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Carlos Drummond de Andrade
Os ombros suportam o mundo
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.
As sem razões do amor
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no elipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.
Que pode uma criatura senão,
entre outras criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?
Destruição
Os amantes se amam cruelmente
e com se amarem tanto não se vêem.
Um se beija no outro, refletido.
Dois amantes que são? Dois inimigos.
Amantes são meninos estragados
pelo mimo de amar: e não percebem
quanto se pulverizam no enlaçar-se,
e como o que era mundo volve a nada.
Nada. Ninguém. Amor, puro fantasma
que os passeia de leve, assim a cobra
se imprime na lembrança de seu trilho.
E eles quedam mordidos para sempre.
deixaram de existir, mas o existido
continua a doer eternamente.
CLAREIRAS
Se um autor faz você voltar atrás na leitura, seja de um período ou de uma
simples frase, não o julgue profundo demais, não fique complexado: o inferior é
ele.
A atual crise de expressão, que tanto vem alarmando a velha-guarda que
morre mas não se entrega, não deve ser propriamente de expressão, mas de
pensamento. Como é que pode escrever certo quem não sabe ao certo o que
procura dizer?
Em meio à intrincada selva selvaggia de nossa literatura encontram-se às
vezes, no entanto, repousantes clareiras. E clareira pertence à mesma família
etimológica de clareza... Que o leitor me desculpe umas considerações tão
óbvias. É que eu desejava agradecer, o quanto antes, o alerta repouso que me
proporcionaram três livros que li na última semana: Rio 1900 de Brito Broca,
Fronteira, de Moysés Vellinho e Alguns Estudos, de Carlos Dante de Moraes.
Porque, ao ler alguém que consegue expressar-se com toda a limpidez, nem
sentimos que estamos lendo um livro: é como se o estivéssemos pensando.
E, como também estive a folhear o velho Pascall, na edição Globo, encontrei
providencialmente em meu apoio estas palavras, à pág. 23 dos Pensamentos:
"Quando deparamos com o estilo natural, ficamos pasmados e encantados,
como se esperássemos ver um autor e encontrássemos um homem".
Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo
DOS MILAGRES
O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!
Mario Quintana
ESPERANÇA
Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano
Vive uma louca chamada Esperança
E ela pensa que quando todas as sirenas
Todas as buzinas
Todos os reco-recos tocarem
Atira-se
E
— ó delicioso vôo!
Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada,
Outra vez criança...
E em torno dela indagará o povo:
— Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes?
E ela lhes dirá
(É preciso dizer-lhes tudo de novo!)
Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam:
— O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA...
Mario Quintana
Poemas que Falam quem eu sou
Cerca de 23204 poemas que falam quem eu sou
Se você quer ser minha namorada
Ai, que linda namorada
Você poderia ser
Se quiser ser somente minha
Exactamente essa coisinha
Essa coisa toda minha
Que ninguém mais pode ser
Você tem que me fazer um juramento
De só ter um pensamento
Ser só minha até morrer
E também de não perder esse jeitinho
De falar devagarzinho
Essas histórias de você
E de repente me fazer muito carinho
E chorar bem de mansinho
Sem ninguém saber porquê
E se mais do que minha namorada
Você quer ser minha amada
Minha amada, mas amada pra valer
Aquela amada pelo amor predestinada
Sem a qual a vida é nada
Sem a qual se quer morrer
Você tem que vir comigo
Em meu caminho
E talvez o meu caminho
Seja triste pra você
Os seus olhos têm que ser só dos meus olhos
E os seus braços o meu ninho
No silêncio de depois
E você tem que ser a estrela derradeira
Minha amiga e companheira
No infinito de nós dois.
Vinícius de Moraes
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Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço
de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à
falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da
sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um não. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que
injusta.
Augusto Cury
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Como dizia o poeta
Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Não há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão
Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não
Vinícius de Moraes
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Por muito tempo, eu pensei que a minha vida fosse se tornar uma vida de verdade.
Mas sempre havia um obstáculo no caminho, algo a ser ultrapassado antes de começar a
viver, um trabalho não terminado, uma conta a ser paga. aí sim, a vida de verdade
começaria.
Por fim, cheguei à conclusão de que esses obstáculos eram a minha vida de verdade.
Essa perspectiva tem me ajudado a ver que não existe um caminho para a felicidade.
A felicidade é o caminho! Assim, aproveite todos os momentos que você tem.
E aproveite-os mais se você tem alguém especial para compartilhar, especial o
suficiente para passar seu tempo; e lembre-se que o tempo não espera ninguém.
Portanto, pare de esperar até que você termine a faculdade; até que você volte para a
faculdade; até que você perca 5 kg; até que você ganhe 5 kg; até que seus filhos tenham
saído de casa; até que você se case; até que você se divorcie; até sexta à noite até
segunda de manhã; até que você tenha comprado um carro ou uma casa nova; até que
seu carro ou sua casa tenham sido pagos; até o próximo verão, outono, inverno; até que
você esteja aposentado; até que a sua música toque; até que você tenha terminado seu
drink; até que você esteja sóbrio de novo; até que você morra; e decida que não há hora
melhor para ser feliz do que agora mesmo...
Lembre-se: felicidade é uma viagem, não um destino.
Henfil
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'Minha vida não foi um romance...
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amar, não digas, que morro
De surpresa... de encanto... de medo...
Minha vida não foi um romance
Minha vida passou por passar
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.
Minha vida não foi um romance...
Pobre vida... passou sem enredo...
Glória a ti que me enches de vida
De surpresa, de encanto, de medo!
Minha vida não foi um romance...
Ai de mim... Já se ia acabar!
Pobre vida que toda depende
De um sorriso.. de um gesto.. um olhar...
Mário Quintana
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E minha alma, sem luz nem tenda,
passa errante, na noite má,
à procura de quem me entenda
e de quem me consolará...
Cecília Meireles
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"Não sei perder minha vida"
Não sei qual a minha culpa mas, peço perdão.
A luz do farol revelou-os tão rapidamente que não puderam ver.
Peço perdão por não ser uma "estrela" ou o "mar"ou por não ser alegre
mas coisa que se dá.
Peço perdão por não saber me dá nem a mim mesma,
para me dar desse modo a minha vida se fosse preciso
mas, peço de novo perdão
não sei perder minha vida.
Clarice Lispector
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[Quem Sabe um Dia]
Quem Sabe um Dia
Quem sabe um dia
Quem sabe um seremos
Quem sabe um viveremos
Quem sabe um morreremos!
Quem é que
Quem é macho
Quem é fêmea
Quem é humano, apenas!
Sabe amar
Sabe de mim e de si
Sabe de nós
Sabe ser um!
Um dia
Um mês
Um ano
Um(a) vida!
Sentir primeiro, pensar depois
Perdoar primeiro, julgar depois
Amar primeiro, educar depois
Esquecer primeiro, aprender depois
Libertar primeiro, ensinar depois
Alimentar primeiro, cantar depois
Possuir primeiro, contemplar depois
Agir primeiro, julgar depois
Navegar primeiro, aportar depois
Viver primeiro, morrer depois
Mário Quintana
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Vivo por ela
Ninguém duvida
Porque ela é tudo
Na minha vida
Quem ama não esquece quem ama
O amor é assim
Eu tenho esquecido de mim
Mas dela eu nunca me esqueço
Por ela esse amor infinito
O amor mais bonito
É assim nosso amor sem limite
O maior e mais forte que existe
Roberto Carlos
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"Sou pessoa de dentro pra fora. Minha beleza está na minha essência e no meu caráter.
Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é pra
viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente.
Sou isso hoje...
Amanhã, já me reinventei.
Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim.
Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina... E vice-versa. Me perco,
me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar...
Não me dôo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou
sou nada. Não suporto meio termos. Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não
santa. Sou pessoa de riso fácil...e choro também!"
Tati Bernardi
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...
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência, não pensar...
Fernando Pessoa
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Ai de quem ama
Quanta tristeza
Há nesta vida
Só incerteza
Só despedida
Amar é triste
O que é que existe?
O amor
Ama, canta
Sofre tanta
Tanta saudade
Do seu carinho
Quanta saudade
Amar sozinho
Ai de quem ama
Vive dizendo
Adeus, adeus
Vinícius de Moraes
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Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Cecília Meireles
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Soneto do Orfeu
São demais os perigos dessa vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida
E se ao luar, que atua desvairado
Vem unir-se uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher
Uma mulher que é feita de música,
Luar e sentimento, e que a vida
Não quer, de tão perfeita
Uma mulher que é como a própria lua:Tão linda que só espalha sofrimento,Tão cheia de
pudor que vive nua.
Vinícius de Moraes
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Meu Destino.
Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida...
Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.
Esse dia foi marcado
com a pedra branca da cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamos
juntos pela vida...
Cora Coralina
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O sonho encheu a noite
Extravasou pro meu dia
Encheu minha vida
E é dele que eu vou viver
Porque sonho não morre.
Adélia Prado
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“A minha vida a mais
verdadeira é irreconhecível, extremamente interior, e não há uma
palavra que a signifique”
Clarice Lispector
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Chega um momento em sua vida, que voce sabe:
Quem é imprescindivel para voce,
quem nunca foi,
quem não é mais,
quem será sempre!
Charles Chaplin
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Um beijo
Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!
Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.
Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?
Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto...
Olavo Bilac
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É Talvez o Último Dia da Minha Vida
É talvez o último dia da minha vida.
Saudei o sol, levantando a mão direita,
Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus,
Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada.
Alberto Caeiro ( Fernando Pessoa)
CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET E VYGOTSKI PARA A EDUCAÇÃO
Por Sérgio Roberto Kieling Franco
Certa vez um jornalista me perguntou para que serve o construtivismo. E isso me
fez pensar bastante e cheguei à conclusão de que, a princípio, não serve para nada.
Aliás, aqui é importante fazer uma generalização. As teorias, bem como as
filosofias não servem para nada.
Vocês devem estar achando estranho eu dizer isso, ainda mais quem me conhece
há mais tempo e sabe do meu empenho em traduzir a teoria de Piaget em uma
linguagem mais simples com o intuito de fazer os professores, ou mesmo os pais
entenderem o construtivismo.
É bem verdade que eu sempre fui um defensor das teorias. Sempre gostei de
caracterizar meus cursos, minhas aulas, como espaços de reflexão teórica. Mas
tudo isso não é incoerente com o que disse acima: que as teorias não servem para
nada.
De fato estou querendo afirmar que não é possível dar um caráter pragmático à
teoria. Afinal, falando-se de educação, alguém pode conhecer profundamente uma
série de teorias pedagógicas, e no entanto não ser um bom professor. Do mesmo
modo todos nós conhecemos professores que não conhecem teorias, que agem
muito mais por instinto e são excelentes na sala de aula.
O problema é que intuição não garante profissionalismo. Uma coisa é saber
utilizar procedimentos didáticos adequadamente, outra é ter critérios claros e
precisos que nos auxiliem a julgar e a escolher os procedimentos a serem utilizados
e também a fazer opções relativas a sua adaptação. Mas a construção desses
critérios não algo que acontece da noite para o dia, nem provoca mudanças
imediatas na nossa prática. É neste sentido que a teoria não tem uma utilização
pragmática. Ou seja, não tem como ensinar alguém a ser construtivista em um
curso de 40 horas de modo que ele saia dali como um professor radicalmente
diferente, superando todas suas deficiências de formação e todos seus vícios
neuróticos que marcam sua maneira de se relacionar na sala de aula.
As duas teorias que são foco neste painel têm ainda uma característica peculiar:
não são teorias pedagógicas. Apesar de exercerem enorme influência na prática
pedagógica no mundo inteiro, sua aplicação está longe de ser imediata.
Vygotski tem um certo privilégio em relação a Piaget, pelo fato de ter esboçado
uma teoria psicológica, e há muito tempo a psicologia tem sido um dos pontos de
apoio da pedagogia. Às vezes até mesmo tornando-se quase que o centro do
pensamento pedagógico. Já a teoria de Piaget não pode ser encarada como uma
teoria psicológica, pelo menos não no sentido usual que damos à Psicologia. A
preocupação de Piaget era epistemológica, ou seja, explicar como pode se produzir
o conhecimento científico e as ciências. Para chegar a isso ele teve de fazer um
caminho pela Psicologia, já que a proposta dele era de uma Epistemologia
científica, baseada em pesquisas experimentais e não em especulações filosóficas.
Por isso a opção por fazer uma Epistemologia Genética.
Por outro lado Piaget leva uma vantagem sobre Vygotski por ter construído uma
teoria muito sólida, fundamentada em pesquisas realizadas durante
aproximadamente 50 anos. tendo tido o tempo que Vygotski não teve, e sem a
censura que este teve, para fazer as correções de rumo e construir um "edifício
teórico" majestoso.
Se essas teorias não são pedagógicas. Se as teorias, especialmente aquelas que se
relacionam indiretamente com nossa prática, não têm utilidade, então para que
conhecê-las?
Costumo dizer que uma teoria é como um par de óculos. Por se tratar de uma
tentativa de explicação da realidade nos faz enxergar de maneira diferente essa
realidade.
O diferencial dessas duas teorias em relação a outras tantas que foram
aproveitadas nos meios pedagógicos é que se tratam de concepções dialéticas. Ou
seja, ambas procuram superar a visão linear que enfatiza o processo de
desenvolvimento, ou mesmo de aprendizagem do sujeito, de fora para dentro ou de
dentro para fora.
Isso quer dizer que são teorias interacionistas.
Alguém poderá estar se perguntando se não estou distorcendo, afinal é costume
dizer-se que Vygotski é interacionista, enquanto que Piaget é construtivista. Trata-
se neste caso de uma simplificação feita pelos carimbadores de plantão que
precisam estar o tempo todo classificando as teorias, as propostas, as políticas, e
que às vezes nem sequer conhecem direito o que estão a carimbar.
Realmente Piaget deu ênfase em seus estudos ao caráter construtivo, ou seja, das
construções realizadas pelo sujeito. Já Vygotski deu ênfase aos processos de trocas,
ou seja, de interação do sujeito com seu meio, principalmente seu meio social e
cultural. O que os carimbadores esquecem é que para Piaget as construções são
possíveis graças à interação do sujeito com seu meio (físico e social), e ao enfatizar
a ação como o princípio básico, está afirmando exatamente a impossibilidade de
haver construções sem a interação.
O problema todo está na dificuldade de se compreender o que seja interação, já
que a tradição ocidental, e portanto também o senso comum, se baseiam em
concepções lineares e não dialéticas. Um exemplo disso é a pergunta muitas vezes
repetidas nas discussões pedagógicas e psicológicas: " o que pesa mais: o que vem
de dentro ou o que vem de fora?"
A compreensão da realidade de forma dialética (interacionista) nos exige
compreender que não se pode ficar procurando o vencedor na batalha entre o que
é de dentro e o que é de fora. É por isso que Piaget propõe outro questionamento
que é como o de dentro e o de fora se relacionam.
Por isso que não tem nada de construtivista (muito menos de interacionista) a
prática pedagógica que se funda em "deixar que o aluno construa sozinho, sem
interferência do professor". Assim como não tem nada de construtivista aquela
que quer fazer com que os alunos se tornem alfabéticos até o final de tal bimestre,
como se fosse possível controlar a aprendizagem desses alunos.
Penso que as contribuições dessas teorias para a prática pedagógica passam
necessariamente pela possibilidade de se compreender melhor a dinâmica dos
processos que acontecem no ato de ensinar/aprender.
É neste sentido que podemos visualizar a contribuição da teoria piagetiana, em
primeiro lugar (em ordem temporal de acontecimento na educação e não em
ordem de importância) a compreensão dos estágios do desenvolvimento cognitivo.
Piaget faz uma demonstração tácita de que a criança pensa de modo diferente do
adulto, demonstrando inclusive as estruturas de conjunto que caracterizam cada
estágio, possibilitando que se possa entender melhor como a criança pensa, sem
fazer dela um adulto em miniatura nem reduzi-la à condição de um bichinho que
precisa ser treinado para se transformar (de fora para dentro) em um adulto.
Claro que uma leitura linear dessa teorização sobre os estágios fez com que se
fizesse afirmações incoerentes com a concepção piagetiana, como por exemplo, o
que se pregou por muito tempo, de que não se pode ensinar a criança nem além
nem aquém do estágio em que ela está. Transformava-se assim os estágios em uma
camisa de força. Este tipo de afirmação não contempla a concepção dialética que
tem como base a dinamicidade dos processos e que a criança, ou o aprendiz vai
movimentar-se com as estruturas previamente construídas por ele para
compreender o novo, inclusive resgatando processos mais primitivos, se for o caso,
mas por outro lado, se esse conhecimento ensinado não for de certo modo além das
capacidades do aluno, ele não ficará desafiado a construir novas estruturas.
O interessante é que isso fica muito mais didático na explicação vygotskiana da
zona de desenvolvimento proximal.
Uma outra contribuição largamente conhecida da teoria piagetiana para a
Educação são as descobertas da Emilia Ferreiro a respeito da psicogênese da
língua escrita. Compreender que o alfabetizando não aprende a escrever porque
copia o que lhe é mostrado, mas porque formula hipóteses explicativas para o
mecanismo da escrita nos fez dar um salto qualitativo enorme para uma
alfabetização mais eficaz, além de nos ajudar a compreender certos fenômenos
classificados sob o carimbo da disgrafia, ou da disortografia.
Há um conceito de Piaget ainda pouco explorado na literatura mas que pode nos
ajudar a compreender de forma bem mais completa o processo de aquisição de
conhecimentos, e, por extensão, de aprendizagem. Trata-se da noção de abstração
reflexionante.
A teoria da abstração nos demonstra como podemos construir novidades no nosso
pensamento. Através dela Piaget pôde demonstrar de forma mais completa porque
não se ensina de forma determinista um conhecimento novo. Porque esse
conhecimento não é fruto nem da maturação do aprendente nem da imposição do
ensinante ou do material didático, ou mesmo da experiência empírica (desculpem a
redundância).
Ao afirmar que todo conhecimento novo é construído porque se retira essa
novidade das coordenações das ações ou das coordenações das coordenações de
ações, e não diretamente dos observáveis (objetos e ações), Piaget está nos
mostrando que não basta apresentar o conteúdo para que o aluno aprenda. É
preciso criar situações para que esse aluno estabeleça relações. Para que faça
relações entre relações, de modo que faça construções renovadas e reinvente as
noções que se está querendo que ele aprenda. Só assim se alcança a compreensão
de um conhecimento. É nesta perspectiva que faz sentido a frase de Piaget de que
"tudo que se ensina à criança a impede de inventar ou de descobrir".
Gostaria de centrar-me mais neste aspecto de trabalhar as relações.
Quanto mais estudo Piaget, Vygotski, Paulo Freire e outros, e quanto mais discuto
e converso com professores que estão no dia-a-dia da escola lutando para que seus
alunos não se tornem simplesmente repetidores de matéria, mas que aprendam a
lidar melhor com o mundo (e não serem lidados pelo mundo) utilizando os
conteúdos ensinados na escola, mais me convenço de que o centro do trabalho
educativo devem ser as relações e não os conteúdos.
Não estou dizendo que os conteúdos não sejam importantes, mas se a possibilidade
da construção de noções novas está no estabelecimento de relações sobre relações
ou coordenações sobre coordenações, o nosso aluno só poderá compreender o que
lhe ensinamos se dermos oportunidade para que ele estabeleça relações diversas
(muito mais do que aquelas poucas que nós como professores podemos preparar
para que ele faça) dos vários aspectos que compõe o conteúdo e do conteúdo com
outros conteúdos e situações. Afinal, como Piaget demonstra bem, através de
conceitos como o da implicação significante, que são as relações que nos
possibilitam dar significação. e essa significação depende portanto das ações que o
sujeito executa, que são na verdade interações e não simplesmente da significação
apontada pelos outros que o rodeiam.
Para finalizar quero reforçar a idéia de que as teorias de Piaget e de Vygotski vão
ser importantes para a educação à medida em que nos ajudarem a ver de modo
diferente os fenômenos que envolvem a mesma. Elas não são de forma alguma a
panacéia dos problemas da educação. No entanto não acredito em nenhum
caminho que se possa trilhar na educação, desde a Psicopedagogia, até a gestão
escolar que não parta de princípios dialéticos, que entenda que a realidade não é
explicável a partir de um esquema simplório de causa/efeito ou antes/depois, mas
sim de uma compreensão de que essa realidade se organiza como rede de relações, e
que, portanto, toda iniciativa deve ter presente que não terá condições de mudar
tudo, mas que não deixará de dar sua marca.
É neste sentido que faz-se necessário buscar um complemento para as
contribuições desses dois mestres do século XX em outros não menos brilhantes
como Freud e Paulo Freire, bem como em tantos outros que nos abrem a
perspectiva de uma compreensão dialética dos fenômenos educacionais. Neste
sentido não me parece necessário constituir nenhum construtivismo pós ou
dêutero-piagetiano, o que precisamos é construir uma teoria pedagógica que dê
conta mais proximamente dessa dinâmica da rede, embora a compreensão total
dessa rede seja impossível.
Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que
minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da
sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um não. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que
injusta.
Augusto Cury

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Carlos drummond de andrade

  • 1. Carlos Drummond de Andrade Os ombros suportam o mundo Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus. Tempo de absoluta depuração. Tempo em que não se diz mais: meu amor. Porque o amor resultou inútil. E os olhos não choram. E as mãos tecem apenas o rude trabalho. E o coração está seco. Em vão mulheres batem à porta, não abrirás. Ficaste sozinho, a luz apagou-se, mas na sombra teus olhos resplandecem enormes. És todo certeza, já não sabes sofrer. E nada esperas de teus amigos. Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança. As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios provam apenas que a vida prossegue e nem todos se libertaram ainda. Alguns, achando bárbaro o espetáculo prefeririam (os delicados) morrer. Chegou um tempo em que não adianta morrer. Chegou um tempo que a vida é uma ordem. A vida apenas, sem mistificação. As sem razões do amor Eu te amo porque te amo. Não precisas ser amante, e nem sempre sabes sê-lo. Eu te amo porque te amo. Amor é estado de graça e com amor não se paga. Amor é dado de graça, é semeado no vento, na cachoeira, no elipse. Amor foge a dicionários e a regulamentos vários. Eu te amo porque não amo bastante ou demais a mim. Porque amor não se troca, não se conjuga nem se ama.
  • 2. Porque amor é amor a nada, feliz e forte em si mesmo. Amor é primo da morte, e da morte vencedor, por mais que o matem (e matam) a cada instante de amor. Por muito tempo achei que a ausência é falta. E lastimava, ignorante, a falta. Hoje não a lastimo. Não há falta na ausência. A ausência é um estar em mim. E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços, que rio e danço e invento exclamações alegres, porque a ausência, essa ausência assimilada, ninguém a rouba mais de mim. Quadrilha João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou pra tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história. Que pode uma criatura senão, entre outras criaturas, amar? amar e esquecer, amar e malamar, amar, desamar, amar? sempre, e até de olhos vidrados, amar? Destruição Os amantes se amam cruelmente e com se amarem tanto não se vêem. Um se beija no outro, refletido. Dois amantes que são? Dois inimigos. Amantes são meninos estragados pelo mimo de amar: e não percebem
  • 3. quanto se pulverizam no enlaçar-se, e como o que era mundo volve a nada. Nada. Ninguém. Amor, puro fantasma que os passeia de leve, assim a cobra se imprime na lembrança de seu trilho. E eles quedam mordidos para sempre. deixaram de existir, mas o existido continua a doer eternamente. CLAREIRAS Se um autor faz você voltar atrás na leitura, seja de um período ou de uma simples frase, não o julgue profundo demais, não fique complexado: o inferior é ele. A atual crise de expressão, que tanto vem alarmando a velha-guarda que morre mas não se entrega, não deve ser propriamente de expressão, mas de pensamento. Como é que pode escrever certo quem não sabe ao certo o que procura dizer? Em meio à intrincada selva selvaggia de nossa literatura encontram-se às vezes, no entanto, repousantes clareiras. E clareira pertence à mesma família etimológica de clareza... Que o leitor me desculpe umas considerações tão óbvias. É que eu desejava agradecer, o quanto antes, o alerta repouso que me proporcionaram três livros que li na última semana: Rio 1900 de Brito Broca, Fronteira, de Moysés Vellinho e Alguns Estudos, de Carlos Dante de Moraes. Porque, ao ler alguém que consegue expressar-se com toda a limpidez, nem sentimos que estamos lendo um livro: é como se o estivéssemos pensando. E, como também estive a folhear o velho Pascall, na edição Globo, encontrei providencialmente em meu apoio estas palavras, à pág. 23 dos Pensamentos: "Quando deparamos com o estilo natural, ficamos pasmados e encantados, como se esperássemos ver um autor e encontrássemos um homem". Mario Quintana - A vaca e o hipogrifo DOS MILAGRES O milagre não é dar vida ao corpo extinto, Ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo... Nem mudar água pura em vinho tinto... Milagre é acreditarem nisso tudo!
  • 4. Mario Quintana ESPERANÇA Lá bem no alto do décimo segundo andar do Ano Vive uma louca chamada Esperança E ela pensa que quando todas as sirenas Todas as buzinas Todos os reco-recos tocarem Atira-se E — ó delicioso vôo! Ela será encontrada miraculosamente incólume na calçada, Outra vez criança... E em torno dela indagará o povo: — Como é teu nome, meninazinha de olhos verdes? E ela lhes dirá (É preciso dizer-lhes tudo de novo!) Ela lhes dirá bem devagarinho, para que não esqueçam: — O meu nome é ES-PE-RAN-ÇA... Mario Quintana Poemas que Falam quem eu sou Cerca de 23204 poemas que falam quem eu sou Se você quer ser minha namorada Ai, que linda namorada Você poderia ser Se quiser ser somente minha Exactamente essa coisinha Essa coisa toda minha Que ninguém mais pode ser Você tem que me fazer um juramento De só ter um pensamento Ser só minha até morrer E também de não perder esse jeitinho De falar devagarzinho Essas histórias de você E de repente me fazer muito carinho E chorar bem de mansinho Sem ninguém saber porquê E se mais do que minha namorada Você quer ser minha amada Minha amada, mas amada pra valer Aquela amada pelo amor predestinada Sem a qual a vida é nada Sem a qual se quer morrer Você tem que vir comigo Em meu caminho E talvez o meu caminho Seja triste pra você
  • 5. Os seus olhos têm que ser só dos meus olhos E os seus braços o meu ninho No silêncio de depois E você tem que ser a estrela derradeira Minha amiga e companheira No infinito de nós dois. Vinícius de Moraes • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 901 pessoas • Mais Informação Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um não. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Augusto Cury • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 4041 pessoas • Mais Informação Como dizia o poeta Quem já passou por essa vida e não viveu Pode ser mais, mas sabe menos do que eu Porque a vida só se dá pra quem se deu Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não Não há mal pior do que a descrença Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair Pra que somar se a gente pode dividir Eu francamente já não quero nem saber De quem não vai porque tem medo de sofrer Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão Quem nunca curtiu uma paixão, nunca vai ter nada, não Vinícius de Moraes
  • 6. • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 1606 pessoas • Mais Informação Por muito tempo, eu pensei que a minha vida fosse se tornar uma vida de verdade. Mas sempre havia um obstáculo no caminho, algo a ser ultrapassado antes de começar a viver, um trabalho não terminado, uma conta a ser paga. aí sim, a vida de verdade começaria. Por fim, cheguei à conclusão de que esses obstáculos eram a minha vida de verdade. Essa perspectiva tem me ajudado a ver que não existe um caminho para a felicidade. A felicidade é o caminho! Assim, aproveite todos os momentos que você tem. E aproveite-os mais se você tem alguém especial para compartilhar, especial o suficiente para passar seu tempo; e lembre-se que o tempo não espera ninguém. Portanto, pare de esperar até que você termine a faculdade; até que você volte para a faculdade; até que você perca 5 kg; até que você ganhe 5 kg; até que seus filhos tenham saído de casa; até que você se case; até que você se divorcie; até sexta à noite até segunda de manhã; até que você tenha comprado um carro ou uma casa nova; até que seu carro ou sua casa tenham sido pagos; até o próximo verão, outono, inverno; até que você esteja aposentado; até que a sua música toque; até que você tenha terminado seu drink; até que você esteja sóbrio de novo; até que você morra; e decida que não há hora melhor para ser feliz do que agora mesmo... Lembre-se: felicidade é uma viagem, não um destino. Henfil • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 307 pessoas • Mais Informação 'Minha vida não foi um romance... Nunca tive até hoje um segredo. Se me amar, não digas, que morro De surpresa... de encanto... de medo... Minha vida não foi um romance Minha vida passou por passar Se não amas, não finjas, que vivo Esperando um amor para amar. Minha vida não foi um romance... Pobre vida... passou sem enredo... Glória a ti que me enches de vida De surpresa, de encanto, de medo! Minha vida não foi um romance... Ai de mim... Já se ia acabar! Pobre vida que toda depende De um sorriso.. de um gesto.. um olhar...
  • 7. Mário Quintana • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 216 pessoas • Mais Informação E minha alma, sem luz nem tenda, passa errante, na noite má, à procura de quem me entenda e de quem me consolará... Cecília Meireles • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 209 pessoas • Mais Informação "Não sei perder minha vida" Não sei qual a minha culpa mas, peço perdão. A luz do farol revelou-os tão rapidamente que não puderam ver. Peço perdão por não ser uma "estrela" ou o "mar"ou por não ser alegre mas coisa que se dá. Peço perdão por não saber me dá nem a mim mesma, para me dar desse modo a minha vida se fosse preciso mas, peço de novo perdão não sei perder minha vida. Clarice Lispector • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 111 pessoas • Mais Informação [Quem Sabe um Dia] Quem Sabe um Dia Quem sabe um dia Quem sabe um seremos Quem sabe um viveremos Quem sabe um morreremos! Quem é que Quem é macho Quem é fêmea Quem é humano, apenas! Sabe amar Sabe de mim e de si Sabe de nós
  • 8. Sabe ser um! Um dia Um mês Um ano Um(a) vida! Sentir primeiro, pensar depois Perdoar primeiro, julgar depois Amar primeiro, educar depois Esquecer primeiro, aprender depois Libertar primeiro, ensinar depois Alimentar primeiro, cantar depois Possuir primeiro, contemplar depois Agir primeiro, julgar depois Navegar primeiro, aportar depois Viver primeiro, morrer depois Mário Quintana • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 815 pessoas • Mais Informação Vivo por ela Ninguém duvida Porque ela é tudo Na minha vida Quem ama não esquece quem ama O amor é assim Eu tenho esquecido de mim Mas dela eu nunca me esqueço Por ela esse amor infinito O amor mais bonito É assim nosso amor sem limite O maior e mais forte que existe Roberto Carlos • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 35 pessoas • Mais Informação
  • 9. "Sou pessoa de dentro pra fora. Minha beleza está na minha essência e no meu caráter. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente. Sou isso hoje... Amanhã, já me reinventei. Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim. Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina... E vice-versa. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar... Não me dôo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não santa. Sou pessoa de riso fácil...e choro também!" Tati Bernardi • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 902 pessoas • Mais Informação ... Porque quem ama nunca sabe o que ama Nem sabe porque ama, nem o que é amar Amar é a eterna inocência, E a única inocência, não pensar... Fernando Pessoa • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 851 pessoas • Mais Informação Ai de quem ama Quanta tristeza Há nesta vida Só incerteza Só despedida Amar é triste O que é que existe? O amor Ama, canta Sofre tanta Tanta saudade Do seu carinho Quanta saudade Amar sozinho Ai de quem ama
  • 10. Vive dizendo Adeus, adeus Vinícius de Moraes • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 296 pessoas • Mais Informação Motivo Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: — mais nada. Cecília Meireles • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 257 pessoas • Mais Informação Soneto do Orfeu São demais os perigos dessa vida Para quem tem paixão, principalmente Quando uma lua surge de repente E se deixa no céu, como esquecida E se ao luar, que atua desvairado Vem unir-se uma música qualquer
  • 11. Aí então é preciso ter cuidado Porque deve andar perto uma mulher Uma mulher que é feita de música, Luar e sentimento, e que a vida Não quer, de tão perfeita Uma mulher que é como a própria lua:Tão linda que só espalha sofrimento,Tão cheia de pudor que vive nua. Vinícius de Moraes • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 178 pessoas • Mais Informação Meu Destino. Nas palmas de tuas mãos leio as linhas da minha vida. Linhas cruzadas, sinuosas, interferindo no teu destino. Não te procurei, não me procurastes – íamos sozinhos por estradas diferentes. Indiferentes, cruzamos Passavas com o fardo da vida... Corri ao teu encontro. Sorri. Falamos. Esse dia foi marcado com a pedra branca da cabeça de um peixe. E, desde então, caminhamos juntos pela vida... Cora Coralina • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 108 pessoas • Mais Informação O sonho encheu a noite Extravasou pro meu dia Encheu minha vida E é dele que eu vou viver Porque sonho não morre.
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  • 13. • Adicionar à minha coleção • Na coleção de 87 pessoas • Mais Informação É Talvez o Último Dia da Minha Vida É talvez o último dia da minha vida. Saudei o sol, levantando a mão direita, Mas não o saudei, dizendo-lhe adeus, Fiz sinal de gostar de o ver antes: mais nada. Alberto Caeiro ( Fernando Pessoa) CONTRIBUIÇÕES DE PIAGET E VYGOTSKI PARA A EDUCAÇÃO Por Sérgio Roberto Kieling Franco Certa vez um jornalista me perguntou para que serve o construtivismo. E isso me fez pensar bastante e cheguei à conclusão de que, a princípio, não serve para nada. Aliás, aqui é importante fazer uma generalização. As teorias, bem como as filosofias não servem para nada. Vocês devem estar achando estranho eu dizer isso, ainda mais quem me conhece há mais tempo e sabe do meu empenho em traduzir a teoria de Piaget em uma linguagem mais simples com o intuito de fazer os professores, ou mesmo os pais entenderem o construtivismo. É bem verdade que eu sempre fui um defensor das teorias. Sempre gostei de caracterizar meus cursos, minhas aulas, como espaços de reflexão teórica. Mas tudo isso não é incoerente com o que disse acima: que as teorias não servem para nada.
  • 14. De fato estou querendo afirmar que não é possível dar um caráter pragmático à teoria. Afinal, falando-se de educação, alguém pode conhecer profundamente uma série de teorias pedagógicas, e no entanto não ser um bom professor. Do mesmo modo todos nós conhecemos professores que não conhecem teorias, que agem muito mais por instinto e são excelentes na sala de aula. O problema é que intuição não garante profissionalismo. Uma coisa é saber utilizar procedimentos didáticos adequadamente, outra é ter critérios claros e precisos que nos auxiliem a julgar e a escolher os procedimentos a serem utilizados e também a fazer opções relativas a sua adaptação. Mas a construção desses critérios não algo que acontece da noite para o dia, nem provoca mudanças imediatas na nossa prática. É neste sentido que a teoria não tem uma utilização pragmática. Ou seja, não tem como ensinar alguém a ser construtivista em um curso de 40 horas de modo que ele saia dali como um professor radicalmente diferente, superando todas suas deficiências de formação e todos seus vícios neuróticos que marcam sua maneira de se relacionar na sala de aula. As duas teorias que são foco neste painel têm ainda uma característica peculiar: não são teorias pedagógicas. Apesar de exercerem enorme influência na prática pedagógica no mundo inteiro, sua aplicação está longe de ser imediata. Vygotski tem um certo privilégio em relação a Piaget, pelo fato de ter esboçado uma teoria psicológica, e há muito tempo a psicologia tem sido um dos pontos de apoio da pedagogia. Às vezes até mesmo tornando-se quase que o centro do pensamento pedagógico. Já a teoria de Piaget não pode ser encarada como uma teoria psicológica, pelo menos não no sentido usual que damos à Psicologia. A preocupação de Piaget era epistemológica, ou seja, explicar como pode se produzir o conhecimento científico e as ciências. Para chegar a isso ele teve de fazer um caminho pela Psicologia, já que a proposta dele era de uma Epistemologia científica, baseada em pesquisas experimentais e não em especulações filosóficas. Por isso a opção por fazer uma Epistemologia Genética. Por outro lado Piaget leva uma vantagem sobre Vygotski por ter construído uma teoria muito sólida, fundamentada em pesquisas realizadas durante aproximadamente 50 anos. tendo tido o tempo que Vygotski não teve, e sem a censura que este teve, para fazer as correções de rumo e construir um "edifício teórico" majestoso. Se essas teorias não são pedagógicas. Se as teorias, especialmente aquelas que se relacionam indiretamente com nossa prática, não têm utilidade, então para que conhecê-las? Costumo dizer que uma teoria é como um par de óculos. Por se tratar de uma tentativa de explicação da realidade nos faz enxergar de maneira diferente essa realidade.
  • 15. O diferencial dessas duas teorias em relação a outras tantas que foram aproveitadas nos meios pedagógicos é que se tratam de concepções dialéticas. Ou seja, ambas procuram superar a visão linear que enfatiza o processo de desenvolvimento, ou mesmo de aprendizagem do sujeito, de fora para dentro ou de dentro para fora. Isso quer dizer que são teorias interacionistas. Alguém poderá estar se perguntando se não estou distorcendo, afinal é costume dizer-se que Vygotski é interacionista, enquanto que Piaget é construtivista. Trata- se neste caso de uma simplificação feita pelos carimbadores de plantão que precisam estar o tempo todo classificando as teorias, as propostas, as políticas, e que às vezes nem sequer conhecem direito o que estão a carimbar. Realmente Piaget deu ênfase em seus estudos ao caráter construtivo, ou seja, das construções realizadas pelo sujeito. Já Vygotski deu ênfase aos processos de trocas, ou seja, de interação do sujeito com seu meio, principalmente seu meio social e cultural. O que os carimbadores esquecem é que para Piaget as construções são possíveis graças à interação do sujeito com seu meio (físico e social), e ao enfatizar a ação como o princípio básico, está afirmando exatamente a impossibilidade de haver construções sem a interação. O problema todo está na dificuldade de se compreender o que seja interação, já que a tradição ocidental, e portanto também o senso comum, se baseiam em concepções lineares e não dialéticas. Um exemplo disso é a pergunta muitas vezes repetidas nas discussões pedagógicas e psicológicas: " o que pesa mais: o que vem de dentro ou o que vem de fora?" A compreensão da realidade de forma dialética (interacionista) nos exige compreender que não se pode ficar procurando o vencedor na batalha entre o que é de dentro e o que é de fora. É por isso que Piaget propõe outro questionamento que é como o de dentro e o de fora se relacionam. Por isso que não tem nada de construtivista (muito menos de interacionista) a prática pedagógica que se funda em "deixar que o aluno construa sozinho, sem interferência do professor". Assim como não tem nada de construtivista aquela que quer fazer com que os alunos se tornem alfabéticos até o final de tal bimestre, como se fosse possível controlar a aprendizagem desses alunos. Penso que as contribuições dessas teorias para a prática pedagógica passam necessariamente pela possibilidade de se compreender melhor a dinâmica dos processos que acontecem no ato de ensinar/aprender. É neste sentido que podemos visualizar a contribuição da teoria piagetiana, em primeiro lugar (em ordem temporal de acontecimento na educação e não em ordem de importância) a compreensão dos estágios do desenvolvimento cognitivo. Piaget faz uma demonstração tácita de que a criança pensa de modo diferente do adulto, demonstrando inclusive as estruturas de conjunto que caracterizam cada
  • 16. estágio, possibilitando que se possa entender melhor como a criança pensa, sem fazer dela um adulto em miniatura nem reduzi-la à condição de um bichinho que precisa ser treinado para se transformar (de fora para dentro) em um adulto. Claro que uma leitura linear dessa teorização sobre os estágios fez com que se fizesse afirmações incoerentes com a concepção piagetiana, como por exemplo, o que se pregou por muito tempo, de que não se pode ensinar a criança nem além nem aquém do estágio em que ela está. Transformava-se assim os estágios em uma camisa de força. Este tipo de afirmação não contempla a concepção dialética que tem como base a dinamicidade dos processos e que a criança, ou o aprendiz vai movimentar-se com as estruturas previamente construídas por ele para compreender o novo, inclusive resgatando processos mais primitivos, se for o caso, mas por outro lado, se esse conhecimento ensinado não for de certo modo além das capacidades do aluno, ele não ficará desafiado a construir novas estruturas. O interessante é que isso fica muito mais didático na explicação vygotskiana da zona de desenvolvimento proximal. Uma outra contribuição largamente conhecida da teoria piagetiana para a Educação são as descobertas da Emilia Ferreiro a respeito da psicogênese da língua escrita. Compreender que o alfabetizando não aprende a escrever porque copia o que lhe é mostrado, mas porque formula hipóteses explicativas para o mecanismo da escrita nos fez dar um salto qualitativo enorme para uma alfabetização mais eficaz, além de nos ajudar a compreender certos fenômenos classificados sob o carimbo da disgrafia, ou da disortografia. Há um conceito de Piaget ainda pouco explorado na literatura mas que pode nos ajudar a compreender de forma bem mais completa o processo de aquisição de conhecimentos, e, por extensão, de aprendizagem. Trata-se da noção de abstração reflexionante. A teoria da abstração nos demonstra como podemos construir novidades no nosso pensamento. Através dela Piaget pôde demonstrar de forma mais completa porque não se ensina de forma determinista um conhecimento novo. Porque esse conhecimento não é fruto nem da maturação do aprendente nem da imposição do ensinante ou do material didático, ou mesmo da experiência empírica (desculpem a redundância). Ao afirmar que todo conhecimento novo é construído porque se retira essa novidade das coordenações das ações ou das coordenações das coordenações de ações, e não diretamente dos observáveis (objetos e ações), Piaget está nos mostrando que não basta apresentar o conteúdo para que o aluno aprenda. É preciso criar situações para que esse aluno estabeleça relações. Para que faça relações entre relações, de modo que faça construções renovadas e reinvente as noções que se está querendo que ele aprenda. Só assim se alcança a compreensão de um conhecimento. É nesta perspectiva que faz sentido a frase de Piaget de que "tudo que se ensina à criança a impede de inventar ou de descobrir". Gostaria de centrar-me mais neste aspecto de trabalhar as relações.
  • 17. Quanto mais estudo Piaget, Vygotski, Paulo Freire e outros, e quanto mais discuto e converso com professores que estão no dia-a-dia da escola lutando para que seus alunos não se tornem simplesmente repetidores de matéria, mas que aprendam a lidar melhor com o mundo (e não serem lidados pelo mundo) utilizando os conteúdos ensinados na escola, mais me convenço de que o centro do trabalho educativo devem ser as relações e não os conteúdos. Não estou dizendo que os conteúdos não sejam importantes, mas se a possibilidade da construção de noções novas está no estabelecimento de relações sobre relações ou coordenações sobre coordenações, o nosso aluno só poderá compreender o que lhe ensinamos se dermos oportunidade para que ele estabeleça relações diversas (muito mais do que aquelas poucas que nós como professores podemos preparar para que ele faça) dos vários aspectos que compõe o conteúdo e do conteúdo com outros conteúdos e situações. Afinal, como Piaget demonstra bem, através de conceitos como o da implicação significante, que são as relações que nos possibilitam dar significação. e essa significação depende portanto das ações que o sujeito executa, que são na verdade interações e não simplesmente da significação apontada pelos outros que o rodeiam. Para finalizar quero reforçar a idéia de que as teorias de Piaget e de Vygotski vão ser importantes para a educação à medida em que nos ajudarem a ver de modo diferente os fenômenos que envolvem a mesma. Elas não são de forma alguma a panacéia dos problemas da educação. No entanto não acredito em nenhum caminho que se possa trilhar na educação, desde a Psicopedagogia, até a gestão escolar que não parta de princípios dialéticos, que entenda que a realidade não é explicável a partir de um esquema simplório de causa/efeito ou antes/depois, mas sim de uma compreensão de que essa realidade se organiza como rede de relações, e que, portanto, toda iniciativa deve ter presente que não terá condições de mudar tudo, mas que não deixará de dar sua marca. É neste sentido que faz-se necessário buscar um complemento para as contribuições desses dois mestres do século XX em outros não menos brilhantes como Freud e Paulo Freire, bem como em tantos outros que nos abrem a perspectiva de uma compreensão dialética dos fenômenos educacionais. Neste sentido não me parece necessário constituir nenhum construtivismo pós ou dêutero-piagetiano, o que precisamos é construir uma teoria pedagógica que dê conta mais proximamente dessa dinâmica da rede, embora a compreensão total dessa rede seja impossível. Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
  • 18. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um não. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Augusto Cury