1. 1. Referência Bibliográfica: MARSHALL, Leandro. Jornalismo na era da publicidade. São Paulo: Editora Summus,
2003.
No contexto de uma sociedade pós- moderna, na virada Séc. XXI, que vive em meio ao avanço tecnológico,
flexibilizando o tempo, as distâncias e as relações. Acaba criando novos valores e se caracterizando em uma sociedade
de consumo. O autor Leandro Marshall, em O jornalismo na era da Publicidade, abre uma discussão pertinente sobre a
influência do capitalismo na prática jornalística.
2. Sobre o autor: Leandro da Rosa Marshall – Jornalista e professor de Sociologia da Comunicação da Universidade
Estadual de Ponta Grossa, no Paraná. Doutorado em Comunicação na PUC- RS. Desenvolve pesquisas nas áreas da
estética, da comunicação e da Cibercultura.
3. O quê: O livro propõe um debate sobre o jornalismo pós- moderno, explicando como a publicidade vem influenciando a
prática jornalística e detalhando as mutações que ocorrem nela e suas formas de disfarçar sua interferência. O
jornalismo não vive sem a publicidade, assim como o leitor/espectador não aceita uma publicação jornalística sem
anúncios. E dessa situação a publicidade se aproveita para tomar cada vez mais espaço e transformar o jornalismo.
4. Como: O livro se divide em cinco temas principais:
o O jornalismo pós-moderno que mostra as características mais fortes do modo como o jornalismo atual é feito;
o A História econômica da imprensa que faz uma contextualização do processo de mudança do jornalismo (inovações
técnicas e influências) como conseqüência econômica
o A era da publicidade fala sobre como a onipresença da publicidade e a valorização do consumo que transforma tudo
em mercadoria
o A queda do muro mostra os efeitos da fusão do jornalismo e da publicidade, o jornalismo cor de rosa e seus
desdobramentos como: editoralismo, dirigismo, realeasemania e isomorfismo.
o A estética da mercadoria: é uma crítica ao jornalismo atual na visão da Escola de Frankfurt e de pensadores mais
atuais que atualizam a visão pessimista de Frankfurt na realidade atual.
2. O livro conta também com notas do autor no final de cada capítulo que ajuda na leitura e na compreensão dos assuntos
abordados, já que trazem explicações das citações e de termos que são utilizados.
5. Afirmações/ Conclusões:
1) O mercado interfere na forma de como o jornalista escreve sua notícia, podendo ele inverter o conceito de lead e da
pirâmide invertida.
2) Esse tipo de influência é para assegurar a permanência no emprego
3) A informação pode perder seu caráter essencial de informar, sendo apenas um meio de se propagar uma mensagem
4) Onipresença da publicidade
5) Mutação dos jornalistas, dos jornais, da imprensa, da informação e do jornalismo.
6. Conceitos:
1) Jornalismo cor de rosa: um jornalismo que agrada a todo mundo, e não prioriza as palavras e sim a forma como é
passado (cor, forma, fontes)
2) Releasemania: misto de notícia com publicidade, produzida por assessores de imprensa, que busca a divulgação
gratuita de determinados interesses públicos.
3) Editoralismo: publicidade acompanhada por material editorial elogioso à empresa ou ao produto
4) Business: notícia sobre ações econômicas, financeiras, empresariais, comerciais, industriais ou de serviços.
5) Notícias sensacionalistas: a estratégia consiste em oferecer informações geralmente ligadas a acontecimentos ou
coisas incomuns que despertam, prendam, e atraiam o público para o relato ou o desenrolar dele.
7. Transcrições do autor:
De forma geral, o jornalista da era pós-moderna anula o senso crítico e a capacidade de reflexão e permite-se ao ato de
submeter o lead e a pirâmide invertida à lógica do mercado. Por isso, o jornalista passa, consciente ou
3. inconscientemente, a se defender e a defender seu emprego, seu salário, sua sobrevivência. Ele se rende à invisível
censura do mercado e estabelece a própria autocensura. O jornalista perde silenciosamente sua autonomia, consciente
ou inconsciente, e desempenha mecanicamente as operações que dão forma ao universo da informação
(Marshall,2003,p.32)
(...) deixa de significar a representação simbólica dos fatos para se apresentar como um produto híbrido que associa ora
publicidade, ora entretenimento, ora persuasão, ora consumo. (...) A informação vira um veículo de transporte para
várias e subjetivas intenções, deixando muitas vezes de cumprir sua missão imanente de informar (MARSHALL, 2003, p.
36)
A ideologia do consumismo nem sempre aparece de forma explícita e objetiva. Muitas das publicações pós-modernas
desenvolvem um tipo de consumismo indireto, em que não se incita os leitores à aquisição de um bem, um produto ou
um serviço de maneira ostensiva. De maneia mais sutil e mais aguda, essas publicações induzem os leitores a um estilo
de vida. ( MARSHALL,2003,P.135)
8. Opinião/ Crítica pessoal: É um livro bem realista que expõe as transformações que o capitalismo trouxe para o
jornalismo. Concordo com a visão do autor da influencia da publicidade na produção jornalística, mas acho que a carga
pessimista do livro é forte, principalmente em uma das falas dele, onde ele prevê que o Jornalismo irá desaparecer em
2020. Acho exagerada tal previsão, ainda tenho uma visão otimista da profissão, por mais que acredite que ele precisa de
adaptações. O que mais gostei do livro foi a forma como o autor explicou os conceitos, as notas ajudam muito para o
entendimento do tema.
ONDE QUEM O QUÊ COMO
Marcela Corcino