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FIDES REFORMATA 1/2 (1996)
C. Peter Wagner, ed., Espíritos Territoriais ( Mogi das Cruzes, SP: Editora Unilit,
1995) 256 pp.
Antes de mais nada é importante frisar que o livro não é propriamente escrito por Peter
Wagner. Basicamente ele é o editor, já que escreve somente uma minúscula introdução e
dois capítulos do livro. A obra contém um amplo preâmbulo e dezenove capítulos. Alguns
dos escritores são desconhecidos de nossa literatura e outros podem ser mais facilmente
identificados. Entre estes últimos temos Roger T. Forster; Steven Lawson; Timothy M.
Warner; Jack W. Hayford; Anne Gimenez; Larry Lea; Edgardo Silvoso; Paul Yonggi Cho;
Paul B. Long; John Dawson; Michael Green; Oscar Cullmann. O livro foi lançado na onda
da "Teologia da Batalha Espiritual", aproveitando com certeza o nome de Peter Wagner,
muito conhecido no Brasil por suas participações em palestras sobre evangelização. O
ponto central do livro é uma identificação e análise da forma territorial e hierárquica como
Satanás distribuiu seus demônios no mundo; estes demônios agem na sociedade
produzindo imoralidade, crimes, corrupção e doenças; o livro procura também mostrar
como a Igreja deve se portar para vencer em nível estratégico estes espíritos territoriais,
que têm impedido um verdadeiro avivamento (p.10-12, 40, 59, 61, 63, 64, 66, 89, 96,
97, etc). Podemos definir a estratégia proposta pelo livro citando Peter Wagner:
• Em muitos lugares, uma chave para a propagação do evangelho é um confronto
de poder. Mas existe uma subcategoria de confronto de poder que envolve um
grande potencial para acelerar a evangelização do mundo, mas acerca do que os
líderes evangélicos parecem conhecer relativamente pouco. Refiro-me à noção de
quebrar o poder dos espíritos territoriais. (p. 72).
O estilo geral do livro é apresentar um mundo de "ilustrações", ou se preferir,
"experiências". No capítulo dois, Steven Lawson, nada mais faz do que narrar feitos de
alguns expoentes da "Batalha Espiritual a nível estratégico". No capítulo treze temos um
relato de um líder africano e suas "experiências com demônios territoriais". Temos a
narração de uma experiência missionária (capítulo quatro, p. 83) onde Timothy Warner
mostra a territoriedade demoníaca através do relato de um uruguaio que rejeitou
fortemente um folheto evangelístico em sua terra; porém, como morava na fronteira com
o Brasil, assim que a cruzou, recebeu de bom grado a mensagem evangélica. A tese de
Warner é: no lado brasileiro os demônios estavam vencidos, enquanto que, no lado
uruguaio, não.
Em outro lugar (capítulo dezesseis), Vernon Sterk faz uma análise de seu trabalho
missionário entre tribos mexicanas, que estão acostumadas a tratar com espíritos
malignos. As questões e as dúvidas de Sterk sobre o assunto são maiores que suas
afirmações positivas. E os exemplos citados (muitos deles narrados nos primeiros
capítulos) formam a base de sua teoria: "é mais válido" para as missões orar pela
libertação demoníaca citando os demônios pelos seus nomes locais do que meramente
citar, na oração de libertação, o nome genérico do diabo ou demônio. Apesar de aceitar
os nomes dos demônios territoriais e tratar diretamente com eles, ele mesmo reconhece
que, "Somente uma vez Jesus perguntou o nome de um demônio (ver Mc 5. 9; Lc 8. 30),
durante todo o seu ministério, pelo menos segundo está registrado no Novo Testamento"
(p.206 e 207).
No capítulo onze é a vez de Edgardo Silvoso entrar com sua cota de experiências
retiradas de um "grande avivamento na Argentina." Silvoso procura mostrar com essas
experiências que a "guerra estratégica" contra o diabo funciona. O ponto central desta
guerra, segundo ele, é a oração, que é a causa da vitória contra os espíritos territoriais.
Diz ele:
• Os crentes parecem orar em torno de dois enfoques: 1) Deus, a quem atribuem
toda honra e louvor; e 2) Satanás, a quem repreendem ousada e agressivamente
... De cada vez em que a Igreja (como representante do 2º Adão) ora, ela provê a
justificação legal e moral para Deus liberar o Seu poder (p. 154 e 156).
Não encontro na Bíblia a idéia de orar para Satanás, e muito menos de que a oração
libera Deus de algum constrangimento em doar o seu poder. As afirmações de Silvoso
sobre oração representam bem a tendência do livro de deixar de lado qualquer
preocupação básica de estruturar uma teologia e exegese sólidas sobre o assunto.
Parece, inclusive, que isto é feito de forma intencional, ao mesmo tempo em que os
autores como um todo dão mais importância à "prática". Diz Forster no preâmbulo:
• Esse material está alicerçado sobre as suas experiências pessoais quanto ao
assunto, e não sobre qualquer torre de marfim de inquirição teórica (p.7) (...)
quero sugerir que ainda precisamos de nos assenhorear de um maior
entendimento bíblico sobre essas questões (p.12).
Nas onze páginas do preâmbulo Roger Forster vai tropeçando em erros teológicos e
interpretações duvidosas, que se repetem por todo o livro. Para ele e para alguns dos
demais escritores, "...a verdade de Deus está sendo recuperada ...em um tempo em que
a missão da Igreja está sendo completada..." (p.7, veja também a p.14); portanto, são
"tempos excitantes" (p. 7).
Peter Wagner compartilha do seu otimismo; no capítulo um ele deixa claro que o
movimento de "Batalha Espiritual" é a etapa final da preparação que Deus vinha fazendo
na Igreja desde a década de 50 (p.26), preparando o mundo para o grande Armagedom
(p.25). Diante disto, o livro assume um caráter de preciosidade, ao pretender apresentar
verdades que haviam permanecido ocultas a milhares de crentes em todas as épocas da
Igreja, e que agora estão sendo reveladas a uns poucos "privilegiados estudantes da
Palavra." Isto pode ser notado quando Wagner concorda e estimula a classificação dos
crentes em "crentes médios" (p.30), e "os guerreiros", chamados e revestidos do "dom"
da batalha espiritual. Diz ele: "...somente crentes espiritualmente dotados, chamados
com este propósito, poderão aventurar-se nesta guerra" (p.52 e 53). Não é sem motivo
que narra dirigir uma classe de Escola Dominical de Terceira Onda (referência ao termo e
conteúdo do livro do sociólogo Alvin Toffler, A Terceira Onda). Chega mesmo a propor um
gráfico de "espiritualidade" para identificar os que estão aptos a participar dos confrontos
com as altas hierarquias demoníacas.
Encontramos no livro uma série de "dicas práticas" de como realizar o ministério de
"batalha espiritual" em nível estratégico. No capítulo quinze John Dawson mostra como
discernir os espíritos que dominam uma cidade. Entre outras coisas, recebemos a
orientação de vasculhar a história da cidade, seu nome, sua geografia ou suas
características sociais, que ajudarão a reconhecer e vencer os espíritos dominantes, e daí
realizar um ministério vitorioso de pregação. Já nos capítulos sete e dez, escritos
respectivamente por Jack Hayford e Dick Bernal, são ensinados planos estratégicos para
tomar as cidades que se encontram debaixo do controle dos espíritos territoriais, usando
a conquista de Jericó como base. Hayford conclama a Igreja a orar para que as "Raabes"
sejam salvas. Bernal faz uma perigosa espiritualização da conquista de Jericó, retirando à
força do relato bíblico regras para nossa ação prática como Igreja. Uma das regras é:
"Declarar aos espíritos pelas ruas e bairros da cidade a vitória de Cristo". Esta é
possivelmente a filosofia que está por detrás dos inúmeros outdoors aparecidos no ano de
1996 nas ruas de São Paulo dizendo "São Paulo é do Senhor Jesus: povo de Deus,
declare isto".
Não faltam também neste livro conceitos da "confissão positiva". No capítulo nove Larry
Lea defende que Deus está limitado em sua atividade pela falta de nossas declarações de
vitória. Ele convida os crentes a declarar aos demônios, virando-se para os quatro pontos
cardeais, que entreguem o que não lhes pertence. Então, segundo sua exegese de Lucas
11, o diabo e seus anjos estarão sendo amarrados. O próprio Peter Wagner, com sua
noção de "profecia contemporânea" (p.42) e de discernimento espiritual, usa de conceitos
equivocados baseados nas palavra bíblicas "logos" e "rhema".
A suposta base bíblica para estas estratégias de "batalha espiritual" são invariavelmente
os mesmos textos, citados por quase todos os autores. De maneira especial, eles
aparecem nos capítulos cinco e seis (Arthur Mathews e Thomas B. Wite). Textos como
Deuterômio 32.4, Judas 6, Gênesis 6, Salmo 82 e Daniel 10 são interpretados de forma a
criar uma angelologia estranha, onde três classes de anjos caídos são descobertas: 1) Os
que caíram com Lúcifer; 2) Os que cometeram imoralidades com as mulheres da terra
(Gênesis 6) e que estão presos agora (Judas 6); 3) Os que receberam autoridade de
Deus para governar os povos (Salmo 82 e Deuteronômio 32).
Isto implica em que estes últimos anjos mencionados têm poder sobre as nações, as
cidades, etc., e que podem, "tentados por Satanás", juntar forças contra Deus. Segundo
Forster, os anjos continuam caindo nos truques do diabo, e suas "rebeldias" podem ser
"voluntárias ou involuntárias" (p. 10). Forster faz ainda a tentativa de identificar
diferentes ordens malignas supostamente mencionadas por Paulo em Efésios 6.12,
chegando até mesmo a determinar-lhes funções (demônio da rebeldia, da luxúria, etc.).
O texto bíblico sobre Jesus amarrar o valente é várias vezes mencionado, e recebe
diversas interpretações no decorrer do livro, abrindo espaço para diversos tipos de
práticas pastorais questionáveis.
O livro não possui uma linha doutrinária definida — afinal, é uma coleção de artigos de
diferentes autores. O leitor vai encontrar material que contradiz o ponto central da obra,
alguns de maneira discreta, outros de maneira mais veemente. Por exemplo:
encontramos afirmações bastante lúcidas de Michael Green (capítulo dezoito), que diz:
• ...apesar da variedade na nomenclatura, o quadro geral em nada se altera por
toda Bíblia, uma variedade de forças malignas sob uma única chefia. Seria uma
tolice e um grande equívoco tentar separar os principados e as potestades das
epístolas paulinas dos demônios referidos nos evangelhos ... o próprio número e a
variedade dos nomes desses seres mostram-nos que os escritores do Novo
Testamento, distinguindo-se de seus predecessores judeus e pagãos, não estavam
interessados em escrever demonologias; esses seres malignos foram enumerados
ao acaso, somente a fim de mostrar que essas forças inimigas foram todas, à
uma, desarmadas pelo Senhor Jesus Cristo (p. 230).
Anne Gimenez (capítulo oito) também faz afirmações sobre Daniel 10 que são contrárias
à interpretação dominante desta passagem no livro:
• E o anjo continuou, a fim de explicar que o "príncipe do reino da Pérsia" tinha
resistido a ele por vinte e um dias, até que um dos principais príncipes, Miguel,
veio em sua ajuda. E os anjos prevaleceram e irromperam os empecilhos, e deram
a Daniel a mensagem. Imagine o leitor — toda essa batalha ocorreu por três
semanas nos lugares celestiais, e, no entanto, Daniel nada sabia a respeito ... Isto
posto, a batalha contra as forças malignas, nesse caso o príncipe da Pérsia,
obviamente não era uma batalha do próprio Daniel ... Enquanto meditava sobre
essa realidade, ocorreu-me um novo discernimento, e indaguei: "Deus, minha
vitória não depende de eu derrotar o diabo?’ E o Senhor respondeu: "Não, a sua
parte consiste em jejuar e orar. Que suas petições tornem-se conhecidas; pois
então enviarei as minhas hostes celestes em seu socorro. Enviarei alguém que é
um adversário à altura para aqueles espíritos malignos. Você não é adversário à
altura para o diabo. Crê e ora." ... O diabo vem enganando a todos nós. Ele nos
tem feito pensar que precisamos derrotá-lo, amarrá-lo, derrubá-lo por terra e nos
sentarmos sobre ele, antes de podermos obter a vitória. Cumpre-nos resistir ao
diabo; mas a batalha e a vitória não são nossas. A batalha é do Senhor, e ele já
obteve a vitória (pp.115-117).
Um livro cuja leitura pretenda ser relevante deve ter um quadro referencial nítido e
argumentos solidificados na Palavra de Deus. Espíritos Territoriais não possui nenhuma
destas duas características. Pelo contrário, aborda um assunto controvertido e importante
para o cristão, que é a batalha espiritual, introduzindo conceitos perigosos, argumentação
frágil e uma completa incoerência entre diversas partes da obra. Alguns escritores são
radicais, cometendo erros básicos com relação ao ensino da Palavra de Deus
(angelologia, escatologia, Reino de Deus, etc.). O livro acaba comprometendo a prática
pastoral das igrejas evangélicas, aumentando o descrédito que muitas vezes existe por
parte de teólogos sistemáticos e exegetas com relação à Teologia Pastoral. É mais uma
obra que dificulta a implantação no Brasil de uma Igreja séria e comprometida com o Rei
e seu precioso Reino.
— Magnus G. F. Fialho

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Peter wagner

  • 1. FIDES REFORMATA 1/2 (1996) C. Peter Wagner, ed., Espíritos Territoriais ( Mogi das Cruzes, SP: Editora Unilit, 1995) 256 pp. Antes de mais nada é importante frisar que o livro não é propriamente escrito por Peter Wagner. Basicamente ele é o editor, já que escreve somente uma minúscula introdução e dois capítulos do livro. A obra contém um amplo preâmbulo e dezenove capítulos. Alguns dos escritores são desconhecidos de nossa literatura e outros podem ser mais facilmente identificados. Entre estes últimos temos Roger T. Forster; Steven Lawson; Timothy M. Warner; Jack W. Hayford; Anne Gimenez; Larry Lea; Edgardo Silvoso; Paul Yonggi Cho; Paul B. Long; John Dawson; Michael Green; Oscar Cullmann. O livro foi lançado na onda da "Teologia da Batalha Espiritual", aproveitando com certeza o nome de Peter Wagner, muito conhecido no Brasil por suas participações em palestras sobre evangelização. O ponto central do livro é uma identificação e análise da forma territorial e hierárquica como Satanás distribuiu seus demônios no mundo; estes demônios agem na sociedade produzindo imoralidade, crimes, corrupção e doenças; o livro procura também mostrar como a Igreja deve se portar para vencer em nível estratégico estes espíritos territoriais, que têm impedido um verdadeiro avivamento (p.10-12, 40, 59, 61, 63, 64, 66, 89, 96, 97, etc). Podemos definir a estratégia proposta pelo livro citando Peter Wagner: • Em muitos lugares, uma chave para a propagação do evangelho é um confronto de poder. Mas existe uma subcategoria de confronto de poder que envolve um grande potencial para acelerar a evangelização do mundo, mas acerca do que os líderes evangélicos parecem conhecer relativamente pouco. Refiro-me à noção de quebrar o poder dos espíritos territoriais. (p. 72). O estilo geral do livro é apresentar um mundo de "ilustrações", ou se preferir, "experiências". No capítulo dois, Steven Lawson, nada mais faz do que narrar feitos de alguns expoentes da "Batalha Espiritual a nível estratégico". No capítulo treze temos um relato de um líder africano e suas "experiências com demônios territoriais". Temos a narração de uma experiência missionária (capítulo quatro, p. 83) onde Timothy Warner mostra a territoriedade demoníaca através do relato de um uruguaio que rejeitou fortemente um folheto evangelístico em sua terra; porém, como morava na fronteira com o Brasil, assim que a cruzou, recebeu de bom grado a mensagem evangélica. A tese de Warner é: no lado brasileiro os demônios estavam vencidos, enquanto que, no lado uruguaio, não. Em outro lugar (capítulo dezesseis), Vernon Sterk faz uma análise de seu trabalho missionário entre tribos mexicanas, que estão acostumadas a tratar com espíritos malignos. As questões e as dúvidas de Sterk sobre o assunto são maiores que suas afirmações positivas. E os exemplos citados (muitos deles narrados nos primeiros capítulos) formam a base de sua teoria: "é mais válido" para as missões orar pela libertação demoníaca citando os demônios pelos seus nomes locais do que meramente citar, na oração de libertação, o nome genérico do diabo ou demônio. Apesar de aceitar os nomes dos demônios territoriais e tratar diretamente com eles, ele mesmo reconhece que, "Somente uma vez Jesus perguntou o nome de um demônio (ver Mc 5. 9; Lc 8. 30), durante todo o seu ministério, pelo menos segundo está registrado no Novo Testamento" (p.206 e 207). No capítulo onze é a vez de Edgardo Silvoso entrar com sua cota de experiências retiradas de um "grande avivamento na Argentina." Silvoso procura mostrar com essas
  • 2. experiências que a "guerra estratégica" contra o diabo funciona. O ponto central desta guerra, segundo ele, é a oração, que é a causa da vitória contra os espíritos territoriais. Diz ele: • Os crentes parecem orar em torno de dois enfoques: 1) Deus, a quem atribuem toda honra e louvor; e 2) Satanás, a quem repreendem ousada e agressivamente ... De cada vez em que a Igreja (como representante do 2º Adão) ora, ela provê a justificação legal e moral para Deus liberar o Seu poder (p. 154 e 156). Não encontro na Bíblia a idéia de orar para Satanás, e muito menos de que a oração libera Deus de algum constrangimento em doar o seu poder. As afirmações de Silvoso sobre oração representam bem a tendência do livro de deixar de lado qualquer preocupação básica de estruturar uma teologia e exegese sólidas sobre o assunto. Parece, inclusive, que isto é feito de forma intencional, ao mesmo tempo em que os autores como um todo dão mais importância à "prática". Diz Forster no preâmbulo: • Esse material está alicerçado sobre as suas experiências pessoais quanto ao assunto, e não sobre qualquer torre de marfim de inquirição teórica (p.7) (...) quero sugerir que ainda precisamos de nos assenhorear de um maior entendimento bíblico sobre essas questões (p.12). Nas onze páginas do preâmbulo Roger Forster vai tropeçando em erros teológicos e interpretações duvidosas, que se repetem por todo o livro. Para ele e para alguns dos demais escritores, "...a verdade de Deus está sendo recuperada ...em um tempo em que a missão da Igreja está sendo completada..." (p.7, veja também a p.14); portanto, são "tempos excitantes" (p. 7). Peter Wagner compartilha do seu otimismo; no capítulo um ele deixa claro que o movimento de "Batalha Espiritual" é a etapa final da preparação que Deus vinha fazendo na Igreja desde a década de 50 (p.26), preparando o mundo para o grande Armagedom (p.25). Diante disto, o livro assume um caráter de preciosidade, ao pretender apresentar verdades que haviam permanecido ocultas a milhares de crentes em todas as épocas da Igreja, e que agora estão sendo reveladas a uns poucos "privilegiados estudantes da Palavra." Isto pode ser notado quando Wagner concorda e estimula a classificação dos crentes em "crentes médios" (p.30), e "os guerreiros", chamados e revestidos do "dom" da batalha espiritual. Diz ele: "...somente crentes espiritualmente dotados, chamados com este propósito, poderão aventurar-se nesta guerra" (p.52 e 53). Não é sem motivo que narra dirigir uma classe de Escola Dominical de Terceira Onda (referência ao termo e conteúdo do livro do sociólogo Alvin Toffler, A Terceira Onda). Chega mesmo a propor um gráfico de "espiritualidade" para identificar os que estão aptos a participar dos confrontos com as altas hierarquias demoníacas. Encontramos no livro uma série de "dicas práticas" de como realizar o ministério de "batalha espiritual" em nível estratégico. No capítulo quinze John Dawson mostra como discernir os espíritos que dominam uma cidade. Entre outras coisas, recebemos a orientação de vasculhar a história da cidade, seu nome, sua geografia ou suas características sociais, que ajudarão a reconhecer e vencer os espíritos dominantes, e daí realizar um ministério vitorioso de pregação. Já nos capítulos sete e dez, escritos respectivamente por Jack Hayford e Dick Bernal, são ensinados planos estratégicos para tomar as cidades que se encontram debaixo do controle dos espíritos territoriais, usando a conquista de Jericó como base. Hayford conclama a Igreja a orar para que as "Raabes" sejam salvas. Bernal faz uma perigosa espiritualização da conquista de Jericó, retirando à
  • 3. força do relato bíblico regras para nossa ação prática como Igreja. Uma das regras é: "Declarar aos espíritos pelas ruas e bairros da cidade a vitória de Cristo". Esta é possivelmente a filosofia que está por detrás dos inúmeros outdoors aparecidos no ano de 1996 nas ruas de São Paulo dizendo "São Paulo é do Senhor Jesus: povo de Deus, declare isto". Não faltam também neste livro conceitos da "confissão positiva". No capítulo nove Larry Lea defende que Deus está limitado em sua atividade pela falta de nossas declarações de vitória. Ele convida os crentes a declarar aos demônios, virando-se para os quatro pontos cardeais, que entreguem o que não lhes pertence. Então, segundo sua exegese de Lucas 11, o diabo e seus anjos estarão sendo amarrados. O próprio Peter Wagner, com sua noção de "profecia contemporânea" (p.42) e de discernimento espiritual, usa de conceitos equivocados baseados nas palavra bíblicas "logos" e "rhema". A suposta base bíblica para estas estratégias de "batalha espiritual" são invariavelmente os mesmos textos, citados por quase todos os autores. De maneira especial, eles aparecem nos capítulos cinco e seis (Arthur Mathews e Thomas B. Wite). Textos como Deuterômio 32.4, Judas 6, Gênesis 6, Salmo 82 e Daniel 10 são interpretados de forma a criar uma angelologia estranha, onde três classes de anjos caídos são descobertas: 1) Os que caíram com Lúcifer; 2) Os que cometeram imoralidades com as mulheres da terra (Gênesis 6) e que estão presos agora (Judas 6); 3) Os que receberam autoridade de Deus para governar os povos (Salmo 82 e Deuteronômio 32). Isto implica em que estes últimos anjos mencionados têm poder sobre as nações, as cidades, etc., e que podem, "tentados por Satanás", juntar forças contra Deus. Segundo Forster, os anjos continuam caindo nos truques do diabo, e suas "rebeldias" podem ser "voluntárias ou involuntárias" (p. 10). Forster faz ainda a tentativa de identificar diferentes ordens malignas supostamente mencionadas por Paulo em Efésios 6.12, chegando até mesmo a determinar-lhes funções (demônio da rebeldia, da luxúria, etc.). O texto bíblico sobre Jesus amarrar o valente é várias vezes mencionado, e recebe diversas interpretações no decorrer do livro, abrindo espaço para diversos tipos de práticas pastorais questionáveis. O livro não possui uma linha doutrinária definida — afinal, é uma coleção de artigos de diferentes autores. O leitor vai encontrar material que contradiz o ponto central da obra, alguns de maneira discreta, outros de maneira mais veemente. Por exemplo: encontramos afirmações bastante lúcidas de Michael Green (capítulo dezoito), que diz: • ...apesar da variedade na nomenclatura, o quadro geral em nada se altera por toda Bíblia, uma variedade de forças malignas sob uma única chefia. Seria uma tolice e um grande equívoco tentar separar os principados e as potestades das epístolas paulinas dos demônios referidos nos evangelhos ... o próprio número e a variedade dos nomes desses seres mostram-nos que os escritores do Novo Testamento, distinguindo-se de seus predecessores judeus e pagãos, não estavam interessados em escrever demonologias; esses seres malignos foram enumerados ao acaso, somente a fim de mostrar que essas forças inimigas foram todas, à uma, desarmadas pelo Senhor Jesus Cristo (p. 230). Anne Gimenez (capítulo oito) também faz afirmações sobre Daniel 10 que são contrárias à interpretação dominante desta passagem no livro:
  • 4. • E o anjo continuou, a fim de explicar que o "príncipe do reino da Pérsia" tinha resistido a ele por vinte e um dias, até que um dos principais príncipes, Miguel, veio em sua ajuda. E os anjos prevaleceram e irromperam os empecilhos, e deram a Daniel a mensagem. Imagine o leitor — toda essa batalha ocorreu por três semanas nos lugares celestiais, e, no entanto, Daniel nada sabia a respeito ... Isto posto, a batalha contra as forças malignas, nesse caso o príncipe da Pérsia, obviamente não era uma batalha do próprio Daniel ... Enquanto meditava sobre essa realidade, ocorreu-me um novo discernimento, e indaguei: "Deus, minha vitória não depende de eu derrotar o diabo?’ E o Senhor respondeu: "Não, a sua parte consiste em jejuar e orar. Que suas petições tornem-se conhecidas; pois então enviarei as minhas hostes celestes em seu socorro. Enviarei alguém que é um adversário à altura para aqueles espíritos malignos. Você não é adversário à altura para o diabo. Crê e ora." ... O diabo vem enganando a todos nós. Ele nos tem feito pensar que precisamos derrotá-lo, amarrá-lo, derrubá-lo por terra e nos sentarmos sobre ele, antes de podermos obter a vitória. Cumpre-nos resistir ao diabo; mas a batalha e a vitória não são nossas. A batalha é do Senhor, e ele já obteve a vitória (pp.115-117). Um livro cuja leitura pretenda ser relevante deve ter um quadro referencial nítido e argumentos solidificados na Palavra de Deus. Espíritos Territoriais não possui nenhuma destas duas características. Pelo contrário, aborda um assunto controvertido e importante para o cristão, que é a batalha espiritual, introduzindo conceitos perigosos, argumentação frágil e uma completa incoerência entre diversas partes da obra. Alguns escritores são radicais, cometendo erros básicos com relação ao ensino da Palavra de Deus (angelologia, escatologia, Reino de Deus, etc.). O livro acaba comprometendo a prática pastoral das igrejas evangélicas, aumentando o descrédito que muitas vezes existe por parte de teólogos sistemáticos e exegetas com relação à Teologia Pastoral. É mais uma obra que dificulta a implantação no Brasil de uma Igreja séria e comprometida com o Rei e seu precioso Reino. — Magnus G. F. Fialho