BREVE ABORDAGEM SOBRE TÓPICOS BÁSICOS E (PRÉ) CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA VIABILIZAR A APLICAÇÃO DA LEI 11.645/08 EM SALAS DE AULA DO ENSINO MÉDIO E FUNDAMENTAL
1. A ÁFRICA, DESVENDANDO UM CONTINENTE:
BREVE ABORDAGEM SOBRE TÓPICOS
BÁSICOS E (PRÉ) CONCEITOS
FUNDAMENTAIS PARA VIABILIZAR A
APLICAÇÃO DA LEI 11.645/08 EM SALAS DE
AULA DO ENSINO MÉDIO E FUNDAMENTAL
Ana Pessoa de Souza Castro
2. “Vamos ser francos: basta pensar na África,
e as primeiras imagens que vêm à mente
são de guerra, pobreza, fome e as
moscas.
Quantos de nós realmente sabe alguma
coisa sobre as verdadeiramente grandes
e antigas civilizações do Continente
Africano, que em seus dias, eram tão
esplêndidas e gloriosas como quaisquer
outras sobre a face da terra?”
Henry Louis Gates, Jr., Professor de Harvard.Educador,
pesquisador, escritor, editor e intelectual. Em seu livro:
Wonders of the African World
3. Justificativa
Onde estão a África, os africanos e os afro-brasileiros na grade
curricular das nossas escolas públicas e privadas, nos níveis infantil,
fundamental, médio e universitário, mesmos após a Lei 11.645?
Essa pergunta é feita tendo em vista que os estudos históricos e
sociais não contemplaram adequadamente os africanos e afro-
brasileiros como sujeitos antes do período escravista, nem após a
abolição da escravatura no Brasil.
A África mantém-se como um continente desconhecido para a
maioria da população brasileira, incluindo seus docentes. Em nossas
escolas, não se aborda o passado nem o presente africano, muito
embora esse passado esteja tão presente no cotidiano nacional, por
meio das palavras faladas, da cultura, das religiões, das instituições,
da economia etc.
4. Justificativa
São imensos o desconhecimento e o silêncio sobre o
passado dos diversos países africanos nos cursos
superiores das diferentes áreas do saber. Esses
conhecimento e esse silêncio têm sido opções arbitrárias e
políticas dos nossos educadores, docentes e lideranças
culturais, políticas e econômicas.
A África subsaariana, principalmente, foi desprezada
pelos sistemas de ensino ocidentais, aparentemente por
causa da idéia de que fosse destituída da escrita. As
sociedades e grupos sociais, étnicos, sexuais e religiosos
dessa região precisam ser estudados, pois têm e estão na
história (KI-ZERBO, 1982).
5. Problema
De que modo podemos desmitificar olhares e
(pré) conceitos e ajudar na compreensão dos
educadores sobre o continente africano,
colaborando na sua capacitação para a correção
de injustiças e práticas de valores excludentes no
espaço escolar e para a inclusão, de forma
pedagógica e didática, de temáticas relacionadas
à questão racial nas várias áreas do
conhecimento, a exemplo da História, da
Matemática, da Língua Portuguesa e das Artes?
6. Hipótese
A história da África, marcada pelos processos
sistemáticos de escravidão racial e de tráfico humano,
ao ser narrada do ponto de vista de seus
conquistadores, ainda é construída por uma imagem
negativa.
É preciso desconstruir esse enfoque a partir de uma
abordagem transversal e transdisciplinar, capaz de
fazer com que crianças e pessoas adultas não só
entendam as evoluções internas dos povos africanos,
mas também em como interferiram nas relações
sócio-culturais e econômicas para além do continente
africano.
7. Objetivos
Fornecer informações atualizadas e
desconstruir mitos e (pré)conceitos,
para propiciar as ações didático-
pedagógicas em relação à aplicação
da Lei 11.645/08 nas salas de aula do
ensino fundamental e médio em
escolas das redes pública e privada.
8. Introdução
O processo histórico de formação do povo brasileiro conta com
cerca de quatro milhões de africanos escravizados trazidos para o
Brasil como simples mão-de-obra. Porém, muito mais do que sua
força de trabalho, essas pessoas de saberes milenares trouxeram
consigo suas línguas e culturas.
Em situação de maioria numérica e inferioridade social, fizeram
sua resistência silenciosa mantendo vivas suas tradições e
transferindo-as, num processo sutil e inteligente, aos seus
dominadores.
Nas cozinhas introduziram o gosto pelo dendê e pela pimenta. Às
crianças e sinhazinhas transmitiram suas linguagens, músicas,
estórias, jogos, mitos, crenças e medos.
Em seios negros o Brasil Colônia se nutriu e cresceu. Com mãos,
suores e sangue negros, prosperou e se tornou nação.
9. Porém, quinhentos anos depois, seguimos
querendo negar todas essas evidentes
circunstâncias históricas, quer por ignorância, quer
por puro preconceito. Mesmo com todos os
esforços e lutas dos movimentos negros, e de
várias outras entidades, que levaram ao
reconhecimento oficial da importância de
conhecermos a História da África (que é também
parte da nossa história) através da Lei 10.639/03,
posteriormente ampliada na Lei 11.645/08.
O continente de origem desses povos, que, hoje,
são parte de nós, ainda continua distante e
misterioso. Esperamos ajudar na desconstrução de
mitos e equívocos sobre esse gigante
surpreendente e mal compreendido, que é o
continente africano, e, ao mesmo tempo, numa
construção mais sólida e verdadeira da nossa
identidade étnico-racial e histórica
10. A LEI 11.645/08
A Lei nº 11.645/08 amplia a Lei no 10.639/08 estabelecendo a
obrigatoriedade do ensino de história e cultura afrobrasileiras e
indígenas nos currículos escolares da rede de ensino pública e
privada.
Basicamente, a Lei 11.645 decorre de uma série de antigas demandas
de várias representações sociais, em especial dos movimentos negros
e indígenas, e aponta para um novo momento das relações do Estado
com os movimentos sociais organizados e a Educação.
Seu intuito é propor atividades acadêmicas relevantes em relação aos
conhecimentos das diversas populações africanas e indígenas, suas
origens e contribuições para o nosso cotidiano e história, num
movimento de construção e redimensionamento curricular e de ação
educativa, salientando a importância do contexto e sua diversidade
cultural.
A aprovação dessa Lei tem se constituído em uma das principais
iniciativas das ações afirmativas adotadas no Brasil e que tem
contribuído para a disseminação do estudo da história da África e dos
africanos e dos indígenas brasileiros, da luta das pessoas negras e
índias no Brasil e da sua presença na formação da nação brasileira.
11. ÁFRICA, MUITO PRAZER.
A África mantém-se como um continente
desconhecido para a maioria da população
brasileira, inclusive nossos docentes.
Antes de tudo, é preciso entender que a África não
é uma unidade, poderíamos até dizer que há várias
Áfricas dentro desse imenso continente. É o
terceiro continente mais extenso (depois da Ásia e
das Américas) com cerca de 30 milhões
de quilômetros quadrados, cobrindo 20,3 % da
área total da terra firme do planeta.
Possui 53 países independentes, sendo dois
arquipélagos (Cabo Verde e São Tomé e Príncipe)
e a ilha de Madagascar.
12. É também o segundo continente mais
populoso da Terra (depois da Ásia) com
cerca de 900 milhões de indivíduos de
diferentes origens étnicas, com diferentes
culturas e línguas próprias.
Calcula-se que são faladas
aproximadamente 2.000 línguas no
continente africano.
Logo, a África é um continente
pluriétnico, multicultural e multilingue.
14. As várias Áfricas
Geograficamente, a África pode ser dividida em cinco grupos:
África do Norte ou Setentrional: é a área situada ao norte do continente e que é
banhada pelo Mar Mediterrâneo, em sua maioria, fazendo parte desta região seis
países: Argélia, Egito, Líbia, Marrocos, Saara Ocidental e Tunísia. Também não se pode
esquecer que ao sul desta região se encontra o deserto do Saara.
África Ocidental: São quinze nações que dividem um espaço caracterizado por áreas
desérticas (Saara, ao norte) e florestas tropicais: Benin, Burkina Faso, Cabo Verde,
Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné-Bissau, Libéria, Mali, Mauritânia, Níger, Nigéria, Senegal,
Serra Leoa e Togo.
África Central: Oito países fazem parte desta região, destacada por grandes florestas
tropicais em razão de estar na latitude 0 do globo – a linha do equador: Camarões,
Congo, Gabão, Guiné Equatorial, República Centro-Africana, República Democrática do
Congo, São Tomé e Príncipe e Chade.
África Oriental: também conhecida como “Chifre da África”, por sua forma física do
extremo leste africano, encontram-se dez países bem distintos, tantos nos aspectos
físicos como humanos: Burundi, Dijbuti, Eritréia, Etiópia, Quênia, Ruanda, Somália,
Sudão, Tanzânia e Uganda. É na divisa entre Uganda, Tanzânia e Quênia que existe o
lago Vitória, que é considerado a nascente do rio Nilo.
África Meridional: onze países que a compõe: África do Sul, Angola, Botsuana, Lesoto,
Madagascar, Malauí, Moçambique, Namíbia, Suazilândia, Zâmbia e Zimbábue. Observa-
se uma grande diversidade natural neste espaço, em razão de possuir grandes vales
férteis e vastos desertos como o Kalahari, sendo no delta do Okavango (Botsuana).
15. Do ponto de vista etnolinguístico, é preciso lembrar
que são faladas aproximadamente duas mil línguas
no continente africano.
Entretanto, por grandes quantidades delas serem
aparentadas (descendendo de um mesmo tronco
linguístico), pode-se dividir o continente de acordo
com cinco grandes famílias:
Afroasiática,
Nilo-saariana,
Níger-congo,
Coissã e
Austronésia.
16. Família Afroasiática: Falada no norte da África e em parte do
sahel, era chamadas anteriormente de hamito-semíticas.
São cerca de 300 línguas com mais de 20 milhões de
falantes. Foram introduzidas na África no séc. VII, com as
invasões Islâmicas. Inclui as línguas do grupo semítico
(árabe/amárico), cuxítico (somali), chádico (hauçá) e berbere
(regiões desérticas).
Família Nilo-saariana: Compreende uma centena de línguas
com 30 milhões de falantes. Faladas em territórios do Nilo:
Sudão (Nuer), Etiópia, Quênia e Tanzânia (Massai) e
Uganda (Padola).
Família Níger-congo: É a maior família lingüística do mundo.
Na África é a maior em área geográfica, quantidade de
falantes e número de línguas distintas. São cerca de 1.500
línguas com mais de 300 milhões de falantes. Estão
concentradas em toda a extensão da África subsaariana.
Possui dois importantes subgrupos: Oeste-africanas (antigas
sudanêsas) – do Senegal à Nigéria e Banto – em toda a
extensão dos territórios subequatoriais. Esta é a família que
nos interessa mais diretamente e que voltaremos a analisar
em maior profundidade a posteriori.
17. Família Coissã: É a menor das famílias lingüísticas
africanas. O nome da língua deriva do nome dos seus
falantes: os povos KHOI (hotentotes) e SAN (bosquímanos).
É composta de aproximadamente 40 línguas com cerca de
cem mil falantes concentrados no deserto de Kalahari e
países do sudeste africano (Angola, Namíbia, Botsuana e
África do Sul e numa pequena parte da Tanzânia).
Evidências arqueológicas sugerem que os coissã (ou
khoisan) apareceram na África meridional há cerca de
60.000 anos atrás. Assim, as línguas khoisan podem estar
entre as mais antigas da humanidade. Caracterizam-se pela
presença dos “cliques”.
Família Autronésia: Esta família é falada no sudeste asiático
e no Pacífico. Sua presença aqui é explicada pelo simples
fator da proximidade geográfica da Ilha de Madagascar,
onde é falada, com o continente africano. Por não termos
laços históricos com Madagascar, não entraremos em
maiores detalhes sobre essa família.
18. ÁFRICA: BERÇO DA HUMANIDADE
E DO CONHECIMENTO
É na África que os mais antigos fósseis
dos ancestrais do homem foram
encontrados e é o único continente que
exibe evidências da presença humana
durante todas as etapas-chave da sua
evolução.
Técnicas científicas, que vão desde a
identificação de fósseis, datação com
carbono e análise de DNA, tudo apóia o
conceito de que a África, e em particular
suas regiões leste e sul, é o berço da
humanidade.
20. Muitas das evidências do provável modo de vida
dos primeiros assentamentos vêm do estudo de
comunidades como os khoisan do Botswana, que
ainda conservam alguns elementos do estilo de
vida de caçadores/coletores.
É importante frisar que os Khoisan (bosquímanos
ou hotentotes), formados pelos povos Khoi-khoi e
San, são “a mais antiga linhagem conhecida do
homem moderno, importantes para se
compreender a diversidade humana” . O seu
DNA contém mais de um milhão de variações
que até agora não se conhecia. Este povo
milenar possui características não negróides.
Revista “Nature”, n° 646, de Março de 2010
http://www.nature.com/nature/journal/v463/n7283/full/nature08795.html
21. África: Uma (longa) história
O “Berço da Raça Humana”
Os Khoisan: (bosquímanos ou
hotentotes). Formados pelos povos
Khoikhoi e San, são “a mais antiga
linhagem conhecida do homem
moderno, importantes para se
compreender a diversidade humana”.
(Vide Revista “Nature”, n° 646, de
Março de 2010).
O seu DNA contém mais de um
milhão de variações que até agora
não se conheciam.
http://www.nature.com/nature/journal/v463/n7
283/full/nature08795.html
22. A ESCRITA E AS CIÊNCIAS
AFRICANAS
As diferentes etnias africanas utilizaram
veículos diversos para propagar seu
saber e sua visão de mundo para as
gerações futuras. As sociedades
subsaarianas optaram pela transmissão
oral, uma de suas marcas culturais. No
entanto, as populações africanas
próximas ao deserto do Saara e do
Sudão legaram a escrita à humanidade.
Os sistemas de escrita dos akan e dos
mandingas originaram a escrita egípcia e
meroítica. Hoje está comprovado que a
escrita dos faraós veio do Sudão.
23. Ao longo da história, as contribuições das
diversas nações africanas para o
desenvolvimento cultural, econômico,
político, científico e tecnológico da
humanidade são vastas e complexas, muito
embora o reconhecimento desse fato seja
prejudicado pela perspectiva preconceituosa
que o Ocidente e sua área de influência
cultural e científica nutram em relação ao
continente africano. Essa cultura do norte da
África tem sido extremamente importante
para toda a humanidade até os dias de hoje,
particularmente pelos conhecimentos que
ainda revela.
24. O saber médico e sanitário, os cálculos
matemáticos e o universo astronômico
foram, em graus diferenciados, originários
daquele continente.
A medicina egípcia, por exemplo, tinha seu
conhecimento a partir dos experimentos e
estudos voltados para o interior do
organismo humano, elaborados em função
da prática da mumificação, do
embalsamamento do corpo dos faraós e de
pessoas influentes desta sociedade. Desse
modo, se a medicina tem um pai, é o
cientista clínico egípcio Imhotep, que, por
volta de 3.000 anos antes de Cristo, já
aplicava os conhecimentos médicos e de
cirurgia, inclusive cerebral.
25. Na região que hoje compreende Uganda,
país da África Central, encontramos o
saber antigo dos Banyoro, que já faziam a
cirurgia de cesariana antes do ano de 1879
– quando o dr. R. W. Felkin, cirurgião
inglês, conheceu essa técnica com
extrema eficácia – e recorriam à assepsia,
anestesia, hemostasia e cauterização.
O conhecimento médico-cirúrgico, antigo e
tradicional na África, também operava os
olhos, removendo as cataratas. Essa
técnica foi encontrada no Mali e no Egito.
26. A matemática, a geometria e a
engenharia têm na África um
conhecimento antigo. As pirâmides do
Egito, por exemplo, revelam isso, na
medida em que se projetou um
monumento para durar ao longo do
tempo, que foi construído há 2.700 anos
antes de Cristo, com ângulos de 0,7°.
27. O conhecimento astronômico também era uma
área de elevado saber dos africanos. O
conhecimento dos dogons, no Mali, em relação
à astronomia é antigo. Há dados que informam
que eles conheciam, desde há cinco ou sete
séculos antes da Era Cristã, o sistema solar, a
Via Láctea com sua estrutura espiral, as luas
de Júpiter e os anéis de Saturno. Já
compreendiam que o universo é habitado por
milhões de estrelas e que a Lua era deserta e
inabitada, sendo refletida pelo sol à noite.
28. Diversos foram os povos africanos
que lidaram com a metalurgia há
milhares de anos. Citemos como
exemplo as desenvolvidas por volta
de 2.000 anos passados pelos
hayas, que “produziam aço em
fornos que atingiam temperaturas
mais altas entre duzentos a
quatrocentos graus centígrados do
que eram capazes os fornos
europeus até o séc. 19”
29. O conhecimento naval africano era antigo. Os
antigos egípcios construíram navios com
estruturas de papiro ou madeira costurada que
lhes possibilitava navegar para diversas partes
do mundo. Desde o ano de 2600 a.C.,
elaboravam navios de grande porte, com
capacidade superior à das naus européias que
chegaram a América mais de dois milênios
depois. Já nessa época utilizavam o remo e a
vela, enquanto as caravelas de Cabral e de
Colombo dependiam exclusivamente do vento.
31. OS GRANDES REINOS E
IMPÉRIOS AFRICANOS
6.000 a 4.000 a.C. – Surgem povos ao longo dos rios Nilo,
Níger e Congo.
3.000 a a 30 a. C. – Civilização Egípcia .
Desenvolvimento da escrita, medicina, artes, matemática e
engenharia.
1.000 a 800 a. C. – Inicio da migração Banto por toda a
África subsaariana e foi uma das maiores da história
humana.
750 – 600 a. C. – O Reino de Kush ou Núbia comanda uma
parte dos atuais Egito e Sudão desde sua capital, Meroé,
onde suas mais de 200 pirâmides são, hoje, Patrimônio da
humanidade. Dominavam a tecnologia dos metais. Durou
cerca de nove séculos.
500 a. C. – A cultura Nok floresce na Nigéria Central
(Planalto de Jos) . Famosa por sua arte em terracota e latão,
especialmente cabeças humanas com representação
32. 300 a 700 d. C. – Reino de Axum e conversão
ao cristianismo.
610 d. C. – Advento do Islã
Séc I – Império do Ghana (Povo Soninké ou
Mandê) – “onde o ouro brota da terra como
cenouras ao por do sol”. Exércitos poderosos
com armamentos de ferro.
Séc VII – Império de Kanem-Bornu
Séc X – Cidades-Estado dos Hauçá
Séc XIV – Império do Mali (Povo Mandê ou
Mandinka) – Mansa Musa suas viagens e a
Séc. XV –Império Songhay – a “Cidade
Universitária” de Timbuktu – Patrimônio da
Humanidade.
34. Quem são os Iorubás
Os iorubá são um grupo etnolinguístico, com características de
etnicidade em comum, que habitavam a região ao noroeste do Rio
Níger, na África Ocidental desde o Séc. IV a. C.
Eles estão localizados no sudoeste da Nigéria e em parte do
Benim (no Reino de Queto). Logo, nem todo nigeriano é ioruba.
O termo “iorubá” somente começou a ser usado no séc. XIX pelo
Bispo Samuel Ajayi Crowther para denominar todos os falantes
daqueles dialetos aparentados. Hoje o termo “iorubá” identifica
tanto a língua quanto o povo.
Jamais houve um Reino Iorubá. O que havia eram cidades-estado
independentes que falavam variantes de uma mesma língua e
tinham trações étnicas semelhantes.
Assim, cada cidade era um Reino e falava com um “sotaque” só
seu.
35. O Reino de Ifé
Cidade sagrada, criada por Oduduwa,
“umbigo do mundo”, onde Obatalá criou os
seres humanos.
Cidade-estado, como as demais do mundo
Iorubá, teve seu auge entre os sécs. XII e
XVI, com sua excepcional arte em bronze
e terracota. Considerados exemplos
magníficos de arte realista, séculos antes
da renascença européia,
Seu Rei era considerado descente direto
de Oduduwa e chamado de Oni.
36.
37. Os Impérios de Benin e Oyó
Os Obás de Benin comandaram
este grande império do séc. XIII
ao séc XIX.
Exemplo de governo bem
estruturado e sofisticado bem
antes da interferência européia, é
também conhecida pelas suas
artes, em especial pelos famosos
bronzes de Benin.
38. Os Impérios de Benin e Oyó
Os Alafins de Oyó comandaram este
grande império bélico do séc. XIV ao
séc XVIII.
Possuíam uma poderosa cavalaria e
um exército muito bem treinado e
organizado.
Subjugaram quase todas as cidades-
estado do mundo iorubá além do
Reino do Daomé.
40. O Poderoso Reino do Kongo
Quando Diogo Cão chegou à foz do Rio Congo
em 1843, o Reino do Kongo já era o maior
Reino centralizado da África
O Reino do Kongo floresceu às margens do rio
Congo, numa confederação de províncias, sob
o comando do Manikongo (o rei; "mani"
significa ferrreiro, dando uma idéia da
importância e do poder espiritual do trabalho
com metais).
41. O Poderoso Reino do Kongo
Sua capital, Mbanza Kongo, mais tarde
rebatizada de São Salvador, era, segundo
descrições da época, tão grande quanto as
maiores cidades de Portugal.
Relatos de 1630 dizem que haveriam cerca de
100 mil habitantes na cidade;
Sua organização política era formada por
estados (constituídos por vilas), subordinados
ao poder central do Mani, a quem pagavam
impostos regulares.
42. As diversas escravidões
A escravidão era comum a diversos povos africanos e estava
inserida em seu cotidiano, cultura e costumes.
Na África já existia o sistema de escravidão, onde o individuo
estava na condição de escravo , condição essa que se
dava de diversas formas, dentre elas as guerras, as dívidas, ou
como punição. Entretanto neste sistema existia a possibilidade
deste individuo se tornar parte da família em alguns casos, e a
comercialização não era feita em grandes escalas.
Porém em outras rotas mais antigas, exploradas principalmente
pelos povos árabes, como a transaariana, ligadas ao mar
vermelho e ao Mediterrâneo, havia maiores negociações feitas
pelos reis locais.
43.
44. A Rota Transatlântica
Porém com a intensificação dos europeus na costa
da África e a necessidade de mão-de-obra no novo
mundo foi instaurada na África uma rota de
comércio escravo que se diferenciou das outras,
era a rota transatlântica.
Essa trouxe para as sociedades africanas
profundas mudanças.
Os escravizados foram o maior produto de
exportação oferecido pela África neste período.
(séc. XVI ao XIX).
48. Mapa de concentração
de falantes bantos e
oeste-africanos no Brasil
ATIVIDADE
SÉCULO DE INTRODUÇÃO MACIÇA
PRINCIPAL
XVI XVII XVIII XIX
Agricultura B B/J B/J/N B/J/N
Mineração B/J
Serviços
urbanos
B/J/N/H
49. Conclusões
Ainda há muito por se discutir e revelar, quando
se trata de África.
É um trabalho extenso e deve ser feito com
extremo cuidado para evitar a propagação e a
repetição de equívocos históricos e
acadêmicos.
Quem somos, como falamos, como nos
comportamos, em que acreditamos, nossa
forma de ser, ver o mundo, sentir e falar é o
resultado inegável, surpreendente e
extremamente rico que brotou das fontes
indígena, africana e portuguesa.