1) Adotar o estilo de vida americano seria insustentável para o planeta, requerendo recursos de 4,5 Terras.
2) Isso levaria a um aumento dramático nas emissões de carbono e a escassez de recursos como petróleo, água e solo.
3) Alternativas como veículos elétricos, carne cultivada em laboratório e maior reciclagem são necessárias para tornar o estilo de vida globalmente sustentável.
1. por Daniel Schneider
Não daria nem para o começo: precisaríamos de 4,5 Terras para que o mundo não entrasse em colapso.
Como só temos esta aqui, complica. Imagine: nos EUA existe praticamente um carro para cada adulto.
São 231 milhões de veículos, ou 76 carros para cada 100 habitantes. O planeta todo tem 850 milhões de
carros. Se tivesse a proporção dos EUA, seriam 5,12 bilhões, acompanhados da conta em aço, petróleo,
eletricidade e tudo o mais que seria necessário para produzi-los. Um planeta assim consumiria todo o
petróleo que pode haver no nosso pré-sal (150 bilhões de barris) em menos de um ano. E para alimentar
os 7 bilhões de bocas do mundo com a mesma quantidade de carboidratos e proteína que os 307 milhões
de americanos consomem? Dureza: faltaria solo no mundo. Uma alternativa seria turbinar a irrigação. Mas
aí a água, que já está em falta, não daria conta: para fazer a carne de um hambúrguer, por exemplo, vão
11 mil litros d´água (contando o que o boi bebe e o que vai no cultivo de ração). O jeito seria dessalinizar
água do mar. Mas fazer isso consome mais energia do que temos como produzir de forma sustentável
hoje. Quer dizer: ou temos uma revolução tecnológica ou esqueça.
Vai faltar planeta - Com a tecnologia de hoje, um "mundo EUA" seria impossível.
Derretimento global - Se o mundo não reduzir pela metade as emissões até 2050, estima-se, haverá um
aumento de até 7 °C na temperatura média do planeta, com consequências catastróficas. No nosso
“mundo EUA”, em vez de reduzir em 50%, as emissões totais saltariam imediatamente mais de 500%, 10
vezes mais do que o máximo que o planeta pode aguentar sem se transformar num forno.
Alternativa: Substituir todo o carvão e o petróleo por fontes que não emitam CO2.
Faça-se a luz
Para ficar tão iluminado quanto a terra de Obama, o mundo teria de quintuplicar a produção de
eletricidade. O Brasil, por exemplo. Hoje consumimos o equivalente a 4 Itaipus. Para chegar ao patamar
americano, precisaríamos de outras 23.
Alternativa: Como não há potencial hidrelétrico no mundo para dar conta disso, o jeito de obter tanta
energia sem poluir nada seria com a fusão nuclear, que só libera vapor d’água e não usa urânio. A
primeira usina assim sai do papel na próxima década, na França (se a crise deixar).
Fim do petróleo (mesmo)
Os americanos consomem 24,5 barris de petróleo por cabeça a cada ano (contra 4,5 barris na média
mundial). Para produzir os 135 bilhões de barris a mais por ano, seria necessário produzir 338% mais do
que hoje.
Alternativa: Usar o petróleo só como matéria-prima de tecidos e plásticos.
Quase 10 galinhas por habitante
Os americanos consomem 3 vezes mais carne que a média mundial. O único jeito de triplicar a produção
seria fazer carne só a partir de animais confinados, cuja criação não ocupa muito espaço. Mesmo assim, o
sistema digestivo dos bois produziria tantos gases-estufa quanto 150 milhões de carros.
Alternativa: Produzir carne em laboratório a partir da reprodução de células animais (e não de animais
inteiros). As pesquisas já começaram.
E tome ferro
Teríamos que aumentar em 80% a extração de minério de ferro, a matéria-prima do aço. A produção em
200 foi de 1,6 bilhão de toneladas. Para tirar o 1,3 bilhão extra, o mundo precisaria de mais 4 mineradoras
do tamanho da Vale, que é a maior produtora mundial de ferro. As reservas (230 bilhões de toneladas)
aguentariam só mais um século.
Alternativa: Reciclagem.
Agroproblema
O planeta precisaria mais que duplicar a produção de alimentos, mas não há espaço disponível para isso.
Alternativa: Irrigar e fertilizar áreas hoje pouco produtivas (como Israel fez) e investir em engenharia
genética, em busca de vegetais que cresçam melhor.
Texto para debate.