PLANEJAMENTO TERRITORIAL VOLUME 1 - reflexões críticas e perspectivas
Geografia aloiziio
1. Universidade Federal de Santa Catarina
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
ENSINO DE CIÊNCIAS HUMANAS E
SOCIAIS EM ESCOLAS DO CAMPO
Etapa 2
15 a 31 de julho de 2010 / UFSC
GEOGRAFIA
20 de julho de 2010
Prof. Aloysio Marthins de Araújo Junior
2. A CIÊNCIA GEOGRÁFICA E SEU OBJETO
Geografia Moderna
• Surge com Alexander von Humboldt e Karl Ritter, na Alemanha
não unificada em princípios do século XIX.
• Geografia voltada aos Estados Maiores Militares e aos interesses do
capital.
• A partir do final do século XIX, a geografia ensinada é dirigida a
toda população, com uma conotação de neutralidade, sem dar-lhe
um sentido político e com forte vertente descritiva.
O Positivismo e sua influência sobre a Ciência Geográfica
• Sentido de progresso à ciência e ordem social.
• Brasil forte influência sobre intelectuais e militares (Rev. de
1930/ Golpe Militar de 1964).
• Anos 60 reformas sobre o sistema de ensino.
• Geografia e outras ciências humanas consideradas de menor
importância.
3. O Neopositivismo e a Geografia Pragmática
• surge em meados dos anos 30 do século XX.
• experimentação, coleta de dados, empirismo como
fontes do conhecimento;
• substituição da relação causa-efeito pela probabilidade;
• crítica ao método indutivo como processo único.
4. Geografia (Tradicional) não era considerada uma
ciência; mostrava certa imprecisão no tocante ao seu
objeto de estudo.
• Análise construção de hipóteses que derivam de
teorias gerais.
• Utilidade aos objetos analisados;
• Planejamento (proximidade aos governos).
• Organização do espaço objeto da geografia.
• funcionalidade;
• método unificador (entre a Geografia Física e a
Humana).
• maior intervenção do Estado sobre o indivíduo e sobre
os territórios o próprio Estado passa a decidir a
lógica econômica e social.
5. O materialismo histórico-dialético e a Geografia
Crítica
• Marxismo descobrir, construir e reconstruir a
realidade
• não existe um método diferentes estratégias de
investigação que têm como referência a dialética.
• Forças econômicas responsáveis pelas
transformações da sociedade (contradições no avanço
das condições materiais).
• homem domina e transforma a natureza por meio do
trabalho (segunda natureza).
• socialização da natureza compreensão da gênese e
desenvolvimento dos Modos de Produção das Formações
Econômicas e Sociais.
6. A questão do objeto da geografia: o espaço
• Sociedade estabelece determinados modos de
relação com o espaço, isto é, valoriza-o.
• organização do território se dá por meio de uma
relação sócio-política.
• Território é diferente do espaço.
• apropriação de um espaço transformação em
território.
• organizações e agentes políticos escalas regionais e
locais são os que definem suas práticas políticas.
7. Geografia Crítica arranjo espacial é percebido como
a manifestação da sociedade (modo de socialização da
natureza).
• Processo de produção do espaço geográfico
• Formação Econômica e Social ditada pela
história de uma sociedade geograficamente localizada
no tempo e no espaço.
Geografia atual é a partir do território que a
natureza passa a ser considerada um fator a mais nas
relações sociais.
• uma única ciência incapaz de dar todas as
respostas que as demandas sociais requerem.
8. ESPAÇO E REGIÃO
Espaço noção abstrata para diferentes ciências
(matemática, geografia, economia etc.)
• relacionado com aspectos físicos (relevo, mares, rios
etc.) e humanos
• Organização do espaço relaciona aspectos
naturais com a ação humana de acordo com as
contingências históricas e políticas de cada sociedade
divisão em estados, cidades, regiões, países etc.
• Brasil primeiras tentativas de divisão regional
surgem na década de 1950 com a criação do IBGE
• ênfase nas "regiões naturais" criação de cinco
macrorregiões
• anos 60-70 agrega "regiões humanas" (atividades
econômicas) sem relacionar as regiões naturais
9. Processos reais: relação entre a sociedade e seu espaço
de vivência e produção
• Espaço possui limites, cujo traçado não é constituído por
linhas rígidas, mas por zonas que delimitam o espaço de
recursos necessário à reprodução biológica e cultural desse
grupo
• Toda sociedade delimita um espaço de vivência e
produção e organiza-o para dominá-lo, transformando-o em
seu território projeção territorializada de suas
próprias relações de poder
10. • Independente do estágio de cada sociedade, esta
organiza o território de acordo com uma relação
espaço-poder que é uma relação sócio-política
• À medida que uma determinada sociedade se torna
mais complexa o espaço político aumenta p. ex., a
propriedade da terra representa uma ruptura no interior
desta sociedade, pois institucionaliza uma
determinada correlação de forças marcada pelo
conflito
11. O que vem a ser um território?
• Uma determinada organização social da produção,
distribuição e consumo de bens e serviços
• Um regime político, com instituições particulares,
decorrente de uma história comum
• Um conjunto de leis e normas que ordenam a
existência de um conjunto social em suas relações
internas
12. • Fronteiras: delimitação espacial do Estado ou o ponto de
contato com o mundo exterior
• Estado: realidade invisível que se eleva por trás dos
espaços assimétricos visíveis no planisfério (mapa) político
• Território ≠ espaço: apenas quando os atores sociais se
apropriam de um espaço é que este se torna território, ou
seja, territorializam o espaço
• Atores sociais: projetam no espaço suas representações
de poder criação de uma “rede de relações” e “práticas
espaciais” projetadas no “espaço territorializado”
• Organizações e agentes políticos, nas escalas
regionais e locais, definem suas práticas políticas
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20. Alguns Conceitos ...
Lugar
Concepção da Geografia Humanística é o espaço que
se torna familiar ao indivíduo; é o espaço vivido, do
experienciado.
Concepção histórico-dialética requer a análise das
particularidades dos lugares; ou seja, o problema local deve
ser analisado como problema global, pois há na atualidade
um deslocamento das relações sociais. O lugar sofreria as
contradições da “globalização”, os impactos das
transformações.
21. Concepção pela ótica pós-moderna crítica a noção
de totalidade. O lugar não seria explicado pela sua
relação com o todo; este desaparecia e cederia espaço
ao fragmento, ao micro, ao empírico individual.
22. Paisagem
É o ponto de partida, primeiro foco de análise para seu
o objeto de estudo – o espaço geográfico.
Santos (1988, p. 61): “Tudo aquilo que nós vemos, o que
nossa visão alcança, é a paisagem. Esta pode ser
definida como o domínio do visível, aquilo que a vista
abarca. Não é formada apenas de volume, mas também
de cores, movimentos, odores, sons etc.”
Ainda o mesmo autor: “É um conjunto heterogêneo de
formas naturais e artificiais; é formada por frações de
ambas, seja quanto ao tamanho, volume, cor, utilidade,
ou por qualquer outro critério” (1988, p. 65).
23. No ensino de geografia esse conceito (Paisagem) é
uma primeira aproximação do lugar; apreensão das
múltiplas determinações (acontecimentos) desse lugar.
Região
Na atualidade é uma área formada por articulações
particulares no quadro de uma sociedade “globalizada”.
É definida a partir de recortes múltiplos, complexos e
mutáveis, destacando-se a relação de poder entre os
homens e seu território, os interesses econômicos e a
gestão de um território.
24. Território
Há diferentes interpretações. Porém, pode-se defini-lo
como “(...) um campo de forças, as relações de poder
espacialmente delimitadas e operando, destarte, sobre
um substrato referencial” (SOUZA, 1995, p. 97).
Natureza
• Como organismo “humano”
• Como manifestação de uma inteligência externa e
exterior a ela
• Visão evolucionista (da natureza)
25. A SOCIEDADE INDUSTRIAL E O AMBIENTE
• Causas degradação ambiental avanço técnico-
científico + industrialização qualquer tipo de
sociedade
• Crescentes necessidades humanas + crescimento
vegetativo apropriação da natureza SEGUNDA
NATUREZA
26. Desenvolvimento industrial paralelo à agricultura +
urbanização
• Produção de bens materiais em detrimento da questão
social
• Política industrial voltada às grandes empresas das
metrópoles
• Década 1930 investimentos em infra-estrutura
(siderurgia, química, material elétrico, autos) no eixo Rio-
São Paulo crescimento desequilibrado
• Pós-2ª G.M. atuação mais ativa do governo
(transporte, energia, indústrias de base) concentração
de investimentos em regiões já estabelecidas
27. Contradição homem é ao mesmo parte da natureza e
retira desta os recursos necessários à sobrevivência
• Intensificação da degradação ambiental revoluções
industriais + atividades agropecuárias + mineração +
fontes energéticas
• Poucas regiões do mundo não têm problemas
ambientais
• Regiões urbanas industriais forte degradação
• Atividades agrárias crescente degradação ambiental
tecnologias mais sofisticadas aumento da
produtividade emprego de adubos químicos +
máquinas + inseticidas
28. Crescimento desequilibrado
• tendência à concentração econômica e espacial;
• baixa absorção de mão-de-obra;
• política fundiária incentivando êxodo rural
• Modernização conservadora do campo + formação
do Complexo Agroindustrial (CAI)
• exclusão pequenos proprietários
• produção para exportação
• multinacionais (máquinas, adubos etc.)
• crescimento urbano acelerado
29. • Agricultura moderna capitalista monocultura
• Brasil ocupação e uso do solo uso intensivo de
novas técnicas produtivas + rodovias (integração
nacional)
• Intensa migração do S/SE/NE para CO e região
amazônica
• Florestas transformadas em áreas de plantio de ciclo
curto (arroz, feijão, milho, mandioca)
• Uso intensivo do solo desertificação e esgotamento
• Mineração + garimpo extração de recursos do solo e
subsolo carvão mineral; petróleo; minerais (ouro;
cassiterita; manganês; níquel etc.)
30. Gestão Pública Estratégica (GPE)
• Maior movimentação de capitais menor poder de
regulação territorial surgem novas regras,
“racionalidades próprias” que interferem diretamente
com as normas existentes
• Fragmentação da produção empresas distribuem
parte produção entre diferentes cidades, regiões, países
• Relativa facilidade de movimentação 3ção., 4ção. da
produção maior poder de negociação pelas empresas
31. • Estado dificuldade em organizar o território e a
sociedade enfraquecimento da soberania político-
administrativa (desterritorialização – descentralização do
poder)
• Corporações/conglomerados empresariais criação de
regras/normas próprias por seu poder econômico e
derivadas de acordos multilaterais internacionais
Década de 90 reforma do Estado brasileiro maior
rigidez orçamentária/ redução serviços públicos
• Governos estaduais agem como incentivadores a
agentes econômicos privados
• Guerra fiscal atração de fábricas para outros
estados
32. • Período recente maior articulação/integração sul-
americana
• Entrecruzamentos sociais-econômicos;
administrativo-político e jurídico com os interesses
de diferentes grupos sociais/empresariais
• Estados nacionais perdem autonomia e são
forçados a dar espaço de articulação para os estados
subnacionais novas gestões dos territórios
• Surgimento de economias regionais macroeixo
de integração SP-Buenos Aires apresenta-se como o
núcleo duro de uma região virtual em formação
de um território equipado para um território
organizado
33. Políticas regionais de desenvolvimento industrial
• Pouco sucesso na definição de uma configuração
industrial e econômica mais homogênea para o país
• Decisões de localização industrial basearam-se em
aspectos políticos e interesses de grandes grupos
econômicos nacionais e internacionais, além de
interesses dos poderes público central e estadual
Como conseqüência tem gerado dois fenômenos:
• Descentralização processo de industrialização de
áreas periféricas (fora do centro dinâmico)
• Desconcentração implantação de filiais em regiões
menos desenvolvidas, para dispor de vantagens fiscais e
financeiras