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Representações e identidade do profissional de Relações Públicas na rede social
Facebook: as tensões, 100 anos depois
Maria Inês Möllmann1
Pâmela da Silva Pochmann2
Valdir José Morigi3
Resumo
Neste artigo analisamos a construção das representações identitárias do profissional de
Relações Públicas tendo como marco histórico um século do início da atividade no
Brasil. O objetivo deste artigo é verificar as tensões dialógicas e suas repercussões na
constituição da identidade profissional. Como locus da pesquisa, foi escolhido o site de
rede social Facebook, em que foram analisados 10 post de 9 páginas no período de 1º de
agosto a 24 de dezembro de 2015. Foram identificadas três eixos temáticos principais
que ancoram as representações sociais do relações-públicas: 1) falta reconhecimento da
profissão; 2) as redes sociais engajam a classe; e 3) “crise” de identidade na profissão.
Palavras-chave
Relações Públicas; Representações Sociais; Identidade Profissional; Análise de
Conteúdo; Facebook.
1. Introdução
A atividade de Relações Públicas completou, em 2015, 100 anos no Brasil, e
durante esse período aconteceram diversas mudanças. Para Marcondes Neto e Ficher
(2014), passou por três etapas específicas que a levaram ao patamar agora vivido: 1)
com o surgimento do Departamento de Relações Públicas, em 1914, pela The São Paulo
Tramway Light and Power Company Limited, a regulamentação da profissão pela Lei
5.377/1967 e a Instituição do Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas,
em 1971; 2) O segundo período abrange o início do regime de acumulação do capital –
por volta de 1970, conforme a proposição de David Harvey (1989) –, até os dias atuais,
período em que as atividades de Relações Públicas se diversificam e se generalizam,
1
Aluna especial do PPGCOM da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação – UFRGS.
Graduada em Relações Públicas e Jornalismo e Especialista em Marketing pela PUCRS,
Professora Universitária. E-mail: mariainesmollmann@gmail.com.
2
Aluna especial do PPGCOM da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação – UFRGS,
graduada em Relações Públicas pela Universidade Feevale. E-mail:
pamelapochmann@gmail.com.
3
Professor doutor do PPGCOM da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação – UFRGS.
Email: valdir.morigi@ufrgs.br.
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tanto em termos práticos, quanto teóricos; 3) os tempos atuais, em que para além de
obter resultados com relações públicas4
, torna-se imperativo cuidar da reputação, não
como estratégia defensiva, mas como argumento de venda, como geração de valor.
Entretanto, apesar de ser uma atividade regulamentada, tendo um Conselho
Profissional para sua fiscalização, a categoria clama pela falta de reconhecimento
perante a sociedade. Braga e Haswani (2008) analisaram o discurso da Lei 5.377/1967 e
do Decreto 63.283/1968 e apontaram que parte do problema vem da regulamentação, do
discurso legal e da falta de uma identidade concisa e objetiva da profissão. Para as
autoras, a ideia não é reduzir ou limitar conceitualmente as Relações Públicas, mas
adotar um discurso que comunique o que a atividade realiza e que possa ser entendido
por qualquer público.
Segundo Alves e Lazzarini (2014), que desenvolveram um estudo sobre a
valorização da profissão, há uma diferença enorme entre o que é ensinado pela
academia em relação à função, atuação e postura do profissional de Relações Públicas e
o que é praticado quando o graduado assume seu posto no mercado. As autoras relatam
que em muitos casos as tarefas de Relações Públicas são realizadas por outros
profissionais da área de comunicação.
Simões e Dornelles (2012) fizeram uma pesquisa sobre o mercado de Relações
Públicas e concluíram que há espaço para estes profissionais, que em empresas de
médio e grande porte comportaria pelo menos um especialista para esta área. O que
ocorre é que as vagas são denominadas com terminações variadas e não com o nome
específico de Relações Públicas. Mesmo assim, o campo vem crescendo e abrangendo
novos cenários, técnicas e ambientes de divulgação, como, por exemplo, as
disponibilizadas pela internet.
Além disso, observamos que há um constante esforço por parte de alguns
profissionais no sentido de esclarecer à sociedade o que é Relações Públicas através de
campanhas de comunicação nos espaços das redes sociais, e que tem repercutido
positivamente. A partir destes fatos levantamos a seguinte indagação: como as tensões
4
Os autores referem-se à obra de KUNSCH, Margarida Maria Krohling (Org.) Obtendo Resultados com Relações
Públicas. São Paulo: Pioneira, 2001. O livro propõe como utilizar adequadamente as relações públicas em benefício
das organizações e da sociedade em geral.
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nas representações sobre a profissão de Relações Públicas repercutem na construção
identitária deste profissional?
O objetivo deste artigo é verificar quais representações sobre a profissão das
Relações Públicas são veiculadas na rede social. Analisamos as manifestações
discursivas, os relatos e as imagens divulgadas na rede social Facebook5
. Ambiente
virtual que vem sendo utilizado pelos profissionais da área quer seja para dar mais
visibilidade ao seu trabalho, contribuindo para o desenvolvimento desse mercado no
Brasil. O estudo é fundamentado a partir da Teoria das Representações Sociais (TRS) de
Moscovici (1984-2003), Domingos Sobrinho (2000), Jovchelovitch (2008) e da
socialização profissional de Dubar (2012). A metodologia adotada é Análise de
Conteúdo, de Bardin (1977).
2. A Teoria das Representações Sociais e as Práticas Profissionais
Partimos da perspectiva de Moscovici (2003), que indaga como as pessoas
convertem conhecimentos científicos em conhecimentos de senso comum. Ele segue
uma perspectiva comunicativa “genética” na apreensão do conhecimento veiculado
dinamicamente no cotidiano e aborda o fenômeno das representações sociais (RS).
Distingue pensamento primitivo, ciência e senso comum, relacionando essas formas de
pensar à realidade do ser humano no curso da história.
As RS são sistemas de valores, ideias e práticas a nós impostas e possuem duas
funções: tornar o mundo convencional e serem prescritivas, o que significa que ninguém
está livre de condicionamentos anteriores. O autor (2003, p. 29) expõe que há dois
universos de pensamento nas sociedades contemporâneas “pensantes”: os reificados (da
ciência) e os consensuais (do senso comum). As ciências são os meios pelos quais
entendemos o universo reificado; as RS abordam o universo consensual, sendo
instituídas pelos processos de ancoragem e objetivação, circulam no cotidiano e
necessitam ser vistas como uma “atmosfera” em relação ao indivíduo ou ao grupo. Para
Moscovici (2003, p. 48), o senso comum é “[...] a forma de compreensão que cria o
substrato das imagens e sentidos, sem o qual nenhuma coletividade pode operar”.
5
Disponível em www.facebook.com.
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O conceito de themata proposto pelo autor valoriza as reflexões sobre temas,
uma vez que elas relevam que nossas idéias (representações), são sempre filtradas
através das falas de outros, um tanto quanto “descoladas” da realidade, e pré-existem
como um “ambiente” sociocultural (2003, p. 216).
As RS não são conteúdos de pensamento passíveis de generalização; são
processos cognitivos e afetivos incompletos de apreensão do mundo e exercem distintas
funções cognitivas e sociais. Desse ponto de vista, anunciam temas comuns,
“genéticos”, que nos unem aos outros, em uma espécie de percepção das ideias
primárias características do objeto a que nos referimos em nossa cultura. A
comunicação e o pensamento somente podem ser compreendidos como modificações de
arcabouços prévios, relativizações culturais, materializações de sentido que extrapolam
a sociedade em que as RS se localizam social e historicamente.
Jovchelovitch (2008) segue a perspectiva de Moscovici ao propor que a
construção do “verdadeiro conhecimento”, ao contrário do que pensam muitos, se dá
separando suas estruturas internas e sujeitos, as comunidades e as culturas que lhe dão
substância e razão de ser. Isto significa que concebemos como “conhecimento
verdadeiro” aquele em que deixamos de lado ruídos causados pelos afetos e pelas
pertenças, ou seja, separado dos contextos da vida cotidiana.
No entanto, as RS estão na base de todos os saberes e elas têm pouco do
impessoal, embora nossa herança cartesiana na forma de ver o mundo nos leve a crer
que o conhecimento é racionalidade pura. Para ela, existe o que se pode denominar de
crença: conhecimento cotidiano, perpassado por intenções, pontos de vista e contextos,
o saber portador de crenças, visões leigas, ideologias, mitos ou superstições.
Existem os contextos do saber, presentes na análise representacional, que são o
“eu – outro – objeto”, a tríade que, para Jovchelovitch (2008), fornece a textura e a
forma para a construção de comunidades e representações. Constitui a tríade o
“contexto de saber”, sendo a linguagem e a comunicação o único caminho para chegar
ao conhecimento. Ela propõe o não relativismo selvagem, mas o engajamento em um
exercício de reconhecimento da diversidade, com o objetivo de compreender que, o que
nos parece “o único tipo ideal” é, de fato, apenas um entre muitos tipos. Um estudo que
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propõe esclarecer o problema da variação nas formas de conhecimento passa por
responder à pergunta: o que esta forma de saber quer representar?
Os diferentes processos representacionais são resultado de variáveis na
arquitetura particular das relações da tríade “eu – outro – objeto”, quais sejam: 1) status
e posicionamento dos interlocutores; 2) laço emocional entre interlocutores e 3) como
eles estabelecem simetrias ou assimetrias no diálogo. Forma-se, para Jovchelovitch
(2008), uma “arquitetura da intersubjetividade”, na qual as representações são estruturas
tríplices, em que há a 1) dimensão subjetiva, afetiva ou pessoal laço emocional entre
interlocutores; 2) a dimensão intersubjetiva, derivada do status e natureza do diálogo; e
3) a dimensão objetiva, relativa a construção do objeto mundo. Ela expõe:
A representação emerge como um processo psicossocial complexo e
rico, envolvendo atores sociais com identidades e vidas emocionais,
que se engajam em relações com outros, que têm razões para fazer o
que fazem e, ao assim agir, põem em prática os propósitos daquilo que
fazem (JOVCHELOVITCH, 2008, p. 174).
São variáveis colocadas em uma matriz, denominados pela autora de
componentes dinâmicos das representações sociais: Quem? Como? Por quê? O Que?
Para quê? Ou seja, os elementos constituintes do processo representacional se
apresentam de diferentes formas e funções, a saber: 1) Quem são os atores, os sujeitos
que as produzem? 2) Como elas ocorrem, ou seja, através de quais práticas
comunicativas? 3) Sobre o que os sujeitos se inter-relacionam, quais os conteúdos? 4)
Por que trocam essas informações e percepções? Por fim, 5) Para que o fazem, ou seja,
quais as funções dessas representações na constituição das práticas sociais.
Domingos Sobrinho (2000) lembra sobre a pertinência do conceito de habitus ou
ethos de posição, tal como desenvolvido por Pierre Bourdieu, para o estudo das RS. O
conceito ajuda a pensar nas construções identitárias profissionais, nas quais se
manifestam as impressões subjetivas sobre seu próprio labor, como um tipo de prática
social. Conforme Domingos Sobrinho (2000) as experiências acumuladas ao longo da
trajetória histórica de um grupo produzem os esquemas de percepção, de pensamento e
de ação que guiam os indivíduos, assegurando-lhes a conformidade e constância de
certas práticas através do tempo. As pessoas que dispõem de um mesmo habitus, mesmo
nos conflitos, se compreendem apenas com meia palavra.
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Coloca o autor que o habitus produz, incessantemente, percepções,
representações, opiniões, desejos, crenças, gestos e toda uma gama interminável de
produções simbólicas. Para Bourdieu, conforme Domingos Sobrinho (2000), é o habitus
que permite articular dialeticamente o ator social e a estrutura social, recuperar o agente
social negligenciado pelo objetivismo e ceder lugar à interação, enfatizada pela
fenomenologia. Para ele “[...] a partir da construção das representações dos diferentes
objetos em disputa dentro de um campo particular do espaço social, que um
determinado grupo vai construindo os traços distintivos de sua identidade”
(DOMINGOS SOBRINHO, 2000, p. 120).
O discurso dos profissionais de Relações Públicas no Facebook coloca em
circulação sentidos, crenças e conhecimentos, cuja gênese é o senso comum. Nele estão
presentes as tensões, que impulsionam mudanças no convencional e no prescritivo e o
fato destes participarem de um mesmo habitus proporciona moldar a identidade
profissional. A seguir, vejamos como se manifestam as tensões nessas representações.
3. As Tensões nas Representações sobre o Profissional de Relações Públicas no
Facebook
Na “teoria do senso comum” das práticas profissionais de Relações Públicas há
conformidades e desacordos, alguns mais persistentes, outros mais recentes, alguns mais
difusos, outros mais resumidos, em constante circulação nas interações sociais dos
especialistas da área, o que é característico das RS. Na identificação dessas tensões,
recorremos à Jovchelovitch (2008). Nossa análise busca, segundo diagrama da autora,
trazer as dimensões das representações sobre as práticas profissionais das Relações
Públicas: 1) a partir dos próprios profissionais da área; 2) quando em inter-atuações pela
rede social Facebook; 3) sobre suas realizações, expectativas e opiniões presentes,
passadas ou futuras, ou as de seus colegas; 4) imbuídos de motivos e intenções pessoais
e emocionais; 5) em suas pertenças relativas a esse mundo profissional.
Para analisar as representações sobre as práticas da profissão de Relações
Públicas, recortamos textos de profissionais da área publicados no Facebook e optamos
pela Análise de Conteúdo, que segundo Bardin (1977), visa obter indicadores
(quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às
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condições de produção/recepção (variáveis inferidas) das mensagens. Como analisamos
práticas profissionais, utilizamos a proposta de Dubar (2012), para quem a socialização
profissional toma o trabalho como um processo de construção e reconhecimento de si.
Ao buscarmos material na Web, que conforme Recuero6
(2014), permite que as
interações sejam percebidas, mantendo os rastros sociais dos atores registrados,
possibilita, também, o acesso às postagens em um site de redes sociais até que o autor
da mesma as apague ou a página saia do ar. Como salienta Alf (2015), as redes sociais
são ambientes propícios a diálogos e para que se formem grupos de relacionamento em
torno de discussões comuns. Expõe ele:
É por meio das redes sociais que profissionais, estudantes e
simpatizantes das Relações Públicas estão se encontrando. É um
movimento que vem ganhando força, uma troca silenciosa e ao mesmo
tempo barulhenta de angústias, ideias e ideais. A internet não será o
começou ou o fim, mas sim o meio de permitir tudo isso (ALF, 2015, p.
10).
A partir da análise dos textos e das imagens dos profissionais de Relações
Públicas publicadas no Facebook, destacamos algumas sequências que expressam as
principais tensões nas representações do profissional das Relações Públicas no Brasil.
As agrupamos por temas: Conceito de Relações Públicas; Academia versus Mercado;
Identidade Profissional; Sistema CONFERP; e Práticas Profissionais.
No Facebook há várias páginas específicas de Relações Públicas e as
selecionadas são: RP Brasil7
, ABRP RS SC8
, Fala Mais RP9
, RP Depressão10
, RP +
RP11
, Versátil RP12
, CONFERP13
e CONRERP 4ª Região14
. Nestas, analisamos as
tensões nas representações sobre as práticas do profissional de Relações Públicas, entre
os seguidores (profissionais de Relações Públicas, estudantes e simpatizantes), durante
o período de 1º de agosto de 2015 a 24 de dezembro de 2015, incluindo aí o Dia
6
A autora fala ainda que o Facebook congregava, em maio de 2013, mais de 1,1 bilhões de usuários ativos dos quais
mais de 70 milhões deles estão no Brasil hoje.
7
Disponível em <https://www.facebook.com/rpbrasil/?fref=ts>. Acesso em 02/12/2015
8
Disponível em <https://www.facebook.com/abrprssc/?fref=ts>. Acesso em 02/12/2015
9
Disponível em <https://www.facebook.com/falamaisrp/?fref=ts>. Acesso em 20/11/2015.
10
Disponível em <https://www.facebook.com/rpdepressao/?fref=ts>. Acesso em 11/12/2015.
11
Disponível em <https://www.facebook.com/RPmaisRP/?fref=ts>. Acesso em 22/08/2015.
12
Disponível em <https://www.facebook.com/VersatilRP/?fref=photo>. Acesso em 02/12/2015.
13
Disponível em <https://www.facebook.com/SistemaConferp/?fref=ts>. Acesso em 01/09/2015.
14
Disponível em <https://www.facebook.com/conrerp4/?fref=ts>. Acesso em 20/10/2015.
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Nacional das Relações Públicas no Brasil, 2 de dezembro, em que ocorreram diversas
manifestações.
A partir da análise do material publicado observamos a formação de três
categorias, eixos temáticos ancorando as representações sociais sobre a profissão: a)
Reconhecimento da profissão de Relações Públicas no Brasil; b) As redes sociais e o
profissional de Relações Públicas e c) “Crise” de identidade na profissão de Relações
Públicas. A seguir, a caracterização de cada uma delas, considerando as imagens e os
textos postados que fazem referência aos atributos dos profissionais de Relações
Públicas no Facebook.
3.1 O reconhecimento da profissão de Relações Públicas no Brasil
Neste eixo temático, trabalhamos dois elementos: conceito de Relações Públicas
e práticas profissionais. Em relação às representações do profissional de Relações
Públicas observamos que, mesmo passado um século do início da profissão no País, ela
é menos reconhecida do que deseja a categoria, que anseia por visibilidade social, como
verificamos nas postagens que fazem referência às compreensões sobre a profissão.
Figura 1 Figura 2
Fonte: Facebook RP + RP Fonte: Facebook Versátil RP
Na Figura 1, aparece a frase: “Você sabe o que é caviar? E Relações Públicas?”;
e, na Figura 2, “2 de dezembro Dia Nacional das Relações Públicas. Sério? O que eles
fazem?”. Identificamos a alusão ao fato de muitos não saberem o que é a profissão e o
que os relações-públicas fazem.
Aqui percebemos como o habitus de Domingos Sobrinho (2000), configura-se
entre os relações-públicas que interagiram na publicação em torno da falta de
entendimento da profissão. Os seguidores da página identificam-se entre si e conversam
sobre essa recorrente tensão da área, como verificamos pelos comentários: “mas não era
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só as pesquisas de público alvo? e café?”; “Luan Felipe, agora você sabe o que eu
faço”; “Todo santo dia a mesma pergunta, né? Ainda bem que amamos RP e adoramos
falar sobre o assunto”. Os que se manifestaram em torno desse conteúdo demonstraram
que compreendem o contexto e a falta de espaço para o profissional, reforçando assim, a
presença de representações que depreciam as Relações Públicas no Brasil.
A estratégia de comunicação expressa na (Figura 1) associa a música
popularmente conhecida “Caviar” de Zeca Pagodinho, a um produto, no senso comum,
considerado símbolo de “sofisticação” e de consumo elitizado, para explicar o que é a
profissão de Relações Públicas. Mostra que as competências do profissional são pouco
conhecidas pela sociedade.
Muitos profissionais não se identificam como relações-públicas, o que dificulta
o seu reconhecimento social. Além disso, muitas competências que compõem as
práticas profissionais dos relações-públicas possuem diferentes terminologias na área o
que contribui para encobrir a identidade dos profissionais. Na figura 4 (abaixo), onde se
indaga: “Relações Públicas é igual a marketing? É jornalismo? É publicidade?”.
Observamos que o profissional é identificado e, muitas vezes, confundido com outros
profissionais da área da Comunicação Social: jornalistas e publicitários. Nos
comentários desse post, vemos as seguintes expressões: “Não! Publicitários e
marqueteiros são respeitados no mercado”, “Relações Públicas? O que é isso? Nunca
ouvi falar!” As frases explicitam como os profissionais se autopercebem no mercado e
como isso auxilia na construção da identidade da profissão. Na figura 3 (abaixo) a
estratégia de comunicação positiva ao anunciar o profissional de Relações Públicas está
associada a celebridades conhecidas nacional e internacionalmente. As frases dos
comentários reforçam esse aspecto: “Relações Públicas transformam pessoas comuns
em heróis de verdade”. Esse post gerou comentários positivos dos seguidores da página,
como “Orgulho que não cabe aqui!” e “RP para sempre”.
Figura 3 Figura 4
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Fonte: Facebook Fala mais, RP Fonte: Facebook RP Depressão
Vimos que circulam nas práticas comunicativas diferentes representações sobre
os profissionais de Relações Públicas. Elas remetem a sentidos positivos e negativos
sobre as práticas da profissão, ao mesmo tempo em que expõe as fragilidades do
profissional no processo de construção da identidade do grupo.
3.2 Tensão em relação à formação acadêmica do relações-públicas e o mercado
Neste eixo que envolve a tensão nas representações do profissional entre a formação
acadêmica e as exigências do mercado observamos nas Figuras 5 e 6, a importância da
atualização (Figura 6) e autores que são base para as Relações Públicas durante a
graduação (Figura 5).
Figura 5 Figura 6
Fonte: Facebook RP Depressão Fonte: Facebook ABRP RS/SC
Na figura 5, que faz uma homenagem ao Dia do Professor, são citados autores
principais das teorias de Relações Públicas: “Prova de quinta: Kunsch, Simões,
Peruzzo, França, Lágrimas”. De forma bem humorada, a página fala sobre assuntos que
são habituais em provas da graduação em Relações Públicas e nos comentários os
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seguidores identificam-se e contribuem: “Lágrimas é um assunto fixo nas minhas
provas”, “Falta o Gruning15
e a Ferrari”.
Retomamos com esse post o conceito de themata de Moscovici (1984-2003), ao
nos depararmos com reflexões, ideias e representações que são apontadas por discursos.
Ou seja, os conceitos que os profissionais da área utilizam, geralmente transmitidos por
professores e autores da área. As concepções a respeito do curso de graduação e as suas
práticas são impostas através dos conteúdos das disciplinas que compõem a grade
curricular do curso de Relações Públicas
A formação em Relações Públicas é ampla, o que possibilita que o profissional
atue em várias áreas, por exemplo: eventos, comunicação interna, gerenciamento de
crises e planejamento de comunicação. Segundo Simões e Dornelles (2012), muitos
profissionais focam na atualização para estarem mais preparados, inclusive por conta de
a graduação destacar mais superficialmente alguns assuntos. Como na Figura 6, que traz
um curso específico de “RP e Comunicação Governamental”. Sabemos que essa
abrangência da área pode ser favorável, mas não é percebida, pois os profissionais de
Relações Públicas são contratados para exercerem atividades variadas, com
especificações diferentes.
Assim, percebe-se que há uma tensão entre a formação acadêmica e atuação no
mercado, entre o “universo reificado” da ciência das Relações Públicas e o “universo
consensual” das práticas da profissão (MOSCOVICI, 1984-2003).
3.3 “Crise” de identidade na profissão de Relações Públicas
Para analisar o eixo “crise” de identidade deste profissional dividimos as
imagens nas subcategorias: Identidade Profissional e Sistema CONFERP, conforme as
Figuras 7, 8, 9 e 10, que seguem.
• Identidade Profissional:
Figura 7 Figura 8
15
O nome correto do autor é James E. Grunig.
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Fonte: Facebook RP Brasil Fonte: Facebook ABRP RS/SC
• Sistema CONFERP:
Figura 9 Figura 10
Fonte: Facebook Conferp Fonte: Facebook Conrerp 4ª Região
Observamos que nas manifestações das publicações há menções sobre o
desconhecimento em relação à profissão. Ao mesmo tempo aparece um post com a
seguinte frase (Figura 8): “02 de dezembro – Dia Nacional das Relações Públicas. A
melhor profissão da galáxia”16
. Isso é reforçado no seguinte texto: “Quem concorda
compartilha. A profissão de Relações Públicas vem crescendo e ocupando espaços
cada vez maiores e importantes no mercado. Este espaço requer que o profissional se
prepare, tenha as ferramentas certas e esteja pronto para enfrentar todas as
adversidades. É hora de comemorar suas conquistas e parabenizar todos os
profissionais!” (Figura 8). Nos comentários os seguidores manifestam-se em apoio,
elevando a autoestima com a frase “A melhor de todas!”. Essa frase, de efeito positivo,
motiva os profissionais a buscar possibilidades de um futuro melhor para as Relações
Públicas no Brasil.
16
Postagem que obteve 41 compartilhamentos, gerando um número considerável de envolvimento dos seguidores da
página da ABRP RS/SC – Associação Brasileira de Relações Públicas – Rio Grande do Sul/ Santa Catarina.
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Nesse sentido, a posição da seccional gaúcha e catarinense da ABRP, tem
desempenhando seu papel, incentivando a participação da categoria, em especial, na
comemoração da sua data máxima. Como ressaltam Alves e Lazzarini (2014) é
imprescindível que “[...] os novos profissionais continuem, ainda mais com o centenário
da profissão, a divulgar o que fazem, terem orgulho disso e tornar a profissão conhecida
e admirada pela população. Este continua sendo o grande desafio da categoria”.
No post da página RP Brasil (Figura 7)17
, a mensagem era: “É HOJE! Parabéns
para você que veste a camisa e tem orgulho de ser RP! Parabéns a todos que lutam
diariamente pela valorização da profissão no nosso país! Parabéns profissionais,
professores, estudantes e vestibulandos de RP. Hoje é nosso dia! Pode ser um pouco
complicado explicar o que é um RP, mas mais complicado ainda é explicar a paixão
pela profissão!”. O texto publicado pela RP Brasil refere, principalmente, à luta diária
dos profissionais, pelo apelo e entusiasmo de quem está nessa área, mesmo, em muitos
casos, não sendo reconhecido pelas suas ações e melhorias.
Vemos que esse tipo de manifestação repercute diretamente na visão do
profissional, pois possibilita que o mesmo perceba seu desempenho no mercado de
trabalho, o que auxilia na construção da sua identidade profissional. A esse respeito
Oliveira et al (2014, p. 311) afirmam:
Podemos, assim, aventar que a falta de valoração e reconhecimento da
atividade de relações públicas causa o enfraquecimento da identidade
da profissão. Por sua vez, isso influencia negativamente a
autopercepção e a identidade individual daquele profissional que tenta
exercer a função de relações-públicas sem encontrar no mercado
espaços onde atuar, levando-o a buscar e/ou assumir outro papel e/ou
identidade. Em outras palavras, a sociedade e o mercado de trabalho
podem não confirmar ou confirmar, reforçar ou negar, e desencadear
um processo de (re) construção da identidade profissional e individual
(OLIVEIRA et al, 2014, p. 311).
Observamos que há um esforço tanto de profissionais quanto da associação e do
conselho de classe pelo aumento da estima e exposição das Relações Públicas. O
conselho da categoria – CONFERP18
- busca atrair os profissionais e mantê-los
atualizados através da sua participação em congressos e cursos, como vemos pelas duas
17
O recado promoveu engajamento de muitos seguidores, tendo 1.445 compartilhamentos, 179 comentários e 1.767
curtidas.
18
Conselho Federal dos profissionais de Relações Públicas.
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publicações que escolhemos na categoria “Sistema CONFERP” (Figuras 9 e 10). O
Conselho criou a hashtag “#façopartedotimerp” apresentando especialistas da área e
discorrendo sobre a necessidade do registro profissional, pois há muitos profissionais
que o fazem. No entanto, o registro é necessário para exercer a profissão. Aí
percebemos mais uma tensão em relação ao Sistema CONFERP e o objetivo da
campanha desenvolvida no Facebook, mostrando os relações-públicas com o seu
registro profissional. Entendemos que esses fatores e os cursos de graduação das
universidades contribuem para gerar a identidade profissional dos relações-públicas.
4. Conclusões
Percebemos com o estudo que as tensões nas representações do relações-
públicas sobre sua prática profissional configuram themata – conceito que valoriza as
reflexões sobre temas que pré-existem num “ambiente” sociocultural específico. Assim
considerando, tornou-se “senso comum” desta profissão, ausências de prestígio
profissional, o que está “enraizado” nas relações internas.
O engajamento da categoria profissional nessa rede, ao buscar a “gênese” das
representações, configurou nas tensões dialógicas a themata entre a formação
acadêmica e posterior aplicação desse universo de conhecimentos no mercado de
trabalho. E, na sequência, conformou a “crise” de identidade, com o questionamento do
papel do conselho de classe.
Ao retomar a indagação inicial - analisar como as tensões nas representações
sobre a profissão de Relações Públicas repercutem na construção identitária deste
profissional - verificamos que as páginas analisadas do Facebook se constituem em um
lugar de mediação. Os membros da categoria, ao compartilharem suas representações,
elaboraram um guia de ação do grupo sobre suas práticas profissionais.
Entendemos que a continuidade de pesquisas nesta temática para aprofundar
estudos acerca destas representações sociais e da identidade profissional dos relações-
públicas é necessária. A incessante elaboração de “universos consensuais” requer
investigações renovadas, que auxiliem na compreensão histórica da formação da
categoria, que há pouco mais de 100 anos, iniciou as atividades no Brasil.
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Referências
ALF, Guilherme. Adeus, golfinho feio. O Manual do Novo RP. Edição 02/15. Disponível em
<http://www.guilhermealf.com.br/>. Não paginado. Acesso em 17/11/2015.
ALVES, Larissa de Araújo; LAZZARINI, Sônia A. Martins. Da Campanha de Valorização da
Profissão aos 100 de Relações Públicas: Algo mudou? In: INTERCOM – Sociedade Brasileira
de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. Foz do Iguaçu: XXXVII Congresso Brasileiro
de Ciências da Comunicação, 2014. Disponível em
<http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2014/resumos/R9-0161-1.pdf>. Acesso em
17/11/2015.
BRAGA, Luciana Mendes; HASWANI, Mariângela Furlan. Um olhar sobre as Relações
Públicas, segundo a Lei 5.377 e o Decreto 63.283: as implicações do discurso legal sobre a
identidade da profissão. In: INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da
Comunicação. Natal, RN: XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2008.
Disponível em <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2008/resumos/R3-2137-1.pdf>.
Acesso em 17/11/2015.
DOMINGOS SOBRINHO, Moisés. Habitus e Representações Sociais: Questões para o Estudos
de Identidades Coletivas. In: MOREIRA, Antonio Silva Paredes; OLIVEIRA, Denize Cristina
de (orgs.). Estudos Interdisciplinares de Representação Social. 2. ed. Goiânia: AB, 2000.
DUBAR, Claude. A construção de si pela atividade de trabalho. A socialização profissional.
Cadernos de Pesquisa. Vol. 42. Nº 146 São Paulo. Maio/Agosto 2012. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742012000200003> .
Acesso em 14/03/2016.
JOVCHELOVITCH, Sandra. As formas e as funções do saber. In: ______. Os contextos do
Saber: representações, comunidade e cultura. Petrópolis: RJ; Vozes 2008. 168-211p.
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Rio de Janeiro, Conceito Editorial, 2014.
MOSCOVICI, Serge. Representações Sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis,
RJ: Vozes, 2003.
OLIVEIRA, Josilene Ribeiro et al. As múltiplas faces de uma profissão: Identidade e
Representações da Profissão de Relações Públicas. Comunicologia – Revista de Comunicação e
Epistemologia da Universidade Católica de Brasília, vol. 7, n. 1, 303–328. Brasília, 2014.
Disponível em <http://portalrevistas.ucb.br/index.php/RCEUCB/article/viewFile/5639/3609>.
Acesso em 10/12/2015.
RECUERO, Raquel. Curtir, compartilhar, comentar: trabalho de face, conversação e redes
sociais no Facebook In: Verso e Reverso, XXVIII(68):114-124, maio-agosto 2014. Disponível
em <http://revistas.unisinos.br/index.php/versoereverso/article/view/ver.2014.28.68.06>.
Acesso em 16/02/2016.
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SIMÕES, Roberto José Porto; DORNELLES, Souvenir Maria Graczyk. O Mercado Oculto de
Relações Públicas. In: DORNELLES, Souvenir Maria Graczyk (org.). Relações Públicas:
construindo relacionamentos estratégicos. Porto Alegre, RS: EDIPUCRS, 2012.
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REPRESENTAÇÕES E IDENTIDADE DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS NA REDE SOCIAL FACEBOOK: AS TENSÕES, 100 ANOS DEPOIS

  • 1. Representações e identidade do profissional de Relações Públicas na rede social Facebook: as tensões, 100 anos depois Maria Inês Möllmann1 Pâmela da Silva Pochmann2 Valdir José Morigi3 Resumo Neste artigo analisamos a construção das representações identitárias do profissional de Relações Públicas tendo como marco histórico um século do início da atividade no Brasil. O objetivo deste artigo é verificar as tensões dialógicas e suas repercussões na constituição da identidade profissional. Como locus da pesquisa, foi escolhido o site de rede social Facebook, em que foram analisados 10 post de 9 páginas no período de 1º de agosto a 24 de dezembro de 2015. Foram identificadas três eixos temáticos principais que ancoram as representações sociais do relações-públicas: 1) falta reconhecimento da profissão; 2) as redes sociais engajam a classe; e 3) “crise” de identidade na profissão. Palavras-chave Relações Públicas; Representações Sociais; Identidade Profissional; Análise de Conteúdo; Facebook. 1. Introdução A atividade de Relações Públicas completou, em 2015, 100 anos no Brasil, e durante esse período aconteceram diversas mudanças. Para Marcondes Neto e Ficher (2014), passou por três etapas específicas que a levaram ao patamar agora vivido: 1) com o surgimento do Departamento de Relações Públicas, em 1914, pela The São Paulo Tramway Light and Power Company Limited, a regulamentação da profissão pela Lei 5.377/1967 e a Instituição do Conselho Federal de Profissionais de Relações Públicas, em 1971; 2) O segundo período abrange o início do regime de acumulação do capital – por volta de 1970, conforme a proposição de David Harvey (1989) –, até os dias atuais, período em que as atividades de Relações Públicas se diversificam e se generalizam, 1 Aluna especial do PPGCOM da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação – UFRGS. Graduada em Relações Públicas e Jornalismo e Especialista em Marketing pela PUCRS, Professora Universitária. E-mail: mariainesmollmann@gmail.com. 2 Aluna especial do PPGCOM da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação – UFRGS, graduada em Relações Públicas pela Universidade Feevale. E-mail: pamelapochmann@gmail.com. 3 Professor doutor do PPGCOM da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação – UFRGS. Email: valdir.morigi@ufrgs.br. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
  • 2. tanto em termos práticos, quanto teóricos; 3) os tempos atuais, em que para além de obter resultados com relações públicas4 , torna-se imperativo cuidar da reputação, não como estratégia defensiva, mas como argumento de venda, como geração de valor. Entretanto, apesar de ser uma atividade regulamentada, tendo um Conselho Profissional para sua fiscalização, a categoria clama pela falta de reconhecimento perante a sociedade. Braga e Haswani (2008) analisaram o discurso da Lei 5.377/1967 e do Decreto 63.283/1968 e apontaram que parte do problema vem da regulamentação, do discurso legal e da falta de uma identidade concisa e objetiva da profissão. Para as autoras, a ideia não é reduzir ou limitar conceitualmente as Relações Públicas, mas adotar um discurso que comunique o que a atividade realiza e que possa ser entendido por qualquer público. Segundo Alves e Lazzarini (2014), que desenvolveram um estudo sobre a valorização da profissão, há uma diferença enorme entre o que é ensinado pela academia em relação à função, atuação e postura do profissional de Relações Públicas e o que é praticado quando o graduado assume seu posto no mercado. As autoras relatam que em muitos casos as tarefas de Relações Públicas são realizadas por outros profissionais da área de comunicação. Simões e Dornelles (2012) fizeram uma pesquisa sobre o mercado de Relações Públicas e concluíram que há espaço para estes profissionais, que em empresas de médio e grande porte comportaria pelo menos um especialista para esta área. O que ocorre é que as vagas são denominadas com terminações variadas e não com o nome específico de Relações Públicas. Mesmo assim, o campo vem crescendo e abrangendo novos cenários, técnicas e ambientes de divulgação, como, por exemplo, as disponibilizadas pela internet. Além disso, observamos que há um constante esforço por parte de alguns profissionais no sentido de esclarecer à sociedade o que é Relações Públicas através de campanhas de comunicação nos espaços das redes sociais, e que tem repercutido positivamente. A partir destes fatos levantamos a seguinte indagação: como as tensões 4 Os autores referem-se à obra de KUNSCH, Margarida Maria Krohling (Org.) Obtendo Resultados com Relações Públicas. São Paulo: Pioneira, 2001. O livro propõe como utilizar adequadamente as relações públicas em benefício das organizações e da sociedade em geral. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
  • 3. nas representações sobre a profissão de Relações Públicas repercutem na construção identitária deste profissional? O objetivo deste artigo é verificar quais representações sobre a profissão das Relações Públicas são veiculadas na rede social. Analisamos as manifestações discursivas, os relatos e as imagens divulgadas na rede social Facebook5 . Ambiente virtual que vem sendo utilizado pelos profissionais da área quer seja para dar mais visibilidade ao seu trabalho, contribuindo para o desenvolvimento desse mercado no Brasil. O estudo é fundamentado a partir da Teoria das Representações Sociais (TRS) de Moscovici (1984-2003), Domingos Sobrinho (2000), Jovchelovitch (2008) e da socialização profissional de Dubar (2012). A metodologia adotada é Análise de Conteúdo, de Bardin (1977). 2. A Teoria das Representações Sociais e as Práticas Profissionais Partimos da perspectiva de Moscovici (2003), que indaga como as pessoas convertem conhecimentos científicos em conhecimentos de senso comum. Ele segue uma perspectiva comunicativa “genética” na apreensão do conhecimento veiculado dinamicamente no cotidiano e aborda o fenômeno das representações sociais (RS). Distingue pensamento primitivo, ciência e senso comum, relacionando essas formas de pensar à realidade do ser humano no curso da história. As RS são sistemas de valores, ideias e práticas a nós impostas e possuem duas funções: tornar o mundo convencional e serem prescritivas, o que significa que ninguém está livre de condicionamentos anteriores. O autor (2003, p. 29) expõe que há dois universos de pensamento nas sociedades contemporâneas “pensantes”: os reificados (da ciência) e os consensuais (do senso comum). As ciências são os meios pelos quais entendemos o universo reificado; as RS abordam o universo consensual, sendo instituídas pelos processos de ancoragem e objetivação, circulam no cotidiano e necessitam ser vistas como uma “atmosfera” em relação ao indivíduo ou ao grupo. Para Moscovici (2003, p. 48), o senso comum é “[...] a forma de compreensão que cria o substrato das imagens e sentidos, sem o qual nenhuma coletividade pode operar”. 5 Disponível em www.facebook.com. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
  • 4. O conceito de themata proposto pelo autor valoriza as reflexões sobre temas, uma vez que elas relevam que nossas idéias (representações), são sempre filtradas através das falas de outros, um tanto quanto “descoladas” da realidade, e pré-existem como um “ambiente” sociocultural (2003, p. 216). As RS não são conteúdos de pensamento passíveis de generalização; são processos cognitivos e afetivos incompletos de apreensão do mundo e exercem distintas funções cognitivas e sociais. Desse ponto de vista, anunciam temas comuns, “genéticos”, que nos unem aos outros, em uma espécie de percepção das ideias primárias características do objeto a que nos referimos em nossa cultura. A comunicação e o pensamento somente podem ser compreendidos como modificações de arcabouços prévios, relativizações culturais, materializações de sentido que extrapolam a sociedade em que as RS se localizam social e historicamente. Jovchelovitch (2008) segue a perspectiva de Moscovici ao propor que a construção do “verdadeiro conhecimento”, ao contrário do que pensam muitos, se dá separando suas estruturas internas e sujeitos, as comunidades e as culturas que lhe dão substância e razão de ser. Isto significa que concebemos como “conhecimento verdadeiro” aquele em que deixamos de lado ruídos causados pelos afetos e pelas pertenças, ou seja, separado dos contextos da vida cotidiana. No entanto, as RS estão na base de todos os saberes e elas têm pouco do impessoal, embora nossa herança cartesiana na forma de ver o mundo nos leve a crer que o conhecimento é racionalidade pura. Para ela, existe o que se pode denominar de crença: conhecimento cotidiano, perpassado por intenções, pontos de vista e contextos, o saber portador de crenças, visões leigas, ideologias, mitos ou superstições. Existem os contextos do saber, presentes na análise representacional, que são o “eu – outro – objeto”, a tríade que, para Jovchelovitch (2008), fornece a textura e a forma para a construção de comunidades e representações. Constitui a tríade o “contexto de saber”, sendo a linguagem e a comunicação o único caminho para chegar ao conhecimento. Ela propõe o não relativismo selvagem, mas o engajamento em um exercício de reconhecimento da diversidade, com o objetivo de compreender que, o que nos parece “o único tipo ideal” é, de fato, apenas um entre muitos tipos. Um estudo que Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
  • 5. propõe esclarecer o problema da variação nas formas de conhecimento passa por responder à pergunta: o que esta forma de saber quer representar? Os diferentes processos representacionais são resultado de variáveis na arquitetura particular das relações da tríade “eu – outro – objeto”, quais sejam: 1) status e posicionamento dos interlocutores; 2) laço emocional entre interlocutores e 3) como eles estabelecem simetrias ou assimetrias no diálogo. Forma-se, para Jovchelovitch (2008), uma “arquitetura da intersubjetividade”, na qual as representações são estruturas tríplices, em que há a 1) dimensão subjetiva, afetiva ou pessoal laço emocional entre interlocutores; 2) a dimensão intersubjetiva, derivada do status e natureza do diálogo; e 3) a dimensão objetiva, relativa a construção do objeto mundo. Ela expõe: A representação emerge como um processo psicossocial complexo e rico, envolvendo atores sociais com identidades e vidas emocionais, que se engajam em relações com outros, que têm razões para fazer o que fazem e, ao assim agir, põem em prática os propósitos daquilo que fazem (JOVCHELOVITCH, 2008, p. 174). São variáveis colocadas em uma matriz, denominados pela autora de componentes dinâmicos das representações sociais: Quem? Como? Por quê? O Que? Para quê? Ou seja, os elementos constituintes do processo representacional se apresentam de diferentes formas e funções, a saber: 1) Quem são os atores, os sujeitos que as produzem? 2) Como elas ocorrem, ou seja, através de quais práticas comunicativas? 3) Sobre o que os sujeitos se inter-relacionam, quais os conteúdos? 4) Por que trocam essas informações e percepções? Por fim, 5) Para que o fazem, ou seja, quais as funções dessas representações na constituição das práticas sociais. Domingos Sobrinho (2000) lembra sobre a pertinência do conceito de habitus ou ethos de posição, tal como desenvolvido por Pierre Bourdieu, para o estudo das RS. O conceito ajuda a pensar nas construções identitárias profissionais, nas quais se manifestam as impressões subjetivas sobre seu próprio labor, como um tipo de prática social. Conforme Domingos Sobrinho (2000) as experiências acumuladas ao longo da trajetória histórica de um grupo produzem os esquemas de percepção, de pensamento e de ação que guiam os indivíduos, assegurando-lhes a conformidade e constância de certas práticas através do tempo. As pessoas que dispõem de um mesmo habitus, mesmo nos conflitos, se compreendem apenas com meia palavra. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
  • 6. Coloca o autor que o habitus produz, incessantemente, percepções, representações, opiniões, desejos, crenças, gestos e toda uma gama interminável de produções simbólicas. Para Bourdieu, conforme Domingos Sobrinho (2000), é o habitus que permite articular dialeticamente o ator social e a estrutura social, recuperar o agente social negligenciado pelo objetivismo e ceder lugar à interação, enfatizada pela fenomenologia. Para ele “[...] a partir da construção das representações dos diferentes objetos em disputa dentro de um campo particular do espaço social, que um determinado grupo vai construindo os traços distintivos de sua identidade” (DOMINGOS SOBRINHO, 2000, p. 120). O discurso dos profissionais de Relações Públicas no Facebook coloca em circulação sentidos, crenças e conhecimentos, cuja gênese é o senso comum. Nele estão presentes as tensões, que impulsionam mudanças no convencional e no prescritivo e o fato destes participarem de um mesmo habitus proporciona moldar a identidade profissional. A seguir, vejamos como se manifestam as tensões nessas representações. 3. As Tensões nas Representações sobre o Profissional de Relações Públicas no Facebook Na “teoria do senso comum” das práticas profissionais de Relações Públicas há conformidades e desacordos, alguns mais persistentes, outros mais recentes, alguns mais difusos, outros mais resumidos, em constante circulação nas interações sociais dos especialistas da área, o que é característico das RS. Na identificação dessas tensões, recorremos à Jovchelovitch (2008). Nossa análise busca, segundo diagrama da autora, trazer as dimensões das representações sobre as práticas profissionais das Relações Públicas: 1) a partir dos próprios profissionais da área; 2) quando em inter-atuações pela rede social Facebook; 3) sobre suas realizações, expectativas e opiniões presentes, passadas ou futuras, ou as de seus colegas; 4) imbuídos de motivos e intenções pessoais e emocionais; 5) em suas pertenças relativas a esse mundo profissional. Para analisar as representações sobre as práticas da profissão de Relações Públicas, recortamos textos de profissionais da área publicados no Facebook e optamos pela Análise de Conteúdo, que segundo Bardin (1977), visa obter indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
  • 7. condições de produção/recepção (variáveis inferidas) das mensagens. Como analisamos práticas profissionais, utilizamos a proposta de Dubar (2012), para quem a socialização profissional toma o trabalho como um processo de construção e reconhecimento de si. Ao buscarmos material na Web, que conforme Recuero6 (2014), permite que as interações sejam percebidas, mantendo os rastros sociais dos atores registrados, possibilita, também, o acesso às postagens em um site de redes sociais até que o autor da mesma as apague ou a página saia do ar. Como salienta Alf (2015), as redes sociais são ambientes propícios a diálogos e para que se formem grupos de relacionamento em torno de discussões comuns. Expõe ele: É por meio das redes sociais que profissionais, estudantes e simpatizantes das Relações Públicas estão se encontrando. É um movimento que vem ganhando força, uma troca silenciosa e ao mesmo tempo barulhenta de angústias, ideias e ideais. A internet não será o começou ou o fim, mas sim o meio de permitir tudo isso (ALF, 2015, p. 10). A partir da análise dos textos e das imagens dos profissionais de Relações Públicas publicadas no Facebook, destacamos algumas sequências que expressam as principais tensões nas representações do profissional das Relações Públicas no Brasil. As agrupamos por temas: Conceito de Relações Públicas; Academia versus Mercado; Identidade Profissional; Sistema CONFERP; e Práticas Profissionais. No Facebook há várias páginas específicas de Relações Públicas e as selecionadas são: RP Brasil7 , ABRP RS SC8 , Fala Mais RP9 , RP Depressão10 , RP + RP11 , Versátil RP12 , CONFERP13 e CONRERP 4ª Região14 . Nestas, analisamos as tensões nas representações sobre as práticas do profissional de Relações Públicas, entre os seguidores (profissionais de Relações Públicas, estudantes e simpatizantes), durante o período de 1º de agosto de 2015 a 24 de dezembro de 2015, incluindo aí o Dia 6 A autora fala ainda que o Facebook congregava, em maio de 2013, mais de 1,1 bilhões de usuários ativos dos quais mais de 70 milhões deles estão no Brasil hoje. 7 Disponível em <https://www.facebook.com/rpbrasil/?fref=ts>. Acesso em 02/12/2015 8 Disponível em <https://www.facebook.com/abrprssc/?fref=ts>. Acesso em 02/12/2015 9 Disponível em <https://www.facebook.com/falamaisrp/?fref=ts>. Acesso em 20/11/2015. 10 Disponível em <https://www.facebook.com/rpdepressao/?fref=ts>. Acesso em 11/12/2015. 11 Disponível em <https://www.facebook.com/RPmaisRP/?fref=ts>. Acesso em 22/08/2015. 12 Disponível em <https://www.facebook.com/VersatilRP/?fref=photo>. Acesso em 02/12/2015. 13 Disponível em <https://www.facebook.com/SistemaConferp/?fref=ts>. Acesso em 01/09/2015. 14 Disponível em <https://www.facebook.com/conrerp4/?fref=ts>. Acesso em 20/10/2015. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
  • 8. Nacional das Relações Públicas no Brasil, 2 de dezembro, em que ocorreram diversas manifestações. A partir da análise do material publicado observamos a formação de três categorias, eixos temáticos ancorando as representações sociais sobre a profissão: a) Reconhecimento da profissão de Relações Públicas no Brasil; b) As redes sociais e o profissional de Relações Públicas e c) “Crise” de identidade na profissão de Relações Públicas. A seguir, a caracterização de cada uma delas, considerando as imagens e os textos postados que fazem referência aos atributos dos profissionais de Relações Públicas no Facebook. 3.1 O reconhecimento da profissão de Relações Públicas no Brasil Neste eixo temático, trabalhamos dois elementos: conceito de Relações Públicas e práticas profissionais. Em relação às representações do profissional de Relações Públicas observamos que, mesmo passado um século do início da profissão no País, ela é menos reconhecida do que deseja a categoria, que anseia por visibilidade social, como verificamos nas postagens que fazem referência às compreensões sobre a profissão. Figura 1 Figura 2 Fonte: Facebook RP + RP Fonte: Facebook Versátil RP Na Figura 1, aparece a frase: “Você sabe o que é caviar? E Relações Públicas?”; e, na Figura 2, “2 de dezembro Dia Nacional das Relações Públicas. Sério? O que eles fazem?”. Identificamos a alusão ao fato de muitos não saberem o que é a profissão e o que os relações-públicas fazem. Aqui percebemos como o habitus de Domingos Sobrinho (2000), configura-se entre os relações-públicas que interagiram na publicação em torno da falta de entendimento da profissão. Os seguidores da página identificam-se entre si e conversam sobre essa recorrente tensão da área, como verificamos pelos comentários: “mas não era Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
  • 9. só as pesquisas de público alvo? e café?”; “Luan Felipe, agora você sabe o que eu faço”; “Todo santo dia a mesma pergunta, né? Ainda bem que amamos RP e adoramos falar sobre o assunto”. Os que se manifestaram em torno desse conteúdo demonstraram que compreendem o contexto e a falta de espaço para o profissional, reforçando assim, a presença de representações que depreciam as Relações Públicas no Brasil. A estratégia de comunicação expressa na (Figura 1) associa a música popularmente conhecida “Caviar” de Zeca Pagodinho, a um produto, no senso comum, considerado símbolo de “sofisticação” e de consumo elitizado, para explicar o que é a profissão de Relações Públicas. Mostra que as competências do profissional são pouco conhecidas pela sociedade. Muitos profissionais não se identificam como relações-públicas, o que dificulta o seu reconhecimento social. Além disso, muitas competências que compõem as práticas profissionais dos relações-públicas possuem diferentes terminologias na área o que contribui para encobrir a identidade dos profissionais. Na figura 4 (abaixo), onde se indaga: “Relações Públicas é igual a marketing? É jornalismo? É publicidade?”. Observamos que o profissional é identificado e, muitas vezes, confundido com outros profissionais da área da Comunicação Social: jornalistas e publicitários. Nos comentários desse post, vemos as seguintes expressões: “Não! Publicitários e marqueteiros são respeitados no mercado”, “Relações Públicas? O que é isso? Nunca ouvi falar!” As frases explicitam como os profissionais se autopercebem no mercado e como isso auxilia na construção da identidade da profissão. Na figura 3 (abaixo) a estratégia de comunicação positiva ao anunciar o profissional de Relações Públicas está associada a celebridades conhecidas nacional e internacionalmente. As frases dos comentários reforçam esse aspecto: “Relações Públicas transformam pessoas comuns em heróis de verdade”. Esse post gerou comentários positivos dos seguidores da página, como “Orgulho que não cabe aqui!” e “RP para sempre”. Figura 3 Figura 4 Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
  • 10. Fonte: Facebook Fala mais, RP Fonte: Facebook RP Depressão Vimos que circulam nas práticas comunicativas diferentes representações sobre os profissionais de Relações Públicas. Elas remetem a sentidos positivos e negativos sobre as práticas da profissão, ao mesmo tempo em que expõe as fragilidades do profissional no processo de construção da identidade do grupo. 3.2 Tensão em relação à formação acadêmica do relações-públicas e o mercado Neste eixo que envolve a tensão nas representações do profissional entre a formação acadêmica e as exigências do mercado observamos nas Figuras 5 e 6, a importância da atualização (Figura 6) e autores que são base para as Relações Públicas durante a graduação (Figura 5). Figura 5 Figura 6 Fonte: Facebook RP Depressão Fonte: Facebook ABRP RS/SC Na figura 5, que faz uma homenagem ao Dia do Professor, são citados autores principais das teorias de Relações Públicas: “Prova de quinta: Kunsch, Simões, Peruzzo, França, Lágrimas”. De forma bem humorada, a página fala sobre assuntos que são habituais em provas da graduação em Relações Públicas e nos comentários os Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
  • 11. seguidores identificam-se e contribuem: “Lágrimas é um assunto fixo nas minhas provas”, “Falta o Gruning15 e a Ferrari”. Retomamos com esse post o conceito de themata de Moscovici (1984-2003), ao nos depararmos com reflexões, ideias e representações que são apontadas por discursos. Ou seja, os conceitos que os profissionais da área utilizam, geralmente transmitidos por professores e autores da área. As concepções a respeito do curso de graduação e as suas práticas são impostas através dos conteúdos das disciplinas que compõem a grade curricular do curso de Relações Públicas A formação em Relações Públicas é ampla, o que possibilita que o profissional atue em várias áreas, por exemplo: eventos, comunicação interna, gerenciamento de crises e planejamento de comunicação. Segundo Simões e Dornelles (2012), muitos profissionais focam na atualização para estarem mais preparados, inclusive por conta de a graduação destacar mais superficialmente alguns assuntos. Como na Figura 6, que traz um curso específico de “RP e Comunicação Governamental”. Sabemos que essa abrangência da área pode ser favorável, mas não é percebida, pois os profissionais de Relações Públicas são contratados para exercerem atividades variadas, com especificações diferentes. Assim, percebe-se que há uma tensão entre a formação acadêmica e atuação no mercado, entre o “universo reificado” da ciência das Relações Públicas e o “universo consensual” das práticas da profissão (MOSCOVICI, 1984-2003). 3.3 “Crise” de identidade na profissão de Relações Públicas Para analisar o eixo “crise” de identidade deste profissional dividimos as imagens nas subcategorias: Identidade Profissional e Sistema CONFERP, conforme as Figuras 7, 8, 9 e 10, que seguem. • Identidade Profissional: Figura 7 Figura 8 15 O nome correto do autor é James E. Grunig. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
  • 12. Fonte: Facebook RP Brasil Fonte: Facebook ABRP RS/SC • Sistema CONFERP: Figura 9 Figura 10 Fonte: Facebook Conferp Fonte: Facebook Conrerp 4ª Região Observamos que nas manifestações das publicações há menções sobre o desconhecimento em relação à profissão. Ao mesmo tempo aparece um post com a seguinte frase (Figura 8): “02 de dezembro – Dia Nacional das Relações Públicas. A melhor profissão da galáxia”16 . Isso é reforçado no seguinte texto: “Quem concorda compartilha. A profissão de Relações Públicas vem crescendo e ocupando espaços cada vez maiores e importantes no mercado. Este espaço requer que o profissional se prepare, tenha as ferramentas certas e esteja pronto para enfrentar todas as adversidades. É hora de comemorar suas conquistas e parabenizar todos os profissionais!” (Figura 8). Nos comentários os seguidores manifestam-se em apoio, elevando a autoestima com a frase “A melhor de todas!”. Essa frase, de efeito positivo, motiva os profissionais a buscar possibilidades de um futuro melhor para as Relações Públicas no Brasil. 16 Postagem que obteve 41 compartilhamentos, gerando um número considerável de envolvimento dos seguidores da página da ABRP RS/SC – Associação Brasileira de Relações Públicas – Rio Grande do Sul/ Santa Catarina. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
  • 13. Nesse sentido, a posição da seccional gaúcha e catarinense da ABRP, tem desempenhando seu papel, incentivando a participação da categoria, em especial, na comemoração da sua data máxima. Como ressaltam Alves e Lazzarini (2014) é imprescindível que “[...] os novos profissionais continuem, ainda mais com o centenário da profissão, a divulgar o que fazem, terem orgulho disso e tornar a profissão conhecida e admirada pela população. Este continua sendo o grande desafio da categoria”. No post da página RP Brasil (Figura 7)17 , a mensagem era: “É HOJE! Parabéns para você que veste a camisa e tem orgulho de ser RP! Parabéns a todos que lutam diariamente pela valorização da profissão no nosso país! Parabéns profissionais, professores, estudantes e vestibulandos de RP. Hoje é nosso dia! Pode ser um pouco complicado explicar o que é um RP, mas mais complicado ainda é explicar a paixão pela profissão!”. O texto publicado pela RP Brasil refere, principalmente, à luta diária dos profissionais, pelo apelo e entusiasmo de quem está nessa área, mesmo, em muitos casos, não sendo reconhecido pelas suas ações e melhorias. Vemos que esse tipo de manifestação repercute diretamente na visão do profissional, pois possibilita que o mesmo perceba seu desempenho no mercado de trabalho, o que auxilia na construção da sua identidade profissional. A esse respeito Oliveira et al (2014, p. 311) afirmam: Podemos, assim, aventar que a falta de valoração e reconhecimento da atividade de relações públicas causa o enfraquecimento da identidade da profissão. Por sua vez, isso influencia negativamente a autopercepção e a identidade individual daquele profissional que tenta exercer a função de relações-públicas sem encontrar no mercado espaços onde atuar, levando-o a buscar e/ou assumir outro papel e/ou identidade. Em outras palavras, a sociedade e o mercado de trabalho podem não confirmar ou confirmar, reforçar ou negar, e desencadear um processo de (re) construção da identidade profissional e individual (OLIVEIRA et al, 2014, p. 311). Observamos que há um esforço tanto de profissionais quanto da associação e do conselho de classe pelo aumento da estima e exposição das Relações Públicas. O conselho da categoria – CONFERP18 - busca atrair os profissionais e mantê-los atualizados através da sua participação em congressos e cursos, como vemos pelas duas 17 O recado promoveu engajamento de muitos seguidores, tendo 1.445 compartilhamentos, 179 comentários e 1.767 curtidas. 18 Conselho Federal dos profissionais de Relações Públicas. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
  • 14. publicações que escolhemos na categoria “Sistema CONFERP” (Figuras 9 e 10). O Conselho criou a hashtag “#façopartedotimerp” apresentando especialistas da área e discorrendo sobre a necessidade do registro profissional, pois há muitos profissionais que o fazem. No entanto, o registro é necessário para exercer a profissão. Aí percebemos mais uma tensão em relação ao Sistema CONFERP e o objetivo da campanha desenvolvida no Facebook, mostrando os relações-públicas com o seu registro profissional. Entendemos que esses fatores e os cursos de graduação das universidades contribuem para gerar a identidade profissional dos relações-públicas. 4. Conclusões Percebemos com o estudo que as tensões nas representações do relações- públicas sobre sua prática profissional configuram themata – conceito que valoriza as reflexões sobre temas que pré-existem num “ambiente” sociocultural específico. Assim considerando, tornou-se “senso comum” desta profissão, ausências de prestígio profissional, o que está “enraizado” nas relações internas. O engajamento da categoria profissional nessa rede, ao buscar a “gênese” das representações, configurou nas tensões dialógicas a themata entre a formação acadêmica e posterior aplicação desse universo de conhecimentos no mercado de trabalho. E, na sequência, conformou a “crise” de identidade, com o questionamento do papel do conselho de classe. Ao retomar a indagação inicial - analisar como as tensões nas representações sobre a profissão de Relações Públicas repercutem na construção identitária deste profissional - verificamos que as páginas analisadas do Facebook se constituem em um lugar de mediação. Os membros da categoria, ao compartilharem suas representações, elaboraram um guia de ação do grupo sobre suas práticas profissionais. Entendemos que a continuidade de pesquisas nesta temática para aprofundar estudos acerca destas representações sociais e da identidade profissional dos relações- públicas é necessária. A incessante elaboração de “universos consensuais” requer investigações renovadas, que auxiliem na compreensão histórica da formação da categoria, que há pouco mais de 100 anos, iniciou as atividades no Brasil. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
  • 15. Referências ALF, Guilherme. Adeus, golfinho feio. O Manual do Novo RP. Edição 02/15. Disponível em <http://www.guilhermealf.com.br/>. Não paginado. Acesso em 17/11/2015. ALVES, Larissa de Araújo; LAZZARINI, Sônia A. Martins. Da Campanha de Valorização da Profissão aos 100 de Relações Públicas: Algo mudou? In: INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. Foz do Iguaçu: XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2014. Disponível em <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2014/resumos/R9-0161-1.pdf>. Acesso em 17/11/2015. BRAGA, Luciana Mendes; HASWANI, Mariângela Furlan. Um olhar sobre as Relações Públicas, segundo a Lei 5.377 e o Decreto 63.283: as implicações do discurso legal sobre a identidade da profissão. In: INTERCOM – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação. Natal, RN: XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, 2008. Disponível em <http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2008/resumos/R3-2137-1.pdf>. Acesso em 17/11/2015. DOMINGOS SOBRINHO, Moisés. Habitus e Representações Sociais: Questões para o Estudos de Identidades Coletivas. In: MOREIRA, Antonio Silva Paredes; OLIVEIRA, Denize Cristina de (orgs.). Estudos Interdisciplinares de Representação Social. 2. ed. Goiânia: AB, 2000. DUBAR, Claude. A construção de si pela atividade de trabalho. A socialização profissional. Cadernos de Pesquisa. Vol. 42. Nº 146 São Paulo. Maio/Agosto 2012. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-15742012000200003> . Acesso em 14/03/2016. JOVCHELOVITCH, Sandra. As formas e as funções do saber. In: ______. Os contextos do Saber: representações, comunidade e cultura. Petrópolis: RJ; Vozes 2008. 168-211p. MARCONDES NETO, Manoel; FICHER, Marcelo. 100 Anos de Relações Públicas no Brasil. Rio de Janeiro, Conceito Editorial, 2014. MOSCOVICI, Serge. Representações Sociais: investigações em psicologia social. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003. OLIVEIRA, Josilene Ribeiro et al. As múltiplas faces de uma profissão: Identidade e Representações da Profissão de Relações Públicas. Comunicologia – Revista de Comunicação e Epistemologia da Universidade Católica de Brasília, vol. 7, n. 1, 303–328. Brasília, 2014. Disponível em <http://portalrevistas.ucb.br/index.php/RCEUCB/article/viewFile/5639/3609>. Acesso em 10/12/2015. RECUERO, Raquel. Curtir, compartilhar, comentar: trabalho de face, conversação e redes sociais no Facebook In: Verso e Reverso, XXVIII(68):114-124, maio-agosto 2014. Disponível em <http://revistas.unisinos.br/index.php/versoereverso/article/view/ver.2014.28.68.06>. Acesso em 16/02/2016. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.
  • 16. SIMÕES, Roberto José Porto; DORNELLES, Souvenir Maria Graczyk. O Mercado Oculto de Relações Públicas. In: DORNELLES, Souvenir Maria Graczyk (org.). Relações Públicas: construindo relacionamentos estratégicos. Porto Alegre, RS: EDIPUCRS, 2012. Easy PDF Creator is professional software to create PDF. If you wish to remove this line, buy it now.