo já vem fa-
zendo, mas o processo é ainda bastan-
te lento diante da necessidade urgente do
segmento.
O Governo Federal precisa inves-
tir e apoiar as iniciativas privada e públi-
ca no desenvolvimento tecnológico de
máquinas capazes de realizar o corte da
cana em áreas topográficas acidentadas,
que é abrangente nos canaviais nordesti-
nos. As experiências realizadas pelas usi-
nas Cucau e Olho D’água sobre a questão
mostram que elas estão no caminho cer-
to e tais ações precisam contar com in-
vestimento do poder público. Outras ini-
ciativas na mesma direção também têm
sido desenvolvidas e contam com recur-
sos públicos, a exemplo dos que estão
sendo realizados pela Universidade Fede-
ral Rural de Pernambuco (UFRPE), atra-
vés da Rede Interuniversitária para o De-
senvolvimento do Setor Sucroalcooleiro.
Mas os investimentos ainda são reduzi-
dos em relação à necessidade posta.
Outro fator fundamental para a ma-
nutenção da produção canavieira é a
continuação da subvenção federal como
medida equalizadora dos custos da pro-
dução nordestina. A última foi de R$ 12
por tonelada de cana. Todavia, precisa-
mos buscar formas de sermos competi-
tivos sem este complemento, através de
investimentos em tecnologia e em irriga-
ção. Embora que, para findar a subven-
ção, o governo precisa fazer uma políti-
ca pública de médio e longo prazos do
combustível renovável e infinito, a exem-
plo do etanol. Enquanto tal política não se
efetiva, ou aguarda os efeitos dela quan-
do (se) for implantada, a subvenção deve
continuar pelo menos nos próximos dez
anos.
Entretanto, a manutenção da pro-
dução no período depende, sobretudo,
da reorganização dos próprios produto-
res canavieiros. É preciso encarar que a
sobrevivência do fornecedor está atrela-
da ao cooperativismo. Maior prova local
é a Cooperativa do Agronegócio da nos-
sa associação (COAF). Em poucos anos
de criada e em funcionamento, a expe-
riência, além de baixar nossos custos,
principalmente na aquisição de herbici-
das, também tem baixado a margem dos
concorrentes, beneficiando todos os for-
necedores de cana. Além disso, no próxi-
mo ano, a COAF, pela primeira vez, redis-
tribuirá lucros entre seus cooperativados.
A Cooperativa Pindorama, em Alagoas,
é outro exemplo positivo dessa organi-
zação de canavieiros pelo modelo de
cooperativismo.
Portanto, neste caminho, a AFCP
se lança em direção de tal exemplo para
iniciar de forma inédita, ao longo de sua
história, a criação de duas cooperativas
para buscar gerir as usinas Cruangi e Pu-
maty. É preciso quebrar o paradigma de
que cooperativa só funciona no Sul e no
Sudeste.
Ademais, que venham os desafios
desses próximos dez anos da AFCP.
*Alexandre Andrade Lima é presidente
da Unida (União Nordestina dos
Produtores de Cana) e da AFCP
Nordeste em Foco
28. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201428
Conjuntura
Lei Federal garante suspensão do processo de execução e respectivos
prazos referentes às dívidas renegociadas com base na Lei 9.138/95
Paralisação judicial
Área agrícola na região Nordeste do país: antiga lei federal
excluía da situação de emergência 30% dos produtores
Com informações da assessoria
de imprensa da AFCP
E
mbora a nova legislação federal
garanta a paralisação de proces-
sos judiciais por conta de dívidas
antigas dos produtores rurais e estende
os prazos para liquidação ou nova rene-
gociação do débito, isso não ocorre de
forma automática. É preciso formalizar a
adesão para ter o benefício. A solicitação
deve ser encaminhada à Procuradoria-
-Geral da Fazenda Nacional. Para garantir
tal direito para canavieiros independen-
tes, a Associação dos Fornecedores de
Cana de Pernambuco (AFCP) orienta os
associados do estado, cerca de 12 mil,
a procurar o serviço jurídico do órgão da
classe canavieira.
“Devem procurar o jurídico da
AFCP todos aqueles produtores de cana
que tiverem dívidas renegociadas e não
quitadas, com base na Lei 9.138, de 29
de novembro de 1995”, conta Alexandre
Andrade Lima, presidente do órgão. Es-
ses débitos são mais conhecidos como
dívidas securitizadas. Os responsáveis
por elas já estão sofrendo processos de
execução e os respectivos prazos pro-
cessuais. A Lei 13.001/14 veio para dar
uma nova chan-
ce de pagamen-
to a todos os pro-
dutores rurais nas
cidades de abran-
gência da Superin-
tendência para o
Desenvolvimento
do Nordeste.
No entanto,
para suspender os processos de execu-
ção e os respectivos prazos processuais,
é obrigatório formalizar o pedido de ade-
são à Procuradoria-Geral da Fazenda Na-
cional. Para outras informações sobre a
renegociação ou liquidação das referidas
dívidas, os canavieiros devem procurar o
Departamento Jurídico da AFCP. A asso-
ciação fica na Avenida Mascarenhas de
Morais, nº 2023, no bairro da Imbiribei-
ra, em Recife, PE.
Lima finaliza agradecendo a sen-
sibilidade da presidente Dilma Rousseff
pela promulgação da nova legislação, al-
terando outra lei publicada no passado,
em que os seus benefícios apenas aten-
diam ao produtor rural de cidades classi-
ficadas em situação de emergência pelo
Governo Federal. O caso excluía mais de
30% dos produtores de cana de Pernam-
buco e do Nordeste em geral. “Por exem-
plo, a lei atenderia o canavieiro de Carpi-
na, mas excluiria o de Lagoa de Itaenga,
que são cidades vizinhas”, critica o diri-
gente, ressaltando que a alteração da le-
gislação foi negociada pelo presidente
do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL)
no ano passado, quando o projeto foi
votado.
ArquivoCanaMix
30. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201430
90% dos espaços vendidos
Com quase a totalidade dos estandes comercializados, Fenasucro, que será de
26 a 29 de agosto, espera receber 550 expositores no Centro de Eventos Zanini
Fotos:Divulgação/Fenasucro
Com informações da
assessoria de imprensa
C
onsiderada o maior evento do setor
sucroenergético do mundo, a Fena-
sucro tem boas expectativas com
relação à geração de negócios e à intenção
de investimentos dos visitantes. Faltan-
do dois meses para a realização do even-
to, 90% dos espaços disponíveis já foram
comercializados. Cerca de 550 expositores
devem estar presentes na feira, que será
realizada de 26 a 29 de agosto, no Cen-
tro de Eventos Zanini, em Sertãozinho, SP.
A Fenasucro oferece aos visitantes
a oportunidade de explorar toda a cadeia
de produção da cana-de-açúcar, desde o
preparo de solo, passando pelo plantio,
tratos culturais, colheita, industrialização,
mecanização, aproveitamento dos deri-
vados, até transporte e logística do pro-
duto e subprodutos.
Entre as novidades deste ano, está
a reformulação e ampliação do setor de
Transporte e Logística. Nele, haverá sub-
setores inéditos, como Armazenagem,
Equipamentos de Proteção Individual e
Segurança Eletrônica, além de test drives
de caminhões. O evento é também seto-
rizado em Agrocana (setor voltado para
a lavoura), Forind (Fornecedores Indus-
triais) e Indústria.
Outra novidade é o Espaço Conhe-
cimento e Gestão Profissional, onde se-
rão centralizados os debates, palestras e
conferências com especialistas do setor.
Neste espaço, anexo ao pavilhão dos ex-
positores, ocorrerá o debate de solu-
ções do setor, com eventos como a Da-
tagro CEISE Br Conference, Reunião do
Gerhai, Seminário Agroindustrial STAB
Fenasucro, Seminário do GEGIS, 2º Con-
gresso de Automação e Inovação Tecno-
lógica Sucroenergética, Encontro de Pro-
dutores Canaoeste/Orplana, Rodada de
Negócios Internacional Apla/Apex e Ro-
Eventos
Fenasucro de 2013 movimentou R$ 2,2 bilhões em negócios,
mesmo valor esperado para a feira deste ano
33 mil pessoas devem passar pelos corredores da exposição,
que apresenta novidades para toda a cadeia da cana
32. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201432
Eventos
dada de Negócios organizada pela Fiesp
e pelo Sebrae. No local, também serão
realizados a abertura e o fechamento da
Fenasucro.
Micro e pequenas – Uma parceria
estabelecida entre a feira e o Sebrae/SP
viabilizará a presença de 16 micro e pe-
quenas empresas voltadas à cadeia pro-
dutiva do setor sucroenergético, garan-
tindo a elas maior acesso ao mercado e
aproximação com grandes fornecedores
e compradores.
Existente desde a primeira edição
da Fenasucro, a parceria ainda visa às
empresas maior acesso ao mercado do
setor e a aproximação com grandes for-
necedores e compradores. A participa-
ção delas é possível a um custo baixo,
uma vez que parte do valor é subsidiada
pelo Sebrae. “Assim, esses estabeleci-
mentos podem reforçar suas marcas jun-
to ao mercado sucroenergético e conhe-
cer novos clientes e fornecedores. Nosso
papel é incentivar o desenvolvimento e a
competitividade das micro e pequenas
empresas e, por isso, estamos sempre
presentes em grandes feiras setoriais.
Historicamente, estas ações dão resulta-
dos muito positivos para as empresas”,
explica o gestor do Sebrae/SP Fabio Me-
nezes de Souza.
Segundo ele, os resultados cres-
cem a cada ano. Em 2013, foram realiza-
dos 231 contatos, que geraram R$ 277
mil em negócios imediatos e uma pre-
visão de R$ 3,9 milhões para os qua-
tro meses após a realização da feira. O
presidente do CEISE Br, Antonio Eduar-
do Tonielo Filho, afirma que a parceria é
fundamentalmente importante para o for-
talecimento do Departamento das Micro e
Pequenas Empresas, criado pela entida-
de para apoiar e buscar soluções inova-
doras para os empreendedores, integran-
tes da cadeia produtiva sucroenergética.
“O conhecimento estratégico e aplicado
do Sebrae nos ajuda a promover o de-
senvolvimento sustentável dessas em-
presas, inserindo-as no contexto socio-
econômico do município, com a criação
de novos postos de trabalho, por exem-
plo, além da contribuição para um melhor
resultado da economia local”.
Organizada pela Reed Exhibitions
Alcantara Machado e Centro Nacional
das Indústrias do Setor Sucroenergéti-
co e Biocombustíveis (Ceise Br), a 22ª
da Fenasucro espera receber 33 mil vi-
sitantes e gerar R$ 2,2 bi em negócios.
“Esta grande adesão à feira, mesmo em
um cenário considerado difícil para o se-
tor, mostra que há o interesse em investir
em produtividade, aumento de eficiência
e alternativas no mercado. E é exatamen-
te este o objetivo do evento”, explica Ga-
briel Godoy, diretor da Fenasucro.
Feira, realizada em Sertãozinho, SP, é considerada a maior
do planeta em tecnologia para o setor sucroenergético
Antonio Eduardo Tonielo Filho, presidente do CEISE Br,
destaca a importância da parceria firmada com o Sebrae
34. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201434
Eventos
O 2º Workshop de Crédito Rural, realizado no fim de junho, instruiu
profissionais sobre as novidades dos benefícios destinados aos produtores
Sicoob SP detalha plano
Neriberto Simões
O
Sicoob SP – Cooperativa Central
de Crédito do Estado de São Pau-
lo – reuniu, nos dias 26 e 27 de
junho, em Ribeirão Preto, SP, dirigentes
e técnicos de suas quinze unidades para
o 2º Workshop de Crédito Rural. O en-
contro teve como objetivo detalhar aos
profissionais o funcionamento do Plano
Agrícola e Pecuário 2014/15, anunciado
no último dia 19 de maio pela presidente
da República, Dilma Rousseff (PT).
O PAP, como também é conheci-
do, oferecerá R$ 156,1 bilhões em crédi-
tos para o agronegócio, valor 14,7% su-
perior ao do ano passado. O aumento foi
comemorado por todos, com uma res-
salva. “Claro que o acréscimo no mon-
Divulgação/SicoobSP
Aumento de 14,7% no
crédito foi comemorado
pelos presentes, com
a ressalva de que taxa
de juros também subiu
2º Workshop de Crédito Rural
teve como objetivo detalhar
o funcionamento do Plano
Agrícola e Pecuário 2014/15
35. 35REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2014
tante é importante, mas a taxa média de
juros, que era de 5,5%, subiu para 6,5%”,
lembrou Marco Aurélio de Almada Abreu,
diretor presidente do Banco Cooperativo
do Brasil (Bancoob).
Rodrigo Matheus Silva de Mora-
es, superintendente do Sicoob SP, afir-
mou que o sistema de gestão e controle
das atividades no estado de São Paulo foi
certificado entre os mais concisos e efi-
cientes em suas operações de créditos.
“Do montante liberado pelo PAP, 13% se-
rão destinados ao crédito rural e, dentro
deste percentual, 50% serão administra-
dos pelo Sicoob”.
Ismael Perina Junior, ex-presidente
da Organização de Plantadores de Cana
da Região Centro-Sul do Brasil (Orpla-
na), esteve presente no evento e falou
sobre o programa do governo. Para ele,
que também é agricultor, o plano aten-
de às necessidades de financiamento,
mas ainda se faz necessária a elabora-
ção de políticas públicas permanentes
e eficazes para o agronegócio nacional.
“Nos Estados Unidos e na Europa, ve-
mos medidas que garantem a estabilida-
de da produção agrícola, que, para nós,
seria o Seguro Renda. Este é um deta-
lhe que sentimos falta, já que, em termos
de tecnologia e produtividade, o Brasil é
um país com forte vocação na produção
agropecuária”.
Participantes continuaram a troca de experiências no intervalo das palestras previstas para o evento
36. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201436
Eventos
as empresas possam voltar a investir em
tecnologias, inovações, e assim atender
às demandas”.
O presidente ainda destacou a coe-
rência do tema da palestra, principalmen-
te pelo momento delicado que a indústria
vem passando há alguns anos. “O Canuto
entende muito do assunto e, com certe-
za, vai levantar o ânimo dos empresários
que estão passando por dificuldades”.
Em sua apresentação, Otaviano Ca-
nuto foi enfático ao dizer que 2015 ainda
será um ano difícil. “Entre os principais
problemas, estão a ressaca energética de
2014, a correção dos preços administra-
dos, como o da gasolina, e, consequen-
temente, inflação”, mencionou. “Somen-
te para 2016, temos bons augúrios”.
Segundo Canuto, a palavra-chave
para o desenvolvimento do Brasil é pro-
dutividade, o maior desafio do governo.
“Ações como investimento em educação
Ex-vice-presidente do Banco Mundial, Otaviano Canuto palestrou em evento do
Dia da Indústria, promovido pelo CEISE Br e pelo CIESP em Sertãozinho, SP
Produtividade é palavra-chave
Com informações da
assessoria de imprensa
O
Dia da Indústria é comemorado
em 25 de maio. Para homenage-
ar os empresários do setor e seus
associados, o Centro Nacional das In-
dústrias do Setor Sucroenergético e Bio-
combustíveis (CEISE Br) e o Centro das
Indústrias do Estado de São Paulo em
Sertãozinho (Ciesp) realizaram o III Semi-
nário da Indústria, com a palestra “Eco-
nomia Brasileira – como voltar a cres-
cer”, ministrada pelo consultor sênior e
ex-vice-presidente do Banco Mundial,
Otaviano Canuto, no Cred Club Coperca-
na, em Sertãozinho, SP.
O evento contou com as presen-
ças do secretário da Indústria e Comér-
cio da cidade, Carlos Roberto Liboni, e
do diretor titular do CIESP Sertãozinho e
vice-presidente do CEISE Br, Adézio Mar-
ques. Em seus discursos, ambos ressal-
taram a importância da indústria para o
desenvolvimento local, como principal
fomentador da economia.
Com a palavra, o presidente do
CEISE Br, Antonio Eduardo Tonielo Filho,
pontuou algumas das ações que a enti-
dade vem articulando junto aos governos
estadual e federal, no intuito de captar al-
ternativas para a retomada da indústria
de base e serviços do setor sucroenergé-
tico. “A retomada vai acontecer, mas pre-
cisamos estar preparados. Estamos lu-
tando por um fundo garantidor, para que Fotos:Divulgação/CEISEBr
Adézio Marques, diretor titular do CIESP Sertãozinho e vice-presidente do CEISE Br, durante discurso
O presidente do Ceise Br, Antonio Eduardo
Tonielo Filho, pontuou ações que a entidade
vem articulando junto aos governos
37. 37REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2014
e reforma tributária ajudam, mas não re-
solvem. O país precisa de, pelo menos,
três importantes horizontes para aumen-
tar a produtividade do trabalhador. A pri-
meira linha seria investir em infraestru-
tura, podendo ser trabalhada através de
uma parceria público-privada. A segun-
da se refere à qualidade do ambiente de
negócios interno, mesmo porque a carga
tributária é elevadíssima e isso reflete na
competitividade”.
Para ele, a terceira linha está vol-
tada para a revisão da qualidade do gas-
to público, que não deixa de interferir na
produtividade do setor privado. “Ampliar
a transparência dos gastos públicos, em
todos os níveis, vai diminuir o espaço
para a corrupção, por exemplo. É preciso
também haver um maior monitoramento
das ações, dos serviços públicos”.
Quanto ao setor sucroenergético,
Canuto disse que a crise não é sustenta-
da apenas pelos efeitos colaterais da de-
fasagem do preço da gasolina frente ao
mercado externo. “Ninguém tem culpa
pelos fatores climáticos que afetaram a
produção, mas o produtor de cana tam-
bém errou quando pensou só em redu-
zir custos e não investiu nos canaviais, o
que fez cair a produtividade”.
De acordo com ele, porém, há as-
pectos positivos previstos para a cadeia
produtiva da cana-de-açúcar. “O gover-
no está vendo perspectivas para a bioe-
letricidade, para a produção de energia a
partir da biomassa, além da disponibili-
dade em criar condições de planejamen-
to, sem criar novos riscos. De um modo
geral, a dificuldade do governo de transi-
tar do antigo para o novo padrão de cres-
cimento já se esgotou”.
Canuto: “O governo está
vendo perspectivas para a
bioeletricidade, para a produção
de energia a partir da biomassa”
Participantes do seminário assistiram,
com atenção, aos discursos em prol
do setor sucroenergético brasileiro
38. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201438
Da redação
OProduto Interno Bruto (PIB) da agropecuária cresceu 0,99%
em maio, o que elevou para 3,49% positivos a variação acu-
mulada no ano. A alta foi impulsionada pelo crescimento da pro-
dução e, também, pelo aumento nos preços. O levantamento é
da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e do
Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea),
da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/USP).
O desempenho da agropecuária tem superado o de outros
setores da economia brasileira. Se levado em conta só o primei-
ro trimestre de 2014, os bens e serviços do país, juntos, cresce-
ram 0,2%. Já o segmento da agropecuária, sozinho, acumulou
índice de 2,93% de janeiro até março.
Nos estudos, foram avaliados, ainda, os ramos de adubos
e fertilizantes, que tiveram queda de preços de 7,11%, já des-
contada a inflação. Isso é reflexo da desvalorização da cotação
do petróleo e das principais matérias-primas utilizadas nesses ti-
pos de produtos.
Confira outros destaques do mês no Portal Canamix.
Barralcool lança livro com
receitas de 16 sobremesas
Comemorando a sua 31ª safra
agora em 2014, o Grupo Bar-
ralcool, empresa sucroenergé-
tica que participa todos os anos
da Festa Agropecuária de Barra
do Bugres, MT, cidade onde está
localizada, trará este ano, como
brinde, a todos os visitantes de
seu estande, um livro com 16 re-
ceitas de sobremesas, fáceis e de
rápido preparo. A festa será de 8
a 11 de agosto.
Nesta edição do livro, as re-
ceitas foram elaboradas por dois
chefs, Hugo Rodas e Paride Bar-
ban, fotografadas por um especialista em alimentos, Thiago
Suiço, e com a arte finalizada por Bruno Monges.
O livro traz, também, um pouco da história do açúcar,
dicas de preparo e apresentação das sobremesas, podendo
ser visualizado em versão online, pelo endereço http://issuu.
com/barralcool.mkt/docs/livro_de_receita_2014_web/0.
Fundação Jalles Machado
promove 8º Concurso de Redação
AFundação Jalles Machado, a Subsecretaria Regional de
Educação de Goianésia, GO, o Grupo Otávio Lage e a Jal-
les Machado S/A fizeram o lançamento da oitava edição do
Concurso de Redação Dr. Otávio, Construtor de Sonhos.
O concurso, voltado aos alunos do 9º ano do Ensino
Fundamental, tem como objetivo incentivar a leitura e a escri-
ta. “O concurso remete à memória do nosso pai, que também
foi professor e era um entusiasta da Educação. Além disso,
é uma forma de incentivarmos o crescimento intelectual dos
alunos e dar oportunidade para que possam continuar a sua
formação”, disse o diretor-presidente da Jalles Machado, Otá-
vio Lage de Siqueira Filho.
O vencedor receberá uma bolsa de estudos no valor de
R$ 20 mil reais e o seu professor orientador ganhará um ta-
blet. O segundo colocado será premiado com um notebook e
o terceiro com um tablet. A escola do aluno vencedor recebe-
rá um troféu e os colegas de classe ganharão camisetas do
concurso.
As escolas poderão inscrever os trabalhos até o dia 28
de agosto. A prova de redação será realizada no dia 9 de se-
tembro, na UEG-Goianésia. Os ganhadores serão divulgados
na solenidade de premiação, no dia 18 de setembro, na Câma-
ra Municipal de Goianésia.
PIB da agropecuária cresce e
supera média de outros setores
Solenidade de lançamento do concurso de redação,
que dará uma bolsa de estudos de R$ 20 mil ao vencedor
Divulgação/Barralcool
Capa do livro que será
distribuído no estande
da Barralcool na Festa
Agropecuária de Barra
dos Bugres, MT
Divulgação/JallesMachado
39. 39REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2014
Sugestões através do e-mail redacao@canamix.com.br
Para saber mais, acesse: www.canamix.com.br | twitter: @canamix
Programa da Dow AgroSciences
capacita 1.300 participantes
Entre abril e junho desse ano, 2.866 profissionais ligados às
culturas de milho, soja e cana-de-açúcar foram capacita-
dos pelo Programa de Aplicação Responsável (PAR). Em seu
primeiro ano na cultura de cana, o programa realizou 48 trei-
namentos, somando 1.305 participantes – cerca de 45% do
total de profissionais treinados em todo o programa no perío-
do. A maior contribuição do PAR, segundo as usinas partici-
pantes, foi o engajamento dos aplicadores.
“O treinamento reforçou entre nossos aplicadores a im-
portância da segurança. A capacitação serviu para fixar me-
lhor seu conhecimento teórico que, somado a sua experiên-
cia prática, asseguram a qualidade no processo”, destacou o
supervisor de Produção Agrícola da Biosev, unidade Cresciu-
mal, Gustavo Messiano.
A coordenadora de Boas Práticas Agrícolas da Dow
AgroSciences, Ana Cristina Pinheiro, avalia o aumento no nú-
mero de encontros realizados: “Em 2014, temos como meta
tornar acessíveis as tecnologias e boas práticas agrícolas ao
maior número possível de profissionais ligados à aplicação”.
Desenvolvido em parceria com a Universidade Estadu-
al Paulista (UNESP) de Botucatu para disseminar boas práticas
agrícolas, o Programa de Aplicação Responsável (PAR) apre-
sentou no 1° semestre de 2014 um crescimento de quase 100%
em relação às capacitações realizadas durante todo o ano de
2013. O calendário do programa será retomado em agosto, com
treinamentos focados nas culturas de soja e milho, que percor-
rerão municípios das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Odebrecht Agroindustrial implanta
programa para formar jovens em MS
AOdebrecht Agroindustrial, empresa que atua na produção
de açúcar, etanol e energia de biomassa, implementou em
Nova Alvorada do Sul, MS, onde está localizada a Unidade
Santa Luzia, o Programa Acreditar Jr..
A iniciativa, desenvolvida pela Organização Odebrecht,
tem como objetivo a formação de jovens, em especial os fi-
lhos de integrantes das empresas do grupo. Sua primeira tur-
ma teve início em agosto de 2009 durante as obras de monta-
gem da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, em Porto Velho, RO.
De lá para cá, o programa qualificou 1.363 jovens.
Desenvolvida em parceria com o Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (Senai), a 1ª turma de Nova Alvora-
da do Sul teve 153 inscritos – entre filhos, netos, primos e so-
brinhos de integrantes – para as 44 vagas do curso Técnico
de Mecânico de Manutenção de Motores a Diesel. As aulas se
iniciam em 18 de agosto e estão voltadas para alunos com
idades entre 17 e 22 anos.
O curso tem duração de 1.620 horas e, além das aulas
teóricas no Senai, conta com a prática dentro da Odebrecht
Agroindustrial, com acompanhamento constante de instruto-
res da instituição e de líderes da empresa. Por conta da boa
aceitação do programa pela comunidade, a empresa prevê ex-
pandi-lo para seus outros polos.
Turma formada em 2012 pelo Programa Acreditar Jr., destinado
a parentes de colaboradores da Odebrecht Agroindustrial
Unidades da Biosev acompanham treinamentos
promovidos pelo Programa de Aplicação Responsável (PAR)
Divulgação/Biosev
Divulgação/Arquivopessoal
40. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201440
Marketing Canavieiro
John Deere é eleita, pelo 4º ano,
uma das melhores empresas para trabalhar
Divulgação/JohnDeere
Empresa ficou na 17ª colocação na
categoria “Grande Porte”, salto de
11 colocações em relação a 2013
P
elo quarto ano consecutivo, a John Deere foi eleita como
uma das Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil.
No ranking de 2014, a empresa está listada na 17ª posi-
ção na categoria “Grande Porte” – um salto de 11 colocações
em relação a 2013. Esta é a sétima vez que a companhia ven-
ce um dos principais prêmios do mundo em melhores práticas
corporativas.
Thomas Peuntner, diretor de Recursos Humanos para a
América Latina, representante da empresa no prêmio, entregue
no Espaço das Américas em São Paulo, ressalta a importância
da empresa manter-se bem colocada no ranking.
“A John Deere tem no Brasil um foco estratégico de cres-
cimento, tanto que já temos mais de 4 mil funcionários em di-
versas regiões. Todos seguem, como filosofia de trabalho, os
quatro principais valores incorporados pelo nosso fundador: in-
tegridade, qualidade, comprometimento e inovação. Por isso,
podemos dizer que o engajamento e a identificação destes co-
laboradores com esses valores são algumas das razões para
que a John Deere seja considerada uma das melhores empre-
sas para se trabalhar”, destaca Peuntner.
O prêmio Great Place to Work é realizado no Brasil pelo
Instituto GPTW, em parceria com a revista Época. Este ano, a
participação bateu recorde: 1.276 empresas concorreram para
serem eleitas as melhores organizações corporativas do Bra-
sil. No mundo, a análise de ambientes corporativos compre-
ende 6.200 empresas, representando mais de 12 milhões de
colaboradores.
Para a montagem do ranking, são levados em conta dois
índices que se complementam: um respondido pelos funcioná-
rios (Trust Index) e outro pela empresa (Culture Audit). A primei-
ra explica o que é um excelente lugar para trabalhar na visão dos
funcionários, enquanto o segundo permite compreender o que é
um excelente lugar para trabalhar na visão da liderança.
“É nosso desafio diário promover uma gestão eficiente e
o constante desenvolvimento de talentos. Para a empresa, não
basta oferecer salários competitivos, é preciso proporcionar um
ambiente no qual os funcionários possam crescer, sentir orgu-
lho do que fazem e serem valorizados por isso. O engajamento
dos funcionários é o maior benefício de um ótimo ambiente de
trabalho”, ressalta Peuntner.
Essa é a sétima vez que a John Deere vence o prêmio e
a quarta vez consecutiva. A companhia debutou no ranking em
2000, vencendo também em 2001. Depois, voltou a vencer em
2008 e segue presença constante desde 2011.
41. 41REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2014
A
Markem-Imaje instalou 4 novas Codificadoras, modelo
8018, de transferência térmica, nas instalações indus-
triais das Usinas Itamarati, localizadas na cidade de Nova
Olímpia, MT, uma das maiores empresas do setor sucroener-
gético brasileiro, produtora de etanol, açúcar e energia elétrica.
Com estas novas máquinas, o parque produtor das Usi-
nas Itamarati conta agora com 24 Codificadoras Markem-Ima-
je, que imprimem nas embalagens de polietileno, transparente e
branca, de açúcar cristal e açúcar refinado, da marca “Açúcar
Itamarati”, dados variáveis do lote, data e hora de empacota-
mento e de validade, com total nitidez e aderência.
As Codificadoras 8018 substituíram o sistema de hot
stamp utilizado pelas Usinas Itamarati que gerava paradas da li-
nha de produção, num demorado processo na mudança de in-
formação do lote e turno, e eliminou o retrabalho ocasionado
pela baixa qualidade de impressão.
“Com as impressoras Markem-Imaje, obtivemos um ga-
nho altíssimo na qualidade de impressão, com maior nitidez dos
dados codificados; reduzimos o custo de manutenção, pois não
é mais preciso fazer trocas constantes de peças; reduzimos
bruscamente as paradas da linha, já que as trocas de informa-
ções do lote e turno são realizadas automaticamente, sem que o
operador tenha que esperar a máquina esfriar”, considera Ade-
Usinas Itamarati substituem hot stamp
por Codificadoras Markem-ImajeDivulgação
mir Anacleto, técnico de Manutenção Industrial da Itamarati. E
completa: “Todo esse ganho nos levou a manter, para esta linha
de produção, equipamentos 100% Markem-Imaje”.
As Codificadoras 8018, projetadas para linhas em mo-
vimento contínuo ou intermitente, operam com a tecnologia
de transferência térmica, proporcionam impressão permanen-
te (códigos nítidos e limpos), de alta qualidade e menor cus-
to, constituindo solução simples e eficiente para codificação
digital automática, altera as informações em tempo real, con-
trolando a produção, imprime data, hora, validade, lote, logoti-
po, entre outras informações variáveis, e elimina desperdício e
códigos incorretos, reduzindo erros humanos e aumentando a
produtividade.
“A Codificadora 8018 da Markem-Imaje foi apresentada
para todos os diretores em um evento anual das Usinas Itama-
rati como caso de sucesso em projetos de melhoria da fábrica,
focando o ganho da qualidade do nosso produto e a redução de
custo”, afirma Ademir.
Criada em 1980, as Usinas Itamarati realizaram a sua pri-
meira safra em 1983 com a produção de etanol e, já em 1993,
iniciaram a produção de açúcar. A unidade de empacotamento
e armazenamento de açúcar é capaz de embalar 40 t/h, expedir
até 2.000 t/dia e estocar cerca de 112.000 toneladas.
Codificadora da Markem-Imaje reduziu as paradas de linha, já que as
trocas de informações do lote e turno são realizadas automaticamente
42. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201442
Marketing Canavieiro
O
fenômeno climático El Niño promete dar as caras novamen-
te em 2014. Os especialistas em meteorologia no mundo
todo apontam em até 90% as chances de ocorrência neste
segundo semestre. Até a ONU já emitiu um alerta global para que
os países se preparem para enfrentar os efeitos do El Niño, princi-
palmente sobre as áreas agrícolas das regiões afetadas.
O El Niño é um fenômeno natural causado pelo aquecimento
das águas do Oceano Pacífico, quase como que se uma gigantes-
ca piscina de água quente se formasse bem no meio do oceano.
Com essa alteração, o clima no mundo todo acaba sendo afeta-
do. Chuvas em excesso, estiagem, seca e aumento de tempera-
turas são alguns dos efeitos que podem ser sentidos nas regiões.
Efeitos esses que podem causar perdas drásticas para a produção
agrícola, caso os agricultores não tomem medidas preventivas.
Na América Latina, os efeitos mais profundos poderão ser
sentidos no Peru, Chile, Equador, Bolívia, norte da Argentina e Bra-
sil. Mas cada país receberá os efeitos do El Niño de forma dife-
rente. No Peru, Equador, sul do Chile e norte da Argentina, por
exemplo, espera-se um aumento na ocorrência de chuvas, en-
quanto que no norte do Chile e Bolívia a temporada seca pode-
rá ser amenizada.
O fenômeno exigirá das plantas maior capacidade de supor-
tar situações de estresse e, para isso, é preciso que ela esteja ba-
lanceada nutricionalmente para enfrentar o desequilíbrio climático
Thinkstock
Alltech oferece soluções para enfrentar estresses climáticos
e também possíveis patógenos que podem se aproveitar das con-
dições favoráveis para atacá-la.
Para o gerente André Piotto, as soluções oferecidas pela
Alltech Crop Science podem ajudar os produtores a lidar com
os efeitos do El Niño em suas lavouras. “O efeito antiestressan-
te é realmente a chave da questão. Produtos como Initiate, Ini-
tiate Soy e Grain Set, que atuam no balanceamento hormonal da
planta, fazendo com que ela tenha boas condições fisiológicas
para produzir, e o Liqui-Plex Bonder, que atua na reposição de
energia através do aumento dos níveis de aminoácidos da plan-
ta, têm mostrado bons resultados em situações de déficit hídri-
co,” afirma.
Já em situações de excesso de umidade, que favorecem o
surgimento de doenças, a proteção deve ser trabalhada. O geren-
te da Alltech Crop Science, Diego Kloss, destaca o trabalho pre-
ventivo em sua região. “Nossa linha Proteção é bastante importan-
te neste momento para auxiliar o fortalecimento da planta frente às
adversidades do meio.”
Neste momento em que o mundo todo mostra preocupação
com os efeitos que o El Niño pode causar na produção agrícola,
é importante lembrar que, estando bem nutridas, as plantas ficam
mais resistentes ao ataque de doenças e sofrem menos com os
estresses ambientais. Portanto, um bom plano para se lidar com
os efeitos do fenômeno deve começar com certeza pela nutrição.
Fenômeno El Niño muda as características da lavoura e exigem atenção do agricultor, principalmente com a nutrição
43. 43REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2014
Pequenos notáveis
Como o marketing e a educação podem
ajudar na educação do produtor?
Aprimoramento do ensino de defesa vegetal
44. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201444
Pecuária
Criadores que abandonaram outros negócios e apostaram nos minianimais
colhem os frutos da ousadia e planejam crescimento ainda maior
Pequenos notáveis
Igor Savenhago
“A
ceita um suco de orvalha?”,
pergunta Dona Nadir ao re-
pórter assim que a porteira
da chácara se abre. O marido dela, José
Devanil, logo explica que a fruta é “assim,
pequetitinha”, dobrando o dedo indicador
e encostando no polegar para mostrar o
formato aproximado. “Amarelinha. Tem
lá no quintal do vizinho. E dá um suco
muito bom”.
O tamanho da orvalha, também co-
nhecida como uvaia em alguns cantos
do país, parece antecipar que, nesse lu-
gar, em Santo Antônio da Alegria, interior
de São Paulo, perto da divisa com Minas
Gerais, o mundo não cresceu. Foi feito
em miniatura e assim ficou.
A começar pela cidade. Santo An-
tônio da Alegria é uma daquelas que o
pessoal brinca que “não existe no mapa”.
A gente toda da cidadezinha, que justifi-
ca, no sorriso, a principal marca do seu
protetor, soma pouco mais de seis mil
moradores. E o costume com o que é pe-
queno se estendeu à Chácara Água Ver-
melha, onde José Devanil é funcionário
e mora com a esposa Nadir e a filhinha,
Fernanda. É uma espécie de minifazenda,
com só um alqueire e meio, que foi do
avô de Renato Aparecido Asse da Cos-
ta, o atual dono.
O nome da propriedade é curio-
so. “Tá vendo essa água que desce aí?”,
aponta Renato. “De janeiro a outubro, ela
vem com um lodo vermelho junto. Preci-
sa ver que interessante. A água fica ver-
Fernanda, filha do casal José Devanil e Nadir, brinca
com minipônei na chácara de Santo Antônio da Alegria
IgorSavenhago
45. 45REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2014
melhinha mesmo. E sabe, nunca desco-
brimos porque isso acontece”.
Aliás, curiosidade é que não falta
nessas terras. Mas, se elas são muitas,
o tamanho, claro, é reduzido. O xodó da
Fernanda, filha do José Devanil, são os
minipôneis. O pai segura a menina para
que ela se divirta sobre um deles. Isso
quando o “Zé”, apelido que segue a ten-
dência do “quanto menor, melhor”, não
está na ordenha. As minivacas leiteiras
segundo o dono, foi limitar também o ta-
manho dos bichos. O primeiro a chegar,
há vinte anos, foi um tourinho, que era
cruzado com vacas desprezadas pela vi-
zinhança. “Elas eram de tamanho menor,
chamadas de degeneradas. Os criado-
res da região se desfaziam delas e eu ia
lá e comprava. Era justamente o que eu
procurava”.
A aposta deu certo. As crias fo-
ram diminuindo a cada dia. E, quan-
sitantes. “Passamos a receber pedidos
de escolas, que tinham interesse em tra-
zer os alunos. Começamos a organi-
zar os grupos e, aos poucos, cobrar por
isso. Chegou um ponto em que eu esta-
va explorando tudo: oferecer passeio de
IgorSavenhago
IgorSavenhago
IgorSavenhago
charretes, participar de feiras agropecuá-
rias, onde montamos as fazendinhas, ti-
rar o leite e vender animais”.
precisam de tratamento especial. Fazem
parte do lema da chácara: “Em um pe-
queno espaço, uma grande atração”.
Renato conta que apostar nos mi-
nianimais foi, realmente, um baita ne-
gócio. O avô era criador de gado leitei-
ro. Mas, conforme correram os anos, a
fazenda foi ficando pequena. Lotes fo-
ram desapropriados para dar lugar a ca-
sas populares e, quando a família se deu
conta, tinha um pedaço restrito de terra.
Bem menor que no passado. Água Ver-
melha passou a ser uma porção de roça
espremida por ruas, carros e prédios ur-
banos. “Hoje, estou cercado de cidade”,
constata Renato.
A solução para o mínimo espaço,
to menores, mais o novo negócio anda-
va bem. Os investimentos aumentaram
e, com eles, a atenção de clientes e vi-
Renato começou a criação há 20
anos, pela necessidade de reduzir o
tamanho dos animais na propriedade
José Devanil é funcionário da chácara
e responsável pela ordenha: produção
diária é de 60 litros, em média
Reprodução na Água Vermelha é feita toda com monta
natural: quanto menores os animais, mais valorizados
46. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201446
Renato tem, na chácara, cerca de
100 minianimais, entre cavalos, vacas,
porcos e cabritos. E, para agradar a fre-
guesia, que é exigente, oferece, ainda,
aves ornamentais. Essas não são mini,
mas ajudam no comércio dos pequenos.
“Teve uma mulher que veio aqui procu-
rando pavões e se encantou por um touri-
nho. Uma coisa vai puxando a outra”, diz
o dono. É comum aparecer compradores
de outros estados. E a entrega é feita pelo
próprio Renato. Mas só quando o clien-
te pode esperar. “Essa do tourinho levou
dentro do carro mesmo”.
O rebanho de minibovinos da chá-
cara tem dez “vaquinhas” leiteiras, que
garantem 60 litros/dia. A reprodução é
feita no próprio lugar, tudo com mon-
ta natural. O desafio é conseguir filho-
tes cada vez mais baixos, mas sem cor-
rer riscos. “Quanto menor o animal, mais
valorizado ele é, mas desde que seja per-
feito”. Por isso, são evitados cruzamen-
tos quando há parentesco ou quando a
fêmea atingiu um limite de tamanho para
suportar a prenhez.
A rusticidade dos bichinhos facili-
ta o manejo e otimiza a área disponível.
“No mesmo espaço onde tenho hoje 100
PecuáriaIgorSavenhago
IgorSavenhago
Produção de leite é uma das apostas
da chácara em Santo Antônio, além
de eventos e venda dos animais
Aves ornamentais, que são reproduzidas na própria
Água Vermelha, são vendidas junto com os minianimais
Relíquia, o menor minipônei brasileiro segundo ranking nacional,
comparado a um cavalo de tamanho normal
Divulgação/ReinoEncantado
Divulgação/ReinoEncantado
47. 47REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2014
animais, se fossem de tamanho conven-
cional, seriam só dez cabeças”, explica o
dono, que prevê crescimento ainda maior
para esse mercado. “Tem muita gente
vendo e querendo fazer. Isso pode au-
mentar a concorrência, mas comprador
sempre vai ter. O pessoal que está adqui-
rindo propriedades e quer colocar lá um
animalzinho para ornamentação também
está crescendo”.
Renato não esquece que o come-
ço foi difícil. Hoje, brindando com suco
de orvalha, e os funcionários em volta da
mesa, comemora. “Prefiro esse negócio
do que qualquer outro”.
Animais míni, negócio macro –
Quem sai de Santo Antônio e atravessa
a fronteira mineira também encontra o
otimismo como cartão de visitas na Mi-
ni-Fazenda Reino Encantado, em Alfe-
nas. O sentimento de satisfação e de que
apostar na criação de minianimais foi a
coisa certa parece não combinar com o
tamanho das vaquinhas e minipôneis que
habitam a propriedade. E pensar que eles
tomaram um lugar que era reduto de ca-
valos Campolina. Antônio Carlos Rocha
de Oliveira decidiu liquidar a criação dos
grandes equinos para investir nos peque-
nos.
E põe pequenos nisso. A família se
orgulha de ter, na minifazenda, o menor
pônei e a menor vaca do país com base
em certificação do Ranking Brasil, que
monitora a altura desses minianimais.
Princesinha, a vaca, tem três anos de
vida e apenas 60 centímetros. Relíquia, o
pônei, de três anos e meio, 55 centíme-
tros. “Princesinha vai agora entrar em es-
tado fértil”, afirma Mateus, um dos filhos
de Antônio Carlos. Por causa do tama-
nho reduzido dela, a reprodução será fei-
Família reunida: da esq.
para dir., Mateus, sua mãe,
Miriam, seu irmão, Eduardo,
e seu pai, Antônio Carlos
Princesinha e Relíquia: a vaquinha está para entrar em período
fértil e, por causa do tamanho, reprodução será em laboratório
Antônio Carlos deixou criação de cavalos para apostar
nos minianimais, foco da família há pelo menos 12 anos
Divulgação/ReinoEncantadoDivulgação/ReinoEncantado
48. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201448
ta com o auxílio de um laboratório espe-
cializado em inseminação. Perto de São
Paulo e Minas, existem dois: um em Mogi
Mirim e outro em Uberaba.
Mateus conta que o pai sempre foi
muito ligado ao campo. Tem loja de ma-
terial odontológico, mas nunca se des-
grudou de animais. Uma dia, deu de pre-
sente, aos quatro filhos, um minipônei.
Mal sabia que, naquele momento, dava
início a um novo negócio, que envolve-
ria toda a família. Há doze anos, quan-
do a criação ainda era uma novidade na
região, a aposta era feita. Hoje, o foco
dos Oliveira é na atividade. Preocupação
com os mínimos detalhes, como higiene
e apresentação dos animais, que podem
fazer a diferença na hora da venda.
Quem chega à minifazenda, en-
contra não só os bichinhos mais tradi-
cionais. Conhece, além dos cavalinhos
e vaquinhas, coelhos, mulas, burros, ju-
mentos e galinhas, todos em tamanho re-
duzido. “Eles chamam a atenção. Tanto
que tem gente trocando animais domésti-
cos, como cachorros, gatos e papagaios,
por minianimais. Eles atendem, portanto,
a uma demanda do mercado pet”, expli-
ca Mateus.
De cinco anos para cá, a procura
na propriedade aumentou cerca de 40%.
São clientes de todo o país. Os compra-
dores de um dos 300 minianimais exis-
tentes no local recebem a encomenda
em casa. “Já vendemos animais desde
o Pará até Rio Grande do Sul”. As entre-
gas são feitas com dois caminhões pró-
prios e parcerias com empresas de trans-
porte animal.
Para dar conta da demanda, a Rei-
no Encantado montou uma equipe de
funcionários, que cuidam, também, da
participação em feiras. Mateus atribuiu o
crescimento do mercado ao baixo custo
da criação. “São, realmente, animais rús-
ticos. Difíceis de ficarem doentes”.
Mas, e para montar um plantel?
Fica caro?
U
ma prova do crescimento do mercado de minianimais no país foi a cria-
ção, em novembro de 2012, da Associação Brasileira dos Criadores
de Minihorse (ABCMH), sediada em Avaré, SP. Segundo o presidente,
Marcelo Serra, o minihorse é a menor raça de pônei criada hoje no Brasil e uma
das cem existentes no mundo.
A associação faz parte de meta antiga, segundo ele. “Tudo começou
como o sonho de criarmos pôneis mais modernos, elegantes, de menor es-
tatura e mais atrativos ao consumidor brasileiro. Foi justamente para atender
esse desejo que passamos a desenvolver um animai que pudesse ser diferen-
te de qualquer outro similar até então. Deste sonho, que hoje é uma realida-
de, surgiu a raça”.
A ABCMH conta com 200 criadores e cinco mil animais cadastrados. O
objetivo é promover maior divulgação do minihorse. “Massificar em diversos
segmentos da sociedade atrás de um marketing objetivo e claro. Desde a sua
fundação, a associação tem promovido eventos, através de um ranking nacio-
nal, que proporciona, aos criadores e público em geral, um intercâmbio instru-
tivo e informativo sobre a raça”.
Marcelo projeta, com isso, um mercado crescente. Segundo ele, o gran-
de número de adesões à associação a cada ano é um indicador. “Estamos fa-
zendo um trabalho de divulgação que já dá frutos. A beleza e a docilidade dos
animais fazem com que aumente o número de admiradores dessa raça”.
Um dos eventos realizados pela Associação Brasileira dos
Criadores de Minihorse para aumentar a divulgação da raça
DivulgaçãoABCMH
Associação surgiu em 2012
Mateus explica que os preços cos-
tumam ser mais altos em comparação
com os de tamanho convencional. É pos-
sível comprar minipôneis a R$ 1500,
mas os valores crescem dependendo da
pelagem e da mansidão. Se for fêmea, a
prenhez também é levada em considera-
ção. “Podem chegar a até R$ 80 mil”. Já
as vaquinhas variam de R$ 1500 a R$
10 mil”.
Preços que justificam o otimismo.
Pergunta para o Mateus se a família se
arrepende. “De jeito nenhum. Era um ho-
bby que virou um grande negócio”.
Pecuária
49. 49REVISTA CANAMIX | JUNHO | 2014
*Coriolano Xavier
O
marketing e a comunicação ru-
ral podem contribuir muito para
o desenvolvimento e a capacita-
ção do produtor rural e já tem sido as-
sim há décadas. Na agricultura moderna,
o insumo tornou-se informação, conhe-
cimento puro, e seu marketing está sem-
pre ensinando e assumindo um forte pa-
pel educativo.
Vejam o caso da genética vegetal
dos OGMs (Organismos Geneticamen-
te Modificados) e também a evolutiva ge-
nética do suíno e do frango. Vejam a nu-
trição animal de alta performance, o chip
nos pneus de tratores, o manejo integrado
de pragas e os métodos da agricultura de
precisão. Tudo mudou e as tecnologias de
produção exigem, cada vez mais, saber e
capacitação.
É devido a esse DNA peculiar que
o marketing das empresas, cooperativas
e revendas têm sido importante no desen-
volvimento e atualização do produtor. E
um olhar sobre as atuais tendências tec-
nológicas da produção agropecuária indi-
ca que a contribuição do chamado mar
keting rural continuará decisiva nesse
aspecto.
Mas além dessa atividade qua-
se que missionária e diária, dissemina-
da através dos produtos, o marketing ru-
ral também produziu grandes campanhas
educativas desde os anos 80, como os
clássicos Fique de Olho no Milho, Admi-
nistre: É Assim Que Se Ganha, Plantio Di-
reto e Concursos de Produtividade.
Em períodos mais recentes, temos
outros bons exemplos, como o Seminário
Internacional de Suinocultura, Marketing
Reverso da Pepsico, Aplique Bem, Funda-
ção Espaço Eco, Escola no Campo, Plane-
ta Faminto, Embaixadores da Soja, Univer-
sidade da Cana e Pequenas Histórias de
Plantar e Colher – só para citar alguns.
Em todos eles, de ontem e de hoje,
vamos encontrar um traço comum de
gestão. São projetos nascidos em am-
biente empresarial com sólidas estratégias
de branding e, na sua maioria, envolveram
parcerias entre marcas ou veículos, alian-
ça estado-iniciativa privada (principalmen-
te no fator conteúdo) e visão estratégica e
geopolítica para o agro.
Nos anos 80, tínhamos a bandeira
da Revolução Verde e foram usadas todas
as ferramentas de comunicação para mo-
bilizar o campo na direção de práticas e
atitudes evolutivas de produção, desde o
“beabá” agronômico de como plantar cer-
to e cuidar bem das plantas até os princí-
pios básicos da administração rural.
Hoje, vivemos a pós-modernida-
de do agronegócio. E um grande desafio
do marketing rural será a educação e co-
municação para a sustentabilidade. Muito
provavelmente, isso passará por parcerias
estratégicas entre marcas, não só devido
à dimensão de investimentos, mas tam-
bém em função da consolidação de em-
presas que o agronegócio experimentou.
Um aspecto novo tende a ser o en-
volvimento maior da representação políti-
co-institucional do produtor, pois, no mun-
do atual, a participação social é o oxigênio
dos projetos de alcance coletivo. A parce-
ria da mídia também será essencial e, jun-
to com ela, o grande desafio de alistar as
mídias sociais nessa guerra pela educa-
ção e capacitação para a sustentabilidade.
Aliás, bem que seria bom ver de
novo grandes campanhas educativas ho-
rizontais no agronegócio. As demandas
temáticas (ou oportunidades) estão aí:
conceitos e metodologias de gestão e in-
ternacionalidade do nosso agro. Além, é
claro, da área de tecnologia, que estará
mais dinâmica do que nunca.
*Coriolano Xavier é membro
do Conselho Científico para
Agricultura Sustentável (CCAS) e
Professor do Núcleo de Estudos
do Agronegócio da ESPM – Escola
Superior de Propaganda e Marketing
Como o marketing e a educação podem
ajudar na educação do produtor?
Opinião
50. REVISTA CANAMIX | JUNHO | 201450
Opinião
*José Otavio Menten
A
defesa vegetal é uma das principais
áreas na matriz de conhecimentos
de estudantes do agro, em espe-
cial de Engenharia Agronômica e outros
cursos de Ciências Agrárias ou da mo-
dalidade Agronomia. As pragas agrícolas
são responsáveis por, pelo menos, 42%
de danos na produção vegetal. As orga-
nizações internacionais, como a FAO/ONU
[Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura] e OCDE [Or-
ganização para a Cooperação e Desenvol-
vimento Econômico], têm divulgado que,
até 2050, haverá necessidade de aumen-
tar a produção de alimentos no mundo em
70% e o Brasil deve ser o principal res-
ponsável para atender à demanda, com
um aumento de 40% de produção.
Trata-se de um grande desafio, que
pode ser alcançado através do aumen-
to das áreas cultivadas, intensificação do
cultivo e aumento do rendimento – este úl-
timo fator deve ser o responsável por 80%
do aumento da produção. Isso significa
aprimoramento da tecnologia de produ-
ção, incluindo o manejo de pragas. Como
apenas as pragas estão impedindo que a
produção seja, pelo menos, 40% maior,
todo avanço em seu controle é importan-
te. Assim, é fundamental que os profissio-
nais que atuam na produção de alimentos,
como engenheiros agrônomos ou outros
profissionais, sejam adequadamente for-
mados e possam utilizar as medidas de
manejo de pragas já disponíveis, assim
como estejam aptos a desenvolver e in-
corporar, no sistema de produção, novas
tecnologias. Para chegarmos neste pata-
mar, é essencial que os currículos esco-
lares contemplem áreas de atuação e co-
nhecimentos que garantam formação e
atuação profissional apropriada.
No Brasil, o ensino de defesa ve-
getal ou fitossanidade vem fazendo par-
te, desde o início do século XX, de cur-
sos como os de agricultura ou agronomia,
posteriormente denominado, quando em
nível superior pleno, de Engenharia Agro-
nômica. E também de outros, como Enge-
nharia Florestal.
Estes cursos têm seus conteúdos
definidos na legislação, como o Decre-
to Federal 23.196/33, que regulamentou
a profissão de Engenheiro Agrônomo no
país, as Resoluções 218/73 e 1010/2005,
do Confea [Conselho Federal de Engenha-
ria e Agronomia], e a Resolução 1/2006,
do MEC (Diretrizes Curriculares da Enge-
nharia Agronômica). Nestas regulamen-
tações, são citados campos do saber ou
áreas de atuação ou conhecimento e con-
teúdos relativos à defesa vegetal: micro-
biologia, fitopatologia, entomologia, plan-
tas daninhas, manejo integrado de pragas,
defesa e vigilância sanitária vegetal, trânsi-
to de matérias vegetais, defensivos, fisca-
lização da indústria de defensivos, inspe-
ção sanitária, biossegurança, tecnologia
de aplicação, receita agronômica, trans-
porte de defensivos, etc.
Há, entretanto, necessidade de apri-
moramento. Existem alguns temas que
não têm tido o devido destaque e que pre-
cisam ser, urgentemente, incluídos, ga-
rantindo a formação generalista e sólida
para os profissionais do agro. Na área de
métodos químicos de manejo de pragas,
é fundamental que sejam ensinados, nas
escolas de ciências agrárias, desenvolvi-
mento, toxicologia, ecotoxicologia e regis-
tro de defensivos agrícolas, formulações,
aditivos e adjuvantes em defensivos e uso
correto e seguro de defensivos.
Também é essencial a inclusão da
ARP (Análise de Risco de Pragas) e legis-
lação referente a trânsito de vegetais e de-
fesa vegetal, em especial os programas
oficiais de fiscalização, erradicação e tra-
tamento fitossanitário. Há necessidade de
mais destaque a segurança alimentar rela-
cionada aos danos causados pelas pragas
e ao manejo genético, incluindo transgê-
nicos e métodos moleculares de seleção
assistida e controle biológico. Mais aten-
ção deve ser dada à tecnologia de aplica-
ção de defensivos, incluindo a aérea e a
habilitação de manipuladores. Também é
fundamental contemplar pragas não agrí-
colas e urbanas e seu manejo, incluindo
os domissanitários.
Com os aprimoramentos propostos
e outros que sejam trazidos, numa ampla
discussão sobre a modernização e me-
lhoria do ensino de ciências agrárias, será
possível formar profissionais cada vez
mais capacitados para dar continuidade à
grande revolução do agro brasileiro, inicia-
da na década de 1970. O Brasil só vai con-
seguir atender às expectativas do mundo
– de se tornar o principal responsável pela
produção de alimentos saudáveis, energia
limpa e renovável e fibras, com sustenta-
bilidade – se investir na formação de re-
cursos humanos. As instituições de ensi-
no têm a grande responsabilidade de estar
atentas às necessidades de adequação de
seus projetos políticos pedagógicos, para
formar profissionais necessários às de-
mandas atuais e futuras.
*José Otavio Menten é
presidente do Conselho Científico para
Agricultura Sustentável (CCAS), vice-
presidente da Associação Brasileira
de Educação Agrícola Superior
(ABEAS), agrônomo, mestre e doutor
em Agronomia, pós-doutorados em
Manejo de Pragas e Biotecnologia,
professor associado da USP/ESALQ
Aprimoramento do ensino de defesa vegetal