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25 de Abril de 1974
Revolução Canto Moço  Zeca Afonso   Somos filhos da madrugada  Pelas praias do mar nos vamos  À procura de quem nos traga  Verde oliva de flor no ramo  Navegamos de vaga em vaga  Não soubemos de dor nem mágoa  Pelas praias do mar nos vamos  À procura da manhã clara  Lá do cimo duma montanha  Acendemos uma fogueira  Para não se apagar a chama  Que dá vida na noite inteira  Mensageira pomba chamada  Companheira da madrugada  Quando a noite vier que venha  Lá do cimo duma montanha Onde o vento cortou amarras  Largaremos pela noite fora  Onde há sempre uma boa estrela  Noite e dia ao romper da aurora  Vira a proa minha galera  Que a vitória já não espera  Fresca brisa, moira encantada  Vira a proa da minha barca.
Democracia Abril de sim, Abril de Não  Manuel Alegre   Eu vi Abril por fora e Abril por dentro vi o Abril que foi e Abril de agora eu vi Abril em festa e Abril lamento Abril como quem ri como quem chora. Eu vi chorar Abril e Abril partir vi o Abril de sim e Abril de não Abril que já não é Abril por vir e como tudo o mais contradição. Vi o Abril que ganha e Abril que perde Abril que foi Abril e o que não foi eu vi Abril de ser e de não ser. Abril de Abril vestido (Abril tão verde) Abril de Abril despido (Abril que dói) Abril já feito. E ainda por fazer.
Liberdade Pedra Filosofal  António Gedeão   Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida tão concreta e definida  como outra coisa qualquer  como esta pedra cinzenta em que me sento e descanso como este ribeiro manso em serenos sobressaltos como estes pinheiros altos que em verde e oiro se agitam como estas árvores que gritam em bebedeiras de azul.  Eles não sabem que sonho é vinho, é espuma, é fermento bichinho alacre e sedento de focinho pontiagudo que fuça através de tudo Em  em perpétuo movimento.   Eles não sabem que o sonho é tela é cor é pincel base, fuste, capitel que é retorta de alquimista mapa do mundo distante Rosa dos Ventos Infante caravela quinhentista que é cabo da Boa-Esperança Ouro, canela, marfim florete de espadachim bastidor, passo de dança Columbina e Arlequim passarola voadora pára-raios, locomotiva barco de proa festiva alto-forno, geradora cisão do átomo, radar ultra-som, televisão desembarque em foguetão na superfície lunar  Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida que sempre que o homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos duma criança
 

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  • 1. 25 de Abril de 1974
  • 2. Revolução Canto Moço Zeca Afonso Somos filhos da madrugada Pelas praias do mar nos vamos À procura de quem nos traga Verde oliva de flor no ramo Navegamos de vaga em vaga Não soubemos de dor nem mágoa Pelas praias do mar nos vamos À procura da manhã clara Lá do cimo duma montanha Acendemos uma fogueira Para não se apagar a chama Que dá vida na noite inteira Mensageira pomba chamada Companheira da madrugada Quando a noite vier que venha Lá do cimo duma montanha Onde o vento cortou amarras Largaremos pela noite fora Onde há sempre uma boa estrela Noite e dia ao romper da aurora Vira a proa minha galera Que a vitória já não espera Fresca brisa, moira encantada Vira a proa da minha barca.
  • 3. Democracia Abril de sim, Abril de Não Manuel Alegre Eu vi Abril por fora e Abril por dentro vi o Abril que foi e Abril de agora eu vi Abril em festa e Abril lamento Abril como quem ri como quem chora. Eu vi chorar Abril e Abril partir vi o Abril de sim e Abril de não Abril que já não é Abril por vir e como tudo o mais contradição. Vi o Abril que ganha e Abril que perde Abril que foi Abril e o que não foi eu vi Abril de ser e de não ser. Abril de Abril vestido (Abril tão verde) Abril de Abril despido (Abril que dói) Abril já feito. E ainda por fazer.
  • 4. Liberdade Pedra Filosofal António Gedeão Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida tão concreta e definida como outra coisa qualquer como esta pedra cinzenta em que me sento e descanso como este ribeiro manso em serenos sobressaltos como estes pinheiros altos que em verde e oiro se agitam como estas árvores que gritam em bebedeiras de azul. Eles não sabem que sonho é vinho, é espuma, é fermento bichinho alacre e sedento de focinho pontiagudo que fuça através de tudo Em em perpétuo movimento. Eles não sabem que o sonho é tela é cor é pincel base, fuste, capitel que é retorta de alquimista mapa do mundo distante Rosa dos Ventos Infante caravela quinhentista que é cabo da Boa-Esperança Ouro, canela, marfim florete de espadachim bastidor, passo de dança Columbina e Arlequim passarola voadora pára-raios, locomotiva barco de proa festiva alto-forno, geradora cisão do átomo, radar ultra-som, televisão desembarque em foguetão na superfície lunar Eles não sabem nem sonham que o sonho comanda a vida que sempre que o homem sonha o mundo pula e avança como bola colorida entre as mãos duma criança
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