O artigo discute a necessidade de mudanças no financiamento das associações locais em Vendas Novas devido às dificuldades financeiras dos municípios. Defende que as associações devem adotar estratégias mais sustentáveis e focadas em projetos, em vez de apoio geral. Também argumenta que a câmara municipal deve liderar o apoio às instituições através de parcerias, em vez de competição, para beneficiar a comunidade.
1. OLHARES À
MARGEM
Luís Dias
Comunidade Associativa
Parte 2
2. Dando continuidade à abordagem anteriormente feita no artigo
“Comunidade Associativa – Parte 1”, editado em agosto de
2012, proponho agora aos nossos leitores que nos debrucemos
sobre uma das principais áreas de preocupação dos dirigentes das
associações de Vendas Novas, mas também uma das áreas mais
importantes para a vida da nossa comunidade associativa: o
financiamento das associações.
Se é certo que pela sua importância para a vida da sociedade
vendasnovense estas entidades merecem um apoio continuo à sua
atividade, é também certo que, pelas dificuldades financeiras que
atravessam os Municípios, nomeadamente a Câmara Municipal de
Vendas Novas, terá que haver um ajuste na distribuição de fundos e
nas formas de captação de receitas pelas Associações locais.
3. Desta forma, e independentemente da área de atuação de cada coletividade,
julgo temos que pensar na estratégia de implementação orçamental das mesmas
de uma forma diferente da que até aqui vigorou. Esta mudança de paradigma
financeiro, a não acontecer, levará, estou certo, ao encerramento da atividade de
muitas delas, com todos os prejuízos adjacentes ao fim da sua atividade.
Assim, a ótica deixará muito em breve de ser do apoio à atividade para passar a
ser uma ótica de apoio a projetos/respostas para a sociedade. Tal mudança
implicará uma cada vez maior noção de sustentabilidade que formatará todo o
funcionamento das instituições e que as direcionará para uma cada vez maior
aposta na inovação e no rigor da gestão que aplicam aos fundos que têm
disponíveis.
Trona-se pois evidente que com a redução das grandes formas de financiamento
disponíveis ao associativismo terão que ser as suas próprias atividades
sustentáveis e que os projetos implementados terão que se apetrechar de uma
cada vez maior noção de continuidade e contributo para a tesouraria das
instituições.
4. Não que a Câmara Municipal deixe de dar os seus apoios, muito pelo contrário.
Deve, neste momento particularmente difícil da vida comunitária, o Município de
Vendas Novas articular com o associativismo esta mudança de paradigma
financeiro, tornando claras, de uma vez por todas, as regras de acesso a
financiamentos e disponibilizar os seus serviços para que se efetuem estudos de
sustentabilidade para as ações que as coletividades se propõem realizar para os
cidadãos.
Por outro lado, devem muito claramente ser definidas prioridades nos apoios a
atribuir com o erário público em função das necessidades sentidas pela nossa
comunidade. Saliento, como não poderia deixar de ser um cada vez maior sentido
de prioridade para com as áreas das Instituições Particulares de Solidariedade
Social, do Desenvolvimento Local e do Socorro a Vítimas.
No caso concreto, julgo que instituições como a Santa Casa da Misericórdia, a
Casa do Povo de Vendas Novas, a Associação 25 de Abril, ou os Bombeiros
Voluntários deveriam ver reforçados os seus meios de atuação para que
pudessem não faltar àqueles que mais necessitam, independentemente do papel
e da responsabilidade que tem para com cada uma delas o Poder Central.
5. Ao contrário do que tem acontecido, deve o nosso município ser o líder
no apoio estrutural às instituições do Concelho, pois só desta forma
será líder no apoio prestado às famílias Vendasnovenses. Em vez de
fazer concorrência às Instituições, como muitas vezes tem acontecido, deve
a nossa Câmara Municipal assumir-se como um parceiro chave de uma rede
associativa em que a união de sinergias produzirá uma mais-valia global de
atuação.
No fundo, podemos aplicar a célebre máxima: “Unidos somos mais
fortes!”
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