George Washington liderou o exército americano durante a Guerra da Independência contra os britânicos entre 1775-1783, levando às vitórias em Yorktown em 1781 e ao reconhecimento formal da independência dos EUA em 1783. Ele mais tarde presidiu a convenção que criou a Constituição dos EUA em 1787 e serviu como o primeiro Presidente dos EUA entre 1789-1797.
2. Da Carreira Militar ao Casamento
Nasci a 22 de Fevereiro de 1732, na Virgínia, vindo de uma família
tradicional, embora abastada. Ajudei-a numa quinta. Mas sempre soube que
o meu sonho era ser diferente. Talvez militar, porque não? Combater o mal,
defender a minha pátria, revolucionar algo (não sabendo como!)… Era tudo
o que eu desejara naqueles tempos remotos.
Cresci, saudável e feliz, a pensar no futuro. Jovem e vigoroso, estive
desde cedo preparado para pertencer a um exército.
Contra franceses, assumi o cargo de tenente-coronel, tentando, de
modo árduo, bani-los de Ohio. Este foi o início da Guerra Franco-Indígena
que, após muitas derrotas (e não esquecendo as grandes vitórias),
determinou o Tratado de Paris.
Fig.1 – Mapa do domínio do noroeste americano
Deixei o exército em 1758, depois de vários anos de luta e guerra. É
provável que tenha decidido mudar de vida; esta era demasiado monótona.
Todavia, ficara hesitante. Parecia um “rapaz mimado” que queria
experimentar tudo, que nunca gostava de nada, que não sabia dar valor ao
que tinha de bom naqueles momentos de júbilo e gratidão. Mas tinha de
arriscar e, sobretudo, prometer-me a mim próprio que era a última vez que
iria cometer aquele possível erro.
Foi então que conheci uma mulher bela. Chamava-se Martha Custis.
Tinha uma história fatídica. O seu marido havia morrido, deixara-a com
quatro filhos e, claro, com a gestão da herança das crianças. Poderia dizer-
se que era uma viúva rica. Porém, o dinheiro não compra a felicidade. E foi
uma felicidade genuína que nos levou a casar, a 6 de janeiro de 1759.
Fomos viver para uma quinta na Virgínia, onde trabalhávamos numa
plantação de tabaco.
3. O Início de uma Liberdade
Em anos anteriores, por volta do século
XVII, os Ingleses fundaram treze colónias na
costa atlântica da América do Norte. Embora
existissem diferenças significativas, havia aspetos
em comum: a língua, o espírito de iniciativa e a
tradição de liberdade de pensamento.
Nos últimos cinquenta anos do século
XVIII, o domínio de Inglaterra face às colónias
americanas começou a originar revoltas. O
lançamento de um imposto sobre o açúcar, o papel
selado e o chá provocou uma má reação aos
colonos, inclusive eu, que apoiávamos
deliberadamente a resistência às prescindíveis
decisões inglesas. Fig.2 – As treze colónias
na época da Independência
Em 1775, os delegados dessas treze colónias concentraram-se em
Filadélfia, com o intuito de discutir as medidas a adotar contra os ingleses.
Eu fui um dos sete representantes da Virgínia.
Passado um ano, houve um novo congresso. Então resolvemos,
sempre corajosos, proclamar a independência da nossa pátria. Esta decisão
marcou o início da Guerra da Independência dos Estados Unidos. Os
colonos tinham uma finalidade comum: derrotar os ingleses e conseguir
obter a liberdade pretendida; contudo, os grupos estavam desorganizados.
15 de julho de 1755 foi um dia que se salientou na minha vida,
apesar de não ter noção do que se poderia seguir. Fui nomeado por John
Adams, importante político, para liderar todos os exércitos, assumindo o
meu posto em Cambridge.
Consegui impor alguma ordem nos 16 mil voluntários. Admito que,
inicialmente, foi um trabalho difícil. Mas, trabalhando juntos, começámos
logo por expulsar os “inimigos” de Boston.
Durante os cinco anos seguintes, continuei a dirigir perfeitamente o
meu exército. Aproveitei-me da ignorância dos ingleses (ou será que nós,
americanos, éramos perspicazes demais?!) e incentivei para que se
desencadeassem conflitos e guerrilhas ocasionais.
4. A Independência justifica a Presidência
Fiz uma aliança com os franceses. E, claro, esperava que eles fossem
fiéis. Assim, além de nós e da França, também a Espanha e a Prússia
entraram em ação. Foi, sobretudo, esta união que determinou a merecida
derrota dos britânicos, na batalha de Yorktown, em 19 de outubro de 1781.
Esta data significou um pequeno passo para mim, mas um grande passo
para os Estados Unidos da América.
Dois anos decorreram, muito rápidos, e eu ficava cada vez mais
velho. Foi então que uma simples colónia, controlada pelos ingleses,
ascendeu a uma grande nação, reconhecida, oficialmente, pelo Reino da
Grã-Bretanha.
Pela primeira vez na História, um território dependente de um reino
tornava-se livre através de um movimento de revolta, de uma revolução
notável… A partir de aí, conseguiu-se o direito à felicidade, ao bem-estar, à
vida. Os pensamentos iluministas tiveram um grande peso nestas inovações
e no que iria ser o novo governo americano, como a separação dos poderes
e a igualdade de todos perante a lei.
Quase no fim do ano de 1783, demiti-me e afastei-me para Mount
Vernon. No entanto, levei comigo recordações jamais inesquecíveis.
Devido a isso, senti-me orgulhoso. Não só por defender a minha pátria
(nada mais do que uma obrigação), mas também por zelar pelos valores
cristãos, os únicos que, por vezes, nos mantém firmes e de cabeça erguida.
Os anos seguintes foram anos de fraternidade, de honra. Fui eleito
por concordância para presidência da União. E é mesmo isso que esse país
representa. Ao apoiar a Constituição de 1787, obtive a aprovação de todos
os estados para que esta fosse estabelecida. Nunca pensara em ter este
cargo, de facto, muito nobre.
Fui reeleito presidente em 1792, agora no segundo mandato, embora
tivesse recusado o terceiro. Já estava cansado e precisava de fazer uma
longa pausa para refletir. Estava a acontecer tudo ao mesmo tempo e eu já
me encontrava bastante confuso. Todavia, a minha desculpa fora “para não
dar mau exemplo”. Foi difícil despedir-me do povo americano, mas aquela
era a altura certa.
Em 1799, tomei a direção de um caminho desconhecido, que me
conduziu à encruzilhada do fim do mundo.
Três anos depois, a minha mulher veio ter comigo. Descobriu o
paraíso onde eu me situava e lá ficámos juntos. A primeira coisa que me
disse quando chegou foi: “És o Pai dos Estados Unidos”. Eu assenti. De
alguma forma, sabia que aquilo que ela dissera era verdade.