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Nada é impossível para Deus
Kathryn Kuhlman
Publicado em espanhol, com o título: "Nada es imposible para Dios"
Editorial Peniel, Buenos Aires, Argentina
Originalmente publicado em inglês com o título: "Nothing is impossible with God"
by Bridge Publishing,
Copyright © 1974 by The Kathryn Kuhlman Foundation
2ª edição, 2005
Tradução para o espanhol: Virginia Lópes Gradjean
ISBN 087-557-088-5
Impresso na Colômbia
Digitalização: JEm
Tradução para o português: sssuca
Nestas páginas...
...você conhecerá Elaine Saint-Germaine, uma atriz cuja queda
barranco abaixo em um caminho de drogas e satanismo foi detida por
milagre... o Dr. Harold Daebritz, cuja esposa foi curada em segundos de
uma lesão nas costas que tinha resistido a vinte anos de tratamentos em
mãos de especialistas... e muitos, muitos mais. Maravilhosos, autênticos e
imensamente comovedores, estes relatos são testemunhos irrefutáveis da
incrível transformação que Deus pode produzir em qualquer pessoa que o
busque.
Índice
Prefácio - Um tributo a Kathryn Kuhlman ............................................................4
Capítulo 1 - O que chegou tarde ............................................................................6
Capítulo 2 - Não há escassez no depósito de Deus ............................................. 13
Capítulo 3 - Caminhando nas sombras ............................................................... 31
Capítulo 4 - O dia em que a misericórdia de Deus se encarregou ......................44
Capítulo 5 - Quando o céu baixa à Terra..............................................................53
Capítulo 6 - Diga às montanhas .......................................................................... 71
Capítulo 7 - Este é um ônibus protestante? .........................................................85
Capítulo 8 - A cura é só o começo .......................................................................96
Capítulo 9 - Um vazio com forma de Deus ........................................................105
Capítulo 10 - A cética do chapéu de pele ............................................................115
Prefácio
Um tributo a Kathryn Kuhlman
Creio que, a esta altura, todos a conhecem. Durante quase um
quarto de século ela foi um vaso de Deus que fez com que a cura e a
restauração fluíssem nas vidas de milhares de seres humanos.
É amada e admirada por milhões de pessoas e difamada somente
por aqueles que não acreditam na cura divina ou por quem não fez
nenhum esforço em compreendê-la ou ao que ela representa. Mas eu a vi,
antes de apresentar-se diante de uma multidão para expressar sua
ilimitada fé em Deus, e a observei cuidadosamente. Uma e outra vez dizia:
"Querido Deus, a menos que me unjas e me toques, eu não sou
nada. Quando a carne se põe no meio do caminho, eu não tenho nenhum
valor. Se não receberes toda a glória, eu não posso ministrar".
E, de repente, sobe à plataforma. É explosivo, quase incrível. Não é
tanto o que diz, porque sempre é tão claro e simples como o estilo de
pregação que o próprio Senhor Jesus usava. Não o compreendo, e ela
também não; mas quando o Espírito começa a mover-se sobre ela, (e se
sente repentinamente movida a desafiar o poder do diabo no nome de
Jesus), começam a acontecer os milagres. Em todo lugar, todos, até os
mais rígidos e dignos, caem prostrados ao chão. Católicos e protestantes
elevam as mãos e adoram a Deus, unidos... tudo decentemente e com
ordem. O poder do Espírito Santo cai sobre as pessoas como as ondas do
oceano.
Os representantes dos meios televisivos logo compreenderam que
ela não era falsa, nenhuma fanática. Conheciam pessoas que tinham sido
tocadas por seu ministério.
Sua sabedoria divina e sua capacidade não têm igual. Não é rica,
nem está obstinadamente agarrada ao materialismo. Eu sei! Ela
pessoalmente reuniu e entregou ao Teen Challenge o dinheiro necessário
para construir em nossa granja um lugar para a reabilitação de viciados.
Suas orações trouxeram o dinheiro necessário para construir igrejas em
países subdesenvolvidos de todo o mundo. Apoiou a educação de meninos
pouco capacitados e também outros jovens superdotados receberam seu
amor e seu cuidado. Entrou comigo nos guetos de Nova Iorque e impôs
suas mãos carinhosas sobre sujos viciados. Nunca duvidou nem voltou
atrás; sua preocupação era genuína.
Qual é a razão por que faço este tributo? Porque o Espírito Santo
me ordenou que o fizesse! Ela não me deve nada, e eu não lhe peço nada
mais que o mesmo amor e respeito que demonstrou por mim durante
anos.
Mas, muitas vezes, damos tributo unicamente aos mortos. Agora,
pois, darei a uma grande mulher de Deus, que tocou tão profundamente
minha vida e as de milhões de pessoas mais: Te amamos, no nome do
Senhor! A história dirá sobre Kathryn Kuhlman: Sua vida e sua morte
deram glória a Deus.
David Wilkerson, autor de A cruz e o punhal.
Capítulo 1
O que chegou tarde
Tom Lewis
Tom Lewis, coronel reformado do Exército, é um dos
produtores de filmes mais conhecidos de Hollywood. Sua
lista de créditos no "Quem é quem na América" ocupa
tanto espaço como as medalhas sobre seu peito. Foi o
produtor fundador do Screen Guild Theatre, fundador do
Serviço de Rádio e Televisão das Forças Armadas
Americanas, do qual foi comandante durante toda a
Segunda Guerra Mundial, e criador e produtor executivo
de "O Show de Loretta Young". Como diretor da
Universidade Loyola, recebeu inúmeros prêmios por
excelência em produções televisivas, tanto no país como
das forças armadas americanas estabelecidas em todo
mundo. Devoto católico-romano, conta-se agora entre o
crescente grupo dos assim chamados "católicos
carismáticos".
No inverno passado, meu filho (jovem diretor de filmes), e um
produtor de mesma idade dele, planejavam realizar um programa especial
de TV sobre o "povo de Jesus" 1. Aceitei escrever a apresentação, mas a
contragosto. Como os "Meninos de Jesus" eram jovens, imaginei que meu
filho e seu sócio deveriam contratar pessoal de idade similar.
Minha investigação preliminar sobre os jovens, a respeito dos
quais desejava saber mais, gerou em mim grande interesse e respeito por
eles. Muitos tinham saído do inferno da dependência de drogas, através
de uma fé renascida em Jesus Cristo. Até esse momento, eu ainda não
tinha estudado a motivação religiosa do movimento. Entretanto, do ponto
de vista humano, não pude me sentir menos do que muito impressionado
por sua sinceridade, assim como assombrado e pasmado diante de sua
maneira tão familiar de falar sobre Jesus, como se Ele estivesse ali mesmo
com eles.
1
"Jesus People", um movimento cristão surgido na década de 70.
Eu sempre tinha me considerado um homem razoavelmente
religioso, que desfrutava da vida sacramental da Igreja Católica Romana.
Eu não saía por aí referindo-me a Jesus Cristo como se me encontrasse
com Ele pessoalmente com freqüência. Na verdade, muito raramente o
mencionava por seu nome. Pensava que era melhor evitar o tratamento
muito pessoal e preferia uma referência mais reservada, como "meu
Senhor", ou "o bom Senhor".
Como parte de minha tarefa, me pediu que estudasse o ministério
de Kathryn Kuhlman. uma pessoa muito estimada pela "gente de Jesus".
A senhorita Kuhlman vinha uma vez por mês ao auditório Shrine
de Los Angeles para realizar um culto de milagres. Pedi dois assentos, na
seção do centro, sobre o corredor, perto da frente. Entretanto,
aparentemente não era assim que se obtinham os ingressos. Teria que
entrar numa fila e arriscar tentar conseguir a localização desejada. A
capacidade do auditório era de 7.500 pessoas, e me disseram que algumas
vezes tentava entrar o dobro dessa quantidade de gente. Isto me deixou
espantado, e essa sensação continuou durante quatro ou cinco meses, já
que foi esse o tempo que tive que esperar até poder chegar a entrar na fila.
O dia em que cheguei a esse lugar era anormalmente quente para
o mês de março, até na ensolarada Califórnia. Saí da rodovia na rua
Hoover para evitar o trânsito da zona próxima ao auditório. Normalmente
essa zona do centro da cidade estaria quase deserta em um domingo. Mas
enquanto me aproximava do estádio, todos os lugares destinados para
estacionar e as ruas estavam ocupadas. Os ônibus chegavam um após o
outro à entrada principal, onde descarregavam seus passageiros. Alguns
tinham placas que diziam "Fretado"; outros revelavam o nome de seus
pontos de origem. Lembro de um de "Santa Bárbara", e outro, de "Las
Vegas". Para meu assombro, havia um, cheio de pó, que tinha uma placa
de "Portland, Oregon"... que "pequena viagem" tinham feito somente para
assistir a um culto de milagres do Kathryn Kuhlman. Me perguntei o que
seria o que a senhorita Kuhlman daria ali dentro. Não podia ser comida;
havia muitas pessoas. Tampouco podia ser um bingo... como gerenciar
7.300 cartões de bingo?
Uma longa fila de pessoas em cadeiras de rodas avançava pela rua
Jeferson para uma entrada lateral, pela qual eram imediatamente
admitidas. Algo similar acontecia com um grande grupo de homens e
mulheres com hinários nas mãos; aparentemente eram os membros do
coro. Também havia muitos com colarinhos romanos e mulheres vestidas
sobriamente. Me perguntei o que estariam fazendo ali todos esses padres
e freiras.
Encontrei um local, onde estacionei meu automóvel, e logo me
juntei aos milhares de pessoas que esperavam diante da entrada principal
do estádio. Meu relógio marcava onze em ponto. As portas seriam abertas
à uma. Normalmente, eu não teria esperado tanto tempo por coisa
alguma, nem sequer pela segunda vinda. Mas logo compreendi que essa
era uma definição apressada.
Começou a reunir-se uma grande quantidade de gente atrás de
mim, e me encontrei perto do centro de uma grande multidão. Isto me
deu uma ligeira sensação de claustrofobia, por isso me concentrei em
tomar notas mentais com as quais construiria minha apresentação:
grande multidão, muito ordenada; vários jovens que respondiam às
características dos "Meninos do Jesus".
Estes jovens tendiam a formar grupos, como ilhas num mar de
corpos. Cantavam enquanto esperavam, não muito forte, não
necessariamente para que outros os ouvissem; nem sequer atuavam como
se tivessem muita consciência da presença de outros. Cantavam de forma
bastante quieta e meditativa. Isso me pareceu estranho, incomum.
Lembrava um grupo de cristãos coptos que vi uma vez em Roma, orando
de forma audível, mas não em uníssono, independentemente de outros,
mas juntos.
Agora a quantidade de gente tinha realmente aumentado muito, e
alguém que estava lá dentro se compadeceu de nós. As portas se abriram
uns vinte minutos antes da uma. As pessoas que estavam atrás de mim se
lançaram para a frente, e me empurraram para além da entrada. Isto me
surpreendeu, porque tinha a mão na carteira, preparado para pagar meu
ingresso.
Uma senhora que estava justo atrás de mim viu, e riu. "Aqui, o
dinheiro não o levará a nenhuma parte", disse. "Mas, se está lhe
queimando no bolso, haverá uma oferta voluntária mais tarde."
Assim todos se comportavam: em ordem, não festiva, como a
multidão que assistiria a uma partida no estádio, bastante quieta, não
muito comunicativos uns com outros, embora amistosos, quando se dava
ocasião para conversar.
Encontrei um assento bastante atrás e para o lado.
A plataforma, brilhante e muito iluminada, estava cheia de
atividade. Homens e mulheres com hinários nas mãos procuravam seus
lugares em uma espécie de arquibancada que ocupava todo o espaço. Em
ambos os lados havia dois grandes pianos. Parecia que havia centenas de
pessoas no coro, mas, assim como entre o resto do povo, não havia
desordem nem confusão. Apesar do constante movimento devido aos que
chegavam tarde, o coro continuava cantando como se estivesse em uma
silenciosa catedral. O diretor, um homem magro, branco e de aspecto
aristocrático, guiava o ensaio com precisão e inquestionável autoridade.
Uma anciã de aspecto encantador se sentou à minha direita. Pela
atenção que me dedicou ou aos milhares de pessoas que a rodeavam, era
como se estivesse sozinha na Capela de Nossa Senhora da Catedral de São
Patrício. Tinha uma Bíblia aberta sobre o regaço, e algumas vezes a lia em
silêncio.
A Bíblia parecia o equipamento comum de muitos dos presentes.
Dois jovens sentados atrás de mim tinham Bíblias, mas não as liam.
Simplesmente cantarolavam ou cantavam as letras dos hinos que o coro
ensaiava na plataforma. Isso eu não gostei. Nunca me agradei dos teatros
ou concertos ou cinemas em que o público participa, sobretudo quando
não lhe foi especialmente solicitado que o fizesse. Mas ia escutar muito
mais destes jovens.
Enquanto isso, as luzes brilhantes sobre a plataforma baixaram
um pouco, e lhes acrescentou cor. As cores pastéis dos vestidos das
mulheres do coro faziam um agradável contraste com o azul do cenário
curvo que rodeava tudo.
Uma vez terminado o ensaio, o coro começou a cantar segundo o
programa. A maioria dos hinos eram conhecidos e muito queridos: "Quão
grande és Tu", "Sublime Graça". Os cantores eram excelentes; mais tarde
soube que provinham de igrejas de todas as denominações da zona de Los
Angeles.
Sem interrupção, o coro começou a cantar "Ele me tocou". Senti
que uma tensa expectativa se apoderava da audiência. A luz de um spot se
concentrou em uma área à direita do público. Todos ficaram de pé e aqui
e acolá algumas pessoas começaram a aplaudir. A senhorita Kuhlman,
uma figura frágil e magra, vestida com um encantador vestido branco,
subiu à plataforma, cantando com o coro. Aproximou-se de um conjunto
de alto-falantes à direita do centro do cenário, tomou um microfone
pendente que colocou ao redor do pescoço, e sem se deter, dirigiu o coral
em "Ele me tocou", energicamente, várias vezes, e finalmente em forma
decrescente. Em seguida, sem explicação nenhuma, continuou com "Ele é
o Salvador de minha alma". O público e Kathryn Kuhlman pareciam
concordar em que estes hinos eram especiais para ela. Sem explicações,
uma vez, mais, começou a orar em voz alta. O público ficou de pé, com as
cabeças inclinadas, seguindo sua oração em silêncio.
Soube então o que era o que tinha sido distinto no canto dessas
"ilhas" de jovens que esperavam fora do auditório; o que era isso tão
especial no canto desse grande coro que estava sobre a plataforma.
Estavam cantando, sim, mas era mais do que cantar. Não estavam
atuando; estavam adorando. E o público reagia de forma diferente. Não
era público, era uma congregação. Cantavam a uma só voz com o coro,
quando lhes indicava. Oravam em uníssono com a senhorita Kuhlman.
Isto não era um show, era uma reunião de oração. Não sei como me senti
nesse momento; provavelmente impressionado, e agradado por ter feito
um descobrimento interessante.
Entretanto, logo descobri outra coisa, que me surpreendeu muito.
Uma e outra vez, os jovens que estavam sentados atrás de mim gritavam
"Amém", e "Louvado seja Deus", aparentemente em resposta a uma
oração ou a uma afirmação. Muitos outros faziam o mesmo. Outros
levantavam as mãos em um gesto de súplica que relacionei com a posição
das figuras bíblicas representadas nos vitrais de igrejas. "Já imagino
aonde terminará tudo isto", pensei, e automaticamente comecei a
procurar a saída mais próxima.
Uma das coisas que mais me incomodava era um jovem que estava
em uma das filas superiores do coro. Esteve quase todo o culto com as
mãos levantadas. Este deve ser "o" milagre do culto de milagres, pensei.
Nenhum sistema circulatório pode suportar a tensão de uma postura
como essa durante muito tempo. Certamente seus braços cairiam como
chumbo em pouco tempo.
Mas depois me esqueci dele; esqueci-me de todos. Como a senhora
que estava sentada a meu lado, era como se estivesse em uma capela
remota, exceto, talvez, por uma Presença que normalmente não se sente
em um auditório tão grande.
Sim, era isso. Havia uma Presença ali, e era por isso que esta
multidão de tantos milhares de pessoas ficava tão calada que, por
momentos, eu podia escutar o som de minha própria respiração. Era por
isso que se perdia a noção do tempo. Havia algo diferente ali; havia amor,
específico e real. Sim, e mais que amor, estava essa Presença. Lembrei das
palavras de uma canção dos Meninos de Jesus: "Saberão que somos
cristãos por nosso amor, por nosso amor. Saberão que somos cristãos por
nosso amor".
Começaram as "curas": duas na fila perto de onde eu estava. Eu os
vi antes que a senhorita Kuhlman os chamasse. Vi a expressão
maravilhada de terem sido curados, depois sua incredulidade, a
compreensão do fato e sua felicidade.
Havia muitas, muitas curas na plataforma nesse momento. Alguns
se levantavam das cadeiras de rodas. Uma freira paralítica caminhou;
fazia anos que não podia fazê-lo. Vi gratidão nos que foram curados, um
agradecimento tão evidente que quase podia ser tocado. Os drogados
eram libertados, e na evidência de seus rostos transformados, luminosos,
vi renascimentos interiores e regenerações morais.
Perdi a conta do que vi, porque, em algum ponto desconhecido
para mim, deixei de ver e comecei a sentir. Senti no mais profundo da
minha consciência.
Compreendi que participava de uma conversa, a mais assombrosa,
nua, honesta conversa de minha vida. Estava falando com Deus. Em
algum lugar no meu interior, estava contando a Deus coisas que nunca
tinha sabido antes, ou que não tinha podido ou querido admitir.
Apesar de toda a evidência de minha carne, dos fatos visíveis e
aparentes de minha ocupada vida, o amor e a companhia de meus filhos e
seus amigos, meus próprios amigos, que eram muitos, meus interesses no
mundo, meus hobbies, apesar de toda essa evidência, estava dizendo a
Deus que estava inquieto e sozinho. Profunda, desesperadamente
solitário. Não de gente, nem de coisas. Tinha muito disso. Disse a Deus
que estava vazio. Então me invadiu a emoção mais forte que jamais havia
experimentado: fome. Uma fome selvagem, rude, primitiva.
Vi que a plataforma e os corredores estavam cheios de gente. A
senhorita Kuhlman convidava aqueles que queriam a Cristo em suas vidas
para que fossem à frente, reconhecessem seus pecados, recebessem a
Jesus como seu Salvador pessoal, e se entregassem completa e
irrevogavelmente a Ele.
Segui-os. Coloquei-me entre eles. Eu, que não participava, que me
tinha feito sozinho, o sofisticado. Eu estava tomando esse compromisso,
surpreendentemente consciente de tudo o que significava e da
responsabilidade que assumia. Pedi a Deus que me livrasse de todo temor.
E Ele o fez.
Essa noite, enquanto voltava, em meu carro, à minha pequena
cidade do Ojai, chorei. Chorei durante todo o caminho. Não me sentia
nem triste nem feliz: sentia-me... limpo.
Durante a noite, despertei e senti que compreendia, instantânea e
plenamente, o que tinha acontecido. Me re-consagrei a Cristo, percebi que
não duvidava e nem temia esse compromisso, e dormi profundamente
uma vez mais, sem sonhar.
Na manhã seguinte, já bem adiantada, fui caminhando desde meu
lar no campo até a pequena cidade do Ojai. Sentia-me bem, descansado e
em paz. As emoções do dia anterior já tinham ficado para trás. Passei
junto à capela a que estava acostumado a freqüentar, uma capelinha de
estilo colonial espanhol, localizada na rua principal. Era a época da
Quaresma. Eram aproximadamente 11:30, e eu sabia que devia estar
sendo celebrada a missa.
Assim era. Cheguei a tempo para a celebração eucarística a que
usualmente chamamos Santa Comunhão. Fui para o altar
automaticamente, e como só havia seis ou oito pessoas presentes,
recebemos ambos os elementos da Santa Eucaristia, pão e vinho. Em vez
de voltar para os fundos da capela, ajoelhei-me no primeiro banco.
Foi bom que o fizesse. O que eu tinha tomado em meu corpo não
era pão e vinho, não era um símbolo, não era uma lembrança. Era o Corpo
e o Sangue de Cristo, e o resultado em mim foi o mais profundo
conhecimento da real presença de Cristo. Foi uma experiência de grande e
inexprimível gozo, e meu corpo estremeceu violentamente devido ao
esforço que realizava para contê-lo.
Jesus, o Cristo, estava ali comigo, e cada célula de meu corpo era
testemunha de que Ele era real. Descansei minha cabeça nos ombros e,
por um momento, o tempo ficou suspenso.
Deus vive. Deus vive verdadeiramente, e se move entre nós, e
exala seu Santo Espírito sobre nós. E por mérito do sangue derramado
por nós por seu divino Filho, Ele nos prepara tudo o que nos espera neste
mundo de dor... e mais à frente.
Louvado seja Deus!
Capítulo 2
Não há escassez no depósito de Deus
Capitão John LeVrier
Lembro a primeira vez que estive cara a cara com o
capitão LeVrier. Um policial e diácono batista. Estava em
uma situação crítica. Desesperado, tinha voado de
Houston até Los Angeles. Mas deixemos que ele mesmo
conte sua história.
Sou policial desde que tinha vinte e um anos. Em 1936 comecei no
Departamento de Polícia de Houston, e cheguei a ser capitão da Divisão
de Acidentes. Em todos esses anos jamais estive doente. Mas em
dezembro de 1968 fiz um exame físico, e tudo mudou.
Eu conhecia o doutor Bill Robbins desde que ele era um interno e
eu era um novato em minha profissão. Quando comecei minha carreira,
ele estava acostumado a me acompanhar no automóvel da patrulha. Logo
depois do que eu pensava ser um exame médico de rotina em seu
consultório, no Sanatório Saint Joseph, o doutor Robbins tirou as luvas de
borracha e se sentou na beirada da escrivaninha. Sacudiu a cabeça. "Eu
não gosto do que encontrei, John", disse. "Quero que veja um
especialista."
O olhei de esguelha enquanto terminava de ajustar minha camisa
na calça e segurava meu cinturão com a arma. "Um especialista? Para
que? As costas doem um pouco, mas que policial...?"
Ele não me escutava. "vou encaminhá-lo ao doutor McDonald, um
urologista do sanatório."
Eu sabia que era melhor não discutir. Duas horas depois, logo
depois de um exame ainda mais cuidadoso, escutava outro médico, o
doutor Newton McDonald. Ele não suavizou as coisas. "Quando pode
internar-se, capitão?"
"Me internar?" Detectei um pouco de temor em minha voz.
"Eu não gosto do que encontrei", disse deliberadamente. "Sua
próstata teria que ser do tamanho de uma pequena noz, mas está grande
como um limão. A única forma de averiguar a causa é fazendo uma
biópsia. Não podemos esperar. Você deveria internar-se, no máximo,
amanhã pela manhã."
Fui direto para casa. Logo depois do jantar, Sara Ann mandou as
crianças para a cama. John tinha somente cinco anos; Andrew, cinco, e
Elizabeth, nove. Então lhe dei a notícia.
Ela escutou em silêncio. Tínhamos sido felizes juntos. "Não deixe
para depois, John", disse com voz calma. "Temos muito por que viver."
Apoiando-me na beira da mesa da cozinha, olhei-a. Era tão jovem,
tão bonita. Pensei em nossos três lindos filhos. Ela tinha razão, eu tinha
muito por que viver. Nessa noite liguei para minha filha Loraine, casada
com um pastor batista, em Springfield, Missouri. Prometeu-me que
pediria na sua igreja que orassem por mim.
Três noites depois, logo depois de extensos exames (incluindo a
biópsia), eu estava sentado em minha cama no hospital, comendo o
jantar, quando a porta do quarto se abriu. Era o doutor McDonald com
um dos médicos do hospital. Fecharam a porta e aproximaram duas
cadeiras da minha cama. Eu sabia que os médicos geralmente estão muito
ocupados e não têm tempo para bate-papos sociais, e comecei a sentir que
meu pulso se acelerava.
O doutor McDonald não me deixou especular muito. "Capitão,
temos más notícias." Fez uma pausa. Era difícil para ele pronunciar estas
palavras. Esperei, tratando de manter os olhos fixos em seus lábios. "Você
tem câncer."
Vi como seus lábios se moviam formando a palavra, mas meus
ouvidos se negaram a registrar o som. Repetiu. Eu podia ver como se
formava a palavra em seus lábios. Câncer, assim, simplesmente. Um dia
sou forte como um boi, um veterano com trinta e três anos de serviço na
Polícia. No outro dia, tenho câncer.
Pareceu ter se passado uma eternidade até que pude responder.
"Bem, o que fazemos? Suponho que terá que extirpá-lo."
"Não é tão simples", disse o Dr. McDonald, limpando a garganta.
"É maligno, e está muito avançado para que possamos tratá-lo aqui.
Vamos encaminhá-lo aos médicos do Instituto de Câncer M. D. Anderson.
Eles são famosos em todo o mundo por suas investigações no tratamento
dessa doença. Se alguém pode ajudá-lo, são eles. Mas não está muito bem,
capitão, e mentiríamos se lhe déssemos alguma esperança sobre o futuro."
Ambos os doutores foram muito compassivos. Eu percebi que
estavam comovidos, mas sabiam que eu era um policial veterano, e ia
querer conhecer os fatos. Me fizeram saber isso, francamente, mas com a
maior suavidade possível. Em seguida se foram.
Sentei-me, olhando a comida que esfriava na bandeja. Tudo
parecia sem vida: o café, o bife meio comido, a compota de maçãs. Afastei
tudo de mim e me sentei no lado da cama. Câncer. Sem esperanças.
Caminhei para a janela e olhei para fora, para a cidade de
Houston, que eu conhecia como a palma de minha mão. Ela também
tinha câncer; estava cheia de delitos e enfermidades, como qualquer
grande cidade. Durante um terço de século eu tinha trabalhado, tentando
deter o avanço desse câncer, mas era uma tarefa interminável. O Sol
estava se ocultando, e seus raios moribundos se refletiam nas torres das
Igrejas por sobre os telhados. Nunca tinha notado antes. Houston parecia
estar cheia de Igrejas.
Eu era membro de uma delas, a Primeira Igreja Batista de
Houston. Na verdade, era um ativo diácono de minha igreja, embora
minha fé pessoal não fosse muita. Alguns meus amigos brincavam
dizendo que eu era da mesma classe de batista que Harry Truman: dos
que bebiam, jogavam pôquer e amaldiçoavam. Embora eu tivesse ouvido
o meu pastor pregar poderosos sermões sobre a salvação, nunca tinha tido
nenhuma vitória em minha vida pessoal. Era diácono por minha posição
na comunidade, mais do que por minha qualidade espiritual. Aqui estava
eu agora, cara a cara com a morte, desesperado para encontrar algo a que
me agarrar. Mas ao pôr os pés na água, não havia fundo. Sentia como se
estivesse afundando.
Olhei para baixo, do nono andar, onde estava. Seria fácil saltar
pela janela. Eu tinha visto algumas pessoas morrerem de câncer, com seus
corpos consumidos pela enfermidade. Seria muito mais fácil terminar
com tudo agora. Mas algo que Sara havia dito tinha ficado gravado em
minha mente: "Temos muito por que viver..."
Voltei para a cama e me sentei na beirada, olhando no profundo
dessa grande nuvem cinza e negra que parecia estar se fechando sobre
mim. Como dizer a ela, e aos meninos, que ia morrer?
No dia seguinte vieram os médicos do Instituto M. D. Anderson.
Houve mais exames. O doutor Delclose, que estava encarregado de meu
caso, foi realmente honesto comigo. "A única coisa que posso lhe dizer é
que será melhor que se prepare para ver muitíssimos médicos", disse-me.
"Quanto tempo tenho?", perguntei.
"Não posso lhe dar nenhuma esperança", disse ele francamente.
"Talvez um ano, talvez um ano e meio. O câncer está muito espalhado por
toda a zona inferior do abdômen. A única forma com que podemos tratá-
lo é com grandes doses de radiação, o que significa que, ao mesmo tempo,
mataremos muitos tecidos saudáveis. Mas se quisemos tentar prolongar
sua vida, devemos começar já."
Assinei a autorização, e começaram o tratamento com cobalto
nesse mesmo dia.
Eu acreditava na oração. Na Primeira Igreja Batista, orávamos
todas as quartas-feiras pelos doentes. Mas sempre iniciávamos nossa
oração por cura com as palavras: "Se for da Tua vontade, cura-o..." Era
assim que me tinham ensinado. Eu não sabia nada sobre orar com
autoridade, o tipo de autoridade que tinham Jesus e os discípulos.
Realmente eu acreditava que Deus podia curar as pessoas, mas não
acreditava que Ele fizesse milagres na atualidade.
Portanto, quando fui receber o tratamento com raios, com o corpo
raspado e marcado com um lápis azul como se fosse uma cabeça de gado
pronta para a faca do açougueiro, a única oração que fiz foi: "Senhor, que
esta máquina faça o que deve fazer".
Bem, essa não é uma má oração, já que a máquina fora feita para
matar células cancerosas. Obviamente, os médicos tratavam de evitar que
a radiação afetasse outros órgãos, assim eu estava marcado até os
detalhes em milímetros. O câncer estava na zona da próstata e devia ser
tratado de todos os ângulos. A gigantesca máquina que irradiava cobalto
rodeava a mesa, e a radiação penetrava em meu corpo de todos os
ângulos.
Os tratamentos diários duraram seis semanas. Recebi alta no
hospital e me permitiram voltar ao trabalho, embora devesse retornar
todas as manhãs para receber a dose.
Tinham se passado quatro meses desde que minha doença foi
diagnosticada. Aproximava-se a Páscoa, e Sara comentou que parecia que
ia ser melhor que o Natal. Possivelmente o cobalto tinha obtido seu
objetivo. Ou, melhor ainda, possivelmente os médicos se equivocaram.
Então, cento e vinte dias depois do primeiro diagnóstico, chegou a dor.
Era uma sexta-feira ao meio dia. Eu tinha prometido a Sara que
nos encontraríamos no pequeno restaurante, onde costumávamos nos
reunir para almoçar. Ela já tinha chegado. Eu sorri, apoiei minha boina de
polícia no batente da janela, e me sentei junto a ela. Enquanto o fazia,
senti como se tivesse sido apunhalado. A dor atravessava meu quadril
direito em terríveis espasmos. Não podia falar, só podia olhar para Sara
em muda agonia. Ela segurou meu braço.
"John", sussurrou. "O que está acontecendo?"
A dor se dissipou lentamente, me deixando tão fraco que quase
não podia falar. Contei-lhe. Então, como a maré que retorna à margem, a
dor voltou. Era como fogo nos ossos. Meu rosto brilhava de transpiração;
abri a camisa e afrouxei minha gravata. A garçonete que tinha vindo nos
servir notou que algo estava mal. "Capitão LeVrier," disse, preocupada,
"está você bem?"
"Estarei bem", respondi finalmente. "É que tive uma dor
repentina."
Decidimos não comer. Em vez disso, fomos diretamente ao
hospital, e o doutor Delclose ordenou imediatamente novas radiografias.
Enquanto me preparavam, pus a mão sobre o quadril direito e senti a
fenda. Era do tamanho de uma moeda grande e parecia um oco sob a pele.
Os raios X mostraram o que era: o câncer tinha feito um buraco que
atravessava o quadril. Só a pele cobria a cavidade.
"Sinto muito, capitão", disse o médico. "O câncer está se
espalhando, como esperávamos."
Em seguida, em um tom moderado, concluiu: "Começaremos
novamente as aplicações de cobalto, e faremos tudo o que for possível
para que o tempo que lhe resta seja o menos doloroso possível."
As viagens diárias ao hospital começaram outra vez. Sara
procurava manter-se calma. Ela tinha trabalhado no Departamento de
Polícia antes de nos casarmos, e tinha estado exposta à morte muitas
vezes. Mas isto era diferente. Eu não sabia então, mas os médicos lhe
haviam dito que provavelmente eu não tivesse mais do que seis meses de
vida.
Continuei trabalhando, embora cada vez mais fraco. Era difícil
saber se era devido ao câncer ou ao cobalto. Uma tarde Sara me buscou ao
sair do trabalho e me disse: "John, estive pensando. Faz bastante tempo
que estou fora de circulação. O que diria de eu voltar a trabalhar?"
"Já tem trabalho", disse-lhe, em tom de brincadeira, "somente
cuidando dos meninos. Eu ganharei o pão para esta casa. Ainda faltam
muitas milhas para percorrer."
"Continua sendo o policial durão, não?", disse ela. "Bem, eu
também sou durona. Vou me inscrever na faculdade."
Comecei a compreender o que ela estava fazendo: estava pondo as
coisas em ordem. Era hora de eu fazer o mesmo. Mas antes que pudesse,
houve uma novidade. Cirurgia.
"É a única forma de mantê-lo vivo", disse a cirurgiã. "Este tipo de
câncer se alimenta de hormônios. Vamos ter que redirecionar o curso dos
hormônios em seu corpo por meio da cirurgia. Se não o fizermos,
realmente terá pouco tempo."
Aceitei a operação, mas antes de cento e vinte dias, o câncer
apareceu novamente na superfície, desta vez na coluna.
Numa tarde de domingo, em junho, finalmente a ficha caiu. Sara
tinha levado os meninos a um piquenique da Escola Bíblica de Férias, e eu
estava em casa, cuidando de transplantar uma plantinha num canteiro.
Estava tão fraco que estava difícil me inclinar, mas pensei que o exercício
me faria bem. Tinha cavado uma pequena cova na terra, e quando me
inclinei para pegar a plantinha, uma dor, como se me tivessem aplicado
um raio de mil volts, me paralisou a parte inferior das costas. Caí para a
frente, na terra.
Nunca tinha imaginado que podia existir uma dor tão terrível. Não
havia ninguém próximo para me ajudar, então, me arrastando, um pouco
de quatro, um pouco sobre o estômago, subi os degraus e entrei na casa.
Então, pela primeira vez, me rendi. Jogado ali no piso, na casa vazia,
chorei e gemi descontroladamente. Tinha estado reprimindo-o por Sara e
os meninos, mas essa tarde, com a casa vazia, fiquei ali chorando e
gemendo até que a dor finalmente se dissipou.
Depois disso, seguiu-se uma nova série de aplicações de cobalto, e
mais olhares desesperançados dos médicos. Tinha recebido minha
sentença de morte.
O câncer nos destrói de dentro para fora, e eu não era o único na
família que tinha sofrido desse mal. Os maridos de minhas duas irmãs,
que também viviam em Houston, tinham morrido de câncer. Ambos
tinham aproximadamente cinqüenta anos, como eu. Parecia que agora era
minha vez. Era hora de terminar de pôr minhas coisas em ordem.
Sempre tinha desejado possuir um grande automóvel antigo. Num
impulso de esbanjamento, comprei um Cadillac que só tinha três anos de
uso. Quando terminou o verão, colocamos a toda a família no carro e
partimos, para o que eu acreditei que seriam minhas últimas férias.
Queria que fosse especial para as crianças. Anos antes, tinha viajado pela
costa noroeste do Pacífico, e agora queria que Sara e as crianças
conhecessem essa parte do mundo, que tinha significado tanto para mim:
o curso do rio Columbia, o monte Hood, a costa de Oregon, lago Louise,
Yellowstone e as Montanhas Rochosas. As crianças não sabiam, mas Sara
e eu acreditávamos que seria nosso último verão juntos, como família.
Voltei para Houston para juntar alguns fios soltos. Mas quando a
vida está destruída além de toda possibilidade de conserto, é impossível
recolher os pedaços. A única coisa que se pode fazer é deixá-los soltos e
esperar o final.
Num sábado pela manhã, no começo do outono, entrei em casa e
liguei a tv no canal Nosso Pastor, da Primeira Igreja Batista. John Bisango
tinha um programa chamado "Terras Altas". John estava em Houston,
vindo de Oklahoma, onde sua igreja tinha sido reconhecida como a igreja
mais evangelística da Convenção Batista do Sul. O que tinha acontecido
em Oklahoma estava começando a dar-se também em Houston. Eu estava
muito entusiasmado com seu ministério.
Muito fraco para me levantar, fiquei jogado na cadeira enquanto
terminava esse programa e começava outro. "Eu creio em milagres", disse
a voz de uma mulher. Olhei para a tela. Não me impressionava; poucos
batistas se sentiriam impressionados por uma mulher pregadora. Mas, à
medida que avançava o programa, e esta mulher, Kathryn Kuhlman,
falava de maravilhosos milagres de cura, algo dentro de mim se acendeu.
"Será real isto?", pensei.
O programa terminou, e começaram a passar os créditos na tela.
De repente, vi um nome conhecido: Dick Ross, produtor.
Eu conhecia o Dick; conhecia-o desde 1952, quando ele estava em
Houston, trabalhando com Billy Graham na produção do Oiltown, USA".
Na verdade, eu tinha tido um pequeno papel nesse filme, e, a partir daí,
me tornei amigo de Billy Graham e sua equipe, e cuidava da segurança
toda vez que vinham a Houston. E agora via o nome de Dick Ross
relacionado com esta pregadora que falava de milagres de curas.
Eu tinha me mantido em contato com o Dick através dos anos.
Toda vez que eu ia à Califórnia a trabalho, procurava-o. Tinha-o visitado
na sua casa, e até tinha assistido a sua aula de escola dominical na igreja
presbiteriana. Peguei o telefone e liguei para ele.
"Dick, acabei de assistir o programa de Kathryn Kuhlman. São
verdadeiras essas curas?"
"Sim, John, são de verdade", respondeu Dick. "Mas teria que
assistir a uma dessas reuniões no auditório Shrine para ver por si mesmo.
Por que pergunta?"
Duvidei por um momento, mas, em seguida falei: "Dick, tenho
câncer. Já apareceu em três áreas de meu corpo, e temo que a próxima vez
me matará. Sei que parece que estou tentando me agarrar a algo
impossível, mas isso é o que faz um homem que vai morrer."
"Vou fazer que a senhorita Kuhlman lhe ligue pessoalmente", disse
Dick.
"Oh, não", protestei. "Sei que ela deve ser muito ocupada para
atender um policial de Houston. Só me diga onde posso conseguir seus
livros."
"Eu lhe enviarei seus livros", disse Dick. "Mas também lhe pedirei
que ligue para você, como um favor pessoal a mim."
Em menos de uma semana, ela me ligou. "Sinto como se já o
conhecesse", disse-me, e sua voz soava exatamente igual como no
programa de TV. "Anotamos seu nome na lista de oração, mas não deixe
de vir a alguma das reuniões."
Embora Sara e eu tenhamos lido seus livros e nos convertidos em
ávidos espectadores de seu programa de TV, na verdade eu adiava o
momento de assistir a alguma reunião de Kathryn Kuhlman. "Onde
estivemos durante toda a vida?", perguntava Sara. "Essa mulher é famosa
no mundo todo, mas nunca ouvi falar dela antes."
Como tantos outros batistas, simplesmente não tomávamos
conhecimento de que havia outras coisas acontecendo no Reino de Deus,
além da Convenção Batista do Sul. Agora nossos olhos estavam sendo
abertos, não só a outros ministérios, mas também a outros dons do
Espírito e ao poder de Deus para curar. Era tudo tão novo, tão diferente.
Mas eu compreendia que era bíblico. Apesar da minha ignorância dos
dons sobrenaturais de Deus, tinham-me ensinado a aceitar que a Bíblia é
a Palavra de Deus. Quando começamos a ver todas essas referências ao
poder do Espírito Santo, referências que nunca tínhamos visto antes,
nossos corações começaram a sentir fome, não só de cura, mas também
de receber a plenitude do Espírito Santo.
Em fevereiro, soube que meu tempo estava se esgotando. Sara e as
crianças também sabiam. "Papai", disse-me Elizabeth, "você vai à
Califórnia, e ficaremos em casa orando. Acreditamos que Deus vai curá-
lo".
Olhei para Sara Ann. Com os olhos úmidos, assentiu e disse:
"Creio que Deus o curará."
Na sexta-feira, 19 de fevereiro, voei de Houston até Los Angeles.
Uns velhos amigos de Los Angeles me emprestaram seu carro, e encontrei
um hotel onde ficar em Santa Monica. Como policial e como batista,
queria formar uma idéia sobre a senhorita Kuhlman antes de assistir à
reunião, no domingo.
Soube que ela geralmente vinha de Pittsburgh no dia anterior ao
culto no Shrine. Também fiz algumas perguntas, usando minhas técnicas
de polícia, e averigüei onde se alojava. Logo tive toda a informação de que
precisava.
Na manhã seguinte, cedo, fui ao seu hotel. Como policial que era,
foi fácil para mim contatar os oficiais da segurança e lhes tirar
informações. Pouco depois me disseram o horário em que geralmente a
senhorita Kuhlman chegava.
Sentei-me no saguão do hotel e esperei. Uma hora depois se abriu
a porta, e ela apareceu. Era exatamente como a tinha imaginado.
Descaradamente, a interceptei quando ia para o elevador. "Senhorita
Kuhlman", disse-lhe, "sou aquele capitão da polícia do Texas."
Ela me mostrou um amplo sorriso e exclamou: "Ah, sim! Você veio
para ser curado".
Falamos durante uns instantes. Em seguida lhe disse: "Senhorita
Kuhlman, sou um crente em Jesus Cristo, nascido de novo. Sei que não
tenho que ser curado para ser crente, porque já o sou. Mas você fala de
algo em seus livros, que eu quero tanto quanto a cura física".
"O que é?", perguntou ela, examinando meu rosto.
"Quero ser cheio do Espírito Santo."
"Oh," sorriu docemente, "prometo-lhe que pode ter isso."
"Bom, estou gravemente doente, mas ainda estou forte para ir ao
auditório e esperar na fila. Tenho lido seus livros e conheço a forma como
se conduzem suas reuniões. Me levantarei bem cedo para conseguir um
bom lugar." Despedi-me e comecei a me retirar.
"Espere!", disse ela. "Estou sentindo algo, e tenho que ser
obediente ao Espírito Santo. Venha aqui pela manhã, e iremos juntos até
o auditório. Pode nos seguir em seu automóvel."
Por um instante, duvidei. "Senhorita Kuhlman, faz tanto tempo
que sou polícial, e aproveitei muitas vezes as situações para obter o que
queria mais rapidamente... Desta vez, não quero fazer nada que possa ser
obstáculo para minha cura. Simplesmente irei e me porei na fila com os
outros."
Sua voz soou encolerizada, e seus olhos brilharam. "Agora, deixe
eu lhe dizer algo", disse, marcando cada palavra. "Deus não vai curá-lo
porque você se comporta bem. Ele não vai curá-lo porque você é um
capitão de polícia. E certamente não curá-lo pela forma como chegar à
reunião."
Não foi necessário que dissesse mais nada. Na manhã seguinte, a
segui do hotel até o auditório Shrine. Chegamos às 9.30. Embora a
reunião não começasse até a uma da tarde, a calçada onde estava a
entrada do enorme auditório estava cheia de pessoas, milhares de
pessoas.
Entramos pela parte da plataforma, e a senhorita Kuhlman me
disse: "Agora, sinta-se em liberdade para andar por este lugar, até que
veja que me reúno com os obreiros. Quando isso acontecer, quero que
você esteja comigo."
Aceitei, e andei percorrendo o vasto auditório. Centenas de
obreiros, que tinham viajado muitos quilômetros para colaborar
voluntariamente, estavam ocupados, colocando as cadeiras para o coro de
quinhentas pessoas, preparando a seção onde estariam os que vinham em
cadeiras de rodas, acomodando os que tinham vindo em ônibus fretados,
e arrumando o lugar para o que ia ocorrer.
Eu quase podia sentir a expectativa, enquanto percorria o salão.
Era como eletricidade. Todos sussurravam em voz baixa, como se o
Espírito Santo já estivesse presente. Que diferença das experiências que
tinha tido nos cultos da igreja! Eu também o sentia, e repentinamente, já
não era mais um policial, nem um diácono de uma igreja batista. Era
somente um homem que sofria de câncer, que precisava de um milagre
para viver. Se esse milagre pudesse acontecer, seria nesse lugar.
Um dos homens se apresentou como Walter Bennett. Reconheci
seu nome imediatamente. Tinha lido seu testemunho em "Deus pode
fazê-lo outra vez". Sua esposa Naurine tinha sido curada de uma horrível
enfermidade. Ele me levou para a porta que dava à plataforma, onde ela
montava guarda. O simples fato de vê-la tão radiante, sabendo que tinha
estado a ponto de morrer, deu-me nova esperança e fé. Senti vontade de
chorar.
"John", disse-me Walter, "temos algo em comum. Você é um
diácono batista, e eu fui um diácono batista, também. Vamos tomar uma
xícara de café."
Saímos por uma porta lateral e encontramos um café ali perto.
"Depois que for curado," disse Walter, "é possível que seus
companheiros batistas não queiram ter mais nada a ver com você." Sorriu
como se soubesse. Falava com tal fé, como se estivesse certo de que eu ia
ser curado.
"Não me importa o que pensem os outros sobre mim, se for
curado," falei, "contanto que Deus toque meu corpo."
Walter sorriu. Senti muito amor por este novo amigo.
"Bom, há algo de que podemos estar certos", disse suavemente.
"Deus não o trouxe de tão longe até aqui para nada. Você vai voltar para
Houston sendo um homem novo." O fato de que esse diácono batista
falasse com tanta fé me enchia de entusiasmo. Estava ansioso para que
começasse a reunião.
Ali no auditório, a senhorita Kuhlman se estava reunindo com os
obreiros, para lhes dar as últimas instruções antes que se abrissem as
portas. Me juntei a eles sobre a plataforma.
"Hoje temos aqui conosco um homem que é capitão da polícia de
Houston", disse Kathryn. "Ele tem câncer em todo o corpo, e vou orar por
ele agora. Quero que cada um de vocês, homens, inclinem-se em oração,
enquanto rogo ao Senhor por ele."
Percebi que isso era algo especial. Sabia que o ministério da
senhorita Kuhlman era simplesmente dizer o que Deus fazia à medida que
se desenvolviam os grandes cultos de milagres; que ela não tinha nenhum
dom pessoal de cura, em particular. Fez um sinal para que eu me
aproximasse e esticou suas mãos sobre mim.
Embora esse fosse o momento pelo qual eu tinha esperado,
duvidei. Lembrei o que tinha lido em seus livros, que muitas vezes,
quando ela orava por alguém, a pessoa caía ao chão. Eu achava que isso
de cair estava muito bem para alguns pentecostais, mas não era para um
batista, e muito menos para um capitão da polícia. Mas não tinha opção.
Dei um passo à frente e deixei que orasse por mim.
Apoiando firmemente os pés em minha melhor postura de judô,
esperei, enquanto ela me tocava e orava por minha cura. Não aconteceu
nada, e quando comecei a relaxar, escutei-a dizer: "E enche-o, bendito
Jesus, com o Espírito Santo".
Senti que cambaleava, e pensei: "Não pode ser!" Firmei-me sobre
meus pés, colocando-os um atrás do outro, e a escutei dizer pela segunda
vez: "E enche-o com teu Santo Espírito".
Senti como se alguém tivesse posto suas mãos sobre meus ombros
e me estivesse empurrando para o chão. Não pude resistir, e desabei sobre
a plataforma. Lutei para recobrar a posição vertical, justamente quando a
escutava dizer pela terceira vez: "Enche-o com teu Espírito Santo". E caí
de novo.
Desta vez fiquei no chão durante vários minutos. Sentia como se
estivesse afundando em uma piscina cheia de amor. Alguém me ajudou a
levantar, e escutei que ela me dizia: "Agora, procure um assento. Vamos
abrir este lugar, e em poucos minutos todos os assentos estarão
ocupados".
Deveria havê-la escutado, porque momentos depois se abriram as
portas e o povo entrou correndo pelos corredores como a lava de um
vulcão. Pude subir por um dos corredores, e me detive, olhando uma
seção inteira do auditório cheia de gente em cadeiras de rodas. Não podia
tirar meu olhar de seus rostos. Alguns eram tão jovens e já estavam tão
deformados... senti desejo de chorar novamente. "Oh, Senhor, como sou
tão egoísta para desejar me curar, quando há tantas pessoas aqui,
algumas delas tão jovens?"
Enquanto estava assim parado, olhando-os, pela primeira vez em
minha vida, escutei a voz de Deus em meu interior, que dizia: "Não há
escassez no depósito de Deus".
Com novas forças voltei para a parte detrás, e lenta,
dolorosamente, subi as escadas até encontrar um assento na primeira fila
do mezanino.
Faltava ainda um pouco antes que começasse a reunião. O enorme
coro havia tomado seu lugar na plataforma e fazia os últimos ensaios.
Entretive-me, observando as diferentes pessoas que estavam sentadas ao
meu redor, e me apresentei ao homem que estava sentado junto a mim.
"Sou o doutor Townsend", saudou-me.
"Você é médico?", perguntei-lhe, assombrado de que um médico
estivesse assistindo a um culto de cura.
"Sim", respondeu, tirando seu cartão. "Venho porque sou muito
abençoado. Eu gosto de ver o enorme poder de Deus em ação." Em
seguida, apresentou a sua família. "Trouxe o meu pai, que veio de outro
Estado. Esta é a primeira reunião a que assiste."
Sentado do outro lado do corredor estava um de meus atores
favoritos da TV. "Vejam só.", pensei. "Médicos e estrelas de TV que vêm e
se sentam aqui em cima! Não vieram para ser reconhecidos, mas sim para
participar da reunião." Estava impressionado.
O culto começou. Uma linda jovem, uma modelo cujo rosto eu
tinha visto na capa das revistas femininas que Sara lia, deu um rápido
testemunho sobre o que Jesus Cristo significava em sua vida.
Eu tinha estado em muitas reuniões evangelísticas, mas esta era
incomum. Possivelmente era a expectativa que havia no ambiente,
possivelmente a sensação de maravilha. Fosse o que fosse, era diferente
de qualquer outra reunião a que tivesse assistido.
A senhorita Kuhlman falava da plataforma. "Sabem, pediram-me
que separasse este domingo para os jovens, mas há pessoas que vieram de
tão longe, que não me atrevo a dizer: 'Só para os jovens'. No entanto,
como há tantos jovens aqui hoje, devo lhes falar".
Sua mensagem foi breve e dirigida aos jovens. Falou do amor de
Deus e, em seguida, apresentou um dos apelos mais desafiantes que
jamais escutei. Bem, se há algo que impressiona um batista, são as
quantidades e o movimento. E quando vi quase mil jovens deixarem seus
assentos e irem para a frente, para tomar uma decisão por Cristo, isso me
impressionou. Ao contrário da maioria dos cultos evangelísticos que tinha
assistido, esta reunião não tinha fanfarras, nem testemunhos
lacrimogêneos. Só um simples convite desta mulher alta que havia dito:
"Quer nascer de novo?" Os jovens responderam, muitos deles literalmente
correndo pelos corredores para aceitar esse desafio.
Ela parecia ter esquecido o passar do tempo enquanto os atendia
sobre a plataforma, orando por muitos deles individualmente.
Finalmente, voltaram para seus assentos, mas a congregação estava
percebendo que ia acontecer algo mais.
"Pai", sussurrou a senhorita Kuhlman, em voz tão baixa que eu
quase não podia ouvi-la, "acredito em milagres. Acredito que tu curas no
dia de hoje, como o fazias quando Jesus Cristo estava aqui. Tu conheces
as necessidades das pessoas que estão aqui, neste imenso auditório. Peço-
te isso no nome de Jesus. Amém."
Em seguida houve um silêncio. Eu sentia meu coração batendo
dentro do peito. Tinha consciência de cada célula de meu corpo e quase
podia sentir a batalha espiritual que estava ocorrendo enquanto as forças
do Espírito Santo lutavam contra as forças do mal em meu corpo. "OH,
Deus", orei, em adoração. "OH, Deus."
De repente, a senhorita Kuhlman estava falando outra vez, e sua
voz falava rapidamente à medida que recebia conhecimento do que
acontecia no auditório. "Há um homem no mezanino, no extremo direito
de onde estou, que acaba de ser curado de câncer. Levante-se, senhor, em
nome de Jesus Cristo, e receba a cura."
Olhei. Ela apontava para o lado oposto de onde eu estava. Era
extraordinário. Eu somente podia observar, maravilhado, enquanto sentia
um entusiasmo crescente. Isto era real. Eu sabia.
"Não venha à plataforma a menos que tenha certeza de que Deus o
curou", enfatizava ela.
Olhei ao meu redor e vi os ajudantes caminhando pelos
corredores. Estavam falando com pessoas que acreditavam terem sido
curadas, certificando-se de que só aqueles que verdadeiramente tinham
recebido cura fossem dar testemunho.
A maioria das pessoas curadas que davam testemunho tinham
estado sentadas no mezanino. Foram da direita à esquerda:
"Duas pessoas estão sendo curadas de problemas na vista."
"Uma mulher está sendo curada agora mesmo de artrite. Levante-
se e proclame sua cura."
"Você está sentada na parte do meio do mezanino."
A senhorita Kuhlman dizia: "Você veio hoje para receber cura.
Deus a restaurou. Tire o aparelho de surdez. Pode ouvir perfeitamente."
Olhei. Uma mulher de aproximadamente quarenta anos estava
ficando de pé, tirando os aparelhos de surdez dos dois ouvidos. Um
ajudante, por trás dela lhe sussurrava algo. Pensei que a mulher ia gritar
enquanto levantava as mãos sobre sua cabeça, louvando a Deus. Podia
ouvir. O doutor que estava sentado ao meu lado chorava, dizendo:
"Obrigado, Jesus".
As curas aconteciam em direção a onde eu estava sentado.
"Senhor, que não se acabem", orei. Então lembrei o que Ele me tinha
sussurrado quando estava no corredor, em baixo: "Não há escassez no
depósito de Deus".
Repentinamente vi que a senhorita Kuhlman estava assinalando
para cima e à esquerda, onde eu estava sentado. "Você veio de muito
longe para ser curado de câncer", disse. "Deus o curou. Fique de pé em
nome de Jesus e proclame-o."
Eu estava tão longe da plataforma! Possivelmente ela nem
imaginava que eu estava ali. Mas seu dedo, comprido e magro, apontava
em minha direção.
"OH, Senhor," murmurei, "é óbvio que quero ser curado. Mas,
como saber que isso é para mim?"
Nesse mesmo instante, a mesma voz interior que tinha escutado
em baixo, quando olhava aos cadeirantes, disse-me: "Fique de pé!"
Coloquei-me de pé. Sem sentir nada, simplesmente o fiz em
obediência e fé.
Então eu senti. Era como ser batizado em energia líquida. Nunca
havia sentido uma força assim percorrendo todo meu corpo. Senti que
poderia tomar em minhas mãos a lista telefônica de Houston e parti-la em
pedaços.
Uma mulher se aproximou de mim. "Você foi curado de algo?"
"Sim", declarei, com vontade de saltar e correr ao mesmo tempo.
"Como sabe?"
"Nunca me senti tão gloriosamente bem. Quase não tive forças
para chegar até este assento, e agora, sinto-me tão bem!" Enquanto isso,
eu me esticava e me dobrava, fazendo coisas que não tinha podido fazer
durante mais de um ano. "Sinto que poderia correr mais de um
quilômetro."
"Então corra até a plataforma e testemunhe", disse ela.
Lancei-me a correr. Mas, enquanto o fazia, comecei a me
perguntar: "E se houver aqui alguém de Houston? Vou chegar correndo à
plataforma, e a senhorita Kuhlman vai pôr suas mãos sobre mim e vou
cair no chão. O que pensarão?"
Então percebi que não me importava. Momentos depois, estava
junto à senhorita Kuhlman, na plataforma. Ela caminhou para mim e
disse simplesmente: "Te agradecemos, bendito Pai, por curar este corpo.
Enche-o com teu Espírito Santo".
Bam! No chão outra vez. Mas desta vez, devido à nova energia
curadora que enchia todo meu corpo, levantei-me imediatamente. Na
segunda vez, nem sequer me tocou. Só orou em minha direção, e a ouvi
dizer: "OH, o poder..." E caí de novo no chão.
Desta vez fiquei ali, me regozijando novamente nessa maré de
amor líquido. Mas, mesmo ali, Satanás me atacou. Veio como leão
rugindo. "O que o faz acreditar que foi curado?"
A senhorita Kuhlman já tinha posto sua atenção em outra pessoa.
Rolei e me pus de joelhos, com a cabeça nas mãos, orando: "OH, Pai, me
dê fé para aceitar o que sinceramente creio que me deste".
Durante muitos anos eu tinha recebido muitos estudos bíblicos
batistas. Minha mente tinha sido verdadeiramente exposta à Palavra de
Deus, e nesse momento, um versículo veio à minha mente: "Provai-me
agora, diz o Senhor..."
Pensei em todos esses corpos deformados que tinha visto. "Pai, me
mostre um sinal visível para que minha fé se fortaleça."
Abri os olhos, e vi uma garotinha de nove anos que se aproximava
da plataforma. Nunca vi alguém mais feliz. Estava correndo e saltando,
descalça. Dançava de um lado ao outro em frente à plataforma, junto à
senhorita Kuhlman, que se esticava para tomá-la pela mão, mas não pôde
alcançá-la. Deu a volta e começou outra vez. Novamente a senhorita
Kuhlman quis pegá-la, mas outra vez lhe escapou dançando. Nesse
momento, a mãe da menina já estava sobre a plataforma. Nas mãos tinha
um par de sapatos com rígidas barras de metal.
Sem poder alcançar a garotinha, que continuava saltando e
dançando, a senhorita Kuhlman se voltou para a mãe: "O que temos
aqui?"
"Essa é minha filhinha", soluçava a mãe. "Teve paralisia infantil
quando era bebê e nunca pôde tornar a andar sem estes sapatos especiais.
Mas olhe para ela agora!"
Toda a congregação prorrompeu em estrondosos aplausos.
"Como você soube que Deus a curou?", perguntou Kathryn
Kuhlman.
"Oh, senti o poder curador de Deus percorrendo seu corpo", quase
gritou a mãe. "Tirei-lhe os sapatos ortopédicos, e ela começou a correr."
Atrás dela havia outra mãe, que tinha nos braços uma menina de
dois anos. "O que aconteceu aqui?", perguntou a senhorita Kuhlman.
"Deus acaba de curar o pezinho de minha filhinha." A voz da mãe
tremia tanto que era difícil entender o que dizia.
A senhorita Kuhlman tomou o pezinho da menina. "Era este o pé
prejudicado?"
"Sim, sim, era esse", disse a mãe, sustentando na mão um sapato
especial. "A menina nasceu com pé chato. Sofreu muitas operações. Se
você lhe tivesse massageado o pé antes, como está fazendo agora, teria
gritado de dor."
"Aqui na plataforma há vários médicos", disse a senhorita
Kuhlman. "Eles me conhecem. Há algum médico entre o público que não
me conheça e que não conheça estas meninas? Poderia vir e examiná-las,
por favor?"
Um homem ficou de pé.
"Você é médico?", perguntou a senhorita Kuhlman.
"Sim", respondeu ele.
"Onde exerce?"
"No Hospital St. Luke's, aqui em Los Angeles."
"Poderia nos fazer o favor de vir e examinar estas meninas?"
O médico foi e subiu à plataforma. "A primeira coisa que posso
dizer é que essa garotinha que salta e corre ali, com essas perninhas tão
magras, é um milagre. Se não fosse por um milagre, não poderia estar
parada, e muito menos saltar de gozo." Em seguida, tomou os pezinhos da
menina menor. "Senhorita Kuhlman", disse com voz séria, "não vejo
nenhuma diferença entre os dois pés desta criatura. Creio que sua mãe
pode tirar o sapato ortopédico."
Não precisei de mais provas. Cambaleando, saí pela parte
posterior da plataforma, procurei um telefone público e liguei para Sara,
em Houston. Estava ocupado. Pedi à telefonista que interviesse na
ligação.
"Não posso fazê-lo a menos que seja um assunto de vida ou
morte", disse-me ela.
"É exatamente isso, operadora. E pode ficar na linha a escutar, se
quiser."
Repentinamente, Sara estava ao telefone. Tentei falar, mas só
conseguia soluçar. Nunca chorei tanto em minha vida quanto nesse
momento, com o telefone na mão, detrás da plataforma, no auditório
Shrine. Sara repetia: "John, John, foi curado?"
Finalmente pude lhe dar a mensagem. Estava são. Então ela
começou a chorar. Desejei que a operadora estivesse escutando. Era um
assunto de vida, não de morte.
Voltei para junto da plataforma e observei. Cinco sacerdotes
católicos, um deles um "monsenhor", estavam sentados na primeira fila,
sobre a plataforma. O monsenhor estava sentado na ponta de sua cadeira,
absorvendo tudo. Ao passar, a senhorita Kuhlman olhou para ele e viu a
expressão de ansiedade em seu rosto. "Gostaria de experimentar isto?",
perguntou-lhe.
Ele sabia perfeitamente do que lhe estava falando, já que ficou em
pé, com as dobras de sua batina sacudindo no ar, e disse: "Sim".
Lhe impôs as mãos e disse: "Enche-o com teu Espírito Santo". Ele
caiu ao chão. Ela se voltou para os outros sacerdotes e lhes disse:
"Venham". Cada um deles caiu ao chão como o monsenhor.
Os hippies eram salvos. As extremidades tortas eram endireitadas.
Meu próprio câncer tinha sido curado. Os sacerdotes católicos eram
cheios do Espírito Santo. Saí como se estivesse flutuando em uma nuvem
e voltei para o hotel. Era mais do que eu podia compreender.
No hotel, fiz todo tipo de exercícios: me sentar e me levantar,
empurrar, coisas que não tinha podido fazer durante mais de um ano. E
as fiz sem problemas. Mesmo sem ainda não ter feito um exame médico,
eu sabia que estava curado. Durante essa noite, despertei várias vezes, não
para tomar calmantes (tinha deixado de tomar minha medicação essa
manhã, antes de ir ao culto), mas sim para poder dizer em voz alta, no
meio da escuridão: "Obrigado, Jesus. Bendito seja o Senhor!"
Então chegou o momento de me reunir a Sara e às crianças.
Quando cheguei ao aeroporto de Houston, estavam me esperando. Corri
para eles, e abracei Sara tão forte, que literalmente a levantei do chão.
Minha força a deixou sem fôlego. Em seguida agarrei os meninos,
primeiro Andrew, em seguida, John, levantando-os acima da minha
cabeça. Abracei Elizabeth. Todos falávamos com mesmo tempo.
"Seu rosto, John", dizia Sara. "Está cheio de cor e vida."
"Eu sabia que ia ser curado", dizia Elizabeth. "Orava por você
todos os dias, às nove, às doze, e às seis."
"Nós também, papai", apareceu o pequeno John. "Nós, seus
filhinhos, também orávamos. Sabíamos que Deus o curaria."
Era muito, e este veterano capitão da polícia, parado no meio do
aeroporto de Houston, pôs-se a chorar.
Pouco depois, voltei ao Instituto M. D. Anderson para fazer um
exame físico. Tinha uma entrevista com dois médicos no mesmo dia.
A primeira que me examinou foi a que tinha recomendado a
operação. Dei-lhe um exemplar do livro de Kathryn Kuhlman, "Creio em
milagres". Ela o olhou, escutou o relato de minha história, e em seguida
me olhou como se eu estivesse louco.
"Deixe eu lhe dizer algo", disse. "O único milagre que lhe
aconteceu é um milagre médico. Isso é tudo. O que o está mantendo vivo é
sua medicação. Continue tomando-a, e veremos quanto tempo vive." Eu
sorri. "Bom, não tomei nenhuma medicação desde vinte de fevereiro, já
faz mais de um mês."
Ela se mostrou surpreendida e zangada. "Você fez uma verdadeira
tolice, senhor LeVrier", disse. "Não passará muito tempo, antes que o
câncer apareça em outra parte do seu corpo, e você se irá."
Que atitude tão estranha para uma cientista!, pensei.
Saí dali e fui ao consultório do doutor Lowell Miller, chefe do
Departamento de Terapia de Radiação do Hospital Herman. Esperava que
sua reação fosse mais positiva, mas depois da recente experiência, decidi
não lhe contar nada sobre o milagre. Que o descobrisse por si mesmo.
Sua enfermeira me pediu que fosse ao quarto contiguo e me
preparasse para o exame físico. Então notei algo estranho. Como muitos
policiais veteranos, eu tinha sofrido de varizes nas pernas. Na verdade,
não usava bermuda em público, porque eu não gostava que vissem os
nódulos em minhas pernas. É obvio, quando se está morrendo de câncer,
não nos preocupamos muito com varizes, mas, à brilhante luz do quarto,
olhei minhas pernas, pela primeira vez desde que voltei de Los Angeles. O
Senhor não somente havia me curado de câncer, mas também tinha feito
desaparecer minhas varizes. Minhas pernas estavam lisas e suaves como
as de um adolescente. Quando o Dr. Miller entrou no quarto, eu estava me
regozijado e louvando ao Senhor.
Sentindo saudades de ver um paciente de câncer tão contente, o
Dr. Miller retrocedeu. "Bom! O que é o que lhe aconteceu?"
Isso foi tudo o que precisei para lhe contar toda a história de como
Jesus Cristo tinha curado meu câncer.
"Vejamos", disse o Dr. Miller. "Eu também sou cristão, mas Deus
nos deu suficiente senso comum para que cuidemos de nós mesmos."
"Não vou discutir isso", falei alegremente. "Essa é a razão por que
estou aqui para me submeter a este exame. Me faça todos os exames que
desejar. Mas lhe digo que não encontrará nada mal."
"Ok", disse o médico. "vamos fazer, então." E a seguir me
submeteu ao exame físico mais completo que já me fizeram.
Ao terminar, disse: "Sabe, desejaria que minha próstata estivesse
tão bem como a sua." Em seguida, examinou a coluna, batendo em
vértebra por vértebra. "Notável", repetia. "Notável."
Me enviou a fazer raios X, e disse depois: "Ligarei dentro de um ou
dois dias, logo depois de que tenha tido tempo de comparar estas
radiografias com as anteriores. Mas por todas as indicações que tenho,
você foi curado."
Três dias depois soou o telefone de minha escrivaninha no
segundo andar do Departamento de Polícia de Houston. Era o doutor
Miller. "Capitão", disse, "tenho boas notícias. Não encontrei
absolutamente nenhum traço de câncer. Agora, queria lhe fazer uma
pergunta. Está acostumado a dar palestras?"
"Sobre meu trabalho como policial?", perguntei.
"Não", disse ele, "não sobre isso. Quero que venha à minha igreja e
conte à congregação o que Deus fez por você."
Isso foi o começo. A partir de então, viajo por todo o país,
contando às pessoas que não têm esperança, sobre o Deus que não tem
escassez em seu depósito de milagres.
Capítulo 3
Caminhando nas sombras
Isabel Larios
O Natal é uma época de muito gozo para mim. Recebo
milhares de cartões de amigos queridos de todo o mundo.
Leio cada um deles. Mas os mais preciosos para mim são
os que me escrevem as crianças. Eles são tão abertos, tão
sinceros. Quando uma criança me diz: "Te amo", nunca
duvido de que realmente o sinta. Por isso, quando recebi
um pequeno e singelo cartão, de uma doce garotinha
mexicana-americana que vive na Califórnia, soube que
realmente sentia o que escrevia. Escreveu para me
agradecer por lhe fazer possível viver outro Natal. Lisa
me agradecia porque podia me ver. Mas eu sabia o que
ela queria dizer. E, Deus sabe, não foi Kathryn Kuhlman:
foi Jesus. Lisa Larios estava morrendo de câncer ósseo até
que Jesus a curou no auditório Shrine. A mãe e o pai
adotivos da Lisa, Isabel e Javier Larios, viviam em um
modesto complexo de apartamentos em Panorma City,
Califórnia. Isabel nasceu em Los Angeles, mas foi criada
em Guadalajara, México. Javier, que passa grande parte
de seu tempo trabalhando com seu cavalete de pintor em
seu apartamento, é um respeitado garçom na Casa Vega,
um dos restaurantes mais elegantes do Sherman Oaks.
Além da Lisa, têm mais dois filhos: Albert e Gina.
"São só os dores do crescimento, Lisa", falei enquanto minha filha
de 12 anos se queixava de dor no quadril direito. Eu estava sentada na
beira da cama, na semi-escuridão, lhe esfregando o quadril e as costas
com linimento. Lisa crescia rapidamente. Já tinha o corpo de uma
mocinha de quinze anos e parecia a imagem viva da saúde.
Mas aqui, na penumbra da noite, enquanto esfregava sua pele
suave, senti que essa dor, em particular, era algo mais do que essas dores
musculares normais que as meninas experimentam quando estão
crescendo. Lisa também sentia isso. O medo entrou no quarto, junto com
a dor.
"Mamãe, acenda a luz do quarto quando sair", sussurrou Lisa.
"Não quero ficar aqui sozinha no escuro."
Javier tinha ido trabalhar no restaurante. As outras duas crianças
já estavam dormindo. Lhe dei umas palmadinhas nas costas e lhe arrumei
o pijama. "Não há nada que temer", falei.
"Eu não gosto das sombras", respondeu ela, com sua cabecinha
metida no travesseiro. "Me dão medo."
Acendi a luz do corredor e deixei a porta de seu quarto aberta. Por
um momento me detive na porta, olhando-a. De onde tinha vindo esse
temor repentino? Lisa nunca tinha tido medo antes. Agora eu podia senti-
lo em todo o quarto, como uma rede que descia do teto e cobria toda a
cama. Será que Lisa percebia algo que eu não podia sentir?
O dia seguinte foi um desses estranhos e belos, que às vezes
acontecem na Bacia de Los Angeles. Era o último dia de março, e uma
forte chuva, logo antes do amanhecer, tinha lavado o ar, deixando-o claro
e limpo. O sol brilhava com toda sua força, o céu era azul radiante, e dava
para ver claramente as montanhas cobertas de neve sobre o horizonte, a
leste. Javier se tinha levantado para tomar o café da manhã com as
crianças, antes que fossem à escola. Depois, ele e eu fomos a Van Nuys
fazer compras. Eu procurava um suéter para Lisa, e Javier queria uns
lápis de carvão, para terminar um desenho que estava fazendo em seu
cavalete. Quando voltamos, pouco antes do meio-dia, a porta do
apartamento estava entreaberta. Lisa estava lá dentro, jogada sobre o
sofá, chorando.
Alarmado, Javier se ajoelhou junto dela e suavemente lhe tirou o
cabelo de sobre os olhos. "O que aconteceu, Lisa?", perguntou com
doçura, e o som musical de seu sotaque mexicano soou nos ouvidos da
menina.
"É o quadril, papai", soluçou ela. "Começou a doer muito, assim
que o vizinho foi me buscar e me trouxe da escola."
Lisa me passou um bilhete amassado, de uma das irmãs da escola
Santa Isabel. "Por favor, ocupe-se disto: Lisa tem muita dificuldade para
andar. Acreditamos que deveria consultar um médico."
Javier assentiu. "Ligue para o doutor Kovener", disse. "Não
devemos esperar mais."
O doutor Kovner era um amigo da família. Tinha nos atendido
antes, e sempre dizia que Lisa era sua paciente favorita. Sua secretária nos
agendou para o dia seguinte, à tarde.
O doutor tirou algumas radiografias e realizou um exame
preliminar. Em seguida me recebeu em seu escritório. "Senhora Larios,
isto pode ser uma de várias coisas. Temos que começar com as mais
óbvias e começar a trabalhar nisso. Vou internar Lisa no hospital, onde
poderemos fazer outros exames."
No Hospital Comunitário Van Nuys fizeram novos exames. Lisa
tentava ser valente, mas estar constantemente dolorida, passando a noite
fora de sua casa, em um lugar estranho, rodeada por gente que não
conhecia, não era fácil para ela. Todas as manhãs eu levava as crianças à
escola, e em seguida ia para o hospital, chorando durante todo o caminho,
me perguntando se as pessoas que passavam a meu lado saberiam da
grande dor que eu estava sentindo. No hospital, eu era toda sorrisos, mas
era só uma máscara. Por dentro, estava destroçada.
"É possível que a dor seja causada por um apêndice aumentado
que esteja pressionando um nervo", disse o médico. "Vamos extrair o
apêndice e veremos se isso resolve o problema."
Mas a dor continuou depois que Lisa voltou da operação.
Aparentemente ninguém sabia o que fazer agora. Em 12 de maio voltou
para casa. Só podia andar com muletas. Houve mais visitas ao médico.
"Isto me deixa perplexo", disse o doutor Kovner ao examinar as
radiografias novamente. "Acredito que devemos consultar um
especialista."
O doutor Gettleman, cirurgião, era muito metódico. Mandou tirar
mais radiografias e realizou um novo exame, ele mesmo. "Deve continuar
usando as muletas durante mais uma semana", disse. "Traga-a de novo,
na próxima quinta-feira."
Apesar das muletas, a dor era cada vez mais forte. Como que não
podia ir à escola, Lisa vagava pela casa com as muletas, chorando e
tentando parecer valente. Passava a maior parte do tempo na cama. Ao
final dessa semana, voltou ao hospital, desta vez ao Saint Joseph, de
Burbank.
"Teremos que operar de novo", disse o Dr. Gettleman. "Vimos algo
nas radiografias. Poderia ser uma bolsa de pus que causa pressão. Mas
também poderia ser um tumor. Há dois tipos de tumores, benignos e
malignos. Se for um tumor benigno, não teremos problemas. Se for
maligno, pode ser muito sério."
Embora pertencêssemos a uma igreja católica romana, e nossos
filhos estudassem em uma escola católica, nem Javier nem eu éramos
muito religiosos. Raramente íamos à missa, e quase nunca nos
confessávamos. Mas eu sempre me havia sentido muito próxima de Jesus,
e os cartõezinhos que as coleguinhas da escola da Lisa lhe enviavam,
dizendo que estavam rezando por ela, também ajudaram a me voltar para
Deus, em oração.
Na noite anterior à operação, eu estava em casa, só, com o Albert e
a Gina. Eles se foram se deitar cedo, e eu fui ao meu quarto e me joguei
sobre a cama, no escuro. Parecia que todo meu mundo se tinha feito em
pedaços. Tinha carregado Lisa em meu corpo durante nove meses. Tinha
desejado morrer no parto, para que ela pudesse viver. Tinha cuidado dela,
tinha estado com ela nas noites escuras, tinha rido com ela, tinha
passeado pelo campo com ela, tinha chorado e orado por ela. E agora os
médicos me diziam que possivelmente morreria. Já tinha chorado até não
ter mais lágrimas. Tudo parecia tão inútil, tão fútil.
Enquanto estava assim na cama, olhando as sombras no teto,
comecei a orar. "Querido Senhor, Lisa realmente não é minha. É tua.
Somente nos deixaste tê-la, para criá-la, alimentá-la, educá-la e amá-la.
Um dia ela nos deixará, se casará e criará seus próprios filhos. Se quiseres
levá-la antes que isso aconteça, eu a devolvo a ti, e te agradeço, porque a
deixaste conosco todo esse tempo, para nos abençoar."
Foi uma oração simples, sem grandes emoções. Mas era sincera.
Enquanto continuava olhando as sombras, adormeci.
Sonhei que estava sentada em um pequeno quarto escuro. Javier
estava junto a mim, segurando minha mão. Uma porta se abriu em frente
a nós, e pelo corredor se aproximaram dois homens vestidos com batas,
dessas que os cirurgiões usam. Um dos médicos estava chorando e não
podia falar. O outro parou diante de nós e disse: "Sua filha está muito
doente. Tem câncer".
Despertei, sobressaltada. Passava da meia-noite, e eu ainda estava
jogada na cama sem me deitar. A casa estava em silêncio. Só a luz do
corredor se filtrava no dormitório. Levantei-me e fui ver os meninos.
Dormiam tranqüilamente. Fui para o living e me sentei na beirada do
sofá, na escuridão. Esse sonho era do diabo? Estava tentando me
assustar? Ou era de Deus, para me advertir e me preparar? Como saber?
Quando ouvi os passos de Javier na escada, rapidamente fui para
nosso quarto e me meti na cama antes que ele entrasse. Não queria que
soubesse o quanto eu estava preocupada. Lisa precisaria encontrar nós
dois fortes, para enfrentar a operação, na manhã seguinte.
Javier e eu nos sentamos, de mãos dadas, na pequena sala de
espera junto à sala de operações, no hospital. Era natural que ambos
orássemos, e o fizemos em silêncio. Os médicos entravam para informar
às outras pessoas que também estavam esperando. "Seu pai está muito
bem. Nem sequer precisamos operá-lo..." "Não tem do que se preocupar,
sua esposa está perfeitamente bem." "Pode levar seu filho para casa esta
tarde."
Às duas da tarde olhei, e vi que vinham dois médicos pelo longo
corredor. Um deles era o doutor Kovner. Seu rosto estava cinza. O outro
era o doutor Gettleman. Javier se levantou de um salto e foi ao encontro
deles, mas eu fiquei sentada. Sabia o que aconteceria, e minhas pernas
pareciam de borracha. Era a mesma cena que tinha vivido em meu sonho.
"Encontramos um tumor", disse o doutor Gettleman. "É
inoperável. Se tivéssemos cortado, teríamos que amputar toda a perna."
"É câncer?", perguntou Javier.
"Sinto dizer que sim", respondeu o médico. "Está muito, muito
mal. O osso do seu quadril está como se fosse manteiga. Se tivesse uma
colher, poderia tê-lo tirado todo. A carne que rodeia o osso está como
queijo gruyere, cheia de buracos. O laboratório já fez uma análise, e é o
pior tipo de câncer. A única coisa que pudemos fazer foi costurá-la outra
vez."
"Não houve nada que pudessem fazer?", clamou Javier, com o
rosto macilento e abatido.
"Nada no momento. Depois que se recupere da operação,
começaremos o tratamento com cobalto. Falaremos depois sobre isso."
"Mas ficará boa, não é?", perguntou Javier.
O doutor Gettleman sacudiu a cabeça. "Só posso dizer é que
tentaremos lhe prolongar a vida. Não posso prometer nada mais."
Olhei para o doutor Kovner. Embora não dissesse nada, o seu
rosto expressava tudo. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Lisa estava
morrendo, e nenhum de nós podia fazer nada a respeito. Eu a havia
devolvido a Deus, e ele tinha aceito meu oferecimento.
Os médicos aconselharam que não deveríamos dizer nada a Lisa
sobre seu estado. Duas semanas depois, a trouxemos novamente para
casa, em uma cadeira de rodas, decididos a lhe dar o verão mais feliz de
sua vida.
O doutor Kovner não concordou com nossos planos de levar Lisa
em umas longas férias. "Devemos começar o tratamento de cobalto o mais
rápido possível", disse.
"Se assinarmos a autorização e permitimos fazer o tratamento com
radiação," perguntei, "o que pode nos prometer?"
"Não podemos lhe prometer nada", respondeu ele. "Mas nunca
saberá se ajudará ou não, a menos que o faça."
"O que acontecerá se não permitirmos que lhe faça o tratamento?"
"Não me agrada responder perguntas como essa", disse o doutor
Kovner. "Mas, mesmo com o tratamento, o máximo que podemos estimar
é seis meses. E estará muito, muito, muito mal quando morrer."
Prometi conversar sobre isso com Javier. Ambos sentíamos que
seria cruel que Lisa devesse passar seus últimos meses de vida sujeita a
esse tratamento de radiação.
Em 9 de junho, Lisa foi internada no Hospital Pediátrico de Los
Angeles. Era o terceiro hospital em que entrava em três meses. A doutora
Higgins, que estava encarregada de seu caso, disse que havia três áreas
para onde poderia se espalhar o câncer: fígado, peito ou cérebro.
Qualquer poderia ser fatal. Aparentemente, o câncer se espalha
rapidamente nas crianças em idade de crescimento, e a única forma de
tentar salvar sua vida era por meio do tratamento com cobalto e
quimioterapia.
Finalmente demos nossa autorização para que lhe realizassem o
tratamento preliminar, e começaram a lhe aplicar uma série de injeções.
O organismo de Lisa reagiu violentamente. Eu me sentava com ela
durante toda a noite, enquanto ela vomitava e perguntava: "Mamãe, o que
está acontecendo comigo? por que estou tão doente?"
Era mais do que eu podia suportar. Javier e eu conversamos
novamente e decidimos que seus últimos dias seriam vividos em nosso
lar, conosco, em vez de no hospital. A levaríamos para casa.
O capelão da escola em que Lisa estudava ficou sabendo de sua
doença e a visitava todas as noites, levando a comunhão. Comentamos
com ele nossa decisão de interromper o tratamento de cobalto. Ele
concordou. "Se ela está morrendo, deveria passar os últimos dias de sua
vida o mais feliz que fosse possível."
"Lisa não tem absolutamente nenhuma possibilidade de
recuperação sem a terapia de radiação", objetou a doutora Higgins,
quando lhe comunicamos nossa decisão.
Os outros médicos opinavam igual. "Se ficar no hospital, talvez
possamos aprender algo que possa ajudar alguma outra garotinha dentro
de cinco ou dez anos."
"Não me interessa que minha filha se converta em uma
experiência médica", lhes falei com total honestidade. "Só quero que ela
se cure. Vocês podem me prometer isso?" "Sinto muito, senhora Larios",
disseram os médicos. "A medicina não pode lhe prometer nada."
No dia seguinte, levamos Lisa para casa, para que morresse em
nosso lar.
Passamos o resto do verão tentando fazê-la feliz. Nos endividamos
muito para levá-la a passeio pela costa, comprar as coisas que queria,
como gravador e outros objetos materiais. Mas tudo parecia tão
pateticamente vazio. Não era bom que estivéssemos sentados ao seu
redor, cobrindo-a de presentes, e esperando sua morte.
Numa tarde, em meados de julho, alguém bateu à porta de nosso
apartamento. Abri-a e vi nosso vizinho, um jovem solteiro chamado Bill
Truett, parado no corredor.
"Como está Lisa?", perguntou Bill.
"Não está bem", respondi. "piorou desde que a tiramos do
hospital."
Bill sorriu fracamente e me olhou fixo aos olhos. "Ela ficará bem",
disse com voz confiante.
Encolhi os ombros. "Espero que sim."
"Não, você não me compreendeu", disse seriamente. "Ela vai ficar
bem. Alguma vez você ouviu falar de Kathryn Kuhlman?"
"Bom, a vi umas duas vezes na TV, mas nunca prestei muita
atenção."
"Neste próximo domingo ela vai estar no auditório Shrine de Los
Angeles", disse Bill. "Queria levar Lisa à reunião."
Duvidei por um momento. Realmente não conhecia muito bem o
Bill, e tinha ouvido dizer que as reuniões no Shrine eram muito
prolongadas. Mas ele insistiu tanto, que finalmente concordei em ir junto
com Lisa e ele, só para me livrar dele.
Depois de lhe dizer que iríamos, fechei a porta e me encostei na
mesa da cozinha. Javier estava trabalhando em um desenho junto à
janela, olhando o pátio. Vários de seus desenhos estavam pendurados nas
paredes de nossa casa. Eu sabia que ele estava interessado em
desenvolver seu talento, mas também sabia que a pintura era uma forma
de escape para ele. Quando estava ocupado com seus desenhos, não tinha
tempo para pensar na Lisa. Observei seu rosto, parecia esculpido em
pedra, ali concentrado em seus carvões. Senti minhas unhas cravarem na
palma da mão, ao fechar o punho, tentando deter as lágrimas. Javier
estava perdido em sua arte. Bill sugeria coisas estranhas. Mas eu era a
mãe da Lisa, e tinha que enfrentar a realidade. Não podia me agarrar à
arte para escapar, nem me deixar levar pelas tolices que Bill dizia sobre
milagres. Eu tinha que enfrentar as coisas como elas eram. Lisa ia morrer.
Bill voltou na a manhã seguinte e me lembrou de minha promessa
de ir com ele e Lisa ao auditório. "Bill, não quero apagar seu entusiasmo",
falei, "mas os médicos me disseram que Lisa não pode se curar. Ninguém
pode fazer nada."
"Então vejamos o que Deus pode fazer", disse ele simplesmente.
Quis retroceder. Sentia que Bill me estava pressionando. Além
disso, detestava ter que me levantar cedo num domingo pela manhã e
dirigir por toda a cidade só para esperar numa fila durante horas.
Bill se negava a desanimar. "Sei que ela será curada. Minha mãe é
muito próxima desse ministério. Ela conhece muitas pessoas que foram
curadas."
Eu não tinha fé nenhuma. Só agradecia que Lisa não soubesse o
quão sério era seu estado.
Embora eu não soubesse, Lisa suspeitava de algo. Ao menos sabia
que sua perna não podia suportar seu peso. Poucos dias antes, tinha
visitado uma amiga em um apartamento próximo, do outro lado do
corredor, e tentou andar sem as muletas. Seu quadril se dobrou como
uma esponja molhada, e ela caiu no chão. Embora não soubesse o que era,
podia perceber que tinha algo muito ruim no quadril.
Na tarde do sábado, Bill tornou a bater à porta. "Lembre, amanhã
é o dia. Lisa receberá um milagre."
"Tudo bem, Bill", falei, fechando a porta. Mas por dentro sabia que
não havia como isso acontecer. Já não se produziam milagres, ao menos
não para gente como nós. Se havia milagres, eram para os ricos, os
piedosos, os Santos da igreja. Nós somos somente uns pobres mexicanos
católicos que nem sequer íamos muito à missa. Como podíamos esperar
um milagre?
No dia seguinte, 16 de julho, de manhã muito cedo, Bill bateu à
porta.
"Me deixe terminar o café", gritei. Por dentro, desejava que se
fosse sem nós.
Bill e sua noiva Cindy nos estavam esperando com uma cadeira de
rodas. Ajudaram Lisa a descer as escadas, em seguida rodearam a piscina,
percorreram a calçada estreita e a meteram no automóvel. Pouco depois
saímos da estrada Harbor para o sul, para Los Angeles e o auditório
Shrine.
Lisa estava na cadeira de rodas, enquanto eu esperava apoiada
sobre uma velha manta contra a parede do auditório Shrine, me
perguntando quando abririam as portas. Tudo isto parecia tão estúpido:
passar toda a manhã sentada na calçada, me calcinando sob o Sol,
esperando por nada.
Finalmente abriram as portas. Bill empurrou a cadeira de Lisa
para a seção reservada para cadeiras de rodas e eu me sentei junto a ela.
Ele e Cindy foram se sentar em outra parte do auditório. Eu estava
maravilhada pela quantidade de gente e a cordialidade, a amizade e o
amor que sentia nesse lugar.
A reunião começou com o coro cantando "Ele me tocou". Kathryn
Kuhlman, com um vestido branco vaporoso, apareceu na plataforma. Lisa
tocou meu braço. "Mamãe, se olhar para ela com os olhos entreabertos,
verá um halo ao seu redor." Encolhi os ombros e não fiz nenhuma
tentativa para descobrir o tal halo.
Então a senhorita Kuhlman pregou um breve sermão, ao qual nem
sequer emprestei atenção. Eu sacudia a cabeça. Tudo isto era muito lindo,
mas, por que estávamos perdendo o tempo aqui?
Então, sem aviso prévio, começaram a acontecer coisas. A
senhorita Kuhlman apontava para o balcão. "Há um homem que está
sendo curado de câncer agora. Fique de pé, senhor, e aceite sua cura."
Me virei e tratei de olhar para cima. Mas estava muito longe. Só o
que podia ver eram rostos que se perdiam para trás na escuridão.
Mas ao mesmo tempo, parecia haver luz; não o tipo de luz que
pode ser vista, mas sim a que se sente. Estava em todo o edifício. Luz e
energia, como se houvesse pequenas chaminhas de fogo que dançassem
de uma cabeça a outra. Senti-me eletrizada. A senhorita Kuhlman
continuava apontando outros lugares no auditório onde se estavam
produzindo curas.
Em seguida apontou para a área onde estavam as cadeiras de
rodas, logo onde nós estávamos sentadas. "Há um câncer ali", disse
suavemente. Levante-se e receba sua cura."
Olhei para Lisa, mas ela não se moveu. É obvio. Como saberia que
tinha câncer? Nós não lhe havíamos dito. Se eu lhe dissesse que a
senhorita Kuhlman estava falando com ela, e se ficasse em pé, seu quadril
e sua perna poderiam se torcer. O que deveria fazer?
A senhorita Kuhlman sacudiu a cabeça e se dirigiu a outra seção,
assinalando novas curas em outras partes do auditório. Meu coração
quase parou. Tinha passado a oportunidade da Lisa? Seria muito tarde?
Então a senhorita Kuhlman tornou a olhar para nossa seção,
apontando para o lugar onde estávamos. "Não posso me esquecer disto",
disse. "Alguém ali está sendo curado de câncer. Deve se levantar e aceitar
sua cura."
"Mamãe," disse Lisa, "sinto uma quentura no estômago."
Não tínhamos comido da manhã cedo, e comecei a procurar
alguma guloseima em minha bolsa.
"Não, não é esse tipo de calor", disse Lisa, recusando a guloseima.
A senhorita Kuhlman continuava assinalando em nossa direção.
Olhei ao meu redor.
Não havia ninguém mais de pé em nossa área. Eu sabia que devia
ser Lisa quem estava sendo curada, mas tinha medo. O que aconteceria se
não fosse para ela? O que aconteceria se ficasse de pé e caísse? Ou, o
pior... o que aconteceria se fosse Lisa... e não ficasse em pé?
Quando pensava que morreria de incerteza, de dúvida, Lisa se
inclinou e me sussurrou: "Mamãe, acredito que vou subir à plataforma.
Creio que estou sendo curada."
"Faça o que quiser", falei, me sentindo aliviada de que ela tivesse
decidido por mim. Mas temia por ela, quando tentasse caminhar sem as
muletas.
Um dos ajudantes sentiu que algo estava acontecendo a Lisa e se
aproximou de nós. "Creio que me sinto melhor", disse-lhe Lisa. "Quero
subir à plataforma."
Ele a ajudou a sair da cadeira de rodas. Contive a respiração
enquanto ela se levantava. Por um momento, pensei que desabaria, mas
repentinamente compreendi algo. Esse mesmo fogo que eu havia sentido
que dançava de uma cabeça a outra, estava agora descansando sobre Lisa.
Quase podia ver uma nova força fluindo em seu corpo.
O conselheiro a ajudou a se apoiar nele, e começaram a descer
pelo corredor. Lentamente, a princípio, em seguida com mais segurança,
chegaram junto à plataforma, onde uma mulher trocou algumas palavras
com eles. Bill Truett se uniu a eles ali, e logo depois de uma breve
conversa, subiram Lisa à plataforma.
A senhorita Kuhlman escutou enquanto a mulher lhe dava alguns
detalhes. Em seguida se aproximou de Lisa. Lisa retrocedeu um passo, e
em seguida caiu ao chão. Contive a respiração, pensando que sua perna
tinha cedido. Mas Lisa ficou de pé novamente.
"Dedico desta menina ao Senhor Jesus Cristo", disse a senhorita
Kuhlman, enquanto Lisa permanecia de pé em frente a ela, com o rosto
banhado em lágrimas. "Agora, vejamos como caminha." Lisa começou a
correr de um lado a outro do cenário, e todos começaram a aplaudir,
louvando a Deus. Então, como se fossem anjos cantando, o coro começou
a entoar suavemente "Aleluia, aleluia".
"Quero que esta cura seja verificada", disse a senhorita Kuhlman.
"Quero que torne a ver seu médico e peça que lhe faça um exame
completo. Em seguida, retorne para a próxima reunião e testemunhe o
que Deus fez por você."
Olhei de esguelha para Bill. Estava exultante, como se fosse sua
própria irmã a que tivesse sido curada. Logo, eu aprenderia que na família
de Deus somos verdadeiramente irmãos e irmãs. Mas nesse momento só
conseguia pensar em Lisa. Ela continuava correndo de um lado ao outro
da plataforma, ainda mancando um pouco, mas pisando forte. Mordi o
lábio. Sabia que seu quadril era como manteiga e cederia diante da
mínima pressão... mas não aconteceu. Será? Tinha sido curada?
Eu tinha medo de acreditar. Tinha sofrido uma vez, e tanto,
quando o doutor nos havia dito que não havia esperança. Acreditar agora,
somente para descobrir depois, que era uma falsa esperança, seria mais
do que poderia agüentar. Era mais seguro não acreditar nada.
Javier estava saindo para trabalhar quando chegamos em casa.
Lhe contamos o que tinha ocorrido.
"Então começaremos a ter esperanças", ele disse. "Isso é algo que
não tivemos antes. Tivemos tanto amor por nossa garotinha. Agora temos
esperanças. Cedo ou tarde, possivelmente Deus nos dará a fé para aceitar
a maravilha que está fazendo." Foram as sábias palavras de meu
maravilhoso marido.
Bill e Cindy entraram conosco no apartamento. "Tire as muletas
dela", disse Bill, quando eu as estava dando outra vez a Lisa. "Não
compreende? Ela foi curada."
Durante o resto da noite, Lisa andou coxeando pelo apartamento.
Eu observava cada um de seus passos, temendo que pudesse cair. Mas não
caiu. Na verdade, parecia que ela estava ficando cada vez mais forte bem
diante de meus próprios olhos.
No dia seguinte, a primeira coisa que Javier perguntou foi: "Onde
está Lisa? Como ela está?"
Eu tinha levantado mais cedo, assim levei Javier para a janela.
"Olhe"', falei, apontando para o pátio. Ali estava Lisa, pedalando em sua
bicicleta ao redor da piscina, brincando com outras crianças do edifício.
Quando Javier se afastou da janela, seu rosto estava riscado pelas
lágrimas. Se eu acreditasse ou não, dava no mesmo. Ele sim, acreditava.
Na semana seguinte levei Lisa ao Hospital Infantil. Logo depois de
uma série de exames de sangue e várias radiografias do quadril e do peito,
o radiologista disse: "Ligaremos quando tivermos algo".
Os olhos do Javier dançavam quando abriu a porta do
apartamento para mim. "Bem, o que disseram?"
Expliquei-lhe a situação e falei que teríamos que esperar. Ele
insistiu em que ligasse para a doutora Higgins.
"Estava a ponto de chamá-la", disse-me a doutora, quando
finalmente consegui me comunicar com ela. "Mas estive em consulta com
outros sete médicos sobre o caso da Lisa. Não sei o que lhe dizer."
Engoli a saliva. "Quer dizer que algo está mal?" Será que isto foi só
um truque cruel, que minhas esperanças surgiram só para serem feitas
em pedaços agora?
"Não sei como pôde ter acontecido", continuou a doutora, como se
não me tivesse ouvido. "Todos vemos o mesmo nas radiografias. O tumor
se reduziu muitíssimo em vez de espalhar-se. Há evidências de cura."
É claro, ela não sabia nada sobre a reunião de Katbryn Kuhlman,
mas havia dito "evidências de cura". O que mais seria necessário para que
eu me convencesse de que Deus havia tocado a vida da Lisa?
"Doutora, tem você um minuto?", perguntei. "Quero lhe contar
algo. Sei que achará estranho, mas levamos Lisa a uma reunião de
Kathryn Kuhlman. Desde então, ela anda sem muletas, corre, anda de
bicicleta, nada e se comporta normalmente. Acreditamos que Deus a
curou."
Houve um longo silencio do outro lado da linha.
"Quero compreender bem isto", disse finalmente a doutora. "Você
não esteve lhe dando nenhuma medicação, verdade?"
"Nenhuma", respondi.
"Você recusou que fizesse o tratamento com cobalto e
quimioterapia, verdade?"
"Sim", respondi.
Novamente houve um longo silencio.
"Bom, pode ser que seu corpo esteja armando um certo tipo de
resistência e jogando isso fora, o que não parece natural. Ou poderia ser
sua Kathryn Kuhlman. Seja o que for, o tumor está desaparecendo. E até
onde eu sei, é o primeiro caso na história da medicina em que isso
acontece."
Eu estava chorando. Lembrava de ter lido, fazia tempo, a história
de Tomé, na Bíblia. Ele acreditou que Jesus tinha sido levantado dos
mortos só quando finalmente viu as marcas dos pregos em suas mãos.
Como eu me parecia com ele... Mas, mesmo assim, Deus tinha permitido
que eu visse esse milagre em minha filha.
"Lhe digo algo mais", disse a doutora Higgins suavemente. "Todos
se alegraram muito no hospital pelo que aconteceu a Lisa, porque este é
um caso no qual tínhamos perdido toda esperança."
Lisa retornou à escola no outono, sem muletas. Um mês depois a
levei ao médico. O tumor continuava se reduzindo. Estava se retirando.
Lisa estava quase normal.
"Como se explica isto?", perguntava eu.
"Não temos explicação", disse o médico. "Nunca houve um caso de
cura como este antes. Se lhe tivéssemos dado tratamento com cobalto, e o
tumor tivesse retrocedido, o teríamos considerado como um milagre da
medicina. Mas sem tratamento algum... bem, o que podemos dizer?"
Nosso sacerdote, entretanto, podia dizer algo: "Deus tem muitas
formas de fazer as coisas. Certamente isto vem Dele."
Agora que Lisa está completamente sã, muitos de nossos amigos
perguntam: "por que aconteceu tudo isto?"
Creio que Deus permitiu esta enfermidade em nossas vidas, para
nos aproximarmos mais entre nós e nos aproximarmos mais dEle. Na
Bíblia encontrei um relato que explica tudo. Certo dia Jesus estava
caminhando por uma rua e viu um homem que era cego de nascença. Seus
seguidores lhe perguntaram: "Mestre, por que este homem é cego? É
porque ele pecou, ou porque pecaram seus pais?"
O Mestre respondeu: "Não, nenhuma das duas coisas. Ele é cego
para que Deus possa ser glorificado por meio de sua cura." Então o tocou,
e o cego pôde ver.
Creio que Lisa chegou a ficar tão doente para que Deus pudesse
ser glorificado em sua cura.
Dar a glória a Deus não é algo que se aprenda através dos livros.
Tem que ser aprendido ao andar com Ele pelo vale de sombras. Se a gente
viver no topo da montanha todo o tempo, torna-se duro e insensível, sem
reagir diante das coisas mais delicadas da vida. Somente na sombra do
vale crescem estes tenros pastos.
Estive muitas vezes observando Javier enquanto desenha. Adora
usar carvões e misturar sombras. "O brilho do sol ressalta os detalhes",
diz, "mas são as sombras que fazem ressaltar o caráter."
Só quando caminhamos nas sombras, aprendemos a louvar a Deus
pelas pequenas coisas. Foi então que aprendemos que Lisa não era
realmente nossa, mas sim de Deus. Nos momentos mais obscuros, a
devolvemos ao Pai Celestial. Ali, no vale, descobrimos o segredo da
renúncia. Mas quando a demos, Ele teve a misericórdia de a devolver a
nós curada.
Lisa já não teme as sombras. Como nós, compreendeu que até no
vale, Deus está conosco. Sua vara e seu cajado nos confortam, fazendo que
nossa taça transborde de sua bondade e sua misericórdia.
Capítulo 4
O dia em que a misericórdia de Deus se
encarregou
Richard Owellen, Ph.D., M.D.
O doutor Richard Owellen é um velho amigo. Conheci-o
quando cantava em nosso coro, em Pittsburgh, enquanto
trabalhava para obter seu doutorado em química
orgânica no Carnegie. Depois de dois anos de estudos em
pós-doutorado na Universidade de Stanford, passou à
Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, onde
completou seu doutorado em medicina em três anos.
Depois de um ano como interno e dois de residência em
medicina interna, foi contratado por essa universidade
como professor ajudante de medicina, pelo qual dividiu
seu tempo entre a investigação do câncer, a atenção a
seus pacientes e o ensino.
Enquanto trabalhava para obter o doutorado em química no
Carnegie, comecei a assistir às reuniões de Kathryn Kuhlman, que se
realizavam todas as sextas-feiras no velho auditório Carnegie, ao norte de
Piltsburgh. Ali, pela primeira vez em minha vida, senti o poder de Deus
agindo enquanto as pessoas se reuniam para adorar. Pouco depois, me
ofereci como voluntário para cantar no coro, e ali conheci Rose, que tinha
literalmente crescido dentro do ministério da senhorita Kuhlman.
Rose e eu começamos a sair, nos apaixonamos e, em abril de 1959,
a senhorita Kuhlman celebrou nosso casamento.
Um ano depois, nasceu a pequena Joann. Rose teve uma gravidez
e um parto normal, mas quando levamos a menina para casa, notamos
um grande machucado em uma das nádegas. Perguntei ao doutor o que
era isso, mas nos assegurou que não havia nada que indicasse haver um
problema.
Mas tanto meus pais, como a irmã de Rose, notaram algo estranho
no comportamento da bebê. Era extremamente nervosa; muito, dizia
minha mãe. Chorava e gemia constantemente e não queria alimentar-se,
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  • 1.
  • 2. Nada é impossível para Deus Kathryn Kuhlman Publicado em espanhol, com o título: "Nada es imposible para Dios" Editorial Peniel, Buenos Aires, Argentina Originalmente publicado em inglês com o título: "Nothing is impossible with God" by Bridge Publishing, Copyright © 1974 by The Kathryn Kuhlman Foundation 2ª edição, 2005 Tradução para o espanhol: Virginia Lópes Gradjean ISBN 087-557-088-5 Impresso na Colômbia Digitalização: JEm Tradução para o português: sssuca Nestas páginas... ...você conhecerá Elaine Saint-Germaine, uma atriz cuja queda barranco abaixo em um caminho de drogas e satanismo foi detida por milagre... o Dr. Harold Daebritz, cuja esposa foi curada em segundos de uma lesão nas costas que tinha resistido a vinte anos de tratamentos em mãos de especialistas... e muitos, muitos mais. Maravilhosos, autênticos e imensamente comovedores, estes relatos são testemunhos irrefutáveis da incrível transformação que Deus pode produzir em qualquer pessoa que o busque.
  • 3. Índice Prefácio - Um tributo a Kathryn Kuhlman ............................................................4 Capítulo 1 - O que chegou tarde ............................................................................6 Capítulo 2 - Não há escassez no depósito de Deus ............................................. 13 Capítulo 3 - Caminhando nas sombras ............................................................... 31 Capítulo 4 - O dia em que a misericórdia de Deus se encarregou ......................44 Capítulo 5 - Quando o céu baixa à Terra..............................................................53 Capítulo 6 - Diga às montanhas .......................................................................... 71 Capítulo 7 - Este é um ônibus protestante? .........................................................85 Capítulo 8 - A cura é só o começo .......................................................................96 Capítulo 9 - Um vazio com forma de Deus ........................................................105 Capítulo 10 - A cética do chapéu de pele ............................................................115
  • 4. Prefácio Um tributo a Kathryn Kuhlman Creio que, a esta altura, todos a conhecem. Durante quase um quarto de século ela foi um vaso de Deus que fez com que a cura e a restauração fluíssem nas vidas de milhares de seres humanos. É amada e admirada por milhões de pessoas e difamada somente por aqueles que não acreditam na cura divina ou por quem não fez nenhum esforço em compreendê-la ou ao que ela representa. Mas eu a vi, antes de apresentar-se diante de uma multidão para expressar sua ilimitada fé em Deus, e a observei cuidadosamente. Uma e outra vez dizia: "Querido Deus, a menos que me unjas e me toques, eu não sou nada. Quando a carne se põe no meio do caminho, eu não tenho nenhum valor. Se não receberes toda a glória, eu não posso ministrar". E, de repente, sobe à plataforma. É explosivo, quase incrível. Não é tanto o que diz, porque sempre é tão claro e simples como o estilo de pregação que o próprio Senhor Jesus usava. Não o compreendo, e ela também não; mas quando o Espírito começa a mover-se sobre ela, (e se sente repentinamente movida a desafiar o poder do diabo no nome de Jesus), começam a acontecer os milagres. Em todo lugar, todos, até os mais rígidos e dignos, caem prostrados ao chão. Católicos e protestantes elevam as mãos e adoram a Deus, unidos... tudo decentemente e com ordem. O poder do Espírito Santo cai sobre as pessoas como as ondas do oceano. Os representantes dos meios televisivos logo compreenderam que ela não era falsa, nenhuma fanática. Conheciam pessoas que tinham sido tocadas por seu ministério. Sua sabedoria divina e sua capacidade não têm igual. Não é rica, nem está obstinadamente agarrada ao materialismo. Eu sei! Ela pessoalmente reuniu e entregou ao Teen Challenge o dinheiro necessário para construir em nossa granja um lugar para a reabilitação de viciados. Suas orações trouxeram o dinheiro necessário para construir igrejas em países subdesenvolvidos de todo o mundo. Apoiou a educação de meninos pouco capacitados e também outros jovens superdotados receberam seu amor e seu cuidado. Entrou comigo nos guetos de Nova Iorque e impôs suas mãos carinhosas sobre sujos viciados. Nunca duvidou nem voltou atrás; sua preocupação era genuína. Qual é a razão por que faço este tributo? Porque o Espírito Santo me ordenou que o fizesse! Ela não me deve nada, e eu não lhe peço nada
  • 5. mais que o mesmo amor e respeito que demonstrou por mim durante anos. Mas, muitas vezes, damos tributo unicamente aos mortos. Agora, pois, darei a uma grande mulher de Deus, que tocou tão profundamente minha vida e as de milhões de pessoas mais: Te amamos, no nome do Senhor! A história dirá sobre Kathryn Kuhlman: Sua vida e sua morte deram glória a Deus. David Wilkerson, autor de A cruz e o punhal.
  • 6. Capítulo 1 O que chegou tarde Tom Lewis Tom Lewis, coronel reformado do Exército, é um dos produtores de filmes mais conhecidos de Hollywood. Sua lista de créditos no "Quem é quem na América" ocupa tanto espaço como as medalhas sobre seu peito. Foi o produtor fundador do Screen Guild Theatre, fundador do Serviço de Rádio e Televisão das Forças Armadas Americanas, do qual foi comandante durante toda a Segunda Guerra Mundial, e criador e produtor executivo de "O Show de Loretta Young". Como diretor da Universidade Loyola, recebeu inúmeros prêmios por excelência em produções televisivas, tanto no país como das forças armadas americanas estabelecidas em todo mundo. Devoto católico-romano, conta-se agora entre o crescente grupo dos assim chamados "católicos carismáticos". No inverno passado, meu filho (jovem diretor de filmes), e um produtor de mesma idade dele, planejavam realizar um programa especial de TV sobre o "povo de Jesus" 1. Aceitei escrever a apresentação, mas a contragosto. Como os "Meninos de Jesus" eram jovens, imaginei que meu filho e seu sócio deveriam contratar pessoal de idade similar. Minha investigação preliminar sobre os jovens, a respeito dos quais desejava saber mais, gerou em mim grande interesse e respeito por eles. Muitos tinham saído do inferno da dependência de drogas, através de uma fé renascida em Jesus Cristo. Até esse momento, eu ainda não tinha estudado a motivação religiosa do movimento. Entretanto, do ponto de vista humano, não pude me sentir menos do que muito impressionado por sua sinceridade, assim como assombrado e pasmado diante de sua maneira tão familiar de falar sobre Jesus, como se Ele estivesse ali mesmo com eles. 1 "Jesus People", um movimento cristão surgido na década de 70.
  • 7. Eu sempre tinha me considerado um homem razoavelmente religioso, que desfrutava da vida sacramental da Igreja Católica Romana. Eu não saía por aí referindo-me a Jesus Cristo como se me encontrasse com Ele pessoalmente com freqüência. Na verdade, muito raramente o mencionava por seu nome. Pensava que era melhor evitar o tratamento muito pessoal e preferia uma referência mais reservada, como "meu Senhor", ou "o bom Senhor". Como parte de minha tarefa, me pediu que estudasse o ministério de Kathryn Kuhlman. uma pessoa muito estimada pela "gente de Jesus". A senhorita Kuhlman vinha uma vez por mês ao auditório Shrine de Los Angeles para realizar um culto de milagres. Pedi dois assentos, na seção do centro, sobre o corredor, perto da frente. Entretanto, aparentemente não era assim que se obtinham os ingressos. Teria que entrar numa fila e arriscar tentar conseguir a localização desejada. A capacidade do auditório era de 7.500 pessoas, e me disseram que algumas vezes tentava entrar o dobro dessa quantidade de gente. Isto me deixou espantado, e essa sensação continuou durante quatro ou cinco meses, já que foi esse o tempo que tive que esperar até poder chegar a entrar na fila. O dia em que cheguei a esse lugar era anormalmente quente para o mês de março, até na ensolarada Califórnia. Saí da rodovia na rua Hoover para evitar o trânsito da zona próxima ao auditório. Normalmente essa zona do centro da cidade estaria quase deserta em um domingo. Mas enquanto me aproximava do estádio, todos os lugares destinados para estacionar e as ruas estavam ocupadas. Os ônibus chegavam um após o outro à entrada principal, onde descarregavam seus passageiros. Alguns tinham placas que diziam "Fretado"; outros revelavam o nome de seus pontos de origem. Lembro de um de "Santa Bárbara", e outro, de "Las Vegas". Para meu assombro, havia um, cheio de pó, que tinha uma placa de "Portland, Oregon"... que "pequena viagem" tinham feito somente para assistir a um culto de milagres do Kathryn Kuhlman. Me perguntei o que seria o que a senhorita Kuhlman daria ali dentro. Não podia ser comida; havia muitas pessoas. Tampouco podia ser um bingo... como gerenciar 7.300 cartões de bingo? Uma longa fila de pessoas em cadeiras de rodas avançava pela rua Jeferson para uma entrada lateral, pela qual eram imediatamente admitidas. Algo similar acontecia com um grande grupo de homens e mulheres com hinários nas mãos; aparentemente eram os membros do coro. Também havia muitos com colarinhos romanos e mulheres vestidas sobriamente. Me perguntei o que estariam fazendo ali todos esses padres e freiras. Encontrei um local, onde estacionei meu automóvel, e logo me juntei aos milhares de pessoas que esperavam diante da entrada principal do estádio. Meu relógio marcava onze em ponto. As portas seriam abertas à uma. Normalmente, eu não teria esperado tanto tempo por coisa
  • 8. alguma, nem sequer pela segunda vinda. Mas logo compreendi que essa era uma definição apressada. Começou a reunir-se uma grande quantidade de gente atrás de mim, e me encontrei perto do centro de uma grande multidão. Isto me deu uma ligeira sensação de claustrofobia, por isso me concentrei em tomar notas mentais com as quais construiria minha apresentação: grande multidão, muito ordenada; vários jovens que respondiam às características dos "Meninos do Jesus". Estes jovens tendiam a formar grupos, como ilhas num mar de corpos. Cantavam enquanto esperavam, não muito forte, não necessariamente para que outros os ouvissem; nem sequer atuavam como se tivessem muita consciência da presença de outros. Cantavam de forma bastante quieta e meditativa. Isso me pareceu estranho, incomum. Lembrava um grupo de cristãos coptos que vi uma vez em Roma, orando de forma audível, mas não em uníssono, independentemente de outros, mas juntos. Agora a quantidade de gente tinha realmente aumentado muito, e alguém que estava lá dentro se compadeceu de nós. As portas se abriram uns vinte minutos antes da uma. As pessoas que estavam atrás de mim se lançaram para a frente, e me empurraram para além da entrada. Isto me surpreendeu, porque tinha a mão na carteira, preparado para pagar meu ingresso. Uma senhora que estava justo atrás de mim viu, e riu. "Aqui, o dinheiro não o levará a nenhuma parte", disse. "Mas, se está lhe queimando no bolso, haverá uma oferta voluntária mais tarde." Assim todos se comportavam: em ordem, não festiva, como a multidão que assistiria a uma partida no estádio, bastante quieta, não muito comunicativos uns com outros, embora amistosos, quando se dava ocasião para conversar. Encontrei um assento bastante atrás e para o lado. A plataforma, brilhante e muito iluminada, estava cheia de atividade. Homens e mulheres com hinários nas mãos procuravam seus lugares em uma espécie de arquibancada que ocupava todo o espaço. Em ambos os lados havia dois grandes pianos. Parecia que havia centenas de pessoas no coro, mas, assim como entre o resto do povo, não havia desordem nem confusão. Apesar do constante movimento devido aos que chegavam tarde, o coro continuava cantando como se estivesse em uma silenciosa catedral. O diretor, um homem magro, branco e de aspecto aristocrático, guiava o ensaio com precisão e inquestionável autoridade. Uma anciã de aspecto encantador se sentou à minha direita. Pela atenção que me dedicou ou aos milhares de pessoas que a rodeavam, era como se estivesse sozinha na Capela de Nossa Senhora da Catedral de São Patrício. Tinha uma Bíblia aberta sobre o regaço, e algumas vezes a lia em silêncio.
  • 9. A Bíblia parecia o equipamento comum de muitos dos presentes. Dois jovens sentados atrás de mim tinham Bíblias, mas não as liam. Simplesmente cantarolavam ou cantavam as letras dos hinos que o coro ensaiava na plataforma. Isso eu não gostei. Nunca me agradei dos teatros ou concertos ou cinemas em que o público participa, sobretudo quando não lhe foi especialmente solicitado que o fizesse. Mas ia escutar muito mais destes jovens. Enquanto isso, as luzes brilhantes sobre a plataforma baixaram um pouco, e lhes acrescentou cor. As cores pastéis dos vestidos das mulheres do coro faziam um agradável contraste com o azul do cenário curvo que rodeava tudo. Uma vez terminado o ensaio, o coro começou a cantar segundo o programa. A maioria dos hinos eram conhecidos e muito queridos: "Quão grande és Tu", "Sublime Graça". Os cantores eram excelentes; mais tarde soube que provinham de igrejas de todas as denominações da zona de Los Angeles. Sem interrupção, o coro começou a cantar "Ele me tocou". Senti que uma tensa expectativa se apoderava da audiência. A luz de um spot se concentrou em uma área à direita do público. Todos ficaram de pé e aqui e acolá algumas pessoas começaram a aplaudir. A senhorita Kuhlman, uma figura frágil e magra, vestida com um encantador vestido branco, subiu à plataforma, cantando com o coro. Aproximou-se de um conjunto de alto-falantes à direita do centro do cenário, tomou um microfone pendente que colocou ao redor do pescoço, e sem se deter, dirigiu o coral em "Ele me tocou", energicamente, várias vezes, e finalmente em forma decrescente. Em seguida, sem explicação nenhuma, continuou com "Ele é o Salvador de minha alma". O público e Kathryn Kuhlman pareciam concordar em que estes hinos eram especiais para ela. Sem explicações, uma vez, mais, começou a orar em voz alta. O público ficou de pé, com as cabeças inclinadas, seguindo sua oração em silêncio. Soube então o que era o que tinha sido distinto no canto dessas "ilhas" de jovens que esperavam fora do auditório; o que era isso tão especial no canto desse grande coro que estava sobre a plataforma. Estavam cantando, sim, mas era mais do que cantar. Não estavam atuando; estavam adorando. E o público reagia de forma diferente. Não era público, era uma congregação. Cantavam a uma só voz com o coro, quando lhes indicava. Oravam em uníssono com a senhorita Kuhlman. Isto não era um show, era uma reunião de oração. Não sei como me senti nesse momento; provavelmente impressionado, e agradado por ter feito um descobrimento interessante. Entretanto, logo descobri outra coisa, que me surpreendeu muito. Uma e outra vez, os jovens que estavam sentados atrás de mim gritavam "Amém", e "Louvado seja Deus", aparentemente em resposta a uma oração ou a uma afirmação. Muitos outros faziam o mesmo. Outros levantavam as mãos em um gesto de súplica que relacionei com a posição
  • 10. das figuras bíblicas representadas nos vitrais de igrejas. "Já imagino aonde terminará tudo isto", pensei, e automaticamente comecei a procurar a saída mais próxima. Uma das coisas que mais me incomodava era um jovem que estava em uma das filas superiores do coro. Esteve quase todo o culto com as mãos levantadas. Este deve ser "o" milagre do culto de milagres, pensei. Nenhum sistema circulatório pode suportar a tensão de uma postura como essa durante muito tempo. Certamente seus braços cairiam como chumbo em pouco tempo. Mas depois me esqueci dele; esqueci-me de todos. Como a senhora que estava sentada a meu lado, era como se estivesse em uma capela remota, exceto, talvez, por uma Presença que normalmente não se sente em um auditório tão grande. Sim, era isso. Havia uma Presença ali, e era por isso que esta multidão de tantos milhares de pessoas ficava tão calada que, por momentos, eu podia escutar o som de minha própria respiração. Era por isso que se perdia a noção do tempo. Havia algo diferente ali; havia amor, específico e real. Sim, e mais que amor, estava essa Presença. Lembrei das palavras de uma canção dos Meninos de Jesus: "Saberão que somos cristãos por nosso amor, por nosso amor. Saberão que somos cristãos por nosso amor". Começaram as "curas": duas na fila perto de onde eu estava. Eu os vi antes que a senhorita Kuhlman os chamasse. Vi a expressão maravilhada de terem sido curados, depois sua incredulidade, a compreensão do fato e sua felicidade. Havia muitas, muitas curas na plataforma nesse momento. Alguns se levantavam das cadeiras de rodas. Uma freira paralítica caminhou; fazia anos que não podia fazê-lo. Vi gratidão nos que foram curados, um agradecimento tão evidente que quase podia ser tocado. Os drogados eram libertados, e na evidência de seus rostos transformados, luminosos, vi renascimentos interiores e regenerações morais. Perdi a conta do que vi, porque, em algum ponto desconhecido para mim, deixei de ver e comecei a sentir. Senti no mais profundo da minha consciência. Compreendi que participava de uma conversa, a mais assombrosa, nua, honesta conversa de minha vida. Estava falando com Deus. Em algum lugar no meu interior, estava contando a Deus coisas que nunca tinha sabido antes, ou que não tinha podido ou querido admitir. Apesar de toda a evidência de minha carne, dos fatos visíveis e aparentes de minha ocupada vida, o amor e a companhia de meus filhos e seus amigos, meus próprios amigos, que eram muitos, meus interesses no mundo, meus hobbies, apesar de toda essa evidência, estava dizendo a Deus que estava inquieto e sozinho. Profunda, desesperadamente solitário. Não de gente, nem de coisas. Tinha muito disso. Disse a Deus
  • 11. que estava vazio. Então me invadiu a emoção mais forte que jamais havia experimentado: fome. Uma fome selvagem, rude, primitiva. Vi que a plataforma e os corredores estavam cheios de gente. A senhorita Kuhlman convidava aqueles que queriam a Cristo em suas vidas para que fossem à frente, reconhecessem seus pecados, recebessem a Jesus como seu Salvador pessoal, e se entregassem completa e irrevogavelmente a Ele. Segui-os. Coloquei-me entre eles. Eu, que não participava, que me tinha feito sozinho, o sofisticado. Eu estava tomando esse compromisso, surpreendentemente consciente de tudo o que significava e da responsabilidade que assumia. Pedi a Deus que me livrasse de todo temor. E Ele o fez. Essa noite, enquanto voltava, em meu carro, à minha pequena cidade do Ojai, chorei. Chorei durante todo o caminho. Não me sentia nem triste nem feliz: sentia-me... limpo. Durante a noite, despertei e senti que compreendia, instantânea e plenamente, o que tinha acontecido. Me re-consagrei a Cristo, percebi que não duvidava e nem temia esse compromisso, e dormi profundamente uma vez mais, sem sonhar. Na manhã seguinte, já bem adiantada, fui caminhando desde meu lar no campo até a pequena cidade do Ojai. Sentia-me bem, descansado e em paz. As emoções do dia anterior já tinham ficado para trás. Passei junto à capela a que estava acostumado a freqüentar, uma capelinha de estilo colonial espanhol, localizada na rua principal. Era a época da Quaresma. Eram aproximadamente 11:30, e eu sabia que devia estar sendo celebrada a missa. Assim era. Cheguei a tempo para a celebração eucarística a que usualmente chamamos Santa Comunhão. Fui para o altar automaticamente, e como só havia seis ou oito pessoas presentes, recebemos ambos os elementos da Santa Eucaristia, pão e vinho. Em vez de voltar para os fundos da capela, ajoelhei-me no primeiro banco. Foi bom que o fizesse. O que eu tinha tomado em meu corpo não era pão e vinho, não era um símbolo, não era uma lembrança. Era o Corpo e o Sangue de Cristo, e o resultado em mim foi o mais profundo conhecimento da real presença de Cristo. Foi uma experiência de grande e inexprimível gozo, e meu corpo estremeceu violentamente devido ao esforço que realizava para contê-lo. Jesus, o Cristo, estava ali comigo, e cada célula de meu corpo era testemunha de que Ele era real. Descansei minha cabeça nos ombros e, por um momento, o tempo ficou suspenso. Deus vive. Deus vive verdadeiramente, e se move entre nós, e exala seu Santo Espírito sobre nós. E por mérito do sangue derramado
  • 12. por nós por seu divino Filho, Ele nos prepara tudo o que nos espera neste mundo de dor... e mais à frente. Louvado seja Deus!
  • 13. Capítulo 2 Não há escassez no depósito de Deus Capitão John LeVrier Lembro a primeira vez que estive cara a cara com o capitão LeVrier. Um policial e diácono batista. Estava em uma situação crítica. Desesperado, tinha voado de Houston até Los Angeles. Mas deixemos que ele mesmo conte sua história. Sou policial desde que tinha vinte e um anos. Em 1936 comecei no Departamento de Polícia de Houston, e cheguei a ser capitão da Divisão de Acidentes. Em todos esses anos jamais estive doente. Mas em dezembro de 1968 fiz um exame físico, e tudo mudou. Eu conhecia o doutor Bill Robbins desde que ele era um interno e eu era um novato em minha profissão. Quando comecei minha carreira, ele estava acostumado a me acompanhar no automóvel da patrulha. Logo depois do que eu pensava ser um exame médico de rotina em seu consultório, no Sanatório Saint Joseph, o doutor Robbins tirou as luvas de borracha e se sentou na beirada da escrivaninha. Sacudiu a cabeça. "Eu não gosto do que encontrei, John", disse. "Quero que veja um especialista." O olhei de esguelha enquanto terminava de ajustar minha camisa na calça e segurava meu cinturão com a arma. "Um especialista? Para que? As costas doem um pouco, mas que policial...?" Ele não me escutava. "vou encaminhá-lo ao doutor McDonald, um urologista do sanatório." Eu sabia que era melhor não discutir. Duas horas depois, logo depois de um exame ainda mais cuidadoso, escutava outro médico, o doutor Newton McDonald. Ele não suavizou as coisas. "Quando pode internar-se, capitão?" "Me internar?" Detectei um pouco de temor em minha voz. "Eu não gosto do que encontrei", disse deliberadamente. "Sua próstata teria que ser do tamanho de uma pequena noz, mas está grande como um limão. A única forma de averiguar a causa é fazendo uma
  • 14. biópsia. Não podemos esperar. Você deveria internar-se, no máximo, amanhã pela manhã." Fui direto para casa. Logo depois do jantar, Sara Ann mandou as crianças para a cama. John tinha somente cinco anos; Andrew, cinco, e Elizabeth, nove. Então lhe dei a notícia. Ela escutou em silêncio. Tínhamos sido felizes juntos. "Não deixe para depois, John", disse com voz calma. "Temos muito por que viver." Apoiando-me na beira da mesa da cozinha, olhei-a. Era tão jovem, tão bonita. Pensei em nossos três lindos filhos. Ela tinha razão, eu tinha muito por que viver. Nessa noite liguei para minha filha Loraine, casada com um pastor batista, em Springfield, Missouri. Prometeu-me que pediria na sua igreja que orassem por mim. Três noites depois, logo depois de extensos exames (incluindo a biópsia), eu estava sentado em minha cama no hospital, comendo o jantar, quando a porta do quarto se abriu. Era o doutor McDonald com um dos médicos do hospital. Fecharam a porta e aproximaram duas cadeiras da minha cama. Eu sabia que os médicos geralmente estão muito ocupados e não têm tempo para bate-papos sociais, e comecei a sentir que meu pulso se acelerava. O doutor McDonald não me deixou especular muito. "Capitão, temos más notícias." Fez uma pausa. Era difícil para ele pronunciar estas palavras. Esperei, tratando de manter os olhos fixos em seus lábios. "Você tem câncer." Vi como seus lábios se moviam formando a palavra, mas meus ouvidos se negaram a registrar o som. Repetiu. Eu podia ver como se formava a palavra em seus lábios. Câncer, assim, simplesmente. Um dia sou forte como um boi, um veterano com trinta e três anos de serviço na Polícia. No outro dia, tenho câncer. Pareceu ter se passado uma eternidade até que pude responder. "Bem, o que fazemos? Suponho que terá que extirpá-lo." "Não é tão simples", disse o Dr. McDonald, limpando a garganta. "É maligno, e está muito avançado para que possamos tratá-lo aqui. Vamos encaminhá-lo aos médicos do Instituto de Câncer M. D. Anderson. Eles são famosos em todo o mundo por suas investigações no tratamento dessa doença. Se alguém pode ajudá-lo, são eles. Mas não está muito bem, capitão, e mentiríamos se lhe déssemos alguma esperança sobre o futuro." Ambos os doutores foram muito compassivos. Eu percebi que estavam comovidos, mas sabiam que eu era um policial veterano, e ia querer conhecer os fatos. Me fizeram saber isso, francamente, mas com a maior suavidade possível. Em seguida se foram. Sentei-me, olhando a comida que esfriava na bandeja. Tudo parecia sem vida: o café, o bife meio comido, a compota de maçãs. Afastei tudo de mim e me sentei no lado da cama. Câncer. Sem esperanças.
  • 15. Caminhei para a janela e olhei para fora, para a cidade de Houston, que eu conhecia como a palma de minha mão. Ela também tinha câncer; estava cheia de delitos e enfermidades, como qualquer grande cidade. Durante um terço de século eu tinha trabalhado, tentando deter o avanço desse câncer, mas era uma tarefa interminável. O Sol estava se ocultando, e seus raios moribundos se refletiam nas torres das Igrejas por sobre os telhados. Nunca tinha notado antes. Houston parecia estar cheia de Igrejas. Eu era membro de uma delas, a Primeira Igreja Batista de Houston. Na verdade, era um ativo diácono de minha igreja, embora minha fé pessoal não fosse muita. Alguns meus amigos brincavam dizendo que eu era da mesma classe de batista que Harry Truman: dos que bebiam, jogavam pôquer e amaldiçoavam. Embora eu tivesse ouvido o meu pastor pregar poderosos sermões sobre a salvação, nunca tinha tido nenhuma vitória em minha vida pessoal. Era diácono por minha posição na comunidade, mais do que por minha qualidade espiritual. Aqui estava eu agora, cara a cara com a morte, desesperado para encontrar algo a que me agarrar. Mas ao pôr os pés na água, não havia fundo. Sentia como se estivesse afundando. Olhei para baixo, do nono andar, onde estava. Seria fácil saltar pela janela. Eu tinha visto algumas pessoas morrerem de câncer, com seus corpos consumidos pela enfermidade. Seria muito mais fácil terminar com tudo agora. Mas algo que Sara havia dito tinha ficado gravado em minha mente: "Temos muito por que viver..." Voltei para a cama e me sentei na beirada, olhando no profundo dessa grande nuvem cinza e negra que parecia estar se fechando sobre mim. Como dizer a ela, e aos meninos, que ia morrer? No dia seguinte vieram os médicos do Instituto M. D. Anderson. Houve mais exames. O doutor Delclose, que estava encarregado de meu caso, foi realmente honesto comigo. "A única coisa que posso lhe dizer é que será melhor que se prepare para ver muitíssimos médicos", disse-me. "Quanto tempo tenho?", perguntei. "Não posso lhe dar nenhuma esperança", disse ele francamente. "Talvez um ano, talvez um ano e meio. O câncer está muito espalhado por toda a zona inferior do abdômen. A única forma com que podemos tratá- lo é com grandes doses de radiação, o que significa que, ao mesmo tempo, mataremos muitos tecidos saudáveis. Mas se quisemos tentar prolongar sua vida, devemos começar já." Assinei a autorização, e começaram o tratamento com cobalto nesse mesmo dia. Eu acreditava na oração. Na Primeira Igreja Batista, orávamos todas as quartas-feiras pelos doentes. Mas sempre iniciávamos nossa oração por cura com as palavras: "Se for da Tua vontade, cura-o..." Era assim que me tinham ensinado. Eu não sabia nada sobre orar com
  • 16. autoridade, o tipo de autoridade que tinham Jesus e os discípulos. Realmente eu acreditava que Deus podia curar as pessoas, mas não acreditava que Ele fizesse milagres na atualidade. Portanto, quando fui receber o tratamento com raios, com o corpo raspado e marcado com um lápis azul como se fosse uma cabeça de gado pronta para a faca do açougueiro, a única oração que fiz foi: "Senhor, que esta máquina faça o que deve fazer". Bem, essa não é uma má oração, já que a máquina fora feita para matar células cancerosas. Obviamente, os médicos tratavam de evitar que a radiação afetasse outros órgãos, assim eu estava marcado até os detalhes em milímetros. O câncer estava na zona da próstata e devia ser tratado de todos os ângulos. A gigantesca máquina que irradiava cobalto rodeava a mesa, e a radiação penetrava em meu corpo de todos os ângulos. Os tratamentos diários duraram seis semanas. Recebi alta no hospital e me permitiram voltar ao trabalho, embora devesse retornar todas as manhãs para receber a dose. Tinham se passado quatro meses desde que minha doença foi diagnosticada. Aproximava-se a Páscoa, e Sara comentou que parecia que ia ser melhor que o Natal. Possivelmente o cobalto tinha obtido seu objetivo. Ou, melhor ainda, possivelmente os médicos se equivocaram. Então, cento e vinte dias depois do primeiro diagnóstico, chegou a dor. Era uma sexta-feira ao meio dia. Eu tinha prometido a Sara que nos encontraríamos no pequeno restaurante, onde costumávamos nos reunir para almoçar. Ela já tinha chegado. Eu sorri, apoiei minha boina de polícia no batente da janela, e me sentei junto a ela. Enquanto o fazia, senti como se tivesse sido apunhalado. A dor atravessava meu quadril direito em terríveis espasmos. Não podia falar, só podia olhar para Sara em muda agonia. Ela segurou meu braço. "John", sussurrou. "O que está acontecendo?" A dor se dissipou lentamente, me deixando tão fraco que quase não podia falar. Contei-lhe. Então, como a maré que retorna à margem, a dor voltou. Era como fogo nos ossos. Meu rosto brilhava de transpiração; abri a camisa e afrouxei minha gravata. A garçonete que tinha vindo nos servir notou que algo estava mal. "Capitão LeVrier," disse, preocupada, "está você bem?" "Estarei bem", respondi finalmente. "É que tive uma dor repentina." Decidimos não comer. Em vez disso, fomos diretamente ao hospital, e o doutor Delclose ordenou imediatamente novas radiografias. Enquanto me preparavam, pus a mão sobre o quadril direito e senti a fenda. Era do tamanho de uma moeda grande e parecia um oco sob a pele.
  • 17. Os raios X mostraram o que era: o câncer tinha feito um buraco que atravessava o quadril. Só a pele cobria a cavidade. "Sinto muito, capitão", disse o médico. "O câncer está se espalhando, como esperávamos." Em seguida, em um tom moderado, concluiu: "Começaremos novamente as aplicações de cobalto, e faremos tudo o que for possível para que o tempo que lhe resta seja o menos doloroso possível." As viagens diárias ao hospital começaram outra vez. Sara procurava manter-se calma. Ela tinha trabalhado no Departamento de Polícia antes de nos casarmos, e tinha estado exposta à morte muitas vezes. Mas isto era diferente. Eu não sabia então, mas os médicos lhe haviam dito que provavelmente eu não tivesse mais do que seis meses de vida. Continuei trabalhando, embora cada vez mais fraco. Era difícil saber se era devido ao câncer ou ao cobalto. Uma tarde Sara me buscou ao sair do trabalho e me disse: "John, estive pensando. Faz bastante tempo que estou fora de circulação. O que diria de eu voltar a trabalhar?" "Já tem trabalho", disse-lhe, em tom de brincadeira, "somente cuidando dos meninos. Eu ganharei o pão para esta casa. Ainda faltam muitas milhas para percorrer." "Continua sendo o policial durão, não?", disse ela. "Bem, eu também sou durona. Vou me inscrever na faculdade." Comecei a compreender o que ela estava fazendo: estava pondo as coisas em ordem. Era hora de eu fazer o mesmo. Mas antes que pudesse, houve uma novidade. Cirurgia. "É a única forma de mantê-lo vivo", disse a cirurgiã. "Este tipo de câncer se alimenta de hormônios. Vamos ter que redirecionar o curso dos hormônios em seu corpo por meio da cirurgia. Se não o fizermos, realmente terá pouco tempo." Aceitei a operação, mas antes de cento e vinte dias, o câncer apareceu novamente na superfície, desta vez na coluna. Numa tarde de domingo, em junho, finalmente a ficha caiu. Sara tinha levado os meninos a um piquenique da Escola Bíblica de Férias, e eu estava em casa, cuidando de transplantar uma plantinha num canteiro. Estava tão fraco que estava difícil me inclinar, mas pensei que o exercício me faria bem. Tinha cavado uma pequena cova na terra, e quando me inclinei para pegar a plantinha, uma dor, como se me tivessem aplicado um raio de mil volts, me paralisou a parte inferior das costas. Caí para a frente, na terra. Nunca tinha imaginado que podia existir uma dor tão terrível. Não havia ninguém próximo para me ajudar, então, me arrastando, um pouco de quatro, um pouco sobre o estômago, subi os degraus e entrei na casa.
  • 18. Então, pela primeira vez, me rendi. Jogado ali no piso, na casa vazia, chorei e gemi descontroladamente. Tinha estado reprimindo-o por Sara e os meninos, mas essa tarde, com a casa vazia, fiquei ali chorando e gemendo até que a dor finalmente se dissipou. Depois disso, seguiu-se uma nova série de aplicações de cobalto, e mais olhares desesperançados dos médicos. Tinha recebido minha sentença de morte. O câncer nos destrói de dentro para fora, e eu não era o único na família que tinha sofrido desse mal. Os maridos de minhas duas irmãs, que também viviam em Houston, tinham morrido de câncer. Ambos tinham aproximadamente cinqüenta anos, como eu. Parecia que agora era minha vez. Era hora de terminar de pôr minhas coisas em ordem. Sempre tinha desejado possuir um grande automóvel antigo. Num impulso de esbanjamento, comprei um Cadillac que só tinha três anos de uso. Quando terminou o verão, colocamos a toda a família no carro e partimos, para o que eu acreditei que seriam minhas últimas férias. Queria que fosse especial para as crianças. Anos antes, tinha viajado pela costa noroeste do Pacífico, e agora queria que Sara e as crianças conhecessem essa parte do mundo, que tinha significado tanto para mim: o curso do rio Columbia, o monte Hood, a costa de Oregon, lago Louise, Yellowstone e as Montanhas Rochosas. As crianças não sabiam, mas Sara e eu acreditávamos que seria nosso último verão juntos, como família. Voltei para Houston para juntar alguns fios soltos. Mas quando a vida está destruída além de toda possibilidade de conserto, é impossível recolher os pedaços. A única coisa que se pode fazer é deixá-los soltos e esperar o final. Num sábado pela manhã, no começo do outono, entrei em casa e liguei a tv no canal Nosso Pastor, da Primeira Igreja Batista. John Bisango tinha um programa chamado "Terras Altas". John estava em Houston, vindo de Oklahoma, onde sua igreja tinha sido reconhecida como a igreja mais evangelística da Convenção Batista do Sul. O que tinha acontecido em Oklahoma estava começando a dar-se também em Houston. Eu estava muito entusiasmado com seu ministério. Muito fraco para me levantar, fiquei jogado na cadeira enquanto terminava esse programa e começava outro. "Eu creio em milagres", disse a voz de uma mulher. Olhei para a tela. Não me impressionava; poucos batistas se sentiriam impressionados por uma mulher pregadora. Mas, à medida que avançava o programa, e esta mulher, Kathryn Kuhlman, falava de maravilhosos milagres de cura, algo dentro de mim se acendeu. "Será real isto?", pensei. O programa terminou, e começaram a passar os créditos na tela. De repente, vi um nome conhecido: Dick Ross, produtor. Eu conhecia o Dick; conhecia-o desde 1952, quando ele estava em Houston, trabalhando com Billy Graham na produção do Oiltown, USA".
  • 19. Na verdade, eu tinha tido um pequeno papel nesse filme, e, a partir daí, me tornei amigo de Billy Graham e sua equipe, e cuidava da segurança toda vez que vinham a Houston. E agora via o nome de Dick Ross relacionado com esta pregadora que falava de milagres de curas. Eu tinha me mantido em contato com o Dick através dos anos. Toda vez que eu ia à Califórnia a trabalho, procurava-o. Tinha-o visitado na sua casa, e até tinha assistido a sua aula de escola dominical na igreja presbiteriana. Peguei o telefone e liguei para ele. "Dick, acabei de assistir o programa de Kathryn Kuhlman. São verdadeiras essas curas?" "Sim, John, são de verdade", respondeu Dick. "Mas teria que assistir a uma dessas reuniões no auditório Shrine para ver por si mesmo. Por que pergunta?" Duvidei por um momento, mas, em seguida falei: "Dick, tenho câncer. Já apareceu em três áreas de meu corpo, e temo que a próxima vez me matará. Sei que parece que estou tentando me agarrar a algo impossível, mas isso é o que faz um homem que vai morrer." "Vou fazer que a senhorita Kuhlman lhe ligue pessoalmente", disse Dick. "Oh, não", protestei. "Sei que ela deve ser muito ocupada para atender um policial de Houston. Só me diga onde posso conseguir seus livros." "Eu lhe enviarei seus livros", disse Dick. "Mas também lhe pedirei que ligue para você, como um favor pessoal a mim." Em menos de uma semana, ela me ligou. "Sinto como se já o conhecesse", disse-me, e sua voz soava exatamente igual como no programa de TV. "Anotamos seu nome na lista de oração, mas não deixe de vir a alguma das reuniões." Embora Sara e eu tenhamos lido seus livros e nos convertidos em ávidos espectadores de seu programa de TV, na verdade eu adiava o momento de assistir a alguma reunião de Kathryn Kuhlman. "Onde estivemos durante toda a vida?", perguntava Sara. "Essa mulher é famosa no mundo todo, mas nunca ouvi falar dela antes." Como tantos outros batistas, simplesmente não tomávamos conhecimento de que havia outras coisas acontecendo no Reino de Deus, além da Convenção Batista do Sul. Agora nossos olhos estavam sendo abertos, não só a outros ministérios, mas também a outros dons do Espírito e ao poder de Deus para curar. Era tudo tão novo, tão diferente. Mas eu compreendia que era bíblico. Apesar da minha ignorância dos dons sobrenaturais de Deus, tinham-me ensinado a aceitar que a Bíblia é a Palavra de Deus. Quando começamos a ver todas essas referências ao poder do Espírito Santo, referências que nunca tínhamos visto antes,
  • 20. nossos corações começaram a sentir fome, não só de cura, mas também de receber a plenitude do Espírito Santo. Em fevereiro, soube que meu tempo estava se esgotando. Sara e as crianças também sabiam. "Papai", disse-me Elizabeth, "você vai à Califórnia, e ficaremos em casa orando. Acreditamos que Deus vai curá- lo". Olhei para Sara Ann. Com os olhos úmidos, assentiu e disse: "Creio que Deus o curará." Na sexta-feira, 19 de fevereiro, voei de Houston até Los Angeles. Uns velhos amigos de Los Angeles me emprestaram seu carro, e encontrei um hotel onde ficar em Santa Monica. Como policial e como batista, queria formar uma idéia sobre a senhorita Kuhlman antes de assistir à reunião, no domingo. Soube que ela geralmente vinha de Pittsburgh no dia anterior ao culto no Shrine. Também fiz algumas perguntas, usando minhas técnicas de polícia, e averigüei onde se alojava. Logo tive toda a informação de que precisava. Na manhã seguinte, cedo, fui ao seu hotel. Como policial que era, foi fácil para mim contatar os oficiais da segurança e lhes tirar informações. Pouco depois me disseram o horário em que geralmente a senhorita Kuhlman chegava. Sentei-me no saguão do hotel e esperei. Uma hora depois se abriu a porta, e ela apareceu. Era exatamente como a tinha imaginado. Descaradamente, a interceptei quando ia para o elevador. "Senhorita Kuhlman", disse-lhe, "sou aquele capitão da polícia do Texas." Ela me mostrou um amplo sorriso e exclamou: "Ah, sim! Você veio para ser curado". Falamos durante uns instantes. Em seguida lhe disse: "Senhorita Kuhlman, sou um crente em Jesus Cristo, nascido de novo. Sei que não tenho que ser curado para ser crente, porque já o sou. Mas você fala de algo em seus livros, que eu quero tanto quanto a cura física". "O que é?", perguntou ela, examinando meu rosto. "Quero ser cheio do Espírito Santo." "Oh," sorriu docemente, "prometo-lhe que pode ter isso." "Bom, estou gravemente doente, mas ainda estou forte para ir ao auditório e esperar na fila. Tenho lido seus livros e conheço a forma como se conduzem suas reuniões. Me levantarei bem cedo para conseguir um bom lugar." Despedi-me e comecei a me retirar. "Espere!", disse ela. "Estou sentindo algo, e tenho que ser obediente ao Espírito Santo. Venha aqui pela manhã, e iremos juntos até o auditório. Pode nos seguir em seu automóvel."
  • 21. Por um instante, duvidei. "Senhorita Kuhlman, faz tanto tempo que sou polícial, e aproveitei muitas vezes as situações para obter o que queria mais rapidamente... Desta vez, não quero fazer nada que possa ser obstáculo para minha cura. Simplesmente irei e me porei na fila com os outros." Sua voz soou encolerizada, e seus olhos brilharam. "Agora, deixe eu lhe dizer algo", disse, marcando cada palavra. "Deus não vai curá-lo porque você se comporta bem. Ele não vai curá-lo porque você é um capitão de polícia. E certamente não curá-lo pela forma como chegar à reunião." Não foi necessário que dissesse mais nada. Na manhã seguinte, a segui do hotel até o auditório Shrine. Chegamos às 9.30. Embora a reunião não começasse até a uma da tarde, a calçada onde estava a entrada do enorme auditório estava cheia de pessoas, milhares de pessoas. Entramos pela parte da plataforma, e a senhorita Kuhlman me disse: "Agora, sinta-se em liberdade para andar por este lugar, até que veja que me reúno com os obreiros. Quando isso acontecer, quero que você esteja comigo." Aceitei, e andei percorrendo o vasto auditório. Centenas de obreiros, que tinham viajado muitos quilômetros para colaborar voluntariamente, estavam ocupados, colocando as cadeiras para o coro de quinhentas pessoas, preparando a seção onde estariam os que vinham em cadeiras de rodas, acomodando os que tinham vindo em ônibus fretados, e arrumando o lugar para o que ia ocorrer. Eu quase podia sentir a expectativa, enquanto percorria o salão. Era como eletricidade. Todos sussurravam em voz baixa, como se o Espírito Santo já estivesse presente. Que diferença das experiências que tinha tido nos cultos da igreja! Eu também o sentia, e repentinamente, já não era mais um policial, nem um diácono de uma igreja batista. Era somente um homem que sofria de câncer, que precisava de um milagre para viver. Se esse milagre pudesse acontecer, seria nesse lugar. Um dos homens se apresentou como Walter Bennett. Reconheci seu nome imediatamente. Tinha lido seu testemunho em "Deus pode fazê-lo outra vez". Sua esposa Naurine tinha sido curada de uma horrível enfermidade. Ele me levou para a porta que dava à plataforma, onde ela montava guarda. O simples fato de vê-la tão radiante, sabendo que tinha estado a ponto de morrer, deu-me nova esperança e fé. Senti vontade de chorar. "John", disse-me Walter, "temos algo em comum. Você é um diácono batista, e eu fui um diácono batista, também. Vamos tomar uma xícara de café." Saímos por uma porta lateral e encontramos um café ali perto.
  • 22. "Depois que for curado," disse Walter, "é possível que seus companheiros batistas não queiram ter mais nada a ver com você." Sorriu como se soubesse. Falava com tal fé, como se estivesse certo de que eu ia ser curado. "Não me importa o que pensem os outros sobre mim, se for curado," falei, "contanto que Deus toque meu corpo." Walter sorriu. Senti muito amor por este novo amigo. "Bom, há algo de que podemos estar certos", disse suavemente. "Deus não o trouxe de tão longe até aqui para nada. Você vai voltar para Houston sendo um homem novo." O fato de que esse diácono batista falasse com tanta fé me enchia de entusiasmo. Estava ansioso para que começasse a reunião. Ali no auditório, a senhorita Kuhlman se estava reunindo com os obreiros, para lhes dar as últimas instruções antes que se abrissem as portas. Me juntei a eles sobre a plataforma. "Hoje temos aqui conosco um homem que é capitão da polícia de Houston", disse Kathryn. "Ele tem câncer em todo o corpo, e vou orar por ele agora. Quero que cada um de vocês, homens, inclinem-se em oração, enquanto rogo ao Senhor por ele." Percebi que isso era algo especial. Sabia que o ministério da senhorita Kuhlman era simplesmente dizer o que Deus fazia à medida que se desenvolviam os grandes cultos de milagres; que ela não tinha nenhum dom pessoal de cura, em particular. Fez um sinal para que eu me aproximasse e esticou suas mãos sobre mim. Embora esse fosse o momento pelo qual eu tinha esperado, duvidei. Lembrei o que tinha lido em seus livros, que muitas vezes, quando ela orava por alguém, a pessoa caía ao chão. Eu achava que isso de cair estava muito bem para alguns pentecostais, mas não era para um batista, e muito menos para um capitão da polícia. Mas não tinha opção. Dei um passo à frente e deixei que orasse por mim. Apoiando firmemente os pés em minha melhor postura de judô, esperei, enquanto ela me tocava e orava por minha cura. Não aconteceu nada, e quando comecei a relaxar, escutei-a dizer: "E enche-o, bendito Jesus, com o Espírito Santo". Senti que cambaleava, e pensei: "Não pode ser!" Firmei-me sobre meus pés, colocando-os um atrás do outro, e a escutei dizer pela segunda vez: "E enche-o com teu Santo Espírito". Senti como se alguém tivesse posto suas mãos sobre meus ombros e me estivesse empurrando para o chão. Não pude resistir, e desabei sobre a plataforma. Lutei para recobrar a posição vertical, justamente quando a escutava dizer pela terceira vez: "Enche-o com teu Espírito Santo". E caí de novo.
  • 23. Desta vez fiquei no chão durante vários minutos. Sentia como se estivesse afundando em uma piscina cheia de amor. Alguém me ajudou a levantar, e escutei que ela me dizia: "Agora, procure um assento. Vamos abrir este lugar, e em poucos minutos todos os assentos estarão ocupados". Deveria havê-la escutado, porque momentos depois se abriram as portas e o povo entrou correndo pelos corredores como a lava de um vulcão. Pude subir por um dos corredores, e me detive, olhando uma seção inteira do auditório cheia de gente em cadeiras de rodas. Não podia tirar meu olhar de seus rostos. Alguns eram tão jovens e já estavam tão deformados... senti desejo de chorar novamente. "Oh, Senhor, como sou tão egoísta para desejar me curar, quando há tantas pessoas aqui, algumas delas tão jovens?" Enquanto estava assim parado, olhando-os, pela primeira vez em minha vida, escutei a voz de Deus em meu interior, que dizia: "Não há escassez no depósito de Deus". Com novas forças voltei para a parte detrás, e lenta, dolorosamente, subi as escadas até encontrar um assento na primeira fila do mezanino. Faltava ainda um pouco antes que começasse a reunião. O enorme coro havia tomado seu lugar na plataforma e fazia os últimos ensaios. Entretive-me, observando as diferentes pessoas que estavam sentadas ao meu redor, e me apresentei ao homem que estava sentado junto a mim. "Sou o doutor Townsend", saudou-me. "Você é médico?", perguntei-lhe, assombrado de que um médico estivesse assistindo a um culto de cura. "Sim", respondeu, tirando seu cartão. "Venho porque sou muito abençoado. Eu gosto de ver o enorme poder de Deus em ação." Em seguida, apresentou a sua família. "Trouxe o meu pai, que veio de outro Estado. Esta é a primeira reunião a que assiste." Sentado do outro lado do corredor estava um de meus atores favoritos da TV. "Vejam só.", pensei. "Médicos e estrelas de TV que vêm e se sentam aqui em cima! Não vieram para ser reconhecidos, mas sim para participar da reunião." Estava impressionado. O culto começou. Uma linda jovem, uma modelo cujo rosto eu tinha visto na capa das revistas femininas que Sara lia, deu um rápido testemunho sobre o que Jesus Cristo significava em sua vida. Eu tinha estado em muitas reuniões evangelísticas, mas esta era incomum. Possivelmente era a expectativa que havia no ambiente, possivelmente a sensação de maravilha. Fosse o que fosse, era diferente de qualquer outra reunião a que tivesse assistido. A senhorita Kuhlman falava da plataforma. "Sabem, pediram-me que separasse este domingo para os jovens, mas há pessoas que vieram de
  • 24. tão longe, que não me atrevo a dizer: 'Só para os jovens'. No entanto, como há tantos jovens aqui hoje, devo lhes falar". Sua mensagem foi breve e dirigida aos jovens. Falou do amor de Deus e, em seguida, apresentou um dos apelos mais desafiantes que jamais escutei. Bem, se há algo que impressiona um batista, são as quantidades e o movimento. E quando vi quase mil jovens deixarem seus assentos e irem para a frente, para tomar uma decisão por Cristo, isso me impressionou. Ao contrário da maioria dos cultos evangelísticos que tinha assistido, esta reunião não tinha fanfarras, nem testemunhos lacrimogêneos. Só um simples convite desta mulher alta que havia dito: "Quer nascer de novo?" Os jovens responderam, muitos deles literalmente correndo pelos corredores para aceitar esse desafio. Ela parecia ter esquecido o passar do tempo enquanto os atendia sobre a plataforma, orando por muitos deles individualmente. Finalmente, voltaram para seus assentos, mas a congregação estava percebendo que ia acontecer algo mais. "Pai", sussurrou a senhorita Kuhlman, em voz tão baixa que eu quase não podia ouvi-la, "acredito em milagres. Acredito que tu curas no dia de hoje, como o fazias quando Jesus Cristo estava aqui. Tu conheces as necessidades das pessoas que estão aqui, neste imenso auditório. Peço- te isso no nome de Jesus. Amém." Em seguida houve um silêncio. Eu sentia meu coração batendo dentro do peito. Tinha consciência de cada célula de meu corpo e quase podia sentir a batalha espiritual que estava ocorrendo enquanto as forças do Espírito Santo lutavam contra as forças do mal em meu corpo. "OH, Deus", orei, em adoração. "OH, Deus." De repente, a senhorita Kuhlman estava falando outra vez, e sua voz falava rapidamente à medida que recebia conhecimento do que acontecia no auditório. "Há um homem no mezanino, no extremo direito de onde estou, que acaba de ser curado de câncer. Levante-se, senhor, em nome de Jesus Cristo, e receba a cura." Olhei. Ela apontava para o lado oposto de onde eu estava. Era extraordinário. Eu somente podia observar, maravilhado, enquanto sentia um entusiasmo crescente. Isto era real. Eu sabia. "Não venha à plataforma a menos que tenha certeza de que Deus o curou", enfatizava ela. Olhei ao meu redor e vi os ajudantes caminhando pelos corredores. Estavam falando com pessoas que acreditavam terem sido curadas, certificando-se de que só aqueles que verdadeiramente tinham recebido cura fossem dar testemunho. A maioria das pessoas curadas que davam testemunho tinham estado sentadas no mezanino. Foram da direita à esquerda: "Duas pessoas estão sendo curadas de problemas na vista."
  • 25. "Uma mulher está sendo curada agora mesmo de artrite. Levante- se e proclame sua cura." "Você está sentada na parte do meio do mezanino." A senhorita Kuhlman dizia: "Você veio hoje para receber cura. Deus a restaurou. Tire o aparelho de surdez. Pode ouvir perfeitamente." Olhei. Uma mulher de aproximadamente quarenta anos estava ficando de pé, tirando os aparelhos de surdez dos dois ouvidos. Um ajudante, por trás dela lhe sussurrava algo. Pensei que a mulher ia gritar enquanto levantava as mãos sobre sua cabeça, louvando a Deus. Podia ouvir. O doutor que estava sentado ao meu lado chorava, dizendo: "Obrigado, Jesus". As curas aconteciam em direção a onde eu estava sentado. "Senhor, que não se acabem", orei. Então lembrei o que Ele me tinha sussurrado quando estava no corredor, em baixo: "Não há escassez no depósito de Deus". Repentinamente vi que a senhorita Kuhlman estava assinalando para cima e à esquerda, onde eu estava sentado. "Você veio de muito longe para ser curado de câncer", disse. "Deus o curou. Fique de pé em nome de Jesus e proclame-o." Eu estava tão longe da plataforma! Possivelmente ela nem imaginava que eu estava ali. Mas seu dedo, comprido e magro, apontava em minha direção. "OH, Senhor," murmurei, "é óbvio que quero ser curado. Mas, como saber que isso é para mim?" Nesse mesmo instante, a mesma voz interior que tinha escutado em baixo, quando olhava aos cadeirantes, disse-me: "Fique de pé!" Coloquei-me de pé. Sem sentir nada, simplesmente o fiz em obediência e fé. Então eu senti. Era como ser batizado em energia líquida. Nunca havia sentido uma força assim percorrendo todo meu corpo. Senti que poderia tomar em minhas mãos a lista telefônica de Houston e parti-la em pedaços. Uma mulher se aproximou de mim. "Você foi curado de algo?" "Sim", declarei, com vontade de saltar e correr ao mesmo tempo. "Como sabe?" "Nunca me senti tão gloriosamente bem. Quase não tive forças para chegar até este assento, e agora, sinto-me tão bem!" Enquanto isso, eu me esticava e me dobrava, fazendo coisas que não tinha podido fazer durante mais de um ano. "Sinto que poderia correr mais de um quilômetro." "Então corra até a plataforma e testemunhe", disse ela.
  • 26. Lancei-me a correr. Mas, enquanto o fazia, comecei a me perguntar: "E se houver aqui alguém de Houston? Vou chegar correndo à plataforma, e a senhorita Kuhlman vai pôr suas mãos sobre mim e vou cair no chão. O que pensarão?" Então percebi que não me importava. Momentos depois, estava junto à senhorita Kuhlman, na plataforma. Ela caminhou para mim e disse simplesmente: "Te agradecemos, bendito Pai, por curar este corpo. Enche-o com teu Espírito Santo". Bam! No chão outra vez. Mas desta vez, devido à nova energia curadora que enchia todo meu corpo, levantei-me imediatamente. Na segunda vez, nem sequer me tocou. Só orou em minha direção, e a ouvi dizer: "OH, o poder..." E caí de novo no chão. Desta vez fiquei ali, me regozijando novamente nessa maré de amor líquido. Mas, mesmo ali, Satanás me atacou. Veio como leão rugindo. "O que o faz acreditar que foi curado?" A senhorita Kuhlman já tinha posto sua atenção em outra pessoa. Rolei e me pus de joelhos, com a cabeça nas mãos, orando: "OH, Pai, me dê fé para aceitar o que sinceramente creio que me deste". Durante muitos anos eu tinha recebido muitos estudos bíblicos batistas. Minha mente tinha sido verdadeiramente exposta à Palavra de Deus, e nesse momento, um versículo veio à minha mente: "Provai-me agora, diz o Senhor..." Pensei em todos esses corpos deformados que tinha visto. "Pai, me mostre um sinal visível para que minha fé se fortaleça." Abri os olhos, e vi uma garotinha de nove anos que se aproximava da plataforma. Nunca vi alguém mais feliz. Estava correndo e saltando, descalça. Dançava de um lado ao outro em frente à plataforma, junto à senhorita Kuhlman, que se esticava para tomá-la pela mão, mas não pôde alcançá-la. Deu a volta e começou outra vez. Novamente a senhorita Kuhlman quis pegá-la, mas outra vez lhe escapou dançando. Nesse momento, a mãe da menina já estava sobre a plataforma. Nas mãos tinha um par de sapatos com rígidas barras de metal. Sem poder alcançar a garotinha, que continuava saltando e dançando, a senhorita Kuhlman se voltou para a mãe: "O que temos aqui?" "Essa é minha filhinha", soluçava a mãe. "Teve paralisia infantil quando era bebê e nunca pôde tornar a andar sem estes sapatos especiais. Mas olhe para ela agora!" Toda a congregação prorrompeu em estrondosos aplausos. "Como você soube que Deus a curou?", perguntou Kathryn Kuhlman.
  • 27. "Oh, senti o poder curador de Deus percorrendo seu corpo", quase gritou a mãe. "Tirei-lhe os sapatos ortopédicos, e ela começou a correr." Atrás dela havia outra mãe, que tinha nos braços uma menina de dois anos. "O que aconteceu aqui?", perguntou a senhorita Kuhlman. "Deus acaba de curar o pezinho de minha filhinha." A voz da mãe tremia tanto que era difícil entender o que dizia. A senhorita Kuhlman tomou o pezinho da menina. "Era este o pé prejudicado?" "Sim, sim, era esse", disse a mãe, sustentando na mão um sapato especial. "A menina nasceu com pé chato. Sofreu muitas operações. Se você lhe tivesse massageado o pé antes, como está fazendo agora, teria gritado de dor." "Aqui na plataforma há vários médicos", disse a senhorita Kuhlman. "Eles me conhecem. Há algum médico entre o público que não me conheça e que não conheça estas meninas? Poderia vir e examiná-las, por favor?" Um homem ficou de pé. "Você é médico?", perguntou a senhorita Kuhlman. "Sim", respondeu ele. "Onde exerce?" "No Hospital St. Luke's, aqui em Los Angeles." "Poderia nos fazer o favor de vir e examinar estas meninas?" O médico foi e subiu à plataforma. "A primeira coisa que posso dizer é que essa garotinha que salta e corre ali, com essas perninhas tão magras, é um milagre. Se não fosse por um milagre, não poderia estar parada, e muito menos saltar de gozo." Em seguida, tomou os pezinhos da menina menor. "Senhorita Kuhlman", disse com voz séria, "não vejo nenhuma diferença entre os dois pés desta criatura. Creio que sua mãe pode tirar o sapato ortopédico." Não precisei de mais provas. Cambaleando, saí pela parte posterior da plataforma, procurei um telefone público e liguei para Sara, em Houston. Estava ocupado. Pedi à telefonista que interviesse na ligação. "Não posso fazê-lo a menos que seja um assunto de vida ou morte", disse-me ela. "É exatamente isso, operadora. E pode ficar na linha a escutar, se quiser." Repentinamente, Sara estava ao telefone. Tentei falar, mas só conseguia soluçar. Nunca chorei tanto em minha vida quanto nesse
  • 28. momento, com o telefone na mão, detrás da plataforma, no auditório Shrine. Sara repetia: "John, John, foi curado?" Finalmente pude lhe dar a mensagem. Estava são. Então ela começou a chorar. Desejei que a operadora estivesse escutando. Era um assunto de vida, não de morte. Voltei para junto da plataforma e observei. Cinco sacerdotes católicos, um deles um "monsenhor", estavam sentados na primeira fila, sobre a plataforma. O monsenhor estava sentado na ponta de sua cadeira, absorvendo tudo. Ao passar, a senhorita Kuhlman olhou para ele e viu a expressão de ansiedade em seu rosto. "Gostaria de experimentar isto?", perguntou-lhe. Ele sabia perfeitamente do que lhe estava falando, já que ficou em pé, com as dobras de sua batina sacudindo no ar, e disse: "Sim". Lhe impôs as mãos e disse: "Enche-o com teu Espírito Santo". Ele caiu ao chão. Ela se voltou para os outros sacerdotes e lhes disse: "Venham". Cada um deles caiu ao chão como o monsenhor. Os hippies eram salvos. As extremidades tortas eram endireitadas. Meu próprio câncer tinha sido curado. Os sacerdotes católicos eram cheios do Espírito Santo. Saí como se estivesse flutuando em uma nuvem e voltei para o hotel. Era mais do que eu podia compreender. No hotel, fiz todo tipo de exercícios: me sentar e me levantar, empurrar, coisas que não tinha podido fazer durante mais de um ano. E as fiz sem problemas. Mesmo sem ainda não ter feito um exame médico, eu sabia que estava curado. Durante essa noite, despertei várias vezes, não para tomar calmantes (tinha deixado de tomar minha medicação essa manhã, antes de ir ao culto), mas sim para poder dizer em voz alta, no meio da escuridão: "Obrigado, Jesus. Bendito seja o Senhor!" Então chegou o momento de me reunir a Sara e às crianças. Quando cheguei ao aeroporto de Houston, estavam me esperando. Corri para eles, e abracei Sara tão forte, que literalmente a levantei do chão. Minha força a deixou sem fôlego. Em seguida agarrei os meninos, primeiro Andrew, em seguida, John, levantando-os acima da minha cabeça. Abracei Elizabeth. Todos falávamos com mesmo tempo. "Seu rosto, John", dizia Sara. "Está cheio de cor e vida." "Eu sabia que ia ser curado", dizia Elizabeth. "Orava por você todos os dias, às nove, às doze, e às seis." "Nós também, papai", apareceu o pequeno John. "Nós, seus filhinhos, também orávamos. Sabíamos que Deus o curaria." Era muito, e este veterano capitão da polícia, parado no meio do aeroporto de Houston, pôs-se a chorar. Pouco depois, voltei ao Instituto M. D. Anderson para fazer um exame físico. Tinha uma entrevista com dois médicos no mesmo dia.
  • 29. A primeira que me examinou foi a que tinha recomendado a operação. Dei-lhe um exemplar do livro de Kathryn Kuhlman, "Creio em milagres". Ela o olhou, escutou o relato de minha história, e em seguida me olhou como se eu estivesse louco. "Deixe eu lhe dizer algo", disse. "O único milagre que lhe aconteceu é um milagre médico. Isso é tudo. O que o está mantendo vivo é sua medicação. Continue tomando-a, e veremos quanto tempo vive." Eu sorri. "Bom, não tomei nenhuma medicação desde vinte de fevereiro, já faz mais de um mês." Ela se mostrou surpreendida e zangada. "Você fez uma verdadeira tolice, senhor LeVrier", disse. "Não passará muito tempo, antes que o câncer apareça em outra parte do seu corpo, e você se irá." Que atitude tão estranha para uma cientista!, pensei. Saí dali e fui ao consultório do doutor Lowell Miller, chefe do Departamento de Terapia de Radiação do Hospital Herman. Esperava que sua reação fosse mais positiva, mas depois da recente experiência, decidi não lhe contar nada sobre o milagre. Que o descobrisse por si mesmo. Sua enfermeira me pediu que fosse ao quarto contiguo e me preparasse para o exame físico. Então notei algo estranho. Como muitos policiais veteranos, eu tinha sofrido de varizes nas pernas. Na verdade, não usava bermuda em público, porque eu não gostava que vissem os nódulos em minhas pernas. É obvio, quando se está morrendo de câncer, não nos preocupamos muito com varizes, mas, à brilhante luz do quarto, olhei minhas pernas, pela primeira vez desde que voltei de Los Angeles. O Senhor não somente havia me curado de câncer, mas também tinha feito desaparecer minhas varizes. Minhas pernas estavam lisas e suaves como as de um adolescente. Quando o Dr. Miller entrou no quarto, eu estava me regozijado e louvando ao Senhor. Sentindo saudades de ver um paciente de câncer tão contente, o Dr. Miller retrocedeu. "Bom! O que é o que lhe aconteceu?" Isso foi tudo o que precisei para lhe contar toda a história de como Jesus Cristo tinha curado meu câncer. "Vejamos", disse o Dr. Miller. "Eu também sou cristão, mas Deus nos deu suficiente senso comum para que cuidemos de nós mesmos." "Não vou discutir isso", falei alegremente. "Essa é a razão por que estou aqui para me submeter a este exame. Me faça todos os exames que desejar. Mas lhe digo que não encontrará nada mal." "Ok", disse o médico. "vamos fazer, então." E a seguir me submeteu ao exame físico mais completo que já me fizeram. Ao terminar, disse: "Sabe, desejaria que minha próstata estivesse tão bem como a sua." Em seguida, examinou a coluna, batendo em vértebra por vértebra. "Notável", repetia. "Notável."
  • 30. Me enviou a fazer raios X, e disse depois: "Ligarei dentro de um ou dois dias, logo depois de que tenha tido tempo de comparar estas radiografias com as anteriores. Mas por todas as indicações que tenho, você foi curado." Três dias depois soou o telefone de minha escrivaninha no segundo andar do Departamento de Polícia de Houston. Era o doutor Miller. "Capitão", disse, "tenho boas notícias. Não encontrei absolutamente nenhum traço de câncer. Agora, queria lhe fazer uma pergunta. Está acostumado a dar palestras?" "Sobre meu trabalho como policial?", perguntei. "Não", disse ele, "não sobre isso. Quero que venha à minha igreja e conte à congregação o que Deus fez por você." Isso foi o começo. A partir de então, viajo por todo o país, contando às pessoas que não têm esperança, sobre o Deus que não tem escassez em seu depósito de milagres.
  • 31. Capítulo 3 Caminhando nas sombras Isabel Larios O Natal é uma época de muito gozo para mim. Recebo milhares de cartões de amigos queridos de todo o mundo. Leio cada um deles. Mas os mais preciosos para mim são os que me escrevem as crianças. Eles são tão abertos, tão sinceros. Quando uma criança me diz: "Te amo", nunca duvido de que realmente o sinta. Por isso, quando recebi um pequeno e singelo cartão, de uma doce garotinha mexicana-americana que vive na Califórnia, soube que realmente sentia o que escrevia. Escreveu para me agradecer por lhe fazer possível viver outro Natal. Lisa me agradecia porque podia me ver. Mas eu sabia o que ela queria dizer. E, Deus sabe, não foi Kathryn Kuhlman: foi Jesus. Lisa Larios estava morrendo de câncer ósseo até que Jesus a curou no auditório Shrine. A mãe e o pai adotivos da Lisa, Isabel e Javier Larios, viviam em um modesto complexo de apartamentos em Panorma City, Califórnia. Isabel nasceu em Los Angeles, mas foi criada em Guadalajara, México. Javier, que passa grande parte de seu tempo trabalhando com seu cavalete de pintor em seu apartamento, é um respeitado garçom na Casa Vega, um dos restaurantes mais elegantes do Sherman Oaks. Além da Lisa, têm mais dois filhos: Albert e Gina. "São só os dores do crescimento, Lisa", falei enquanto minha filha de 12 anos se queixava de dor no quadril direito. Eu estava sentada na beira da cama, na semi-escuridão, lhe esfregando o quadril e as costas com linimento. Lisa crescia rapidamente. Já tinha o corpo de uma mocinha de quinze anos e parecia a imagem viva da saúde. Mas aqui, na penumbra da noite, enquanto esfregava sua pele suave, senti que essa dor, em particular, era algo mais do que essas dores musculares normais que as meninas experimentam quando estão crescendo. Lisa também sentia isso. O medo entrou no quarto, junto com a dor.
  • 32. "Mamãe, acenda a luz do quarto quando sair", sussurrou Lisa. "Não quero ficar aqui sozinha no escuro." Javier tinha ido trabalhar no restaurante. As outras duas crianças já estavam dormindo. Lhe dei umas palmadinhas nas costas e lhe arrumei o pijama. "Não há nada que temer", falei. "Eu não gosto das sombras", respondeu ela, com sua cabecinha metida no travesseiro. "Me dão medo." Acendi a luz do corredor e deixei a porta de seu quarto aberta. Por um momento me detive na porta, olhando-a. De onde tinha vindo esse temor repentino? Lisa nunca tinha tido medo antes. Agora eu podia senti- lo em todo o quarto, como uma rede que descia do teto e cobria toda a cama. Será que Lisa percebia algo que eu não podia sentir? O dia seguinte foi um desses estranhos e belos, que às vezes acontecem na Bacia de Los Angeles. Era o último dia de março, e uma forte chuva, logo antes do amanhecer, tinha lavado o ar, deixando-o claro e limpo. O sol brilhava com toda sua força, o céu era azul radiante, e dava para ver claramente as montanhas cobertas de neve sobre o horizonte, a leste. Javier se tinha levantado para tomar o café da manhã com as crianças, antes que fossem à escola. Depois, ele e eu fomos a Van Nuys fazer compras. Eu procurava um suéter para Lisa, e Javier queria uns lápis de carvão, para terminar um desenho que estava fazendo em seu cavalete. Quando voltamos, pouco antes do meio-dia, a porta do apartamento estava entreaberta. Lisa estava lá dentro, jogada sobre o sofá, chorando. Alarmado, Javier se ajoelhou junto dela e suavemente lhe tirou o cabelo de sobre os olhos. "O que aconteceu, Lisa?", perguntou com doçura, e o som musical de seu sotaque mexicano soou nos ouvidos da menina. "É o quadril, papai", soluçou ela. "Começou a doer muito, assim que o vizinho foi me buscar e me trouxe da escola." Lisa me passou um bilhete amassado, de uma das irmãs da escola Santa Isabel. "Por favor, ocupe-se disto: Lisa tem muita dificuldade para andar. Acreditamos que deveria consultar um médico." Javier assentiu. "Ligue para o doutor Kovener", disse. "Não devemos esperar mais." O doutor Kovner era um amigo da família. Tinha nos atendido antes, e sempre dizia que Lisa era sua paciente favorita. Sua secretária nos agendou para o dia seguinte, à tarde. O doutor tirou algumas radiografias e realizou um exame preliminar. Em seguida me recebeu em seu escritório. "Senhora Larios, isto pode ser uma de várias coisas. Temos que começar com as mais óbvias e começar a trabalhar nisso. Vou internar Lisa no hospital, onde poderemos fazer outros exames."
  • 33. No Hospital Comunitário Van Nuys fizeram novos exames. Lisa tentava ser valente, mas estar constantemente dolorida, passando a noite fora de sua casa, em um lugar estranho, rodeada por gente que não conhecia, não era fácil para ela. Todas as manhãs eu levava as crianças à escola, e em seguida ia para o hospital, chorando durante todo o caminho, me perguntando se as pessoas que passavam a meu lado saberiam da grande dor que eu estava sentindo. No hospital, eu era toda sorrisos, mas era só uma máscara. Por dentro, estava destroçada. "É possível que a dor seja causada por um apêndice aumentado que esteja pressionando um nervo", disse o médico. "Vamos extrair o apêndice e veremos se isso resolve o problema." Mas a dor continuou depois que Lisa voltou da operação. Aparentemente ninguém sabia o que fazer agora. Em 12 de maio voltou para casa. Só podia andar com muletas. Houve mais visitas ao médico. "Isto me deixa perplexo", disse o doutor Kovner ao examinar as radiografias novamente. "Acredito que devemos consultar um especialista." O doutor Gettleman, cirurgião, era muito metódico. Mandou tirar mais radiografias e realizou um novo exame, ele mesmo. "Deve continuar usando as muletas durante mais uma semana", disse. "Traga-a de novo, na próxima quinta-feira." Apesar das muletas, a dor era cada vez mais forte. Como que não podia ir à escola, Lisa vagava pela casa com as muletas, chorando e tentando parecer valente. Passava a maior parte do tempo na cama. Ao final dessa semana, voltou ao hospital, desta vez ao Saint Joseph, de Burbank. "Teremos que operar de novo", disse o Dr. Gettleman. "Vimos algo nas radiografias. Poderia ser uma bolsa de pus que causa pressão. Mas também poderia ser um tumor. Há dois tipos de tumores, benignos e malignos. Se for um tumor benigno, não teremos problemas. Se for maligno, pode ser muito sério." Embora pertencêssemos a uma igreja católica romana, e nossos filhos estudassem em uma escola católica, nem Javier nem eu éramos muito religiosos. Raramente íamos à missa, e quase nunca nos confessávamos. Mas eu sempre me havia sentido muito próxima de Jesus, e os cartõezinhos que as coleguinhas da escola da Lisa lhe enviavam, dizendo que estavam rezando por ela, também ajudaram a me voltar para Deus, em oração. Na noite anterior à operação, eu estava em casa, só, com o Albert e a Gina. Eles se foram se deitar cedo, e eu fui ao meu quarto e me joguei sobre a cama, no escuro. Parecia que todo meu mundo se tinha feito em pedaços. Tinha carregado Lisa em meu corpo durante nove meses. Tinha desejado morrer no parto, para que ela pudesse viver. Tinha cuidado dela, tinha estado com ela nas noites escuras, tinha rido com ela, tinha
  • 34. passeado pelo campo com ela, tinha chorado e orado por ela. E agora os médicos me diziam que possivelmente morreria. Já tinha chorado até não ter mais lágrimas. Tudo parecia tão inútil, tão fútil. Enquanto estava assim na cama, olhando as sombras no teto, comecei a orar. "Querido Senhor, Lisa realmente não é minha. É tua. Somente nos deixaste tê-la, para criá-la, alimentá-la, educá-la e amá-la. Um dia ela nos deixará, se casará e criará seus próprios filhos. Se quiseres levá-la antes que isso aconteça, eu a devolvo a ti, e te agradeço, porque a deixaste conosco todo esse tempo, para nos abençoar." Foi uma oração simples, sem grandes emoções. Mas era sincera. Enquanto continuava olhando as sombras, adormeci. Sonhei que estava sentada em um pequeno quarto escuro. Javier estava junto a mim, segurando minha mão. Uma porta se abriu em frente a nós, e pelo corredor se aproximaram dois homens vestidos com batas, dessas que os cirurgiões usam. Um dos médicos estava chorando e não podia falar. O outro parou diante de nós e disse: "Sua filha está muito doente. Tem câncer". Despertei, sobressaltada. Passava da meia-noite, e eu ainda estava jogada na cama sem me deitar. A casa estava em silêncio. Só a luz do corredor se filtrava no dormitório. Levantei-me e fui ver os meninos. Dormiam tranqüilamente. Fui para o living e me sentei na beirada do sofá, na escuridão. Esse sonho era do diabo? Estava tentando me assustar? Ou era de Deus, para me advertir e me preparar? Como saber? Quando ouvi os passos de Javier na escada, rapidamente fui para nosso quarto e me meti na cama antes que ele entrasse. Não queria que soubesse o quanto eu estava preocupada. Lisa precisaria encontrar nós dois fortes, para enfrentar a operação, na manhã seguinte. Javier e eu nos sentamos, de mãos dadas, na pequena sala de espera junto à sala de operações, no hospital. Era natural que ambos orássemos, e o fizemos em silêncio. Os médicos entravam para informar às outras pessoas que também estavam esperando. "Seu pai está muito bem. Nem sequer precisamos operá-lo..." "Não tem do que se preocupar, sua esposa está perfeitamente bem." "Pode levar seu filho para casa esta tarde." Às duas da tarde olhei, e vi que vinham dois médicos pelo longo corredor. Um deles era o doutor Kovner. Seu rosto estava cinza. O outro era o doutor Gettleman. Javier se levantou de um salto e foi ao encontro deles, mas eu fiquei sentada. Sabia o que aconteceria, e minhas pernas pareciam de borracha. Era a mesma cena que tinha vivido em meu sonho. "Encontramos um tumor", disse o doutor Gettleman. "É inoperável. Se tivéssemos cortado, teríamos que amputar toda a perna." "É câncer?", perguntou Javier.
  • 35. "Sinto dizer que sim", respondeu o médico. "Está muito, muito mal. O osso do seu quadril está como se fosse manteiga. Se tivesse uma colher, poderia tê-lo tirado todo. A carne que rodeia o osso está como queijo gruyere, cheia de buracos. O laboratório já fez uma análise, e é o pior tipo de câncer. A única coisa que pudemos fazer foi costurá-la outra vez." "Não houve nada que pudessem fazer?", clamou Javier, com o rosto macilento e abatido. "Nada no momento. Depois que se recupere da operação, começaremos o tratamento com cobalto. Falaremos depois sobre isso." "Mas ficará boa, não é?", perguntou Javier. O doutor Gettleman sacudiu a cabeça. "Só posso dizer é que tentaremos lhe prolongar a vida. Não posso prometer nada mais." Olhei para o doutor Kovner. Embora não dissesse nada, o seu rosto expressava tudo. Seus olhos estavam cheios de lágrimas. Lisa estava morrendo, e nenhum de nós podia fazer nada a respeito. Eu a havia devolvido a Deus, e ele tinha aceito meu oferecimento. Os médicos aconselharam que não deveríamos dizer nada a Lisa sobre seu estado. Duas semanas depois, a trouxemos novamente para casa, em uma cadeira de rodas, decididos a lhe dar o verão mais feliz de sua vida. O doutor Kovner não concordou com nossos planos de levar Lisa em umas longas férias. "Devemos começar o tratamento de cobalto o mais rápido possível", disse. "Se assinarmos a autorização e permitimos fazer o tratamento com radiação," perguntei, "o que pode nos prometer?" "Não podemos lhe prometer nada", respondeu ele. "Mas nunca saberá se ajudará ou não, a menos que o faça." "O que acontecerá se não permitirmos que lhe faça o tratamento?" "Não me agrada responder perguntas como essa", disse o doutor Kovner. "Mas, mesmo com o tratamento, o máximo que podemos estimar é seis meses. E estará muito, muito, muito mal quando morrer." Prometi conversar sobre isso com Javier. Ambos sentíamos que seria cruel que Lisa devesse passar seus últimos meses de vida sujeita a esse tratamento de radiação. Em 9 de junho, Lisa foi internada no Hospital Pediátrico de Los Angeles. Era o terceiro hospital em que entrava em três meses. A doutora Higgins, que estava encarregada de seu caso, disse que havia três áreas para onde poderia se espalhar o câncer: fígado, peito ou cérebro. Qualquer poderia ser fatal. Aparentemente, o câncer se espalha rapidamente nas crianças em idade de crescimento, e a única forma de
  • 36. tentar salvar sua vida era por meio do tratamento com cobalto e quimioterapia. Finalmente demos nossa autorização para que lhe realizassem o tratamento preliminar, e começaram a lhe aplicar uma série de injeções. O organismo de Lisa reagiu violentamente. Eu me sentava com ela durante toda a noite, enquanto ela vomitava e perguntava: "Mamãe, o que está acontecendo comigo? por que estou tão doente?" Era mais do que eu podia suportar. Javier e eu conversamos novamente e decidimos que seus últimos dias seriam vividos em nosso lar, conosco, em vez de no hospital. A levaríamos para casa. O capelão da escola em que Lisa estudava ficou sabendo de sua doença e a visitava todas as noites, levando a comunhão. Comentamos com ele nossa decisão de interromper o tratamento de cobalto. Ele concordou. "Se ela está morrendo, deveria passar os últimos dias de sua vida o mais feliz que fosse possível." "Lisa não tem absolutamente nenhuma possibilidade de recuperação sem a terapia de radiação", objetou a doutora Higgins, quando lhe comunicamos nossa decisão. Os outros médicos opinavam igual. "Se ficar no hospital, talvez possamos aprender algo que possa ajudar alguma outra garotinha dentro de cinco ou dez anos." "Não me interessa que minha filha se converta em uma experiência médica", lhes falei com total honestidade. "Só quero que ela se cure. Vocês podem me prometer isso?" "Sinto muito, senhora Larios", disseram os médicos. "A medicina não pode lhe prometer nada." No dia seguinte, levamos Lisa para casa, para que morresse em nosso lar. Passamos o resto do verão tentando fazê-la feliz. Nos endividamos muito para levá-la a passeio pela costa, comprar as coisas que queria, como gravador e outros objetos materiais. Mas tudo parecia tão pateticamente vazio. Não era bom que estivéssemos sentados ao seu redor, cobrindo-a de presentes, e esperando sua morte. Numa tarde, em meados de julho, alguém bateu à porta de nosso apartamento. Abri-a e vi nosso vizinho, um jovem solteiro chamado Bill Truett, parado no corredor. "Como está Lisa?", perguntou Bill. "Não está bem", respondi. "piorou desde que a tiramos do hospital." Bill sorriu fracamente e me olhou fixo aos olhos. "Ela ficará bem", disse com voz confiante. Encolhi os ombros. "Espero que sim."
  • 37. "Não, você não me compreendeu", disse seriamente. "Ela vai ficar bem. Alguma vez você ouviu falar de Kathryn Kuhlman?" "Bom, a vi umas duas vezes na TV, mas nunca prestei muita atenção." "Neste próximo domingo ela vai estar no auditório Shrine de Los Angeles", disse Bill. "Queria levar Lisa à reunião." Duvidei por um momento. Realmente não conhecia muito bem o Bill, e tinha ouvido dizer que as reuniões no Shrine eram muito prolongadas. Mas ele insistiu tanto, que finalmente concordei em ir junto com Lisa e ele, só para me livrar dele. Depois de lhe dizer que iríamos, fechei a porta e me encostei na mesa da cozinha. Javier estava trabalhando em um desenho junto à janela, olhando o pátio. Vários de seus desenhos estavam pendurados nas paredes de nossa casa. Eu sabia que ele estava interessado em desenvolver seu talento, mas também sabia que a pintura era uma forma de escape para ele. Quando estava ocupado com seus desenhos, não tinha tempo para pensar na Lisa. Observei seu rosto, parecia esculpido em pedra, ali concentrado em seus carvões. Senti minhas unhas cravarem na palma da mão, ao fechar o punho, tentando deter as lágrimas. Javier estava perdido em sua arte. Bill sugeria coisas estranhas. Mas eu era a mãe da Lisa, e tinha que enfrentar a realidade. Não podia me agarrar à arte para escapar, nem me deixar levar pelas tolices que Bill dizia sobre milagres. Eu tinha que enfrentar as coisas como elas eram. Lisa ia morrer. Bill voltou na a manhã seguinte e me lembrou de minha promessa de ir com ele e Lisa ao auditório. "Bill, não quero apagar seu entusiasmo", falei, "mas os médicos me disseram que Lisa não pode se curar. Ninguém pode fazer nada." "Então vejamos o que Deus pode fazer", disse ele simplesmente. Quis retroceder. Sentia que Bill me estava pressionando. Além disso, detestava ter que me levantar cedo num domingo pela manhã e dirigir por toda a cidade só para esperar numa fila durante horas. Bill se negava a desanimar. "Sei que ela será curada. Minha mãe é muito próxima desse ministério. Ela conhece muitas pessoas que foram curadas." Eu não tinha fé nenhuma. Só agradecia que Lisa não soubesse o quão sério era seu estado. Embora eu não soubesse, Lisa suspeitava de algo. Ao menos sabia que sua perna não podia suportar seu peso. Poucos dias antes, tinha visitado uma amiga em um apartamento próximo, do outro lado do corredor, e tentou andar sem as muletas. Seu quadril se dobrou como uma esponja molhada, e ela caiu no chão. Embora não soubesse o que era, podia perceber que tinha algo muito ruim no quadril.
  • 38. Na tarde do sábado, Bill tornou a bater à porta. "Lembre, amanhã é o dia. Lisa receberá um milagre." "Tudo bem, Bill", falei, fechando a porta. Mas por dentro sabia que não havia como isso acontecer. Já não se produziam milagres, ao menos não para gente como nós. Se havia milagres, eram para os ricos, os piedosos, os Santos da igreja. Nós somos somente uns pobres mexicanos católicos que nem sequer íamos muito à missa. Como podíamos esperar um milagre? No dia seguinte, 16 de julho, de manhã muito cedo, Bill bateu à porta. "Me deixe terminar o café", gritei. Por dentro, desejava que se fosse sem nós. Bill e sua noiva Cindy nos estavam esperando com uma cadeira de rodas. Ajudaram Lisa a descer as escadas, em seguida rodearam a piscina, percorreram a calçada estreita e a meteram no automóvel. Pouco depois saímos da estrada Harbor para o sul, para Los Angeles e o auditório Shrine. Lisa estava na cadeira de rodas, enquanto eu esperava apoiada sobre uma velha manta contra a parede do auditório Shrine, me perguntando quando abririam as portas. Tudo isto parecia tão estúpido: passar toda a manhã sentada na calçada, me calcinando sob o Sol, esperando por nada. Finalmente abriram as portas. Bill empurrou a cadeira de Lisa para a seção reservada para cadeiras de rodas e eu me sentei junto a ela. Ele e Cindy foram se sentar em outra parte do auditório. Eu estava maravilhada pela quantidade de gente e a cordialidade, a amizade e o amor que sentia nesse lugar. A reunião começou com o coro cantando "Ele me tocou". Kathryn Kuhlman, com um vestido branco vaporoso, apareceu na plataforma. Lisa tocou meu braço. "Mamãe, se olhar para ela com os olhos entreabertos, verá um halo ao seu redor." Encolhi os ombros e não fiz nenhuma tentativa para descobrir o tal halo. Então a senhorita Kuhlman pregou um breve sermão, ao qual nem sequer emprestei atenção. Eu sacudia a cabeça. Tudo isto era muito lindo, mas, por que estávamos perdendo o tempo aqui? Então, sem aviso prévio, começaram a acontecer coisas. A senhorita Kuhlman apontava para o balcão. "Há um homem que está sendo curado de câncer agora. Fique de pé, senhor, e aceite sua cura." Me virei e tratei de olhar para cima. Mas estava muito longe. Só o que podia ver eram rostos que se perdiam para trás na escuridão. Mas ao mesmo tempo, parecia haver luz; não o tipo de luz que pode ser vista, mas sim a que se sente. Estava em todo o edifício. Luz e
  • 39. energia, como se houvesse pequenas chaminhas de fogo que dançassem de uma cabeça a outra. Senti-me eletrizada. A senhorita Kuhlman continuava apontando outros lugares no auditório onde se estavam produzindo curas. Em seguida apontou para a área onde estavam as cadeiras de rodas, logo onde nós estávamos sentadas. "Há um câncer ali", disse suavemente. Levante-se e receba sua cura." Olhei para Lisa, mas ela não se moveu. É obvio. Como saberia que tinha câncer? Nós não lhe havíamos dito. Se eu lhe dissesse que a senhorita Kuhlman estava falando com ela, e se ficasse em pé, seu quadril e sua perna poderiam se torcer. O que deveria fazer? A senhorita Kuhlman sacudiu a cabeça e se dirigiu a outra seção, assinalando novas curas em outras partes do auditório. Meu coração quase parou. Tinha passado a oportunidade da Lisa? Seria muito tarde? Então a senhorita Kuhlman tornou a olhar para nossa seção, apontando para o lugar onde estávamos. "Não posso me esquecer disto", disse. "Alguém ali está sendo curado de câncer. Deve se levantar e aceitar sua cura." "Mamãe," disse Lisa, "sinto uma quentura no estômago." Não tínhamos comido da manhã cedo, e comecei a procurar alguma guloseima em minha bolsa. "Não, não é esse tipo de calor", disse Lisa, recusando a guloseima. A senhorita Kuhlman continuava assinalando em nossa direção. Olhei ao meu redor. Não havia ninguém mais de pé em nossa área. Eu sabia que devia ser Lisa quem estava sendo curada, mas tinha medo. O que aconteceria se não fosse para ela? O que aconteceria se ficasse de pé e caísse? Ou, o pior... o que aconteceria se fosse Lisa... e não ficasse em pé? Quando pensava que morreria de incerteza, de dúvida, Lisa se inclinou e me sussurrou: "Mamãe, acredito que vou subir à plataforma. Creio que estou sendo curada." "Faça o que quiser", falei, me sentindo aliviada de que ela tivesse decidido por mim. Mas temia por ela, quando tentasse caminhar sem as muletas. Um dos ajudantes sentiu que algo estava acontecendo a Lisa e se aproximou de nós. "Creio que me sinto melhor", disse-lhe Lisa. "Quero subir à plataforma." Ele a ajudou a sair da cadeira de rodas. Contive a respiração enquanto ela se levantava. Por um momento, pensei que desabaria, mas repentinamente compreendi algo. Esse mesmo fogo que eu havia sentido que dançava de uma cabeça a outra, estava agora descansando sobre Lisa. Quase podia ver uma nova força fluindo em seu corpo.
  • 40. O conselheiro a ajudou a se apoiar nele, e começaram a descer pelo corredor. Lentamente, a princípio, em seguida com mais segurança, chegaram junto à plataforma, onde uma mulher trocou algumas palavras com eles. Bill Truett se uniu a eles ali, e logo depois de uma breve conversa, subiram Lisa à plataforma. A senhorita Kuhlman escutou enquanto a mulher lhe dava alguns detalhes. Em seguida se aproximou de Lisa. Lisa retrocedeu um passo, e em seguida caiu ao chão. Contive a respiração, pensando que sua perna tinha cedido. Mas Lisa ficou de pé novamente. "Dedico desta menina ao Senhor Jesus Cristo", disse a senhorita Kuhlman, enquanto Lisa permanecia de pé em frente a ela, com o rosto banhado em lágrimas. "Agora, vejamos como caminha." Lisa começou a correr de um lado a outro do cenário, e todos começaram a aplaudir, louvando a Deus. Então, como se fossem anjos cantando, o coro começou a entoar suavemente "Aleluia, aleluia". "Quero que esta cura seja verificada", disse a senhorita Kuhlman. "Quero que torne a ver seu médico e peça que lhe faça um exame completo. Em seguida, retorne para a próxima reunião e testemunhe o que Deus fez por você." Olhei de esguelha para Bill. Estava exultante, como se fosse sua própria irmã a que tivesse sido curada. Logo, eu aprenderia que na família de Deus somos verdadeiramente irmãos e irmãs. Mas nesse momento só conseguia pensar em Lisa. Ela continuava correndo de um lado ao outro da plataforma, ainda mancando um pouco, mas pisando forte. Mordi o lábio. Sabia que seu quadril era como manteiga e cederia diante da mínima pressão... mas não aconteceu. Será? Tinha sido curada? Eu tinha medo de acreditar. Tinha sofrido uma vez, e tanto, quando o doutor nos havia dito que não havia esperança. Acreditar agora, somente para descobrir depois, que era uma falsa esperança, seria mais do que poderia agüentar. Era mais seguro não acreditar nada. Javier estava saindo para trabalhar quando chegamos em casa. Lhe contamos o que tinha ocorrido. "Então começaremos a ter esperanças", ele disse. "Isso é algo que não tivemos antes. Tivemos tanto amor por nossa garotinha. Agora temos esperanças. Cedo ou tarde, possivelmente Deus nos dará a fé para aceitar a maravilha que está fazendo." Foram as sábias palavras de meu maravilhoso marido. Bill e Cindy entraram conosco no apartamento. "Tire as muletas dela", disse Bill, quando eu as estava dando outra vez a Lisa. "Não compreende? Ela foi curada." Durante o resto da noite, Lisa andou coxeando pelo apartamento. Eu observava cada um de seus passos, temendo que pudesse cair. Mas não
  • 41. caiu. Na verdade, parecia que ela estava ficando cada vez mais forte bem diante de meus próprios olhos. No dia seguinte, a primeira coisa que Javier perguntou foi: "Onde está Lisa? Como ela está?" Eu tinha levantado mais cedo, assim levei Javier para a janela. "Olhe"', falei, apontando para o pátio. Ali estava Lisa, pedalando em sua bicicleta ao redor da piscina, brincando com outras crianças do edifício. Quando Javier se afastou da janela, seu rosto estava riscado pelas lágrimas. Se eu acreditasse ou não, dava no mesmo. Ele sim, acreditava. Na semana seguinte levei Lisa ao Hospital Infantil. Logo depois de uma série de exames de sangue e várias radiografias do quadril e do peito, o radiologista disse: "Ligaremos quando tivermos algo". Os olhos do Javier dançavam quando abriu a porta do apartamento para mim. "Bem, o que disseram?" Expliquei-lhe a situação e falei que teríamos que esperar. Ele insistiu em que ligasse para a doutora Higgins. "Estava a ponto de chamá-la", disse-me a doutora, quando finalmente consegui me comunicar com ela. "Mas estive em consulta com outros sete médicos sobre o caso da Lisa. Não sei o que lhe dizer." Engoli a saliva. "Quer dizer que algo está mal?" Será que isto foi só um truque cruel, que minhas esperanças surgiram só para serem feitas em pedaços agora? "Não sei como pôde ter acontecido", continuou a doutora, como se não me tivesse ouvido. "Todos vemos o mesmo nas radiografias. O tumor se reduziu muitíssimo em vez de espalhar-se. Há evidências de cura." É claro, ela não sabia nada sobre a reunião de Katbryn Kuhlman, mas havia dito "evidências de cura". O que mais seria necessário para que eu me convencesse de que Deus havia tocado a vida da Lisa? "Doutora, tem você um minuto?", perguntei. "Quero lhe contar algo. Sei que achará estranho, mas levamos Lisa a uma reunião de Kathryn Kuhlman. Desde então, ela anda sem muletas, corre, anda de bicicleta, nada e se comporta normalmente. Acreditamos que Deus a curou." Houve um longo silencio do outro lado da linha. "Quero compreender bem isto", disse finalmente a doutora. "Você não esteve lhe dando nenhuma medicação, verdade?" "Nenhuma", respondi. "Você recusou que fizesse o tratamento com cobalto e quimioterapia, verdade?" "Sim", respondi.
  • 42. Novamente houve um longo silencio. "Bom, pode ser que seu corpo esteja armando um certo tipo de resistência e jogando isso fora, o que não parece natural. Ou poderia ser sua Kathryn Kuhlman. Seja o que for, o tumor está desaparecendo. E até onde eu sei, é o primeiro caso na história da medicina em que isso acontece." Eu estava chorando. Lembrava de ter lido, fazia tempo, a história de Tomé, na Bíblia. Ele acreditou que Jesus tinha sido levantado dos mortos só quando finalmente viu as marcas dos pregos em suas mãos. Como eu me parecia com ele... Mas, mesmo assim, Deus tinha permitido que eu visse esse milagre em minha filha. "Lhe digo algo mais", disse a doutora Higgins suavemente. "Todos se alegraram muito no hospital pelo que aconteceu a Lisa, porque este é um caso no qual tínhamos perdido toda esperança." Lisa retornou à escola no outono, sem muletas. Um mês depois a levei ao médico. O tumor continuava se reduzindo. Estava se retirando. Lisa estava quase normal. "Como se explica isto?", perguntava eu. "Não temos explicação", disse o médico. "Nunca houve um caso de cura como este antes. Se lhe tivéssemos dado tratamento com cobalto, e o tumor tivesse retrocedido, o teríamos considerado como um milagre da medicina. Mas sem tratamento algum... bem, o que podemos dizer?" Nosso sacerdote, entretanto, podia dizer algo: "Deus tem muitas formas de fazer as coisas. Certamente isto vem Dele." Agora que Lisa está completamente sã, muitos de nossos amigos perguntam: "por que aconteceu tudo isto?" Creio que Deus permitiu esta enfermidade em nossas vidas, para nos aproximarmos mais entre nós e nos aproximarmos mais dEle. Na Bíblia encontrei um relato que explica tudo. Certo dia Jesus estava caminhando por uma rua e viu um homem que era cego de nascença. Seus seguidores lhe perguntaram: "Mestre, por que este homem é cego? É porque ele pecou, ou porque pecaram seus pais?" O Mestre respondeu: "Não, nenhuma das duas coisas. Ele é cego para que Deus possa ser glorificado por meio de sua cura." Então o tocou, e o cego pôde ver. Creio que Lisa chegou a ficar tão doente para que Deus pudesse ser glorificado em sua cura. Dar a glória a Deus não é algo que se aprenda através dos livros. Tem que ser aprendido ao andar com Ele pelo vale de sombras. Se a gente viver no topo da montanha todo o tempo, torna-se duro e insensível, sem reagir diante das coisas mais delicadas da vida. Somente na sombra do vale crescem estes tenros pastos.
  • 43. Estive muitas vezes observando Javier enquanto desenha. Adora usar carvões e misturar sombras. "O brilho do sol ressalta os detalhes", diz, "mas são as sombras que fazem ressaltar o caráter." Só quando caminhamos nas sombras, aprendemos a louvar a Deus pelas pequenas coisas. Foi então que aprendemos que Lisa não era realmente nossa, mas sim de Deus. Nos momentos mais obscuros, a devolvemos ao Pai Celestial. Ali, no vale, descobrimos o segredo da renúncia. Mas quando a demos, Ele teve a misericórdia de a devolver a nós curada. Lisa já não teme as sombras. Como nós, compreendeu que até no vale, Deus está conosco. Sua vara e seu cajado nos confortam, fazendo que nossa taça transborde de sua bondade e sua misericórdia.
  • 44. Capítulo 4 O dia em que a misericórdia de Deus se encarregou Richard Owellen, Ph.D., M.D. O doutor Richard Owellen é um velho amigo. Conheci-o quando cantava em nosso coro, em Pittsburgh, enquanto trabalhava para obter seu doutorado em química orgânica no Carnegie. Depois de dois anos de estudos em pós-doutorado na Universidade de Stanford, passou à Universidade Johns Hopkins, em Baltimore, onde completou seu doutorado em medicina em três anos. Depois de um ano como interno e dois de residência em medicina interna, foi contratado por essa universidade como professor ajudante de medicina, pelo qual dividiu seu tempo entre a investigação do câncer, a atenção a seus pacientes e o ensino. Enquanto trabalhava para obter o doutorado em química no Carnegie, comecei a assistir às reuniões de Kathryn Kuhlman, que se realizavam todas as sextas-feiras no velho auditório Carnegie, ao norte de Piltsburgh. Ali, pela primeira vez em minha vida, senti o poder de Deus agindo enquanto as pessoas se reuniam para adorar. Pouco depois, me ofereci como voluntário para cantar no coro, e ali conheci Rose, que tinha literalmente crescido dentro do ministério da senhorita Kuhlman. Rose e eu começamos a sair, nos apaixonamos e, em abril de 1959, a senhorita Kuhlman celebrou nosso casamento. Um ano depois, nasceu a pequena Joann. Rose teve uma gravidez e um parto normal, mas quando levamos a menina para casa, notamos um grande machucado em uma das nádegas. Perguntei ao doutor o que era isso, mas nos assegurou que não havia nada que indicasse haver um problema. Mas tanto meus pais, como a irmã de Rose, notaram algo estranho no comportamento da bebê. Era extremamente nervosa; muito, dizia minha mãe. Chorava e gemia constantemente e não queria alimentar-se,