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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
DISCIPLINA: GEOGRAFIA REGIONAL II
PROFESSOR: GIOVANE MOTA
REDES: TERRITÓRIO E FLUXOS
Pesquisa referente ao CFC da
disciplina Geografia Regional II e
realizada pelos alunos:
Adriel Sousa - 9903506101
Allison Castro - 9803503901
Ana Paula Paixão - 9903500401
Ed Carlos Mesquita - 9803500901
BELÉM – PA
JUNHO/2004
1 – INTRODUÇÃO:
O espaço geográfico é coberto por um denso emaranhado de redes, por meio das
quais ocorrem dos mais variados fluxos. O termo redes está em voga, com toda a sorte
de significações. Podemos definir redes através de duas grandes matrizes. Existe aquela
que apenas considera seu aspecto, a sua realidade material. Assim, teríamos as redes
como sendo toda a infra-estrutura que permitisse o transporte de matéria, energia e
informação, inscrita sobre um território, caracterizada pelos seus objetos que se
encontram na superfície, sejam estes, pontos de acesso ou terminais. No entanto, outra
matriz de rede considera que ela é também social e política, pelas pessoas, mensagens,
valores que a freqüentam.
Esse caráter social e político da rede é importante porque sem eles, e embora
apesar da sua materialidade, a rede constituiria, na verdade, uma mera abstração, haja
visto que é a ação humana que a valoriza.
Por outro lado, a rede é composta de nós. Os nós da rede são pontos nos quais
uma curva se entrecorta. Podemos falar de nós da rede urbana, dos fluxos financeiros
globais, da rede política que governa a União Européia com sues Conselhos Nacionais
de Ministros e Comissários.
A relação das redes com o território pode ser analisada sob dois aspectos:
genético e atual. No primeiro caso, o estudo das redes é eminentemente evolutivo,
porque, para este, as redes se constituem em várias partes, as quais vão sendo instaladas
em diferentes momentos e datas. Muitos desses elementos fixados no espaço já nem
existem mais, porque o momento técnico não é o de outrora quando ele foi instalado.
Ou seja, tudo depende do movimento social que exige mudanças, tanto na forma quanto
na técnica.
Por outro lado, o enfoque atual leva em consideração a descrição do que a
compõe. Nesta, é feito um estudo estatístico tanto da qualidade quanto da quantidade
técnica, objetivando avaliar as relações que os elementos constitutivos da rede mantém
com a vida social, ou seja, quais os benefícios que ela traz para a vida cotidiana.
As redes através dos tempos passaram basicamente por três momentos, sendo
que no primeiro, ela é notadamente marcada pela dominação da natureza, tendo em
vista que as técnicas eram pouco desenvolvidas. Num segundo momento, as novas
formas de energia irão dar um novo impulso. É também a época do surgimento da
modernidade. Finalmente, no momento seguinte, já em pleno período técnico-científico-
informacional, o território ganha importância, uma vez que as bases estarão
parcialmente neles, sendo que a outra parte está contida nos objetos avançados
tecnicamente como o computador, juntamente com as telecomunicações que vão ser
responsáveis por dar as características atuais das redes, uma delas a espontaneidade.
Hoje, as montagens das redes antevêem as suas funções. Destarte, as redes no momento
atual aparecem com forma sine qua non para a circulação e comunicação.
2 – REDES: TERRITÓRIOS E FLUXOS:
Um dos discursos mais difundidos na atualidade é aquele que propõe o “fim dos
territórios” e a emergência de uma sociedade em redes onde a relação território-rede
poderia adquirir uma forma dicotômica onde o mundo dos territórios, estável, enraizado,
ia se contrapor ao mundo das redes, instável e fluído. A distinção entre território e rede
envolve várias interpretações, desde os que radicalizam na dicotomização e consideram
território e rede duas categorias distintas até os que subordinam a rede ao território.
O importante dentro dessa análise é o fato de que seja como elemento separado
do território – este enquanto porção do espaço geográfico definida por relações de
poder, onde o caráter espacial dessas relações cria, historicamente, um espaço social que
condiciona o seu desenvolvimento futuro - , seja como seu constituinte que adquire
novo peso, as redes se colocam como um importante referencial teórico para debates, se
tornando um veículo por excelência da maior fluidez que atinge o espaço, e dentro desse
ponto de vista sendo o elemento mais importante da territorialidade contemporânea.
Seguindo o raciocínio de RAFFESTIN (1993) e suas três invariantes básicas (os nós ou
os pólos, as malhas ou tessituras e as redes), enquanto nas sociedades tradicionais o
elemento dominante eram as malhas, a dimensão horizontal do espaço, gradativamente
as redes vão adquirindo importância, ao ponto de, na sociedade informacional
contemporânea, tornarem-se o principal elemento da configuração territorial, através da
“dimensão vertical” do espaço.
Todas as redes e a mobilidade proporcionadas por estas são, na nossa visão,
componentes indissociáveis do território em qualquer contexto histórico. Na verdade os
territórios sempre carregaram, juntamente com as características de controle e
estabilidade, a idéia do movimento, da integração e da conectividade.
Assim, RAFFESTIN (1993) defende a idéia da rede como uma das “invariáveis”
constituintes do território, juntamente com os nós e as malhas. O que varia na verdade é
a composição entre estes elementos ao longo da história. Desta forma, a própria rede e
os fluxos podem se tornar de tal forma dominantes que acabam se confundindo com o
próprio território (enquanto controle de fluxos, mais do que áreas). Temos então a
formação de “territórios-rede” (HAESBAERT, 1994).
De acordo com o conceito de fluxos, “os fluxos são o movimento, a circulação e,
assim, eles nos dão também a explicação dos fenômenos da distribuição e do consumo”
(SANTOS, 1994, p. 77), não poderíamos dissociar rede de território, uma vez que a
materialização dos fluxos ocorre no território, contrapondo-se à idéia de “fim dos
territórios”. Esta argumentação é ratificada através da localização da produção, uma vez
que esta ainda está “colada” ao território. O que está sobreposto ao território são as
redes que fazem o produto final – que é o capital – circular.
3 – A REDE DE INFORMAÇÕES E O TERRITÓRIO:
Como visto anteriormente, a rede é um conjunto de elementos interligados entre
si através de relações sem hierarquia. O modelo de rede é o modo de organização usado
hoje em dia em vários níveis, tanto do Estado, das sociedades, econômico, comercial...,
enfim, várias esferas que agem no globo utilizam o modelo de redes para se
organizarem e atuarem. Como no mundo em que vivemos (e até mesmo pela nossa
condição existencial) o imaterial se reflete no material, essa atuação se dará no
território, por ser esse o modelo de organização do mundo, ainda que os territórios
sejam variáveis, maleáveis e inconstantes tanto quanto ao alcance quanto ao domínio e o
gerenciamento.
Aqui discutiremos um pouco sobre como se dão os fluxos dentro de uma rede e
côo essa interfere ou se reflete no território. Se pensarmos que existem os fluxos
materiais e imateriais e estes atuam no território, essa rede territorial poderá modificá-lo
no intuito de manter a continuidade de tais fluxos. Esta modificação dar-se-á conforme a
necessidade da rede. Por exemplo, a implantação de rodovias na Amazônia fez mudar o
modo de circulação da produção, fazendo surgir novos eixos e, principalmente, novos
municípios, sucumbindo a economia de outros.
Existem vários exemplos de rede que atuam no território como a de transportes,
rodoviária, fluvial, aeroviária, urbana, de circulação, de produção, de energia, etc. Neste
trabalho, aprofundar-nos-emos na rede de informações, que é a rede da qual se faz mais
uso atualmente.
Nos anos de 1970, aconteceu o que chamamos de Revolução Técnico-Científica-
Informacional, onde a informação alimentava a ciência que, por sua vez, desenvolvia
técnicas e tecnologias. A informação é, então, a alimentadora desse sistema. Portanto, a
informação e o seu domínio passam a ser de vital importância para as tomadas de
decisão.
As redes de informações estarão presentes em quase todas as redes, uma vez que
as ações da rede dependerão das informações. A circulação da informação dentro da
rede pode configurar uma nova rede. O funcionamento dessa rede de informação vai
depender muito da técnica e da tecnologia. Graças ao advento da Internet e o avanço das
telecomunicações e transportes, a informação circula numa velocidade cada vez maior e
numa abrangência maior também.
Podemos pensar que as diversas redes de informação têm várias abrangências,
até mesmo uma rede de informação global. Essa abrangência estará em função do meio
material do qual a rede dispõe. Hoje, há a possibilidade de informação em tempo real
pela Internet e pela telefonia principalmente. Mas é necessário ter em mente que essa
abrangência apesar de ser global não é total, devido às disparidades tecnológicas e
sociais maiores ou menores que impossibilitam o domínio de tecnologias necessárias à
aquisição de informações. Dessa forma, a informação não cobre o planeta. Uma boa
saída seria a televisão, mas a prioridade das emissoras de tv parece ser a alienação em
vez da informação, além da possibilidade de manipulação.
Quando a informação circula pela rede, essa realimenta os pontos desta. É
através desta realimentação que há a possibilidade de correção dos erros, porque os
erros manifestam-se por toda a rede. Assim, a possibilidade de acerto das ações da rede
é maior justamente por esta auto-regulamentação.
Interessante notar também a volatilidade de sustentação material de rede de
informação. Os pontos desta rede podem ser facilmente modificados pelo mundo. Para a
rede funcionar, os seus nós precisam estar com as suas estruturas internas em bom
funcionamento. Se por um motivo ou outro este nó não conseguir assimilar, processar e
repassar a informação, é necessário limar este nó e criar um novo, para a rede poder
funcionar. Esta “correção” na rede modifica a função do território, pois ele perde a sua
função inicial. Mas, ao mesmo tempo, o território modifica, assim, a configuração da
rede, havendo uma troca de influências entre rede e território. Por exemplo, se numa
cidade portuária os trabalhadores entrarem em greve, ter-se-á que haver um novo modo
de expansão da produção, o que pode modificar trajetos, custos e métodos.
Mas, afinal, qual é a função da rede de informações? Para o meio técnico-
científico-informacional, a informação acerca de novas descobertas possibilita o
desenvolvimento e a criação de novas tecnologias e conhecimentos científicos que
podem ser aplicados em várias áreas. Para a economia, a informação é necessária,
devido vivermos na época do capitalismo financeiro, onde os acontecimentos de um
país podem atrair ou espantar papéis e ações. Aqui a especulação é fator importante.
Para a sociedade, ficar informado sobre os acontecimentos que ocorrem no mundo e
conhecer coisas novas significa desenvolvimento próprio, culto e ideológico. Uma
pessoa informada é uma pessoa inteligente. Então, hoje, a rede de informações e,
principalmente, o seu bom funcionamento, são essenciais para a manutenção do sistema
capitalista e, até mesmo, do poder do Estado.
E como a rede informações age no território? Primeiramente, ela selecionará
lugares dentro do território para servirem de nós. Estes nós deverão ter infra-estrutura
necessária para a fluidez da informação na rede. Dessa forma, esses lugares terão
funções diferenciadas dentro do território. Para fazer a conexão entre os nós, será
necessária a criação de infra-estrutura, que se materializará no território. Alem disso, o
próprio fluxo da informação em certos lugares pode ter reflexos de outras maneiras,
chegando até mesmo ao modo de vida do lugar. Conforme a informação vai circulando,
os lugares vão se modificando, tanto para manter a função como usando a informação.
É importante lembrar também que os gerenciadores do território podem utilizar
tanto a informação quanto o seu simples fluxo para exercer domínio e garantir a
hegemonia sobre o território. A questão é a facilidade que a rede tem de se re-
configurar, o que pode fazer com que o gerenciador perca sua arma.
Como exemplo, utilizaremos uma rede de amizades. Vários amigos que se
comunicam de uma forma ou de outra. Esses amigos conhecem outras pessoas que
acabam se conectando á rede de forma secundária, mas que participam da rede,
mostrando que a rede não é um sistema fechado. Suponhamos que os nós da rede
(amigos) não sejam amigos de todos os outros nós e também não morem próximos.
Façamos de conta que amigos morem em Belém, Ananindeua, Benevides e Vigia.
Graças á tecnologia, a informação pode circular por dentro da rede e alimentar os nós.
Só que cada nó tem o poder de transformar essa informação e repassá-la de acordo com
a sua necessidade. Caso aconteça de essa informação transformada ser nociva à rede, o
ponto poderá ser limado da rede. Dessa forma, os nós podem usar a informação para
limar pontos indesejáveis no círculo de amizades, ou simplesmente danificá-los. Mas
pode ocorrer do território não aceitar a ação da informação. É o caso da “fofoca”, que
pode destruir amizades ou facilitar a obtenção de algum objetivo. Essa é uma rede de
informação que atua num território imaterial, as amizades, mas que pode re-configurar a
rede e o território e, ao mesmo tempo, percebe-se a troca de influências entre rede e
território.
BIBLIOGRAFIA:
RAFFESTIN, C. Por uma Geografia do Poder. São Paulo; Ática, 1993.
HAESBAAERT, Rogério. O mito da desterritorialização e as “regiões-rede”. Anais do
5º Congresso Brasileiro de Geógrafos . Vol. 1. Curitiba, AGB, 1994.
SANTOS, Milton. Metamorfose do espaço habitado. São Paulo. Hucitec, 1994.
A natureza do espaço: Técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo.
EDUSP, 2004.
DIAS, Leila Cristina. Redes: Emergência e organização. In: CASTRO, Iná Elias de.
Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 2001.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo. Paz e Terra, 1999.

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  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA DISCIPLINA: GEOGRAFIA REGIONAL II PROFESSOR: GIOVANE MOTA REDES: TERRITÓRIO E FLUXOS Pesquisa referente ao CFC da disciplina Geografia Regional II e realizada pelos alunos: Adriel Sousa - 9903506101 Allison Castro - 9803503901 Ana Paula Paixão - 9903500401 Ed Carlos Mesquita - 9803500901 BELÉM – PA JUNHO/2004
  • 2. 1 – INTRODUÇÃO: O espaço geográfico é coberto por um denso emaranhado de redes, por meio das quais ocorrem dos mais variados fluxos. O termo redes está em voga, com toda a sorte de significações. Podemos definir redes através de duas grandes matrizes. Existe aquela que apenas considera seu aspecto, a sua realidade material. Assim, teríamos as redes como sendo toda a infra-estrutura que permitisse o transporte de matéria, energia e informação, inscrita sobre um território, caracterizada pelos seus objetos que se encontram na superfície, sejam estes, pontos de acesso ou terminais. No entanto, outra matriz de rede considera que ela é também social e política, pelas pessoas, mensagens, valores que a freqüentam. Esse caráter social e político da rede é importante porque sem eles, e embora apesar da sua materialidade, a rede constituiria, na verdade, uma mera abstração, haja visto que é a ação humana que a valoriza. Por outro lado, a rede é composta de nós. Os nós da rede são pontos nos quais uma curva se entrecorta. Podemos falar de nós da rede urbana, dos fluxos financeiros globais, da rede política que governa a União Européia com sues Conselhos Nacionais de Ministros e Comissários. A relação das redes com o território pode ser analisada sob dois aspectos: genético e atual. No primeiro caso, o estudo das redes é eminentemente evolutivo, porque, para este, as redes se constituem em várias partes, as quais vão sendo instaladas em diferentes momentos e datas. Muitos desses elementos fixados no espaço já nem existem mais, porque o momento técnico não é o de outrora quando ele foi instalado. Ou seja, tudo depende do movimento social que exige mudanças, tanto na forma quanto na técnica. Por outro lado, o enfoque atual leva em consideração a descrição do que a compõe. Nesta, é feito um estudo estatístico tanto da qualidade quanto da quantidade técnica, objetivando avaliar as relações que os elementos constitutivos da rede mantém com a vida social, ou seja, quais os benefícios que ela traz para a vida cotidiana. As redes através dos tempos passaram basicamente por três momentos, sendo que no primeiro, ela é notadamente marcada pela dominação da natureza, tendo em vista que as técnicas eram pouco desenvolvidas. Num segundo momento, as novas formas de energia irão dar um novo impulso. É também a época do surgimento da modernidade. Finalmente, no momento seguinte, já em pleno período técnico-científico- informacional, o território ganha importância, uma vez que as bases estarão parcialmente neles, sendo que a outra parte está contida nos objetos avançados
  • 3. tecnicamente como o computador, juntamente com as telecomunicações que vão ser responsáveis por dar as características atuais das redes, uma delas a espontaneidade. Hoje, as montagens das redes antevêem as suas funções. Destarte, as redes no momento atual aparecem com forma sine qua non para a circulação e comunicação. 2 – REDES: TERRITÓRIOS E FLUXOS: Um dos discursos mais difundidos na atualidade é aquele que propõe o “fim dos territórios” e a emergência de uma sociedade em redes onde a relação território-rede poderia adquirir uma forma dicotômica onde o mundo dos territórios, estável, enraizado, ia se contrapor ao mundo das redes, instável e fluído. A distinção entre território e rede envolve várias interpretações, desde os que radicalizam na dicotomização e consideram território e rede duas categorias distintas até os que subordinam a rede ao território. O importante dentro dessa análise é o fato de que seja como elemento separado do território – este enquanto porção do espaço geográfico definida por relações de poder, onde o caráter espacial dessas relações cria, historicamente, um espaço social que condiciona o seu desenvolvimento futuro - , seja como seu constituinte que adquire novo peso, as redes se colocam como um importante referencial teórico para debates, se tornando um veículo por excelência da maior fluidez que atinge o espaço, e dentro desse ponto de vista sendo o elemento mais importante da territorialidade contemporânea. Seguindo o raciocínio de RAFFESTIN (1993) e suas três invariantes básicas (os nós ou os pólos, as malhas ou tessituras e as redes), enquanto nas sociedades tradicionais o elemento dominante eram as malhas, a dimensão horizontal do espaço, gradativamente as redes vão adquirindo importância, ao ponto de, na sociedade informacional contemporânea, tornarem-se o principal elemento da configuração territorial, através da “dimensão vertical” do espaço. Todas as redes e a mobilidade proporcionadas por estas são, na nossa visão, componentes indissociáveis do território em qualquer contexto histórico. Na verdade os territórios sempre carregaram, juntamente com as características de controle e estabilidade, a idéia do movimento, da integração e da conectividade. Assim, RAFFESTIN (1993) defende a idéia da rede como uma das “invariáveis” constituintes do território, juntamente com os nós e as malhas. O que varia na verdade é a composição entre estes elementos ao longo da história. Desta forma, a própria rede e os fluxos podem se tornar de tal forma dominantes que acabam se confundindo com o próprio território (enquanto controle de fluxos, mais do que áreas). Temos então a formação de “territórios-rede” (HAESBAERT, 1994).
  • 4. De acordo com o conceito de fluxos, “os fluxos são o movimento, a circulação e, assim, eles nos dão também a explicação dos fenômenos da distribuição e do consumo” (SANTOS, 1994, p. 77), não poderíamos dissociar rede de território, uma vez que a materialização dos fluxos ocorre no território, contrapondo-se à idéia de “fim dos territórios”. Esta argumentação é ratificada através da localização da produção, uma vez que esta ainda está “colada” ao território. O que está sobreposto ao território são as redes que fazem o produto final – que é o capital – circular. 3 – A REDE DE INFORMAÇÕES E O TERRITÓRIO: Como visto anteriormente, a rede é um conjunto de elementos interligados entre si através de relações sem hierarquia. O modelo de rede é o modo de organização usado hoje em dia em vários níveis, tanto do Estado, das sociedades, econômico, comercial..., enfim, várias esferas que agem no globo utilizam o modelo de redes para se organizarem e atuarem. Como no mundo em que vivemos (e até mesmo pela nossa condição existencial) o imaterial se reflete no material, essa atuação se dará no território, por ser esse o modelo de organização do mundo, ainda que os territórios sejam variáveis, maleáveis e inconstantes tanto quanto ao alcance quanto ao domínio e o gerenciamento. Aqui discutiremos um pouco sobre como se dão os fluxos dentro de uma rede e côo essa interfere ou se reflete no território. Se pensarmos que existem os fluxos materiais e imateriais e estes atuam no território, essa rede territorial poderá modificá-lo no intuito de manter a continuidade de tais fluxos. Esta modificação dar-se-á conforme a necessidade da rede. Por exemplo, a implantação de rodovias na Amazônia fez mudar o modo de circulação da produção, fazendo surgir novos eixos e, principalmente, novos municípios, sucumbindo a economia de outros. Existem vários exemplos de rede que atuam no território como a de transportes, rodoviária, fluvial, aeroviária, urbana, de circulação, de produção, de energia, etc. Neste trabalho, aprofundar-nos-emos na rede de informações, que é a rede da qual se faz mais uso atualmente. Nos anos de 1970, aconteceu o que chamamos de Revolução Técnico-Científica- Informacional, onde a informação alimentava a ciência que, por sua vez, desenvolvia técnicas e tecnologias. A informação é, então, a alimentadora desse sistema. Portanto, a informação e o seu domínio passam a ser de vital importância para as tomadas de decisão. As redes de informações estarão presentes em quase todas as redes, uma vez que as ações da rede dependerão das informações. A circulação da informação dentro da
  • 5. rede pode configurar uma nova rede. O funcionamento dessa rede de informação vai depender muito da técnica e da tecnologia. Graças ao advento da Internet e o avanço das telecomunicações e transportes, a informação circula numa velocidade cada vez maior e numa abrangência maior também. Podemos pensar que as diversas redes de informação têm várias abrangências, até mesmo uma rede de informação global. Essa abrangência estará em função do meio material do qual a rede dispõe. Hoje, há a possibilidade de informação em tempo real pela Internet e pela telefonia principalmente. Mas é necessário ter em mente que essa abrangência apesar de ser global não é total, devido às disparidades tecnológicas e sociais maiores ou menores que impossibilitam o domínio de tecnologias necessárias à aquisição de informações. Dessa forma, a informação não cobre o planeta. Uma boa saída seria a televisão, mas a prioridade das emissoras de tv parece ser a alienação em vez da informação, além da possibilidade de manipulação. Quando a informação circula pela rede, essa realimenta os pontos desta. É através desta realimentação que há a possibilidade de correção dos erros, porque os erros manifestam-se por toda a rede. Assim, a possibilidade de acerto das ações da rede é maior justamente por esta auto-regulamentação. Interessante notar também a volatilidade de sustentação material de rede de informação. Os pontos desta rede podem ser facilmente modificados pelo mundo. Para a rede funcionar, os seus nós precisam estar com as suas estruturas internas em bom funcionamento. Se por um motivo ou outro este nó não conseguir assimilar, processar e repassar a informação, é necessário limar este nó e criar um novo, para a rede poder funcionar. Esta “correção” na rede modifica a função do território, pois ele perde a sua função inicial. Mas, ao mesmo tempo, o território modifica, assim, a configuração da rede, havendo uma troca de influências entre rede e território. Por exemplo, se numa cidade portuária os trabalhadores entrarem em greve, ter-se-á que haver um novo modo de expansão da produção, o que pode modificar trajetos, custos e métodos. Mas, afinal, qual é a função da rede de informações? Para o meio técnico- científico-informacional, a informação acerca de novas descobertas possibilita o desenvolvimento e a criação de novas tecnologias e conhecimentos científicos que podem ser aplicados em várias áreas. Para a economia, a informação é necessária, devido vivermos na época do capitalismo financeiro, onde os acontecimentos de um país podem atrair ou espantar papéis e ações. Aqui a especulação é fator importante. Para a sociedade, ficar informado sobre os acontecimentos que ocorrem no mundo e conhecer coisas novas significa desenvolvimento próprio, culto e ideológico. Uma
  • 6. pessoa informada é uma pessoa inteligente. Então, hoje, a rede de informações e, principalmente, o seu bom funcionamento, são essenciais para a manutenção do sistema capitalista e, até mesmo, do poder do Estado. E como a rede informações age no território? Primeiramente, ela selecionará lugares dentro do território para servirem de nós. Estes nós deverão ter infra-estrutura necessária para a fluidez da informação na rede. Dessa forma, esses lugares terão funções diferenciadas dentro do território. Para fazer a conexão entre os nós, será necessária a criação de infra-estrutura, que se materializará no território. Alem disso, o próprio fluxo da informação em certos lugares pode ter reflexos de outras maneiras, chegando até mesmo ao modo de vida do lugar. Conforme a informação vai circulando, os lugares vão se modificando, tanto para manter a função como usando a informação. É importante lembrar também que os gerenciadores do território podem utilizar tanto a informação quanto o seu simples fluxo para exercer domínio e garantir a hegemonia sobre o território. A questão é a facilidade que a rede tem de se re- configurar, o que pode fazer com que o gerenciador perca sua arma. Como exemplo, utilizaremos uma rede de amizades. Vários amigos que se comunicam de uma forma ou de outra. Esses amigos conhecem outras pessoas que acabam se conectando á rede de forma secundária, mas que participam da rede, mostrando que a rede não é um sistema fechado. Suponhamos que os nós da rede (amigos) não sejam amigos de todos os outros nós e também não morem próximos. Façamos de conta que amigos morem em Belém, Ananindeua, Benevides e Vigia. Graças á tecnologia, a informação pode circular por dentro da rede e alimentar os nós. Só que cada nó tem o poder de transformar essa informação e repassá-la de acordo com a sua necessidade. Caso aconteça de essa informação transformada ser nociva à rede, o ponto poderá ser limado da rede. Dessa forma, os nós podem usar a informação para limar pontos indesejáveis no círculo de amizades, ou simplesmente danificá-los. Mas pode ocorrer do território não aceitar a ação da informação. É o caso da “fofoca”, que pode destruir amizades ou facilitar a obtenção de algum objetivo. Essa é uma rede de informação que atua num território imaterial, as amizades, mas que pode re-configurar a rede e o território e, ao mesmo tempo, percebe-se a troca de influências entre rede e território.
  • 7. BIBLIOGRAFIA: RAFFESTIN, C. Por uma Geografia do Poder. São Paulo; Ática, 1993. HAESBAAERT, Rogério. O mito da desterritorialização e as “regiões-rede”. Anais do 5º Congresso Brasileiro de Geógrafos . Vol. 1. Curitiba, AGB, 1994. SANTOS, Milton. Metamorfose do espaço habitado. São Paulo. Hucitec, 1994. A natureza do espaço: Técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo. EDUSP, 2004. DIAS, Leila Cristina. Redes: Emergência e organização. In: CASTRO, Iná Elias de. Geografia: Conceitos e Temas. Rio de Janeiro. Bertrand Brasil, 2001. CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo. Paz e Terra, 1999.