SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 6
Poesia Caipira - Velhice  Autor: Carlos Alberto Teixeira (Voz: Dona Míula) “ VÉICE”
Vô contá como é triste, vê a veíce chegá. Vê os cabelo caíno, vê as vista encurtá. Vê as perna trumbicano, com priguiça de andá Vê "aquilo" esmoreceno, sem força pra levantá. As carne vão sumíno, vai pareceno as vêia. As vista diminuíno e cresceno a sombrancêia. As oiça vão encurtando, vão aumentano as orêia. Os ovo dipindurano e diminuíno a pêia.
A veíce é uma doença que dá em todo cristão. Dói os braço, dói as perna, dói os dedo, dói a mão. Dói o figo e a barriga, dói o rim, dói o purmão Dói o fim do espinhaço, dói a corda do cunhão.
Quando a gente fica véio, tudo no mundo acontece. Vai passano pelas ruas e as "minina" se oferece. A gente óia tudo, benza Deus e agradece, correno ligeiro pra casa, ou procurano o INSS.
No tempo que eu era moço, o sol prá mim briava. Eu tinha mir namorada, tudo de bão me sobrava. As minina mai bonita da cidade eu bolinava. Eu fazia todo dia, chega o bichim desbotava. Mas tudo isso passô, faz tempo, ficô pra tráis As coisa que eu fazia, hoje num sô capaiz. O tempo me robô tudo, de uma maneira sagaiz.
Pra falá mesmo a verdade, nem trepá eu trepo mais. Quando chega os setenta, tudo no mundo embaraça. Pega a muié, vai pra cama, aparpa, beija e abraça Porém só faiz duas coisa: Sorta peido e acha graça. Poesia Caipira: Velhice  –  Autor: Carlos Alberto Teixeira  (Voz: Dona Míula)

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Mais procurados (6)

Poema caipira!
Poema caipira!Poema caipira!
Poema caipira!
 
Gran circo belle epoque
Gran circo belle epoqueGran circo belle epoque
Gran circo belle epoque
 
A propósito da pontuação
A propósito da pontuaçãoA propósito da pontuação
A propósito da pontuação
 
Gota D'Água
Gota D'ÁguaGota D'Água
Gota D'Água
 
Trinta Mentiras
Trinta MentirasTrinta Mentiras
Trinta Mentiras
 
Time - Alan Parson's Project
Time  - Alan Parson's ProjectTime  - Alan Parson's Project
Time - Alan Parson's Project
 

Destaque (13)

O caminho da roça
O caminho da roça O caminho da roça
O caminho da roça
 
O realismo no Brasil
O realismo no BrasilO realismo no Brasil
O realismo no Brasil
 
Oracao do matuto
Oracao do matutoOracao do matuto
Oracao do matuto
 
Monteiro lobato power point
Monteiro lobato power pointMonteiro lobato power point
Monteiro lobato power point
 
Tecnologia do abraço por um matuto mineiro
Tecnologia do abraço por um matuto mineiroTecnologia do abraço por um matuto mineiro
Tecnologia do abraço por um matuto mineiro
 
Cerrado
CerradoCerrado
Cerrado
 
O trenzinho do caipira
O trenzinho do caipiraO trenzinho do caipira
O trenzinho do caipira
 
Humildade
HumildadeHumildade
Humildade
 
O Homem Caipira
O Homem CaipiraO Homem Caipira
O Homem Caipira
 
Uai so
Uai soUai so
Uai so
 
Cidades (blog)
Cidades (blog)Cidades (blog)
Cidades (blog)
 
Reforma Íntima
Reforma ÍntimaReforma Íntima
Reforma Íntima
 
Sertanejo raiz
Sertanejo raizSertanejo raiz
Sertanejo raiz
 

Semelhante a Veice

Semelhante a Veice (20)

Poesia caipira
Poesia caipiraPoesia caipira
Poesia caipira
 
Poesia caipira
Poesia caipiraPoesia caipira
Poesia caipira
 
Poesia caipira
Poesia caipiraPoesia caipira
Poesia caipira
 
Poemacaipira 1
Poemacaipira 1 Poemacaipira 1
Poemacaipira 1
 
Coelhinho branco e a cabra cabrês
Coelhinho branco e a cabra cabrêsCoelhinho branco e a cabra cabrês
Coelhinho branco e a cabra cabrês
 
à Sombra do flamboyant
à Sombra do flamboyantà Sombra do flamboyant
à Sombra do flamboyant
 
Noite profunda
Noite profundaNoite profunda
Noite profunda
 
Noite profunda
Noite profundaNoite profunda
Noite profunda
 
Anos603
Anos603Anos603
Anos603
 
Imagens dos anos 60 e 70
Imagens dos anos 60 e 70Imagens dos anos 60 e 70
Imagens dos anos 60 e 70
 
Anos sessenta
Anos sessentaAnos sessenta
Anos sessenta
 
Anos sessenta
Anos sessentaAnos sessenta
Anos sessenta
 
Anos Sessenta e setenta
Anos Sessenta e setentaAnos Sessenta e setenta
Anos Sessenta e setenta
 
ENTRE OS ANOS 50 E 70
ENTRE OS ANOS 50 E 70ENTRE OS ANOS 50 E 70
ENTRE OS ANOS 50 E 70
 
Anossessenta
AnossessentaAnossessenta
Anossessenta
 
ENTRE OS ANOS 50 E 70
ENTRE OS ANOS 50 E 70ENTRE OS ANOS 50 E 70
ENTRE OS ANOS 50 E 70
 
Anos Sessenta e Setenta
Anos Sessenta e SetentaAnos Sessenta e Setenta
Anos Sessenta e Setenta
 
Anossessenta
AnossessentaAnossessenta
Anossessenta
 
Anossessenta
AnossessentaAnossessenta
Anossessenta
 
Poemas Pra CriançAs
Poemas Pra CriançAsPoemas Pra CriançAs
Poemas Pra CriançAs
 

Mais de Mensagens Virtuais (20)

Borboletas 1
Borboletas 1Borboletas 1
Borboletas 1
 
Minha arvore de amigos
Minha arvore de amigosMinha arvore de amigos
Minha arvore de amigos
 
O verbo no infinito
O verbo no infinitoO verbo no infinito
O verbo no infinito
 
A arte de Janene Grende
A arte de Janene GrendeA arte de Janene Grende
A arte de Janene Grende
 
Doce verao florido
Doce verao floridoDoce verao florido
Doce verao florido
 
Flores de verao
Flores de veraoFlores de verao
Flores de verao
 
Delicadas flores de verao
Delicadas flores de veraoDelicadas flores de verao
Delicadas flores de verao
 
Ainda que o vendaval
Ainda que o vendavalAinda que o vendaval
Ainda que o vendaval
 
Hoje eu posso escolher
Hoje eu posso escolherHoje eu posso escolher
Hoje eu posso escolher
 
Virtudes e defeitos
Virtudes e defeitosVirtudes e defeitos
Virtudes e defeitos
 
O voo
O vooO voo
O voo
 
Viver despenteada
Viver despenteadaViver despenteada
Viver despenteada
 
Animais que fazem a cabeca
Animais que fazem a cabecaAnimais que fazem a cabeca
Animais que fazem a cabeca
 
A arte de Genise Marwedel
A arte de Genise MarwedelA arte de Genise Marwedel
A arte de Genise Marwedel
 
A arte surreal
A arte surrealA arte surreal
A arte surreal
 
Desenganos
DesenganosDesenganos
Desenganos
 
Ressuscita me
Ressuscita meRessuscita me
Ressuscita me
 
Bandejas pintadas
Bandejas pintadasBandejas pintadas
Bandejas pintadas
 
Vitoria Regia
Vitoria RegiaVitoria Regia
Vitoria Regia
 
Bocas em flor
Bocas em florBocas em flor
Bocas em flor
 

Veice

  • 1. Poesia Caipira - Velhice Autor: Carlos Alberto Teixeira (Voz: Dona Míula) “ VÉICE”
  • 2. Vô contá como é triste, vê a veíce chegá. Vê os cabelo caíno, vê as vista encurtá. Vê as perna trumbicano, com priguiça de andá Vê "aquilo" esmoreceno, sem força pra levantá. As carne vão sumíno, vai pareceno as vêia. As vista diminuíno e cresceno a sombrancêia. As oiça vão encurtando, vão aumentano as orêia. Os ovo dipindurano e diminuíno a pêia.
  • 3. A veíce é uma doença que dá em todo cristão. Dói os braço, dói as perna, dói os dedo, dói a mão. Dói o figo e a barriga, dói o rim, dói o purmão Dói o fim do espinhaço, dói a corda do cunhão.
  • 4. Quando a gente fica véio, tudo no mundo acontece. Vai passano pelas ruas e as "minina" se oferece. A gente óia tudo, benza Deus e agradece, correno ligeiro pra casa, ou procurano o INSS.
  • 5. No tempo que eu era moço, o sol prá mim briava. Eu tinha mir namorada, tudo de bão me sobrava. As minina mai bonita da cidade eu bolinava. Eu fazia todo dia, chega o bichim desbotava. Mas tudo isso passô, faz tempo, ficô pra tráis As coisa que eu fazia, hoje num sô capaiz. O tempo me robô tudo, de uma maneira sagaiz.
  • 6. Pra falá mesmo a verdade, nem trepá eu trepo mais. Quando chega os setenta, tudo no mundo embaraça. Pega a muié, vai pra cama, aparpa, beija e abraça Porém só faiz duas coisa: Sorta peido e acha graça. Poesia Caipira: Velhice – Autor: Carlos Alberto Teixeira (Voz: Dona Míula)