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FICHA DE LEITURA
FICHAMENTO
O cuidar de pacientes terminais: experiência de acadêmicos de enfermagem durante
estágio curricular

                                               Danúbia Mariane Barbosa Jardim
                                               Renata Mascarenhas Bernardes
                                               Ana Cristina Viana Campos
                                               Giovana Santos Pimenta
                                               Flávia Aparecida Rodrigues Resende
                                               Carolina Marques Borges
                                               Júlio César Batista Santana

                                               Rev B.S.Publica Miolo. V 34 _ n 4,p.796-809 out./dez. 2010
                           http://files.bvs.br/upload/S/0100-0233/2010/v34n4/a2171.pdf
Objetivo de estudo: Compreender as experiências de um grupo de acadêmicos de
enfermagem durante o estágio de uma universidade privada sobre o contato estabelecido com
pacientes terminais e seus familiares.


Metodologia e Sujeito: Estudo qualitativo com inspiração fenomenológica. A pesquisa foi
realizada com um grupo de acadêmicos de enfermagem de uma universidade privada, que
aceitaram participar do estudo voluntariamente. Os sujeitos foram selecionados de forma
aleatória por sorteio e os critérios de exclusão ocorreram pela própria manifestação de não
querer mais participar da pesquisa. Para o desenvolvimento da pesquisa foi utilizada uma
ficha de identificação e uma entrevista gravada, contemplando a seguinte questão norteadora:
Como foi a sua experiência no estágio com o paciente terminal e seus familiares?


Resultados: A experiência no estágio curricular aconteceu de forma intensa para os
entrevistados, sendo possível observar que o significado do cuidado ao paciente terminal está
intimamente relacionado à relação com a família e aos sentimentos e experiências pessoais
dos próprios entrevistados. As experiências pessoais dos acadêmicos permitiram a percepção
da importância do apoio familiar, capaz de trazer conforto, segurança, carinho, amor nos
momentos mais difíceis e também a importância do apoio dos profissionais aos familiares do
paciente, pois a doença enraíza-se no cotidiano causando mudanças em todos os membros da
família. A boa comunicação estabelecida entre profissional, paciente e família é a “pedra
angular” do cuidado ao paciente terminal. É importante deixá-los cientes de todos os
procedimentos que serão realizados, bem como do prognóstico, por meio de informações
claras e realistas, mas também compassivas e solidárias. Alguns estudantes de enfermagem
perceberam a dificuldade que os profissionais de saúde têm em compreender que a dor que o
paciente está sentindo ultrapassa o lado físico. Percebe-se nas falas dos acadêmicos que não
há preparo para lidar com todas as questões complicadas que cercam o cuidado aos pacientes
terminais e que não conseguem aceitar a morte.


Conclusão: Concluiu-se que os profissionais sentem-se despreparados para lidar com a
transição vida/morte e com os cuidados ao paciente terminal. Portanto, mais que decidir
sobre como será o processo de morte do paciente terminal, faz-se necessário ouvir
atentamente, percebê-lo como sujeito com medos, angústias, desafios e desejos com direito a
uma morte digna.
Cuidar de pacientes terminais: experiência de acadêmicos

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  • 2. FICHAMENTO O cuidar de pacientes terminais: experiência de acadêmicos de enfermagem durante estágio curricular Danúbia Mariane Barbosa Jardim Renata Mascarenhas Bernardes Ana Cristina Viana Campos Giovana Santos Pimenta Flávia Aparecida Rodrigues Resende Carolina Marques Borges Júlio César Batista Santana                                                Rev B.S.Publica Miolo. V 34 _ n 4,p.796-809 out./dez. 2010 http://files.bvs.br/upload/S/0100-0233/2010/v34n4/a2171.pdf Objetivo de estudo: Compreender as experiências de um grupo de acadêmicos de enfermagem durante o estágio de uma universidade privada sobre o contato estabelecido com pacientes terminais e seus familiares. Metodologia e Sujeito: Estudo qualitativo com inspiração fenomenológica. A pesquisa foi realizada com um grupo de acadêmicos de enfermagem de uma universidade privada, que aceitaram participar do estudo voluntariamente. Os sujeitos foram selecionados de forma aleatória por sorteio e os critérios de exclusão ocorreram pela própria manifestação de não querer mais participar da pesquisa. Para o desenvolvimento da pesquisa foi utilizada uma ficha de identificação e uma entrevista gravada, contemplando a seguinte questão norteadora: Como foi a sua experiência no estágio com o paciente terminal e seus familiares? Resultados: A experiência no estágio curricular aconteceu de forma intensa para os entrevistados, sendo possível observar que o significado do cuidado ao paciente terminal está intimamente relacionado à relação com a família e aos sentimentos e experiências pessoais dos próprios entrevistados. As experiências pessoais dos acadêmicos permitiram a percepção da importância do apoio familiar, capaz de trazer conforto, segurança, carinho, amor nos momentos mais difíceis e também a importância do apoio dos profissionais aos familiares do paciente, pois a doença enraíza-se no cotidiano causando mudanças em todos os membros da família. A boa comunicação estabelecida entre profissional, paciente e família é a “pedra angular” do cuidado ao paciente terminal. É importante deixá-los cientes de todos os procedimentos que serão realizados, bem como do prognóstico, por meio de informações claras e realistas, mas também compassivas e solidárias. Alguns estudantes de enfermagem perceberam a dificuldade que os profissionais de saúde têm em compreender que a dor que o paciente está sentindo ultrapassa o lado físico. Percebe-se nas falas dos acadêmicos que não há preparo para lidar com todas as questões complicadas que cercam o cuidado aos pacientes terminais e que não conseguem aceitar a morte. Conclusão: Concluiu-se que os profissionais sentem-se despreparados para lidar com a transição vida/morte e com os cuidados ao paciente terminal. Portanto, mais que decidir sobre como será o processo de morte do paciente terminal, faz-se necessário ouvir atentamente, percebê-lo como sujeito com medos, angústias, desafios e desejos com direito a uma morte digna.