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                                                                                                                                ESPECIAIS
                                                                                                                                25 de Fevereiro de 2010



                                                                                                                                SISTEMAS DE
                                                                                                                                INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA




                                                                                                                                                                                        Tetra Images/Corbis
Este suplemento faz parte integrante do Diário Económico n.º 4827 e não pode ser vendido separadamente




                                                                                                         Como a geografia
                                                                                                         pode impulsionar
                                                                                                         a sua empresa
                                                                                                         G   As principais empresas que desenvolvem soluções geoespaciais em Portugal
                                                                                                         G   Como a formação em sistemas de informação geográfica está a crescer
                                                                                                         G   Como pode ser utilizado um sistema de informação geográfico
II Diário Económico Quinta-feira 25 Fevereiro 2010


   DESTAQUE
    SISTEMAS
       DE
  INFORMAÇÃO
   GEOGRÁFICA



        DE




                                         PORTUGAL NA VAN
                                         DAS TECNOLOGIAS
                                         APESAR DE REGISTAR CRESCIMENTO o mercado de SIG não escapou à crise. No entanto,
                                         da sua utilização. Porque um SIG, quando devidamente desenhado e implementado, pode
                                            Raquel Carvalho
                                            raquel.carvalho@economico.pt


                                         No que respeita a Sistemas de Informação Geo-       Ambiente do Norte Alentejano e Tejo, bem            Santarém, e pela Câmara de Matosinhos.
                                         gráfica (SIG), Portugal está bem e recomenda-       como o projecto ‘ILUPub’ - Melhoria da Efi-         Para o director-geral da Autodesk Portugal, Jor-
                                         se. “Portugal está bastante avançado na área dos    ciência Energética na Iluminação Pública. O         ge Horta, em 2009 “a grande inovação foram os
                                         serviços de informação”. Quem o garante é Pe-       responsável afirma que os novos paradigmas          sistemas geoespaciais para gestão regional”.
                                         dro Sevinate Pinto, director executivo da Geos-     existentes no mercado, como o modelo ‘Softwa-       Para aquele responsável, a iniciativa da Comu-
                                         fera, empresa que distribui SIG. A ideia é parti-   re as a Service’ e o ‘Cloud Computing’, são um      nidade Intermunicipal do Vale do Minho ”é um
                                         lhada por outros profissionais. Segundo Gonça-      bom exemplo de inovação de alto nível, visto        exemplo de integração a todos os níveis das tec-
                                         lo Magalhães Collaço, administrador da ESRI         “serem mais que o recurso a serviços disponibi-     nologias CAD e SIG que iremos ver crescer se-
                                         Portugal, em termos de maturidade, “há inúme-       lizados remotamente via Internet. Já Ricardo        guramente nos próximos anos”. Já Alexandre
                                         ros projectos desenvolvidos em Portugal que se      Armas, Project Manager da Critical Software,        Gomes, director técnico da InfoPortugal desta-
                                         encontram ao nível do que de mais avançado se       sublinha as tecnologias utilizadas na área de in-   ca a aplicação de navegação por GPS Ndrive, a
                                         faz hoje em qualquer parte do mundo”, tanto ao      tegração e cruzamento de dados, que permitem        solução “Sapo Mapas” e a aplicação da Google
                                         nível conceptual, como em capacidade de des-        “integrar dados, cada vez mais completos e pre-     “Builder Maker”..
                                         envolvimento. Pedro Sevinate Pinto afirma que       cisos”. Gonçalo Magalhães Collaço, Adminis-         Apesar da dinâmica, o mercado de SIG tem sen-
                                         se trabalha de “forma energética, competente e      trador da ESRI Portugal escolhe o portal do         tido alguns efeitos da crise. Jorge Horta, garante
                                         com um interesse crescente”, salienta.              IMI, projecto desenvolvido pela Direcção Geral      que, “durante o último ano, houve um claro re-
                                         Exemplos existem muitos. Rui Andrade, CEO           de Informática e Apoio aos Serviços Tributá-        trocesso neste mercado”. Porém, os indicadores
                                         da Novageo Solutions destaca projectos como o       rios e Aduaneiros, mas também o trabalho des-       e os projectos em desenvolvimento “permitem
                                         AREANATejo - Agência Regional de Energia e          envolvido pelos Governos Civis do Porto, e          estimar algum crescimento durante 2010”, diz.
Quinta-feira 25 Fevereiro 2010 Diário Económico III




                                                                                                                  Library of Congress via Bloomberg
                                                                                                                                                      FORUM EMPRESAS
                                                                                                                                                      Qual considera ser a tendência nacional
                                                                                                                                                      no uso de Sistemas de Informação
                                                                                                                                                      Geográfica?




                                                                                                                                                      Novageo Solutions:
                                                                                                                                                      Rui Andrade, CEO
                                                                                                                                                      I “As ferramentas SIG estão a migrar do Desktop
                                                                                                                                                      para a Web. A ubiquidade da Internet assim o
                                                                                                                                                      obriga. A informação só faz sentido se estiver
                                                                                                                                                      disponível sempre e estamos cada vez mais online,
                                                                                                                                                      não fazendo sentido estarmos dependentes do
                                                                                                                                                      computador do escritório ou de casa para
                                                                                                                                                      conseguirmos aceder e alterar informação”.

                                                                                                                                                      ESRI Portugal: Gonçalo Magalhães
                                                                                                                                                      Collaço, Administrador
                                                                                                                                                      I “Ainda há muito para fazer em todos os
                                                                                                                                                      sectores. Mesmo nas áreas onde muito foi já
                                                                                                                                                      desenvolvido. Se tivermos em conta que os SIG
                                                                                                                                                      nos permitem conceptualizar toda a nossa
                                                                                                                                                      acção em novos termos, qualquer área de
                                                                                                                                                      negócio tem um potencial extraordinário. O
                                                                                                                                                      apoio à decisão é uma tendência geral na
                                                                                                                                                      utilização de SIG”.

                                                                                                                                                      Critical Software
                                                                                                                                                      Ricardo Armas, Project Manager
                                                                                                                                                      I “À medida que a recolha e armazenamento
                                                                                                                                                      de dados se intensificam, há uma tendência
                                                                                                                                                      cada vez maior para as entidades procurarem
                                                                                                                                                      formas de explorar e compreender esses dados.
                                                                                                                                                      A percepção de que a exploração dos dados
                                                                                                                                                      recolhidos e armazenados pode ser útil para a
                                                                                                                                                      optimização dos recursos e actividades é
                                                                                                                                                      crescente”.

 O mapa Ricci é o primeiro mapa completo conhecido no mundo e representa a China.
 Foi feito em 1602 por um padre – Matteo Ricci – e está em exposição até Abril ma Livraria                                                            Autodesk Portugal
 do Congresso em Washington.                                                                                                                          Jorge Horta, director geral
                                                                                                                                                      I “Sou bastante crítico quanto à tendência
                                                                                                                                                      actual. Continuamos a ver os SIG a estratificar-
                                                                                                                                                      se em ilhas, ainda com baixo nível de
                                                                                                                                                      consolidação macro e utilizando muito pouco a



GUARDA                                                                                                                                                estruturação dos conteúdos conseguida ao
                                                                                                                                                      nível do CAD. Mas o cenário vai mudar, muito
                                                                                                                                                      devido ao open Source”.

                                                                                                                                                      InfoPortugal:




SIG
                                                                                                                                                      Alexandre Gomes, director técnico
                                                                                                                                                      I “A tendência é para a massificação e
                                                                                                                                                      generalização do seu uso a todas as áreas e
                                                                                                                                                      pessoas, deixando apenas de ser utilizados por
                                                                                                                                                      especialistas. Depois da consolidação da
                                                                                                                                                      informação 3D, o futuro caminha ainda para a
                                                                                                                                                      incrementação da componente 4D, ou seja, adição
                                                                                                                                                      do factor tempo à informação georreferenciada”
espera-se novo impulso este ano, com a massificação
constituir o mais poderoso sistema de apoio à decisão.                                                                                                Geosfera
                                                                                                                                                      Pedro Sevinate Pinto, director executivo
                                                                                                                                                      I “O cliente está cada vez mais consciente
                                                                                                                                                      daquilo que quer. Os SIG deixaram de ser uma
                                                                                                                                                      caixa negra para a maioria das pessoas. Sinto
 Na visão de Gonçalo Magalhães Collaço, esta                 de recursos e mais eficazes nos serviços que                                             que as pessoas procuram muito mais as
 expansão do mercado deve-se ao “reconheci-                  prestam aos cidadãos”. Essa maior consciência                                            aplicações dos servidores e que existe maior
 mento, cada vez mais evidente, que os SIG,                  existe também no sector privado, pelo que a lis-                                         consciência por parte do mercado privado, das
 quando devidamente desenhados e implemen-                   ta é vasta quando se fala na sua utilização nos                                          vantagens dos SIG na estrutura e nos processos
 tados, constituem o mais poderoso sistema de                mais diversos sectores de actividade: geo-                                               internos da empresa”.
 apoio à decisão”.                                           marketing, turismo, saúde, agricultura de preci-
 Em Portugal, “o Estado é, e continuará a ser, o             são, serviços de localização do cliente, gestão de
 principal investidor em SIG”, frisa Rui Andrade.            frotas, transportes, telecomunicações, serviços                                          Sinfic: Paula Calado.
 É, de facto, na Administração Pública (AP) que              públicos de abastecimento de água, electricida-                                          Coordenadora de Equipa da
 impera a esmagadora maioria das soluções. A                 de ou gás, e empresas financeiras, etc..
                                                                                                                                                      Modernização Administrativa
 Sinfic tem SIG para a AP, “principalmente como              Já são muitos os projectos desenvolvidos, mas o                                          I “Os SIG estão a abandonar as fronteiras do
 suporte na gestão de processos”, explica Paula              crescimento deste mercado é ilimitado. Alexan-                                           passado e a transformar-se em sistemas de
 Calado, Coordenadora de Equipa da Moderni-                  dre Gomes garante que os SIG são “o maior                                                informação de pleno direito, integrados com
 zação Administrativa da Sinfic. Segundo a res-              exemplo de globalização tecnológica existente”,                                          outras soluções, sendo aplicados e aplicáveis
 ponsável, “muitos municípios têm projectos de               e ressalva que este mercado tem espaço para                                              em todas as áreas de actividade. Na
 modernização administrativa, mas apenas par-                crescer, “uma vez que nunca o mundo teve tão                                             Administração Pública, os projectos de
 ciais”. Porém, ressalva estar a caminhar-se “para           sedento de informação geográfica. Por isso, es-                                          modernização têm conduzido a um aumento da
 uma consciência da necessidade de moderni-                  tabelecer um limite ao crescimento desta infor-                                          procura de soluções com base em valores de
 zar, para se tornarem mais eficientes em termos             mação seria insensato”, afirma. I                                                        eficiência, transparência e modernidade”.
IV Diário Económico Quinta-feira 25 Fevereiro 2010


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                                        Como um SIG entra no seu dia-
                                        NAS 24 HORAS DO SEU DIA utiliza, directa ou indirectamente, sistemas de informação
                                        estão em todo o lado e o ajudam a si e à sua empresa a funcionar.
                                           Irina Marcelino
                                           irina.marcelino@economico.pt


                                        Tudo - ou quase tudo - tem por trás um sistema                                                        que cada cliente necessita. No final do dia, é fei-
                                        de informação geográfica. Ainda não percebeu      7:45                                                to um balanço de tudo.
                                        como? É melhor apressar-se e começar por ler      Sai de casa e leva o lixo. Pela limpeza, sabe que
                                        já este artigo. Os SIG estão em todo o lado...    os camiões de recolha de resíduos sólidos pas-
                                                                                          saram por ali na noite anterior. Curiosamente,      8:15
                                                                                          os camiões fazem menos barulho do que faziam        Apanha o comboio não sem antes comprar o
                                        7:00                                              há alguns anos. Provavelmente isso deve-se às       jornal. Tanto a transportadora como a empre-
                                        O alarme toca, você levanta-se e acende as lu-    políticas de poupança de combustível das em-        sa de media proprietária do jornal sabem a im-
                                        zes. Tanto o rádio como as luzes em sua casa      presas de resíduos sólidos na sua zona. Entre as    portância de um sistema de informação geo-
                                        funcionam com electricidade, e essa elecrici-     medidas que contribuiram para essa poupança         gráfica. A transportadora porque é através de
                                        dade vem de uma empresa que usa sistemas de       estão os percursos. As empresas utilizam SIG        um que controla, monitoriza e disponibiliza
                                        informação geográfica para gerir os quilóme-      para definir os caminhos a fazer ao pormenor e,     informações sobre as linhas e comboios para
                                        tros e quilómetros de linhas de alta tensão que   com isso, pouparem milhares de euros por ano        si própria e para os seus clientes. A empresa
                                        têm espalhadas por todo o país. Através dos       em combustível.                                     de media porque, através de um sistema de in-
                                        mapas, controla, monitoriza e analisa toda a                                                          formação geográfica sabe localizar os quios-
                                        sua rede.                                                                                             ques e as zonas que mais vendem jornais seus
                                                                                          8:00                                                e, com isso, determinar o tipo, quatidade e lo-
                                                                                          Bebe um café, cuja origem longínqua está algu-      calização do seu marketing. Além disso, com a
                                        7:15                                              res na Costa Rica. A empresa que o comerciali-      ajuda de um SIG, o departamento de circula-
                                        Toma um banho. A água vem de companhias           za, no entanto, é italiana, e tem sistemas de in-   ção conseguirá definir o circuito que vai fazer
                                        que têm a sua rede de distribuição toda mapea-    formação geográfica através dos quais controla      para chegar a todos os pontos de venda essen-
                                        da. Mas não só. É provável que tenham incluído    a origem dos produtores, o transporte dos pro-      ciais.
                                        num sistema de informação geográfica a parte      dutos e a sua chegada em bom estado ao consu-
                                        do serviço ao cliente, resposta de emergência,    midor final. O vendedor que, aliás, costuma ir
                                        manutenção das infraestruturas, entre muitos      vender aquela marca em específico ao café que       13:00
                                        outros aspectos de engenharia ou mesmo ges-       frequenta, leva sempre um PDA com GPS (um           Aproveita a sua hora de almoço para passar na
                                        tão. Também a água dos esgotos que sai para o     tipo de SIG) consigo, no qual a sua empresa es-     farmácia e comprar o protector solar de que
                                        ralo é controlada através de sistemas que sabem   tabeleceu o percurso que deve visitar (para não     precisa para ir à praia neste fim de semana,. Mas
                                        por onde vai e para onde vai.                     perder tempo e dinheiro) e o tipo de produtos       azar dos azares, a marca que quer não há. Já
Quinta-feira 25 Fevereiro 2010 Diário Económico V




                                                      Adrian White/via Bloomberg
                                                                                                                                      O QUE SE PODE FAZER COM UM SIG?
                                                                                      MAPAS QUE AJUDAM
                                                                                      NO HAITI
                                                                                      Em resposta ao terramoto que
                                                                                      atingiu o Haiti no passado dia 12
                                                                                      de Janeiro, o Harvard Center for
                                                                                      Geographic Analysis lançou de
                                                                                      imediato um portal de sistemas de
                                                                                      informação geográfica para ajudar
                                                                                      nos esforços da reconstrução do
                                                                                      Haiti. O site seguiu o modelo de um
                                                                                      outro do género, que foi
                                                                                      desenvolvido depois do terramoto
                                                                                      do ano passado que atingiu a China.
                                                                                      O portal geográfico chamava-se
                                                                                      Earthquake Geospatial Research
                                                                                      Portal, e foi desenvolvido pelo
                                                                                                                                      I 1. Localizar acontecimentos e identificar padrões
                                                                                      Fairbank Center for Chinese Studies.
                                                                                                                                      Olhando para os acontecimentos num mapa, conseguir-se-á identificar, no
                                                                                                                                      território, padrões e tendências. Na imagem, um mapa interactivo de
                                                                                      Foto 1. Eric Alderman e Jean Lucien             terramotos nos EUA,
                                                                                      Ligondé, do Centro de Dados
                                                                                      Harvard MIT estuda o mapa
                                                                                      impresso para a missão da Boston
                                                                                      University.
                                                                                                                                                                               I 2. Descobrir o que tem
                                                                                                                                                                               dentro e o que tem perto
                                                                                      Foto 2. Os mapas são analisados por                                                      Desde que exista informação
                                                                                      especialistas durante e depois das                                                       sobre uma área em específico,
                                                                                                                                                                               pode descobrir-se o que ela tem
                                                                                      primeiras visitas de campo.                                                              dentro e ao redor. Exemplo?
                                                                                                                                                                               Localizar, no mapa de um bairro,
                                                                                      Foto 3. Sempre com mapas à frente,                                                       a incidência criminal e postos de
                                                                                      o discute-se sobre as medidas a                                                          polícia. Ou identificar, ao redor
                                                                                                                                                                               de um rio, qual será a possível
                                                                                      tomar com o presidente haitiano                                                          área atingida por cheias.
                                                                                      René Préval.

                                                                                      Foto 4. Imagem do site, disponível
                                                                                      em www.haiticrisismap.org.                      I 3. Quantificar
                                                                                                                                      Por região, por local, por
                                                                                                                                      prédio, porque não? Com
                                                                                                                                      um SIG, pode quantificar-
                                                                                                                                      se um determinado tema
                                                                                                                                      por região e relacionar as
                                                                                                                                      regiões com maior
                                                                                                                                      incidência entre si. Na
                                                                                                                                      imagem, um mapa que
                                                                                                                                      identifica crianças com


a-dia                                                                                                                                 acompanhamento
                                                                                                                                      pediátrico numa
                                                                                                                                      determinada região.


geográfica. Saiba como é que estes sistemas



 sabe a que farmácia há-de ir: à que fica a cami-
 nho da praia que costuma frequentar. A marca                                      20:30
 em questão sabe, através de sistemas de infor-                                    Acabou de ver no telejornal as notícias sobre a
 mação geográfica que utiliza para definir a sua                                   Madeira. Não espera mais e vai ver como está o
 estratégia de distribuição e marketing, que                                       tempo para este fim de semana por lá. Do mapa
 aquela é a farmácia onde se vendem mais pro-                                      em que se avistam as nuvens que se deslocam
 tectores solares fortes da marca em questão.                                      rapidaemte segue para as imagens de satélite
                                                                                   do Google Earth, onde se consegue ver que es-
                                                                                   tragos fizeram as chuvadas. O Google Earth e o
 17:00                                                                             Google Maps, assim como o SAPO Mapas, são
 No seu local de trabalho, uma companhia de te-                                    alguns dos SIG mais conhecidos do mundo,
 lecomunicações - que também ela controla e                                        tendo, aliás, contribuído para a abertura destes
 monitoriza todos os seus clientes através de                                      sistemas aos utilizadores normais.                 I 4. Localizar alterações
 um SIG - , recebe uma encomenda. Já sabia que                                     Também no jornal ficou a saber que entidades       Ao localizar a movimentação das coisas num período de tempo, consegue-
 ia chegar agora. Veio a acompanhá-la ‘online’                                     como a Protecção Civil ou o INEM têm avança-       se saber como é o seu comportamento. Um meteorologista, por exemplo,
 desde a sua saída de Paris, há dois dias. A em-                                   dos sistemas de informação geográfica através      analisa geograficamente os furacões para conseguir descobrir onde
 presa de ‘courier’ que a trouxe disponibiliza                                     dos quais controla e monitoriza o que acontece     incidirão futuramente. Ou um responsável policial poderá analisar a
 esse serviço e controla as encomendas dos                                         no País.                                           evolução de crimes semanalmente por região, decidindo depois que
                                                                                                                                      profissionais deve enviar para essas zonas e que tipo de acções devem
 seus clientes através de um... sistema de infor-                                                                                     tomar.
 mação geográfica!
                                                                                   23:30
                                                                                   Antes de se ir deitar, pesquisa no portal SAPO
 19:00                                                                             Mapas “Restaurantes de peixe em Peniche” que       I 5. Localizar densidades
 Está a sair tarde e aproveita a boleia de um cole-                                surgem no mapa, com direito a fotografia, nú-      Conseguir identificar, num mapa, o local em específico que tem
 ga seu. No carro, o primeiro aparelho a ligar é o                                 mero de telefone e até a locais de interesse ao    determinadas estatísticas ou padrões num mapa por vezes pode ser difícil.
 GPS, um dos sistemas geoespaciais mais conhe-                                     seu redor. O SAPO Mapas, um dos mais concei-       Através de uma imagem de 3D das densidades, por exemplo, essa
 cidos do mundo. Pelo caminho compram, num                                         tuados sistemas de informação geográfica em        identificação é mais fácil.
 restaurante assinalado pelo aparelho, o jantar                                    Portugal, vai disponibilizar em breve esse tipo
 para levar para as suas respectivas casas.                                        de essa informação geoespacial. I
VI Diário Económico Quinta-feira 25 Fevereiro 2010




O QUE DIZEM
OS EX-ALUNOS                            Mais oferta na
                                        formação responde
MIGUEL TAVARES,
coordenador de SIG
da câmara de Águeda
                                        a procura crescente
I Miguel Tavares, 41 anos,
                                        A ESPECIALIZAÇÃO começa a ser uma tendência
escolheu o Bacharelato em               na formação em sistemas de informação geográfica.
Engenharia Geográfica na
Escola Superior de                         Raquel Carvalho
Tecnologia e Gestão de                     raquel.carvalho@economico.pt
Águeda, que lhe permitiu
“renovar conhecimentos”.                Os Sistemas de Informação geográfica (SIG)            O sucesso destes cursos explicam-se, em parte
Entretanto, tirou duas pós-             estão na moda. A necessidade de aperfeiçoar           pela crescente visibilidade e popularidade des-
graduações, uma em                      conhecimentos e obter novas competências é            tes sistemas, mas também pela cada vez maior
modelação tridimensional                grande e, como não há licenciatura na área, uni-      necessidade por parte das empresas e seus cola-
e uma em SIG municipal,                 versidades e institutos superiores alargam e re-      boradores em saber melhor funcionar com SIG.
por gosto “porque a                     novam o seu leque de cursos.                          Neste contexto, sem dúvida que a implementa-
profissão a isso obriga”.               A formação neste mercado “tem vindo a cres-           ção do acordo de Bolonha, “veio dar resposta a
                                        cer, talvez por haver uma ideia geral de que é        esse aumento de procura, com o aparecimento
                                        uma área com empregabilidade”. Quem o diz é           de vários novos cursos, nomeadamente em po-
                                        José Alberto Gonçalves, professor auxiliar da         litécnicos e universidades privadas”, sublinha
                                        Faculdade de Ciências da Universidade do Por-         José Alberto Gonçalves, que aponta o dedo a al-
                                        to (FCUP). Segundo o responsável, quem mais           guns programas curriculares. De acordo com o
                                        procura estes cursos são “profissionais com           professor auxiliar da FCUP, “nem sempre o per-
                                        competências no domínio dos SIG”. Ideia parti-        fil curricular dos cursos oferecidos permite ob-
                                        lhada por Estima de Oliveira, director da Escola      ter uma formação que vá de encontro ao que o
CAROLINA RODRIGUES,                     Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda             mercado procura”. Os programas são “demasia-
departamento de fotografia
área da Infoportugal                    (ESTGA). Nesta escola, sente-se uma maior             do focados na utilização/exploração acrílica de
                                        procura por parte de quem exerce uma profis-          ‘software’ SIG, havendo lacunas nos conceitos
I Licenciada em                         são nos domínios da engenharia geográfica, in-        subjacentes à produção de informação geográ-
astronomia pela Faculdade               formática e SIG. O que se explica, frisa, pelo fac-   fica e das metodologias de controlo de qualida-
de Ciências da Universidade             to destes cusos “permitirem a aquisição de            de”, acusa, frisando que “muita da formação
do Porto, Carolina                      competências que possibilitarão a concepção e         está enviesada para a aprendizagem do uso do
Rodrigues, de 28 anos,                  implementação de soluções informáticas inte-          ‘software’ com um défice no que respeita aos
soube de um mestrado em                 gradoras de áreas funcionais fundamentais para        conceitos científicos envolvidos na produção e
SIG, que a levou a estagiar             o bom desempenho das organizações”.                   tratamento de informação geográfica”. O res-
na InfoPortugal, onde                   Nesta escola a nova licenciatura em tecnologias       ponsável lamenta ainda a tendência “excessiva-
acabou por ser convidada a              de informação “teve uma forte procura nos seus        mente voltada para o saber fazer e menos para a
ficar a trabalhar.                      três anos de funcionamento, que se traduziu           aprendizagem de conceitos”.
                                        numa média de cerca de 55 alunos por ano”, in-        José Alberto Gonçalves sublinha outras tendên-
                                        forma Estima de Oliveira.                             cias, tais como uma “significativa evolução para
                                        Já na Universidade Lusófona, tem-se assistido a       o uso do ‘software open source’”, que considera
                                        uma diversificação de alunos. “Existe cada vez        “positiva”. Assevera, no entanto, que a explora-
                                        mais procura de formandos que têm ou preten-          ção do ‘software’ “não deve ser o ponto princi-
                                        dem exercer actividades em áreas que até há           pal de uma formação quando se pretende mais
                                        pouco tempo não viam os SIG como uma vanta-           do que preparar exclusivamente técnicos ope-
                                                                                              radores”, garantindo que a FCUP “dá uma visão
PAULO BIANCHI                                                                                 alargada das metodologias de produção e con-
CANDEIAS, técnico
na câmara de Oeiras                     “Existe cada vez mais procura de                      trolo de qualidade da Informação Geográfica”.
                                                                                              A conjugação entre conhecimentos informáti-
I Paulo Bianchi Candeias,               formandos que têm ou pretendem                        cos e geográficos é uma necessidade preemente
de 30 anos, é o único aluno             exercer actividades em áreas que                      de quem trabalha com SIG, pelo que a forma-
português a frequentar o                                                                      ção, no futuro deve ter em conta também esse
programa Erasmus                        até há pouco tempo não viam os                        aspecto. Sobre isto, Estima de Oliveira, director
Mundos em ciências geo-                 SIG como uma vantagem”, refere                        da ESTGA, diz que, no futuro, a formação na
espaciais. O 1º semestre foi                                                                  área dos SIG “tenderá a seguir aquilo que o
em Portugal, no ISEGI e o               Pedro Alves Luis, da Lusófona.                        mercado procura” e que, segundo revela, tem a
2º será na Alemanha, para                                                                     ver com “os aspectos que envolvem a gestão da
onde irá em breve, com o                                                                      informação geográfica por parte das institui-
total apoio da autarquia de                                                                   ções que a produzem, detêm ou dela necessi-
Oeiras, onde trabalha.                                                                        tam”, mas também “a integração crescente dos
                                                                                              SIG com um grande número de outras áreas, o
                                                                                              ‘geomarketing’ baseado em SIG, a absorção ou
                                                                                              integração de outras plataformas e a democrati-
                                                                                              zação do uso de IG com a crescente disponibili-
                                        gem”, refere Pedro Alves Luis, coordenador do         zação da mesma e de aplicações robustas e com
                                        Centro de Estudos do Território em Sistemas           base em ‘open source’”.
                                        de Informação Geográfica daquela universida-          No entanto, tem vindo a dar-se uma viragem no
                                        de, acrescentando que o maior crescimento na          sentido da especialização. Segundo Pedro Alves
DIOGO FONSECA,                          procura tem vindo a ser observado nos últimos         Luis, coordenador do Centro de Estudos do
desempregado mas com
perspectivas de emprego                 três anos. Aqui, “em média no conjunto de to-         Território em Sistemas de Informação Geográ-
                                        dos os cursos e ciclos de estudo são, com certe-      fica da Universidade Lusófona, “cada vez mais
I Com o 12º ano e                       za, acima de uma centena”, afirma.                    as formações são direccionadas para uma área
segurança aeroportuário                 No que toca à FCUP, os cursos na área dos SIG         de actividade e não tanto para formações de ca-
no aeroporto de Lisboa,                 “têm mantido uma procura estável”, diz José Al-       rácter geral”. O responsável afirma sentir a ne-
Diogo Fonseca, de 24 anos,              berto Gonçalves, acrescentando que “requerem          cessidade por parte dos alunos de adquirir co-
quis especializar-se em SIG,            uma formação prévia em áreas da engenharia            nhecimentos relativamente a “novos ‘softwares’
uma área que sempre lhe                 ou em ciências com cariz tecnológico, o que           e ferramentas que carecem de actualização, a        Como não há licenciaturas em SIG,
atraiu. Soube de um curso               restringe um pouco o leque de alunos”. Já na          utilização de técnicas mais avançadas e especia-    as universidades e os institutos superiores
na Lusófona com grau de                 ESTGA, o maior crescimento aconteceu com os           lizadas como a utilização e construção de bases     têm vindo a alargar e a renovar
bacharelato e não hesitou.              cursos de especialização tecnológica como a to-       de dados”, acrescentando haver igualmente           o seu leque de cursos.
Agora procura emprego                   pografia e o desenho assistido por computador         crescente procura em formação na utilização de
com boas perspectivas.                  ou o SIG.                                             ‘softwares’ de ‘open source’. I
Quinta-feira 25 Fevereiro 2010 Diário Económico VII




João Paulo Dias
                                     OPINIÃO

                        A necessidade
                        certificar uma
                          profissão
                                 Ana Maria Fonseca,
                        Presidente do Colégio Nacional de Engenharia
                           Geográfica da Ordem dos Engenheiros



                  Na área dos SIG e de um ponto de vista pro-
                  fissional, devemos dividir os intervenientes
                  entre produtores e utilizadores. Os produto-
                  res são responsáveis pela arquitectura das
                  bases de dados, pela selecção da informação
                  cartográfica e pela consistência espacial e
                  semântica da informação, tendo em vista a
                  utilização que vai ser dada ao SIG. O utiliza-
                  dor vai utilizar o SIG para fazer análises que
                  vão apoiar a tomada de decisões e vai carre-
                  gar para o SIG informação decorrente des-
                  sas análises. São portanto necessárias com-
                  petências diferentes para os produtores e
                  para os utilizadores.
                  Os produtores têm que ter competências ro-
                  bustas na área da produção de informação
                  geográfica numérica e organização de infor-
                  mação em bases de dados; os utilizadores
                  têm que ter competências na área de negó-
                  cio a que o SIG se destina mas também sen-
                  sibilidade para a temática da utilização de
                  cartografia numérica e bases de dados.
                  Em Portugal não existe certificação profis-
                  sional na área dos SIG, ao contrário dos
                  EUA, onde existe um GIS Certification Ins-
                  titute no seio da URISA (Urban and Regio-
                  nal Information Systems Association), que
                  certifica os profissionais de SIG.
                  A certificação da profissão é necessária, se-
                  gundo a URISA, nomeadamente para garantir
                  reconhecimento dos pares de que o profissio-
                  nal de SIG demonstra competência e integri-
                  dade no exercício da profissão; motivar o pro-
                  fissional de SIG para realizar formação contí-
                  nua ao longo da sua vida profissional; assegu-
                  rar um comportamento ético no exercício da
                  profissão e fornecer uma base para dirimir
                  queixas contra profissionais de SIG; apoiar
                  potenciais empregadores no recrutamento de
                  profissionais de SIG; assegurar que aqueles


                      Em Portugal não existe
                     certificação profissional
                   na área dos SIG, ao contrário
                      dos EUA, por exemplo.

                  que produzem informação geográfica detêm
                  um núcleo determinado de conhecimento e
                  competências; apoiar aspirantes a profissio-
                  nais de SIG a escolher uma formação adequa-
                  da; contribuir para o desenvolvimento das
                  Ciências de Informação Geográfica.
                  Os SIG devem ser implementados por equi-
                  pas multidisciplinares, que integrem produ-
                  tores (que conhecem a informação) e utiliza-
                  dores (que conhecem o negócio). Uma equi-
                  pa robusta de SIG deve ter competências em
                  domínios tão diversos como o das Tecnolo-
                  gias Geoespaciais, do Processamento de Da-
                  dos ou dos Fundamentos Conceptuais da
                  Geografia. Nestas equipas os Engenheiros
                  Geógrafos são elementos indispensáveis,
                  dado que como produtores têm competên-
                  cias que não são detidas por mais nenhuma
                  área de formação superior e indispensáveis a
                  uma boa organização da informação e garan-
                  tia da sua qualidade. Aém disso também po-
                  dem ser utilizadores se o SIG se destinar às
                  áreas de negócio dos seus domínios de espe-
                  cialização. Os Engenheiros Geógrafos são os
                  profissionais que com maior facilidade pas-
                  sariam num sistema de certificação. A pro-
                  fissão já é regulamentada a nível europeu e
                  constante da Classificação Nacional das Pro-
                  fissões do Instituto de Emprego e Formação
                  Profissional. I
VIII Diário Económico Quinta-feira 25 Fevereiro 2010




                                        ENTREVISTA MARCO PAINHO, professor catedrático em SIG, no ISEGI, Universidade Nova


                                        “Na área da banca
                                        e seguros há muito a fazer ”
                                        SEGUNDO MARCO PAINHO, estas são algumas das áreas que ainda não
                                        se aperceberam das potencialidades dos SIG para os seus negócios.
                                           Raquel Carvalho




                                                                                                                                                                                                           João Paulo Dias
                                           raquel.carvalho@economico.pt


                                        Professor Catedrático e conhecido especialista
                                        na área dos Sistemas de Informação geográfica
                                        (SIG), no Instituto Superior de Estatística e Ges-
                                        tão de Informação, da Universidade Nova de Lis-
                                        boa, Marco Painho disse ao Diário Económico
                                        acreditar num futuro promissor dos SIG em Por-
                                        tugal. Admitiu haver ainda muito a fazer na área e
                                        defendeu uma licenciatura em geoinformática.

                                        Como caracteriza o mercado de SIG?
                                        O mercado de SIG cresceu muito, sobretudo na
                                        última década. Sofreu no ano passado alguma
                                        quebra em termos de facturação das empresas,
                                        mas avançaram-se alguns projectos novos. Po-
                                        rém, penso que rapidamente se vai recuperar, e,
                                        se a economia não estagnar, o crescimento será
                                        muito grande nos próximos anos, uma vez que
                                        um SIG é uma tecnologia que está cada vez
                                        mais ligada com os sistemas de informação cen-
                                        trais das empresas, já indissociáveis da activida-
                                        de empresarial. Por isso, penso que é uma ques-
Oficializar a                           tão de tempo para a recuperação.

profissão SIG:                          Acha que o que se faz em Portugal em SIG está
Sim ou não?                             ao nível de outros países?
                                        Temos capacidade tecnológica, temos recursos
                                        humanos especializados e empresas no merca-
I Será que existe uma                   do com dimensão suficiente para abarcar gran-
profissão que possa                     des projectos e temos conhecimento para os fa-
reclamar para si os SIG? Os             zer. Mas em termos de utilização, penso que,
Engenheiros Geográfos e                 quando comparados com os Estados Unidos da
os Geográfos reclamam,                  América, sobretudo ao nível das empresas pri-
mas são muitas as                       vadas, temos ainda que dar alguns passos signi-
profissões que utilizam                 ficativos nesta área.
estes sistemas. Marco
Painho considera                        Então onde é que poderiamos evoluir?
interessante a temática ao              Na área da banca e seguros há muito a fazer.
nível “da afirmação da                  Penso que nenhuma das áreas ainda se aperce-
profissão e de se poder                 beu das potencialidades que os SIG têm para a
contratar um técnico ou                 sua actividade. Já utilizam SIG, mas de forma
administrador de SIG”,                  muito simples, pelo que é preciso ir mais além
acreditando que isso                    nas aplicações.
aumentava o
“reconhecimento social”.                Então depreendo que este mercado tem muito
Porém, admite que ao                    por onde crescer em Portugal.
haver a oficialização da                Tem muita margem de crescimento, mesmo no
profissão, o organismo de               mercado autárquico, onde existe maior utiliza-
certificação criaria um                 ção e projectos de muita qualidade. É que ainda
conjunto de regras “que                 há autarquias que não utilizam estes sistemas.
podiam travar o dinamismo
na evolução da profissão, o             Quais as principais tendências e mudanças que
que seria negativo”, diz.               este mercado tem registado?
                               R.C.     Temos que ver esta questão de dois pontos de
                                        vista. Em termos de tecnologia assistimos à pas-     As empresas “podem integrar as infra-estruturas físicas, como um mapa, com informação de clientes”.
                                        sagem de uma utilização baseada no posto de
                                        trabalho, de um técnico especialista, para um
                                        sistema democratizado, em que através da in-         Como caracteriza a formação em SIG em Portu-              E acha que se está a seguir essa tendência?
                                        tranet, as aplicações ficam disponíveis a todos.     gal?                                                      Infelizmente não existem em Portugal licencia-
                                        Do ponto de vista do que se faz com os SIG, há       Há um paralelo entre a formação para SIG - re-            turas na área da geoinformática como existem
                                        uma transição entre a fase onde o SIG era um         portório, listagem, cadastro e a formação para o          noutros países e isso fazia falta. Temos capaci-
                                        inventário de coisas, para a fase em que as apli-    SIG - processo tomada de decisão. Para este úl-           dade para ter entre duas a três licenciaturas na
                                        cações já exigem muita customização de               timo, são precisas pessoas que não só com-                área que formassem reais especialistas em SIG.
                                        software. Passamos do saber o que temos, para        preendam bem estas questões dos dados geo-                O que temos são cursos especializados. E aí, ao
                                        o processo imediato de tomada de decisão.            gráficos, as suas caracteristicas e como funcio-          nível do mestrado, está a caminhar-se para tor-
                                                                                             nam, mas que tenham também fortes conheci-                nar os mestrados que tinham muito compo-
                                        Quais as vantagens que destaca dos SIG para as       mentos informáticos, porque a passagem do                 nente de análise e modelação espacial, para
                                        empresas?                                            SIG - repositório, para o SIG - tomada de deci-           mestrados com componentes tecnlógica mais
                                        O espaço permite relacionar tudo e fazer cruza-      são obriga a customizar, a desenvolver o                  pesadas. Mas ainda é insuficiente, pois muitas
                                        mento de dados e de informação. Por isso a van-      ‘software’ que compramos. Quando integramos               empresas que recrutam pessoas para departa-
                                        tagem para as empresas é ter o espaço como           o SIG no processo de decisão das empresas é               mentos de SIG acabam por ir buscar pessoas
                                        elemento integrador. Podem integrar as infra-        preciso perceber de redes, de internet, de co-            de informática que depois aprendem a parte
                                        estruturas físicas, como um mapa, por exemplo,       municações e portanto o especialista SIG tem              geográfica. Portanto, o ideal é juntar estes dois
                                        com informação de clientes, fluxo de materias,       que ter saber a componente análise espacial,              domínios e o futuro da formação deverá passar
                                        fluxo de clientes, etc..                             mas ter uma forte componente informática.                 por aí. I
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X Diário Económico Quinta-feira 25 Fevereiro 2010




                                                            “O mercado SIG ainda muito ligado aos utilizadores
                                                            do sector público, designadamente às autarquias locais”,
                                                            refere Carlos Mourato Nunes, que afirma ainda: “assiste-se
                                                            hoje à disseminação dos SIG pelo sector privado, onde são
                                                            considerados como sistemas de informação, assumindo
                                                            um importante papel na criação de valor e de vantagens
                                                            competitivas para as empresas”.




                                        ENTREVISTA CARLOS MOURATO NUNES, director geral do Instituto Geográfico Português


                                        “Universo de potenciais utilizadores
                                        é maior no sector privado”
                                        PORTUGAL é um dos países onde a utilização de SIG se encontra mais desenvolvida.
                                        Para Mourato Nunes, pode caracterizar-se este mercado como dinâmico e inovador.
                                           Raquel Carvalho
                                           raquel.carvalho@economico.pt


                                        O Instituto Geográfico Português (IGP) tem                   Mais de 80% do mercado ainda                       Como está o mercado dos SIG em Portugal?
                                        um novo director geral desde Janeiro. Carlos                                                                    Em Portugal a área dos SIG sempre foi muito di-
                                        Mourato Nunes falou ao Diário Económico so-                  está centrado na Administração                     nâmica e inovadora, designadamente ao nível do
                                        bre as metas a atingir frente ao IGP e o que pen-            Pública, mas assiste-se a uma                      sector público, mas também ao nível do sector
                                        sa do actual momento do mercado e das pers-                                                                     privado, pelo que se pode considerar como um
                                        pectivas de futuro.                                          disseminação dos SIG no privado.                   dos países onde a utilização dos SIG se encontra
                                                                                                                                                        mais desenvolvida. O mercado SIG está ainda
                                        Qual o balanço que faz do papel que o IGP tem                                                                   muito ligado aos utilizadores do sector público,
                                        tido no desenvolvimento e divulgação dos Siste-                                                                 designadamente às autarquias locais. Por outro
                                        mas de Informação Geográfica (SIG) em Portugal?                                                                 lado, assiste-se hoje à disseminação dos SIG pelo
                                        O IGP assume um papel preponderante na                                                                          sector privado, onde são considerados como sis-
                                        promoção e divulgação da Informação Geo-                                                                        temas de informação, assumindo um importante
                                        gráfica e das respectivas tecnologias em Por-                                                                   papel na criação de valor e de vantagens compe-
                                        tugal. Faz a coordenação do Sistema Nacional                                                                    titivas para as empresas. Em termos de evolução
                                        de Informação Geográfica (SNIG). Nesta                                                                          existem grandes esperanças para o futuro próxi-
                                        qualidade, tem participado em projectos na-                                                                     mo com os investimentos a realizar no âmbito do
                                        cionais e internacionais, visando dotar o país                                                                  cadastro predial, designadamente para a consti-
                                        das infra estruturas de informação mais ade-                                                                    tuição e operacionalização SiNErGIC.
                                        quadas, promover o desenvolvimento do
                                        mercado e disseminar o conhecimento sobre                                                                       Este mercado tem ainda espaço para crescer?
                                        a informação geográfica e tecnologias asso-                                                                     Diria que mais de 80% do mercado ainda está
                                        ciadas. Está empenhado na criação do projec-                                                                    centrado na Administração Pública. É e será um
                                        to SiNErGIC (Sistema Nacional de Explora-                                                                       segmento importante para o mercado de Infor-
                                        ção e Gestão de Informação Cadastral), que                   Quais são os seus objectivos à frente do IGP?      mação Geográfica, mas importa reter que o uni-
                                        vai dotar o país de um sistema de informação                 Trabalhar para que o IGP imponha a sua pre-        verso de potenciais utilizadores é substancial-
                                        para a gestão e exploração de informação ca-                 sença pela qualidade, iniciativa, e participação   mente maior no sector privado. É aqui que se
                                        dastral, bem como na criação de uma Rede                     em projectos de âmbito nacional e internacio-      têm vindo a registar significativos avanços. A
                                        Nacional de Estações Permanentes (ReNEP),                    nal. Farei com que o papel nuclear do Instituto    crescente disponibilização de dados e ferra-
                                        que será um grande contributo para o apoio                   como Autoridade Nacional de Geodesia, Carto-       mentas acessíveis, conjugada com a natural
                                        ao trabalho de campo, para a produção regu-                  grafia e Cadastro seja concretizado e tentarei     apetência dos portugueses pela adopção da tec-
                                        lar de coberturas ortofotocartográficas, e para              reforçar a área de investigação e desenvolvi-      nologia, estão na base do desenvolvimento de
                                        a abertura do mercado aos agentes privados                   mento em ciências e tecnologias de informação      vários projectos empresariais de exploração
                                        na produção de cartografia.                                  geográfica.                                        conteúdos geográficos. I
Quinta-feira 25 Fevereiro 2010 Diário Económico XI




      Paulo Alexandre Coelho
                               “Portugal é exemplo mundial”
                               O futuro dos SIG passa por “soluções integradas”.
                               Como compara o mercado de SIG nacional com          grar no quotidiano das organizações.
                               o mercado mundial, e por exemplo, com a vizi-       As soluções inovadoras com informação geo-
                               nha Espanha?                                        gráfica distinguem-se: pela sua capacidade de
                               Dada a dimensão dos dois países, o mercado          resposta às necessidades e à dinâmica de trans-
                               nacional é, naturalmente, menor que o da vizi-      formação das organizações; pelo nível de inte-
                               nha Espanha, embora a respectiva proporciona-       gração funcional com outros sistemas de infor-
                               lidade não seja directa, isto porque a adopção      mação existentes, nomeadamente a gestão do-
                               precoce da Informação Geográfica e das tecno-       cumental, processual ou mesmo financeira, daí
                               logias de informação que lhe estão associadas       a importância da adopção de standards e nor-
                               sempre fez de Portugal um exemplo a nível           mas de qualidade. A possibilidade de publicar
                               mundial.                                            informação na web, por via da implementação de
                               Sublinho que, o nosso sector público, central e     soluções webSIG, veio permitir às organizações
                               local, se encontra bem apetrechado de meios e       disponibilizar informação geográfica e serviços
                               recursos humanos capazes de dinamizar pro-          ‘online’, pesquisar um ponto de interesse utilizan-
                               jectos baseados em informação geográfica.           do um critério geográfico, consultar a informa-
                               Os municípios portugueses têm vindo a fazer,        ção de um Plano Director Municipal, obter uma
                               por força das suas inúmeras e diversificadas        planta de localização, georeferenciar uma recla-
                               atribuições e competências, uma aposta forte        mação ou sugestão.
                               nesta tecnologia, promovendo a implementa-
                               ção de soluções transversais de suporte à gestão    Qual a tendência nacional no uso de SIG dos úl-
                               nas suas diversas áreas de actuação.                timos anos a esta parte?
                                                                                   Apostar em soluções SIG integradas, ajustadas às
                               Quais as novidades mais inovadoras que destaca      necessidades e exigências das organizações (pú-
                               deste mercado?                                      blicas ou privadas), na perspectiva da melhoria
                               A adequação das soluções às necessidades dos        dos processos de gestão interna, do incremento
                               seus utilizadores, externos e internos, é o prin-   da qualidade do serviço prestado e da integração
                               cipal factor de destaque que importa reter das      e articulação entre os principais actores do pro-
                               soluções mais inovadoras.                           cesso de modernização administrativa.
                               O valor do investimento, a tecnologia, o volume     Acredito que se irá manter o alinhamento do
                               de dados, os utilizadores, são parâmetros im-       desenvolvimento dos SIG segundo três eixos, a
                               portantes para caracterizar as soluções SIG,        saber: alargamento a novas áreas; adopção de
                               mas o seu grau de sucesso deve ser sobretudo        tecnologias ‘open source’ e incorporação no
                               medido pela forma como se conseguem inte-           dia-a-dia das organizações e do cidadão. I

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XII Diário Económico Quinta-feira 25 Fevereiro 2010




                                                                                                                                                                                              Jason Alden/Bloomberg
É provavelmente um dos SIG mais conhecidos do mundo: o GPS é mais do que um mero localizador.




                                        SNIG reconhecido com prémio
                                        europeu de boas práticas
                                        LANÇADO HÁ 20 ANOS o SNIG é a infra-estrutura nacional de dados espaciais que
                                        primeiro disponibilizou dados na Internet em conformidade com a directiva Inspire.
                                           Raquel Carvalho
                                           raquel.carvalho@economico.pt


I ANIVERSÁRIO                           O Sistema Nacional de Informação Geográfica        ral do IGP. que salienta o facto desta aposta já   De salientar que Portugal não tem um cadastro
                                        (SNIG) completou no passado dia 13 de Feverei-     ter colhido frutos: “o SNIG acaba de ser reco-     geográfico, daí a importância do SiNErGIC.
O Sistema Nacional                      ro, 20 anos. O SNIG é a infra-estrutura nacional   nhecido internacionalmente com um prémio           A directiva Inspire, aprovada em 2007, tem
de Informação                           de dados espaciais, tendo sido pioneira na dis-    europeu de boas-prácticas, atribuído no âmbito     como objectivo a criação de uma Infra-estrutu-
Geográfica começou                      ponibilização de dados na Internet em 1995.        do projecto eSDI-NETplus”.                         ra Europeia de Informação Geográfica, através
há duas décadas.                        “Constitui-se como uma rede de partilha de da-     Para o responsável, este é um “importante reco-    da articulação das infra-estruturas dos Estados-
                                        dos e serviços, congregando produtores e utili-    nhecimento na conjuntura actual em que se en-      membros, encontrando-se já transposta para o


20                                      zadores de informação geográfica para um
                                        mesmo fim, a promoção da utilização da Infor-
                                        mação Geográfica em Portugal”, explica Mou-
                                        rato Nunes, director-geral do Instituto Geográ-
                                        fico Português (IGP), entidade que gere, pro-
                                        move, coordena e acompanha os trabalhos do
                                                                                           contra em desenvolvimento a infra-estrutura de
                                                                                           dados espaciais europeia”.



                                                                                           O SNIG é um relevante suporte ao
                                                                                                                                              ordenamento jurídico nacional.
                                                                                                                                              Mourato Nunes esclarece que a Directiva “foi
                                                                                                                                              inicialmente gizada para servir de suporte às in-
                                                                                                                                              tervenções na área do ambiente, mas rapida-
                                                                                                                                              mente tem vindo a ser assumida como base
                                                                                                                                              orientadora para os restantes sectores”.
                                        geoportal.                                         funcionamento das estruturas                       Os trabalhos estão ainda a ser realizados, sendo
                                        O responsável classifica este sistema como “um                                                        que os mesmos são, segundo caracteriza o pre-
                                        projecto pioneiro e inovador tanto a nível euro-   administrativas do país, visto                     sidente do IGP, ” longos e detalhados”, esten-
                                        peu como mundial”.                                 permitir a partilha de dados e                     dendo-se até 2019.
                                        O SNIG representa um alicerce primordial para                                                         No final, garante que Portugal sairá a ganhar,
                                        a implementação da Directiva Inspire (Infras-      serviços de informação geográfica                  uma vez que a directiva “irá proporcionar um
                                        tructure for Spatial Information in Europe) que                                                       eficaz acesso e manipulação de informação
                                        tem por objectivo a criação da IDE Europeia.                                                          geográfica de várias fontes, seja em termos de
                                        Tendo em conta a directiva, 2006 foi um ano de                                                        escala, seja em termos temáticos”.
                                        viragem. Foi nessa altura que se iniciou uma                                                          Mourato Nunes realça ainda, “o papel rele-
                                        nova fase do SNIG com um modelo conceptual                                                            vante do IGP, enquanto National Contact
                                        em conformidade com os princípios e normati-                                                          Point”, uma vez que compete ao instituto fa-
                                        vos estabelecidos pela Inspire, em vigor desde                                                        zer “a articulação da comunicação entre Por-
                                        15 de Maio de 2007 e já transporta para a ordem                                                       tugal, as suas instituições, e a Comissão Euro-
                                        jurídica nacional através do Decreto-Lei                                                              peia”, frisa.
                                        nº180/2009, de 7 de agosto.                        Mas não só. Mourato Nunes vê este prémio           Segundo explica, este “é um processo eminen-
                                        Mas este sistema tem outro relevante papel. É      igualmente como “um incentivo para continuar       temente colaborativo” que tem vindo a ser des-
                                        um importante suporte ao funcionamento das         a desenvolver e implementar a orientação es-       envolvido no seio do recém-criado Conselho de
                                        estruturas administrativas do país. Consciente     tratégica seguida pelo IGP para construir infra-   Orientação do SNIG, uma estrutura inter-insti-
                                        dessa importância, o IGP “tem vindo a efectuar     estruturas de dados espaciais de suporte à mo-     tucional, que congrega 12 entidades públicas,
                                        uma aposta contínua, desde 2002, na renovação      dernização administrativa de Portugal, das         com o objectivo de assegurar a coordenação es-
                                        e consolidação do SNIG”, afirma o director-ge-     quais se destacam o SNIG e o SiNErGIC”.            tratégica do Sistema. I
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XIV Diário Económico Quinta-feira 25 Fevereiro 2010




                                                                         Jim Young / Reuters
                                                                                               Uma revolução
                                                                                               no ‘software’
                                                                                               geoespacial livre
                                                                                               O ‘OPEN SOURCE’ – ou ‘software livre’ – chegou aos
                                                                                               sistemas de informação geográfica e veio para ficar.
                                                                                                 Irina Marcelino e Raquel Carvalho
                                                                                                 irina.marcelino@economico.pt


                                                                                               ‘Open source’. São estas duas palavras que pro-      a ser uma tendência”. E garante: “Existem secto-
                                                                                               metem mudar o panorama dos sistemas de in-           res onde claramente já representa a melhor al-
                                                                                               formação geográfica em Portugal e no mundo.          ternativa”. A própria Autodesk, que desenvolve
                                                                                               O ‘open source’ veio abrir o mercado dos SIG à       e comercializa ‘software’ próprio, tem mesmo
                                                                                               generalidade dos potenciais utilizadores e per-      optado pela doação para ‘software’ livre. “Há
                                                                                               mitiu que “muitas empresas podem desenvol-           três anos, quando terminou de desenvolver o
                                                                                               ver as suas soluções de SIG sem ficarem reféns       MapGuide Enterprise , ofereceu-o de imediato
                                                                                               dos grandes fornecedores deste mercado e da          à Fundação OSGeo em ‘open source’, dando ori-
                                                                                               sua tecnologia proprietária”, explicou, ao Diário    gem ao MapGuide Open Source”, lembra. Mas a
                                                                                               Económico, um especialista em SIG, que garan-        Autodesk não se ficou por aqui. Um ano mais
                                                                                               te: “o ‘open source’ permitiu revolucionar o         tarde colocou também como ‘software’ livre a
                                                                                               mercado do lado da oferta”. Isto apesar de mes-      sua tecnologia FDO – Feature Data Objects.
                                                                                               mo as grandes empresas também estarem a op-          A desvantagem do ‘software’ livre para o utiliza-
                                                                                               tar pelo ‘software’ livre para o desenvolvimento     dor final é a falta de apoio no desenvolvimento
                                                                                               dos seus produtos. É o caso da NovaGeo ou            de projectos, que um ‘software’ comercial em
                                                                                               mesmo da Esri. “Do ponto de vista de quem            princípio garante, lembra Francisco Cardoso.
                                                                                               desenvolve produtos que são uma integração           Gonçalo Magalhães Collaço concorda e destaca
                                                                                               de várias tecnologias de base, o aparecimento        ainda o facto de nem sempre os ‘softwares’ livre
                                                                                               destas permite desenvolver aplicações com            seguirem os ‘standards’ da indústria, ou seja,
                                                                                               uma qualidade igual ou maior do que desenvol-        “da observação de todas as normas” que permi-
                                                                                               vendo sobre tecnologias proprietárias”, explica      tem a integração da informação” geográfica. E
                                                                                               Rui Andrade, o CEO da NovaGeo Solutions,             defende: em projectos empresariais desenvolvi-
                                                                                               que deixa dois grandes exemplos de ‘software’        dos de raiz não é aconselhável a utilização de
                                                                                               geográfico livre bem sucedidos: o                    ‘open source’.
                                                                                               PostgreSQL/Postgis (SGBD geoespacial) e o            Jorge Horta conclui: “o recurso às comunidades
                                                                                               MapServer (gerador de mapas). “Do ponto de           informais para fazer crescer os negócios, como
                                                                                               vista de quem desenvolve produtos que são            é o caso da comunidade open souce é, desde há
                                                                                               uma integração de várias tecnologias de base, o      muito, uma estratégia estudada, reconhecida e
                                                                                               aparecimento destas ferramentas permite des-         utilizada com êxito em muitos sectores empre-
                                                                                               envolver aplicações com uma qualidade igual          sariais. Assim, apoiada no necessário bom sen-
                                                                                               ou maior do que desenvolvendo sobre tecnolo-         so, deve ser acarinhada e potenciada, já que irá
                                                                                               gias proprietárias”, diz, ainda, Rui Andrade, que    representar cada vez mais um activo de valor na
                                                                                               destaca o facto de, desta forma, os custos para      comunidade global”. I
                                                                                               empresas e clientes ser menor: “permite ofere-
                                                                                               cer mais a um custo idêntico ou a um valor mais
                                                                                               reduzido”.
                                                                                               Mais longe vai Gonçalo Magalhães Collaço, ad-        O ‘open source’ trouxe à
                                                                                               ministrador da ESRI Portugal. A empresa, que         comunidade SIG “uma nova
                                                                                               desenvolve e comercializa ‘software’ próprio,
                                                                                               também utiliza soluções em ‘open source’ que,        geração de entusiastas” e “uma
                                                                                               refere, “não trouxe desvantagem alguma ao            extensa rede de programadores”
                                                                                               mercado. A começar pelo facto de o ‘open sour-
                                                                                               ce’ ter trazido à comunidade SIG “uma nova ge-       que desenvolvem ‘softwares’ que,
                                                                                               ração de entusiastas” e “uma extensa rede de         “noutras circunstâncias, nenhuma
                                                                                               programadores” que desenvolvem softwares
                                                                                               que, “noutras circunstâncias, nenhuma outra          outra grande empresa se poderia
                                                                                               grande empresa se poderia dar ao luxo de reali-      dar ao luxo de realizar nos
                                                                                               zar nos mesmos termos”. Para Magalhães Colla-
                                                                                               ço, a contribuição destes projectos é “inestimá-     mesmos termos”, afirma Gonçalo
                                                                                               vel”. No caso da Esri, o ‘open source’ veio ajudar   Magalhães Collaço, da Esri.
                                                                                               a que a empresa se concentrasse no “desenvol-
                                                                                               vimento de uma tecnologia cada vez mais sofis-
                                                                                               ticada e no desenvolvimento de projectos cada
                                                                                               vez mais complexos e de maior dimensão”.
                                                                                               A oportunidade de desenvolver mais e melho-
                                                                                               res serviços à medida, adaptados às necessida-
                                                                                               des das organizações é uma das vantagens que
                                                                                               as empresas de sistemas de informação geográ-
                                                                                               fica passaram a ter. “Como gastam menos di-
                                                                                               nheiro na compra de ‘software’ comercial, pas-
                                                                                               saram a poder dedicar-se mais ao fornecimento
  DE ONDE VÊM OS TWITTS?                                                                       de serviços orientados para as necessidades de
  O Google criou vários serviços úteis nos Jogos Olímpicos de Inverno,                         cada cliente”, explica Francisco Cardoso, coor-
  e os sistemas de informação geográfica não ficaram de fora. E para                           denador do Gabinete de Informação Geográfi-
  que os seus serviços - que incluem o mapeamento das mensagens                                ca da Câmara Municipal do Montijo, que desta-
  Twitter enviadas em determinado momento (na foto em baixo) -                                 ca, em Portugal, o projecto Sapo Mapas como
                                                                                               um dos desenvolvidos com ‘software’ livre com
  sejam os melhores, a empresa chegou a levar um ‘jet-ski’ equipado
                                                                                               maior relevo.
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                                                                                               source deixou de ser um fenómeno para passar
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Suplemento Diário Económico (2010-02-25)

  • 1. PROJECTOS ESPECIAIS 25 de Fevereiro de 2010 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA Tetra Images/Corbis Este suplemento faz parte integrante do Diário Económico n.º 4827 e não pode ser vendido separadamente Como a geografia pode impulsionar a sua empresa G As principais empresas que desenvolvem soluções geoespaciais em Portugal G Como a formação em sistemas de informação geográfica está a crescer G Como pode ser utilizado um sistema de informação geográfico
  • 2. II Diário Económico Quinta-feira 25 Fevereiro 2010 DESTAQUE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA DE PORTUGAL NA VAN DAS TECNOLOGIAS APESAR DE REGISTAR CRESCIMENTO o mercado de SIG não escapou à crise. No entanto, da sua utilização. Porque um SIG, quando devidamente desenhado e implementado, pode Raquel Carvalho raquel.carvalho@economico.pt No que respeita a Sistemas de Informação Geo- Ambiente do Norte Alentejano e Tejo, bem Santarém, e pela Câmara de Matosinhos. gráfica (SIG), Portugal está bem e recomenda- como o projecto ‘ILUPub’ - Melhoria da Efi- Para o director-geral da Autodesk Portugal, Jor- se. “Portugal está bastante avançado na área dos ciência Energética na Iluminação Pública. O ge Horta, em 2009 “a grande inovação foram os serviços de informação”. Quem o garante é Pe- responsável afirma que os novos paradigmas sistemas geoespaciais para gestão regional”. dro Sevinate Pinto, director executivo da Geos- existentes no mercado, como o modelo ‘Softwa- Para aquele responsável, a iniciativa da Comu- fera, empresa que distribui SIG. A ideia é parti- re as a Service’ e o ‘Cloud Computing’, são um nidade Intermunicipal do Vale do Minho ”é um lhada por outros profissionais. Segundo Gonça- bom exemplo de inovação de alto nível, visto exemplo de integração a todos os níveis das tec- lo Magalhães Collaço, administrador da ESRI “serem mais que o recurso a serviços disponibi- nologias CAD e SIG que iremos ver crescer se- Portugal, em termos de maturidade, “há inúme- lizados remotamente via Internet. Já Ricardo guramente nos próximos anos”. Já Alexandre ros projectos desenvolvidos em Portugal que se Armas, Project Manager da Critical Software, Gomes, director técnico da InfoPortugal desta- encontram ao nível do que de mais avançado se sublinha as tecnologias utilizadas na área de in- ca a aplicação de navegação por GPS Ndrive, a faz hoje em qualquer parte do mundo”, tanto ao tegração e cruzamento de dados, que permitem solução “Sapo Mapas” e a aplicação da Google nível conceptual, como em capacidade de des- “integrar dados, cada vez mais completos e pre- “Builder Maker”.. envolvimento. Pedro Sevinate Pinto afirma que cisos”. Gonçalo Magalhães Collaço, Adminis- Apesar da dinâmica, o mercado de SIG tem sen- se trabalha de “forma energética, competente e trador da ESRI Portugal escolhe o portal do tido alguns efeitos da crise. Jorge Horta, garante com um interesse crescente”, salienta. IMI, projecto desenvolvido pela Direcção Geral que, “durante o último ano, houve um claro re- Exemplos existem muitos. Rui Andrade, CEO de Informática e Apoio aos Serviços Tributá- trocesso neste mercado”. Porém, os indicadores da Novageo Solutions destaca projectos como o rios e Aduaneiros, mas também o trabalho des- e os projectos em desenvolvimento “permitem AREANATejo - Agência Regional de Energia e envolvido pelos Governos Civis do Porto, e estimar algum crescimento durante 2010”, diz.
  • 3. Quinta-feira 25 Fevereiro 2010 Diário Económico III Library of Congress via Bloomberg FORUM EMPRESAS Qual considera ser a tendência nacional no uso de Sistemas de Informação Geográfica? Novageo Solutions: Rui Andrade, CEO I “As ferramentas SIG estão a migrar do Desktop para a Web. A ubiquidade da Internet assim o obriga. A informação só faz sentido se estiver disponível sempre e estamos cada vez mais online, não fazendo sentido estarmos dependentes do computador do escritório ou de casa para conseguirmos aceder e alterar informação”. ESRI Portugal: Gonçalo Magalhães Collaço, Administrador I “Ainda há muito para fazer em todos os sectores. Mesmo nas áreas onde muito foi já desenvolvido. Se tivermos em conta que os SIG nos permitem conceptualizar toda a nossa acção em novos termos, qualquer área de negócio tem um potencial extraordinário. O apoio à decisão é uma tendência geral na utilização de SIG”. Critical Software Ricardo Armas, Project Manager I “À medida que a recolha e armazenamento de dados se intensificam, há uma tendência cada vez maior para as entidades procurarem formas de explorar e compreender esses dados. A percepção de que a exploração dos dados recolhidos e armazenados pode ser útil para a optimização dos recursos e actividades é crescente”. O mapa Ricci é o primeiro mapa completo conhecido no mundo e representa a China. Foi feito em 1602 por um padre – Matteo Ricci – e está em exposição até Abril ma Livraria Autodesk Portugal do Congresso em Washington. Jorge Horta, director geral I “Sou bastante crítico quanto à tendência actual. Continuamos a ver os SIG a estratificar- se em ilhas, ainda com baixo nível de consolidação macro e utilizando muito pouco a GUARDA estruturação dos conteúdos conseguida ao nível do CAD. Mas o cenário vai mudar, muito devido ao open Source”. InfoPortugal: SIG Alexandre Gomes, director técnico I “A tendência é para a massificação e generalização do seu uso a todas as áreas e pessoas, deixando apenas de ser utilizados por especialistas. Depois da consolidação da informação 3D, o futuro caminha ainda para a incrementação da componente 4D, ou seja, adição do factor tempo à informação georreferenciada” espera-se novo impulso este ano, com a massificação constituir o mais poderoso sistema de apoio à decisão. Geosfera Pedro Sevinate Pinto, director executivo I “O cliente está cada vez mais consciente daquilo que quer. Os SIG deixaram de ser uma caixa negra para a maioria das pessoas. Sinto Na visão de Gonçalo Magalhães Collaço, esta de recursos e mais eficazes nos serviços que que as pessoas procuram muito mais as expansão do mercado deve-se ao “reconheci- prestam aos cidadãos”. Essa maior consciência aplicações dos servidores e que existe maior mento, cada vez mais evidente, que os SIG, existe também no sector privado, pelo que a lis- consciência por parte do mercado privado, das quando devidamente desenhados e implemen- ta é vasta quando se fala na sua utilização nos vantagens dos SIG na estrutura e nos processos tados, constituem o mais poderoso sistema de mais diversos sectores de actividade: geo- internos da empresa”. apoio à decisão”. marketing, turismo, saúde, agricultura de preci- Em Portugal, “o Estado é, e continuará a ser, o são, serviços de localização do cliente, gestão de principal investidor em SIG”, frisa Rui Andrade. frotas, transportes, telecomunicações, serviços Sinfic: Paula Calado. É, de facto, na Administração Pública (AP) que públicos de abastecimento de água, electricida- Coordenadora de Equipa da impera a esmagadora maioria das soluções. A de ou gás, e empresas financeiras, etc.. Modernização Administrativa Sinfic tem SIG para a AP, “principalmente como Já são muitos os projectos desenvolvidos, mas o I “Os SIG estão a abandonar as fronteiras do suporte na gestão de processos”, explica Paula crescimento deste mercado é ilimitado. Alexan- passado e a transformar-se em sistemas de Calado, Coordenadora de Equipa da Moderni- dre Gomes garante que os SIG são “o maior informação de pleno direito, integrados com zação Administrativa da Sinfic. Segundo a res- exemplo de globalização tecnológica existente”, outras soluções, sendo aplicados e aplicáveis ponsável, “muitos municípios têm projectos de e ressalva que este mercado tem espaço para em todas as áreas de actividade. Na modernização administrativa, mas apenas par- crescer, “uma vez que nunca o mundo teve tão Administração Pública, os projectos de ciais”. Porém, ressalva estar a caminhar-se “para sedento de informação geográfica. Por isso, es- modernização têm conduzido a um aumento da uma consciência da necessidade de moderni- tabelecer um limite ao crescimento desta infor- procura de soluções com base em valores de zar, para se tornarem mais eficientes em termos mação seria insensato”, afirma. I eficiência, transparência e modernidade”.
  • 4. IV Diário Económico Quinta-feira 25 Fevereiro 2010 1 2 3 4 Como um SIG entra no seu dia- NAS 24 HORAS DO SEU DIA utiliza, directa ou indirectamente, sistemas de informação estão em todo o lado e o ajudam a si e à sua empresa a funcionar. Irina Marcelino irina.marcelino@economico.pt Tudo - ou quase tudo - tem por trás um sistema que cada cliente necessita. No final do dia, é fei- de informação geográfica. Ainda não percebeu 7:45 to um balanço de tudo. como? É melhor apressar-se e começar por ler Sai de casa e leva o lixo. Pela limpeza, sabe que já este artigo. Os SIG estão em todo o lado... os camiões de recolha de resíduos sólidos pas- saram por ali na noite anterior. Curiosamente, 8:15 os camiões fazem menos barulho do que faziam Apanha o comboio não sem antes comprar o 7:00 há alguns anos. Provavelmente isso deve-se às jornal. Tanto a transportadora como a empre- O alarme toca, você levanta-se e acende as lu- políticas de poupança de combustível das em- sa de media proprietária do jornal sabem a im- zes. Tanto o rádio como as luzes em sua casa presas de resíduos sólidos na sua zona. Entre as portância de um sistema de informação geo- funcionam com electricidade, e essa elecrici- medidas que contribuiram para essa poupança gráfica. A transportadora porque é através de dade vem de uma empresa que usa sistemas de estão os percursos. As empresas utilizam SIG um que controla, monitoriza e disponibiliza informação geográfica para gerir os quilóme- para definir os caminhos a fazer ao pormenor e, informações sobre as linhas e comboios para tros e quilómetros de linhas de alta tensão que com isso, pouparem milhares de euros por ano si própria e para os seus clientes. A empresa têm espalhadas por todo o país. Através dos em combustível. de media porque, através de um sistema de in- mapas, controla, monitoriza e analisa toda a formação geográfica sabe localizar os quios- sua rede. ques e as zonas que mais vendem jornais seus 8:00 e, com isso, determinar o tipo, quatidade e lo- Bebe um café, cuja origem longínqua está algu- calização do seu marketing. Além disso, com a 7:15 res na Costa Rica. A empresa que o comerciali- ajuda de um SIG, o departamento de circula- Toma um banho. A água vem de companhias za, no entanto, é italiana, e tem sistemas de in- ção conseguirá definir o circuito que vai fazer que têm a sua rede de distribuição toda mapea- formação geográfica através dos quais controla para chegar a todos os pontos de venda essen- da. Mas não só. É provável que tenham incluído a origem dos produtores, o transporte dos pro- ciais. num sistema de informação geográfica a parte dutos e a sua chegada em bom estado ao consu- do serviço ao cliente, resposta de emergência, midor final. O vendedor que, aliás, costuma ir manutenção das infraestruturas, entre muitos vender aquela marca em específico ao café que 13:00 outros aspectos de engenharia ou mesmo ges- frequenta, leva sempre um PDA com GPS (um Aproveita a sua hora de almoço para passar na tão. Também a água dos esgotos que sai para o tipo de SIG) consigo, no qual a sua empresa es- farmácia e comprar o protector solar de que ralo é controlada através de sistemas que sabem tabeleceu o percurso que deve visitar (para não precisa para ir à praia neste fim de semana,. Mas por onde vai e para onde vai. perder tempo e dinheiro) e o tipo de produtos azar dos azares, a marca que quer não há. Já
  • 5. Quinta-feira 25 Fevereiro 2010 Diário Económico V Adrian White/via Bloomberg O QUE SE PODE FAZER COM UM SIG? MAPAS QUE AJUDAM NO HAITI Em resposta ao terramoto que atingiu o Haiti no passado dia 12 de Janeiro, o Harvard Center for Geographic Analysis lançou de imediato um portal de sistemas de informação geográfica para ajudar nos esforços da reconstrução do Haiti. O site seguiu o modelo de um outro do género, que foi desenvolvido depois do terramoto do ano passado que atingiu a China. O portal geográfico chamava-se Earthquake Geospatial Research Portal, e foi desenvolvido pelo I 1. Localizar acontecimentos e identificar padrões Fairbank Center for Chinese Studies. Olhando para os acontecimentos num mapa, conseguir-se-á identificar, no território, padrões e tendências. Na imagem, um mapa interactivo de Foto 1. Eric Alderman e Jean Lucien terramotos nos EUA, Ligondé, do Centro de Dados Harvard MIT estuda o mapa impresso para a missão da Boston University. I 2. Descobrir o que tem dentro e o que tem perto Foto 2. Os mapas são analisados por Desde que exista informação especialistas durante e depois das sobre uma área em específico, pode descobrir-se o que ela tem primeiras visitas de campo. dentro e ao redor. Exemplo? Localizar, no mapa de um bairro, Foto 3. Sempre com mapas à frente, a incidência criminal e postos de o discute-se sobre as medidas a polícia. Ou identificar, ao redor de um rio, qual será a possível tomar com o presidente haitiano área atingida por cheias. René Préval. Foto 4. Imagem do site, disponível em www.haiticrisismap.org. I 3. Quantificar Por região, por local, por prédio, porque não? Com um SIG, pode quantificar- se um determinado tema por região e relacionar as regiões com maior incidência entre si. Na imagem, um mapa que identifica crianças com a-dia acompanhamento pediátrico numa determinada região. geográfica. Saiba como é que estes sistemas sabe a que farmácia há-de ir: à que fica a cami- nho da praia que costuma frequentar. A marca 20:30 em questão sabe, através de sistemas de infor- Acabou de ver no telejornal as notícias sobre a mação geográfica que utiliza para definir a sua Madeira. Não espera mais e vai ver como está o estratégia de distribuição e marketing, que tempo para este fim de semana por lá. Do mapa aquela é a farmácia onde se vendem mais pro- em que se avistam as nuvens que se deslocam tectores solares fortes da marca em questão. rapidaemte segue para as imagens de satélite do Google Earth, onde se consegue ver que es- tragos fizeram as chuvadas. O Google Earth e o 17:00 Google Maps, assim como o SAPO Mapas, são No seu local de trabalho, uma companhia de te- alguns dos SIG mais conhecidos do mundo, lecomunicações - que também ela controla e tendo, aliás, contribuído para a abertura destes monitoriza todos os seus clientes através de sistemas aos utilizadores normais. I 4. Localizar alterações um SIG - , recebe uma encomenda. Já sabia que Também no jornal ficou a saber que entidades Ao localizar a movimentação das coisas num período de tempo, consegue- ia chegar agora. Veio a acompanhá-la ‘online’ como a Protecção Civil ou o INEM têm avança- se saber como é o seu comportamento. Um meteorologista, por exemplo, desde a sua saída de Paris, há dois dias. A em- dos sistemas de informação geográfica através analisa geograficamente os furacões para conseguir descobrir onde presa de ‘courier’ que a trouxe disponibiliza dos quais controla e monitoriza o que acontece incidirão futuramente. Ou um responsável policial poderá analisar a esse serviço e controla as encomendas dos no País. evolução de crimes semanalmente por região, decidindo depois que profissionais deve enviar para essas zonas e que tipo de acções devem seus clientes através de um... sistema de infor- tomar. mação geográfica! 23:30 Antes de se ir deitar, pesquisa no portal SAPO 19:00 Mapas “Restaurantes de peixe em Peniche” que I 5. Localizar densidades Está a sair tarde e aproveita a boleia de um cole- surgem no mapa, com direito a fotografia, nú- Conseguir identificar, num mapa, o local em específico que tem ga seu. No carro, o primeiro aparelho a ligar é o mero de telefone e até a locais de interesse ao determinadas estatísticas ou padrões num mapa por vezes pode ser difícil. GPS, um dos sistemas geoespaciais mais conhe- seu redor. O SAPO Mapas, um dos mais concei- Através de uma imagem de 3D das densidades, por exemplo, essa cidos do mundo. Pelo caminho compram, num tuados sistemas de informação geográfica em identificação é mais fácil. restaurante assinalado pelo aparelho, o jantar Portugal, vai disponibilizar em breve esse tipo para levar para as suas respectivas casas. de essa informação geoespacial. I
  • 6. VI Diário Económico Quinta-feira 25 Fevereiro 2010 O QUE DIZEM OS EX-ALUNOS Mais oferta na formação responde MIGUEL TAVARES, coordenador de SIG da câmara de Águeda a procura crescente I Miguel Tavares, 41 anos, A ESPECIALIZAÇÃO começa a ser uma tendência escolheu o Bacharelato em na formação em sistemas de informação geográfica. Engenharia Geográfica na Escola Superior de Raquel Carvalho Tecnologia e Gestão de raquel.carvalho@economico.pt Águeda, que lhe permitiu “renovar conhecimentos”. Os Sistemas de Informação geográfica (SIG) O sucesso destes cursos explicam-se, em parte Entretanto, tirou duas pós- estão na moda. A necessidade de aperfeiçoar pela crescente visibilidade e popularidade des- graduações, uma em conhecimentos e obter novas competências é tes sistemas, mas também pela cada vez maior modelação tridimensional grande e, como não há licenciatura na área, uni- necessidade por parte das empresas e seus cola- e uma em SIG municipal, versidades e institutos superiores alargam e re- boradores em saber melhor funcionar com SIG. por gosto “porque a novam o seu leque de cursos. Neste contexto, sem dúvida que a implementa- profissão a isso obriga”. A formação neste mercado “tem vindo a cres- ção do acordo de Bolonha, “veio dar resposta a cer, talvez por haver uma ideia geral de que é esse aumento de procura, com o aparecimento uma área com empregabilidade”. Quem o diz é de vários novos cursos, nomeadamente em po- José Alberto Gonçalves, professor auxiliar da litécnicos e universidades privadas”, sublinha Faculdade de Ciências da Universidade do Por- José Alberto Gonçalves, que aponta o dedo a al- to (FCUP). Segundo o responsável, quem mais guns programas curriculares. De acordo com o procura estes cursos são “profissionais com professor auxiliar da FCUP, “nem sempre o per- competências no domínio dos SIG”. Ideia parti- fil curricular dos cursos oferecidos permite ob- lhada por Estima de Oliveira, director da Escola ter uma formação que vá de encontro ao que o CAROLINA RODRIGUES, Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda mercado procura”. Os programas são “demasia- departamento de fotografia área da Infoportugal (ESTGA). Nesta escola, sente-se uma maior do focados na utilização/exploração acrílica de procura por parte de quem exerce uma profis- ‘software’ SIG, havendo lacunas nos conceitos I Licenciada em são nos domínios da engenharia geográfica, in- subjacentes à produção de informação geográ- astronomia pela Faculdade formática e SIG. O que se explica, frisa, pelo fac- fica e das metodologias de controlo de qualida- de Ciências da Universidade to destes cusos “permitirem a aquisição de de”, acusa, frisando que “muita da formação do Porto, Carolina competências que possibilitarão a concepção e está enviesada para a aprendizagem do uso do Rodrigues, de 28 anos, implementação de soluções informáticas inte- ‘software’ com um défice no que respeita aos soube de um mestrado em gradoras de áreas funcionais fundamentais para conceitos científicos envolvidos na produção e SIG, que a levou a estagiar o bom desempenho das organizações”. tratamento de informação geográfica”. O res- na InfoPortugal, onde Nesta escola a nova licenciatura em tecnologias ponsável lamenta ainda a tendência “excessiva- acabou por ser convidada a de informação “teve uma forte procura nos seus mente voltada para o saber fazer e menos para a ficar a trabalhar. três anos de funcionamento, que se traduziu aprendizagem de conceitos”. numa média de cerca de 55 alunos por ano”, in- José Alberto Gonçalves sublinha outras tendên- forma Estima de Oliveira. cias, tais como uma “significativa evolução para Já na Universidade Lusófona, tem-se assistido a o uso do ‘software open source’”, que considera uma diversificação de alunos. “Existe cada vez “positiva”. Assevera, no entanto, que a explora- mais procura de formandos que têm ou preten- ção do ‘software’ “não deve ser o ponto princi- dem exercer actividades em áreas que até há pal de uma formação quando se pretende mais pouco tempo não viam os SIG como uma vanta- do que preparar exclusivamente técnicos ope- radores”, garantindo que a FCUP “dá uma visão PAULO BIANCHI alargada das metodologias de produção e con- CANDEIAS, técnico na câmara de Oeiras “Existe cada vez mais procura de trolo de qualidade da Informação Geográfica”. A conjugação entre conhecimentos informáti- I Paulo Bianchi Candeias, formandos que têm ou pretendem cos e geográficos é uma necessidade preemente de 30 anos, é o único aluno exercer actividades em áreas que de quem trabalha com SIG, pelo que a forma- português a frequentar o ção, no futuro deve ter em conta também esse programa Erasmus até há pouco tempo não viam os aspecto. Sobre isto, Estima de Oliveira, director Mundos em ciências geo- SIG como uma vantagem”, refere da ESTGA, diz que, no futuro, a formação na espaciais. O 1º semestre foi área dos SIG “tenderá a seguir aquilo que o em Portugal, no ISEGI e o Pedro Alves Luis, da Lusófona. mercado procura” e que, segundo revela, tem a 2º será na Alemanha, para ver com “os aspectos que envolvem a gestão da onde irá em breve, com o informação geográfica por parte das institui- total apoio da autarquia de ções que a produzem, detêm ou dela necessi- Oeiras, onde trabalha. tam”, mas também “a integração crescente dos SIG com um grande número de outras áreas, o ‘geomarketing’ baseado em SIG, a absorção ou integração de outras plataformas e a democrati- zação do uso de IG com a crescente disponibili- gem”, refere Pedro Alves Luis, coordenador do zação da mesma e de aplicações robustas e com Centro de Estudos do Território em Sistemas base em ‘open source’”. de Informação Geográfica daquela universida- No entanto, tem vindo a dar-se uma viragem no de, acrescentando que o maior crescimento na sentido da especialização. Segundo Pedro Alves DIOGO FONSECA, procura tem vindo a ser observado nos últimos Luis, coordenador do Centro de Estudos do desempregado mas com perspectivas de emprego três anos. Aqui, “em média no conjunto de to- Território em Sistemas de Informação Geográ- dos os cursos e ciclos de estudo são, com certe- fica da Universidade Lusófona, “cada vez mais I Com o 12º ano e za, acima de uma centena”, afirma. as formações são direccionadas para uma área segurança aeroportuário No que toca à FCUP, os cursos na área dos SIG de actividade e não tanto para formações de ca- no aeroporto de Lisboa, “têm mantido uma procura estável”, diz José Al- rácter geral”. O responsável afirma sentir a ne- Diogo Fonseca, de 24 anos, berto Gonçalves, acrescentando que “requerem cessidade por parte dos alunos de adquirir co- quis especializar-se em SIG, uma formação prévia em áreas da engenharia nhecimentos relativamente a “novos ‘softwares’ uma área que sempre lhe ou em ciências com cariz tecnológico, o que e ferramentas que carecem de actualização, a Como não há licenciaturas em SIG, atraiu. Soube de um curso restringe um pouco o leque de alunos”. Já na utilização de técnicas mais avançadas e especia- as universidades e os institutos superiores na Lusófona com grau de ESTGA, o maior crescimento aconteceu com os lizadas como a utilização e construção de bases têm vindo a alargar e a renovar bacharelato e não hesitou. cursos de especialização tecnológica como a to- de dados”, acrescentando haver igualmente o seu leque de cursos. Agora procura emprego pografia e o desenho assistido por computador crescente procura em formação na utilização de com boas perspectivas. ou o SIG. ‘softwares’ de ‘open source’. I
  • 7. Quinta-feira 25 Fevereiro 2010 Diário Económico VII João Paulo Dias OPINIÃO A necessidade certificar uma profissão Ana Maria Fonseca, Presidente do Colégio Nacional de Engenharia Geográfica da Ordem dos Engenheiros Na área dos SIG e de um ponto de vista pro- fissional, devemos dividir os intervenientes entre produtores e utilizadores. Os produto- res são responsáveis pela arquitectura das bases de dados, pela selecção da informação cartográfica e pela consistência espacial e semântica da informação, tendo em vista a utilização que vai ser dada ao SIG. O utiliza- dor vai utilizar o SIG para fazer análises que vão apoiar a tomada de decisões e vai carre- gar para o SIG informação decorrente des- sas análises. São portanto necessárias com- petências diferentes para os produtores e para os utilizadores. Os produtores têm que ter competências ro- bustas na área da produção de informação geográfica numérica e organização de infor- mação em bases de dados; os utilizadores têm que ter competências na área de negó- cio a que o SIG se destina mas também sen- sibilidade para a temática da utilização de cartografia numérica e bases de dados. Em Portugal não existe certificação profis- sional na área dos SIG, ao contrário dos EUA, onde existe um GIS Certification Ins- titute no seio da URISA (Urban and Regio- nal Information Systems Association), que certifica os profissionais de SIG. A certificação da profissão é necessária, se- gundo a URISA, nomeadamente para garantir reconhecimento dos pares de que o profissio- nal de SIG demonstra competência e integri- dade no exercício da profissão; motivar o pro- fissional de SIG para realizar formação contí- nua ao longo da sua vida profissional; assegu- rar um comportamento ético no exercício da profissão e fornecer uma base para dirimir queixas contra profissionais de SIG; apoiar potenciais empregadores no recrutamento de profissionais de SIG; assegurar que aqueles Em Portugal não existe certificação profissional na área dos SIG, ao contrário dos EUA, por exemplo. que produzem informação geográfica detêm um núcleo determinado de conhecimento e competências; apoiar aspirantes a profissio- nais de SIG a escolher uma formação adequa- da; contribuir para o desenvolvimento das Ciências de Informação Geográfica. Os SIG devem ser implementados por equi- pas multidisciplinares, que integrem produ- tores (que conhecem a informação) e utiliza- dores (que conhecem o negócio). Uma equi- pa robusta de SIG deve ter competências em domínios tão diversos como o das Tecnolo- gias Geoespaciais, do Processamento de Da- dos ou dos Fundamentos Conceptuais da Geografia. Nestas equipas os Engenheiros Geógrafos são elementos indispensáveis, dado que como produtores têm competên- cias que não são detidas por mais nenhuma área de formação superior e indispensáveis a uma boa organização da informação e garan- tia da sua qualidade. Aém disso também po- dem ser utilizadores se o SIG se destinar às áreas de negócio dos seus domínios de espe- cialização. Os Engenheiros Geógrafos são os profissionais que com maior facilidade pas- sariam num sistema de certificação. A pro- fissão já é regulamentada a nível europeu e constante da Classificação Nacional das Pro- fissões do Instituto de Emprego e Formação Profissional. I
  • 8. VIII Diário Económico Quinta-feira 25 Fevereiro 2010 ENTREVISTA MARCO PAINHO, professor catedrático em SIG, no ISEGI, Universidade Nova “Na área da banca e seguros há muito a fazer ” SEGUNDO MARCO PAINHO, estas são algumas das áreas que ainda não se aperceberam das potencialidades dos SIG para os seus negócios. Raquel Carvalho João Paulo Dias raquel.carvalho@economico.pt Professor Catedrático e conhecido especialista na área dos Sistemas de Informação geográfica (SIG), no Instituto Superior de Estatística e Ges- tão de Informação, da Universidade Nova de Lis- boa, Marco Painho disse ao Diário Económico acreditar num futuro promissor dos SIG em Por- tugal. Admitiu haver ainda muito a fazer na área e defendeu uma licenciatura em geoinformática. Como caracteriza o mercado de SIG? O mercado de SIG cresceu muito, sobretudo na última década. Sofreu no ano passado alguma quebra em termos de facturação das empresas, mas avançaram-se alguns projectos novos. Po- rém, penso que rapidamente se vai recuperar, e, se a economia não estagnar, o crescimento será muito grande nos próximos anos, uma vez que um SIG é uma tecnologia que está cada vez mais ligada com os sistemas de informação cen- trais das empresas, já indissociáveis da activida- de empresarial. Por isso, penso que é uma ques- Oficializar a tão de tempo para a recuperação. profissão SIG: Acha que o que se faz em Portugal em SIG está Sim ou não? ao nível de outros países? Temos capacidade tecnológica, temos recursos humanos especializados e empresas no merca- I Será que existe uma do com dimensão suficiente para abarcar gran- profissão que possa des projectos e temos conhecimento para os fa- reclamar para si os SIG? Os zer. Mas em termos de utilização, penso que, Engenheiros Geográfos e quando comparados com os Estados Unidos da os Geográfos reclamam, América, sobretudo ao nível das empresas pri- mas são muitas as vadas, temos ainda que dar alguns passos signi- profissões que utilizam ficativos nesta área. estes sistemas. Marco Painho considera Então onde é que poderiamos evoluir? interessante a temática ao Na área da banca e seguros há muito a fazer. nível “da afirmação da Penso que nenhuma das áreas ainda se aperce- profissão e de se poder beu das potencialidades que os SIG têm para a contratar um técnico ou sua actividade. Já utilizam SIG, mas de forma administrador de SIG”, muito simples, pelo que é preciso ir mais além acreditando que isso nas aplicações. aumentava o “reconhecimento social”. Então depreendo que este mercado tem muito Porém, admite que ao por onde crescer em Portugal. haver a oficialização da Tem muita margem de crescimento, mesmo no profissão, o organismo de mercado autárquico, onde existe maior utiliza- certificação criaria um ção e projectos de muita qualidade. É que ainda conjunto de regras “que há autarquias que não utilizam estes sistemas. podiam travar o dinamismo na evolução da profissão, o Quais as principais tendências e mudanças que que seria negativo”, diz. este mercado tem registado? R.C. Temos que ver esta questão de dois pontos de vista. Em termos de tecnologia assistimos à pas- As empresas “podem integrar as infra-estruturas físicas, como um mapa, com informação de clientes”. sagem de uma utilização baseada no posto de trabalho, de um técnico especialista, para um sistema democratizado, em que através da in- Como caracteriza a formação em SIG em Portu- E acha que se está a seguir essa tendência? tranet, as aplicações ficam disponíveis a todos. gal? Infelizmente não existem em Portugal licencia- Do ponto de vista do que se faz com os SIG, há Há um paralelo entre a formação para SIG - re- turas na área da geoinformática como existem uma transição entre a fase onde o SIG era um portório, listagem, cadastro e a formação para o noutros países e isso fazia falta. Temos capaci- inventário de coisas, para a fase em que as apli- SIG - processo tomada de decisão. Para este úl- dade para ter entre duas a três licenciaturas na cações já exigem muita customização de timo, são precisas pessoas que não só com- área que formassem reais especialistas em SIG. software. Passamos do saber o que temos, para preendam bem estas questões dos dados geo- O que temos são cursos especializados. E aí, ao o processo imediato de tomada de decisão. gráficos, as suas caracteristicas e como funcio- nível do mestrado, está a caminhar-se para tor- nam, mas que tenham também fortes conheci- nar os mestrados que tinham muito compo- Quais as vantagens que destaca dos SIG para as mentos informáticos, porque a passagem do nente de análise e modelação espacial, para empresas? SIG - repositório, para o SIG - tomada de deci- mestrados com componentes tecnlógica mais O espaço permite relacionar tudo e fazer cruza- são obriga a customizar, a desenvolver o pesadas. Mas ainda é insuficiente, pois muitas mento de dados e de informação. Por isso a van- ‘software’ que compramos. Quando integramos empresas que recrutam pessoas para departa- tagem para as empresas é ter o espaço como o SIG no processo de decisão das empresas é mentos de SIG acabam por ir buscar pessoas elemento integrador. Podem integrar as infra- preciso perceber de redes, de internet, de co- de informática que depois aprendem a parte estruturas físicas, como um mapa, por exemplo, municações e portanto o especialista SIG tem geográfica. Portanto, o ideal é juntar estes dois com informação de clientes, fluxo de materias, que ter saber a componente análise espacial, domínios e o futuro da formação deverá passar fluxo de clientes, etc.. mas ter uma forte componente informática. por aí. I
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  • 10. X Diário Económico Quinta-feira 25 Fevereiro 2010 “O mercado SIG ainda muito ligado aos utilizadores do sector público, designadamente às autarquias locais”, refere Carlos Mourato Nunes, que afirma ainda: “assiste-se hoje à disseminação dos SIG pelo sector privado, onde são considerados como sistemas de informação, assumindo um importante papel na criação de valor e de vantagens competitivas para as empresas”. ENTREVISTA CARLOS MOURATO NUNES, director geral do Instituto Geográfico Português “Universo de potenciais utilizadores é maior no sector privado” PORTUGAL é um dos países onde a utilização de SIG se encontra mais desenvolvida. Para Mourato Nunes, pode caracterizar-se este mercado como dinâmico e inovador. Raquel Carvalho raquel.carvalho@economico.pt O Instituto Geográfico Português (IGP) tem Mais de 80% do mercado ainda Como está o mercado dos SIG em Portugal? um novo director geral desde Janeiro. Carlos Em Portugal a área dos SIG sempre foi muito di- Mourato Nunes falou ao Diário Económico so- está centrado na Administração nâmica e inovadora, designadamente ao nível do bre as metas a atingir frente ao IGP e o que pen- Pública, mas assiste-se a uma sector público, mas também ao nível do sector sa do actual momento do mercado e das pers- privado, pelo que se pode considerar como um pectivas de futuro. disseminação dos SIG no privado. dos países onde a utilização dos SIG se encontra mais desenvolvida. O mercado SIG está ainda Qual o balanço que faz do papel que o IGP tem muito ligado aos utilizadores do sector público, tido no desenvolvimento e divulgação dos Siste- designadamente às autarquias locais. Por outro mas de Informação Geográfica (SIG) em Portugal? lado, assiste-se hoje à disseminação dos SIG pelo O IGP assume um papel preponderante na sector privado, onde são considerados como sis- promoção e divulgação da Informação Geo- temas de informação, assumindo um importante gráfica e das respectivas tecnologias em Por- papel na criação de valor e de vantagens compe- tugal. Faz a coordenação do Sistema Nacional titivas para as empresas. Em termos de evolução de Informação Geográfica (SNIG). Nesta existem grandes esperanças para o futuro próxi- qualidade, tem participado em projectos na- mo com os investimentos a realizar no âmbito do cionais e internacionais, visando dotar o país cadastro predial, designadamente para a consti- das infra estruturas de informação mais ade- tuição e operacionalização SiNErGIC. quadas, promover o desenvolvimento do mercado e disseminar o conhecimento sobre Este mercado tem ainda espaço para crescer? a informação geográfica e tecnologias asso- Diria que mais de 80% do mercado ainda está ciadas. Está empenhado na criação do projec- centrado na Administração Pública. É e será um to SiNErGIC (Sistema Nacional de Explora- segmento importante para o mercado de Infor- ção e Gestão de Informação Cadastral), que Quais são os seus objectivos à frente do IGP? mação Geográfica, mas importa reter que o uni- vai dotar o país de um sistema de informação Trabalhar para que o IGP imponha a sua pre- verso de potenciais utilizadores é substancial- para a gestão e exploração de informação ca- sença pela qualidade, iniciativa, e participação mente maior no sector privado. É aqui que se dastral, bem como na criação de uma Rede em projectos de âmbito nacional e internacio- têm vindo a registar significativos avanços. A Nacional de Estações Permanentes (ReNEP), nal. Farei com que o papel nuclear do Instituto crescente disponibilização de dados e ferra- que será um grande contributo para o apoio como Autoridade Nacional de Geodesia, Carto- mentas acessíveis, conjugada com a natural ao trabalho de campo, para a produção regu- grafia e Cadastro seja concretizado e tentarei apetência dos portugueses pela adopção da tec- lar de coberturas ortofotocartográficas, e para reforçar a área de investigação e desenvolvi- nologia, estão na base do desenvolvimento de a abertura do mercado aos agentes privados mento em ciências e tecnologias de informação vários projectos empresariais de exploração na produção de cartografia. geográfica. conteúdos geográficos. I
  • 11. Quinta-feira 25 Fevereiro 2010 Diário Económico XI Paulo Alexandre Coelho “Portugal é exemplo mundial” O futuro dos SIG passa por “soluções integradas”. Como compara o mercado de SIG nacional com grar no quotidiano das organizações. o mercado mundial, e por exemplo, com a vizi- As soluções inovadoras com informação geo- nha Espanha? gráfica distinguem-se: pela sua capacidade de Dada a dimensão dos dois países, o mercado resposta às necessidades e à dinâmica de trans- nacional é, naturalmente, menor que o da vizi- formação das organizações; pelo nível de inte- nha Espanha, embora a respectiva proporciona- gração funcional com outros sistemas de infor- lidade não seja directa, isto porque a adopção mação existentes, nomeadamente a gestão do- precoce da Informação Geográfica e das tecno- cumental, processual ou mesmo financeira, daí logias de informação que lhe estão associadas a importância da adopção de standards e nor- sempre fez de Portugal um exemplo a nível mas de qualidade. A possibilidade de publicar mundial. informação na web, por via da implementação de Sublinho que, o nosso sector público, central e soluções webSIG, veio permitir às organizações local, se encontra bem apetrechado de meios e disponibilizar informação geográfica e serviços recursos humanos capazes de dinamizar pro- ‘online’, pesquisar um ponto de interesse utilizan- jectos baseados em informação geográfica. do um critério geográfico, consultar a informa- Os municípios portugueses têm vindo a fazer, ção de um Plano Director Municipal, obter uma por força das suas inúmeras e diversificadas planta de localização, georeferenciar uma recla- atribuições e competências, uma aposta forte mação ou sugestão. nesta tecnologia, promovendo a implementa- ção de soluções transversais de suporte à gestão Qual a tendência nacional no uso de SIG dos úl- nas suas diversas áreas de actuação. timos anos a esta parte? Apostar em soluções SIG integradas, ajustadas às Quais as novidades mais inovadoras que destaca necessidades e exigências das organizações (pú- deste mercado? blicas ou privadas), na perspectiva da melhoria A adequação das soluções às necessidades dos dos processos de gestão interna, do incremento seus utilizadores, externos e internos, é o prin- da qualidade do serviço prestado e da integração cipal factor de destaque que importa reter das e articulação entre os principais actores do pro- soluções mais inovadoras. cesso de modernização administrativa. O valor do investimento, a tecnologia, o volume Acredito que se irá manter o alinhamento do de dados, os utilizadores, são parâmetros im- desenvolvimento dos SIG segundo três eixos, a portantes para caracterizar as soluções SIG, saber: alargamento a novas áreas; adopção de mas o seu grau de sucesso deve ser sobretudo tecnologias ‘open source’ e incorporação no medido pela forma como se conseguem inte- dia-a-dia das organizações e do cidadão. I PUB
  • 12. XII Diário Económico Quinta-feira 25 Fevereiro 2010 Jason Alden/Bloomberg É provavelmente um dos SIG mais conhecidos do mundo: o GPS é mais do que um mero localizador. SNIG reconhecido com prémio europeu de boas práticas LANÇADO HÁ 20 ANOS o SNIG é a infra-estrutura nacional de dados espaciais que primeiro disponibilizou dados na Internet em conformidade com a directiva Inspire. Raquel Carvalho raquel.carvalho@economico.pt I ANIVERSÁRIO O Sistema Nacional de Informação Geográfica ral do IGP. que salienta o facto desta aposta já De salientar que Portugal não tem um cadastro (SNIG) completou no passado dia 13 de Feverei- ter colhido frutos: “o SNIG acaba de ser reco- geográfico, daí a importância do SiNErGIC. O Sistema Nacional ro, 20 anos. O SNIG é a infra-estrutura nacional nhecido internacionalmente com um prémio A directiva Inspire, aprovada em 2007, tem de Informação de dados espaciais, tendo sido pioneira na dis- europeu de boas-prácticas, atribuído no âmbito como objectivo a criação de uma Infra-estrutu- Geográfica começou ponibilização de dados na Internet em 1995. do projecto eSDI-NETplus”. ra Europeia de Informação Geográfica, através há duas décadas. “Constitui-se como uma rede de partilha de da- Para o responsável, este é um “importante reco- da articulação das infra-estruturas dos Estados- dos e serviços, congregando produtores e utili- nhecimento na conjuntura actual em que se en- membros, encontrando-se já transposta para o 20 zadores de informação geográfica para um mesmo fim, a promoção da utilização da Infor- mação Geográfica em Portugal”, explica Mou- rato Nunes, director-geral do Instituto Geográ- fico Português (IGP), entidade que gere, pro- move, coordena e acompanha os trabalhos do contra em desenvolvimento a infra-estrutura de dados espaciais europeia”. O SNIG é um relevante suporte ao ordenamento jurídico nacional. Mourato Nunes esclarece que a Directiva “foi inicialmente gizada para servir de suporte às in- tervenções na área do ambiente, mas rapida- mente tem vindo a ser assumida como base orientadora para os restantes sectores”. geoportal. funcionamento das estruturas Os trabalhos estão ainda a ser realizados, sendo O responsável classifica este sistema como “um que os mesmos são, segundo caracteriza o pre- projecto pioneiro e inovador tanto a nível euro- administrativas do país, visto sidente do IGP, ” longos e detalhados”, esten- peu como mundial”. permitir a partilha de dados e dendo-se até 2019. O SNIG representa um alicerce primordial para No final, garante que Portugal sairá a ganhar, a implementação da Directiva Inspire (Infras- serviços de informação geográfica uma vez que a directiva “irá proporcionar um tructure for Spatial Information in Europe) que eficaz acesso e manipulação de informação tem por objectivo a criação da IDE Europeia. geográfica de várias fontes, seja em termos de Tendo em conta a directiva, 2006 foi um ano de escala, seja em termos temáticos”. viragem. Foi nessa altura que se iniciou uma Mourato Nunes realça ainda, “o papel rele- nova fase do SNIG com um modelo conceptual vante do IGP, enquanto National Contact em conformidade com os princípios e normati- Point”, uma vez que compete ao instituto fa- vos estabelecidos pela Inspire, em vigor desde zer “a articulação da comunicação entre Por- 15 de Maio de 2007 e já transporta para a ordem tugal, as suas instituições, e a Comissão Euro- jurídica nacional através do Decreto-Lei peia”, frisa. nº180/2009, de 7 de agosto. Mas não só. Mourato Nunes vê este prémio Segundo explica, este “é um processo eminen- Mas este sistema tem outro relevante papel. É igualmente como “um incentivo para continuar temente colaborativo” que tem vindo a ser des- um importante suporte ao funcionamento das a desenvolver e implementar a orientação es- envolvido no seio do recém-criado Conselho de estruturas administrativas do país. Consciente tratégica seguida pelo IGP para construir infra- Orientação do SNIG, uma estrutura inter-insti- dessa importância, o IGP “tem vindo a efectuar estruturas de dados espaciais de suporte à mo- tucional, que congrega 12 entidades públicas, uma aposta contínua, desde 2002, na renovação dernização administrativa de Portugal, das com o objectivo de assegurar a coordenação es- e consolidação do SNIG”, afirma o director-ge- quais se destacam o SNIG e o SiNErGIC”. tratégica do Sistema. I
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  • 14. XIV Diário Económico Quinta-feira 25 Fevereiro 2010 Jim Young / Reuters Uma revolução no ‘software’ geoespacial livre O ‘OPEN SOURCE’ – ou ‘software livre’ – chegou aos sistemas de informação geográfica e veio para ficar. Irina Marcelino e Raquel Carvalho irina.marcelino@economico.pt ‘Open source’. São estas duas palavras que pro- a ser uma tendência”. E garante: “Existem secto- metem mudar o panorama dos sistemas de in- res onde claramente já representa a melhor al- formação geográfica em Portugal e no mundo. ternativa”. A própria Autodesk, que desenvolve O ‘open source’ veio abrir o mercado dos SIG à e comercializa ‘software’ próprio, tem mesmo generalidade dos potenciais utilizadores e per- optado pela doação para ‘software’ livre. “Há mitiu que “muitas empresas podem desenvol- três anos, quando terminou de desenvolver o ver as suas soluções de SIG sem ficarem reféns MapGuide Enterprise , ofereceu-o de imediato dos grandes fornecedores deste mercado e da à Fundação OSGeo em ‘open source’, dando ori- sua tecnologia proprietária”, explicou, ao Diário gem ao MapGuide Open Source”, lembra. Mas a Económico, um especialista em SIG, que garan- Autodesk não se ficou por aqui. Um ano mais te: “o ‘open source’ permitiu revolucionar o tarde colocou também como ‘software’ livre a mercado do lado da oferta”. Isto apesar de mes- sua tecnologia FDO – Feature Data Objects. mo as grandes empresas também estarem a op- A desvantagem do ‘software’ livre para o utiliza- tar pelo ‘software’ livre para o desenvolvimento dor final é a falta de apoio no desenvolvimento dos seus produtos. É o caso da NovaGeo ou de projectos, que um ‘software’ comercial em mesmo da Esri. “Do ponto de vista de quem princípio garante, lembra Francisco Cardoso. desenvolve produtos que são uma integração Gonçalo Magalhães Collaço concorda e destaca de várias tecnologias de base, o aparecimento ainda o facto de nem sempre os ‘softwares’ livre destas permite desenvolver aplicações com seguirem os ‘standards’ da indústria, ou seja, uma qualidade igual ou maior do que desenvol- “da observação de todas as normas” que permi- vendo sobre tecnologias proprietárias”, explica tem a integração da informação” geográfica. E Rui Andrade, o CEO da NovaGeo Solutions, defende: em projectos empresariais desenvolvi- que deixa dois grandes exemplos de ‘software’ dos de raiz não é aconselhável a utilização de geográfico livre bem sucedidos: o ‘open source’. PostgreSQL/Postgis (SGBD geoespacial) e o Jorge Horta conclui: “o recurso às comunidades MapServer (gerador de mapas). “Do ponto de informais para fazer crescer os negócios, como vista de quem desenvolve produtos que são é o caso da comunidade open souce é, desde há uma integração de várias tecnologias de base, o muito, uma estratégia estudada, reconhecida e aparecimento destas ferramentas permite des- utilizada com êxito em muitos sectores empre- envolver aplicações com uma qualidade igual sariais. Assim, apoiada no necessário bom sen- ou maior do que desenvolvendo sobre tecnolo- so, deve ser acarinhada e potenciada, já que irá gias proprietárias”, diz, ainda, Rui Andrade, que representar cada vez mais um activo de valor na destaca o facto de, desta forma, os custos para comunidade global”. I empresas e clientes ser menor: “permite ofere- cer mais a um custo idêntico ou a um valor mais reduzido”. Mais longe vai Gonçalo Magalhães Collaço, ad- O ‘open source’ trouxe à ministrador da ESRI Portugal. A empresa, que comunidade SIG “uma nova desenvolve e comercializa ‘software’ próprio, também utiliza soluções em ‘open source’ que, geração de entusiastas” e “uma refere, “não trouxe desvantagem alguma ao extensa rede de programadores” mercado. A começar pelo facto de o ‘open sour- ce’ ter trazido à comunidade SIG “uma nova ge- que desenvolvem ‘softwares’ que, ração de entusiastas” e “uma extensa rede de “noutras circunstâncias, nenhuma programadores” que desenvolvem softwares que, “noutras circunstâncias, nenhuma outra outra grande empresa se poderia grande empresa se poderia dar ao luxo de reali- dar ao luxo de realizar nos zar nos mesmos termos”. Para Magalhães Colla- ço, a contribuição destes projectos é “inestimá- mesmos termos”, afirma Gonçalo vel”. No caso da Esri, o ‘open source’ veio ajudar Magalhães Collaço, da Esri. a que a empresa se concentrasse no “desenvol- vimento de uma tecnologia cada vez mais sofis- ticada e no desenvolvimento de projectos cada vez mais complexos e de maior dimensão”. A oportunidade de desenvolver mais e melho- res serviços à medida, adaptados às necessida- des das organizações é uma das vantagens que as empresas de sistemas de informação geográ- fica passaram a ter. “Como gastam menos di- nheiro na compra de ‘software’ comercial, pas- saram a poder dedicar-se mais ao fornecimento DE ONDE VÊM OS TWITTS? de serviços orientados para as necessidades de O Google criou vários serviços úteis nos Jogos Olímpicos de Inverno, cada cliente”, explica Francisco Cardoso, coor- e os sistemas de informação geográfica não ficaram de fora. E para denador do Gabinete de Informação Geográfi- que os seus serviços - que incluem o mapeamento das mensagens ca da Câmara Municipal do Montijo, que desta- Twitter enviadas em determinado momento (na foto em baixo) - ca, em Portugal, o projecto Sapo Mapas como um dos desenvolvidos com ‘software’ livre com sejam os melhores, a empresa chegou a levar um ‘jet-ski’ equipado maior relevo. com GPS e máquinas fotográficas para conseguir as melhores Para Jorge Horta, director geral da Autodesk imagens 3D e localizações de algumas das montanhas onde os Portugal, “na área dos sistemas geoespaciais, à Jogos vão decorrer. imagem de em muitas outras áreas, o open source deixou de ser um fenómeno para passar