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AÇOS PARA A CUTELARIA
Marcos Soares Ramos Cabete
Ribeirão Preto, Janeiro de 2010
Introdução
No século dezoito e antes dele já se sabia que o carbono era um elemento importante a ser adicionado ao
ferro para formar os aços e sabia-se que a quantidade de carbono influenciava na dureza do aço e na retenção
do fio no entanto não dominavam a dosagem do carbono a ser dissolvido no aço então usavam o método de
colocar o ferro líquido em um cadinho de grafite e mantê-lo aquecido por vários dias para que pudesse
absorver o carbono das paredes do mesmo, dependiam da experiência de pessoas que visualmente avaliavam o
ponto correto de retirar o aço do cadinho. Era complicado pois depois que o aço esfriava o carbono não era
homogêneo variando a cada batelada e com um gradiente de maiores e menores concentrações de carbono no
volume do cadinho o que exigia que o aço fosse trabalhado para ser homogeneizado.
Pelo final do século dezoito, na Inglaterra, um relojoeiro descontente com a variação de qualidade dos aços
mola que obtinha dos fornecedores resolveu fazer experiências e conseguiu dosar o carbono a ser adicionado a
uma porção de ferro fundido criando o primeiro cast steel da história. À partir disto os aços evoluíram
tremendamente e a cidade de Sheffield na Inglaterra, onde ocorreu esta criação do cast steel e que já era um
grande centro cuteleiro passou a ser o maior centro cuteleiro do mundo com grandes fábricas como a Josefh
Rodgers que chegaram a ter mais de 2000 funcionários antes da entrada no século vinte.
Estes aços carbono dominaram por muito tempo, acrescentaramentão outros metais em diferentes proporções
e durante a primeira grande guerra ao fazerem experiências para melhorar o aço dos canos das armas os
produtores de aço observaram que um aço com grande quantidade de cromo não se manchava com facilidade,
perceberam que este aço poderia ser útil na cutelaria e o forneceram experimentalmente a duas fabricas
surgindo o aço menos manchavel ou o hoje popular aço inoxidável inicialmente este aço ficou com a fama de
ser ruim de corte e muito difícil de ser trabalhado. Problemas que estavam equacionados e solucionados por
volta de 1920.
O carbono no aço e na cutelaria.
Se tomarmos uma jarra de água pura e a ela acrescentarmos um corante em pequena quantidade, ou uma
mistura de pós para suco, ela será modificada em sua totalidade e passará a ser algo diferente da água pura,
com novas características.
Desta mesma forma o ferro puro que não se presta a quase nada é modificado por pequenas quantidades de
carbono dissolvido em sua estrutura ganhando resistência mecânica importante nas construções civis e de
equipamentos industriais e para a cutelaria ganhando dureza e manutenção do corte que são qualidades
procuradas por todos que querem um instrumento de corte.
Esta mistura de ferro com carbono passa a chamar-se aço e dependendo do percentual de carbono teremos
características diferentes de dureza e outras propriedades.
Para a cutelaria costumamos falar que os aços devem ter no mínimo 0,6% de carbono, abaixo disto existem
aços que podem ser usados para ferramentas específicas como espadas que sofrerão grandes golpes e precisam
de uma flexibilidade especial.
Os aços em uso hoje no Brasil ficam entre 0,6% e 2,15% de carbono, acima disto existem alguns poucos aços
produzidos à partir de pós e que chegam por volta de 2,5% de carbono.
Quanto mais carbono melhor?
Não é bem assim... muitos procuram sempre o aço mais, o aço plus, o hiper duro, acreditando que aços
extremamente duros não perderão o corte nunca.
Aços duros costumam também ser quebradiços. Quanto maior a dureza menor a flexibilidade é uma regra que
o cuteleiro sempre procura contornar e encontrar meios técnicos de superar e existem inúmeros truques para
conseguir melhorar esta relação obtendo aços de alta dureza no fio mas que tenham a flexibilidade adequada.
Outro grande problema do aço extremamente duro é na hora de fazer a reafiação. O leigo não tem uma
lixadeira de cinta em casa como os cuteleiros possuem e na maioria das vezes também não possui pedras de
afiar cujo abrasivo seja o diamante como muitos profissionais e aficcionados possuem então ocorre o grande
drama, uma faca de aço duríssimo perde o corte e o seu proprietário fica na mão pois não consegue afiá-la na
hora que mais precisa.
Há que se ter um equilíbrio entre dureza e flexibilidade e um limite de dureza que permita a reafiação com o
uso de ferramentas “normais”, ou até mesmo improvisadas conforme o uso da faca ( sobrevivência, pescarias,
acampamentos ... ).
Aço carbono ou aço inox?
Aqui entra muito o gosto particular da pessoa que irá usar a peça.
As facas em aço carbono são mais tradicionais, podem assumir acabamentos rústicos ou mesmo contrastes
interessantes entre o rústico e o polido espelhado e quando bem polidos estes aços formam uma bela pátina
acinzentada durante o uso que acabam por denotar o zelo de seu proprietário pois se logo após o uso a faca é
lavada e seca formará uma pátina brilhante e uniforme já se após o uso a faca for abandonada sobre a pia,
suja de sal e limão para ser lavada no dia seguinte ela certamente terá pontos de ferrugem e a pátina que irá
se formar será toda manchada, o que também é apreciado por alguns. O sabor do alimento cortado por uma
faca de aço carbono pode ser diferente do sabor do mesmo alimento cortado por uma de aço inox, segundo os
paladares mais requintados, assim para certas iguarias como os sashimis certas culturas recomendam o uso do
aço carbono.
O aço inox é um aço menos manchavel e que exige menores cuidados no dia a dia, aceita ficar um tempo sem
a limpeza desde que não seja exagerado e conserva seu brilho de cromo por mais tempo.
O inox pode ser a melhor escolha para tarefas que envolvam água salgada como facas de mergulho, não que o
aço carbono não desempenhe esta função mesmo porque pode ser utilizado com coberturas protetoras como
teflon ou epóxi mas o inox exigirá do usuário menor cuidado com a peça.
Certos países, como o Brasil, exigem legalmente que facas de uso em açougues e restaurantes sejam de inox e
com cabos injetados para dificultar a entrada de partículas contaminantes entre a lâmina e o cabo, já outros
países não fazem estas exigências podendo o profissional da alimentação usar facas de aço carbono com cabos
de madeira e outros materiais já que existem métodos simples de se fazer a higienização de uma faca antes e
após o uso.
No Brasil temos poucas opções comerciais de aços inoxidáveis levando alguns cuteleiros a importarem uma
variedade maior destes aços para suas peças.
Faca forjada ou somente desbastada?
A forja é uma ferramenta onde pelo uso de calor e pressão o cuteleiro pode modelar o aço conforme sua
necessidade e/ou vontade.
Não se consegue, ou fica muito caro e trabalhoso, produzir uma faca integral gaúcha usando apenas o método
de desbaste no entanto usando-se a forja o cuteleiro aquece o aço e o modela em uma bigorna com suas
marretas dando-lhe o formato desejado.
Em outras situações a faca a ser produzida tem ondulações, curvas, fazendo com que para a sua produção por
desbaste o cuteleiro necessite de uma chapa larga de onde recortar a peça. Se esta chapa larga não está
disponível o cuteleiro forjador pode lançar mão da forja e partir de uma chapa mais estreita, fazer as curvas
necessárias. São casos típicos em que a forja é indispensável.
Facas à partir de pistas ou esferas de rolamento, muito comuns no Brasil só são possíveis por forjamento.
Para certos aços, em especial os aços carbono, o forjamento bem executado melhora as propriedades do
mesmo para o corte promovendo um refinamento dos grãos.
E existem os aços de alta liga que pouco ou nada se beneficiam do forjamento e ainda situações em que o uso
da forja pode ser um risco para as características técnicas originais do aço. Existem assim cuteleiros que só
fazem facas forjadas, cuteleiros que só fazem facas desbastadas e cuteleiros que fazem facas forjadas e facas
desbastadas tudo depende da linha de trabalho a que ele se dedica.
A alma do aço.
A alma de uma faca é formada pelos seus tratamentos térmicos que podem incluir o recozimento e a
normalização durante o trabalho do cuteleiro sendo o recozimento para amolecer o aço e
a normalização para aliviar as tensões acumuladas e que podem traduzir-se em trincas ou deformações na
hora do tratamento térmico principal.
O principal tratamento térmico é a tempera, seguida do revenimento. A tempera irá endurecer o aço, é um
choque térmico controlado que pode sofrer inúmeras variações conforme o aço e a técnica dominada e
escolhida pelo cuteleiro. Pode-se pré aquecer ou não o meio de têmpera que na maioria das vezes é
constituído por um óleo fino, pode-se temperar a peça toda igualmente ou apenas parte dela ( tempera
seletiva ) o que permite deixar o fio muito duro mas o restante da lâmina flexível, pode-se usar meios de
têmpera que irão resfriar a peça em diferentes e importantes velocidades como água, água com sais, óleos
diversos, parafinas, etc..
Não cabe aqui discutirmos os detalhes metalúrgicos do que ocorre durante a tempera, basta saber que ela é o
principal tratamento térmico de uma faca e se o artesão não a dominar deve entregar a peç a a empresas ou
outros profissionais pois pode nesta fase destruir todo o trabalho realizado e se domina as técnicas necessárias
poderá dar à peça uma bela alma e personalidade.
O revenimento é um aquecimento a temperaturas mais baixas do que a tempera e tem por objetivo eliminar
as tensões causadas pela tempera. Se a peça não for adequadamente revenida depois da tempera poderá ficar
quebradiça partindo-se com uma simples queda da faca ao solo. Usa-se fazer revenimentos simples duplos ou
triplos conforme a necessidade do aço em uso. No revenimento pode-se também calibrar a dureza da lâmina
deixando-a adequada para uma fácil reafiação.
O sub-zero é como uma continuidade da têmpera que então não para à temperatura ambiente, serve para
promover uma maior transformação das estruturas moles em estruturas duras dentro do aço. Usa-se sub-zero à
setenta graus negativos, feito com gelo seco e acetona, e sub-zero à cento e noventa e seis graus negativos,
feito com nitrogênio líquido. Este tratamento deve ser subseqüente à tempera, ou seja, deve ser realizado em
poucas horas após a têmpera. Não acredite em sub-zero feito semanas após a tempera, ele irá apenas
congelar e descongelar a lâmina sem promover qualquer modificação na estrutura do aço que já estará
estável. O sub-zero é útil em particular para os aços de alta liga e os inoxidáveis.
Alguns aços usados na cutelaria.
Existem inúmeras nomenclaturas para designar os aços pois além das nomenclaturas técnicas oficiais cada
fabricante tem uma forma diferente de identificar suas diferentes ligas e a bagunça é grande, não queira
entender tudo de uma vez, vá absorvendo as informações aos poucos, um aço de cada vez.
Os aços “simples”, ou seja, aqueles cujos componentes importantes são apenas ferro e carbono são designados
por números que começam pelo algarismo um e cujos algarismos finais definem o percentual de carbono
assim:
1020 é um aço simples com 0,2 % carbono. Este aço não se presta à cutelaria mas é muito usado na
construção mecânica de maquinas e nos dispositivos das oficinas como bancadas e gabaritos e mesmo para o
cuteleiro fazer cabos e soldar nas peças que irá forjar quando não usa tenazes.
1045 tem 0,45% de carbono. Já começa a “pegar tempera” se feita em água. Pode ser uma opção para
algumas espadas e facões mas existem outros melhores.
1070 com 0,7% de carbono já começa a ser usado na cutelaria, principalmente em sanduíches com outros aços
para formar aços tipo damasco.
1095 com 0,95% de carbono é o aço padrão das limas de boas marcas e dá boas facas para quem gosta de um
aço tradicional à moda antiga. Muito bom para fazer facas de época, réplicas de facas antigas, por exemplo.
Também muito usado em combinação com outros para fazer aço damasco. É um bom aço para o cuteleiro
iniciante praticar o forjamento.
Quando o primeiro número muda ele indica elementos de liga no aço assim os aços que começam com o digito
cinco são os que tem um pequeno percentual de cromo em sua liga. Os números finais continuam indicando o
percentual de carbono assim:
5160 é um aço com 0,6% de carbono e pequeno percentual de cromo. Muito usado em molas automotivas é
sem dúvida o principal aço do cuteleiro forjador iniciante e a preferência de muitos forjadores experientes. É
um aço bom de se trabalhar e que apresenta resultados ótimos seja para uma espada seja para facas pequenas
como skiners ou facas médias e grandes. Tudo dependerá da alma ( tempera e revenimento ) que receber.
52100 é o aço com 1% de carbono e um pouco de cromo de que são feitos a maioria dos rolamentos.
Encontrável em barras redondas e chatas e reciclado de pistas de grandes rolamentos ou esferas de grandes
diâmetros tem se transformado em uma grande preferência dos cuteleiros brasileiros, principalmente para o
forjamento. É um aço de excelente custo benefício e que apresenta afiação e retenção de fio excelentes.
Outros aços com diferentes nomenclaturas são comumente usados como:
O1 – ( diz-se ó um e não zero um ) com 0,9% de carbono e que tem ainda Mn, Si, Cr e W em sua composição,
produz excelentes facas de fácil reafiação e ótimo fio. Também encontrado sob a denominação de VND.
D-2 – já chega à 1,55% de carbono, tem 12% de cromo e ainda Vanádio e Molibdênio em sua composição é um
aço mais complexo para o cuteleiro mas produz excelentes facas.
K-100 ou VC-130 é um aço ferramenta com 2% de carbono, difícil de desbastar, exige uma técnica mais
apurada em sua têmpera como o pré aquecimento do óleo e um bom revenimento mas produz facas
excelentes quando bem trabalhado. Se mal trabalhado pode gerar facas muito quebradiças e de dificílima
reafiação doméstica. Normalmente K-100 é a denominação do importado da Alemanha e VC-130 do similar
nacional.
D-6 , VC-131, K-107 e Sverker 3 também são aços similares apenas de procedências diferentes e com cerca
de 2% de carbono.
Aços inoxidáveis.
Os aços inox comercializados no Brasil são poucos concentrando-se basicamente em dois.
420 – que possui diferentes percentuais de carbono conforme a origem mas sempre por volta de 0,3 a 0,4% e
12% de cromo, é um aço marginalizado por muitos cuteleiros mas se bem trabalhado pode chegar a 54HC de
dureza que é uma dureza suficiente para muitas facas de cozinha e outros usos menos severos. É bem
resistente à oxidação e de baixo custo.
440C – é seguramente o aço inox mais usado no Brasil, com seus 0,95% de carbono quando temperado
adequadamente e passando por um tratamento sub-zero proporciona uma excelente durabilidade do fio bem
como uma afiação muito boa. Dependendo da origem pode ter um polimento mais difícil para chegar no
espelhado.
Sandvik 12 C 27, VG-10, ATS-34, BG-42, 154-CM, S30V são alguns outros bons aços inox importados usados
pelos cuteleiros brasileiros com certa freqüência e aplicados a suas peças.
Existem vários outros aços e os cuteleiros estão sempre experimentando e procurando aços que proporcionem
bom fio, fio durável, flexibilidade da lâmina, fácil reafiação e outras qualidades que alidadas à beleza possam
ser usados em suas criações.
Outros materiais:
Não é usual mas também encontramos laminas em talonite, cerâmicas de alumina ou zircônia, titânio e outros
materiais.
Aços Damasco são aços compostos por caldeamento de outros diferentes aços. O cuteleiro pode fazer obras de
arte fantásticas com esta técnica e produzir aços que aliem beleza, flexibilidade e poder de corte
excepcionais. Pela complexidade destes aços deixaremos para explicá-los em capitulo à parte.
Lendas.
Em todos os negócios existem os honestos, os profissionais e os que procuram os meios mais fáceis e nem
sempre corretos para venderem seus produtos assim existem denominações que procuram levar o interessado
a ter uma falsa expectativa quanto ao desempenho da lâmina.
Alguns colocam a marca Solingen em suas facas para dar a impressão de que são feitas na Alemanha com bons
aços. Não existe a marca Solingen na Alemanha pois Solingen é uma região produtora de aços. É muito
diferente quando o fabricante coloca a sua marca e cita: aço de Solingen.
Outros para evocarem o poder de corte da lâmina colocam: “Aço cirúrgico”. Perguntei a um amigo que é
cirurgião plástico sobre o poder de corte dos bisturis de hoje e segundo ele como são descartáveis usam aços
ordinários, alguns bisturis são abertos e jogados fora de tão ruins, outros praticamente serram o paciente que
felizmente está anestesiado.
Fazer a tempera em noites de luas especiais ou usando sangue, urina, vinho ou outras substâncias esquisitas
não melhora a lâmina. São apenas espertezas de pessoas que não sabem fazer corretamente então inventam
estas conversas.
Usar meteorito misturado ao aço é outra lenda usada.
Alguns desonestos ainda fazem a faca em inox 420 mais barato e gravam 440C na lâmina por isto é muito
importante conhecer a idoneidade de seu fornecedor.
Cortar cebolas e lavar a faca em água quente não estragam o corte. O que estraga o corte é usar a faca sobre
superfícies duras como porcelanas e vidros.
Hoje existem inúmeros bons cuteleiros no Brasil. Pessoas honestas trabalhadoras e com grande c onhecimento
técnico para a produção de obras de arte com a tecnologia necessária e adequada ao bom desempenho como
ferramentas de corte. Desconfie quando a conversa for para lados místicos e esotéricos pois uma faca é
composta de aço e materiais de empunhadura e fornituras agrupados com técnica e arte, somente isto. Não
existe reza ou superstição que possa melhorar uma faca, apenas o conhecimento técnico do artesão e a
qualidade dos materiais empregados.
Esperamos tê-lo auxiliado fornecendo informações básicas úteis para que tome uma boa decisão e compre a
ferramenta adequada a sua necessidade no entanto se ainda tiver dúvidas entre em contato.
Atenciosamente,
Marcos Cabete
cabete@brascopper.com.br
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Fonte:
http://knifenetwork.com/forum/showthread.php?t=51073
http://knifenetwork.com/forum/showpost. ... ostcount=9 (apenas para o 'post')
Reflexão sobre o Aço das Armas de Guerra
(Por Jordan Augusto)
Desde que saímos do ventre de nossas mães que o destino nos aguarda curiosidades e ironias. Se soubéssemos
de tudo antes de nascer, talvez, muito de nós, preferisse ficar no aconchego do interior de nossas mães.
Vista como símbolo mágico por várias culturas, a espada representa mais do que um simples objeto cortante
ou uma obra de arte.
Quem nunca se impressionou com cenas de batalhas? Principalmente as medievais, onde os exércitos,
formados por clãs e tribos, decidiam suas pendengas sob o fio de suas espadas?
Sem dúvida alguma, o ferro é provavelmente o mais precioso dos metais, uma vez que o homem civilizado
sentiria a sua falta mais do que de qualquer outro metal, mesmo os ditos preciosos.
No princípio do século XIV, quando o ferro era escasso, alguns utensílios de cozinha da casa de Eduardo III
foram classificados como jóias; e acessórios de ferro estavam entre os objetos mais cobiçados pelos
saqueadores.
A história da humanidade está repleta destas acirradas lutas em defesas e conquistas de território. A Península
Ibérica (Espanha e Portugal) foi palco de importantes batalhas na idade média, principalmente durante a
guerra entre mouros e cristãos que durou mais de quatrocentos anos.
O nome "ferro" deriva do latim "ferrum", enquanto o anglo-saxônico "iron" tem origem no escandinavo "iarn".
Muitas histórias fabulosas se contaram ao longo dos séculos, descrevendo como o ferro meteórico caía na
Terra, enviado dos céus, como uma dádiva dos deuses ao Homem. Não é, no entanto, necessária nenhuma
explicação romântica para a descoberta do ferro se atendermos à facilidade com que se reduz o ferro a partir
dos seus minérios.
Diz-se mesmo que o primeiro ferro produzido foi obra do acaso, quando pedaços de minério de ferro foram
usados em vez de pedras nas fogueiras nos banquetes, onde o fogo era mantido tempo suficiente para permitir
a redução. Seguiu-se a observação que as mais altas temperaturas obtidas, quando o vento soprava,
produziam um melhor material. Tentou-se então conseguir, através de várias artimanhas, uma rajada de vento
artificial, até se conseguir criar uma fornalha de fundição.
Desde tempos pré-históricos que os utensílios de ferro têm vindo a ser usados: descobriram-se mesmo alguns
em explorações arqueológicas na pirâmide de Gizé, no Egito, que têm provavelmente 5.000 anos de idade; na
China, julga-se que a utilização do aço remonta a 2.550 a.C.. Também nos é indicado pelos poetas védicos que
os seus antepassados pré-históricos possuíam o ferro, e que os seus artesãos já tinham adquirido técnica
considerável na transformação de ferro em utensílios.
Tendo em atenção que os objetos antigos de ferro são bem menos freqüentes que os de bronze, os
arqueólogos posicionaram a chamada Idade do Bronze antes da Idade do Ferro. De fato, o bronze é mais
facilmente extraído e trabalhado do que o ferro, pensando os arqueólogos que deixou de ser o utensílio e a
arma dominante das civilizações cerca de 500 a.C.. A escassez do cobre e a abundância do ferro levou o povo
hindu a desenvolver técnicas de trabalho deste metal, que mais viriam a ser transmitidas à Europa, onde se
salientaram os Etruscos do norte da Itália.
Pouco tempo depois da queda do Império Romano, a produção do ferro desenvolveu-se bastante na Espanha,
tornando-se famosas as lâminas de aço de Toledo e seus artesãos. Estes iriam para a França e Alemanha onde
introduziram a sua peculiar forja catalã, cujo desenvolvimento viria a originar as grandes fornalhas de
fundição.
Os produtos da forja catalã eram ou uma espécie de ferro maleável ou aço; as grandes fornalhas produziam
uma variedade de ferro que não podia ser forjado ou temperado, embora fosse adequado para todos os tipos
de moldagem de resistência moderada.
A descoberta, por Cort, de um processo de transformação deste tipo de ferro em ferro forjado, com custos de
produção consideravelmente mais baixos que os possíveis com a forja Catalã, deu um grande ímpeto à
produção de ferro na Inglaterra.
Os principais minérios de ferro são a hematita (Fe2O3), a magnetita (Fe3O4), a limonita (Fe2O3.H2O) e a
siderita (FeCO3). Os compostos de ferro mais vulgares na Natureza são a pirita (FeS2) e a ilmenita (FeO.TiO2),
mas não são adequado para a extração do metal.Os maiores depósitos deste metal situam-se nos EUA, na
região fronteiriça Franco-Germânica, na Grã-Bretanha, na Áustria, na Suécia, e a Rússia. Outros importantes
produtores de ferro são o Brasil, o Chile, Cuba, Venezuela e Canadá.
Este elemento aparece ainda como constituinte subsidiário em quase todas as rochas, bem como nos seres
vivos, vegetais e animais. Encontra-se ainda em águas naturais, às vezes em quantidade apreciável.
Em Portugal, são exemplos característicos as águas do Barreiro (Caramulo), Melgaço, Vidago, Salos, Vale da
Mó, Ribeirinho e Arco (Castelo de Vide), Férrea da Câmara (Açores) e outras.
Não há quem não se renda à beleza de uma espada japonesa com seus adornos incrustados de simplicidade,
mas, que eram capazes de abrir um homem ao meio.
Muito da "mística Samurai" se deve a espada katana (cuja pronúncia é kataná) e sua forma de confecção.
Diz a lenda que a forma e o método de construção da espada do samurai foram estabelecidos no ano 700 por
Amakuni.
Por volta do ano 900, Yasutsuna forjava excelentes espadas, definindo um estilo padrão de qualidade que
pouco mudou desde então. É vetado tocar em sua lâmina com as mãos, o que nem mesmo o armeiro fazia em
suas infinitas operações de forjá-las.
Os principais espadeiros forjavam suas espadas que eram vendidas a um preço exorbitante, representado um
status social.
Tamanha era a especificidade de tais espadas que estas eram acompanhadas de documentos que
comprovavam a veracidade de tal peça.
Para os mais estudiosos, não é novidade que, a espada japonesa representasse o espírito de quem a portava,
sendo passado de geração em geração. Recordo-me bem que, quando pequeno, vi na sala da casa de meu
professor uma kataná horrível que era exposta sobre um rústico suporte.
Tenho guardado em minha mente que suas palavras eram: - Aí está todo o espírito de minha família.
Pretendo em outro artigo, pronunciar a síntese da etiqueta apresentada pela espada japonesa.
Não é de hoje que o aço se tornou fascínio para muitos. Através de coleções particulares pessoas mantêm
verdadeiros tesouros históricos.
Analisando profundamente, o aço é uma solução sólida de ferro e carbono com teor de carbono inferior a 2,0%
em massa e suscetível de adquirir, por meio de tratamento mecânico (forja) e térmico (têmpera), variadas
propriedades.
O aço pode ser obtido, na maioria das vezes, pelo refino do ferro gusa, pela refusão de sucata e, em menor
quantidade, por redução direta do minério.
A estrutura e as propriedades dos aços dependem do teor de carbono, da presença ou não de elementos de
liga (aços ligados) e de tratamento térmico (revenimento, têmpera).
Segundo a composição química, pode-se destacar dois grandes grupos de aços: os aços não ligados (aço
carbono) e os aços ligados (aço inoxidável).
O primeiro grupo apresenta teor de carbono inferior a 1% e o segundo grupo pode ser dividido em dois
subgrupos:
1º - aços fracamente ligados (em que nenhum elemento da liga ultrapassa 5%).
2º - aços fortemente ligados ou especiais (cujo teor de um ou mais elementos ultrapassa 5%). Os aços ideais
para cutelaria são os fortemente ligados.
Os elementos adicionados (cromo, molibdênio, vanádio, manganês, etc...) modificam a estrutura, a
constituição química e o diagrama de equilíbrio. Diagrama de equilíbrio é o que determina a curva
tempo/temperatura para o tratamento térmico.
As propriedades de uma peça de aço podem ser alteradas por diferentes métodos. Enquanto o metal está na
forma liquida, sendo fundido, diferentes elementos químicos podem ser acrescentados alterando assim sua
qualidade.
A adição do manganês em quantidades entre 0.3 a 1%, permite extrair o Oxigênio dos aços, evitando a
formação de óxidos indesejáveis. Essa mesma função desoxidante é também obtida com a adição do Silício
(Si), o qual ainda propicia maior tenacidade ao aço.
O níquel, é o elemento que realça ainda mais as características de tenacidade, além de contribuir para a não-
ocorrência de fissuras e eventuais distorções e para aumentar a resistência à oxidação.
Hoje em dia, muitos fabricantes que exercem seus trabalhos na área de cutelaria têm utilizado o molibdênio
que, em pequenas quantidades (entre 0.1 e 4%), aumenta a capacidade de endurecimento dos aços inoxidáveis
martensíticos.
É comum encontrarmos escritos nas lâminas de determinadas facas a junção de molibdênio e vanádio. Já o
segundo em especial é mais encontrado em aços comerciais, serve para facilitar a eliminação de impurezas e
no aumento da resistência ao desgaste.
O tungstênio possui propriedades similares ao molibdênio, como auxiliar no aumento da capacidade de
endurecimento. No caso do Cromo, embora ele não seja um "elemento mágico", sua adição nos chamados aços
nobres lhes confere características especiais, sempre desejáveis em itens de Cutelaria Fina. Assim:
- uma quantidade pequena (algo entre 0.25 e 0.50%) aumenta naturalmente a dureza, bem como reduz a
presença de "pontos brandos", moles, comuns a certos aços;
- uma quantidade moderada (algo como de 0.8 a 1.25%) retarda consideravelmente a oxidação e a ação da
corrosão; adicionalmente, um aço com essas porcentagens de Cromo será mais resistente à ação de agentes
externos, tais como ácidos e outros elementos químicos que possam ocasionar manchas;
- uma grande quantidade (a partir de 4%) aumenta a resistência à abrasão; acima de 11% tem-se considerável
aumento da resistência a manchas e oxidação.
Depois de solidificado, o aço pode ser forjado, laminado, resfriado, temperado ou receber banhos de ácidos ou
eletroquímicos.
Quando o aço é tratado por um desses processos uma mudança ocorre em sua estrutura cristalina, cujo
resultado pode ser apreciado através de um microscópio eletrônico que mostrará diferentes tamanhos dos
grãos de ferro.
Em geral, uma peça de aço com grãos finos é mais resistente que uma outra com grãos maiores, ou duros. O
grão maior não se curvará quando forçado e se quebrará facilmente.
Já quando a estrutura é alterada para ter grãos menores (suaves) entre os maiores (duros), se curvará mais
facilmente sem se quebrar. Para produzir tais características é que se adicionam os outros elementos de liga.
É a combinação de elementos no aço que o tornam superior, mas mais importante de tudo é o tratamento
térmico. Um tratamento térmico, têmpera, inadequado pode arruinar o melhor aço do mundo, tornando-o
imprestável para uma boa lâmina.
Estive esta semana analisando tal fator com um importante professor de culinária que escolhe com exímia
perfeição suas facas.
Segundo ele, hoje em dia as facas profissionais se destacam pela qualidade excepcional de corte que
apresentam, desempenhando de maneira satisfatória e durante muito tempo as tarefas comuns de cortar,
fatiar e desossar. Há vários fabricantes espalhados pelo mundo e as facas mais famosas pela têmpera do aço
empregado na sua fabricação são as alemãs de Solingen, cidade considerada a Capital Mundial das Facas.
As melhores facas são sempre as que permitem um trabalho de corte e desossa mais simples, são fáceis de
manejar e mantêm o fio de corte sempre em perfeitas condições de uso. São fabricadas em aço inoxidável e
compõem uma linha em que cada modelo tem uma lâmina e uma finalidade. É claro que carnes bovinas, aves
e peixes, por exemplo, têm cortes bastante diferenciados e por isso exigem facas com características
específicas. Nossas facas apresentam hoje desenhos anatômicos e balanceados, superfícies texturizadas e
cabos inquebráveis, resistentes a manchas, deformações, ácidos e altas temperaturas.
Conhecer todos os segredos, desde a fabricação até os melhores métodos de conservação e afiação, dessa
ferramenta fantástica, é tão importante quanto conhecer os alimentos para poder prepará-los de forma
adequada e criativa.
Para entendermos melhor este processo, podemos definir alguns termos que melhor identificará o trabalho
com o aço.
REVENIMENTO ou REVENIDO
É o tratamento térmico que consiste em aquecer, a uma temperatura inferior à temperatura de
transformação, uma peça metálica e depois deixa-la resfriar com vistas a eliminar as características
resultantes da têmpera.
O revenido diminui a dureza, a resistência à tração e o limite de elasticidade em proveito da resiliência. Por
meio da escolha adequada de temperatura e de tempo de revenido, obtêm-se as propriedades desejadas para
o aço, segundo o seu futuro emprego.
TEMPERABILIDADE
Capacidade de um aço alcançar, pela têmpera, um aumento de dureza e tenacidade até maior profundidade.
A temperabilidade depende do tamanho de grão e da presença de determinados elementos de liga.
TÊMPERA:
O estado ou condição de um metal quanto a sua dureza ou tenacidade, produzida por tratamento térmico
(aquecer até uma temperatura abaixo do ponto de fusão e resfriar gradativamente) ou pelo processo de baixar
a temperatura rapidamente abaixo de zero graus (Processo sub-zero).
Esses tratamentos visam dar ao metal sua consistência (dureza) especifica para determinada utilização. Cada
aço apresenta uma dureza ideal para ser bem utilizado em cutelaria.
RESISTÊNCIA MECÂNICA
É a capacidade de uma peça metálica agüentar tensões e esforços externos sem deformar -se.
RESILIÊNCIA
Característica mecânica que define a resistência de um material aos choques. A resiliência dos metais, que
varia com a temperatura, é determinada provocando-se a ruptura, por choque, de um corpo de prova
padronizado.
Alguns tipos de aços utilizados em cutelaria e suas características:
Aço 420: Também conhecido por AISI-420. O AISI (American Iron and Steel Institute) classifica o aço 420 como
sendo inoxidável e com a capacidade de ser endurecido através do processo de têmpera.
Este aço possui somente 1/6 do conteúdo de carbono (C) dos aços da série 440. Ele atinge uma dureza entre
50-56 Rockwell, que não é suficiente para manter um fio duradouro.
Os fabricantes de facas populares utilizam o 420 por sua facilidade de ser estampado e polido. É ideal para
facas de mesa mas não recomendável para qualquer faca de uso pesado ou intenso. É o mais simples e barato
aço inoxidável para cutelaria existente. É fabricado por diversas metalúrgicas ao redor do mundo, inclusive no
Brasil, e por isso sua qualidade é muito variável. A mesma faca feita com um 420 paquistanês é muito inferior
ao 420 feito na Inglaterra.
Os melhores 420 são fabricados na Alemanha (denominado 4116) e nos países escandinavos. Por isso as facas
produzidas na Alemanha e nos países escandinavos, especialmente as facas de caça e as famosas "puuko",
apesar de serem feitas em 420, apresentam um fio espetacular. Quem já trabalhou com uma fileteira
importada da Escandinávia sabe o que é lâmina afiada. Obviamente o desenho da lâmina e a geometria do fio
ajudam muito.
Sua composição química média é: Carbono 0,15%, Manganês 1,0%, Silício 1,0%, Cromo 13,0%. Sua dureza varia
entra 50-56 Hrc.
Aço 425 Modified: Este aço é um 420 modificado, com o acréscimo de vanádio em sua fórmula, para
aumentar sua capacidade de retenção de fio, e o aumento da porcentagem de carbono, para melhorar sua
dureza.
Devido a sua maquinabilidade, capacidade de ser industrialmente trabalhado, foi o preferido pela Buck Knives
e Gerber. Era considerado superior em um universo onde toda faca popular era de 420.
Sua fórmula química média é: Carbono 0,50%, cromo 14,0%, manganês 0,50%, molibdênio 1,0% e silício 0,80%.
Dureza ideal de 56-58 Hrc.
Aço CPM-154: Também é conhecido como 154-CM. No final da década de 70, Bob Loveless começou a utilizar
este aço inoxidável na fabricação de suas facas e logo isto se tornou uma febre entre os cuteleiros artesanais.
Originalmente este aço havia sido desenvolvido pela Crucible Metallurgy para ser utilizado nas pás das turbinas
de aviões militares a jato. Sua produção começara no inicio dos anos 70 e utilizava uma tecnologia
metalúrgica de fundição a vácuo.
O contrato de fornecimento para o governo americano era muito rígido e com alta exigência de qualidade e
controle de produção. Era um aço difícil de ser encontrado e mais difícil ainda de ser trabalhado.
Com o término do contrato de fornecimento para o governo, a Crucible cessou sua produção. Em 1997 eles
reiniciaram a produção deste aço mas alguns comentaristas dizem que a qualidade já não é a mesma da
década de 70, quando o governo americano exigia maior grau de pureza.
Sua composição química média é: Carbono 1,10%, Manganês 0,60%, Silício 0,25%, Cromo 14,0%, Molibdênio
4,0%. Devido ao alto teor de molibdênio, necessário para aumentar sua resistência ao calor inerente das
turbinas a jato, este aço exigia um tratamento térmico especial, em altíssima temperatura, para ser
endurecido.
Aço ATS-34: Este é uma versão japonesa do 154-CM, fabricado pela metalúrgica Hitachi Steel Company, do
Japão.
Segundo o testemunho de Bob Loveless, em seu livro, foi ele o responsável pela introdução deste aço nos
Estados Unidos.
Ele afirma que em uma de suas viagens ao Japão encontrou este aço e percebeu que sua formulação era muito
próxima ao do 154-CM. Retornando aos Estados Unidos, ele pediu para um fornecedor de aços de San Marin
County, Califórnia, que importasse uma tonelada para ele. O primeiro lote chegou aos Estados Unidos no
princípio dos anos 80, ao preço de US$ 3,00 a libra, contra US$ 1,80 do 154-CM.
A Hitachi percebeu o nicho de mercado e começou a inundar o mercado americano com pequenas barras deste
aço, popularizando-o rapidamente. Com o tempo o preço também foi se tornando mais acessível. Embora se
diga que a Hitachi criou este aço como um equivalente ao 154-CM, a verdade é que este já existia antes da
divulgação de sua utilidade na cutelaria.
É um aço bastante resistente ao desgaste e por isso se torna dispendioso para o cuteleiro desbasta-lo,
consumindo muitas lixas e horas de trabalho. As cutelarias o utilizam somente em seus produtos top de linha,
devido ao seu custo inicial e de produção. Seu tratamento térmico também exige temperaturas mais altas que
os outros aços, especialmente os da séria 440.
Sua composição química média é: Carbono 1,03%, manganês 0,25%, silício 0,4%, cromo 14,0%, molibdênio
3,5%.
Sua dureza Rockwell ideal para cutelaria é entre 59-61 Hrc.
Aço 440A: É um 440C com menor teor de carbono, mas mantendo todas as qualidades deste. É apresentado
geralmente em canivetes e facas menores. A SOG Specialty Knives efetua um trabalho espetacular de têmpera
neste aço.
Sua composição química é idêntica a do 440C, exceto no teor de carbono, onde apresenta 0,7% ao invés de
1,2%.
Aço 440B: É o meio termo, em conteúdo de carbono, entre o 440A e o 440C.
É muito utilizado por cuteleiros artesanais que preferem forjar o aço inoxidável. As lâminas forjadas das facas
Randall Knives/USA são feitas deste aço também.
Aço 440C: O aço AISI 440C é a origem de todos os outros aços que hoje imperam na cutelaria. O famoso 154-
CM, e, conseqüentemente, o ATS-34, tem sua origem derivada do 440C.
A composição química dos últimos dois mencionados acima é uma modificação da composição química do
440C, visando aumentar sua dureza em altas temperaturas e melhorar a estrutura de grãos e resistência ao
desgaste. Note-se que estes aços foram desenvolvidos originalmente para aplicações industriais e aeronáuticas
e somente depois chegaram a cutelaria.
Quando comparamos a composição química dos três, percebemos que o percentual de cromo, que determina o
fator anticorrosão, é maior no 440C, (em torno de 18% contra 14%). Em compensação, o teor de molibdênio é
de apenas 0,75% contra 4% dos outros dois aços citados.
O molibdênio foi acrescentado ao 154-CM para aumentar a resistência deste ao calor gerado nas turbinas a
jato, herança herdada pelo ATS-34. Isto, para a cutelaria, significa maiores gastos na hora de corta-lo,
desbasta-lo e, principalmente, de dar o tratamento térmico de têmpera. O aço 440C é fabricado por diversas
metalúrgicas nos Estados Unidos.
O custo do 440C, na compra, também é bastante inferior aos outros dois, razão de sua popularidade entre os
fabricantes de facas, sejam eles artesanais ou industriais.
É um aço de referência, contra o qual todos os outros são comparados.
Pode-se afirmar que hoje é o aço inoxidável utilizado em cutelaria com a melhor relação custo/benefício,
além de ser o que melhor aceita um polimento tipo espelhado. Aço extremamente fácil de polir.
Outra característica interessante é quanto ao processo de endurecimento e têmpera. Este aço é temperado
em uma temperatura muito inferior ao 154-CM ou ATS-34. Além disso ele aceita muito bem as pequenas
variações de temperatura na hora da têmpera. Este aço perdoa facilmente alguns erros na hora da têmpera,
ao contrario dos outros dois, cuja faixa de variação de temperatura é muito restrita. Nota-se que é um aço
"amigável" para o cuteleiro.
Sua composição química média é: Carbono 1,2%, Cromo 18,0%, Molibdênio 0,75%, manganês 1,0% e silício
1,0%. Sua dureza Rockwell ideal de tempera é entre 56-58 Hrc.
12C37 Sandvick: Este aço foi desenvolvido pela metalúrgica sueca Sandvik AB. no inicio da década de 80.
Visando diretamente a cutelaria, este aço apresenta um equilíbrio ideal entre dureza, capacidade de
preservação do fio e resistência a corrosão. Sua baixa porcentagem de cromo o coloca no limite inferior da
resistência à corrosão, ou seja, exigirá maiores cuidados de manutenção em ambientes mais agressivo. Mas
isso não é motivo de preocupação se a faca for mantida seca e limpa.
Uma pequena camada de inibidor de ferrugem, tipo silicone ou Tuf-glide, será suficiente para protege-lo.
Atualmente está sendo usado nas lâminas das facas Ka-Bar Next Generation. É interessante notar que a
marinha e o exército norte americano optaram por ele mesmo sabendo que seria utilizado sempre em
ambientes altamente corrosivos.
É um aço de grão fino, exige um bom trabalho de têmpera, mas apresenta um ótimo fio.
Sua composição química média é 0,6% de carbono, 14,0% de cromo, 0,4% de silício, 0,4% de manganês. Sua
dureza indicada para cutelaria é entre 54-56 Hrc.
Aço AUS-6: Este aço é também denominado 6A por certos fabricantes (não confundir com A6, denominação de
um aço da Crucible Metallurgy).
Segundo a Associação Norte-americana de Aço e Ferro, este aço é o equivalente japonês ao 440A norte-
americano. É utilizado em lâminas fabricadas no Japão para as indústrias de cutelaria dos Estados Unidos. A
letra A, ou AUS, significa aço austenítico.
Embora sua composição média seja ligeiramente diferente do 440A em alguns elementos, tais como o
percentual de cromo e a adição de níquel, sua classificação e utilização continua dentro da categoria do
440A.
Sua composição química média é: Carbono 0,65%, Manganês 1,00%, Silício 1,00%, Cromo 14,50%, Níquel 0,50%,
vanádio 0,25%. Sua dureza recomendada é entre 58-60 Hrc.
Aço AUS-8: Também denominado 8A. Embora a Associação Norte-americana de Aço e Ferro (AISI) o considere
como sendo a versão japonesa do 440B, nota-se que a composição química apresenta maiores diferenças. A
diminuição do conteúdo de carbono é compensado pelo aumento de silício. A adição de níquel compensa a
diminuição do cromo e não chega a afetar sua susceptibilidade a corrosão (inoxidável).
Mas o grande fator diferencial é a adição de vanádio, que aumenta a resistência ao desgaste, resultando num
fio mais duradouro e resistente. Seu principal fabricante no Japão é a Metalúrgica AICHI.
Sua composição química média é: Carbono 0,75%, Manganês 1,00%, Silício 1,00%, Cromo 14,50%, Níquel 0,50%,
Molibdênio 0,30% e vanádio 0,25%.
É utilizado em lâminas de canivetes maiores e em algumas facas. Mantém muito bem o fio e aceita um ótimo
polimento no acabamento. Nos últimos anos observou-se que diferentes cutelarias apresentam-no com
diferentes graus de dureza. Assim, embora o aço seja o mesmo, dependendo do processo de têmpera, ele
apresenta maior ou menor resistência ao desgaste do fio. As melhores lâminas neste aço são as apresentadas
pela Al Mar Knives, Columbia River e Spyderco. Sua dureza recomendada é entre 58-60 Hrc.
Aço AUS-10: Foi desenvolvido pela mesma Metalúrgica Aichi do Japão e testado pela Spyderco em alguns de
seus canivetes e em sua linha de facas de cozinha. É um aço teoricamente superior aos outros da série AUS,
mas talvez por razões de custo ou industrialização, não foi utilizado em larga escala até o momento.
Sua composição química média é: Carbono 1,00%, manganês 0,50%, cromo 14,50%, níquel 0,50%, molibdênio
0,30%, vanádio 0,25%. Sua dureza ideal é entre 59-60 Hrc.
Aço GIN-1: A denominação correta é Gingami-1, mas também é divulgado como Gin-2. É um aço japonês muito
utilizado pela Spyderco e por outros cuteleiros da cidade de Seki, Japão. Seu conteúdo de 0,9% de carbono
permite uma lâmina bastante dura e resistente ao desgaste. Durante o inicio da década de 90, quando
predominou o 440C nas facas industriais, sua dureza chamava a atenção, pois era algo em torno de 58-60 Hrc.
É um bom aço para trabalho intensivo e mantém um ótimo fio.
Sua composição química média é de 0,9% de carbono, 15,5% de cromo, 0,6% de manganês, 0,3% de molibdênio
e 0,37% de silício. Dureza indicada é de 58-60 Hrc.
Aço ATS-55: Fabricado pela Hitachi exclusivamente para o cuteleiro G.Sakai da cidade de Seki, Japão, que
produz alguns canivetes da Spyderco. Este aço é um aperfeiçoamento do ATS-34 que por sua vez era um
equivalente ao 154-CM, fabricado pela Crucible Metallurgy dos Estados Unidos.
O 154-CM continha em sua fórmula uma quantidade elevada de molibdênio para torna-lo resistente ao calor,
pois era destinado a ser usado em turbinas de aviões à jato. O ATS-34 alterou pouco esta fórmula.
Agora no ATS-55, parte da porcentagem de molibdênio foi substituída por cobalto (Co) para aumentar sua
resistência ao desgaste e cobre (Cu) para aumentar sua resistência a corrosão.
Na cutelaria não é necessário resistência ao calor mas sim resistência ao desgaste. O acordo de
desenvolvimento deste aço prevê que ele será exclusivo dos canivetes Spyderco até 2002.
Dureza ideal é entre 60-62 Hrc.
Por outro lado, também podemos analisar separadamente como as porcentagens dos elementos químicos
interagem na qualidade do aço.
Na composição de aços modernos destinados à Cutelaria, o carbono, dificilmente poderá existir menos do que
0.6% de Carbono, pois este é o principal elemento que, após a adequada têmpera, concederá dureza à peça.
Durante anos tenho refletido sobre os folclores existentes no meio de fabricação. Ainda que tenha estudado e
arriscado junto com meus professores a tentar fabricar algumas peças, hoje entendo que são caminhos
separados.
Fontes de pesquisa:
Conversas com : Mestre em Físico-Química Sérgio Botelho
Bacharelando em Química Giovanni Nunes
Apostilas Ogawa Shizén kay
Conversas e aulas com Roberto Kunio Araki
Fonte WWW: http://www.bugei.com.br/ensaios/index.a ... saio&id=89
Facas em aço carbono ou inox?
By José Luciano Gasparello Filho
Qual o melhor aço para facas?
A resposta é:depende!Comvontade de compreenderumpouco mais sobre cutelaria,tenho me deparadocom
alguns textos interessantes.A partirde agora,reproduzo alguns trechos de textos encontrados,bemcomo
alguns textos integrais, para que possamos aprofundaro conhecimentoa respeitos dos elementos químicos
presentesnosaçosde nossasfacase,consequentemente,entendermelhoro aço carbonoe o aço inox. As
fontes sãocitadas ao finalda publicação,onde vocês poderãose aprofundarmais sobre o tema. Muitos se
vangloriamde suas facaspossuiremelementos como molibdênio ou vanádio,mas….sabemos realmente a
função de cada elemento?Segue umpoucodo queencontreipesquisandoporaí.Começaremos a ver os
principais elementos presentesno aço das facas,e depois veremos as principais diferenças entre o aço carbono
e o inoxidável. Ao lado,a foto da faca KA-BARmodelo 1217.
Principaiselementospresentesno aço dasfacas:
Carbono
É a liga básica de todoaço,presente tambémnos aços inoxidáveis.Se o Ferro não contiver carbono,não pode
ser chamadode aço. Na composição de aços modernos destinados à cutelaria,quer sejamaqueles
classificadoscomocarbono ou osditosinoxidáveis,dificilmente poderá existir menos do que 0,6% de
Carbono,poiseste é o principalelementoque,após a adequada têmpera,concederá durezaà peça.
Cromo
É o elemento fundamental dosaçoschamados inoxidáveis. Este material é adicionado à ligacomo intuitode
proporcionarmaisresistência contra oxidação. Ocromo estimula a formação de carbonetos,aumentando a
resistênciaao desgaste,bemcomo a temperabilidade aos aços,reduz a velocidade crítica de resfriamento,de
modo que a têmpera de açoscomteoreselevados de cromo seja feita preferencialmente emóleo ou ar.A
adição de cromotorna maisfina a granulaçãodos aços,aumentandodesse modoa sua resistência. Embora o
Cromo não seja um“elemento mágico”,sua adição noschamados açosnobres lhes confere características
especiais,sempre desejáveisemitensde Cutelaria Fina. Assim:
 uma quantidade pequena(algoentre0,25 e 0,50%) aumentanaturalmente a dureza,bemcomo reduz
a presençade “pontosbrandos”,moles,comuns a certos aços;
 uma quantidade moderada (algo comode 0,8 a 1,25%)retardaconsideravelmentea oxidação e a
ação da corrosão;adicionalmente,umaço comessas porcentagens de Cromo será maisresistenteà
ação de agentesexternos,taiscomo ácidos e outros elementosquímicos que possamocasionar
manchas;
 uma grande quantidade (a partirde 4%)aumenta a resistência à abrasão;
 acima de 11% tem-se considerável aumento daresistência a manchas e oxidação.
Manganês
É usado paraprevenira formação de bolhas e está presentena maioria dos aços modernos. A adição deste
elemento emquantidadesentre 0,3 a 1%,permite extrair o Oxigênio dos aços,evitando a formação de óxidos
indesejáveis.Essa mesma funçãodesoxidante é tambémobtida coma adiçãodo Silício,o qual ainda propicia
maiortenacidade ao aço (tenacidade é a energia mecânica,ou seja,o impacto necessárioparalevar um
material à ruptura.Tenacidade é uma medidade quantidade de energia que ummaterial pode absorver antes
de fraturar.Os materiaiscerâmicos,porexemplo,têmuma baixatenacidade).
Níquel
A maiorfunção deste elemtento de transição é,de fato,a confecçãode aços inoxidáveis.Por sua grande
resistênciaà corrosão,é usado paraprevenir a oxidaçãonas facas. É o elementoque realçaaindamais as
característicasde tenacidade,alémde contribuir paraa não-ocorrência de fissuras e eventuais distorções e
para aumentara resistênciaà oxidação. Diminuia velocidade críticade resfriamentoproduzindoótima
penetraçãode têmpera.
Vanádio
Maisencontradoemaçoscomerciais,serve para facilitar a eliminação de impurezas e no aumento da
resistênciaao desgaste. A adiçãode vanádio confere aos aços uma insensibilidade ao super-aquecimento,
melhorandosuascaracterísticasde forjamento e usinagem,também aumentaconsideravelmente a resistência
de uma liga emrelação à corrosão.
Tungstênio
Possui propriedadessimilaresao Molibdênio,como auxiliar no aumento dacapacidade de endurecimento.
Silício
O Silício é usadoemliga como aço a fimde conferir maior resistência.
Molibdênio
Influencia favoravelmente a dureza,a resistência a quente,a fluência e a temperatura de crescimento de grão
de austenita,alémde melhorara penetração da têmperanos aços.Omolibdênionãoé empregadosozinho,
poisapresentauma tendência de diminuira tenacidade dos aços. Empequenas quantidades(entre 0,1 e 4%)
aumenta a capacidade de endurecimento dos aços inoxidáveis martensíticos.
OBS:
A austenita é uma fase sólidanãomagnéticaconstituída de ferro na estrutura CFC.É o ponto de partida para
váriostratamentostérmicosnasligasde ferro,pois partindo da austenitaé possivel a transformaçãoda liga
em váriosmicroconstituintes,como porexemplo a têmpera que consiste na transformação da austenitaem
martensitapormeio de umrápido resfriamento dapeça tratadatermicamente.A fase foi denominadaem
homenagema ummetalúrgico inglês,sirWilliamChandler Roberts-Austen (1843-1902).
Aços martensíticoscontémcromo entre 11,5% e 18,0%. Emfunção da sua composição química,as
característicasdessesaçose asaplicaçõesmais comuns são as seguintes:
 tipos420:pelarazoável dureza e razoáveltenacidade que adquiremapós adequado tratamento
térmico,são empregadosemcutelaria doméstica,instrumentos cirúrgicos,eixos de bomba,válvulas,
peçasde motoresa jato,mancaisde esfera,parafusos,buchas,etc.;
 tipos440 A,440 B e 440 C:devido ao alto teor de carbono,possuemalta resistência ao desgaste;por
isso são empregadoseminstrumentos cirúrgicose odontológicos,mancais de esfera,válvulas,bocais
e outrasaplicaçõesemque,alémde resistênciaà corrosão,sejamexigidas altas dureza e resistência
ao desgaste.
Principais diferenças entre o aço carbono e o aço inoxidável
Conhecendo umpoucode cada elementoquímico presente no aços,poderemos agora conhecerumpoucomais
sobre as diferenças destesdois tiposde aço.
Aço carbono
Presentesna esmagadoramaioriadasfacas artesanais,os aços carbonosão resistentes e podemser muito
bemafiados,e são utilizadosna cutelaria desde o própriosurgimentodo aço. Uma grande vantagemdo aço
carbonoé a possibilidadeda chamada têmpera seletiva,umtratamentotérmico diferenciadono fio emrelação
ao dorso da faca.Assim,pode-se ternuma mesma lâminaumfio extremamente duro e umdorso mais mole,
garantindoumcorte preciso e diminuindo a possibilidade do quebramento do material. De acordo como
padrão AISI,osaçoscarbono simplessão classificados iniciando-se como número 10,e tendonos números
subsequentesa porcentagemde carbonona liga.Assim,entende-se que o aço 1095tenha aproximadamente
0,95% de Carbonoemsua composição.
Comentário Tocandira: Algumas facas famosas,como o caso das Mora Triflex em aço carbono,utilizama
têmpera seletiva,porisso sãotão resistentes e ao mesmo tempo tão afiadas.
Aço inoxidável
Os açosinoxidáveissão cadavezmaiscomuns e mais desejados no meio da cutelaria.Por seremcapazes de
suportarascondiçõeshostisdo ambienteou a negligência do usuário emrelação à manutenção,ele tipode
aço é recomendável especialmentepara facas que terão contatosignificativo comestassituações. É válido
lembrarque todoaço oxida,oschamadosinoxidáveis,inclusive.Estes,todavia, apresentammaior resistência
à oxidação,quandocomparadosaosaçoscarbono. Os aços inoxidáveis mais comuns na cutelariasão os da
série 420 e 440,presentesnasfacasmaissimples,os aços AUS-8 e VG-10 e,mais recentemente,o CPM-S30V.
Comentário Tocandira: Tenho visto muitas pessoas criticando abertamente facas emaço inoxidável.Se você
é o tipo de pessoa que toma cuidado coma conservaçãode suas facas,poderá encontrarno aço carbono um
excelente companheiro,sendoumpouco mais fácil de afiar e de mantero fio do que o aço inoxidável,mas essa
diferença,do meu ponto de vista,não é gritante.Comvantagens e desvantagens para os dois lados,reproduzo
integralmente a opinião de Laércio Gazinhato,a qualcompartilho.
O trecho abaixo é uma reprodução integral do texto encontradono site http://www.knifeco.ppg.br/
A “Mágica” Inoxidável
As colocaçõesa seguirNÃOsão a apologia ou uma defesa apaixonadadas virtudes de bons aços inoxidáveis,
apenasinformaçõestécnicasatendendo a 2 (duas)perguntas quenos são frequentemente feitas. Como,pela
simplesadição de Cromo,umaço torna-se inoxidável?Emprimeiro lugar,cumpre esclarecer quea palavra
inoxidável (ouseja,não-oxidável)é incorretapara designar essa característica de alguns aços.Omais correto
seria a designação “menosmanchável”,uma vez que os aços assimclassificados podemmanchar-se em
contatocomcertoselementos/substânciase,emcondições extremas dessecontato,até mesmo oxidarem-se.A
resistênciade umaço ditoinoxidável à corrosão é causada pela ocorrência natural de um“filme”,uma
película,de rico óxidode Cromo que se forma emsua superfície.Essa película,ou “filme”,é extremamente
fina,invisível,inertee muito firmementeaderida ao metal.Quandoa película é quebradapor ação abrasiva,
ela naturalmentese auto-repara napresençade oxigênio.E lembre-se:o óxidode ummetal é muito mais duro
do que ele próprio,daí porque algumasmodernas pedras de afiarsintéticasseremfeitas de óxidode alumínio.
Uma lâmina inoxidável mantémbemo fio? Segundo o célebre cuteleironorte-americanoW.D. Randall,que
produziufacasartesanaisdurante 50 (cinquenta)anos,e outros renomados cuteleiros da mesma origem,uma
lâmina de bome moderno aço inoxidável adequadamentetemperada e afiadamantémseu fio 90% emrelação
a uma que utilize aço-carbonode boaqualidade e nas mesmas condições.Emoutras palavras,uma lâmina de
aço inoxidáveladequadamente afiadae emcondições similares de uso perderá seu fio apenas 10% (dez por
cento) maisrápido do que uma de aço carbono.É fácil explicar isto:enquanto umbomaço-carbonomoderno
necessita ter,fundamentalmente,apenas3 (tres)elementos – Ferro,Carbono e Manganês – umbomaço
inoxidável precisater,no mínimo,maisum – o Cromo – e em grande quantidade e isto ocupaespaço,ou seja,
é menosmaterialduro.
A escolha de umbomaço parauma lâmina é uma questão da preferênciapessoale dos costumes de cada
um…e opiniõesindividuaisdevem,sempre,seremrespeitadas.Por outro lado,deve-se tambémconsiderar a
maiornatural durabilidade de umbomaço inoxidável,queé estimadacomo sendo 50 (cinquenta)vezes maior
do que a de um bomaço-carbono,e sua consequente menormanutenção.
Aço Carbono – Classificação SAE
By José Luciano Gasparello Filho
Motivadopelo meu amigo Gilberto Pinheiro da Rocha,de Hidrolândia-CE, resolviaprenderumpouco mais
sobre a classificaçãoSAE,para compreendersobre alguns tipos de açofrequentementeutilizados porcuteleiros
artesanais.Vou escreverumpouco do queaprendie tambémdisponibilizaros melhores links que consultei
para aprendersobre o assunto.
Diversas instituiçõesnormativaspelo mundoestabeleceramcritérios para a designaçãode aços,entre as mais
famosas temos:
 SAE - Society ofAutomotive Engineers (EUA);
 AISI - American Iron and Steel Institute(EUA);
 DIN – DeutschesInstitut fürNormung (Alemanha);
 ABNT – AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas (Brasil).
Quando falamos emaço carbono,a classificação SAEé a mais utilizada pelo mundo.A classificação é feita
com4 ou 5 algarismos.Segundo a Wikipédia:“os 2 dígitos finais XX indicamos centésimos da porcentagem
de C (Carbono)contida nomaterial,podendo variar entre 05,que corresponde a 0,05% de C,a 95,que
corresponde a 0,95% de C.Se a porcentagemde C atingeou ultrapassa 1,00%,entãoo final tem3 dígitos
(XXX) e a classificaçãotemumtotal de 5 dígitos“.
Veja uma pequenalista de exemplo copiada do fórumCutelaria Artesanal:
 SAE 1XXX – aço-Carbono
 SAE 2XXX – aço-Níquel
 SAE 3XXX – aço-Níquel-Cromo
 SAE 4XXX – aço-Molibdênio
 SAE 5XXX – aço-Cromo
 SAE 6XXX – aço-Cromo-Vanádio
 SAE 7XXX – aço-Cromo-Tungstênio
 SAE 8XXX, 93XX, 94XX, 97XX e 98XX– aço-Níquel-Cromo-Molibdênio
 SAE 92XX – aço-Silício-Manganês
Vemos constantemente a designaçãodo aço SAE5160 (ou ABNT 5160) como o aço utilizado porcuteleiros
artesanais.Quando o aço temesta designação,a matéria prima para a elaboração da faca pode tersido
conseguida a partirde uma mola de automóvel.Tambémé muito comum a construçãode facas a partirde
uma lima de boa qualidade,geralmente fabricada comaço SAE1095.Já o aço SAE52.100 pode ser
conseguido a partirde rolamentos,e temfama de produzirfacas comótima afiação e retenção de fio.Estas
três designaçõessão bemcomuns emcutelaria artesanale são aços que podemproduzirótimas lâminas. Qualo
melhor aço? O resultadode uma boa faca depende da técnica do cuteleiro,onde entrama têmpera,o
revenimento e a experiência!
 SAE 1095: aço com0,95% de Carbono emsua composição;
 SAE 5160: aço contendo entre 0,70% e 1,20% de Cromo e 0,6% de Carbono emsua composição;
 SAE 52100: aço contendo entre 0,70% e 1,20% de Cromo e 1% de Carbono emsua composição.
Por fim, quantomais carbono,mais dura,portanto,menos flexível será a lâmina.
Tipos de Desbaste e Afiação (perfis de
corte)
By José Luciano Gasparello Filho
Neste texto você irá compreenderalgumas diferenças entre os vários tipos de facas e,consequentemente,os
diferentes modosde afiação,seja para afiar uma faca, um canivete, um facãoou até mesmo um machado.
Ilustrado comvídeosde algunsamigos (Giuliano Toniolo e Mac),espero que ao finaldo texto você saiba como
afiar uma faca ou qualqueroutroitemde cutelaria.Contei coma colaboraçãode Hélio Cabral Jr para elaborar
este artigo.
O pedaço de aço que irá se transformaremuma lâmina de faca,em algummomento,precisa serdesbastado
para que,então,a faca possa serfinalmente afiada.Abaixo,colei uma imagem de uma faca onde é possível
conhecersuasdiferentespartes.Após examinaras partes quecompõe uma faca,atenha-se aos números 4(fio) e
5 (desbaste). A foto e a nomenclatura daspartes da faca foramcopiadas da Wikipédia
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Faca),o restante do texto é exclusividade Tocandira.
Partes da faca:
1. Lâmina (conjunto dositens3a 8);
2. Cabo ou empunhadura (conjunto dos itens 9a 11);
3. Ponta ou ponteira;
4. Fio ou gume;
5. Desbaste;
6. Dorso ou contra-fio;
7. Mosca;
8. Ricasso;
9. Guarda;
10. Pomo;
11. Cordão.
Tipos de Desbaste
Conheceros tiposde desbaste é muito útil na hora de afiar corretamente uma faca.Existem muitas informações
disponíveis eminglês,mas estas informações,muitas vezes,nãoconvergema umponto comum,pelo menos
no que se refere à nomenclatura dostiposde desbaste.Como não encontreimaterialem português,tentarei
traduzir da forma que acheimais adequada para que você possaaprenderos tipos de desbastemais comuns
para,depois,afiarcorretamente suasfacas.É importante salientarque estoumostrando apenas os desbastes
mais comuns.A partirdeles,existe uma combinação de desbastes que,no fundo,não sãode grande utilidade.
Os tipos de desbastemais comuns são:
 Côncavo (hollow grind,figura 1): o desbaste côncavoé muito utilizado em navalhas.Facas que
recebemeste tipo de desbaste costumamsermuito afiadas,porémpouco resistentes a trabalhos de
impacto.Após o desbaste, a lâmina ainda recebe umsegundo desbaste,que vema sero fio da faca.
Exemplo de desbaste Côncavo (clique na imagempara ampliar):
 Reto (flat grind):o desbaste reto pode serdivido no desbaste totalmente reto (full flat grind,figura
2) ou parcialmente reto (partial flatgrind,figura 3).O desbaste totalmente reto, mais comumem
canivetes,é iniciado a partir do dorso da lâmina.O desbaste mais utilizado pela indústria cuteleira é
o parcialmente reto. Todas as facas esportivas da Tramontina possuemeste tipo de desbaste
(parcialmente reto), que torna a faca mais resistente a trabalhos de impacto.Da mesma forma que o
desbaste côncavo, a lâmina tambémreceberá umsegundodesbaste,ou seja,sua afiação.
Exemplo de desbaste totalmente reto (clique na imagempara ampliar):
Exemplo de desbaste parcialmente reto (clique na imagempara ampliar):
 Convexo (convex grind):o exemplo mais comumpara este tipo de desbaste é o machado,onde o
desbaste e o fio são uma coisa só (figura 4).
Exemplo de desbaste convexo (clique na imagempara ampliar):
 Escandinavo (scandi/scandinavian,ou ainda zero grind saber):é igualao desbaste reto(figura 5),
porémo fio e o desbaste são uma coisa só,ou seja,só existe o primeiro desbaste.As facas que
recebemeste desbaste costumamsermuito afiadas e pouco resistentes a impactos.As famosas facas
suecasMora recebemeste tipo de desbaste e afiação.
Exemplo de desbaste escandinavo (clique na imagempara ampliar):
 Zero (zero grind): é similar ao desbaste totalmente reto (figura 6). A diferença é que não existe o
segundodesbaste que seria a afiação.Odesbaste e o fio são uma coisa só.É raramente utilizado por
serumdesbasteque torna a lâmina muito frágil, incluí este tipo de desbaste no artigo a título de
curiosidade.
Eu não useiuma tradução literalpara falar sobre os tipos de desbaste.Preferitraduzir de forma que eu mesmo
pudesse compreendermelhorsobre o assunto.Segundo sugestãode Hélio Cabral Jr, para o caso dos desbastes
do tipo flat,você tambémpode utilizar o termo plano, ao invés de reto.O importante não é o nome que você
usa,mas compreenderas diferenças.
Para os desbastescôncavose retos (planos),o tipo de afiação é o mesmo; para afiação convexa,usa-se outra
técnica; porfim, facas comdesbaste escandinavo e zero são afiadas de uma terceira maneira.
Abaixo seguemalguns vídeosmuito interessantes,elaborados pelo MacColhane e pelo Giuliano Toniolo.Nos
vídeos a seguireles ilustramos tipos de desbaste,e como afiar cada tipo.Ao invés de usara palavra “desbaste”,
eles preferiram usar“perfilde corte”.Outra diferença da minha nomenclatura coma deles é no desbaste full
flat,que vocêsirão perceberjá no primeiro vídeo.Eu preferi a nomenclatura que utilizeineste texto poruma
questão puramente pessoal.Acheimais simples explicar da forma que deinomes aos bois.Creio que vocês não
terão problemas para compreender,apesardas pequenas diferenças de nomenclatura utilizadas no meu texto
e nos excelentes vídeosdo Mac e do Giuliano.
Do meu ponto de vista,não existe o certo e o errado,dado à imensidão de nomes diferentes que encontreiem
inglês para nomearmesmos tipos de desbaste(ou perfis de corte).Tantoo meu objetivo quantoo do Mac e do
Giuliano é o de afiar corretamente cada tipo de faca e não o de polemizar a respeito dos nomes utilizados.
Seguemos vídeos:
http://www.youtube.com/embed/qBYxkgkYKSE?feature=oembed
http://www.youtube.com/embed/MfX1oVr3u-4?feature=oembed
http://www.youtube.com/embed/XzH8qYdgLSs?feature=oembed
http://www.youtube.com/embed/TmbLfs0raZQ?feature=oembed
http://www.youtube.com/embed/2-QZcxjQo7E?feature=oembed
Como afiar uma faca
By José Luciano Gasparello Filho
Não existe só uma receita para afiar facas.No vídeo abaixo,apresentoummodo simples e eficiente
para afiação de facas.É um jeito popular,commuitos vídeos parecidos no YouTube.Como a maioria das
pessoasnãopossuiuma chaira, comento sobre alguns modos diferentes para assentaro fio.
http://www.youtube.com/embed/a59bOWo4SRA?feature=oembed
Conservando Facas em Aço Carbono
By José Luciano Gasparello Filho
As lâminas emaço carbono têma vantagemde seremafiadas mais facilmente que as facas emaço inox. Como
desvantagemtemos a facilidade de oxidação (ferrugem) e a fragilidade dessas facas sob estresse (podem
quebrar-se).Facas comeste tipo de lâmina funcionammelhorem pederneiras que as facas fabricadas emaço
inox.
Ao afiar uma faca fabricada comaço carbono,devemos tero cuidadopara nãosuperaquecera lâmina ou
estaremos comprometendosuacapacidade de seguraro fio.
Como toda ferramenta,uma lâmina em aço carbonodeveserlavada comsabão neutro e seca antes de ser
guardada.Para evitara oxidação precoce,tambémé interessante passaruma fina camada de óleo de cozinha ou
vaselina antesde guardara faca.Passeo óleo tambémnas partes próximas ao cabo e emtodos os locais onde
exista aço.A bainha pode conterumidade,então,se forguardara faca pormuito tempo,é interessanteenvolvê-
la em uma folha de PVC antes de embainhá-la.
Evite ao máximo tocarna lâmina ao utilizar a faca.O suoré muito agressivopara o aço.Mesmo comalguns
cuidados,lâminas emaço carbonoacabamdescolorindo como tempo,mas não perdemsuas qualidades e
continuamsendoótimas ferramentas.
Caso você seja umcolecionadorde facas,evite guardarsuas facas comas lâminas emcontatoumas comas
outras.Isso pode fazercomque suas peçasfiquemriscadas.
http://www.youtube.com/embed/zi-vOthVQMM?fs=1&feature=oembed
Sistema de aguladores para afiação.
Estes foram feitos por mim, sendo nada mais que chapas de aço de 3mmm soldadas na angulação desejada.
Os parafusos são para travarem as pedras no lugar e impedir que fiquem se movendo, quer seja de um lado
para o outro ou de cima para baixo.
O de menor ângulo é de 10 graus; o intermediário de 14 graus e o maior de 19 graus ( deveriam ser 10, 15 e
20... ).
É uma questão de facilidade para se manter constante o ângulo quando se faz afiação à mão livre.
Basta se posicionar a lâmina sempre na horizontal, e passá-la na pedra sempre mantendo-a na horizontal. O
segredo de uma boa afiação é acima de tudo consistência em se manter sempre o mesmo ângulo!
Usado corretamente, dá um fio tão bom e uniforme como sistemas caríssimos como o EDge Pr o!
Se não tiver máquina de solda pode procurar um serralheiro.
A questão de se conseguir os ângulos desejados é pura questão de matemática...
Mas fica muito mais fácil, se você usar tranferidor ( acho que o nome é este ) e riscar em um papel A4,
usando-se um dos lados do papel como base, o ângulo desejado e fazer moldes dos anguladores a serem
produzidos, assim como das "fitas" de aço que serão usadas na sua confecção. Lembrar de levar em
consideração a espessura das "fitas" na hora de riscar os moldes das mesmas, pois pode alterar sensilvelmente
os ângulos finais se isto não for feito!
Alternativamente pode ser feito também em um marceneiro usando-se um bloco de madeira retangular
cortado no ângulo desejado.
E finalmente para aqueles que queiram ângulos variaveis ( não fixos como estes ), vai aqui um link de um
"aparelho" feito por um americano, que parece até mais fácil de fazer que estes meus anguladores:
http://www.youtube.com/watch?v=AXhrqfV5jvs
Este é o modelo 1.0, mas já tem o 2.0:
http://www.youtube.com/user/ewerstruly# ... eWmD5ATBKE
Recomendo demais que acessem o usuário que produziu os aparelhos e videos, pois ele tem muito mais vídeos
sobre lâminas, afiação e testes de corte que são simplesmente o máximo!
Muito instrutivos!
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Aços para a cutelaria

  • 1. AÇOS PARA A CUTELARIA Marcos Soares Ramos Cabete Ribeirão Preto, Janeiro de 2010 Introdução No século dezoito e antes dele já se sabia que o carbono era um elemento importante a ser adicionado ao ferro para formar os aços e sabia-se que a quantidade de carbono influenciava na dureza do aço e na retenção do fio no entanto não dominavam a dosagem do carbono a ser dissolvido no aço então usavam o método de colocar o ferro líquido em um cadinho de grafite e mantê-lo aquecido por vários dias para que pudesse absorver o carbono das paredes do mesmo, dependiam da experiência de pessoas que visualmente avaliavam o ponto correto de retirar o aço do cadinho. Era complicado pois depois que o aço esfriava o carbono não era homogêneo variando a cada batelada e com um gradiente de maiores e menores concentrações de carbono no volume do cadinho o que exigia que o aço fosse trabalhado para ser homogeneizado. Pelo final do século dezoito, na Inglaterra, um relojoeiro descontente com a variação de qualidade dos aços mola que obtinha dos fornecedores resolveu fazer experiências e conseguiu dosar o carbono a ser adicionado a uma porção de ferro fundido criando o primeiro cast steel da história. À partir disto os aços evoluíram tremendamente e a cidade de Sheffield na Inglaterra, onde ocorreu esta criação do cast steel e que já era um grande centro cuteleiro passou a ser o maior centro cuteleiro do mundo com grandes fábricas como a Josefh Rodgers que chegaram a ter mais de 2000 funcionários antes da entrada no século vinte. Estes aços carbono dominaram por muito tempo, acrescentaramentão outros metais em diferentes proporções e durante a primeira grande guerra ao fazerem experiências para melhorar o aço dos canos das armas os produtores de aço observaram que um aço com grande quantidade de cromo não se manchava com facilidade, perceberam que este aço poderia ser útil na cutelaria e o forneceram experimentalmente a duas fabricas surgindo o aço menos manchavel ou o hoje popular aço inoxidável inicialmente este aço ficou com a fama de ser ruim de corte e muito difícil de ser trabalhado. Problemas que estavam equacionados e solucionados por volta de 1920. O carbono no aço e na cutelaria. Se tomarmos uma jarra de água pura e a ela acrescentarmos um corante em pequena quantidade, ou uma mistura de pós para suco, ela será modificada em sua totalidade e passará a ser algo diferente da água pura, com novas características. Desta mesma forma o ferro puro que não se presta a quase nada é modificado por pequenas quantidades de carbono dissolvido em sua estrutura ganhando resistência mecânica importante nas construções civis e de equipamentos industriais e para a cutelaria ganhando dureza e manutenção do corte que são qualidades procuradas por todos que querem um instrumento de corte. Esta mistura de ferro com carbono passa a chamar-se aço e dependendo do percentual de carbono teremos características diferentes de dureza e outras propriedades. Para a cutelaria costumamos falar que os aços devem ter no mínimo 0,6% de carbono, abaixo disto existem aços que podem ser usados para ferramentas específicas como espadas que sofrerão grandes golpes e precisam de uma flexibilidade especial. Os aços em uso hoje no Brasil ficam entre 0,6% e 2,15% de carbono, acima disto existem alguns poucos aços produzidos à partir de pós e que chegam por volta de 2,5% de carbono. Quanto mais carbono melhor? Não é bem assim... muitos procuram sempre o aço mais, o aço plus, o hiper duro, acreditando que aços extremamente duros não perderão o corte nunca. Aços duros costumam também ser quebradiços. Quanto maior a dureza menor a flexibilidade é uma regra que o cuteleiro sempre procura contornar e encontrar meios técnicos de superar e existem inúmeros truques para conseguir melhorar esta relação obtendo aços de alta dureza no fio mas que tenham a flexibilidade adequada. Outro grande problema do aço extremamente duro é na hora de fazer a reafiação. O leigo não tem uma lixadeira de cinta em casa como os cuteleiros possuem e na maioria das vezes também não possui pedras de afiar cujo abrasivo seja o diamante como muitos profissionais e aficcionados possuem então ocorre o grande drama, uma faca de aço duríssimo perde o corte e o seu proprietário fica na mão pois não consegue afiá-la na hora que mais precisa. Há que se ter um equilíbrio entre dureza e flexibilidade e um limite de dureza que permita a reafiação com o uso de ferramentas “normais”, ou até mesmo improvisadas conforme o uso da faca ( sobrevivência, pescarias, acampamentos ... ). Aço carbono ou aço inox?
  • 2. Aqui entra muito o gosto particular da pessoa que irá usar a peça. As facas em aço carbono são mais tradicionais, podem assumir acabamentos rústicos ou mesmo contrastes interessantes entre o rústico e o polido espelhado e quando bem polidos estes aços formam uma bela pátina acinzentada durante o uso que acabam por denotar o zelo de seu proprietário pois se logo após o uso a faca é lavada e seca formará uma pátina brilhante e uniforme já se após o uso a faca for abandonada sobre a pia, suja de sal e limão para ser lavada no dia seguinte ela certamente terá pontos de ferrugem e a pátina que irá se formar será toda manchada, o que também é apreciado por alguns. O sabor do alimento cortado por uma faca de aço carbono pode ser diferente do sabor do mesmo alimento cortado por uma de aço inox, segundo os paladares mais requintados, assim para certas iguarias como os sashimis certas culturas recomendam o uso do aço carbono. O aço inox é um aço menos manchavel e que exige menores cuidados no dia a dia, aceita ficar um tempo sem a limpeza desde que não seja exagerado e conserva seu brilho de cromo por mais tempo. O inox pode ser a melhor escolha para tarefas que envolvam água salgada como facas de mergulho, não que o aço carbono não desempenhe esta função mesmo porque pode ser utilizado com coberturas protetoras como teflon ou epóxi mas o inox exigirá do usuário menor cuidado com a peça. Certos países, como o Brasil, exigem legalmente que facas de uso em açougues e restaurantes sejam de inox e com cabos injetados para dificultar a entrada de partículas contaminantes entre a lâmina e o cabo, já outros países não fazem estas exigências podendo o profissional da alimentação usar facas de aço carbono com cabos de madeira e outros materiais já que existem métodos simples de se fazer a higienização de uma faca antes e após o uso. No Brasil temos poucas opções comerciais de aços inoxidáveis levando alguns cuteleiros a importarem uma variedade maior destes aços para suas peças. Faca forjada ou somente desbastada? A forja é uma ferramenta onde pelo uso de calor e pressão o cuteleiro pode modelar o aço conforme sua necessidade e/ou vontade. Não se consegue, ou fica muito caro e trabalhoso, produzir uma faca integral gaúcha usando apenas o método de desbaste no entanto usando-se a forja o cuteleiro aquece o aço e o modela em uma bigorna com suas marretas dando-lhe o formato desejado. Em outras situações a faca a ser produzida tem ondulações, curvas, fazendo com que para a sua produção por desbaste o cuteleiro necessite de uma chapa larga de onde recortar a peça. Se esta chapa larga não está disponível o cuteleiro forjador pode lançar mão da forja e partir de uma chapa mais estreita, fazer as curvas necessárias. São casos típicos em que a forja é indispensável. Facas à partir de pistas ou esferas de rolamento, muito comuns no Brasil só são possíveis por forjamento. Para certos aços, em especial os aços carbono, o forjamento bem executado melhora as propriedades do mesmo para o corte promovendo um refinamento dos grãos. E existem os aços de alta liga que pouco ou nada se beneficiam do forjamento e ainda situações em que o uso da forja pode ser um risco para as características técnicas originais do aço. Existem assim cuteleiros que só fazem facas forjadas, cuteleiros que só fazem facas desbastadas e cuteleiros que fazem facas forjadas e facas desbastadas tudo depende da linha de trabalho a que ele se dedica. A alma do aço. A alma de uma faca é formada pelos seus tratamentos térmicos que podem incluir o recozimento e a normalização durante o trabalho do cuteleiro sendo o recozimento para amolecer o aço e a normalização para aliviar as tensões acumuladas e que podem traduzir-se em trincas ou deformações na hora do tratamento térmico principal. O principal tratamento térmico é a tempera, seguida do revenimento. A tempera irá endurecer o aço, é um choque térmico controlado que pode sofrer inúmeras variações conforme o aço e a técnica dominada e escolhida pelo cuteleiro. Pode-se pré aquecer ou não o meio de têmpera que na maioria das vezes é constituído por um óleo fino, pode-se temperar a peça toda igualmente ou apenas parte dela ( tempera seletiva ) o que permite deixar o fio muito duro mas o restante da lâmina flexível, pode-se usar meios de têmpera que irão resfriar a peça em diferentes e importantes velocidades como água, água com sais, óleos diversos, parafinas, etc.. Não cabe aqui discutirmos os detalhes metalúrgicos do que ocorre durante a tempera, basta saber que ela é o principal tratamento térmico de uma faca e se o artesão não a dominar deve entregar a peç a a empresas ou outros profissionais pois pode nesta fase destruir todo o trabalho realizado e se domina as técnicas necessárias poderá dar à peça uma bela alma e personalidade. O revenimento é um aquecimento a temperaturas mais baixas do que a tempera e tem por objetivo eliminar as tensões causadas pela tempera. Se a peça não for adequadamente revenida depois da tempera poderá ficar quebradiça partindo-se com uma simples queda da faca ao solo. Usa-se fazer revenimentos simples duplos ou triplos conforme a necessidade do aço em uso. No revenimento pode-se também calibrar a dureza da lâmina
  • 3. deixando-a adequada para uma fácil reafiação. O sub-zero é como uma continuidade da têmpera que então não para à temperatura ambiente, serve para promover uma maior transformação das estruturas moles em estruturas duras dentro do aço. Usa-se sub-zero à setenta graus negativos, feito com gelo seco e acetona, e sub-zero à cento e noventa e seis graus negativos, feito com nitrogênio líquido. Este tratamento deve ser subseqüente à tempera, ou seja, deve ser realizado em poucas horas após a têmpera. Não acredite em sub-zero feito semanas após a tempera, ele irá apenas congelar e descongelar a lâmina sem promover qualquer modificação na estrutura do aço que já estará estável. O sub-zero é útil em particular para os aços de alta liga e os inoxidáveis. Alguns aços usados na cutelaria. Existem inúmeras nomenclaturas para designar os aços pois além das nomenclaturas técnicas oficiais cada fabricante tem uma forma diferente de identificar suas diferentes ligas e a bagunça é grande, não queira entender tudo de uma vez, vá absorvendo as informações aos poucos, um aço de cada vez. Os aços “simples”, ou seja, aqueles cujos componentes importantes são apenas ferro e carbono são designados por números que começam pelo algarismo um e cujos algarismos finais definem o percentual de carbono assim: 1020 é um aço simples com 0,2 % carbono. Este aço não se presta à cutelaria mas é muito usado na construção mecânica de maquinas e nos dispositivos das oficinas como bancadas e gabaritos e mesmo para o cuteleiro fazer cabos e soldar nas peças que irá forjar quando não usa tenazes. 1045 tem 0,45% de carbono. Já começa a “pegar tempera” se feita em água. Pode ser uma opção para algumas espadas e facões mas existem outros melhores. 1070 com 0,7% de carbono já começa a ser usado na cutelaria, principalmente em sanduíches com outros aços para formar aços tipo damasco. 1095 com 0,95% de carbono é o aço padrão das limas de boas marcas e dá boas facas para quem gosta de um aço tradicional à moda antiga. Muito bom para fazer facas de época, réplicas de facas antigas, por exemplo. Também muito usado em combinação com outros para fazer aço damasco. É um bom aço para o cuteleiro iniciante praticar o forjamento. Quando o primeiro número muda ele indica elementos de liga no aço assim os aços que começam com o digito cinco são os que tem um pequeno percentual de cromo em sua liga. Os números finais continuam indicando o percentual de carbono assim: 5160 é um aço com 0,6% de carbono e pequeno percentual de cromo. Muito usado em molas automotivas é sem dúvida o principal aço do cuteleiro forjador iniciante e a preferência de muitos forjadores experientes. É um aço bom de se trabalhar e que apresenta resultados ótimos seja para uma espada seja para facas pequenas como skiners ou facas médias e grandes. Tudo dependerá da alma ( tempera e revenimento ) que receber. 52100 é o aço com 1% de carbono e um pouco de cromo de que são feitos a maioria dos rolamentos. Encontrável em barras redondas e chatas e reciclado de pistas de grandes rolamentos ou esferas de grandes diâmetros tem se transformado em uma grande preferência dos cuteleiros brasileiros, principalmente para o forjamento. É um aço de excelente custo benefício e que apresenta afiação e retenção de fio excelentes. Outros aços com diferentes nomenclaturas são comumente usados como: O1 – ( diz-se ó um e não zero um ) com 0,9% de carbono e que tem ainda Mn, Si, Cr e W em sua composição, produz excelentes facas de fácil reafiação e ótimo fio. Também encontrado sob a denominação de VND. D-2 – já chega à 1,55% de carbono, tem 12% de cromo e ainda Vanádio e Molibdênio em sua composição é um aço mais complexo para o cuteleiro mas produz excelentes facas. K-100 ou VC-130 é um aço ferramenta com 2% de carbono, difícil de desbastar, exige uma técnica mais apurada em sua têmpera como o pré aquecimento do óleo e um bom revenimento mas produz facas excelentes quando bem trabalhado. Se mal trabalhado pode gerar facas muito quebradiças e de dificílima reafiação doméstica. Normalmente K-100 é a denominação do importado da Alemanha e VC-130 do similar nacional. D-6 , VC-131, K-107 e Sverker 3 também são aços similares apenas de procedências diferentes e com cerca de 2% de carbono.
  • 4. Aços inoxidáveis. Os aços inox comercializados no Brasil são poucos concentrando-se basicamente em dois. 420 – que possui diferentes percentuais de carbono conforme a origem mas sempre por volta de 0,3 a 0,4% e 12% de cromo, é um aço marginalizado por muitos cuteleiros mas se bem trabalhado pode chegar a 54HC de dureza que é uma dureza suficiente para muitas facas de cozinha e outros usos menos severos. É bem resistente à oxidação e de baixo custo. 440C – é seguramente o aço inox mais usado no Brasil, com seus 0,95% de carbono quando temperado adequadamente e passando por um tratamento sub-zero proporciona uma excelente durabilidade do fio bem como uma afiação muito boa. Dependendo da origem pode ter um polimento mais difícil para chegar no espelhado. Sandvik 12 C 27, VG-10, ATS-34, BG-42, 154-CM, S30V são alguns outros bons aços inox importados usados pelos cuteleiros brasileiros com certa freqüência e aplicados a suas peças. Existem vários outros aços e os cuteleiros estão sempre experimentando e procurando aços que proporcionem bom fio, fio durável, flexibilidade da lâmina, fácil reafiação e outras qualidades que alidadas à beleza possam ser usados em suas criações. Outros materiais: Não é usual mas também encontramos laminas em talonite, cerâmicas de alumina ou zircônia, titânio e outros materiais. Aços Damasco são aços compostos por caldeamento de outros diferentes aços. O cuteleiro pode fazer obras de arte fantásticas com esta técnica e produzir aços que aliem beleza, flexibilidade e poder de corte excepcionais. Pela complexidade destes aços deixaremos para explicá-los em capitulo à parte. Lendas. Em todos os negócios existem os honestos, os profissionais e os que procuram os meios mais fáceis e nem sempre corretos para venderem seus produtos assim existem denominações que procuram levar o interessado a ter uma falsa expectativa quanto ao desempenho da lâmina. Alguns colocam a marca Solingen em suas facas para dar a impressão de que são feitas na Alemanha com bons aços. Não existe a marca Solingen na Alemanha pois Solingen é uma região produtora de aços. É muito diferente quando o fabricante coloca a sua marca e cita: aço de Solingen. Outros para evocarem o poder de corte da lâmina colocam: “Aço cirúrgico”. Perguntei a um amigo que é cirurgião plástico sobre o poder de corte dos bisturis de hoje e segundo ele como são descartáveis usam aços ordinários, alguns bisturis são abertos e jogados fora de tão ruins, outros praticamente serram o paciente que felizmente está anestesiado. Fazer a tempera em noites de luas especiais ou usando sangue, urina, vinho ou outras substâncias esquisitas não melhora a lâmina. São apenas espertezas de pessoas que não sabem fazer corretamente então inventam estas conversas. Usar meteorito misturado ao aço é outra lenda usada. Alguns desonestos ainda fazem a faca em inox 420 mais barato e gravam 440C na lâmina por isto é muito importante conhecer a idoneidade de seu fornecedor. Cortar cebolas e lavar a faca em água quente não estragam o corte. O que estraga o corte é usar a faca sobre superfícies duras como porcelanas e vidros. Hoje existem inúmeros bons cuteleiros no Brasil. Pessoas honestas trabalhadoras e com grande c onhecimento técnico para a produção de obras de arte com a tecnologia necessária e adequada ao bom desempenho como ferramentas de corte. Desconfie quando a conversa for para lados místicos e esotéricos pois uma faca é composta de aço e materiais de empunhadura e fornituras agrupados com técnica e arte, somente isto. Não existe reza ou superstição que possa melhorar uma faca, apenas o conhecimento técnico do artesão e a qualidade dos materiais empregados. Esperamos tê-lo auxiliado fornecendo informações básicas úteis para que tome uma boa decisão e compre a
  • 5. ferramenta adequada a sua necessidade no entanto se ainda tiver dúvidas entre em contato. Atenciosamente, Marcos Cabete cabete@brascopper.com.br ------------------------------------------------------------------- Fonte: http://knifenetwork.com/forum/showthread.php?t=51073 http://knifenetwork.com/forum/showpost. ... ostcount=9 (apenas para o 'post')
  • 6. Reflexão sobre o Aço das Armas de Guerra (Por Jordan Augusto) Desde que saímos do ventre de nossas mães que o destino nos aguarda curiosidades e ironias. Se soubéssemos de tudo antes de nascer, talvez, muito de nós, preferisse ficar no aconchego do interior de nossas mães. Vista como símbolo mágico por várias culturas, a espada representa mais do que um simples objeto cortante ou uma obra de arte. Quem nunca se impressionou com cenas de batalhas? Principalmente as medievais, onde os exércitos, formados por clãs e tribos, decidiam suas pendengas sob o fio de suas espadas? Sem dúvida alguma, o ferro é provavelmente o mais precioso dos metais, uma vez que o homem civilizado sentiria a sua falta mais do que de qualquer outro metal, mesmo os ditos preciosos. No princípio do século XIV, quando o ferro era escasso, alguns utensílios de cozinha da casa de Eduardo III foram classificados como jóias; e acessórios de ferro estavam entre os objetos mais cobiçados pelos saqueadores. A história da humanidade está repleta destas acirradas lutas em defesas e conquistas de território. A Península Ibérica (Espanha e Portugal) foi palco de importantes batalhas na idade média, principalmente durante a guerra entre mouros e cristãos que durou mais de quatrocentos anos. O nome "ferro" deriva do latim "ferrum", enquanto o anglo-saxônico "iron" tem origem no escandinavo "iarn". Muitas histórias fabulosas se contaram ao longo dos séculos, descrevendo como o ferro meteórico caía na Terra, enviado dos céus, como uma dádiva dos deuses ao Homem. Não é, no entanto, necessária nenhuma explicação romântica para a descoberta do ferro se atendermos à facilidade com que se reduz o ferro a partir dos seus minérios. Diz-se mesmo que o primeiro ferro produzido foi obra do acaso, quando pedaços de minério de ferro foram usados em vez de pedras nas fogueiras nos banquetes, onde o fogo era mantido tempo suficiente para permitir a redução. Seguiu-se a observação que as mais altas temperaturas obtidas, quando o vento soprava, produziam um melhor material. Tentou-se então conseguir, através de várias artimanhas, uma rajada de vento artificial, até se conseguir criar uma fornalha de fundição. Desde tempos pré-históricos que os utensílios de ferro têm vindo a ser usados: descobriram-se mesmo alguns em explorações arqueológicas na pirâmide de Gizé, no Egito, que têm provavelmente 5.000 anos de idade; na China, julga-se que a utilização do aço remonta a 2.550 a.C.. Também nos é indicado pelos poetas védicos que os seus antepassados pré-históricos possuíam o ferro, e que os seus artesãos já tinham adquirido técnica considerável na transformação de ferro em utensílios. Tendo em atenção que os objetos antigos de ferro são bem menos freqüentes que os de bronze, os arqueólogos posicionaram a chamada Idade do Bronze antes da Idade do Ferro. De fato, o bronze é mais facilmente extraído e trabalhado do que o ferro, pensando os arqueólogos que deixou de ser o utensílio e a arma dominante das civilizações cerca de 500 a.C.. A escassez do cobre e a abundância do ferro levou o povo hindu a desenvolver técnicas de trabalho deste metal, que mais viriam a ser transmitidas à Europa, onde se salientaram os Etruscos do norte da Itália. Pouco tempo depois da queda do Império Romano, a produção do ferro desenvolveu-se bastante na Espanha, tornando-se famosas as lâminas de aço de Toledo e seus artesãos. Estes iriam para a França e Alemanha onde introduziram a sua peculiar forja catalã, cujo desenvolvimento viria a originar as grandes fornalhas de fundição. Os produtos da forja catalã eram ou uma espécie de ferro maleável ou aço; as grandes fornalhas produziam uma variedade de ferro que não podia ser forjado ou temperado, embora fosse adequado para todos os tipos de moldagem de resistência moderada. A descoberta, por Cort, de um processo de transformação deste tipo de ferro em ferro forjado, com custos de produção consideravelmente mais baixos que os possíveis com a forja Catalã, deu um grande ímpeto à produção de ferro na Inglaterra. Os principais minérios de ferro são a hematita (Fe2O3), a magnetita (Fe3O4), a limonita (Fe2O3.H2O) e a siderita (FeCO3). Os compostos de ferro mais vulgares na Natureza são a pirita (FeS2) e a ilmenita (FeO.TiO2), mas não são adequado para a extração do metal.Os maiores depósitos deste metal situam-se nos EUA, na região fronteiriça Franco-Germânica, na Grã-Bretanha, na Áustria, na Suécia, e a Rússia. Outros importantes produtores de ferro são o Brasil, o Chile, Cuba, Venezuela e Canadá. Este elemento aparece ainda como constituinte subsidiário em quase todas as rochas, bem como nos seres vivos, vegetais e animais. Encontra-se ainda em águas naturais, às vezes em quantidade apreciável. Em Portugal, são exemplos característicos as águas do Barreiro (Caramulo), Melgaço, Vidago, Salos, Vale da Mó, Ribeirinho e Arco (Castelo de Vide), Férrea da Câmara (Açores) e outras.
  • 7. Não há quem não se renda à beleza de uma espada japonesa com seus adornos incrustados de simplicidade, mas, que eram capazes de abrir um homem ao meio. Muito da "mística Samurai" se deve a espada katana (cuja pronúncia é kataná) e sua forma de confecção. Diz a lenda que a forma e o método de construção da espada do samurai foram estabelecidos no ano 700 por Amakuni. Por volta do ano 900, Yasutsuna forjava excelentes espadas, definindo um estilo padrão de qualidade que pouco mudou desde então. É vetado tocar em sua lâmina com as mãos, o que nem mesmo o armeiro fazia em suas infinitas operações de forjá-las. Os principais espadeiros forjavam suas espadas que eram vendidas a um preço exorbitante, representado um status social. Tamanha era a especificidade de tais espadas que estas eram acompanhadas de documentos que comprovavam a veracidade de tal peça. Para os mais estudiosos, não é novidade que, a espada japonesa representasse o espírito de quem a portava, sendo passado de geração em geração. Recordo-me bem que, quando pequeno, vi na sala da casa de meu professor uma kataná horrível que era exposta sobre um rústico suporte. Tenho guardado em minha mente que suas palavras eram: - Aí está todo o espírito de minha família. Pretendo em outro artigo, pronunciar a síntese da etiqueta apresentada pela espada japonesa. Não é de hoje que o aço se tornou fascínio para muitos. Através de coleções particulares pessoas mantêm verdadeiros tesouros históricos. Analisando profundamente, o aço é uma solução sólida de ferro e carbono com teor de carbono inferior a 2,0% em massa e suscetível de adquirir, por meio de tratamento mecânico (forja) e térmico (têmpera), variadas propriedades. O aço pode ser obtido, na maioria das vezes, pelo refino do ferro gusa, pela refusão de sucata e, em menor quantidade, por redução direta do minério. A estrutura e as propriedades dos aços dependem do teor de carbono, da presença ou não de elementos de liga (aços ligados) e de tratamento térmico (revenimento, têmpera). Segundo a composição química, pode-se destacar dois grandes grupos de aços: os aços não ligados (aço carbono) e os aços ligados (aço inoxidável). O primeiro grupo apresenta teor de carbono inferior a 1% e o segundo grupo pode ser dividido em dois subgrupos: 1º - aços fracamente ligados (em que nenhum elemento da liga ultrapassa 5%). 2º - aços fortemente ligados ou especiais (cujo teor de um ou mais elementos ultrapassa 5%). Os aços ideais para cutelaria são os fortemente ligados. Os elementos adicionados (cromo, molibdênio, vanádio, manganês, etc...) modificam a estrutura, a constituição química e o diagrama de equilíbrio. Diagrama de equilíbrio é o que determina a curva tempo/temperatura para o tratamento térmico. As propriedades de uma peça de aço podem ser alteradas por diferentes métodos. Enquanto o metal está na forma liquida, sendo fundido, diferentes elementos químicos podem ser acrescentados alterando assim sua qualidade. A adição do manganês em quantidades entre 0.3 a 1%, permite extrair o Oxigênio dos aços, evitando a formação de óxidos indesejáveis. Essa mesma função desoxidante é também obtida com a adição do Silício (Si), o qual ainda propicia maior tenacidade ao aço. O níquel, é o elemento que realça ainda mais as características de tenacidade, além de contribuir para a não- ocorrência de fissuras e eventuais distorções e para aumentar a resistência à oxidação. Hoje em dia, muitos fabricantes que exercem seus trabalhos na área de cutelaria têm utilizado o molibdênio que, em pequenas quantidades (entre 0.1 e 4%), aumenta a capacidade de endurecimento dos aços inoxidáveis martensíticos. É comum encontrarmos escritos nas lâminas de determinadas facas a junção de molibdênio e vanádio. Já o segundo em especial é mais encontrado em aços comerciais, serve para facilitar a eliminação de impurezas e no aumento da resistência ao desgaste. O tungstênio possui propriedades similares ao molibdênio, como auxiliar no aumento da capacidade de endurecimento. No caso do Cromo, embora ele não seja um "elemento mágico", sua adição nos chamados aços nobres lhes confere características especiais, sempre desejáveis em itens de Cutelaria Fina. Assim: - uma quantidade pequena (algo entre 0.25 e 0.50%) aumenta naturalmente a dureza, bem como reduz a presença de "pontos brandos", moles, comuns a certos aços;
  • 8. - uma quantidade moderada (algo como de 0.8 a 1.25%) retarda consideravelmente a oxidação e a ação da corrosão; adicionalmente, um aço com essas porcentagens de Cromo será mais resistente à ação de agentes externos, tais como ácidos e outros elementos químicos que possam ocasionar manchas; - uma grande quantidade (a partir de 4%) aumenta a resistência à abrasão; acima de 11% tem-se considerável aumento da resistência a manchas e oxidação. Depois de solidificado, o aço pode ser forjado, laminado, resfriado, temperado ou receber banhos de ácidos ou eletroquímicos. Quando o aço é tratado por um desses processos uma mudança ocorre em sua estrutura cristalina, cujo resultado pode ser apreciado através de um microscópio eletrônico que mostrará diferentes tamanhos dos grãos de ferro. Em geral, uma peça de aço com grãos finos é mais resistente que uma outra com grãos maiores, ou duros. O grão maior não se curvará quando forçado e se quebrará facilmente. Já quando a estrutura é alterada para ter grãos menores (suaves) entre os maiores (duros), se curvará mais facilmente sem se quebrar. Para produzir tais características é que se adicionam os outros elementos de liga. É a combinação de elementos no aço que o tornam superior, mas mais importante de tudo é o tratamento térmico. Um tratamento térmico, têmpera, inadequado pode arruinar o melhor aço do mundo, tornando-o imprestável para uma boa lâmina. Estive esta semana analisando tal fator com um importante professor de culinária que escolhe com exímia perfeição suas facas. Segundo ele, hoje em dia as facas profissionais se destacam pela qualidade excepcional de corte que apresentam, desempenhando de maneira satisfatória e durante muito tempo as tarefas comuns de cortar, fatiar e desossar. Há vários fabricantes espalhados pelo mundo e as facas mais famosas pela têmpera do aço empregado na sua fabricação são as alemãs de Solingen, cidade considerada a Capital Mundial das Facas. As melhores facas são sempre as que permitem um trabalho de corte e desossa mais simples, são fáceis de manejar e mantêm o fio de corte sempre em perfeitas condições de uso. São fabricadas em aço inoxidável e compõem uma linha em que cada modelo tem uma lâmina e uma finalidade. É claro que carnes bovinas, aves e peixes, por exemplo, têm cortes bastante diferenciados e por isso exigem facas com características específicas. Nossas facas apresentam hoje desenhos anatômicos e balanceados, superfícies texturizadas e cabos inquebráveis, resistentes a manchas, deformações, ácidos e altas temperaturas. Conhecer todos os segredos, desde a fabricação até os melhores métodos de conservação e afiação, dessa ferramenta fantástica, é tão importante quanto conhecer os alimentos para poder prepará-los de forma adequada e criativa. Para entendermos melhor este processo, podemos definir alguns termos que melhor identificará o trabalho com o aço. REVENIMENTO ou REVENIDO É o tratamento térmico que consiste em aquecer, a uma temperatura inferior à temperatura de transformação, uma peça metálica e depois deixa-la resfriar com vistas a eliminar as características resultantes da têmpera. O revenido diminui a dureza, a resistência à tração e o limite de elasticidade em proveito da resiliência. Por meio da escolha adequada de temperatura e de tempo de revenido, obtêm-se as propriedades desejadas para o aço, segundo o seu futuro emprego. TEMPERABILIDADE Capacidade de um aço alcançar, pela têmpera, um aumento de dureza e tenacidade até maior profundidade. A temperabilidade depende do tamanho de grão e da presença de determinados elementos de liga. TÊMPERA: O estado ou condição de um metal quanto a sua dureza ou tenacidade, produzida por tratamento térmico (aquecer até uma temperatura abaixo do ponto de fusão e resfriar gradativamente) ou pelo processo de baixar a temperatura rapidamente abaixo de zero graus (Processo sub-zero). Esses tratamentos visam dar ao metal sua consistência (dureza) especifica para determinada utilização. Cada aço apresenta uma dureza ideal para ser bem utilizado em cutelaria. RESISTÊNCIA MECÂNICA
  • 9. É a capacidade de uma peça metálica agüentar tensões e esforços externos sem deformar -se. RESILIÊNCIA Característica mecânica que define a resistência de um material aos choques. A resiliência dos metais, que varia com a temperatura, é determinada provocando-se a ruptura, por choque, de um corpo de prova padronizado. Alguns tipos de aços utilizados em cutelaria e suas características: Aço 420: Também conhecido por AISI-420. O AISI (American Iron and Steel Institute) classifica o aço 420 como sendo inoxidável e com a capacidade de ser endurecido através do processo de têmpera. Este aço possui somente 1/6 do conteúdo de carbono (C) dos aços da série 440. Ele atinge uma dureza entre 50-56 Rockwell, que não é suficiente para manter um fio duradouro. Os fabricantes de facas populares utilizam o 420 por sua facilidade de ser estampado e polido. É ideal para facas de mesa mas não recomendável para qualquer faca de uso pesado ou intenso. É o mais simples e barato aço inoxidável para cutelaria existente. É fabricado por diversas metalúrgicas ao redor do mundo, inclusive no Brasil, e por isso sua qualidade é muito variável. A mesma faca feita com um 420 paquistanês é muito inferior ao 420 feito na Inglaterra. Os melhores 420 são fabricados na Alemanha (denominado 4116) e nos países escandinavos. Por isso as facas produzidas na Alemanha e nos países escandinavos, especialmente as facas de caça e as famosas "puuko", apesar de serem feitas em 420, apresentam um fio espetacular. Quem já trabalhou com uma fileteira importada da Escandinávia sabe o que é lâmina afiada. Obviamente o desenho da lâmina e a geometria do fio ajudam muito. Sua composição química média é: Carbono 0,15%, Manganês 1,0%, Silício 1,0%, Cromo 13,0%. Sua dureza varia entra 50-56 Hrc. Aço 425 Modified: Este aço é um 420 modificado, com o acréscimo de vanádio em sua fórmula, para aumentar sua capacidade de retenção de fio, e o aumento da porcentagem de carbono, para melhorar sua dureza. Devido a sua maquinabilidade, capacidade de ser industrialmente trabalhado, foi o preferido pela Buck Knives e Gerber. Era considerado superior em um universo onde toda faca popular era de 420. Sua fórmula química média é: Carbono 0,50%, cromo 14,0%, manganês 0,50%, molibdênio 1,0% e silício 0,80%. Dureza ideal de 56-58 Hrc. Aço CPM-154: Também é conhecido como 154-CM. No final da década de 70, Bob Loveless começou a utilizar este aço inoxidável na fabricação de suas facas e logo isto se tornou uma febre entre os cuteleiros artesanais. Originalmente este aço havia sido desenvolvido pela Crucible Metallurgy para ser utilizado nas pás das turbinas de aviões militares a jato. Sua produção começara no inicio dos anos 70 e utilizava uma tecnologia metalúrgica de fundição a vácuo. O contrato de fornecimento para o governo americano era muito rígido e com alta exigência de qualidade e controle de produção. Era um aço difícil de ser encontrado e mais difícil ainda de ser trabalhado. Com o término do contrato de fornecimento para o governo, a Crucible cessou sua produção. Em 1997 eles reiniciaram a produção deste aço mas alguns comentaristas dizem que a qualidade já não é a mesma da década de 70, quando o governo americano exigia maior grau de pureza. Sua composição química média é: Carbono 1,10%, Manganês 0,60%, Silício 0,25%, Cromo 14,0%, Molibdênio 4,0%. Devido ao alto teor de molibdênio, necessário para aumentar sua resistência ao calor inerente das turbinas a jato, este aço exigia um tratamento térmico especial, em altíssima temperatura, para ser endurecido. Aço ATS-34: Este é uma versão japonesa do 154-CM, fabricado pela metalúrgica Hitachi Steel Company, do Japão. Segundo o testemunho de Bob Loveless, em seu livro, foi ele o responsável pela introdução deste aço nos Estados Unidos. Ele afirma que em uma de suas viagens ao Japão encontrou este aço e percebeu que sua formulação era muito próxima ao do 154-CM. Retornando aos Estados Unidos, ele pediu para um fornecedor de aços de San Marin County, Califórnia, que importasse uma tonelada para ele. O primeiro lote chegou aos Estados Unidos no princípio dos anos 80, ao preço de US$ 3,00 a libra, contra US$ 1,80 do 154-CM. A Hitachi percebeu o nicho de mercado e começou a inundar o mercado americano com pequenas barras deste aço, popularizando-o rapidamente. Com o tempo o preço também foi se tornando mais acessível. Embora se diga que a Hitachi criou este aço como um equivalente ao 154-CM, a verdade é que este já existia antes da
  • 10. divulgação de sua utilidade na cutelaria. É um aço bastante resistente ao desgaste e por isso se torna dispendioso para o cuteleiro desbasta-lo, consumindo muitas lixas e horas de trabalho. As cutelarias o utilizam somente em seus produtos top de linha, devido ao seu custo inicial e de produção. Seu tratamento térmico também exige temperaturas mais altas que os outros aços, especialmente os da séria 440. Sua composição química média é: Carbono 1,03%, manganês 0,25%, silício 0,4%, cromo 14,0%, molibdênio 3,5%. Sua dureza Rockwell ideal para cutelaria é entre 59-61 Hrc. Aço 440A: É um 440C com menor teor de carbono, mas mantendo todas as qualidades deste. É apresentado geralmente em canivetes e facas menores. A SOG Specialty Knives efetua um trabalho espetacular de têmpera neste aço. Sua composição química é idêntica a do 440C, exceto no teor de carbono, onde apresenta 0,7% ao invés de 1,2%. Aço 440B: É o meio termo, em conteúdo de carbono, entre o 440A e o 440C. É muito utilizado por cuteleiros artesanais que preferem forjar o aço inoxidável. As lâminas forjadas das facas Randall Knives/USA são feitas deste aço também. Aço 440C: O aço AISI 440C é a origem de todos os outros aços que hoje imperam na cutelaria. O famoso 154- CM, e, conseqüentemente, o ATS-34, tem sua origem derivada do 440C. A composição química dos últimos dois mencionados acima é uma modificação da composição química do 440C, visando aumentar sua dureza em altas temperaturas e melhorar a estrutura de grãos e resistência ao desgaste. Note-se que estes aços foram desenvolvidos originalmente para aplicações industriais e aeronáuticas e somente depois chegaram a cutelaria. Quando comparamos a composição química dos três, percebemos que o percentual de cromo, que determina o fator anticorrosão, é maior no 440C, (em torno de 18% contra 14%). Em compensação, o teor de molibdênio é de apenas 0,75% contra 4% dos outros dois aços citados. O molibdênio foi acrescentado ao 154-CM para aumentar a resistência deste ao calor gerado nas turbinas a jato, herança herdada pelo ATS-34. Isto, para a cutelaria, significa maiores gastos na hora de corta-lo, desbasta-lo e, principalmente, de dar o tratamento térmico de têmpera. O aço 440C é fabricado por diversas metalúrgicas nos Estados Unidos. O custo do 440C, na compra, também é bastante inferior aos outros dois, razão de sua popularidade entre os fabricantes de facas, sejam eles artesanais ou industriais. É um aço de referência, contra o qual todos os outros são comparados. Pode-se afirmar que hoje é o aço inoxidável utilizado em cutelaria com a melhor relação custo/benefício, além de ser o que melhor aceita um polimento tipo espelhado. Aço extremamente fácil de polir. Outra característica interessante é quanto ao processo de endurecimento e têmpera. Este aço é temperado em uma temperatura muito inferior ao 154-CM ou ATS-34. Além disso ele aceita muito bem as pequenas variações de temperatura na hora da têmpera. Este aço perdoa facilmente alguns erros na hora da têmpera, ao contrario dos outros dois, cuja faixa de variação de temperatura é muito restrita. Nota-se que é um aço "amigável" para o cuteleiro. Sua composição química média é: Carbono 1,2%, Cromo 18,0%, Molibdênio 0,75%, manganês 1,0% e silício 1,0%. Sua dureza Rockwell ideal de tempera é entre 56-58 Hrc. 12C37 Sandvick: Este aço foi desenvolvido pela metalúrgica sueca Sandvik AB. no inicio da década de 80. Visando diretamente a cutelaria, este aço apresenta um equilíbrio ideal entre dureza, capacidade de preservação do fio e resistência a corrosão. Sua baixa porcentagem de cromo o coloca no limite inferior da resistência à corrosão, ou seja, exigirá maiores cuidados de manutenção em ambientes mais agressivo. Mas isso não é motivo de preocupação se a faca for mantida seca e limpa. Uma pequena camada de inibidor de ferrugem, tipo silicone ou Tuf-glide, será suficiente para protege-lo. Atualmente está sendo usado nas lâminas das facas Ka-Bar Next Generation. É interessante notar que a marinha e o exército norte americano optaram por ele mesmo sabendo que seria utilizado sempre em ambientes altamente corrosivos. É um aço de grão fino, exige um bom trabalho de têmpera, mas apresenta um ótimo fio. Sua composição química média é 0,6% de carbono, 14,0% de cromo, 0,4% de silício, 0,4% de manganês. Sua dureza indicada para cutelaria é entre 54-56 Hrc. Aço AUS-6: Este aço é também denominado 6A por certos fabricantes (não confundir com A6, denominação de um aço da Crucible Metallurgy). Segundo a Associação Norte-americana de Aço e Ferro, este aço é o equivalente japonês ao 440A norte-
  • 11. americano. É utilizado em lâminas fabricadas no Japão para as indústrias de cutelaria dos Estados Unidos. A letra A, ou AUS, significa aço austenítico. Embora sua composição média seja ligeiramente diferente do 440A em alguns elementos, tais como o percentual de cromo e a adição de níquel, sua classificação e utilização continua dentro da categoria do 440A. Sua composição química média é: Carbono 0,65%, Manganês 1,00%, Silício 1,00%, Cromo 14,50%, Níquel 0,50%, vanádio 0,25%. Sua dureza recomendada é entre 58-60 Hrc. Aço AUS-8: Também denominado 8A. Embora a Associação Norte-americana de Aço e Ferro (AISI) o considere como sendo a versão japonesa do 440B, nota-se que a composição química apresenta maiores diferenças. A diminuição do conteúdo de carbono é compensado pelo aumento de silício. A adição de níquel compensa a diminuição do cromo e não chega a afetar sua susceptibilidade a corrosão (inoxidável). Mas o grande fator diferencial é a adição de vanádio, que aumenta a resistência ao desgaste, resultando num fio mais duradouro e resistente. Seu principal fabricante no Japão é a Metalúrgica AICHI. Sua composição química média é: Carbono 0,75%, Manganês 1,00%, Silício 1,00%, Cromo 14,50%, Níquel 0,50%, Molibdênio 0,30% e vanádio 0,25%. É utilizado em lâminas de canivetes maiores e em algumas facas. Mantém muito bem o fio e aceita um ótimo polimento no acabamento. Nos últimos anos observou-se que diferentes cutelarias apresentam-no com diferentes graus de dureza. Assim, embora o aço seja o mesmo, dependendo do processo de têmpera, ele apresenta maior ou menor resistência ao desgaste do fio. As melhores lâminas neste aço são as apresentadas pela Al Mar Knives, Columbia River e Spyderco. Sua dureza recomendada é entre 58-60 Hrc. Aço AUS-10: Foi desenvolvido pela mesma Metalúrgica Aichi do Japão e testado pela Spyderco em alguns de seus canivetes e em sua linha de facas de cozinha. É um aço teoricamente superior aos outros da série AUS, mas talvez por razões de custo ou industrialização, não foi utilizado em larga escala até o momento. Sua composição química média é: Carbono 1,00%, manganês 0,50%, cromo 14,50%, níquel 0,50%, molibdênio 0,30%, vanádio 0,25%. Sua dureza ideal é entre 59-60 Hrc. Aço GIN-1: A denominação correta é Gingami-1, mas também é divulgado como Gin-2. É um aço japonês muito utilizado pela Spyderco e por outros cuteleiros da cidade de Seki, Japão. Seu conteúdo de 0,9% de carbono permite uma lâmina bastante dura e resistente ao desgaste. Durante o inicio da década de 90, quando predominou o 440C nas facas industriais, sua dureza chamava a atenção, pois era algo em torno de 58-60 Hrc. É um bom aço para trabalho intensivo e mantém um ótimo fio. Sua composição química média é de 0,9% de carbono, 15,5% de cromo, 0,6% de manganês, 0,3% de molibdênio e 0,37% de silício. Dureza indicada é de 58-60 Hrc. Aço ATS-55: Fabricado pela Hitachi exclusivamente para o cuteleiro G.Sakai da cidade de Seki, Japão, que produz alguns canivetes da Spyderco. Este aço é um aperfeiçoamento do ATS-34 que por sua vez era um equivalente ao 154-CM, fabricado pela Crucible Metallurgy dos Estados Unidos. O 154-CM continha em sua fórmula uma quantidade elevada de molibdênio para torna-lo resistente ao calor, pois era destinado a ser usado em turbinas de aviões à jato. O ATS-34 alterou pouco esta fórmula. Agora no ATS-55, parte da porcentagem de molibdênio foi substituída por cobalto (Co) para aumentar sua resistência ao desgaste e cobre (Cu) para aumentar sua resistência a corrosão. Na cutelaria não é necessário resistência ao calor mas sim resistência ao desgaste. O acordo de desenvolvimento deste aço prevê que ele será exclusivo dos canivetes Spyderco até 2002. Dureza ideal é entre 60-62 Hrc. Por outro lado, também podemos analisar separadamente como as porcentagens dos elementos químicos interagem na qualidade do aço. Na composição de aços modernos destinados à Cutelaria, o carbono, dificilmente poderá existir menos do que 0.6% de Carbono, pois este é o principal elemento que, após a adequada têmpera, concederá dureza à peça. Durante anos tenho refletido sobre os folclores existentes no meio de fabricação. Ainda que tenha estudado e arriscado junto com meus professores a tentar fabricar algumas peças, hoje entendo que são caminhos separados. Fontes de pesquisa: Conversas com : Mestre em Físico-Química Sérgio Botelho Bacharelando em Química Giovanni Nunes Apostilas Ogawa Shizén kay
  • 12. Conversas e aulas com Roberto Kunio Araki Fonte WWW: http://www.bugei.com.br/ensaios/index.a ... saio&id=89 Facas em aço carbono ou inox? By José Luciano Gasparello Filho Qual o melhor aço para facas? A resposta é:depende!Comvontade de compreenderumpouco mais sobre cutelaria,tenho me deparadocom alguns textos interessantes.A partirde agora,reproduzo alguns trechos de textos encontrados,bemcomo alguns textos integrais, para que possamos aprofundaro conhecimentoa respeitos dos elementos químicos presentesnosaçosde nossasfacase,consequentemente,entendermelhoro aço carbonoe o aço inox. As fontes sãocitadas ao finalda publicação,onde vocês poderãose aprofundarmais sobre o tema. Muitos se vangloriamde suas facaspossuiremelementos como molibdênio ou vanádio,mas….sabemos realmente a função de cada elemento?Segue umpoucodo queencontreipesquisandoporaí.Começaremos a ver os principais elementos presentesno aço das facas,e depois veremos as principais diferenças entre o aço carbono e o inoxidável. Ao lado,a foto da faca KA-BARmodelo 1217. Principaiselementospresentesno aço dasfacas: Carbono É a liga básica de todoaço,presente tambémnos aços inoxidáveis.Se o Ferro não contiver carbono,não pode ser chamadode aço. Na composição de aços modernos destinados à cutelaria,quer sejamaqueles classificadoscomocarbono ou osditosinoxidáveis,dificilmente poderá existir menos do que 0,6% de Carbono,poiseste é o principalelementoque,após a adequada têmpera,concederá durezaà peça. Cromo É o elemento fundamental dosaçoschamados inoxidáveis. Este material é adicionado à ligacomo intuitode proporcionarmaisresistência contra oxidação. Ocromo estimula a formação de carbonetos,aumentando a resistênciaao desgaste,bemcomo a temperabilidade aos aços,reduz a velocidade crítica de resfriamento,de modo que a têmpera de açoscomteoreselevados de cromo seja feita preferencialmente emóleo ou ar.A adição de cromotorna maisfina a granulaçãodos aços,aumentandodesse modoa sua resistência. Embora o Cromo não seja um“elemento mágico”,sua adição noschamados açosnobres lhes confere características especiais,sempre desejáveisemitensde Cutelaria Fina. Assim:  uma quantidade pequena(algoentre0,25 e 0,50%) aumentanaturalmente a dureza,bemcomo reduz a presençade “pontosbrandos”,moles,comuns a certos aços;
  • 13.  uma quantidade moderada (algo comode 0,8 a 1,25%)retardaconsideravelmentea oxidação e a ação da corrosão;adicionalmente,umaço comessas porcentagens de Cromo será maisresistenteà ação de agentesexternos,taiscomo ácidos e outros elementosquímicos que possamocasionar manchas;  uma grande quantidade (a partirde 4%)aumenta a resistência à abrasão;  acima de 11% tem-se considerável aumento daresistência a manchas e oxidação. Manganês É usado paraprevenira formação de bolhas e está presentena maioria dos aços modernos. A adição deste elemento emquantidadesentre 0,3 a 1%,permite extrair o Oxigênio dos aços,evitando a formação de óxidos indesejáveis.Essa mesma funçãodesoxidante é tambémobtida coma adiçãodo Silício,o qual ainda propicia maiortenacidade ao aço (tenacidade é a energia mecânica,ou seja,o impacto necessárioparalevar um material à ruptura.Tenacidade é uma medidade quantidade de energia que ummaterial pode absorver antes de fraturar.Os materiaiscerâmicos,porexemplo,têmuma baixatenacidade). Níquel A maiorfunção deste elemtento de transição é,de fato,a confecçãode aços inoxidáveis.Por sua grande resistênciaà corrosão,é usado paraprevenir a oxidaçãonas facas. É o elementoque realçaaindamais as característicasde tenacidade,alémde contribuir paraa não-ocorrência de fissuras e eventuais distorções e para aumentara resistênciaà oxidação. Diminuia velocidade críticade resfriamentoproduzindoótima penetraçãode têmpera. Vanádio Maisencontradoemaçoscomerciais,serve para facilitar a eliminação de impurezas e no aumento da resistênciaao desgaste. A adiçãode vanádio confere aos aços uma insensibilidade ao super-aquecimento, melhorandosuascaracterísticasde forjamento e usinagem,também aumentaconsideravelmente a resistência de uma liga emrelação à corrosão. Tungstênio Possui propriedadessimilaresao Molibdênio,como auxiliar no aumento dacapacidade de endurecimento. Silício O Silício é usadoemliga como aço a fimde conferir maior resistência. Molibdênio Influencia favoravelmente a dureza,a resistência a quente,a fluência e a temperatura de crescimento de grão de austenita,alémde melhorara penetração da têmperanos aços.Omolibdênionãoé empregadosozinho, poisapresentauma tendência de diminuira tenacidade dos aços. Empequenas quantidades(entre 0,1 e 4%) aumenta a capacidade de endurecimento dos aços inoxidáveis martensíticos. OBS: A austenita é uma fase sólidanãomagnéticaconstituída de ferro na estrutura CFC.É o ponto de partida para váriostratamentostérmicosnasligasde ferro,pois partindo da austenitaé possivel a transformaçãoda liga em váriosmicroconstituintes,como porexemplo a têmpera que consiste na transformação da austenitaem martensitapormeio de umrápido resfriamento dapeça tratadatermicamente.A fase foi denominadaem homenagema ummetalúrgico inglês,sirWilliamChandler Roberts-Austen (1843-1902). Aços martensíticoscontémcromo entre 11,5% e 18,0%. Emfunção da sua composição química,as característicasdessesaçose asaplicaçõesmais comuns são as seguintes:
  • 14.  tipos420:pelarazoável dureza e razoáveltenacidade que adquiremapós adequado tratamento térmico,são empregadosemcutelaria doméstica,instrumentos cirúrgicos,eixos de bomba,válvulas, peçasde motoresa jato,mancaisde esfera,parafusos,buchas,etc.;  tipos440 A,440 B e 440 C:devido ao alto teor de carbono,possuemalta resistência ao desgaste;por isso são empregadoseminstrumentos cirúrgicose odontológicos,mancais de esfera,válvulas,bocais e outrasaplicaçõesemque,alémde resistênciaà corrosão,sejamexigidas altas dureza e resistência ao desgaste. Principais diferenças entre o aço carbono e o aço inoxidável Conhecendo umpoucode cada elementoquímico presente no aços,poderemos agora conhecerumpoucomais sobre as diferenças destesdois tiposde aço. Aço carbono Presentesna esmagadoramaioriadasfacas artesanais,os aços carbonosão resistentes e podemser muito bemafiados,e são utilizadosna cutelaria desde o própriosurgimentodo aço. Uma grande vantagemdo aço carbonoé a possibilidadeda chamada têmpera seletiva,umtratamentotérmico diferenciadono fio emrelação ao dorso da faca.Assim,pode-se ternuma mesma lâminaumfio extremamente duro e umdorso mais mole, garantindoumcorte preciso e diminuindo a possibilidade do quebramento do material. De acordo como padrão AISI,osaçoscarbono simplessão classificados iniciando-se como número 10,e tendonos números subsequentesa porcentagemde carbonona liga.Assim,entende-se que o aço 1095tenha aproximadamente 0,95% de Carbonoemsua composição. Comentário Tocandira: Algumas facas famosas,como o caso das Mora Triflex em aço carbono,utilizama têmpera seletiva,porisso sãotão resistentes e ao mesmo tempo tão afiadas. Aço inoxidável Os açosinoxidáveissão cadavezmaiscomuns e mais desejados no meio da cutelaria.Por seremcapazes de suportarascondiçõeshostisdo ambienteou a negligência do usuário emrelação à manutenção,ele tipode aço é recomendável especialmentepara facas que terão contatosignificativo comestassituações. É válido lembrarque todoaço oxida,oschamadosinoxidáveis,inclusive.Estes,todavia, apresentammaior resistência à oxidação,quandocomparadosaosaçoscarbono. Os aços inoxidáveis mais comuns na cutelariasão os da série 420 e 440,presentesnasfacasmaissimples,os aços AUS-8 e VG-10 e,mais recentemente,o CPM-S30V. Comentário Tocandira: Tenho visto muitas pessoas criticando abertamente facas emaço inoxidável.Se você é o tipo de pessoa que toma cuidado coma conservaçãode suas facas,poderá encontrarno aço carbono um excelente companheiro,sendoumpouco mais fácil de afiar e de mantero fio do que o aço inoxidável,mas essa diferença,do meu ponto de vista,não é gritante.Comvantagens e desvantagens para os dois lados,reproduzo integralmente a opinião de Laércio Gazinhato,a qualcompartilho. O trecho abaixo é uma reprodução integral do texto encontradono site http://www.knifeco.ppg.br/ A “Mágica” Inoxidável As colocaçõesa seguirNÃOsão a apologia ou uma defesa apaixonadadas virtudes de bons aços inoxidáveis, apenasinformaçõestécnicasatendendo a 2 (duas)perguntas quenos são frequentemente feitas. Como,pela simplesadição de Cromo,umaço torna-se inoxidável?Emprimeiro lugar,cumpre esclarecer quea palavra inoxidável (ouseja,não-oxidável)é incorretapara designar essa característica de alguns aços.Omais correto seria a designação “menosmanchável”,uma vez que os aços assimclassificados podemmanchar-se em contatocomcertoselementos/substânciase,emcondições extremas dessecontato,até mesmo oxidarem-se.A resistênciade umaço ditoinoxidável à corrosão é causada pela ocorrência natural de um“filme”,uma película,de rico óxidode Cromo que se forma emsua superfície.Essa película,ou “filme”,é extremamente fina,invisível,inertee muito firmementeaderida ao metal.Quandoa película é quebradapor ação abrasiva,
  • 15. ela naturalmentese auto-repara napresençade oxigênio.E lembre-se:o óxidode ummetal é muito mais duro do que ele próprio,daí porque algumasmodernas pedras de afiarsintéticasseremfeitas de óxidode alumínio. Uma lâmina inoxidável mantémbemo fio? Segundo o célebre cuteleironorte-americanoW.D. Randall,que produziufacasartesanaisdurante 50 (cinquenta)anos,e outros renomados cuteleiros da mesma origem,uma lâmina de bome moderno aço inoxidável adequadamentetemperada e afiadamantémseu fio 90% emrelação a uma que utilize aço-carbonode boaqualidade e nas mesmas condições.Emoutras palavras,uma lâmina de aço inoxidáveladequadamente afiadae emcondições similares de uso perderá seu fio apenas 10% (dez por cento) maisrápido do que uma de aço carbono.É fácil explicar isto:enquanto umbomaço-carbonomoderno necessita ter,fundamentalmente,apenas3 (tres)elementos – Ferro,Carbono e Manganês – umbomaço inoxidável precisater,no mínimo,maisum – o Cromo – e em grande quantidade e isto ocupaespaço,ou seja, é menosmaterialduro. A escolha de umbomaço parauma lâmina é uma questão da preferênciapessoale dos costumes de cada um…e opiniõesindividuaisdevem,sempre,seremrespeitadas.Por outro lado,deve-se tambémconsiderar a maiornatural durabilidade de umbomaço inoxidável,queé estimadacomo sendo 50 (cinquenta)vezes maior do que a de um bomaço-carbono,e sua consequente menormanutenção. Aço Carbono – Classificação SAE By José Luciano Gasparello Filho Motivadopelo meu amigo Gilberto Pinheiro da Rocha,de Hidrolândia-CE, resolviaprenderumpouco mais sobre a classificaçãoSAE,para compreendersobre alguns tipos de açofrequentementeutilizados porcuteleiros artesanais.Vou escreverumpouco do queaprendie tambémdisponibilizaros melhores links que consultei para aprendersobre o assunto. Diversas instituiçõesnormativaspelo mundoestabeleceramcritérios para a designaçãode aços,entre as mais famosas temos:  SAE - Society ofAutomotive Engineers (EUA);  AISI - American Iron and Steel Institute(EUA);  DIN – DeutschesInstitut fürNormung (Alemanha);  ABNT – AssociaçãoBrasileira de Normas Técnicas (Brasil). Quando falamos emaço carbono,a classificação SAEé a mais utilizada pelo mundo.A classificação é feita com4 ou 5 algarismos.Segundo a Wikipédia:“os 2 dígitos finais XX indicamos centésimos da porcentagem de C (Carbono)contida nomaterial,podendo variar entre 05,que corresponde a 0,05% de C,a 95,que corresponde a 0,95% de C.Se a porcentagemde C atingeou ultrapassa 1,00%,entãoo final tem3 dígitos (XXX) e a classificaçãotemumtotal de 5 dígitos“. Veja uma pequenalista de exemplo copiada do fórumCutelaria Artesanal:  SAE 1XXX – aço-Carbono  SAE 2XXX – aço-Níquel  SAE 3XXX – aço-Níquel-Cromo  SAE 4XXX – aço-Molibdênio  SAE 5XXX – aço-Cromo  SAE 6XXX – aço-Cromo-Vanádio  SAE 7XXX – aço-Cromo-Tungstênio  SAE 8XXX, 93XX, 94XX, 97XX e 98XX– aço-Níquel-Cromo-Molibdênio  SAE 92XX – aço-Silício-Manganês Vemos constantemente a designaçãodo aço SAE5160 (ou ABNT 5160) como o aço utilizado porcuteleiros artesanais.Quando o aço temesta designação,a matéria prima para a elaboração da faca pode tersido conseguida a partirde uma mola de automóvel.Tambémé muito comum a construçãode facas a partirde uma lima de boa qualidade,geralmente fabricada comaço SAE1095.Já o aço SAE52.100 pode ser conseguido a partirde rolamentos,e temfama de produzirfacas comótima afiação e retenção de fio.Estas três designaçõessão bemcomuns emcutelaria artesanale são aços que podemproduzirótimas lâminas. Qualo
  • 16. melhor aço? O resultadode uma boa faca depende da técnica do cuteleiro,onde entrama têmpera,o revenimento e a experiência!  SAE 1095: aço com0,95% de Carbono emsua composição;  SAE 5160: aço contendo entre 0,70% e 1,20% de Cromo e 0,6% de Carbono emsua composição;  SAE 52100: aço contendo entre 0,70% e 1,20% de Cromo e 1% de Carbono emsua composição. Por fim, quantomais carbono,mais dura,portanto,menos flexível será a lâmina. Tipos de Desbaste e Afiação (perfis de corte) By José Luciano Gasparello Filho Neste texto você irá compreenderalgumas diferenças entre os vários tipos de facas e,consequentemente,os diferentes modosde afiação,seja para afiar uma faca, um canivete, um facãoou até mesmo um machado. Ilustrado comvídeosde algunsamigos (Giuliano Toniolo e Mac),espero que ao finaldo texto você saiba como afiar uma faca ou qualqueroutroitemde cutelaria.Contei coma colaboraçãode Hélio Cabral Jr para elaborar este artigo. O pedaço de aço que irá se transformaremuma lâmina de faca,em algummomento,precisa serdesbastado para que,então,a faca possa serfinalmente afiada.Abaixo,colei uma imagem de uma faca onde é possível conhecersuasdiferentespartes.Após examinaras partes quecompõe uma faca,atenha-se aos números 4(fio) e 5 (desbaste). A foto e a nomenclatura daspartes da faca foramcopiadas da Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Faca),o restante do texto é exclusividade Tocandira. Partes da faca: 1. Lâmina (conjunto dositens3a 8); 2. Cabo ou empunhadura (conjunto dos itens 9a 11); 3. Ponta ou ponteira; 4. Fio ou gume; 5. Desbaste; 6. Dorso ou contra-fio; 7. Mosca; 8. Ricasso; 9. Guarda; 10. Pomo;
  • 17. 11. Cordão. Tipos de Desbaste Conheceros tiposde desbaste é muito útil na hora de afiar corretamente uma faca.Existem muitas informações disponíveis eminglês,mas estas informações,muitas vezes,nãoconvergema umponto comum,pelo menos no que se refere à nomenclatura dostiposde desbaste.Como não encontreimaterialem português,tentarei traduzir da forma que acheimais adequada para que você possaaprenderos tipos de desbastemais comuns para,depois,afiarcorretamente suasfacas.É importante salientarque estoumostrando apenas os desbastes mais comuns.A partirdeles,existe uma combinação de desbastes que,no fundo,não sãode grande utilidade. Os tipos de desbastemais comuns são:  Côncavo (hollow grind,figura 1): o desbaste côncavoé muito utilizado em navalhas.Facas que recebemeste tipo de desbaste costumamsermuito afiadas,porémpouco resistentes a trabalhos de impacto.Após o desbaste, a lâmina ainda recebe umsegundo desbaste,que vema sero fio da faca. Exemplo de desbaste Côncavo (clique na imagempara ampliar):
  • 18.  Reto (flat grind):o desbaste reto pode serdivido no desbaste totalmente reto (full flat grind,figura 2) ou parcialmente reto (partial flatgrind,figura 3).O desbaste totalmente reto, mais comumem canivetes,é iniciado a partir do dorso da lâmina.O desbaste mais utilizado pela indústria cuteleira é o parcialmente reto. Todas as facas esportivas da Tramontina possuemeste tipo de desbaste (parcialmente reto), que torna a faca mais resistente a trabalhos de impacto.Da mesma forma que o desbaste côncavo, a lâmina tambémreceberá umsegundodesbaste,ou seja,sua afiação. Exemplo de desbaste totalmente reto (clique na imagempara ampliar): Exemplo de desbaste parcialmente reto (clique na imagempara ampliar):  Convexo (convex grind):o exemplo mais comumpara este tipo de desbaste é o machado,onde o desbaste e o fio são uma coisa só (figura 4). Exemplo de desbaste convexo (clique na imagempara ampliar):
  • 19.  Escandinavo (scandi/scandinavian,ou ainda zero grind saber):é igualao desbaste reto(figura 5), porémo fio e o desbaste são uma coisa só,ou seja,só existe o primeiro desbaste.As facas que recebemeste desbaste costumamsermuito afiadas e pouco resistentes a impactos.As famosas facas suecasMora recebemeste tipo de desbaste e afiação. Exemplo de desbaste escandinavo (clique na imagempara ampliar):  Zero (zero grind): é similar ao desbaste totalmente reto (figura 6). A diferença é que não existe o segundodesbaste que seria a afiação.Odesbaste e o fio são uma coisa só.É raramente utilizado por serumdesbasteque torna a lâmina muito frágil, incluí este tipo de desbaste no artigo a título de curiosidade. Eu não useiuma tradução literalpara falar sobre os tipos de desbaste.Preferitraduzir de forma que eu mesmo pudesse compreendermelhorsobre o assunto.Segundo sugestãode Hélio Cabral Jr, para o caso dos desbastes do tipo flat,você tambémpode utilizar o termo plano, ao invés de reto.O importante não é o nome que você usa,mas compreenderas diferenças. Para os desbastescôncavose retos (planos),o tipo de afiação é o mesmo; para afiação convexa,usa-se outra técnica; porfim, facas comdesbaste escandinavo e zero são afiadas de uma terceira maneira. Abaixo seguemalguns vídeosmuito interessantes,elaborados pelo MacColhane e pelo Giuliano Toniolo.Nos vídeos a seguireles ilustramos tipos de desbaste,e como afiar cada tipo.Ao invés de usara palavra “desbaste”, eles preferiram usar“perfilde corte”.Outra diferença da minha nomenclatura coma deles é no desbaste full flat,que vocêsirão perceberjá no primeiro vídeo.Eu preferi a nomenclatura que utilizeineste texto poruma questão puramente pessoal.Acheimais simples explicar da forma que deinomes aos bois.Creio que vocês não terão problemas para compreender,apesardas pequenas diferenças de nomenclatura utilizadas no meu texto e nos excelentes vídeosdo Mac e do Giuliano.
  • 20. Do meu ponto de vista,não existe o certo e o errado,dado à imensidão de nomes diferentes que encontreiem inglês para nomearmesmos tipos de desbaste(ou perfis de corte).Tantoo meu objetivo quantoo do Mac e do Giuliano é o de afiar corretamente cada tipo de faca e não o de polemizar a respeito dos nomes utilizados. Seguemos vídeos: http://www.youtube.com/embed/qBYxkgkYKSE?feature=oembed http://www.youtube.com/embed/MfX1oVr3u-4?feature=oembed http://www.youtube.com/embed/XzH8qYdgLSs?feature=oembed http://www.youtube.com/embed/TmbLfs0raZQ?feature=oembed http://www.youtube.com/embed/2-QZcxjQo7E?feature=oembed Como afiar uma faca By José Luciano Gasparello Filho Não existe só uma receita para afiar facas.No vídeo abaixo,apresentoummodo simples e eficiente para afiação de facas.É um jeito popular,commuitos vídeos parecidos no YouTube.Como a maioria das pessoasnãopossuiuma chaira, comento sobre alguns modos diferentes para assentaro fio. http://www.youtube.com/embed/a59bOWo4SRA?feature=oembed Conservando Facas em Aço Carbono By José Luciano Gasparello Filho As lâminas emaço carbono têma vantagemde seremafiadas mais facilmente que as facas emaço inox. Como desvantagemtemos a facilidade de oxidação (ferrugem) e a fragilidade dessas facas sob estresse (podem quebrar-se).Facas comeste tipo de lâmina funcionammelhorem pederneiras que as facas fabricadas emaço inox. Ao afiar uma faca fabricada comaço carbono,devemos tero cuidadopara nãosuperaquecera lâmina ou estaremos comprometendosuacapacidade de seguraro fio. Como toda ferramenta,uma lâmina em aço carbonodeveserlavada comsabão neutro e seca antes de ser guardada.Para evitara oxidação precoce,tambémé interessante passaruma fina camada de óleo de cozinha ou vaselina antesde guardara faca.Passeo óleo tambémnas partes próximas ao cabo e emtodos os locais onde exista aço.A bainha pode conterumidade,então,se forguardara faca pormuito tempo,é interessanteenvolvê- la em uma folha de PVC antes de embainhá-la. Evite ao máximo tocarna lâmina ao utilizar a faca.O suoré muito agressivopara o aço.Mesmo comalguns cuidados,lâminas emaço carbonoacabamdescolorindo como tempo,mas não perdemsuas qualidades e continuamsendoótimas ferramentas. Caso você seja umcolecionadorde facas,evite guardarsuas facas comas lâminas emcontatoumas comas outras.Isso pode fazercomque suas peçasfiquemriscadas. http://www.youtube.com/embed/zi-vOthVQMM?fs=1&feature=oembed
  • 21. Sistema de aguladores para afiação. Estes foram feitos por mim, sendo nada mais que chapas de aço de 3mmm soldadas na angulação desejada. Os parafusos são para travarem as pedras no lugar e impedir que fiquem se movendo, quer seja de um lado para o outro ou de cima para baixo. O de menor ângulo é de 10 graus; o intermediário de 14 graus e o maior de 19 graus ( deveriam ser 10, 15 e 20... ). É uma questão de facilidade para se manter constante o ângulo quando se faz afiação à mão livre. Basta se posicionar a lâmina sempre na horizontal, e passá-la na pedra sempre mantendo-a na horizontal. O segredo de uma boa afiação é acima de tudo consistência em se manter sempre o mesmo ângulo! Usado corretamente, dá um fio tão bom e uniforme como sistemas caríssimos como o EDge Pr o! Se não tiver máquina de solda pode procurar um serralheiro. A questão de se conseguir os ângulos desejados é pura questão de matemática... Mas fica muito mais fácil, se você usar tranferidor ( acho que o nome é este ) e riscar em um papel A4, usando-se um dos lados do papel como base, o ângulo desejado e fazer moldes dos anguladores a serem produzidos, assim como das "fitas" de aço que serão usadas na sua confecção. Lembrar de levar em consideração a espessura das "fitas" na hora de riscar os moldes das mesmas, pois pode alterar sensilvelmente os ângulos finais se isto não for feito! Alternativamente pode ser feito também em um marceneiro usando-se um bloco de madeira retangular cortado no ângulo desejado. E finalmente para aqueles que queiram ângulos variaveis ( não fixos como estes ), vai aqui um link de um "aparelho" feito por um americano, que parece até mais fácil de fazer que estes meus anguladores: http://www.youtube.com/watch?v=AXhrqfV5jvs Este é o modelo 1.0, mas já tem o 2.0: http://www.youtube.com/user/ewerstruly# ... eWmD5ATBKE Recomendo demais que acessem o usuário que produziu os aparelhos e videos, pois ele tem muito mais vídeos sobre lâminas, afiação e testes de corte que são simplesmente o máximo! Muito instrutivos!
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