Putin assinou decreto reconhecendo a Crimeia como um Estado independente após o referendo de domingo, no qual 97% dos eleitores apoiaram a separação da Ucrânia e união à Rússia. A UE e os EUA impuseram sanções a autoridades russas e ucranianas em resposta ao referendo e à anexação. A Rússia afirma que respeitou as leis internacionais, enquanto os EUA e UE consideram o referendo ilegal.
2. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, assinou nesta segunda-feira
um decreto em que reconhece a Crimeia "como um Estado soberano e
independente", depois de a península no Mar Negro ter aprovado, em
referendo, sua secessão da Ucrânia.
O decreto, divulgado pelo site oficial do Kremlin, diz que a decisão da
Federação Russa se dá “em consideração à vontade expressa do povo
da Crimeia no referendo geral realizado em 16 de março de 2014” de
domingo, quando, segundo as autoridades locais, 97% dos eleitores
apoiaram sua separação da Ucrânia e sua união à Rússia.
O documento também diz que passa a valer do momento que foi
assinado, com o horário assinalado de 22h30, hora de Moscou
(15h30, hora de Brasília).
3. Antes, reagindo ao resultado do referendo, o
Parlamento da Crimeia formalizara a
independência da Ucrânia e o pedido de anexação
à Federação Russa.
Na terça-feira, Putin deve fazer um
pronunciamento ao Parlamento russo em que
deve abordar a crise na Ucrânia e a decisão dos
EUA e da União Europeia de impor sanções a
autoridades do país e da Ucrânia por seu apoio ao
referendo.
4. Sanções
As sanções europeias foram anunciadas após uma
reunião em Bruxelas entre os ministros das relações
exteriores dos países da UE.
Entre seus alvos, estão 21 autoridades russas e
ucranianas, que terão seus bens congelados e sofrerão
restrições a viagens no bloco, entre outras medidas.
A União Europeia já havia suspendido negociações
com a Rússia sobre um pacto econômico e sobre a
redução de restrições à concessão de vistos.
Nos Estados Unidos, as autoridades anunciaram o
congelamento dos bens de sete russos, incluindo
conselheiros do presidente Vladimir Putin, e quatro
ucranianos – entre eles o presidente afastado da
Ucrânia, Viktor Yanukovich.
5. O presidente dos Estados Unidos, Barack
Obama, disse que a decisão de seu país irá “elevar
os custos” para a Rússia por seu envolvimento na
crise na Ucrânia e advertiu que outras pessoas
poderão sofrer represálias.
“Se a Rússia continuar interferindo na
Ucrânia, nós estamos prontos para adotar mais
sanções”, disse o presidente, que salientou que
ainda acredita que uma solução diplomática para
a crise pode ser encontrada.
Diferentemente dos EUA, a União Europeia ainda
não divulgou os nomes das autoridades que serão
alvo das sanções, mas todos teriam tido um papel
crucial no referendo de domingo.
6.
7. O referendo e seu reconhecimento pela Rússia são os
mais novos desdobramentos da crise que já dura
cinco meses.
Seu estopim veio em novembro do ano passado, na
Ucrânia, quando o governo passou a enfrentar fortes
protestos após interromper negociações por uma
maior integração com a União Europeia.
Após a queda do presidente ucraniano pró-Moscou
Viktor Yanukovych, em fevereiro, forças partidárias
da Rússia tomaram o controle da Crimeia. O governo
russo afirma que os soldados não estão sob o controle
do país e são apenas forças de autodefesa.
Tanto os Estados Unidos quanto a União Européia
consideram o referendo ilegal. A Rússia, por outro
lado, afirma que a votação atendeu às leis
internacionais. Ainda segundo as autoridades
locais, 83% dos eleitores participaram do pleito.
8. O governo da Ucrânia afirmou que também não
reconhecerá os resultados do referendo. O
presidente em exercício do país, Oleksander
Turchynov, disse estar disposto a negociar com a
Rússia, mas que nunca aceitará a anexação da
Crimeia.
O governo em Kiev convocou seu embaixador em
Moscou para debater os novos desdobramentos da
crise, enquanto o Parlamento ucraniano aprovou
nesta segunda-feira a mobilização de 40 mil
reservistas e afirmou que está monitorando a
situação na fronteira leste, com a Rússia.
Fonte: BBC Brasil