SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 16
Baixar para ler offline
ESTADO DO PARANÁ
                             PODER JUDICIÁRIO
                                  COMARCA D E MARI NGÁ
                                   QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________


                             Auto s n. º 25709/ 2011

                             1. T ra ta m-se os p resente s a utos de A ÇÃ O
CIVIL       P Ú BL I CA      mo vi da      pelo      MINIST ÉR IO           PÚBLICO           DO
E S T A D O D O PA R AN Á ( 1 3 . ª P ro m o to r i a d e J u st i ça e P r o t e çã o
a o M e io A mb i e n t e , F u nd a ç õ e s e T e rce i r o Se t o r d e s t a C o ma r ca )
co n tr a a UN I VE R S I D AD E ES T AD U AL D E M A R IN G Á – UE M, n a
q ual , e m s e d e d e l i mi n a r, ob j e ti va q u e a r é se a b s te n h a d e
uti l iza r a nimais e m q ua i sq uer p ro ced i mento s exp er imenta i s
q ue lhe s ca usem le sõ es f í si ca s, d or , so f ri mento o u a mo r te,
rea li za do s co m o u se m a neste si a.

                             Requer,        ainda, que            a   ré   ab stenha -se       de
ma nter       cã es     no     Biotério       C e n t ra l,       devendo     estes       se rem
enca mi nhad os         à    e n t ida de s    p rotetoras         dos     animais       ou    de
pe ssoa s     i d ô ne a s   que     de verã o     se    resp onsab ili za r        por     sua s
guard as       e,     enq ua nto      não      houver         a    d i sponib il iza çã o     dos
a ni ma i s, d e ve rá a re q u e rid a d a r t ra t a m e n to a d e q uad o p a r a a
sa úde de stes e a co mpa nha mento p o r méd i co veteriná ri o.

                             Fix ada s e sta s pr emi ssa s, p a sso à a nál i se
d a p r e te n sã o lim i na r f o r m ulad a p el o a u to r.

                             Como é de conheci me nto geral , a limina r é
a to d e l iv re a rb í t rio d o j ui z e se i ns e re n o p od e r d e ca u t e la d o
m a g i st r a d o . O d e f e ri m e n t o d a l i m i na r , q u e r e su l t a d o co n cr e t o
exercí ci o do pod er ca utela r d os ma gi str a d os, q ua li fica -se p el a
excep ciona lid ad e.

                             Ad ema is, no ca so em d eba te, d epreende-se
q ue a l e i n . º 7 . 3 4 7 / 1 9 8 5 , a q u a l d i sci p l i na a a çã o ci vi l p úb l i ca
d e r e sp o n sa b i l i d a d e p o r d a no s c a u s a d o s a o me io - a mb i e n t e , a o
co n su m i d o r , a b e n s e d i r e i to s d e va l o r a r tí s ti co , e st é ti c o ,
hi stór ico, turí sti co e pa i sa gí sti co e dá outra s p rovid ência s,




_______________________________________________________________________
ESTADO DO PARANÁ
                             PODER JUDICIÁRIO
                                  COMARCA D E MARI NGÁ
                                   QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________

p r e vê e m s e u a r ti g o 1 2 , ca p u t, a p o ssi b i l id a d e d e co nc e ssã o d e
li mi na r. Vej a -se:

                              “A r t . 12 P o de r á o j u i z c o nc e de r ma n d a do
liminar,       com       ou     sem      j ustificação        pré v ia,     em     decisão
sujeita a ag ravo ”.

                              Co m e fe ito , a p re ci a nd o o s f a t o s d e d u zi d o s
ne ste ca d e rno pro cessua l , b em co mo o s do cumento s j unta do s,
vi sl um b r o , n e s te j u íz o p ro v is ó rio , que a p re te ns ã o li m i na r a l vo
de a ná li se merece p rosp era r.

                              De s ta co q ue vi go r a em n o ss o o rd e na m e n to
a L e i n. º 1 1 . 7 9 4/ 2 0 0 8 , a q ua l e st a b e l e c e p r o ced i m e n to s p a ra o
uso    ci entíf i co    de     a nimai s,     no rmal i za ndo      a   f isca l iza çã o,    a
cri a çã o e u ti li za çã o d e a ni mai s em a t ividad e s de e nsino e
pe sq uisa cientí fi ca , sendo q ue na re feri da Le i há exp r essa
p r e vi sã o d e u ti li z a ção d e a n i ma i s em e xp e ri m e n t o s ci e n t ífi co s ,
de sta ca ndo-se,        neste      p a rti cul a r,   os   artigos      1.º   a    3.º,     da
ref erida L ei .

                              A ref eri da L ei ta mb ém esta b el ece a cri a çã o
do Co ns e l ho Na c io na l de C o nt ro le d e Ex p e ri m e n ta ç ão A n im a l
( C ON C EA ) , a rro l a nd o n o a r ti go 5 . º, s ua s co m p e t ê n ci a s, q u ai s
sej a m:

                              “Ar t. 5º Compete ao CON CEA:

                              I – fo r m ul a r e z e lar p e lo c u m pr i m e n to
da s n o r m a s r e la t iv a s à u t il i z aç ão h um a n i t á r i a d e an i m a is
c o m f in a l id a d e de e n s i no e pe s q u is a c i e n t í f i c a ;

                              II – c r e d e nc i a r i n st i t u i ç õ e s pa r a c r i aç ão
ou utilização de animais em ensino e pesquisa cient íf ica;

                              III – mo nit o rar e av aliar a intro dução de
técnicas        a l t e r na t iv a s   que     sub st it uam       a   utilização           de
an i m ai s e m e n sin o e p e sq u isa ;


_______________________________________________________________________
ESTADO DO PARANÁ
                            PODER JUDICIÁRIO
                                  COMARCA D E MARI NGÁ
                                   QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________

                            IV – est abelecer e rever, perio dicamente,
as no rmas par a uso e cuidado s co m animais para ensino e
pesq uisa,          em          c o n so n â nc ia                 com            as       co nvenções
inter nacio nais das q uais o Brasil sej a sig natário;

                            V – e st ab e lec e r e r eve r, pe rio dicame nte ,
no r mas      t écnic as        para            instalação              e    funcio namento                 de
c e nt ro s   de    c r i aç ão ,       de       b io t é r io s    e       de    l a b o r a tó r i o s   de
e x pe r i m e n t a ç ão a n i m a l , b e m c o m o s o b r e a s c o n d i ç õ e s d e
trab alho em tais instalações;

                            VI – est abelecer e rever, perio dicamente,
no r m as p a r a c r e de n c i a me n t o d e in s t it u iç õ e s q u e c r ie m o u
ut ilizem animais para ensino e pesq uisa;

                            VII         –       manter       cadastro              a t ua l iz ad o        dos
pr o cedimento s          de    ensino             e    p e sq u i sa        realizado s           ou      em
andamento           no     P aís,       assim          c o mo       do s         pe sq uisado re s,         a
pa r t ir d e i n fo r m aç õ e s r e me t i d as p e l as C o m is sõ e s d e É t ic a
no U so d e A n i m ai s - C E U A s, d e q u e t r a t a o ar t . 8 o d e st a
Lei;

                            VIII            –     apre c iar            e     decidir          recurso s
in te r p o sto s c o n tr a de c i sõe s d as CE UA s;

                            IX – e la bo r a r e su b m e te r a o Mi n is tr o d e
Est ado da Ciência e Tecnolog ia, para aprov ação, o se u
reg ime nto inter no;

                            X       –       assessor ar            o        P o der     Executivo           a
respeito      das        at iv idades de               ensino           e    pesq uisa         tr atadas
nesta Lei”.

                            As si m , ve r i f i ca - se q ue q u a l q ue r i n st i tu i çã o
de   ensi no       que    almeje            re a li z a r e xp e rim e nt o s ci e n t ífi co s e m
a ni ma i s necessi ta d e p r évi o ca da stra mento junto a o CONC EA,
co mp etind o a este C o nsel ho mo nito ra r o s a to s p ra ti ca do s.


_______________________________________________________________________
ESTADO DO PARANÁ
                           PODER JUDICIÁRIO
                                  COMARCA D E MARI NGÁ
                                   QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________

                            E ma i s, a i nda p r evê a r eferid a legi sl a çã o
e m s e u a rt i go 8 .º , q ue é i n d i sp e n sáv e l p a ra o cre d e nc ia m e n to
da i nsti tuiçã o d e ensi no junto ao CONC EA q ue esta consti tua
Co m i ss õ e s d e Ét i ca no U so d e A n i ma i s – CEU A s, co mp e t i nd o a
e st a o c u m p r i m e n t o d a s d e t e r m i na ç õ e s e l e n ca d a s n o a r t i g o
10 . º da q ue la L ei , a sa be r:

                            “A r t . 1 0. º C o m p e te à s C EU A s:

                            I – c u m pr i r e f a ze r c u m p r i r, no âm b i to
de suas atrib uiç ões, o dispo sto nesta L ei e nas demais
no r m as ap l i c áv e is à ut il i z a ç ão de a ni m a is p ar a e ns in o e
pe s q ui s a , e s pe c ia l m e n te n as r e s o lu ç õ e s d o C O N C E A ;

                            II         –      e xaminar               p r e v i a me nt e      os
pr o ce dime nto s de e nsino e pe squisa a se re m re aliz ado s na
inst it uição à q ual estej a v inculada, para determinar sua
c o m pa t ib i l id a de c o m a le g i s l aç ão a p li c áv e l;

                            III    –       manter        cadastr o       atualizado          dos
pr o cedimento s         de      e nsino e       p e sq u is a       realizado s,        ou em
an d a m e n t o , n a in st it u iç ã o , e nv i an do c ó p i a a o C O N C E A ;

                            IV – mant er cadastro do s pe sq uisado res
que      r ealizem        procediment o s                de    ensino         e     pesq uisa,
e nv ia n do c ó p i a ao C O N CE A ;

                            V      –       ex pe dir,         no     âmbito         de      suas
atrib uiçõ es,        cer tificado s           que       se        fize rem       necessár io s
per ant e órg ão s de f inanciamento de pesq uisa, perió dico s
cient ífico s o u o utro s;

                            VI – no tificar imediat ame nt e ao CO NCEA
e   às    auto ridades           sanit ária s        a    o co rrê nc ia      de     q u a lq u e r
ac i d e n t e c o m o s an i m a is n a s in st it u iç õ e s c r e de nc i a d as ,
f o r n e c e n do in f o r m aç õ e s q ue p e r m it am a ç õ e s sa n e a do r as .




_______________________________________________________________________
ESTADO DO PARANÁ
                          PODER JUDICIÁRIO
                               COMARCA D E MARI NGÁ
                                QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________

                          § 1º Co nst at ado q ualq ue r proc e dime nto
e m d e sc u m p r i me nt o à s d i sp o si ç õ e s d e st a L e i na e x e c uç ão
de   ativ idade      de    ensino      e    pesquisa,        a   r e s p e c t iv a   CEUA
det erminar á a paralisação de sua execução, até q ue a
irr eg ularidade sej a sanada, sem prej uízo da aplicação de
out ras sançõe s cab íveis.

                          §    2º Quando          se   co nfigur ar        a hipótese
pr ev ista    no    §     1o   deste       artigo ,      a   o missão         da      CEUA
acarretará sanções à instituição , no s t ermo s do s art s. 17
e 20 desta Lei.

                          §    3º     Das      decisõ es         pro feridas          pelas
C E U A s c ab e re c u r so , se m e f e it o s us pe nsi v o , ao C O N C EA .

                          § 4º Os me mb ro s das C EU A s r e sp o nde rão
pelo s pre juízo s q ue, po r do lo, causarem às pesq uisas em
andamento.

                          §    5º    Os      membro s         das      CEUAs          estão
ob rig ado s a resg uardar o seg redo indust rial, so b pe na de
respo nsab ilidade”.

                          Assi m, ver if i co q ue em nosso ord ena m ento
há le gi sl a ção esp ecíf ica deli bera ndo sob re a ma téri a tra vada
ne ste s a utos, b em como q ue esta é i nci si va a o demonstra r q ue
em no sso Pa í s é po ssí vel a r ea li za çã o d e pesq ui sa s de cu nho
ci entí f i co s em a ni ma i s, d esd e q ue o bedeci da s to da s a s regra s
estip ula da s na ref er ida L ei.

                          N e s te p a r ti cu l a r , sa l vo m e l ho r j uí z o , n ã o há
no s a u t o s n e n h u m i nd i ca t i vo d e q u e a p a r t e r eq u e r id a nã o
po ssu a o r ef erido cr edenci a mento j u nt o a o C ON CEA , ra zã o
pela q ua l, d enota -se q ue esta p r eenche os r eq ui si tos f ormai s
de scr itos na Lei 11 .794 /08 q ue l he a tr ib uem a cond i ção d e
rea li za r exp eriência s d e cunho ci ent íf i co co m a ni ma i s.



_______________________________________________________________________
ESTADO DO PARANÁ
                             PODER JUDICIÁRIO
                                  COMARCA D E MARI NGÁ
                                   QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________

                             Desta        forma,       neste     juízo      sup e r fic ia l    do
tema , desta co q ue nã o há de monstr a çã o pel o CEUA e CONC EA
de q u e a refer ida i nsti t ui çã o nã o est á a u to r i zad a a r ea liza r
exp eri me nto s ci entífi co s em a nimai s.

                             P ois b e m, embo ra ha ja l ei e sp e cí fi ca q u e
a ut o ri z e a u t i li z a ção d e a n ima i s p a ra p e sq u is a s ci e n tíf i ca s
(L ei n. º 11.794/ 08 ), b em co mo q ue a insti tui çã o de ensi no ora
re q u e rida se j a c re d e n c ia da j un t o à CO NC EA ( a nt e a a u sê n c ia
d e p r o va e m co n tr á ri o) , v e rif i co a p l a u sib il id a d e d o p le i to
li mi na r   formul ad o         pelo     M i ni stér io   P úb l ico,    haja     vi sta      que
a lguns d o s p re cei to s no rma ti vo s a pli cá vei s à esp écie não estã o
send o ob ser va d os.

                             An o t o q u e c o n st a to a p re s e n ça d o f u mu s
boni iuris       em d ois fa tos disti ntos e q ue a pr ese nça d e ap ena s
um j á se ri a o b a st a nt e p a ra o p re e nc h im e nt o d o p ri m ei ro
re q u i si to p a ra co n ce ss ã o d a li m i na r p re te n d id a.

                             Ex p l i co - m e.

                             O    l e g is l a do r   pátrio,    ao    ed i ta r   a    Lei    n.º
11 . 7 9 4 / 0 8 , p o ssi b i l i to u q ue p e sq u i sa d o r e s p u d e ss e m r e a l i z a r
exp eri me nto s ci entíf i co s em a ni mais d esd e q ue nã o ha ja o utro
mei o a l te rna tivo ca pa z de ob tençã o d os mesmos ou m el hor es
resul ta dos com a p esq ui sa a l mej ada.

                             Es ta é a f i na l id a d e d a no r m a, a té m e sm o
p o rq u e nã o se a p r e se nt a c o m o l ó gica a u ti l i za ç ã o d e a n i ma i s
em p esq ui sa s q ua nd o os resul ta dos d e sta s p od eria m ser al vo
de af er i ção por outro métod o q ue nã o consti tuís se ri sco à
sa úde e i ntegr idad e fí si ca de um ser vivo.

                             P o ré m ,        ao       menos          neste           mom ento
pr ocessua l , de nota -se q ue o r ef erid o p recei to nã o ve m send o
o b se r v a d o n e ste c a so , ha j a vi st a q ue a d o cu m e n t a çã o ca r r ea d a
ao   f ei to,   sal vo    mel ho r ju í zo ,          d emonstra      que    as    pesq ui sa s

_______________________________________________________________________
ESTADO DO PARANÁ
                            PODER JUDICIÁRIO
                                 COMARCA D E MARI NGÁ
                                  QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________

ci entí f i ca s re ali zad a s pela ré já estã o send o emp rega da em
huma nos,         ci r cunstâ nci a       esta      que      a fa sta       a     conota ção         de
ne cessid a d e d e u til i za çã o d e a ni mai s (no ca so cã es) p a r a ta l
fi m.

                            Assi m, comp ul sa ndo a f a rta documenta çã o
a p re se nt a d a ao s a u to s, d e st a co o P a re c e r A s se sso ri a T é cn i ca
25 /20 11 co n f e cc io n ado p el o Co n se l h o Re gi o na l d e M e d ic in a
Veter i ná ri a    do     Esta d o        do    Pa r a ná      ( mo vi me nta çã o             1.229),
de mo nst ra q ue a s p esq ui sa s r eal i za da s no s cã es do Bi o tério
Centra l da UEM já são a l vo d e util iza çã o e m ser es huma nos
de sde 20 01, neste sentid o, ob servem-se os segui nte s di zeres:

                            “O r a , se ne m m e sm o u m p ac ie n t e h u m a no
c o ns e g ue de s c re v e r a de q u a d am e nt e a d o r e o t r a t a m e n to
at u al pa r t e do p r i nc íp i o q u e do r e o t r a t am e n to a t u a l
pa r t e d o p r in c í p io q ue a d o r é p s i c o l ó g ic a e n ão f í s i c a ,
fica    difícil        e nxe rg ar     uma         j ustificativ a          para       o       uso   de
an i m ai s n e s se c a so , q u e n ão po d e m de sc r e v e r a do r e
muitas v ezes não a demo nstr am de fo rma clara. Aliás, a
substância          testada,          a    capsaicina,             já       foi      te st a da      na
pr ó pr ia U E M e m ro e do re s e j á é ut i li z a da e m h um a no s ao
meno s     de sde        2001,       não       se ndo       t ó x ica   e       não        tr azendo
efeitos     adver so s          importantes.            O    único          po ré m        é   que    a
mesma       provoca         irritaç ão         e    q ue im a ç ã o      no          mo mento        da
aplic aç ão, po ré m at e nuando a do r a se g uir. Or a, ne sse
caso , j á q ue a drog a j á fo i testada em animais e j á e
ut ilizada        em       humano s            ex atamente              para          o do nt alg ia
at ípica,      nada       mais        adeq uado          do      q ue       aplicar            em    um
vo luntário        a    droga        in t r ac an a l    ao      i nv é s       de    aplicar        na
m uc o s a, c o mo j á é f e i to , p o is o v o l un t ár io p o de r á r e la t ar o
que     está       se nt ido ,       tr azendo          result ado s              infinitamente
me lh o re s      do     q ue    a     aplicação            em     B e a g le s .      Aliás,        os
b e ne f í c io s e sp e r a do s ( i n t e r r u pç ão de d o r f o r te c o m m e no s

_______________________________________________________________________
ESTADO DO PARANÁ
                              PODER JUDICIÁRIO
                                   COMARCA D E MARI NGÁ
                                    QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________

aplicações da dro g a) são cert amente supe rio r es ao s risco s
pr ev isíve is (ir ritação local po r perío do curto ), o que é uma
da s e x i g ê nc i a s p ar a o us o de u m a d r o g a e m h u m a no s .
Ou tr a ex ig ê n c i a da R e s. 1 9 6 /9 6 d o C NS p a r a a u to r i z a r o
us o e m h um a n o s é a f u nd a m e n ta ç ã o em f a to s c i e n tí fi c o s
OU o t est e prév io em animais, e amb as as alte rnat iv as j á
foram      a te nd i d as       ne sse    caso ,       com      literatur a         cient ífica
so b re   o    m e d ic a m e n to        e     te se s   em     roe dor es,         que       n ão
indic aram q ualq ue r ob stác ulo à utiliz aç ão da drog a.

                              Outra       questão         impo rt ante         a     favo r     da
ut ilizaç ão           da      e pidemiolog ia            e     ex perimentação                 em
v o lu n t á r io s e m de t r ime n t o d o u so d e a n im a i s e m p e sq u is a
é   q ue a     e p ide m i o lo g i a av a li a a             afecção o u          do e nç a    da
m an e i r a c o mo e l a s e a p r e s e nt a n a tu r a l m e n te , e nq ua n to
q u e o e x pe r i m e n t o c o m a n i m a i s s e d e s e n v o l v e e m a mb i e n t e
c o nt ro lado ,       o    q ue    muitas          v ezes    desto a    da        re alidade ,
alter ando         o       result ado .       Na     prátic a,     alg umas             espécies
animais         de s e n v o lv e m       a         do ença      ape nas           de     forma
e x pe r i m e n t a l e n ã o à c a m p o , é o c a s o d e r o e d o r e s c o m a
hidro fob ia ( raiv a), e v ic e -e -ve r sa, por tanto se mpre q ue fo r
po s sív e l, é me l ho r a n a li sa r d i r eta m e n t e a r e al i da d e . No
c as o do s p r o toc o lo s o b se rv a do s, na m a i o r i a da s v e ze s o s
tratamento s “test ado s” já são u t ilizado s ro t ineiramente
e m co n su l tó r i o s e c l ín i c a s o d o n tol ó g ic as , po r ta n to n ão h á
just ific at iv a       v álida     par a       a    utilização ex perimental                   em
animais.

                              A    princípio ,         todos      os    seis       pro toco lo s
an a li sa d o s e stu d a m o u c o m p a r am p r oc e di m e n to s q u e j á
e s t ã o s e n d o r e a l i z a d o s e m pe s s o a s e x a t a m e n te i g u a l ao
pr o po s to n o e stu d o o u c o m peq u e n a s di fe r e n ç a s, a lg un s
inclusiv e      há          décadas       (ex tração           de nt ária,     implante s),
po r ta n to   é       muit o      mais       b enéfico ,     co nfiáv el      e    p r o du t iv o

_______________________________________________________________________
ESTADO DO PARANÁ
                             PODER JUDICIÁRIO
                                    COMARCA D E MARI NGÁ
                                     QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________

aco mpanhar              com      detalhes        esses     pr o cedimento s           que     já
estão       sendo         realizado s           em     dezenas,          c e n te n a s     e/ou
m i l h a r e s d e p e s s o a s , q u e s ã o d a m e s m a e s p é c i e e po d e m
descrever em det alhes o q ue e stão sent ido , do q ue testar
e x pe r i m e n t a l me n t e     em    cinco      ou    seis     cães,      que     é    uma
e sp é c ie m u it o d if e r e n t e d a h u m an a , n ão po de de sc re v e r o
que      sente       e    ainda          por     cima      é      um     estudo        apenas
e x pe r i m e n t a l , s e n d o q u e n a re a l i z a d a a s a f e c ç õ e s po d e m
oc o rre r de for ma b ast ant e div ersa”.

                               Nestes     termo s,        neste    j uí zo   p rovi sór i o d o
t e m a , d ep r e e nd e - se q u e a s p e s q u i sa s r e a l i z a d a s p e l a p a r t e r é
em a ni ma i s nã o se j ustif i ca, ei s que j á há o emp re go desta s
e m hu ma n o s d e s d e lo n g a d a t a ( ap rox i ma d a m e n t e u ma d é cad a) .

                               Assi m, d epre end e-se q ue              não e stá         send o
o b se rv ad a a fi n al id ad e da no rma , h a j a v is ta q ue h á o u t ro s
meios mais           ef i ca ze s   para       r eal izaçã o   da s p esq ui sa s,         sendo
de snecessá ri o q ue esta se rea liz e em cã es, q ue d ep oi s sã o
mortos, com overd ose d e a nestesi a.

                               Es te m o ti vo , p o r si só , já j us ti f i ca ria q u e
cessa ssem os exp erime ntos q ue vem send o rea l izad os pela
pa r te r é, entreta nto, ai nda q ue este a r gumento re ste ve nci do,
de sta co q ue há o utra consi der a ção a ser d esta ca da e q ue, p or
su a ve z , t a m b é m c o n d u z p a ra n e c e ssi d ad e d e so b re sta m e n to
da s pe sq ui sa s ci entífi ca s.

                               Neste ponto, com a devi da vê nia , d esta co
q ue o a u to r ta mb é m l o g r o u ê x i to a o d e m o n st r a r q ue a p a r t e r é
nã o e st á p ro m o ve n d o o t r a ta me nt o e sp e ci a l e n e c e ssá r i o a o s
a ni ma i s uti li zado s em pesq ui sa s ci entí fi ca s, d emo nstr a ndo ,
a ind a, q ue seq uer os p re cei tos mí nimo s d e cui dad o com os
a ni ma i s estã o se ndo ob serva d o s.




_______________________________________________________________________
ESTADO DO PARANÁ
                               PODER JUDICIÁRIO
                                  COMARCA D E MARI NGÁ
                                   QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________

                               A r eferid a co nsta ta çã o ga nha f or ça com o
Re la t ó rio d e F is ca l i za çã o d o Ca n il d o Bio t é ri o C e n t ral d a U EM
a prese nta do p elo Consel ho Regi ona l d e Medi ci na Veteri ná ria
de ste Esta d o, o q ua l é i nci si vo ao demonstra r a f a tídi ca forma
d e t r a t a me n t o q u e e st á s e nd o d a d a a o s a ni ma i s, ne st e se n t i d o ,
o b se rv e -s e a c o n cl us ã o ap re s e n tad a pe lo Co ns e l ho :

                               “3. 7 Co nclusão:

                               O g rau de bem-estar do s animais está
e x tr e m a me n te       co mpro me t ido,              ainda         que            a      do r     e
desco nfo rto        provocado s                pelas      e x pe r i ê nc ia s        cient íficas
sej am desco nsiderado s. Embo r a o s canis apresentem b o a
estr utura       co ntra        inso lação            e   chuv a,       o       fato       dos     cães
per manecerem              o     te m p o        t o do     nos      canis            ciment ado s
influencia         ne g a t iv a me n t e         na      q ualidade             de        v ida     dos
animais. A falta de cuidado s vet erinário s, pr esença de
animais co m afecções, ausência de asse io corpo ral do s
animais,        limpeza          inadeq uada              do s    canis,          ausência           de
pr o teção        co ntra          o       frio,          grande            q uant idade              de
m e di c a me n to s e p ro d u to s v e nc i dos e a r m az e n a do s e m l oc a l
sujo e reutilização de ag ulhas e sering as descar táv eis são
al a r m a n te s so b o p o n to d e v i sta sa n it ár io e d e nt r o d a
av a l ia ç ão de b e m - e st a r a ni m a l. O f a t o de e st ar o c o rr e n do
c o nt rave nç ão pe nal de ex e rc íc io ile g al da pr o fissão de
médico v eterinário é muito g rave, po is é uma ileg alidade
c la r a e i n de fe n sá v e l , ex po n d o o s a ni m a is a s o fr i m e n to
desnec essário.             Emb ora             os     animais          não           apr esentem
ester eo tipias,           eles        e stão         impedido s            de         re aliz are m
c o m po r t a me n to s       naturais              impo r tante           e     pró prio s         da
espécie,       co mo       e x e r c í c io s    físic os,       etc;   há        ausência           de
estímulo s mentais; f icando o s cães po r lo ngo s per ío do s
sem nenhuma at iv idade; o s animais pa ssam po r sit uaçõ es
de me d o e e s tr e s se m u i to i n te n sos c o m a a p rox im a ç ão de

_______________________________________________________________________
ESTADO DO PARANÁ
                          PODER JUDICIÁRIO
                              COMARCA D E MARI NGÁ
                               QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________

pe s so a s, p r o v o c ad o s p ro v av e l me n te p e l a f al t a de i n te r aç ão
po s it iv a f r e q ue n t e c o m p e s s o as e a s s o c i a ç õ e s ne g a t iv a s
(exper iências passadas ruins) o corr idas com estas.

                          Liberdade N utricio nal: MODERADAMEN TE
RE S PE ITA D A

                          Liberdade        Amb ient al:        MODERADAMENTE
RESTR ITA

                          L i b e r d a de S a n it á r i a: RE S T R I T A

                          Liberdade                             Compo r tamental:
MOD E RA DA ME N TE RE S TR I TA

                          Liberdade Psico ló g ica: RESTRITA

                          Grau de bem-estar : BAIXO (Muito b aixo ,
ba i x o , mo d er a d o, a l to, m ui to a l to)

                          Pro b abilidade           de      So frime nt o:       ALTA
(b aix íssima, b aix a, mo derada, alta, alt íssima)

                          Ex istê ncia de maus-tr ato s, co nsiderando
a respo nsab ilidade da g uarda do s animais: SIM.

                          Seg undo         o      Dicio nário          Aurélio ,      a
definição de maus-trato s é:

                          “Crime de quem ex põ e a perigo a v ida ou
a saúde de indiv íduo que se acha so b sua auto r idade,
guarda      ou    v ig ilânc ia,     par a     fins    de    educaç ão,        ensino ,
t r a t a m e n t o o u c u stó d i a , se j a p riv an do - o de a l im e n t aç ão
ou   c uidado s      indispensáv e is,         seja      impo ndo-lhe         trab alho
excessivo o u impró pr io, seja ab usando de meio s cor retivo s
ou disciplinares”.

                          A manutenção do s cães co m b aix o grau
de bem-estar, co m afecções não tratadas e ausência de




_______________________________________________________________________
ESTADO DO PARANÁ
                                PODER JUDICIÁRIO
                                      COMARCA D E MARI NGÁ
                                       QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________

cuidado s           indispensáv eis               caract eriza            maus-trato s           e
ne g l ig ê nc i a , pr o v o c an do so f r ime nt o n ão j u st if i c ad o ” .

                                Af o ra o re la t ó ri o a ci m a, ve r ifi ca - se q u e o
M ini stér io P úbli co ap re sento u um C D-ROM ,                        conte nd o fotos e
ví de o s d o b io té r io da U niv e rs ida de Es t a d u al d e M a ri ng á .

                                Da     mídia      di gi tal   a ci ma ,    consta ta-se,       ao
me n o s e m t e se , q ue a te s e s us te n t a da p el o a ge n t e do p arq ue t
e n co n tr a re sp al d o n a p ro va co la c io na d a ao s a u t o s, p o is , a fo ra
a s fo t o gr af ia s d o s cã e s q u e d em on st ra m o s s up o s to s m a u s
tr atos     (cito,       por     ex empl o,       as    fotos    1260      até       1267),    há
indi ca ti vo de utili za çã o d e me dica mento s e p r od uto s vencid o s,
a gulha s e se ri nga s conta mi na da s, e tc.

                                Nestes term os, a o menos neste mom ento
pr ocessua l , ver ifi co q ue os cuid ad os b á si co s q ue d ever ia m ser
di spe nsa do s a o s a ni ma i s q ue são uti l izad o s p a ra p esq ui sa s
ci entí f i cos nã o estã o send o ob ser vad os p el a enti dad e ré, fa to
e st e q ue i mp õ e na su sp e n sã o d a r ef e r i d a p rá t i ca e x p e r i m e n ta l .

                                A L ei n. º 11. 794/ 2008 e sta b ele ce em se u
a rtigo 14 q ue:

                                “A rt.      14.     O    animal           só    poderá         ser
su bm e ti do à s in te rv e nç õe s r e com e nd a d as n o s p r o to c o lo s
do s ex perimento s que co nstituem a pe sq uisa o u pro grama
de     aprendizado                  q uando ,      antes,       dur ante         e     apó s    o
e x pe r i m e n t o ,       receber        cuidados            especiais,           co nforme
e sta b e l ec i do p e lo CO NC E A.

                                §     1º    O      animal        será          sub metido       a
eutanásia,               so b        estrita      ob ediência             às     prescriçõ es
per tinent es            a   cada      espé cie,       c onfo rme     as       diret rizes     do
M in i st é r io d a C iê nc i a e T e c no lo g ia , se m p r e q ue , e n c e r r a do
o    ex perimento               ou     em      q ualq uer       de    suas        fa ses,      for



_______________________________________________________________________
ESTADO DO PARANÁ
                             PODER JUDICIÁRIO
                                  COMARCA D E MARI NGÁ
                                   QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________

t e c n i c ame nt e re c o m e n d ado aq ue le p r o c e d i me n t o o u q u a n do
oc o rre r inte nso so f rime nto.

                             §        2º       Ex ce p c i o n al me n te ,           q uando      os
an i m ai s u t i l i z a do s e m e x pe r iê nc ia s o u de m o n s t r aç õ e s n ão
fo r em su b m e t id o s a e u ta n ás ia , p o d e r ão sa i r d o b i o té r io
apó s a int e rv e nç ão , o uv ida a re spe c tiv a C EUA q uanto ao s
crit ério s v igentes de seg urança, desde q ue dest inado s a
pesso as       idô neas          ou    entidades             p r o t e to r a s       de   animais
dev id a m e n te        leg alizadas,                q ue        por        e le s        q ueiram
respo nsab iliz ar -se.

                             § 3 º S e m pr e q u e po s s í v e l, a s p r á t i c a s d e
e ns in o de v e r ão se r f o t o g r a f a d as , f il m a da s o u g r av ad a s, d e
forma      a    permitir          sua          re pro duç ão       para         ilust ração        de
pr át ic as f ut uras, ev itando- se a repe t iç ão de sne ce ssár ia de
pr o cedimento s didát ico s co m animais.

                             §    4º       O     núme ro         de    animais             a    serem
ut il i z ad o s p a r a a ex ec u ç ão d e u m p r oj e to e o te m po d e
du r a ç ã o de c a d a e x p e r i m e n to se rá o m í n im o in d i sp e n sáv e l
para     pr o duzir      o    resultado             co nclusiv o,          po u p a n do - se ,    ao
máx imo , o animal de so frime nto .

                             §    5º       Ex p e r i me n to s     q ue     po ssam           c ausar
do r o u a ng ú st ia d e se nv o lv e r - s e - ão so b se d a ç ão , a na l g e si a
ou anestesia adeq uadas.

                             § 6º Ex perimento s cujo ob jetivo sej a o
e s t u d o d o s p r o c e s s o s r e l a c io n ad o s à            dor        e   à ang ústia
e x ig e m a u to r iz aç ã o e s p e c í f ic a d a C E U A , e m o b e diê n c i a a
no r m as e s t a b e le c id a s p e lo C O N C EA .

                             §    7º       É    vedado       o    uso      de     b loq ue ado re s
neuromusc ulares                 ou        de      re lax ant e s          muscular es             em
substituição         a       sub stâncias             se dativ as,          analgésicas            ou
anestésicas.

_______________________________________________________________________
ESTADO DO PARANÁ
                           PODER JUDICIÁRIO
                                COMARCA D E MARI NGÁ
                                 QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________

                            § 8º É v edada a reutilização do mesmo
an i m al d e po i s d e a l c a n ç ado o ob je t iv o pri n c i pa l d o p ro je to
de pesq uisa.

                            § 9 º Em p ro g r a m a de e n sin o , s e mp r e q u e
forem       empreg ado s          procedime nto s           t raumát ico s,         v ár io s
pr o cedimento s po derão ser realizado s num mesmo animal,
desde que t o do s sej am executado s durante a v igência de
um único anestésico e q ue o animal seja sacrificado antes
de re c ob rar a co nsc iê nc ia.

                            § 10º P ara a realização de t rab alho s de
criação        e    ex per imentação             de     animais         em        sistemas
fechados, ser ão co nsideradas as co ndiçõ es e no r mas de
seg ur ança reco mendadas pelo s o rg anismo s inter nacio nais
ao s q uais o Brasil se v incula”.

                            De s t a f o r m a , d ep r e e nd e - se q u e o s a n i ma i s
q ue f o re m ut il iz ad o s p a ra a re al i za ç ã o d e p e sq u is a s ci e n tíf i ca s
de vem      possui r     tratamento          difer enci a do      a nte s,      d ura nte    e
d e p oi s do e xp e ri m e n t o, no s t e r m o s a ci m a d e sc ri to s .

                            P o ré m ,   confor me      pode      se    vislumbrar          do
rel atório     a pr ese ntad o     pelo     Co n s e lho    R egi ona l      de   Medicina
Vet er i ná ri a tai s p r ecei to s nã o vêm se nd o ob serva d o s, r a zã o
pela q ua l se j usti fi ca a susp ensã o da s pesq ui sa s.

                            Outr o p o nto q ue mer ece ser evi denci a do é
q ue a fo ra a fal ta d e cui da do , dep reende-se q ue a medi ca çã o
q ue é mi ni st r ad a ao s a n i ma i s, a fo ra e m a l gu n s ca s o s e st a r
send o ma nip ula da p or p essoa s q ue nã o p ossuem ca pa ci dad e
funci onal e técni ca p a ra tal mi ster, é ob sol eta, i ncl usi ve há
m e di ca çã o ve n c id a a q ua se u ma dé c a da , c ir cu n st â nc ia e s ta
q ue r e st o u c o n sta t a d a p el o Co n se lh o R e gi o na l d e M e d ic ina
Veter i ná ri a e ta mb é m demo nstrad a pel o “CD” q ue a co mpa nha
a p eça ini cia l.


_______________________________________________________________________
ESTADO DO PARANÁ
                             PODER JUDICIÁRIO
                                      COMARCA D E MARI NGÁ
                                       QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________

                                Ad e m a is , af o ra e vid e n te o f u mu s bon i iu ri s
rel a tiva mente à necessid ad e de susp ensã o d os experi me ntos
ci entí f i cos com a nima i s, d epr eend e-se q ue esta d eve ocorr er
de f o rma i medi a ta, ha ja vi sta q ue ta mb ém demo nstr ad o o
pe ric u l u m in mor a.

                                Neste p a rticula r o p eri go d e o corrênci a d e
da no é extr eme d e d úvida s, ei s q ue em decorrê nci a da p r ecá ria
si tu a çã o ap re s e n ta d a , o s a ni m ai s qu e s e e n co n t ra m al o cad o s
no Bio t é r io C e n tr al d a r e q ue r ida e q u e são a lv o d e pe sq u i sa s
ci e n tí f i ca s e st ã o so f re n d o d i ve r so s d a no s, não só f í si co s, co m o
ta m b é m p si co ló g ic o s, o q u e nã o p od e m a i s p e rd u ra r, s o b p e na
d e o fe n s a a o s p r i nc íp io s c o ns ti t u ci o n a is q ue ve r sa m a re s p ei to
da p r ote ção d os a nima is.

                                Ad emais,     se    a ca so    não      fo r   suspe nsa     as
pe sq uisa s,        i números            a ni ma is       se rã o         utilizados       nos
e x p e r i me nt o s e m o r to s a t é o d e sf e c ho f i n a l d e s ta l i d e .

                                Di a nte do ex po sto e po r esta r em pr esentes
o s re q ui s it o s le g a is (fu mu s bo ni iu ri s e pe r ic ul u m i n mo ra ),
DE FI RO o ped ido de li mi na r pa r a o fi m d e de t e rm ina r q u e a
p a r t e r eq u e ri d a su sp e n d a a u t il i za ç ã o d e cã e s ( d a ra ça b e a gl e
e   qualquer        o ut ro )     e    bem    a ssi m    de    qual quer       a ni mal ,   nos
pr o to co l o s mencio nad o s, em trâ mite e em o utr a s p esq ui sa s
l e va d a s a ef ei t o o u f u t u r a s p e l o D ep a r ta m e nt o d e O d o n to l o g i a
d a U EM .

                                Em ca s o d e d e sc um p r i me n to d a p re se nt e
l i m i na r , f i x o m u l ta d i á r i a d e R $ 5 . 0 0 0 ,0 0 ( ci n co mi l re a i s) ,
tend o como li mi te o va lor d e R$ 150.000 ,00 ( cento e ci nq uenta
m il re a is ), se m p re j u íz o d e e ve n t u a l ma jo r a ção o u re d u ção
ca so a d em a nd a a ssi m o e x i gi r.

                                Por    ora,   os    a ni ma i s      que    a tual mente     se
encontr a m no B iotér io Centra l da UEM deverã o per ma necer na


_______________________________________________________________________
ESTADO DO PARANÁ
                              PODER JUDICIÁRIO
                                     COMARCA D E MARI NGÁ
                                      QUINTA VA RA CÍVEL

_______________________________________________________________________

po sse      da     re q u e rid a,     se ndo      q ue,       oportunamente,            após      a
a prese nta çã o         de        defesa,        ap reci a rei        a    necessi d ad e             e
co n ve n i ê n ci a d a r e mo ç ã o d o s a ni m a i s.

                              Anoto,        por        oportuno,        que     enq ua nto        os
a ni ma i s    pe rma nece rem           no     Bi o té ri o    Centr al      estes      deverão
r e ce b e r tr a t a m e n to a d eq ua d o e d e ve r ã o e st a r so b a s up e r vi sã o
d e M éd i co s V e te ri n á ri o s d a i n sti t u iç ã o o ra re q ue rid a.

                              2.      O f ic ie -s e    ao     Consel ho        Na ci ona l       de
Controle         de     Exp er imentação               Animal        ( C ON CEA) ,     I nsti tuto
Br a si lei ro     do     M ei o      Ambi ente         e      dos     Recur sos        Naturais
Reno vá vei s ( IB AM A ), e Insti tuto Ambie nta l do Pa r a ná (I AP )
da ndo -l hes ci ênci a do s f a to s ap rese nta d o s nesta d e ma nd a,
no t a d a me n t e s o b r e a s i r r e gu l a r i d a d e s a p re s e n ta d a s q ua nt o à
r e a l i za ç ã o d e e x p e r i m e n t o s ci e n t íf i co s c o m a ni m a i s p e l a U E M .

                              O ref er ido ofí cio se r instr uíd o com cóp ia
integr a l do p re sente co ma nd o jud i cia l.

                              3. CI T E- S E a p a r te r é, n a fo r ma req u e r ida ,
p a ra q u e, no p ra z o l e gal , a p r e se nt e co n te st a çã o , sob p e n a d e
reve li a. Co nste no a to cita tório a s ad ve rtênci a s l egai s.

                              4. A n o t e - se q u e o M i ni st é r i o P úb l i co e s t á
di spe nsa do d o p a ga mento da s custa s p r o cessua i s.

                              5. P ro v id ê nc ia s e d il i gê n ci a s n e ce ssá r ia s.

                              Ma ri n gá , 1 7 d e o u t ubr o de 20 11.



                              SIL A DEL FO RODRIGUE S D A SIL VA
                                         J UIZ DE D IR EITO




_______________________________________________________________________

Mais conteúdo relacionado

Destaque

Essential things that should always be in your car
Essential things that should always be in your carEssential things that should always be in your car
Essential things that should always be in your carEason Chan
 
Activism x Technology
Activism x TechnologyActivism x Technology
Activism x TechnologyWebVisions
 
How to Battle Bad Reviews
How to Battle Bad ReviewsHow to Battle Bad Reviews
How to Battle Bad ReviewsGlassdoor
 

Destaque (6)

2 1 R09 supply
2 1  R09  supply2 1  R09  supply
2 1 R09 supply
 
Charters en kartuizers
Charters en kartuizersCharters en kartuizers
Charters en kartuizers
 
Back-to-School Survey 2016
Back-to-School Survey 2016Back-to-School Survey 2016
Back-to-School Survey 2016
 
Essential things that should always be in your car
Essential things that should always be in your carEssential things that should always be in your car
Essential things that should always be in your car
 
Activism x Technology
Activism x TechnologyActivism x Technology
Activism x Technology
 
How to Battle Bad Reviews
How to Battle Bad ReviewsHow to Battle Bad Reviews
How to Battle Bad Reviews
 

Semelhante a Liminar beagles

A Cultura do Solo.pptx
A Cultura do Solo.pptxA Cultura do Solo.pptx
A Cultura do Solo.pptxTatiPetar
 
Programa de Envolvimento Parental e NEE, Ana Catarina Santos (FT1)
Programa de Envolvimento Parental e NEE, Ana Catarina Santos (FT1)Programa de Envolvimento Parental e NEE, Ana Catarina Santos (FT1)
Programa de Envolvimento Parental e NEE, Ana Catarina Santos (FT1)efaesan
 
1 transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...
1   transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...1   transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...
1 transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...Luiz Miranda-Sá
 
Plantas encontrada no Nordeste
Plantas encontrada no  NordestePlantas encontrada no  Nordeste
Plantas encontrada no Nordesteprofessoralivia
 
Semana da Comunicação
Semana da ComunicaçãoSemana da Comunicação
Semana da ComunicaçãoAndrea Toledo
 
Vers un système de santé préventif avec le numérique
Vers un système de santé préventif avec le numérique Vers un système de santé préventif avec le numérique
Vers un système de santé préventif avec le numérique Renaissance Numérique
 
2 transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...
2   transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...2   transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...
2 transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...Luiz Miranda-Sá
 
Tabela de Remuneração dos Servidores Públicos Federais Novembro 2021 Vol81
Tabela de Remuneração dos Servidores Públicos Federais Novembro 2021 Vol81Tabela de Remuneração dos Servidores Públicos Federais Novembro 2021 Vol81
Tabela de Remuneração dos Servidores Públicos Federais Novembro 2021 Vol81Falcão Brasil
 
Experiência em Automação do Processo de Testes em Ambiente Ágil com SCRUM e f...
Experiência em Automação do Processo de Testes em Ambiente Ágil com SCRUM e f...Experiência em Automação do Processo de Testes em Ambiente Ágil com SCRUM e f...
Experiência em Automação do Processo de Testes em Ambiente Ágil com SCRUM e f...Luana Lobão
 
A Família e a Escola, Sónia Nogueira (FT1)
A Família e a Escola, Sónia Nogueira (FT1)A Família e a Escola, Sónia Nogueira (FT1)
A Família e a Escola, Sónia Nogueira (FT1)efaesan
 
019.fôrmas e escoramentos para edifícios
019.fôrmas e escoramentos para edifícios019.fôrmas e escoramentos para edifícios
019.fôrmas e escoramentos para edifíciosGlayce Kelly
 
Fôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdf
Fôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdfFôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdf
Fôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdfGeovana Thiara
 
Fôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdf
Fôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdfFôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdf
Fôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdfGeovanaThiara2
 

Semelhante a Liminar beagles (20)

A Cultura do Solo.pptx
A Cultura do Solo.pptxA Cultura do Solo.pptx
A Cultura do Solo.pptx
 
Fenprof ADD
Fenprof ADDFenprof ADD
Fenprof ADD
 
Relatório de Pesquisa
Relatório de PesquisaRelatório de Pesquisa
Relatório de Pesquisa
 
Programa de Envolvimento Parental e NEE, Ana Catarina Santos (FT1)
Programa de Envolvimento Parental e NEE, Ana Catarina Santos (FT1)Programa de Envolvimento Parental e NEE, Ana Catarina Santos (FT1)
Programa de Envolvimento Parental e NEE, Ana Catarina Santos (FT1)
 
Pyramid Saúde da Mulher
Pyramid Saúde da MulherPyramid Saúde da Mulher
Pyramid Saúde da Mulher
 
Livro sobre a cultura do inhame
Livro sobre a cultura do inhameLivro sobre a cultura do inhame
Livro sobre a cultura do inhame
 
1 transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...
1   transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...1   transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...
1 transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...
 
Plantas encontrada no Nordeste
Plantas encontrada no  NordestePlantas encontrada no  Nordeste
Plantas encontrada no Nordeste
 
Semana da Comunicação
Semana da ComunicaçãoSemana da Comunicação
Semana da Comunicação
 
Manipulação mediática
Manipulação mediáticaManipulação mediática
Manipulação mediática
 
Vers un système de santé préventif avec le numérique
Vers un système de santé préventif avec le numérique Vers un système de santé préventif avec le numérique
Vers un système de santé préventif avec le numérique
 
Webquest
WebquestWebquest
Webquest
 
2 transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...
2   transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...2   transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...
2 transtono (disorder) não é um conceito científico nem a cid é uma classif...
 
Tabela de Remuneração dos Servidores Públicos Federais Novembro 2021 Vol81
Tabela de Remuneração dos Servidores Públicos Federais Novembro 2021 Vol81Tabela de Remuneração dos Servidores Públicos Federais Novembro 2021 Vol81
Tabela de Remuneração dos Servidores Públicos Federais Novembro 2021 Vol81
 
Experiência em Automação do Processo de Testes em Ambiente Ágil com SCRUM e f...
Experiência em Automação do Processo de Testes em Ambiente Ágil com SCRUM e f...Experiência em Automação do Processo de Testes em Ambiente Ágil com SCRUM e f...
Experiência em Automação do Processo de Testes em Ambiente Ágil com SCRUM e f...
 
A Família e a Escola, Sónia Nogueira (FT1)
A Família e a Escola, Sónia Nogueira (FT1)A Família e a Escola, Sónia Nogueira (FT1)
A Família e a Escola, Sónia Nogueira (FT1)
 
Carac. de la escritura
Carac. de la  escrituraCarac. de la  escritura
Carac. de la escritura
 
019.fôrmas e escoramentos para edifícios
019.fôrmas e escoramentos para edifícios019.fôrmas e escoramentos para edifícios
019.fôrmas e escoramentos para edifícios
 
Fôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdf
Fôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdfFôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdf
Fôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdf
 
Fôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdf
Fôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdfFôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdf
Fôrmas_e_escoramentos_para_edifícios.pdf
 

Liminar beagles

  • 1. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ Auto s n. º 25709/ 2011 1. T ra ta m-se os p resente s a utos de A ÇÃ O CIVIL P Ú BL I CA mo vi da pelo MINIST ÉR IO PÚBLICO DO E S T A D O D O PA R AN Á ( 1 3 . ª P ro m o to r i a d e J u st i ça e P r o t e çã o a o M e io A mb i e n t e , F u nd a ç õ e s e T e rce i r o Se t o r d e s t a C o ma r ca ) co n tr a a UN I VE R S I D AD E ES T AD U AL D E M A R IN G Á – UE M, n a q ual , e m s e d e d e l i mi n a r, ob j e ti va q u e a r é se a b s te n h a d e uti l iza r a nimais e m q ua i sq uer p ro ced i mento s exp er imenta i s q ue lhe s ca usem le sõ es f í si ca s, d or , so f ri mento o u a mo r te, rea li za do s co m o u se m a neste si a. Requer, ainda, que a ré ab stenha -se de ma nter cã es no Biotério C e n t ra l, devendo estes se rem enca mi nhad os à e n t ida de s p rotetoras dos animais ou de pe ssoa s i d ô ne a s que de verã o se resp onsab ili za r por sua s guard as e, enq ua nto não houver a d i sponib il iza çã o dos a ni ma i s, d e ve rá a re q u e rid a d a r t ra t a m e n to a d e q uad o p a r a a sa úde de stes e a co mpa nha mento p o r méd i co veteriná ri o. Fix ada s e sta s pr emi ssa s, p a sso à a nál i se d a p r e te n sã o lim i na r f o r m ulad a p el o a u to r. Como é de conheci me nto geral , a limina r é a to d e l iv re a rb í t rio d o j ui z e se i ns e re n o p od e r d e ca u t e la d o m a g i st r a d o . O d e f e ri m e n t o d a l i m i na r , q u e r e su l t a d o co n cr e t o exercí ci o do pod er ca utela r d os ma gi str a d os, q ua li fica -se p el a excep ciona lid ad e. Ad ema is, no ca so em d eba te, d epreende-se q ue a l e i n . º 7 . 3 4 7 / 1 9 8 5 , a q u a l d i sci p l i na a a çã o ci vi l p úb l i ca d e r e sp o n sa b i l i d a d e p o r d a no s c a u s a d o s a o me io - a mb i e n t e , a o co n su m i d o r , a b e n s e d i r e i to s d e va l o r a r tí s ti co , e st é ti c o , hi stór ico, turí sti co e pa i sa gí sti co e dá outra s p rovid ência s, _______________________________________________________________________
  • 2. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ p r e vê e m s e u a r ti g o 1 2 , ca p u t, a p o ssi b i l id a d e d e co nc e ssã o d e li mi na r. Vej a -se: “A r t . 12 P o de r á o j u i z c o nc e de r ma n d a do liminar, com ou sem j ustificação pré v ia, em decisão sujeita a ag ravo ”. Co m e fe ito , a p re ci a nd o o s f a t o s d e d u zi d o s ne ste ca d e rno pro cessua l , b em co mo o s do cumento s j unta do s, vi sl um b r o , n e s te j u íz o p ro v is ó rio , que a p re te ns ã o li m i na r a l vo de a ná li se merece p rosp era r. De s ta co q ue vi go r a em n o ss o o rd e na m e n to a L e i n. º 1 1 . 7 9 4/ 2 0 0 8 , a q ua l e st a b e l e c e p r o ced i m e n to s p a ra o uso ci entíf i co de a nimai s, no rmal i za ndo a f isca l iza çã o, a cri a çã o e u ti li za çã o d e a ni mai s em a t ividad e s de e nsino e pe sq uisa cientí fi ca , sendo q ue na re feri da Le i há exp r essa p r e vi sã o d e u ti li z a ção d e a n i ma i s em e xp e ri m e n t o s ci e n t ífi co s , de sta ca ndo-se, neste p a rti cul a r, os artigos 1.º a 3.º, da ref erida L ei . A ref eri da L ei ta mb ém esta b el ece a cri a çã o do Co ns e l ho Na c io na l de C o nt ro le d e Ex p e ri m e n ta ç ão A n im a l ( C ON C EA ) , a rro l a nd o n o a r ti go 5 . º, s ua s co m p e t ê n ci a s, q u ai s sej a m: “Ar t. 5º Compete ao CON CEA: I – fo r m ul a r e z e lar p e lo c u m pr i m e n to da s n o r m a s r e la t iv a s à u t il i z aç ão h um a n i t á r i a d e an i m a is c o m f in a l id a d e de e n s i no e pe s q u is a c i e n t í f i c a ; II – c r e d e nc i a r i n st i t u i ç õ e s pa r a c r i aç ão ou utilização de animais em ensino e pesquisa cient íf ica; III – mo nit o rar e av aliar a intro dução de técnicas a l t e r na t iv a s que sub st it uam a utilização de an i m ai s e m e n sin o e p e sq u isa ; _______________________________________________________________________
  • 3. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ IV – est abelecer e rever, perio dicamente, as no rmas par a uso e cuidado s co m animais para ensino e pesq uisa, em c o n so n â nc ia com as co nvenções inter nacio nais das q uais o Brasil sej a sig natário; V – e st ab e lec e r e r eve r, pe rio dicame nte , no r mas t écnic as para instalação e funcio namento de c e nt ro s de c r i aç ão , de b io t é r io s e de l a b o r a tó r i o s de e x pe r i m e n t a ç ão a n i m a l , b e m c o m o s o b r e a s c o n d i ç õ e s d e trab alho em tais instalações; VI – est abelecer e rever, perio dicamente, no r m as p a r a c r e de n c i a me n t o d e in s t it u iç õ e s q u e c r ie m o u ut ilizem animais para ensino e pesq uisa; VII – manter cadastro a t ua l iz ad o dos pr o cedimento s de ensino e p e sq u i sa realizado s ou em andamento no P aís, assim c o mo do s pe sq uisado re s, a pa r t ir d e i n fo r m aç õ e s r e me t i d as p e l as C o m is sõ e s d e É t ic a no U so d e A n i m ai s - C E U A s, d e q u e t r a t a o ar t . 8 o d e st a Lei; VIII – apre c iar e decidir recurso s in te r p o sto s c o n tr a de c i sõe s d as CE UA s; IX – e la bo r a r e su b m e te r a o Mi n is tr o d e Est ado da Ciência e Tecnolog ia, para aprov ação, o se u reg ime nto inter no; X – assessor ar o P o der Executivo a respeito das at iv idades de ensino e pesq uisa tr atadas nesta Lei”. As si m , ve r i f i ca - se q ue q u a l q ue r i n st i tu i çã o de ensi no que almeje re a li z a r e xp e rim e nt o s ci e n t ífi co s e m a ni ma i s necessi ta d e p r évi o ca da stra mento junto a o CONC EA, co mp etind o a este C o nsel ho mo nito ra r o s a to s p ra ti ca do s. _______________________________________________________________________
  • 4. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ E ma i s, a i nda p r evê a r eferid a legi sl a çã o e m s e u a rt i go 8 .º , q ue é i n d i sp e n sáv e l p a ra o cre d e nc ia m e n to da i nsti tuiçã o d e ensi no junto ao CONC EA q ue esta consti tua Co m i ss õ e s d e Ét i ca no U so d e A n i ma i s – CEU A s, co mp e t i nd o a e st a o c u m p r i m e n t o d a s d e t e r m i na ç õ e s e l e n ca d a s n o a r t i g o 10 . º da q ue la L ei , a sa be r: “A r t . 1 0. º C o m p e te à s C EU A s: I – c u m pr i r e f a ze r c u m p r i r, no âm b i to de suas atrib uiç ões, o dispo sto nesta L ei e nas demais no r m as ap l i c áv e is à ut il i z a ç ão de a ni m a is p ar a e ns in o e pe s q ui s a , e s pe c ia l m e n te n as r e s o lu ç õ e s d o C O N C E A ; II – e xaminar p r e v i a me nt e os pr o ce dime nto s de e nsino e pe squisa a se re m re aliz ado s na inst it uição à q ual estej a v inculada, para determinar sua c o m pa t ib i l id a de c o m a le g i s l aç ão a p li c áv e l; III – manter cadastr o atualizado dos pr o cedimento s de e nsino e p e sq u is a realizado s, ou em an d a m e n t o , n a in st it u iç ã o , e nv i an do c ó p i a a o C O N C E A ; IV – mant er cadastro do s pe sq uisado res que r ealizem procediment o s de ensino e pesq uisa, e nv ia n do c ó p i a ao C O N CE A ; V – ex pe dir, no âmbito de suas atrib uiçõ es, cer tificado s que se fize rem necessár io s per ant e órg ão s de f inanciamento de pesq uisa, perió dico s cient ífico s o u o utro s; VI – no tificar imediat ame nt e ao CO NCEA e às auto ridades sanit ária s a o co rrê nc ia de q u a lq u e r ac i d e n t e c o m o s an i m a is n a s in st it u iç õ e s c r e de nc i a d as , f o r n e c e n do in f o r m aç õ e s q ue p e r m it am a ç õ e s sa n e a do r as . _______________________________________________________________________
  • 5. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ § 1º Co nst at ado q ualq ue r proc e dime nto e m d e sc u m p r i me nt o à s d i sp o si ç õ e s d e st a L e i na e x e c uç ão de ativ idade de ensino e pesquisa, a r e s p e c t iv a CEUA det erminar á a paralisação de sua execução, até q ue a irr eg ularidade sej a sanada, sem prej uízo da aplicação de out ras sançõe s cab íveis. § 2º Quando se co nfigur ar a hipótese pr ev ista no § 1o deste artigo , a o missão da CEUA acarretará sanções à instituição , no s t ermo s do s art s. 17 e 20 desta Lei. § 3º Das decisõ es pro feridas pelas C E U A s c ab e re c u r so , se m e f e it o s us pe nsi v o , ao C O N C EA . § 4º Os me mb ro s das C EU A s r e sp o nde rão pelo s pre juízo s q ue, po r do lo, causarem às pesq uisas em andamento. § 5º Os membro s das CEUAs estão ob rig ado s a resg uardar o seg redo indust rial, so b pe na de respo nsab ilidade”. Assi m, ver if i co q ue em nosso ord ena m ento há le gi sl a ção esp ecíf ica deli bera ndo sob re a ma téri a tra vada ne ste s a utos, b em como q ue esta é i nci si va a o demonstra r q ue em no sso Pa í s é po ssí vel a r ea li za çã o d e pesq ui sa s de cu nho ci entí f i co s em a ni ma i s, d esd e q ue o bedeci da s to da s a s regra s estip ula da s na ref er ida L ei. N e s te p a r ti cu l a r , sa l vo m e l ho r j uí z o , n ã o há no s a u t o s n e n h u m i nd i ca t i vo d e q u e a p a r t e r eq u e r id a nã o po ssu a o r ef erido cr edenci a mento j u nt o a o C ON CEA , ra zã o pela q ua l, d enota -se q ue esta p r eenche os r eq ui si tos f ormai s de scr itos na Lei 11 .794 /08 q ue l he a tr ib uem a cond i ção d e rea li za r exp eriência s d e cunho ci ent íf i co co m a ni ma i s. _______________________________________________________________________
  • 6. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ Desta forma, neste juízo sup e r fic ia l do tema , desta co q ue nã o há de monstr a çã o pel o CEUA e CONC EA de q u e a refer ida i nsti t ui çã o nã o est á a u to r i zad a a r ea liza r exp eri me nto s ci entífi co s em a nimai s. P ois b e m, embo ra ha ja l ei e sp e cí fi ca q u e a ut o ri z e a u t i li z a ção d e a n ima i s p a ra p e sq u is a s ci e n tíf i ca s (L ei n. º 11.794/ 08 ), b em co mo q ue a insti tui çã o de ensi no ora re q u e rida se j a c re d e n c ia da j un t o à CO NC EA ( a nt e a a u sê n c ia d e p r o va e m co n tr á ri o) , v e rif i co a p l a u sib il id a d e d o p le i to li mi na r formul ad o pelo M i ni stér io P úb l ico, haja vi sta que a lguns d o s p re cei to s no rma ti vo s a pli cá vei s à esp écie não estã o send o ob ser va d os. An o t o q u e c o n st a to a p re s e n ça d o f u mu s boni iuris em d ois fa tos disti ntos e q ue a pr ese nça d e ap ena s um j á se ri a o b a st a nt e p a ra o p re e nc h im e nt o d o p ri m ei ro re q u i si to p a ra co n ce ss ã o d a li m i na r p re te n d id a. Ex p l i co - m e. O l e g is l a do r pátrio, ao ed i ta r a Lei n.º 11 . 7 9 4 / 0 8 , p o ssi b i l i to u q ue p e sq u i sa d o r e s p u d e ss e m r e a l i z a r exp eri me nto s ci entíf i co s em a ni mais d esd e q ue nã o ha ja o utro mei o a l te rna tivo ca pa z de ob tençã o d os mesmos ou m el hor es resul ta dos com a p esq ui sa a l mej ada. Es ta é a f i na l id a d e d a no r m a, a té m e sm o p o rq u e nã o se a p r e se nt a c o m o l ó gica a u ti l i za ç ã o d e a n i ma i s em p esq ui sa s q ua nd o os resul ta dos d e sta s p od eria m ser al vo de af er i ção por outro métod o q ue nã o consti tuís se ri sco à sa úde e i ntegr idad e fí si ca de um ser vivo. P o ré m , ao menos neste mom ento pr ocessua l , de nota -se q ue o r ef erid o p recei to nã o ve m send o o b se r v a d o n e ste c a so , ha j a vi st a q ue a d o cu m e n t a çã o ca r r ea d a ao f ei to, sal vo mel ho r ju í zo , d emonstra que as pesq ui sa s _______________________________________________________________________
  • 7. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ ci entí f i ca s re ali zad a s pela ré já estã o send o emp rega da em huma nos, ci r cunstâ nci a esta que a fa sta a conota ção de ne cessid a d e d e u til i za çã o d e a ni mai s (no ca so cã es) p a r a ta l fi m. Assi m, comp ul sa ndo a f a rta documenta çã o a p re se nt a d a ao s a u to s, d e st a co o P a re c e r A s se sso ri a T é cn i ca 25 /20 11 co n f e cc io n ado p el o Co n se l h o Re gi o na l d e M e d ic in a Veter i ná ri a do Esta d o do Pa r a ná ( mo vi me nta çã o 1.229), de mo nst ra q ue a s p esq ui sa s r eal i za da s no s cã es do Bi o tério Centra l da UEM já são a l vo d e util iza çã o e m ser es huma nos de sde 20 01, neste sentid o, ob servem-se os segui nte s di zeres: “O r a , se ne m m e sm o u m p ac ie n t e h u m a no c o ns e g ue de s c re v e r a de q u a d am e nt e a d o r e o t r a t a m e n to at u al pa r t e do p r i nc íp i o q u e do r e o t r a t am e n to a t u a l pa r t e d o p r in c í p io q ue a d o r é p s i c o l ó g ic a e n ão f í s i c a , fica difícil e nxe rg ar uma j ustificativ a para o uso de an i m ai s n e s se c a so , q u e n ão po d e m de sc r e v e r a do r e muitas v ezes não a demo nstr am de fo rma clara. Aliás, a substância testada, a capsaicina, já foi te st a da na pr ó pr ia U E M e m ro e do re s e j á é ut i li z a da e m h um a no s ao meno s de sde 2001, não se ndo t ó x ica e não tr azendo efeitos adver so s importantes. O único po ré m é que a mesma provoca irritaç ão e q ue im a ç ã o no mo mento da aplic aç ão, po ré m at e nuando a do r a se g uir. Or a, ne sse caso , j á q ue a drog a j á fo i testada em animais e j á e ut ilizada em humano s ex atamente para o do nt alg ia at ípica, nada mais adeq uado do q ue aplicar em um vo luntário a droga in t r ac an a l ao i nv é s de aplicar na m uc o s a, c o mo j á é f e i to , p o is o v o l un t ár io p o de r á r e la t ar o que está se nt ido , tr azendo result ado s infinitamente me lh o re s do q ue a aplicação em B e a g le s . Aliás, os b e ne f í c io s e sp e r a do s ( i n t e r r u pç ão de d o r f o r te c o m m e no s _______________________________________________________________________
  • 8. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ aplicações da dro g a) são cert amente supe rio r es ao s risco s pr ev isíve is (ir ritação local po r perío do curto ), o que é uma da s e x i g ê nc i a s p ar a o us o de u m a d r o g a e m h u m a no s . Ou tr a ex ig ê n c i a da R e s. 1 9 6 /9 6 d o C NS p a r a a u to r i z a r o us o e m h um a n o s é a f u nd a m e n ta ç ã o em f a to s c i e n tí fi c o s OU o t est e prév io em animais, e amb as as alte rnat iv as j á foram a te nd i d as ne sse caso , com literatur a cient ífica so b re o m e d ic a m e n to e te se s em roe dor es, que n ão indic aram q ualq ue r ob stác ulo à utiliz aç ão da drog a. Outra questão impo rt ante a favo r da ut ilizaç ão da e pidemiolog ia e ex perimentação em v o lu n t á r io s e m de t r ime n t o d o u so d e a n im a i s e m p e sq u is a é q ue a e p ide m i o lo g i a av a li a a afecção o u do e nç a da m an e i r a c o mo e l a s e a p r e s e nt a n a tu r a l m e n te , e nq ua n to q u e o e x pe r i m e n t o c o m a n i m a i s s e d e s e n v o l v e e m a mb i e n t e c o nt ro lado , o q ue muitas v ezes desto a da re alidade , alter ando o result ado . Na prátic a, alg umas espécies animais de s e n v o lv e m a do ença ape nas de forma e x pe r i m e n t a l e n ã o à c a m p o , é o c a s o d e r o e d o r e s c o m a hidro fob ia ( raiv a), e v ic e -e -ve r sa, por tanto se mpre q ue fo r po s sív e l, é me l ho r a n a li sa r d i r eta m e n t e a r e al i da d e . No c as o do s p r o toc o lo s o b se rv a do s, na m a i o r i a da s v e ze s o s tratamento s “test ado s” já são u t ilizado s ro t ineiramente e m co n su l tó r i o s e c l ín i c a s o d o n tol ó g ic as , po r ta n to n ão h á just ific at iv a v álida par a a utilização ex perimental em animais. A princípio , todos os seis pro toco lo s an a li sa d o s e stu d a m o u c o m p a r am p r oc e di m e n to s q u e j á e s t ã o s e n d o r e a l i z a d o s e m pe s s o a s e x a t a m e n te i g u a l ao pr o po s to n o e stu d o o u c o m peq u e n a s di fe r e n ç a s, a lg un s inclusiv e há décadas (ex tração de nt ária, implante s), po r ta n to é muit o mais b enéfico , co nfiáv el e p r o du t iv o _______________________________________________________________________
  • 9. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ aco mpanhar com detalhes esses pr o cedimento s que já estão sendo realizado s em dezenas, c e n te n a s e/ou m i l h a r e s d e p e s s o a s , q u e s ã o d a m e s m a e s p é c i e e po d e m descrever em det alhes o q ue e stão sent ido , do q ue testar e x pe r i m e n t a l me n t e em cinco ou seis cães, que é uma e sp é c ie m u it o d if e r e n t e d a h u m an a , n ão po de de sc re v e r o que sente e ainda por cima é um estudo apenas e x pe r i m e n t a l , s e n d o q u e n a re a l i z a d a a s a f e c ç õ e s po d e m oc o rre r de for ma b ast ant e div ersa”. Nestes termo s, neste j uí zo p rovi sór i o d o t e m a , d ep r e e nd e - se q u e a s p e s q u i sa s r e a l i z a d a s p e l a p a r t e r é em a ni ma i s nã o se j ustif i ca, ei s que j á há o emp re go desta s e m hu ma n o s d e s d e lo n g a d a t a ( ap rox i ma d a m e n t e u ma d é cad a) . Assi m, d epre end e-se q ue não e stá send o o b se rv ad a a fi n al id ad e da no rma , h a j a v is ta q ue h á o u t ro s meios mais ef i ca ze s para r eal izaçã o da s p esq ui sa s, sendo de snecessá ri o q ue esta se rea liz e em cã es, q ue d ep oi s sã o mortos, com overd ose d e a nestesi a. Es te m o ti vo , p o r si só , já j us ti f i ca ria q u e cessa ssem os exp erime ntos q ue vem send o rea l izad os pela pa r te r é, entreta nto, ai nda q ue este a r gumento re ste ve nci do, de sta co q ue há o utra consi der a ção a ser d esta ca da e q ue, p or su a ve z , t a m b é m c o n d u z p a ra n e c e ssi d ad e d e so b re sta m e n to da s pe sq ui sa s ci entífi ca s. Neste ponto, com a devi da vê nia , d esta co q ue o a u to r ta mb é m l o g r o u ê x i to a o d e m o n st r a r q ue a p a r t e r é nã o e st á p ro m o ve n d o o t r a ta me nt o e sp e ci a l e n e c e ssá r i o a o s a ni ma i s uti li zado s em pesq ui sa s ci entí fi ca s, d emo nstr a ndo , a ind a, q ue seq uer os p re cei tos mí nimo s d e cui dad o com os a ni ma i s estã o se ndo ob serva d o s. _______________________________________________________________________
  • 10. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ A r eferid a co nsta ta çã o ga nha f or ça com o Re la t ó rio d e F is ca l i za çã o d o Ca n il d o Bio t é ri o C e n t ral d a U EM a prese nta do p elo Consel ho Regi ona l d e Medi ci na Veteri ná ria de ste Esta d o, o q ua l é i nci si vo ao demonstra r a f a tídi ca forma d e t r a t a me n t o q u e e st á s e nd o d a d a a o s a ni ma i s, ne st e se n t i d o , o b se rv e -s e a c o n cl us ã o ap re s e n tad a pe lo Co ns e l ho : “3. 7 Co nclusão: O g rau de bem-estar do s animais está e x tr e m a me n te co mpro me t ido, ainda que a do r e desco nfo rto provocado s pelas e x pe r i ê nc ia s cient íficas sej am desco nsiderado s. Embo r a o s canis apresentem b o a estr utura co ntra inso lação e chuv a, o fato dos cães per manecerem o te m p o t o do nos canis ciment ado s influencia ne g a t iv a me n t e na q ualidade de v ida dos animais. A falta de cuidado s vet erinário s, pr esença de animais co m afecções, ausência de asse io corpo ral do s animais, limpeza inadeq uada do s canis, ausência de pr o teção co ntra o frio, grande q uant idade de m e di c a me n to s e p ro d u to s v e nc i dos e a r m az e n a do s e m l oc a l sujo e reutilização de ag ulhas e sering as descar táv eis são al a r m a n te s so b o p o n to d e v i sta sa n it ár io e d e nt r o d a av a l ia ç ão de b e m - e st a r a ni m a l. O f a t o de e st ar o c o rr e n do c o nt rave nç ão pe nal de ex e rc íc io ile g al da pr o fissão de médico v eterinário é muito g rave, po is é uma ileg alidade c la r a e i n de fe n sá v e l , ex po n d o o s a ni m a is a s o fr i m e n to desnec essário. Emb ora os animais não apr esentem ester eo tipias, eles e stão impedido s de re aliz are m c o m po r t a me n to s naturais impo r tante e pró prio s da espécie, co mo e x e r c í c io s físic os, etc; há ausência de estímulo s mentais; f icando o s cães po r lo ngo s per ío do s sem nenhuma at iv idade; o s animais pa ssam po r sit uaçõ es de me d o e e s tr e s se m u i to i n te n sos c o m a a p rox im a ç ão de _______________________________________________________________________
  • 11. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ pe s so a s, p r o v o c ad o s p ro v av e l me n te p e l a f al t a de i n te r aç ão po s it iv a f r e q ue n t e c o m p e s s o as e a s s o c i a ç õ e s ne g a t iv a s (exper iências passadas ruins) o corr idas com estas. Liberdade N utricio nal: MODERADAMEN TE RE S PE ITA D A Liberdade Amb ient al: MODERADAMENTE RESTR ITA L i b e r d a de S a n it á r i a: RE S T R I T A Liberdade Compo r tamental: MOD E RA DA ME N TE RE S TR I TA Liberdade Psico ló g ica: RESTRITA Grau de bem-estar : BAIXO (Muito b aixo , ba i x o , mo d er a d o, a l to, m ui to a l to) Pro b abilidade de So frime nt o: ALTA (b aix íssima, b aix a, mo derada, alta, alt íssima) Ex istê ncia de maus-tr ato s, co nsiderando a respo nsab ilidade da g uarda do s animais: SIM. Seg undo o Dicio nário Aurélio , a definição de maus-trato s é: “Crime de quem ex põ e a perigo a v ida ou a saúde de indiv íduo que se acha so b sua auto r idade, guarda ou v ig ilânc ia, par a fins de educaç ão, ensino , t r a t a m e n t o o u c u stó d i a , se j a p riv an do - o de a l im e n t aç ão ou c uidado s indispensáv e is, seja impo ndo-lhe trab alho excessivo o u impró pr io, seja ab usando de meio s cor retivo s ou disciplinares”. A manutenção do s cães co m b aix o grau de bem-estar, co m afecções não tratadas e ausência de _______________________________________________________________________
  • 12. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ cuidado s indispensáv eis caract eriza maus-trato s e ne g l ig ê nc i a , pr o v o c an do so f r ime nt o n ão j u st if i c ad o ” . Af o ra o re la t ó ri o a ci m a, ve r ifi ca - se q u e o M ini stér io P úbli co ap re sento u um C D-ROM , conte nd o fotos e ví de o s d o b io té r io da U niv e rs ida de Es t a d u al d e M a ri ng á . Da mídia di gi tal a ci ma , consta ta-se, ao me n o s e m t e se , q ue a te s e s us te n t a da p el o a ge n t e do p arq ue t e n co n tr a re sp al d o n a p ro va co la c io na d a ao s a u t o s, p o is , a fo ra a s fo t o gr af ia s d o s cã e s q u e d em on st ra m o s s up o s to s m a u s tr atos (cito, por ex empl o, as fotos 1260 até 1267), há indi ca ti vo de utili za çã o d e me dica mento s e p r od uto s vencid o s, a gulha s e se ri nga s conta mi na da s, e tc. Nestes term os, a o menos neste mom ento pr ocessua l , ver ifi co q ue os cuid ad os b á si co s q ue d ever ia m ser di spe nsa do s a o s a ni ma i s q ue são uti l izad o s p a ra p esq ui sa s ci entí f i cos nã o estã o send o ob ser vad os p el a enti dad e ré, fa to e st e q ue i mp õ e na su sp e n sã o d a r ef e r i d a p rá t i ca e x p e r i m e n ta l . A L ei n. º 11. 794/ 2008 e sta b ele ce em se u a rtigo 14 q ue: “A rt. 14. O animal só poderá ser su bm e ti do à s in te rv e nç õe s r e com e nd a d as n o s p r o to c o lo s do s ex perimento s que co nstituem a pe sq uisa o u pro grama de aprendizado q uando , antes, dur ante e apó s o e x pe r i m e n t o , receber cuidados especiais, co nforme e sta b e l ec i do p e lo CO NC E A. § 1º O animal será sub metido a eutanásia, so b estrita ob ediência às prescriçõ es per tinent es a cada espé cie, c onfo rme as diret rizes do M in i st é r io d a C iê nc i a e T e c no lo g ia , se m p r e q ue , e n c e r r a do o ex perimento ou em q ualq uer de suas fa ses, for _______________________________________________________________________
  • 13. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ t e c n i c ame nt e re c o m e n d ado aq ue le p r o c e d i me n t o o u q u a n do oc o rre r inte nso so f rime nto. § 2º Ex ce p c i o n al me n te , q uando os an i m ai s u t i l i z a do s e m e x pe r iê nc ia s o u de m o n s t r aç õ e s n ão fo r em su b m e t id o s a e u ta n ás ia , p o d e r ão sa i r d o b i o té r io apó s a int e rv e nç ão , o uv ida a re spe c tiv a C EUA q uanto ao s crit ério s v igentes de seg urança, desde q ue dest inado s a pesso as idô neas ou entidades p r o t e to r a s de animais dev id a m e n te leg alizadas, q ue por e le s q ueiram respo nsab iliz ar -se. § 3 º S e m pr e q u e po s s í v e l, a s p r á t i c a s d e e ns in o de v e r ão se r f o t o g r a f a d as , f il m a da s o u g r av ad a s, d e forma a permitir sua re pro duç ão para ilust ração de pr át ic as f ut uras, ev itando- se a repe t iç ão de sne ce ssár ia de pr o cedimento s didát ico s co m animais. § 4º O núme ro de animais a serem ut il i z ad o s p a r a a ex ec u ç ão d e u m p r oj e to e o te m po d e du r a ç ã o de c a d a e x p e r i m e n to se rá o m í n im o in d i sp e n sáv e l para pr o duzir o resultado co nclusiv o, po u p a n do - se , ao máx imo , o animal de so frime nto . § 5º Ex p e r i me n to s q ue po ssam c ausar do r o u a ng ú st ia d e se nv o lv e r - s e - ão so b se d a ç ão , a na l g e si a ou anestesia adeq uadas. § 6º Ex perimento s cujo ob jetivo sej a o e s t u d o d o s p r o c e s s o s r e l a c io n ad o s à dor e à ang ústia e x ig e m a u to r iz aç ã o e s p e c í f ic a d a C E U A , e m o b e diê n c i a a no r m as e s t a b e le c id a s p e lo C O N C EA . § 7º É vedado o uso de b loq ue ado re s neuromusc ulares ou de re lax ant e s muscular es em substituição a sub stâncias se dativ as, analgésicas ou anestésicas. _______________________________________________________________________
  • 14. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ § 8º É v edada a reutilização do mesmo an i m al d e po i s d e a l c a n ç ado o ob je t iv o pri n c i pa l d o p ro je to de pesq uisa. § 9 º Em p ro g r a m a de e n sin o , s e mp r e q u e forem empreg ado s procedime nto s t raumát ico s, v ár io s pr o cedimento s po derão ser realizado s num mesmo animal, desde que t o do s sej am executado s durante a v igência de um único anestésico e q ue o animal seja sacrificado antes de re c ob rar a co nsc iê nc ia. § 10º P ara a realização de t rab alho s de criação e ex per imentação de animais em sistemas fechados, ser ão co nsideradas as co ndiçõ es e no r mas de seg ur ança reco mendadas pelo s o rg anismo s inter nacio nais ao s q uais o Brasil se v incula”. De s t a f o r m a , d ep r e e nd e - se q u e o s a n i ma i s q ue f o re m ut il iz ad o s p a ra a re al i za ç ã o d e p e sq u is a s ci e n tíf i ca s de vem possui r tratamento difer enci a do a nte s, d ura nte e d e p oi s do e xp e ri m e n t o, no s t e r m o s a ci m a d e sc ri to s . P o ré m , confor me pode se vislumbrar do rel atório a pr ese ntad o pelo Co n s e lho R egi ona l de Medicina Vet er i ná ri a tai s p r ecei to s nã o vêm se nd o ob serva d o s, r a zã o pela q ua l se j usti fi ca a susp ensã o da s pesq ui sa s. Outr o p o nto q ue mer ece ser evi denci a do é q ue a fo ra a fal ta d e cui da do , dep reende-se q ue a medi ca çã o q ue é mi ni st r ad a ao s a n i ma i s, a fo ra e m a l gu n s ca s o s e st a r send o ma nip ula da p or p essoa s q ue nã o p ossuem ca pa ci dad e funci onal e técni ca p a ra tal mi ster, é ob sol eta, i ncl usi ve há m e di ca çã o ve n c id a a q ua se u ma dé c a da , c ir cu n st â nc ia e s ta q ue r e st o u c o n sta t a d a p el o Co n se lh o R e gi o na l d e M e d ic ina Veter i ná ri a e ta mb é m demo nstrad a pel o “CD” q ue a co mpa nha a p eça ini cia l. _______________________________________________________________________
  • 15. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ Ad e m a is , af o ra e vid e n te o f u mu s bon i iu ri s rel a tiva mente à necessid ad e de susp ensã o d os experi me ntos ci entí f i cos com a nima i s, d epr eend e-se q ue esta d eve ocorr er de f o rma i medi a ta, ha ja vi sta q ue ta mb ém demo nstr ad o o pe ric u l u m in mor a. Neste p a rticula r o p eri go d e o corrênci a d e da no é extr eme d e d úvida s, ei s q ue em decorrê nci a da p r ecá ria si tu a çã o ap re s e n ta d a , o s a ni m ai s qu e s e e n co n t ra m al o cad o s no Bio t é r io C e n tr al d a r e q ue r ida e q u e são a lv o d e pe sq u i sa s ci e n tí f i ca s e st ã o so f re n d o d i ve r so s d a no s, não só f í si co s, co m o ta m b é m p si co ló g ic o s, o q u e nã o p od e m a i s p e rd u ra r, s o b p e na d e o fe n s a a o s p r i nc íp io s c o ns ti t u ci o n a is q ue ve r sa m a re s p ei to da p r ote ção d os a nima is. Ad emais, se a ca so não fo r suspe nsa as pe sq uisa s, i números a ni ma is se rã o utilizados nos e x p e r i me nt o s e m o r to s a t é o d e sf e c ho f i n a l d e s ta l i d e . Di a nte do ex po sto e po r esta r em pr esentes o s re q ui s it o s le g a is (fu mu s bo ni iu ri s e pe r ic ul u m i n mo ra ), DE FI RO o ped ido de li mi na r pa r a o fi m d e de t e rm ina r q u e a p a r t e r eq u e ri d a su sp e n d a a u t il i za ç ã o d e cã e s ( d a ra ça b e a gl e e qualquer o ut ro ) e bem a ssi m de qual quer a ni mal , nos pr o to co l o s mencio nad o s, em trâ mite e em o utr a s p esq ui sa s l e va d a s a ef ei t o o u f u t u r a s p e l o D ep a r ta m e nt o d e O d o n to l o g i a d a U EM . Em ca s o d e d e sc um p r i me n to d a p re se nt e l i m i na r , f i x o m u l ta d i á r i a d e R $ 5 . 0 0 0 ,0 0 ( ci n co mi l re a i s) , tend o como li mi te o va lor d e R$ 150.000 ,00 ( cento e ci nq uenta m il re a is ), se m p re j u íz o d e e ve n t u a l ma jo r a ção o u re d u ção ca so a d em a nd a a ssi m o e x i gi r. Por ora, os a ni ma i s que a tual mente se encontr a m no B iotér io Centra l da UEM deverã o per ma necer na _______________________________________________________________________
  • 16. ESTADO DO PARANÁ PODER JUDICIÁRIO COMARCA D E MARI NGÁ QUINTA VA RA CÍVEL _______________________________________________________________________ po sse da re q u e rid a, se ndo q ue, oportunamente, após a a prese nta çã o de defesa, ap reci a rei a necessi d ad e e co n ve n i ê n ci a d a r e mo ç ã o d o s a ni m a i s. Anoto, por oportuno, que enq ua nto os a ni ma i s pe rma nece rem no Bi o té ri o Centr al estes deverão r e ce b e r tr a t a m e n to a d eq ua d o e d e ve r ã o e st a r so b a s up e r vi sã o d e M éd i co s V e te ri n á ri o s d a i n sti t u iç ã o o ra re q ue rid a. 2. O f ic ie -s e ao Consel ho Na ci ona l de Controle de Exp er imentação Animal ( C ON CEA) , I nsti tuto Br a si lei ro do M ei o Ambi ente e dos Recur sos Naturais Reno vá vei s ( IB AM A ), e Insti tuto Ambie nta l do Pa r a ná (I AP ) da ndo -l hes ci ênci a do s f a to s ap rese nta d o s nesta d e ma nd a, no t a d a me n t e s o b r e a s i r r e gu l a r i d a d e s a p re s e n ta d a s q ua nt o à r e a l i za ç ã o d e e x p e r i m e n t o s ci e n t íf i co s c o m a ni m a i s p e l a U E M . O ref er ido ofí cio se r instr uíd o com cóp ia integr a l do p re sente co ma nd o jud i cia l. 3. CI T E- S E a p a r te r é, n a fo r ma req u e r ida , p a ra q u e, no p ra z o l e gal , a p r e se nt e co n te st a çã o , sob p e n a d e reve li a. Co nste no a to cita tório a s ad ve rtênci a s l egai s. 4. A n o t e - se q u e o M i ni st é r i o P úb l i co e s t á di spe nsa do d o p a ga mento da s custa s p r o cessua i s. 5. P ro v id ê nc ia s e d il i gê n ci a s n e ce ssá r ia s. Ma ri n gá , 1 7 d e o u t ubr o de 20 11. SIL A DEL FO RODRIGUE S D A SIL VA J UIZ DE D IR EITO _______________________________________________________________________